Abril 2007solo da FEA-USP: “A FIA é, antesde tudo, uma instituição de pesquisa.O ensino é uma decorrênciadeste trabalho de pesquisa que aFIA desenvolve nas mais diferentesáreas do conhecimento em administração.”Não tem erro de digitação:segundo Felisoni é a FIA, não aFEA, que desenvolve pesquisa. Eeste é o “segredo”.Embora não use mais a marcaUSP, o vídeo também deixa claroque a fundação segue usando a relaçãocom a universidade em seu marketing,mas de forma mais sutil. Comodiz Joel de Souza Dutra, diretorde cursos MBA da fundação eprofessor RDIDP da USP:“O programa de educaçãocontinuada da FEA tempor trás os programasde pesquisa e a relaçãocom a universidade.De tal sorteque nós conseguimostrazer a produçãocientífica dauniversidade parao ambiente empresariale levar o ambienteempresarial paraa nossa comunidade científica.”Ou, na fala de Henning: “Ainserção da FIA no ambiente acadêmico,o constante desenvolvimentode pesquisas e o intercâmbio internacionalpermitem o reconhecimentoda excelência da FIA no Brasil eno mundo.”Reinventando o conceito do tripéuniversitário, Roy Martelanc, diretorde operações da fundação e professorRDIDP da USP, explica no vídeoque a fundação atua em três áreas:educação, consultoria e pesquisa. “É68na consultoria que a gente aprende,é a consultoria que a gente usa comolaboratório. A gente obtém informação,obtém conhecimento, aprendeo que funciona e o que não funciona,o que é importante e o que nãoé, e a gente tem oportunidade deaplicar as mais avançadas técnicasde administração. Para a gente, estasinergia entre educação, consultoriae pesquisa é fundamental, e é umadas razões do sucesso da FIA.”Os alunos da FEA defendem afundação, embora notem que osprofessores dedicam “grande parte dotempo a projetos particulares”, e que“falta tempo para preparar aulas”. Masacham que elas “ajudam bastante” eque “nunca teve uma greve na FEA”Revista <strong>Adusp</strong>Na cerimônia de lançamento daRevista FIA, cujo registro está disponívelno sítio da entidade, ao discursarsobre a relação com a USP, Felisonifornece uma explicação sobrea pesquisa que não coincide com ado vídeo institucional: “Nós somostodos vinculados ao Departamentode Administração da FEA daUniversidade de São Paulo, temosmuito orgulho disto. Há 25 anoscultivamos um forte relacionamentocom a comunidade empresarial”,destaca o presidente da FIA. “Divulgamoso conhecimento produzidono ambiente acadêmico na fundação,em estreito relacionamentocom o Departamento. Porque nãobasta reproduzir conhecimento.Uma escola de negócios precisa ter,necessariamente, o suporte de umainvestigação científica, de uma produçãoacadêmica. E é exatamenteaí que nós nos diferenciamos”. Emoutras palavras: é o conhecimentodesenvolvido na universidade pública,que a FIA divulga e vende nomeio privado. É o negócioda escola de negócios.Sintomático dessarelação públicoprivadoé que,embora a FIAnegue à comunidadeacadêmicao acesso aseus dados ou odireito de opinar aseu respeito, porqueprivada, ela sente-se àvontade para opinar sobre auniversidade e seus rumos. Emum podcast no portal da FIA sobrecotas raciais de acesso à universidade,tanto Inez de Oliveira, gerentede projetos sociais da fundação, aentrevistada, quanto o entrevistadordo programa criticam fortemente apossibilidade de adotá-las.Na cerimônia de lançamento daRevista FIA, convidada a discursar,Claudia Costin, que trabalhou nosgovernos de Fernando HenriqueCardoso e Geraldo Alckmin, depoisde “confessar” que tem “algumaspaixões privatistas”, relembrouum artigo seu, escrito na década de
