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16 – Lusitano de Zurique Actualidade Outubro 2014 “Acordem, antes do cilindro passar” Acordo Ortográfico divide portugueses Manuel Araújo Especialistas, governantes e a sociedade civil, um pouco por toda a parte estão descontentes com o Acordo Ortográfico (AO90) e acusam o Estado de violação do art. 48.º, n.º 2, da Constituição, pois não permitiu a sua ampla discussão com especialistas nem prestou os esclarecimentos necessários sobre este assunto. São inúmeras as personalidades de vários quadrantes que se insurgem e contestam esta “aberração” e não a aceitam; juízes, escritores, actores, políticos, comentadores, professores, alunos e até alguma comunicação social, não cumpre a orientação para implemento da nova ortografia. O AO90 pretende unificar a Língua Portuguesa e aproximar a escrita à fala, mas trata-se segundo os seus opositores de “um argumento absurdo e ignorante, que nenhum linguista sério pode invocar”. Antonio Manuel Ribeiro dos UHF, tem sido um dos contestatários e uma voz incómoda contra o AO90 e considera-o, “modernista” e facilitista” e prevê que transformará os portugueses nos “ignorantes de amanhã”. Antonio Manuel Ribeiro confessa, que “por mais que berrem e esperneiem a procissão seguirá”, e acusa - “ao poder sempre interessou a ignorância, até já foi santa, servida às mulheres (com o estudo proibido)” e termina com um alerta, - “acordem, antes do cilindro passar.” Antonio Manuel Ribeiro - UHF © Dulce Maria Se vira! Fernando Venâncio Os brasileiros falam Português? Falam, claro. Mas nem sempre. Às vezes falam também... Brasileiro. Repare-se numa frase como «Se vira!» Jamais um português a diria. Ela, simplesmente, não pertence à gramática do Português europeu. Primeiro porque, nele, nenhuma frase pode iniciar-se pelo pronome «se» (ou «me» ou «lhe»). Segundo porque ele não permite combinar uma 3a pessoa, «se», com um imperativo da 2a pessoa, «vira». Mas não é tudo ainda. «Virar» significa, no Brasil, também «arranjar-se», «safar-se» em situação melindrosa. E, assim, «Se vira!» apela a uma sintaxe, a uma morfologia e a uma semântica desconhecidas, todas três, no Português europeu. Em contrapartida, todo e qualquer brasileiro, mesmo que não se exprimisse assim, reconhece, sem hesitação, a gramaticalidade dessa frase. Do mesmo modo, são gramaticais no Brasil frases do tipo de «Fala não» ( = Não digas) ou «Onde ele mora?» ( = Onde mora ele?). No primeiro caso, a morfologia e a semântica não são nossas. Num caso e no outro, a sintaxe é-nos profundamente alheia. São três exemplos muito simples. E, porque compactos, são tremendamente eloquentes. Porque falo eu nisto? Porque estou farto, estou fartinho, estou até aqui, com os portugueses que bradam aos céus pelo 'descalabro' que o nosso ínclito idioma leva no Brasil. Acredite- -se: o mundo estaria um bocadinho melhor sem tanta parvoíce. Parvoíce até é favor, pois o que aí fala é, muitas vezes, a sua (coitados!) superioridade rácica. O Brasil encaminha-se, inexoravelmente, para uma língua própria. E os portugueses, se forem sensatos, e bonzinhos da cabeça, amocham e não piam. Portugal não tem, em tudo isto, o mínimo dos direitos. Enquanto a Espanha, por 1600, tinha já fundado nas Américas várias e florescentes universidades, Portugal nunca criou uma, uma só, no Brasil. O próprio ensino secundário era contrariado. É verdade: o Marquês de Pombal impôs a língua portuguesa, proibindo a "língua geral" que os jesuítas estimulavam. Mas já era tarde. E, assim, sem a mais ténue política linguística, o idioma pôde crescer no Brasil entregue a si mesmo... o que, bem visto, não é, para uma língua, a pior das situações. A nós cabem-nos, pois, a discrição, a distância, o respeito. E mainada. 15.09.2014
Lusitano de Zurique Educação Outubro 2014 – 17 Professores contra o Acordo Ortográfico Ana Mendes da Silva Vivemos nas escolas uma situação de absoluto CAOS LINGUÍS- TICO. Neste momento coexistem, pelo menos, 3 grafias: a do Português, a do AO e uma mista em que tudo, absolutamente tudo, é permitido. Os GRANDES prejudicados estão a ser os nossos alunos a quem, dentro de muito pouco tempo, vai ser exigido que saibam escrever APENAS de acordo com o AO sob pena de serem penalizados nas notas se não o fizerem. Como professores não podemos pactuar com esta injustiça que advém da decisão arbitrária de meia dúzia de mente “iluminadas”, ao arrepio de TODOS os pareceres não sócontra a afirmação da legalidade da implementação do dito cujo mas também chamando a atenção para o absoluto desvario cientifico e pedagógico do mesmo. Acresce a ignorância e teimosia do poder político que quer “obrigar”, de forma ilegal, os professores a serem cavalos de Tróia desta realidade alternativa que subscreveram e na qual insistem. Assim, afirmamos que o nosso primeiro interesse são os nossos alunos, que não aceitamos ir contra a nossa consciência e que consideramos ILEGAL a obrigação de utilizar o AO nas escolas portuguesas. Pelo futuro dos nossos alunos e pela língua Portuguesa, somos CONTRA o AO 90. Visite-nos: http://goo.gl/Ggklqo
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