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Migrações: Implicações Passadas, Presentes E - Unesp

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Paulo E. Teixeira; Antonio M. C. Braga;<br />

Rosana Baeninger (Org.)<br />

Sem desconsiderar os constrangimentos estruturais, compreendendo<br />

que os migrantes constroem suas estratégias de trabalho e vida<br />

entre histórias e memórias, seria o caso de contemplar as suas experiências<br />

subjetivas. O desafio que se coloca é, portanto: como compreender a<br />

relação entre as formas como os migrantes narram sobre a experiência de<br />

mobilidade - de ser e viver entre espaços e tempos diferenciados - e as<br />

teorias, tipologias e conceitos das migrações<br />

Migração como um fenômeno de mobilidade<br />

Neste aspecto, observa-se a aproximação a uma reflexão recente<br />

entre estudiosos das migrações que poderia ser sintetizada na frase: a migração<br />

se transformou em um fenômeno de mobilidade, afirmada por Flores (2010),<br />

pesquisadora mexicana de larga experiência nos estudos das migrações.<br />

Em sua recente coletânea de artigos, Migraciones de Trabajo y movilidade<br />

territorial, publicada em 2010, apresenta diversos artigos resultantes de<br />

pesquisas sobre a migração México-EUA; Europa Meridional; do Marrocos<br />

para a Europa; e Europa do Leste e da América Central ao Norte. Na<br />

introdução, a autora anuncia a perspectiva de migrações presente no livro:<br />

Este libro busca ilustrar estas distintas dimensiones de la movilidad y<br />

mostrar cómo ellas remiten a jerarquias espaciales y temporales. Nos<br />

interesa dar cuenta de la organización de colectivos que no solo se<br />

trasladan de un lugar (origen) a otro (destino), sino que son capaces<br />

de circular, de recorrer espacios y de apropiarse de ellos “produciendo<br />

territorios”, participando en la creación de riquezas y de nuevas<br />

identidades sociales (FLORES, 2010, p.7).<br />

Observamos que Flores (2010) esboça uma crítica à concepção<br />

das migrações como deslocamentos populacionais entre áreas de origem e<br />

de destino, que se situa no paradigma histórico-estrutural das migrações 6 e<br />

coloca o centro da análise na capacidade dos migrantes em circular, construir<br />

e apropriar-se de espaços, dessa maneira, produzindo territórios e identidades<br />

sociais. Portanto, podemos identificar um deslocamento das noções estáticas<br />

de origem e destino ou tipologias de migrações para noções que tentam<br />

6<br />

Sobre esse paradigma, ver Lopes, 1971, 1976; Singer, 1976. Para uma leitura crítica desse paradigma, ver Silva<br />

e Menezes, 2006; Brito, 2009; Quesnay, 2010.<br />

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