À Comunidade Israelita de Curitiba - Visão Judaica On Line
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2<br />
editorial<br />
VISÃO JUDAICA • setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />
Publicação mensal in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da<br />
EMPRESA JORNALÍSTICA VISÃO<br />
JUDAICA LTDA.<br />
Redação, Administração e Publicida<strong>de</strong><br />
visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />
<strong>Curitiba</strong> PR Brasil<br />
Fone/fax: 55 41 3018-8018<br />
Diretora <strong>de</strong> Operações e Marketing<br />
SHEILLA FIGLARZ<br />
Diretora Administrativa e<br />
Financeira<br />
HANA KLEINER<br />
Diretor <strong>de</strong> Redação<br />
SZYJA B. LORBER<br />
Publicida<strong>de</strong><br />
DEBORAH FIGLARZ<br />
Arte e Diagramação<br />
SONIA OLESKOVICZ<br />
Webmaster<br />
RAFFAEL FIGLARZ<br />
Colaboram nesta edição:<br />
Abd el Rajman el Rashid, Andrés<br />
Spokoiny, Antonio Carlos Coelho,<br />
Aristi<strong>de</strong> Bro<strong>de</strong>schi, Dina Kraft,<br />
Daniel Benjamin Barenbein, Edda<br />
Bergmann, Jane Bichmacher <strong>de</strong><br />
Glasman, Marco Alzamora, Martha<br />
Wolff, Markin Tu<strong>de</strong>r, Nahum Sirotsky,<br />
Pilar Rahola, Sérgio Feldman, Tzvi<br />
Neumann, Vittorio Corinadi, Yossi<br />
Groisseoign e Zvi Mazel<br />
Os artigos assinados não representam<br />
necessariamente a opinião do jornal,<br />
mas a dos autores e colaboradores<br />
www.visaojudaica.com.br<br />
A histórica retirada<br />
No limiar <strong>de</strong> um novo ano <strong>de</strong> esperanças<br />
dia 12 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2005<br />
passa à história <strong>de</strong> Israel.<br />
A <strong>de</strong>sconexão <strong>de</strong> Gaza terminou.<br />
Os soldados cruzaram<br />
a fronteira e voltaram para<br />
casa, encerrando um episódio<br />
que durou 38 anos. Ninguém agora<br />
po<strong>de</strong> dizer que Israel ocupa Gaza. O<br />
primeiro ministro Sharon cumpriu<br />
o prometido e com um custo político<br />
alto. Assumiu a responsabilida<strong>de</strong><br />
pelo fato, mas todos sabem<br />
que isso não se concretizaria sem a<br />
participação do Parlamento e o <strong>de</strong>vido<br />
consenso da maioria da população.<br />
Isto é Israel, on<strong>de</strong> existe<br />
<strong>de</strong>mocracia e liberda<strong>de</strong>.<br />
A atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Sharon levou países<br />
como o Paquistão e o Emirado<br />
<strong>de</strong> Dubai a estabelecerem relações<br />
diplomáticas com Israel, que já mantém<br />
acordos <strong>de</strong> paz ou relações com<br />
os também muçulmanos Egito, Jordânia,<br />
Turquia e Mauritânia, na Áfri-<br />
ca. Mas bastou Israel sair <strong>de</strong> Gaza e<br />
uma horda <strong>de</strong> palestinos <strong>de</strong>senfreados<br />
incendiou as sinagogas <strong>de</strong>ixadas<br />
para que fossem “protegidas”<br />
pela Autorida<strong>de</strong> Palestina... É provável<br />
que tenha sido uma prova… E<br />
é claro que não passou.<br />
Em Israel há muitas mesquitas fechadas<br />
e que não têm ativida<strong>de</strong>. Mas<br />
estão sob a proteção do governo<br />
como lugares sagrados. Nunca houve<br />
turbas ensan<strong>de</strong>cidas <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us<br />
que as queimassem. E nem haverá.<br />
Esta é a diferença fundamental num<br />
país civilizado, <strong>de</strong>mocrático e livre,<br />
on<strong>de</strong> convivem, em harmonia, ju<strong>de</strong>us<br />
e árabes israelenses.<br />
A jornalista espanhola Pilar Rahola,<br />
que esteve em <strong>Curitiba</strong> em agosto<br />
último, ao respon<strong>de</strong>r uma questão<br />
durante palestra que fez na Universida<strong>de</strong><br />
Tuiuti, disse que não haveria<br />
problema algum se 8 mil ju<strong>de</strong>us permanecessem<br />
vivendo em Gaza, na fu-<br />
Nossa capa<br />
