03.07.2015 Views

Baixe o livro em pdf (1.926 KB) - Marxists Internet Archive

Baixe o livro em pdf (1.926 KB) - Marxists Internet Archive

Baixe o livro em pdf (1.926 KB) - Marxists Internet Archive

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

disparo à queima-roupa, fraturas, ferimentos e equimoses.<br />

São essas l<strong>em</strong>branças que nós t<strong>em</strong>os a cada dia e que d<strong>em</strong>onstram<br />

o quanto é preciso haver Justiça. Não existe Comissão da Verdade s<strong>em</strong><br />

Justiça. Hoje se discute muito o que será a Comissão da Verdade, e nós<br />

estamos numa grande expectativa para ver o que será. 2<br />

Depois da Anistia nós conquistamos, com muita luta, a Lei<br />

9.140, <strong>em</strong> 1995. Logo depois da Anistia, qualquer tentativa de falar<br />

neste assunto era considerada revanchismo. E até hoje vozes poderosas<br />

se levantam cada vez que nós ousamos falar <strong>em</strong> Verdade e Justiça, como<br />

se fosse revanchismo querer saber qu<strong>em</strong> torturou até a morte Antonio<br />

Carlos Bicalho Lana, qu<strong>em</strong> arrancou os pedaços do rosto dele; qu<strong>em</strong><br />

deu mais de 30 tiros no pequenino corpo da Gastone. Isto não é uma<br />

questão de revanche, isto é uma questão de Justiça.<br />

O Estado brasileiro, os agentes do Estado brasileiro torturaram<br />

e mataram. Existia a pena de morte neste país e o Estado brasileiro<br />

optou por matar ilegalmente. Matar e fazer desaparecer. Isso não é um<br />

crime qualquer. Não nos basta a Lei 9.140, que reconheceu a morte de<br />

136 desaparecidos e criou a Comissão para examinar novos casos.<br />

Fiz<strong>em</strong>os críticas violentíssimas à Lei 9.140, porque ela eximiu o<br />

Estado brasileiro da responsabilidade sobre os fatos que tinham acontecido.<br />

O Estado assumia que tinha matado os desaparecidos, mas não dizia<br />

n<strong>em</strong> por que n<strong>em</strong> como. Os atestados de óbito dos desaparecidos eram<br />

assim: “fulano de tal morreu no ano tal de acordo com a Lei tal”. E a maioria<br />

dos cartórios se recusava a entregar o atestado de óbito. O Ministério da<br />

Justiça tinha que intervir junto a cada um para que fizesse o atestado de<br />

óbito daquela forma. Este foi o atestado de óbito que o Estado nos deu.<br />

2 O Projeto de Lei da Câmara nº 88, de 2011 (nº 7.376, de 2010, na Casa de orig<strong>em</strong>), que<br />

cria a Comissão Nacional da Verdade no âmbito da Casa Civil da Presidência da República,<br />

foi aprovado pelo Senado no dia 26 de outubro de 2011 e sancionado pela presidente Dilma<br />

Rousseff no dia 18 de nov<strong>em</strong>bro de 2011.<br />

214

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!