Abril 2007Revista <strong>Adusp</strong>Serra salva a fundação com dinheiro públicoRafael SilvestreJornalistaNo final de fevereiro de 2007,o governador José Serra anunciouque o governo estadual assumirá adívida da Fundação Zerbini com oBNDES, que em 2003, quando foirefinanciada, já era de R$ 115 milhões.De lá para cá, a fundação,em crise financeira, não honrou oque foi repactuado. Vale lembrarque o BNDES refinanciou a dívidaaté 2014, oferecendo melhorescondições do que as originais (Revista<strong>Adusp</strong> 36, p. 90-91).A proposta de que o governode São Paulo assumisse a dívida,como pressuposto para um novoacordo de refinanciamento, partiuda presidência do BNDES. Serrateria exigido, em contrapartida, quea FZ acatasse uma série de exigências:1) a recomposição da direçãoda entidade; 2) acúmulo de cargosde presidente do InCor e presidenteda fundação (ou do ConselhoCurador), cabendo ao médico DavidUip exercer ambas as posições;3) abandono do InCor-DF, que teriade passar às mãos de outra entidade;4) corte de 70% no quadro defuncionários; 5) fixação de um tetosalarial (cerca de R$ 14 mil).Segundo a Secretaria de Estadode Saúde, o acordo de pagamentoda dívida pelo governo aconteceráse o valor de refinanciamento formenor do que hoje é devido. Outracláusula para que o governo assumao débito é o prazo de pagamento,que teria de ser ainda mais longo.A assessoria de imprensa doBNDES informou à Revista <strong>Adusp</strong>que a instituição ofereceu váriasalternativas, sem esclarecer quais.Para o banco, o importante é que ogoverno se mostrou interessado emnegociar a dívida. O BNDES nãoquis detalhar quais seriam as garantias,as justificativas nem as condiçõespara o novo refinanciamento.A Secretaria de Saúde informouà reportagem, antes de Serra declararque assumiria a dívida peranteo BNDES, que “não será trocadaa diretoria da fundação porque háconfiança na parceria”. Até fins de2006, o governo da coalizão PSDB-PFL preferiu manter distância dacrise. O então governador, CláudioLembo (PFL), negou ajuda enfaticamente,lembrando que se tratade uma entidade privada que temde responder pelos seus atos.O atual secretário de Saúde, LuizRoberto Barradas Barata, ocupavao mesmo cargo na gestão anterior.Consultada à época pela Revista<strong>Adusp</strong>, sua assessoria de imprensadeclarou: “A fundação não tem ligaçãocom o governo do Estado. Elaapóia um hospital estadual. Não cabeao Estado fazer algo para salvaruma entidade privada”.Uma vez noticiada a disposiçãodo governo Serra de encampar adívida da FZ, a reportagem tentousaber se Barradas mudara de opiniãoou se fora enquadrado pelogovernador. Entretanto, a assessoriainformou que sua agenda estavacheia e que as “informaçõesmais importantes foram dadas”.Em 2006, a FZ teve um orçamentode R$ 310,7 milhões. Dessevalor, quase R$ 200 milhõesforam injetados pelo governoestadual. A entrada de Serra nacrise é um paradoxo. Os vetosde Lembo (a pedido de Serra) àampliação de gastos com educação,saúde, segurança pública eoutros na Lei de Diretrizes Orçamentárias(LDO-2007) foram,como era previsível, mantidos pelogovernador ao fazer sua baseparlamentar aprovar a Lei Orçamentária(LOA-2007). Enquantoproíbe investimentos de indiscutívelimpacto social, Serra abre oscofres do Estado para salvar umafundação privada em colapso.Por outro lado, não há a menorgarantia de que a FZ, mesmo coma ajuda governamental, consigadesvencilhar-se dos outros credorese vencer a crise. Em 2004, suadívida com oito bancos privadose estatais, sem contar o BNDES,já era superior a R$ 63 milhões.A dívida total sem o BNDES, queinclui fornecedores que estão semreceber, beira os R$ 130 milhões.90
Revista <strong>Adusp</strong>2006. O contrato tem valor mensalestimado de R$ 800 mil. O InCor-DF tem 80% de suas vagas destinadasao SUS e 20% a pacientes deplanos de saúde e particulares.Integrado ao Hospital das ForçasArmadas do Distrito Federal,o InCor-DF tem capacidade anualpara atender 96 mil pacientes.Mas, de acordo com a assessoriade imprensa do hospital, entrenovembro de 2004 e fevereirode 2006 foram realizados apenas57.134 procedimentos, todos particularesou por convênio com planosde saúde privados, pois o convêniocom o SUS ainda nãotinha sido assinado. OInCor-DF responde porR$ 36 milhões da dívidatotal da FundaçãoZerbini.A investigaçãoaberta pela PolíciaFederal em Brasília,a pedido doMPF, tem comoponto de partidadenúncias de quepara se construir oInCor-DF ocorreu umademolição, sem necessidade,de parte do Hospital dasForças Armadas. De acordo com oMPF, também teriam ocorrido abusosna compra de material hospitalarimportado. Equipamentos cujopreço era de US$ 250 mil foramadquiridos por US$ 882 mil.No Tribunal de Contas daUnião (TCU) já há um acórdão, de2003, que arquiva uma investigaçãomotivada pela alteração do projetobásico de construção do InCor-DF.O TCU acolheu as justificativasapresentadas pela FZ. Ainda notribunal correm, desde 2005, doisprocessos envolvendo a fundaçãoem situações problemáticas. Umdeles também está relacionado airregularidades na obra. O outrodiz respeito a omissão e irregularidadesna prestação de contas derecursos do SUS, transferidos àUma auditoria conjunta do Ministérioda Saúde, Secretaria da Saúde e MP-DFdetectou graves problemas em relaçãoa R$ 22 milhões, de um total de R$ 110milhões repassados à fundação entre2003 e 2006 para o “Família Saudável”FZ, em 2003 e 2004, pela Secretariade Estado da Saúde no DistritoFederal, por meio do ProgramaFamília Saudável.Entre 2003 e 2006, o governodo Distrito Federal (GDF) repassouR$ 109,8 milhões à fundaçãopara realizar o Programa FamíliaAbril 2007Saudável. Entretanto, uma auditoriado Ministério da Saúde,Secretaria da Saúde e MP-DFdetectou problemas graves emrelação a R$ 22 milhões dessetotal, havendo constatado a faltade comprovação de despesas nomontante de R$ 8,6 milhões, gastosconsiderados superfaturadosou praticados com má fé, processoslicitatórios com irregularidadese contratação de funcionáriossem concurso público.A FZ afirmou, em nota oficial,que iria esclarecer rapidamenteas informações divulgadaspelo MP-DF. Sobre ascontratações sem concursopúblico, a entidadediz que ainformação “étotalmente falsa”.O promotorJairo Bisol, queapura o caso,denunciou que representantesda fundaçãoforam à sede doMP-DF para constrangê-loe pediram uma reunião com oprocurador-geral com a intençãode reclamar do seu comportamento.“Eles só se defendem em relaçãoaos concursos públicos. Elesnão prestaram contas dos R$ 8 milhões.Onde está esse dinheiro?Também não justificaram os preçosabsurdos que praticam”, declarouBisol, que elabora uma ação paraexigir que a FZ devolva R$ 22 milhõesaos cofres do GDF.91
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