tura Palestina, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que esse país<br />
fosse uma <strong>de</strong>mocracia. De certa forma,<br />
já antevia a <strong>de</strong>struição das sinagogas,<br />
das estufas (que lhes serviriam)<br />
e dos prédios públicos <strong>de</strong>ixados<br />
para trás pelos ju<strong>de</strong>us. Se ficassem<br />
lá após a retirada fatalmente<br />
seriam trucidados, como resultado da<br />
ju<strong>de</strong>ufobia institucional e religiosa,<br />
e da maciça propaganda contra Israel<br />
encetadas ao longo das últimas<br />
décadas pela Autorida<strong>de</strong> Palestina e<br />
países árabes. Nem policiais palestinos,<br />
nem egípcios os <strong>de</strong>tiveram.<br />
Soldados e policiais israelenses<br />
foram <strong>de</strong>sarmados tirar os colonos<br />
ju<strong>de</strong>us <strong>de</strong> Gush Katif. Não houve uma<br />
só vítima. Pelo contrário, ver soldados<br />
abraçando colonos que choravam<br />
<strong>de</strong>u “nó na garganta” <strong>de</strong> muita<br />
gente, mas também encheu <strong>de</strong> orgulho,<br />
tanto os ju<strong>de</strong>us que estavam a<br />
favor ou eram contra a <strong>de</strong>sconexão...<br />
Mas as expectativas <strong>de</strong> paz ain-<br />
A capa reproduz o quadro cujo título é “O arrependimento”, elaborado<br />
com a técnica litografia em uma tela <strong>de</strong> dimensões 60 X 50 cm, criação <strong>de</strong><br />
Aristi<strong>de</strong> Bro<strong>de</strong>schi. O autor nasceu em Bucareste, Romênia, é arquiteto e<br />
artista plástico, e vive em <strong>Curitiba</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1978. Já <strong>de</strong>senvolveu trabalhos<br />
em várias técnicas, <strong>de</strong>ntre elas pintura, gravura e tapeçaria. Recebeu<br />
premiações por seus trabalhos no Brasil e nos EUA. Suas obras estão<br />
espalhadas por vários países e tem no judaísmo, uma das principais fontes<br />
<strong>de</strong> inspiração. É o autor das capas do jornal Visão <strong>Judaica</strong>. (Para<br />
conhecer mais sobre ele, visite o site www.bro<strong>de</strong>schi.com.br).<br />
Dia 31/8 (26 <strong>de</strong> Av) – Izaak Gantman, que vivia em Indaial, SC, faleceu em Blumenau e foi<br />
sepultado em <strong>Curitiba</strong> no cemitério israelita do Umbará. Deixa 4 filhos.<br />
Dia 16/9 (12 <strong>de</strong> Elul) – Jack Zitronenblat, <strong>de</strong> <strong>Curitiba</strong>, sepultado no cemitério Santa Cândida.<br />
Datas importantes<br />
�alecimentos<br />
24 <strong>de</strong> setembro Ki Tavó/Shabat Selichot Ashkenaz<br />
1º <strong>de</strong> outubro Nitsavim<br />
3 <strong>de</strong> outubro Véspera <strong>de</strong> Rosh Hashaná 5766<br />
4 <strong>de</strong> outubro 1º Dia <strong>de</strong> Rosh Hashaná<br />
5 <strong>de</strong> outubro 2º Dia <strong>de</strong> Rosh Hashaná<br />
6 <strong>de</strong> outubro Jejum <strong>de</strong> Guedália<br />
8 <strong>de</strong> outubro Vaiêlech/Shabat Teshuvá<br />
12 <strong>de</strong> outubro Véspera <strong>de</strong> Iom Kipur<br />
13 <strong>de</strong> outubro Iom Kipur<br />
15 <strong>de</strong> outubro Haazinu<br />
17 <strong>de</strong> outubro Véspera <strong>de</strong> Sucot<br />
18 <strong>de</strong> outubro 1º Dia <strong>de</strong> Sucot<br />
19 <strong>de</strong> outubro 2º Dia <strong>de</strong> Sucot<br />
Acendimento das velas em<br />
<strong>Curitiba</strong> setembro/outubro<br />
Véspera <strong>de</strong> Shabat<br />
DATA HORA<br />
23/9 17h53<br />
30/9 17h55<br />
3/10* 17h57<br />
4/10* 18h52<br />
7/10 17h58<br />
12/10* 18h01<br />
14/10 18h02<br />
17/10* 19h03<br />
18/10* 19h59<br />
* Em Iom Tov recita-se uma benção diferente.<br />
A partir <strong>de</strong> 16/10 vigora o Horário Brasileiro<br />
<strong>de</strong> Verão e esta tabela já adiciona uma hora<br />
a mais aos horários a partir <strong>de</strong>ssa data.<br />
da são inexistentes por ora. Israel<br />
