Metodologia de Trabalho com FamÃlias e Comunidades nos ...
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Para Touraine:<br />
“(...) o sujeito não é uma ´alma’ presente no corpo ou<br />
o espírito dos indivíduos. Ele é a procura, pelo próprio<br />
indivíduo, das condições que lhe permitam ser o ator<br />
<strong>de</strong> sua própria história. E o que motiva essa procura<br />
é o sofrimento da divisão da perda <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e <strong>de</strong><br />
individuação”.<br />
Contribuem sobremaneira para esse sofrimento: (1) a exclusão<br />
social, tanto em seu aspecto <strong>de</strong> inacessibilida<strong>de</strong> aos bens materiais<br />
quanto <strong>nos</strong> aspectos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senraizamento <strong>de</strong> uma cultura; <strong>de</strong> nãopertencimento<br />
a um conjunto <strong>de</strong> valores e práticas <strong>com</strong>partilhados<br />
em um grupo social; <strong>de</strong> <strong>de</strong>sfiliação das instituições e das visões <strong>de</strong><br />
mundo; e (2) a inclusão autoritária, on<strong>de</strong> o sujeito não encontra<br />
possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> expressão e <strong>de</strong> <strong>com</strong>unicação fora da regra, quer<br />
seja esta <strong>com</strong>unitária ou social e, assim, mesmo “incluído” e “pertencente”,<br />
mesmo gozando <strong>de</strong> uma “i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>” social, não po<strong>de</strong><br />
imprimir a esta o seu cunho singular, nem fazer ouvir o seu <strong>de</strong>sejo<br />
através das formas instituídas.<br />
É necessário ressaltar a importância dos vínculos sociais para<br />
que o sujeito possa, ao mesmo tempo, <strong>de</strong>senvolver um sentimento<br />
<strong>de</strong> pertencimento e <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e, através “da <strong>com</strong>unicação <strong>de</strong><br />
sujeito a sujeito”, possa encontrar a sua possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão<br />
e individuação.<br />
Mas Touraine faz diferença entre o sujeito (<strong>com</strong>o <strong>de</strong>sejo, negação<br />
da or<strong>de</strong>m, possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> instituir a diferença, força <strong>de</strong> libertação)<br />
e o ator social. “Este (o ator social) supõe a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> papéis,<br />
<strong>de</strong> estatutos, <strong>de</strong> formas <strong>de</strong> organização e autorida<strong>de</strong>, portanto, <strong>de</strong><br />
normas” (Touraine, 1999, p.100). “Sujeito” e “ator” seriam, então,<br />
duas dimensões presentes tanto <strong>nos</strong> indivíduos quanto <strong>nos</strong> grupos<br />
sociais, sendo uma dimensão articulada à outra e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da<br />
outra para existir.<br />
Existe aqui uma dialética permanente. A relação (o vínculo) entre<br />
atores reitera a instrumentalida<strong>de</strong> da socieda<strong>de</strong>, as i<strong>de</strong>ntificações<br />
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