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Poesia Estrangeira - Academia Brasileira de Letras

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Tradução <strong>de</strong> Ronaldo Costa Fernan<strong>de</strong>scomo chega uma lembrança remota,como chega uma velha memória sem palavras,como se caísse do paladar até a línguauma antiga lágrima,uma pomba que regressa do luto,uma pomba que vem da guerrae que agora não sabese voar, se andar, se cair,se amarrar suas asas às velasou à maré <strong>de</strong> para-brisas mansos que atravessa a cida<strong>de</strong>.De que hospital da memória regressaram:movem-se entre os edifícioscomo um cardume na bruma,atravessam a fumaçaguiadas pela memória da obstinação,circulam entre arrecifes <strong>de</strong> antenas, cabos, chaminés, cornijas,toldos, não sei.Golpeiam seu peito cinzento contra o asfalto,voltam do mar da memória, não existem, apenas voltam,voltam,vêm para regressar,vêm com um branco aroma esquecimentobranco já não existo,branco uma vez foi longe, ver<strong>de</strong> nuncaagora contra o céu.Espuma <strong>de</strong> sal nas suas feridas,vendas <strong>de</strong> pão para seus papos.306

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