pe<strong>de</strong> o <strong>de</strong>sarme dos grupos terroristas?<br />
Fazem ouvidos moucos, ou<br />
então morrem <strong>de</strong> rir… Mahmud El<br />
Zahar, lí<strong>de</strong>r do Hamas, volta a<br />
ameaçar. Ameaças às quais Israel<br />
está acostumado e não se assusta.<br />
Agora, o novo sonho é possuir Tel<br />
Aviv, imagem do cosmopolitismo e<br />
pujança <strong>de</strong> Israel. Os palestinos<br />
po<strong>de</strong>riam ter feito o mesmo após a<br />
In<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> Israel, mas só se<br />
<strong>de</strong>dicaram a criar uma cultura <strong>de</strong><br />
morte e estagnar em séculos <strong>de</strong><br />
atraso. Por que não ergueram um<br />
país como lsrael?<br />
Todos os aspectos, ângulos e<br />
facetas da histórica retirada <strong>de</strong><br />
Israel <strong>de</strong> Gaza, o leitor encontrará<br />
nesta edição especial <strong>de</strong> Visão<br />
<strong>Judaica</strong>, comemorativa às gran<strong>de</strong>s<br />
festas <strong>de</strong> Rosh Hashaná, Iom Kipur<br />
e Sucot. Boa leitura!<br />
A Redação<br />
Humor Judaico<br />
Nunca é tar<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>mais<br />
Um homem pio atingiu<br />
a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 105 anos<br />
e <strong>de</strong> repente parou <strong>de</strong> ir<br />
à sinagoga. Alarmado<br />
com a ausência do velho<br />
amigo após tantos<br />
anos <strong>de</strong> fiel presença, o<br />
rabino foi vê-lo. Ele o<br />
encontra com excelente<br />
saú<strong>de</strong>, e então pergunta:<br />
“Como após todos<br />
esses anos nós não o vemos<br />
mais nos serviços religiosos?”<br />
O velho homem olha<br />
à sua volta e baixando<br />
a voz sussurra: Eu lhe<br />
conto, rabino. “quando<br />
cheguei aos 90 esperei<br />
que D-us me levasse<br />
qualquer dia. Mas então<br />
cheguei aos 95, <strong>de</strong>pois<br />
aos 100, e aí aos 105.<br />
Então, imagino que Dus<br />
está muito ocupado<br />
e <strong>de</strong>ve ter se esquecido<br />
<strong>de</strong> mim… E eu não quero<br />
lembrá-Lo...”
ameaça terrorista globalizou-se.<br />
Da página <strong>de</strong> qualquer<br />
dos Ministérios das<br />
Relações Exteriores no mundo,<br />
fica claro que hoje po<strong>de</strong> ser um<br />
risco visitar muitos lugares no mundo.<br />
Esta é uma mudança <strong>de</strong>cisiva que<br />
ocorreu durante os últimos dois<br />
anos. Anteriormente, o terrorismo<br />
estava circunscrito a alguns poucos<br />
lugares, que se <strong>de</strong>via tratar <strong>de</strong> evitar<br />
viajar. Agora po<strong>de</strong> estourar em qualquer<br />
lugar - também em casa.<br />
De muitas maneiras o público<br />
mundial está provando um pouco do<br />
remédio com o qual os israelenses têm<br />
que conviver durante décadas, provido<br />
por seus vizinhos e os terroristas<br />
palestinos.<br />
Durante as últimas duas gerações<br />
o Estado <strong>de</strong> Israel <strong>de</strong>ve ter<br />
sido o lugar na terra mais exposto<br />
ao terrorismo <strong>de</strong> todo tipo. Tem<br />
estalado sem advertências e sem<br />
razão. Cada dia a vida se transfor-<br />
ma num caos e nunca se sabe se<br />
voltará a acontecer.<br />
Por muito tempo tem sido fácil<br />
permanecer a uma distância conveniente<br />
dos suicidas em supermercados<br />
e dos mísseis em assentamentos,<br />
e instar Israel a mostrar equilíbrio,<br />
chamando-o <strong>de</strong> irrefreável em sua<br />
resposta ao terrorismo. “..Israel <strong>de</strong>ve<br />
mostrar que é o forte e <strong>de</strong>ve exibir a<br />
força necessária para conter-se em<br />
seus <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong> represália...”, se escuta<br />
com freqüência nas capitais<br />
européias quando o terrorismo ataca<br />
novamente, e outra vez se espalha a<br />
morte e a <strong>de</strong>struição entre os civis<br />
do Estado ju<strong>de</strong>u..<br />
