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Metodologia de Trabalho com Famílias e Comunidades nos ...

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adolescentes são vítimas <strong>de</strong>ssa situação, quer sejam o alvo do estigma<br />

social, quer sejam apenas membros do grupo estigmatizado,<br />

<strong>com</strong>partilhando a sua “tensão” ou “<strong>de</strong>pressão”, circunstância em<br />

que as suas <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> cuidado e <strong>de</strong>senvolvimento po<strong>de</strong>m ser<br />

recebidas <strong>com</strong>o ameaça ao equilíbrio precário do grupo.<br />

3.4 Repetição <strong>de</strong> representações e práticas culturalmente aprendidas<br />

e toleradas<br />

Nossa cultura ainda aceita a prática, que nomeia “castigo físico”,<br />

<strong>de</strong> bater em alguém, em especial em crianças e adolescentes,<br />

<strong>com</strong>o forma disciplinar ou punitiva, para “coibir” <strong>com</strong>portamentos<br />

in<strong>de</strong>sejáveis. Muitas palavras que <strong>de</strong>signam os processos disciplinares<br />

são ambiguamente empregadas <strong>com</strong>o sinônimos <strong>de</strong> bater:<br />

“corrigir”, “educar” e “ensinar”. Nosso passado escravocrata e<br />

violento sobrevive <strong>nos</strong> termos utilizados. A agressivida<strong>de</strong> contida<br />

nessas expressões é bastante óbvia, indicando que mais do que<br />

uma concordância <strong>com</strong> estas práticas, os supostos educadores <strong>de</strong>las<br />

extraem certo prazer adicional embutido na linguagem e na<br />

previsão do ato.<br />

É importante notar que as práticas culturais contam <strong>com</strong> limites<br />

explícitos ou tácitos <strong>de</strong>ntro dos quais são permitidas ou excluídas.<br />

Em vários relatos <strong>de</strong> violência contra a criança e o adolescente é<br />

possível reconhecer uma forma <strong>de</strong> “excesso” (ou a “falta”) <strong>com</strong>etido<br />

pelos responsáveis, a partir <strong>de</strong> um <strong>com</strong>portamento que seria<br />

aceito <strong>com</strong>o “normal” no contexto cultural. É o caso do “castigo”<br />

que passou do “limite”. Torna-se importante conhecer o contexto cultural<br />

das famílias, suas concepções e crenças sobre a educação das<br />

crianças e dos adolescentes, os valores da tradição que suportam e<br />

aqueles que são contraditórios <strong>com</strong> os direitos. Torna-se importante<br />

suprir as famílias <strong>com</strong> informações sobre o <strong>de</strong>senvolvimento infantil,<br />

articulando-as quando possível ao conhecimento <strong>de</strong>senvolvido na<br />

cultura. A <strong>com</strong>preensão das fases do <strong>de</strong>senvolvimento po<strong>de</strong>ria, por<br />

exemplo, dar à família melhores condições <strong>de</strong> lidar <strong>com</strong> <strong>com</strong>portamentos<br />

infantis que usualmente são punidos, tidos <strong>com</strong>o mera<br />

<strong>de</strong>sobediência e <strong>de</strong>safio à autorida<strong>de</strong> dos adultos.<br />

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