12.07.2015 Views

Poesia Estrangeira - Academia Brasileira de Letras

Poesia Estrangeira - Academia Brasileira de Letras

Poesia Estrangeira - Academia Brasileira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Tradução <strong>de</strong> Ronaldo Costa Fernan<strong>de</strong>sArespeito<strong>de</strong>*Que o mundo é impossível. Que as ruas não po<strong>de</strong>m nos caber no peito.Que nada cabe no buraco a que está <strong>de</strong>stinado e assim nos vão as coisas. Queas folhas das árvores seguem caindo e o mar segue dizendo uma palavra quenão po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>cifrar: uma palavra em movimento, uma palavra na qual cabeo tempo. Que estamos feitos <strong>de</strong> tempo, mas não <strong>de</strong> mar. Que levamos a contado tempo que vivemos, enjoados, como se pudéssemos levar as contas do mar.Que fazemos balanço <strong>de</strong> minúcias. Que as palavras nos caem da boca, sem entendê-las,como a neve se atordoa no asfalto. Que confundimos a neve com osal, os relógios com o sangue, o peito com uma garagem, e nos consolamoscrendo que tudo é relativo, como este pronome.Postal I(Panorama do horizonte visto da Costanilla <strong>de</strong>l Farol)Nada melhor que ficar distantee não saber on<strong>de</strong> nos escon<strong>de</strong>r;contar os pássaros que emigram,procurar a areia no asfaltoe nos aconchegar <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> um postecom espichado espírito <strong>de</strong> álamoenquanto o tráfego da noitediz sua palavra <strong>de</strong> rioque não chegará nunca ao mar.Uma cida<strong>de</strong>, hoje, é ficar distante.* GRANDE, Guadalupe. La Llave <strong>de</strong> Niebla. Madrid: Calambur, 2004.296

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!