Frequentemente, a crítica a Israel<br />
chegou tão longe que na realida<strong>de</strong><br />
negou ao Estado ju<strong>de</strong>u o direito à simples<br />
auto<strong>de</strong>fesa. Entre muitas pessoas<br />
da direita, mas também nas fileiras da<br />
esquerda, por exemplo, do Partido Social<br />
Democrata dinamarquês, Israel tem<br />
sido um símbolo incômodo das tantas<br />
VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />
Todos somos israelenses 1<br />
injustiças neste mundo. A <strong>de</strong>scrição<br />
do inimigo tem sido afavelmente em<br />
branco e preto. Mas agora a realida<strong>de</strong><br />
parece ser um pouco diferente.<br />
Agora, <strong>de</strong> repente, a experiência<br />
israelense nos fez reais. Agora, as<br />
bombas po<strong>de</strong>m estourar entre nós em<br />
qualquer lugar. Enquanto que basicamente<br />
o Oriente Médio – leia-se:<br />
Israel – se acostumava em ser culpada<br />
pelo terrorismo internacional,<br />
agora parece que este atua sem uma<br />
lógica nem razão mais profunda que<br />
prejudicar o Oci<strong>de</strong>nte e intimidar os<br />
seus cidadãos. De pronto, com todas<br />
as advertências existentes, não<br />
está tão em moda. Agora todos insistem<br />
numa luta ativa contra os tenebrosos<br />
terroristas e aqueles que estão<br />
por trás <strong>de</strong>les.<br />
Se antes não o éramos,<br />
pelo menos agora,<br />
a esse respeito, todos<br />
nós tornamo-nos,<br />
<strong>de</strong> repente, israelenses.<br />
3<br />
1. Editorial publicado em 26/7 no jornal<br />
Jyllands Posten, <strong>de</strong> Copenhague,<br />
Dinamarca, um dos veículos <strong>de</strong> imprensa<br />
mais lidos naquele país e conhecido<br />
pelo seu noticiário imparcial.<br />
Sua circulação atinge 670 mil exemplares<br />
nos dias da semana e <strong>de</strong> 790<br />
mil aos domingos.
4<br />
1. Publicado na Revista<br />
“O Hebreu”, nº 275.<br />
VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />
�eliz aniversário, mundo!<br />
* Jane Bichmacher<br />
<strong>de</strong> Glasman é escritora,<br />
doutora em Língua Hebraica,<br />
Literaturas e Cultura <strong>Judaica</strong>,<br />
fundadora e ex-diretora do<br />
Programa <strong>de</strong> Estudos Judaicos<br />
Universida<strong>de</strong> Estadual do<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro (UERJ),<br />
professora e coor<strong>de</strong>nadora<br />
do Setor <strong>de</strong> Hebraico UFRJ<br />
(aposentada).<br />
Jane Bichmacher <strong>de</strong> Glasman *<br />
final, quantas vezes os ju<strong>de</strong>us<br />
celebram o Ano Novo?<br />
Segundo o calendário<br />
judaico são comemorados...<br />
4 Anos Novos! Em Nissan,<br />
Elul, Tishrei e Shvat...<br />
Nissan é, na Bíblia, o primeiro<br />
mês do ano, para a contagem dos<br />
anos dos reis <strong>de</strong> Israel. Além disso,<br />
sendo o mês <strong>de</strong> Pêssach, que comemora<br />
a passagem para a liberda<strong>de</strong>,<br />
envolve, a meu ver, o belo simbolismo<br />
<strong>de</strong> o tempo ter sentido, merecendo<br />
ser contado, a partir do momento<br />
que somos livres!...<br />
Tu Bishvat, Ano Novo das Árvores,<br />
no calendário judaico, o dia não<br />
apenas é fixo, como <strong>de</strong>fine o nome<br />
da festa: as letras hebraicas tet e vav,<br />
que formam o Tu, têm valor numérico<br />
9 e 6; como 9+6= 15 significa<br />
que se comemora no 15º dia do mês<br />
Shvat. É o ano novo das árvores em<br />
referência ao cálculo do dízimo dos<br />
frutos, que <strong>de</strong>via ser entregue aos<br />
Levitas na época do Templo, numa<br />
jornada festiva. Tu Bishvat era visto<br />
como um precursor da primavera.<br />
Com a Golá, Diáspora judaica, passou<br />
a ser celebrado enfatizando nossa<br />
conexão com Israel.<br />
Elul era o Ano Novo do gado:<br />
no primeiro dia do mês, retirava-se<br />
o dízimo (um décimo<br />
dos animais nascidos<br />
nos últimos 12 meses) e<br />
doava-se ao Beit HaMikdash,<br />
