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MIRIAM TEREZINHA LOPES LÚCIO O BOI DE MAMÃO ... - Unisul

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28As ficções – escritas, pintadas ou dançadas - são sistemas de símbolos queapresentam mundos por exemplificação metafórica. Ou, dito mais concretamente, aspersonagens e acontecimentos de ficção, ao exemplificarem determinadaspropriedades, funcionam como sistemas de categorias que procuramos projetar paraorganizar as nossas experiências posteriores [...]. Os mundos são feitos não apenaspelo que é dito literalmente, mas também pelo que é dito metaforicamente, e nãoapenas pelo que é dito literalmente ou metaforicamente mas também pelo que éexemplificado e exprimido – tanto pelo que é mostrado como pelo que é dito(GOODMAN, 1995, p. 22-56).À medida que a difusão cultural amplia seu campo artístico as pessoas envolvidasnesse processo tendem a ampliar sua visão estética, conformando-a com os novos tempos ecom um novo espectador. A estética do folclore inovado e reinventado ganha espaço ereceptividade entre os que cultivam e apreciam tal manifestação cultural.Percebe-se que o mesmo Boi apresentado de Norte a Sul possui característicaspróprias dos processos sociais e culturais vivenciados pelo povo de cada região, melhordizendo, o mesmo Boi apresentado pelo Grupo Folclórico de Boi de mamão Beco do Beijo,de Tubarão, não é exatamente o que é apresentado pelo grupo de Franklin Cascaes, deFlorianópolis. Nas palavras de Bakhtin (1997), “Em toda a parte a linguagem entra nosarranjos hierárquicos de poder. Cada palavra transforma-se na arena onde competem asentonações sociais.” Tais arranjos, de que fala Bakhtin, se dão pelo jogo de palavras queatuam como figuras polifônicas, já que os personagens atuam conforme a necessidade dogrupo, isto é, os personagens não são fixos, pois o cantador ora pode ser o toureiro ora opalhaço e vice-verso. E cada personagem dá ao espetáculo a sua interpretação apropriando-sedo improviso e dinamicidade da situação, isto é, um personagem pode ser tantos outrosquanto ele quiser. Ainda, nesse universo de linguagem multifacetada, podemos percebertraços dialógicos, na medida em que o personagem (re)cria sua atuação com vistas àreceptividade da platéia, ou seja, o diálogo se faz quando o Boi, por exemplo, repete o ato deavançar ou recuar em sua performance animado pelas reações de aplausos ou espanto quevem do público. Tais idéias nos remetem mais uma vez a Bakhtin (1997) que diz “No enfoquepolifônico, a auto-consciência da personagem é o traço dominante na construção de sua

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