Como Brasil e Itália enfrentam a situação ... - Comunità italiana
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La gente,<br />
il posto<br />
Claudia Monteiro de Castro<br />
Tem gente que adora o desafio de<br />
subir os inúmeros degraus de um<br />
monumento. Tem quem o evite a<br />
todo custo. O mais comum é subir degraus<br />
para chegar às cupulas das igrejas. E depois<br />
de tanta fatiga, ter o prazer de uma vista<br />
maravilhosa, como a da cúpula da Basílica<br />
de São Pedro, em Roma. Mas num interessante<br />
monumento de Orvieto, cidade<br />
pitoresca da Úmbria, os degraus são para<br />
descer, ao invés de subir. É o Pozzo di San<br />
Patrizio, construído por Antonio da Sangallo<br />
entre 1527 e 1537, a pedido do Papa<br />
Clemente VII, para fornecer água em caso<br />
de cerco à cidade. O poço, de 60 metros, é<br />
constituído por duas rampas helicoidais superpostas,<br />
uma que desce e outra que sobe.<br />
Dessa forma, era possível transportar água<br />
sem ter o problema de quem subia esbarrar<br />
Pozzo di San Patrizio<br />
com quem descia. O poço de San Patrizio,<br />
com seus 248 degraus, é um dos cartões<br />
postais de Orvieto.<br />
Tel. 076 3343768<br />
Ingresso: 4,50 euros<br />
Horário de abertura: 9h 18h45<br />
No escurinho do cinema<br />
Sai verão, entra outono e finalmente reabrem os cinemas da cidade.<br />
Durante os meses de julho e agosto a maioria dos cinemas, em<br />
Roma, não funciona. Para compensar os cinéfilos, são montadas<br />
as arenas, ou seja, os cinema ao ar livre em diversos bairros da cidade.<br />
Mesmo assim, dá saudade do escurinho do cinema, das cadeiras confortáveis<br />
e do fresquinho do ar condicionado. No verão, a programação em<br />
exibição é formada por uma seleção de filmes do ano inteiro ou alguns<br />
clássicos. Assim, quando chegam os meses de setembro e outubro, começam<br />
os lançamentos. É tanto filme novo no circuito que acaba não<br />
dando para ver todos, pois é muita novidade chegando junta.<br />
Esse “ciclo” me faz pensar na primeira vez em que fui ao cinema,<br />
no início de minha estadia em Roma, em 2002. O filme era francês, “O<br />
fabuloso mundo de Amélie Poulain”. Na época, estava toda empolgada<br />
em treinar meu francês, ouvir a língua que é<br />
poesia para meus ouvidos, ver Paris no telão<br />
e tudo mais. Escolhi um cinema bem<br />
confortável, o Adriano, um multi-sala,<br />
ex-teatro onde os Beatles tocaram quando<br />
estiveram em Roma nos anos 60.<br />
A empolgação passou assim que<br />
apareceu na tela o bairro de Montmartre,<br />
onde se passa a história do filme e<br />
o narrador começou a falar em... italiano.<br />
Oh, não, pelo amor de Deus!!! Paris,<br />
em italiano! Mon dieu! Pas possible!<br />
Não dá. Cinema é um faz-de-conta,<br />
é entrar na tela como o personagem da<br />
Rosa púrpura do Cairo de Woody Allen!<br />
Ver Paris com narrador em italiano foi<br />
uma verdadeira desilusão. Para coroar minha<br />
decepção, no meio do filme teve um intervalo de cinco minutos,<br />
comum na maioria dos cinemas na Itália.<br />
Quando é possível, dou preferência aos poucos cinemas que exibem<br />
filmes em língua original, como o Metropolitan, o Nuovo Olimpia<br />
ou alguns centros culturais que fazem mostras retrospectivas de<br />
diretores clássicos, como François Truffaut. Mas é bem difícil arrastar<br />
um amigo italiano para ver um filme em qualquer língua que não<br />
seja a dele.<br />
Com o passar dos anos, um pouco me habituei a ver filmes americanos<br />
(espanhóis, japoneses e franceses) em italiano. Existem várias<br />
escolas de dublagem na Itália e os dubladores representam uma categoria<br />
profissional importante no país. Para os brasileiros, acostumados<br />
com filmes em original, não deixa de ser estranho. A coisa mais engraçada<br />
é ver famosos atores americanos<br />
dizendo palavrão em italiano. Surreal.<br />
Ah, e tem mais um detalhe! Alguns<br />
cinemas têm lugares marcados,<br />
ao comprar o ingresso. Origem de uma<br />
série de problemas.<br />
Muitas pessoas, não satisfeitas<br />
com o próprio lugar, acabam querendo<br />
trocar de poltrona pouco antes de<br />
começar o filme. Cinco minutos depois<br />
que o filme começa, chegam os<br />
“atrasildos” e querem se sentar no lugar<br />
que compraram, que já está ocupado.<br />
Começa, então, o maior bate boca.<br />
Um verdadeiro filme dentro do filme.<br />
Até no escurinho do cinema os italianos<br />
gostam de uma boa baderna.<br />
62<br />
C o m u n i t à I t a l i a n a / No v e m b r o 2008