o Templo em Jerusalém.<br />
Tishrei é <strong>de</strong>finido<br />
como sétimo mês no texto<br />
bíblico: “O primeiro<br />
dia do sétimo mês, será<br />
<strong>de</strong>scanso solene para vocês,<br />
uma comemoração proclama-<br />
da com o toque do shofar, uma convocação<br />
santa”. Ele também marca<br />
o início da contagem da Shemitá<br />
(Ano Sabático); do Iovel (Jubileu,<br />
quando eram libertos os escravos e<br />
as proprieda<strong>de</strong>s voltavam às mãos<br />
dos donos originais); da Orlá (3<br />
anos a partir do plantio <strong>de</strong> uma árvore<br />
frutífera, durante os quais não<br />
se po<strong>de</strong> comer seus frutos) bem<br />
como do ano para cálculo do dízimo<br />
da colheita <strong>de</strong> vegetais e grãos.<br />
Aniversário do Homem<br />
Na Antigüida<strong>de</strong>, Rosh haShaná<br />
era época <strong>de</strong> Ano Novo não só judaico,<br />
mas para todo o hemisfério<br />
norte (mundo conhecido na época),<br />
quando se encerrava o ciclo anual<br />
agrícola e era feito o balanço do ano,<br />
como fazem as empresas hoje, publicando-os<br />
em jornais (explicando,<br />
em parte, a simbologia do signo zodiacal<br />
- Balança associado ao período).<br />
Com o acréscimo <strong>de</strong> preceitos e<br />
símbolos judaicos (especialmente o<br />
julgamento divino e o balanço espiritual<br />
do ano) e, por termos continuado<br />
a comemorar a data, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />
<strong>de</strong> localização espacial, Rosh<br />
haShaná ficou conhecido como “O”<br />
Ano Novo judaico. O Talmud e o Zohar<br />
<strong>de</strong>ixam claro que o dia <strong>de</strong> julgamento<br />
inclui todos os povos do mundo;<br />
em 1º <strong>de</strong> Tishrei o futuro <strong>de</strong> cada<br />
indivíduo da humanida<strong>de</strong> será <strong>de</strong>terminado,<br />
enfatizando seu caráter<br />
universal. Veio a ser consi<strong>de</strong>rado no<br />
período talmúdico o começo do ano<br />
civil judaico, por ser o mês da Criação,<br />
uma espécie <strong>de</strong> “Aniversário do<br />
Mundo e do Homem”, sem entrar em<br />
polêmicas <strong>de</strong> Religião versus Ciência,<br />
a partir do momento que, sob<br />
nenhum dos dois âmbitos o tempo é<br />
uma unida<strong>de</strong> quantificada fixa e imutável,<br />
combinando a relativida<strong>de</strong><br />
científica com o Salmo: “Mil anos aos<br />
Teus olhos são como o dia <strong>de</strong> ontem...”<br />
Além dos variados conceitos<br />
antropológicos, entre outros, da caracterização<br />
do homem produtor <strong>de</strong><br />
cultura e agente <strong>de</strong> civilização.<br />
Celebrando: Rosh & Shaná 1<br />
O ano novo judaico celebra o aniversário<br />
da criação do mundo. É época<br />
<strong>de</strong> reavaliação da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
nosso relacionamento com D-us.<br />
Quando Moisés interce<strong>de</strong>u em favor<br />
dos hebreus (por terem cometido<br />
idolatria) o povo ouviu ressoar o<br />
shofar, que anunciava a presença <strong>de</strong><br />
D-us. É um espaço temporal que serve<br />
para refletir e se comprometer com<br />
um plano <strong>de</strong> ação. A essência do ano<br />
novo judaico não é uma ocasião para<br />
o excesso e o júbilo incontrolado.<br />
Entra-se num período <strong>de</strong> reflexão, <strong>de</strong><br />
auto-exame e também <strong>de</strong> recordação.<br />
O símbolo principal <strong>de</strong>ste evento<br />
é o toque do shofar durante o<br />
mussaf. O shofar é como um alarme,<br />
que chama à reflexão o piedoso e, à<br />
consciência adormecida, o homem<br />
<strong>de</strong>sinteressado. O objetivo é a Teshuvá;<br />
freqüentemente traduzida como<br />
arrependimento, na realida<strong>de</strong> significa<br />
retorno. O judaísmo enfatiza que<br />
nossa natureza essencial, a centelha<br />
divina da alma, é boa. O real arrependimento<br />
é atingido não por meio<br />