Revista <strong>Adusp</strong>1980, em que criticava a universidade,por haver se tornado “o maiorcentro de resistência à novas idéias,a universidade que deveria ser olugar onde as idéias florescem livrementee debatem entre si”. Comparou,então, tal situação com anova publicação: “O que eu vejo deinteressante na revista da FIA foio seguinte: a vida flui nesta revista,ela não parece uma revista de resistênciaa novas idéias, ela pareceaberta à novas idéias”. A FIA é ofuturo. A universidade, o passado.Os alunos de administração consultadospela reportagem defendema fundação, apesar de apontaremproblemas no curso e nesta relação.Pedro Ribeiro, atualmente no segundoano de economia, mas que antescursou dois anos de administração etrabalhou por um ano na FIA, consideraque a fundação permite queos professores fiquem na universidademais tempo. “Por outro lado, osprofessores não dedicam este tempoem que estão lá exclusivamente àfaculdade. Grande parte do tempodeles é para projetos particulares,ficam divididos. Isso eu vi quandotrabalhei na FIA”. Ribeiro aindacomenta como os professores maisnovos tentam entrar na FIA, atravésdos núcleos criados por professoresmais influentes da fundação:“Eles têm um pouco de receio dosprofessores fundadores.”Apesar da dupla militância damaioria dos dirigentes, ele julgaque há autonomia nas decisões dodepartamento em relação à fundação.Seria da natureza do cursode administração a existência depesquisas voltadas para o mercado.“As fundações ajudam bastante oOs imóveis da FIAAbril 2007Sede - Unidade Educacional ButantãRua José Alves da Cunha Lima, 172 - ButantãUnidade Educacional PinheirosRua Navarro de Andrade, 152 - PinheirosUnidade TécnicaRua Valson Lopes, 101- Butantãdepartamento com recursos.Não é burocrático obterdinheiro das fundações,que também oferecem ajudapara o Centro Acadêmicoe as atléticas. A gestão deque eu participei não aceitava.Mas eu não vejo problema emaceitar”, completa Ribeiro.Outra estudante, MariliaDiccini, aponta prós e contras.“Quanto aos professores, eu nãoposso dizer que eles são menosdedicados por causa da fundação.Posso falar da qualidade do queeles estão exigindo, nas provas. Temprofessores que chegam e só mostramslides, e nem sabem o que estavanos slides. Falta tempo parapreparar as aulas. Mas tem muitoprofessor que é bom e que está naUSP, se não fosse a FIA ele iria recebermais no Ibmec ou na FGV”.Mariana Luiza Alves, aluna docurso noturno, resume seu pontode vista: “Eu sou a favor das fundações.As unidades da USP queainda não decaíram foi por causadas fundações. A gente perde parteda dedicação dos professores, masele continua lá, dando aula na USP.A gente está se formando e nuncateve uma greve na FEA. Ele está lámuito mais pelo financeiro, a gentesabe que está em uma ilha em relaçãoà USP, mas o sistema é este.”Como demonstrado nos últimosanos, a ilha chamada FEA, tal comoa jangada de pedra do livro de JoséSaramago, separa-se cada vez maisdo continente de baixos salários, isonomia(e greves!) da USP, e partecada vez mais em direção ao mar dassoluções privadas. Dado o movimento“separatista” da FIA, que se preparaparadeclarar independência,fica a pergunta: até onde é possívelesticar, em nome do binômio lucroprestígio,pesquisa-venda de pesquisa,esta “dupla nacionalidade” dosprofessores da FIA e da FEA-USP?Parece ingenuidade acreditarque os professores que instituírama FIA e a controlam mantêm estaimensa, crescente e cada vez maisindependente estrutura para auxiliara USP, sem a intenção de auferirganhos com ela. Tudo no maisalto espírito público, ainda queimersos em total ideologia e gestãoprivadas, e cursos pagos a todo ovapor. Ou, ainda, supor que a FEAcontrola, ou é capaz de controlar,a FIA. Ou que os interesses destanão interferem na gestão daquela— que aliás extinguiu, numa universidadepública, o curso de administraçãopública. Se, a esta alturados acontecimentos, ainda conseguirvender na USP a idéia de compromissodesinteressado, nem é necessáriopagamento de cachê paraconcordar com Hermano Henning:a FIA deve ser mesmo a melhor escolade negócios do Brasil.69
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