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Metodologia de Trabalho com Famílias e Comunidades nos ...

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que tanto po<strong>de</strong> levar a uma atitu<strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dora quanto resultar<br />

em agressões a si mesmo ou a outrem. No primeiro sentido, está<br />

presente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo no <strong>de</strong>senvolvimento humano e em todos os<br />

seres e relações humanas. Porém, se a pensamos <strong>com</strong>o fundamento<br />

da agressão, voltada para prejudicar o outro ou mesmo <strong>de</strong>struí-lo,<br />

po<strong>de</strong>mos vê-la <strong>com</strong>o uma força <strong>de</strong> <strong>de</strong>sagregação 18 . Assim,<br />

uma relação on<strong>de</strong> existe “agressivida<strong>de</strong>” não leva necessariamente<br />

a uma violação <strong>de</strong> direitos. Na família, a agressivida<strong>de</strong> faz parte<br />

do conjunto <strong>de</strong> relações que, mesmo se não <strong>de</strong>sejáveis, perpassam<br />

o cotidiano e se expressam na luta pelos interesses <strong>de</strong> cada um<br />

<strong>de</strong>ntro do grupo, pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construir e negociar regras,<br />

etc. Os grupos sociais usualmente têm regras implícitas e explícitas<br />

sobre o tipo e a extensão da agressivida<strong>de</strong> neles aceita sem a recorrência<br />

a sanções.<br />

Porém, quando recebe uma significação sócio-cultural e é <strong>com</strong>preendida<br />

em um conjunto <strong>de</strong> regras e relações, envolvendo atores<br />

e resultados <strong>de</strong>terminados, a agressão passa a ser <strong>com</strong>preendida<br />

<strong>com</strong>o “violência”.<br />

Para Bobbio e Pasquino, violência é a intervenção física e voluntária<br />

<strong>de</strong> alguém sobre um outro, no sentido <strong>de</strong> ofen<strong>de</strong>r ou <strong>de</strong>struir<br />

este outro, po<strong>de</strong>ndo ser direta ou indireta. A violência po<strong>de</strong> se dar<br />

<strong>com</strong> agressivida<strong>de</strong>, mas também <strong>com</strong> indiferença ou frieza.<br />

Enquanto a violência é o uso da força para alcançar um dado<br />

objetivo, o po<strong>de</strong>r modifica também a conduta <strong>de</strong> um indivíduo ou<br />

grupo, porém não necessariamente a partir da violência. O po<strong>de</strong>r<br />

po<strong>de</strong> ser exercido através da violência, mas também através do<br />

convencimento, da negociação e do contrato <strong>de</strong> obrigações mútuas.<br />

O po<strong>de</strong>r que necessita da violência para ser instituído ou mantido<br />

é justamente aquele ao qual falta credibilida<strong>de</strong> e legitimida<strong>de</strong>.<br />

Na família, o exercício do po<strong>de</strong>r e da autorida<strong>de</strong> conferidos aos<br />

papéis sociais goza <strong>de</strong> legitimida<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que esteja coerente <strong>com</strong><br />

as representações dos atores envolvidos e <strong>de</strong> suas relações.<br />

As estreitas relações entre agressivida<strong>de</strong>, violência e po<strong>de</strong>r na família<br />

fazem <strong>com</strong> que seja melhor <strong>de</strong>finir a violência <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma<br />

18<br />

Laplanche e Pontalis, p. 14.<br />

86

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