da autocon<strong>de</strong>nação, mas pela percepção<br />
<strong>de</strong> que o mais profundo <strong>de</strong>sejo<br />
é fazer o bem, retornar ao bem.<br />
Como forma original <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejar<br />
Shaná Tová, repensar o significado<br />
da expressão.<br />
Rosh em hebraico, quer dizer cabeça.<br />
Mas significa também chefe;<br />
início, princípio; cimo, cume, vértice;<br />
parte, ramificação; base, fundamento,<br />
essência; veneno (planta<br />
venenosa); como adjetivo: superior,<br />
principal. Shaná significa ano; como<br />
verbo: repetir, reiterar; estudar,<br />
apren<strong>de</strong>r; ensinar, instruir; transformar-se,<br />
modificar-se; diferir. Outra<br />
observação lingüística interessante<br />
é que a palavra shaná é feminina...<br />
Quanto se po<strong>de</strong> extrair, em termos<br />
<strong>de</strong> reflexão sobre Rosh Hashaná, só a<br />
partir do significado das palavras!<br />
Quando falamos cabeça, ten<strong>de</strong>mos a<br />
associar com razão, racional. Ao falar<br />
em feminino, associamos, até por<br />
condicionamento cultural, com o<br />
emocional. Ten<strong>de</strong>mos a formar um binômio<br />
razão X emoção, bem como<br />
masculino X feminino... Além disso,<br />
rosh po<strong>de</strong> ser base, início, parte ou<br />
cume: uma estrutura completa!<br />
Quando pensamos em educação,<br />
a partir do hebraico shaná, recebemos<br />
um “toque” que po<strong>de</strong> nos ajudar<br />
a transformar as nossas vidas,<br />
fazendo um jogo com a multiplicida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> sentido <strong>de</strong>stas palavras, que<br />
embutem mensagens valiosas: repetir<br />
ou transformar, estudar e apren<strong>de</strong>r,<br />
ensinar instruir ou educar? Dizer<br />
que Rosh ha-Shaná é um período<br />
<strong>de</strong> reflexão, é um lugar comum. Tornemos<br />
este lugar, este espaço temporal,<br />
um pouco mais incomum!<br />
Usando os sinônimos mencionados,<br />
usemos há-rosh, a cabeça, a razão,<br />
para sermos o chefe... <strong>de</strong> nós<br />
mesmos, <strong>de</strong> nossos <strong>de</strong>stinos! Não<br />
po<strong>de</strong>ríamos assim enten<strong>de</strong>r o livrearbítrio<br />
que nos foi dado por D-us?<br />
Não po<strong>de</strong>ria ser esta a essência da<br />
mensagem metalingüística as palavras<br />
nos dizendo mais do que lhes é<br />
autorizado saber?<br />
E nossa emoção? Não vem sempre<br />
carregada <strong>de</strong> um passado cumulativo<br />
que, se por um lado, engloba<br />
todas as nossas boas experiências,<br />
nossos afetos, nossas alegrias,<br />
por outro, também não nos<br />
faz carregar ao longo <strong>de</strong> nossas vidas,<br />
um amargo “lixo atômico”<br />
existencial <strong>de</strong> tristezas, frustrações,<br />
perdas, que tantas vezes contaminam<br />
nossa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> (re)<br />
iniciar, <strong>de</strong> nos modificarmos, <strong>de</strong><br />
nos transformarmos? Assim como em<br />
Pêssach fazemos uma faxina em<br />
nossas casas, para eliminar o chameis,<br />
<strong>de</strong>vendo chegar ao chametz<br />
que fermenta vaida<strong>de</strong> e pensamentos<br />
negativos em nossos corações,<br />
aproveitemos Rosh Hashaná para<br />
fazermos uma faxina em nossas vidas<br />
apren<strong>de</strong>ndo com nossos erros,<br />
buscando a transformação, agindo<br />
racionalmente, mas nos permitindo<br />
sentir, ensinando ao outro a<br />
paz, através do perdão, transformando<br />
veneno em essência! Perdoemos,<br />
principalmente, a nós mesmos,<br />
pelas chances <strong>de</strong>sperdiçadas,<br />
por ter perdido nossa autochefia<br />
na vida, recobrando-a, apren<strong>de</strong>ndo<br />
com os outros e nós mesmos,<br />
para que fale mais alto o significado<br />
<strong>de</strong> diferir... Enfim, para que Rosh<br />
ha-Shaná seja um real início, um<br />
princípio diferente!
VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />
Origens judaicas do Cristianismo<br />
Sérgio Feldman *<br />
ste artigo leva como<br />
titulo um breve e valioso<br />
livro <strong>de</strong> Hugo Schlesinger<br />
e Padre Manuel<br />
Porto, que tem o mesmo titulo. Minha<br />
intenção é homenageá-los, pela<br />
magnífica forma com que dialogaram<br />
e ajudaram a diminuir o preconceito<br />
e a discriminação. Utilizaremos algumas<br />
<strong>de</strong> suas reflexões e informações<br />
para refletir sobre como as duas primeiras<br />
(das três) religiões monoteístas,<br />
se afastaram e iniciaram um longo<br />
período <strong>de</strong> confronto e perseguições<br />
aos ju<strong>de</strong>us pela Cristanda<strong>de</strong>. Alguns<br />
mitos e algumas <strong>de</strong>sinformações surgiram<br />
através dos tempos e tentaremos<br />
dirimi-las ou reinterpretá-las.<br />
No período do Segundo Templo<br />
(530 a.E.C. – 70 d.E.C.) os ju<strong>de</strong>us<br />
entraram em contato com a cultura<br />
grega difundida por Alexandre Magno<br />
e seus sucessores que fundaram<br />
reinos helenísticos na Ásia Oci<strong>de</strong>ntal<br />
e no Egito. Reinos como o Egito<br />
dos reis Ptolomeus, cuja capital era<br />
a magnífica cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Alexandria,<br />
fundada pelo conquistador macedônio.<br />
A cida<strong>de</strong> era um gran<strong>de</strong> centro<br />
cultural e sua célebre biblioteca era<br />
uma referência do saber e da cultura<br />
grega ou helenística. Nela ocorreram<br />
diálogos e conflitos entre ju<strong>de</strong>us e<br />
as populações gregas ou egípcias<br />
helenizadas. Ora se chocavam e ocorriam<br />
lutas armadas entre os dois grupos.<br />
Os ju<strong>de</strong>us eram consi<strong>de</strong>rados cidadãos<br />
<strong>de</strong> Alexandria, mas eram isentos<br />
<strong>de</strong> cultuar os <strong>de</strong>uses cívicos (os<br />
<strong>de</strong>uses da cida<strong>de</strong>, que estavam num<br />
panteão público). No lugar faziam<br />
preces ao rei Ptolomeu e ofereciam<br />
um sacrifício em sua homenagem no<br />
templo <strong>de</strong> Jerusalém, mas sem consi<strong>de</strong>rar<br />
sua condição divina ou cultuar<br />
os <strong>de</strong>uses da cida<strong>de</strong> (pólis). Isso<br />
(Reflexões sobre a história das religiões - parte I)<br />
irritava os seus concidadãos alexandrinos:<br />
tinham os mesmos direitos,<br />
mas eram isentos <strong>de</strong> certos <strong>de</strong>veres.<br />
Por outro lado os ju<strong>de</strong>us esqueceram<br />
a sua língua sagrada (hebraico)<br />
e falavam o grego. Ficaram sem compreen<strong>de</strong>r<br />
o texto revelado das Escrituras,<br />
ou seja, a Torá ou Pentateuco<br />
(cinco primeiros livros da Bíblia hebraica,<br />
também <strong>de</strong>nominada Lei <strong>de</strong><br />
Moisés). Ainda que lido na sinagoga,<br />
não era compreendido pelos ouvintes.<br />
Esse conhecimento era fundamental<br />
para seguir sendo ju<strong>de</strong>u:<br />
para praticar as mitzvot (613 preceitos)<br />
era preciso saber ler e enten<strong>de</strong>r<br />
a Torá. O que fazer?<br />
Conta a “lenda” que o rei Ptolomeu<br />
II resolveu patrocinar a tradução<br />
da Torá ao grego. Contatou com<br />
o Sumo Sacerdote (Cohen Hagadol)<br />
que administrava o autogoverno judaico<br />
em Jerusalém, lhe solicitando<br />
que enviasse um grupo <strong>de</strong> sábios versados<br />
na Lei <strong>de</strong> Moisés (Torá) e que<br />
soubessem hebraico e grego, com<br />
condições <strong>de</strong> traduzir o texto da<br />
Torá. A tradução foi feita por setenta<br />
e dois sábios, colocados em quartos<br />
separados e sem po<strong>de</strong>r se comunicar<br />
<strong>de</strong> nenhuma maneira durante<br />
o tempo que durou seu trabalho. Assim<br />
cada um realizou sua versão da<br />
tradução, absolutamente sem saber<br />
o que o outro fizera. Ao final as setenta<br />
e duas traduções eram absolutamente<br />
iguais. Não havia sequer um<br />
<strong>de</strong>talhe que as distinguisse. Esta versão<br />
da Bíblia hebraica foi <strong>de</strong>nominada<br />
“A versão dos Setenta” ou Septuaginta.<br />
Servirá para os ju<strong>de</strong>us helenizados<br />
seguirem sendo ju<strong>de</strong>us e<br />
conhecendo suas Sagradas Escrituras.<br />
Por outro lado aproximará os<br />
“não ju<strong>de</strong>us” ou “gentios” da Bíblia<br />
hebraica (não usamos o termo Antigo<br />
Testamento por achá-lo impregnado<br />
<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ologia e <strong>de</strong> julgamento<br />
<strong>de</strong> valor). Alexandria e Antióquia<br />
(outra cida<strong>de</strong> helenista, localizada<br />
na Ásia Oci<strong>de</strong>ntal) servirão <strong>de</strong> palco<br />
para <strong>de</strong>bates e confrontos entre ju<strong>de</strong>us<br />
e helenizados. Uns influenciarão<br />
os outros, mesmo se antagonizando.<br />
Um pensador ju<strong>de</strong>u <strong>de</strong>ste<br />
período, Fílon <strong>de</strong> Alexandria, <strong>de</strong>monstra<br />
que a religião judaica não<br />
entra em contradição com a filosofia<br />
grega. Ele analisou e comprovou<br />
que os trechos aparentemente contraditórios,<br />
existentes na Revelação<br />
(Palavra <strong>de</strong> D-us), po<strong>de</strong>riam ser entendidos<br />
como sendo simbólicos ou<br />
alegóricos, não havendo contradição<br />
entre Razão/ Lógica X Fé/ Religião.<br />
Esta leitura alegórica já era<br />
utilizada para evitar a contradição<br />
entre o Mito grego antigo e a filosofia<br />
pré-socrática (criada um pouco<br />
antes <strong>de</strong> Sócrates/ Platão). Assim,<br />
Fílon abre o caminho para o<br />
diálogo entre o Judaísmo e o Helenismo.<br />
Em Alexandria e Antioquia os<br />
ju<strong>de</strong>us se tornarão fortemente influenciados<br />
pelo pensamento helenístico.<br />
Estes ju<strong>de</strong>us helenizados serão<br />
o principal público para os primeiros<br />
pregadores cristãos, em especial<br />
os apóstolos.<br />
Jesus o Nazareno (assim se costuma<br />
chamá-lo entre os pesquisadores<br />
ju<strong>de</strong>us, pois Cristo significa<br />
Messias, e implica num reconhecimento<br />
<strong>de</strong>sta condição), nasceu<br />
e viveu entre ju<strong>de</strong>us. A tradição<br />
cristã enfatiza seu nascimento<br />
em 25 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro, e sua circuncisão<br />
teria sido efetuada em<br />
1º <strong>de</strong> janeiro. O reveillon celebra<br />
a circuncisão <strong>de</strong> Jesus. Esse fato<br />
tem sido escondido por anos a fio,<br />
mas em alguns dos calendários<br />
antigos se dizia que a data se <strong>de</strong>nominava<br />
“circuncisão universal”.<br />
Como um bom ju<strong>de</strong>u, conhecia e<br />
praticava as festas judaicas. Freqüentava<br />
o Templo, fazia as peregrinações<br />
em Pessach, Shavuot e<br />
Sucot. E conhecia muito bem, a<br />
profecia messiânica <strong>de</strong> Isaías<br />
(Yeshaiahu), <strong>de</strong> quem cita e referencia<br />
seguidamente trechos, <strong>de</strong><br />
acordo ao registro dos escribas<br />
cristãos que compilaram os Evangelhos.<br />
Seus seguidores, em especial<br />
os <strong>de</strong>nominados Apóstolos,<br />
eram ju<strong>de</strong>us <strong>de</strong> Israel, praticantes<br />
e ortodoxos. Não se conformam<br />
com certas práticas adotadas pelas<br />
camadas dominantes. Acham<br />
um <strong>de</strong>srespeito o comércio nos<br />
átrios do Templo Sagrado, o <strong>de</strong>srespeito<br />
pela espiritualida<strong>de</strong>, e a<br />
não prática dos preceitos e da Lei.<br />
Q u a n d o<br />
questionado<br />
sobre a Torá<br />
e sobre sua<br />
prática, Jesus<br />
afirma:<br />
“Não penseis<br />
que vim revogar<br />
a Lei ou os<br />
Profetas: não<br />
vim para revogar,<br />
vim para<br />
cumprir” (Ma-<br />
Muro das Lamentações<br />
teus, cap. 5,<br />
vers. 17). Sua critica se insere na realida<strong>de</strong><br />
messiânica do período. Há<br />
quem afirme que tenha sido discípulo<br />
dos essênios que viviam em comunida<strong>de</strong>s<br />
ascéticas na região do <strong>de</strong>serto<br />
da Judéia e <strong>de</strong> quem sabemos<br />
muitas coisas <strong>de</strong>vido à <strong>de</strong>scoberta dos<br />
Rolos do Mar Morto em Kumran<br />
(Qumran), em 1947. Qualquer semelhança<br />
não nos parece mera coincidência.<br />
Sua crítica aos saduceus e fariseus<br />
era coerente com muitas das<br />
críticas <strong>de</strong> diversos grupos místicos<br />
e dissi<strong>de</strong>ntes existentes em Israel<br />
neste período.<br />
Jesus guardava o Shabat, colocava<br />
o talit (xale ritual com as franjas<br />
que simbolizam as 613 mitzvot =<br />
preceitos) e comia matzá no Pessach.<br />
Não se diferenciava <strong>de</strong> nenhum<br />
ju<strong>de</strong>u ortodoxo <strong>de</strong> sua época, salvo<br />
nas idéias místicas e nas críticas a<br />
postura da classe dominante e seu<br />
materialismo. Muitos escritores acreditam<br />
que se tratava <strong>de</strong> uma seita<br />
judaica e parece-nos que fora assim<br />
até um preciso momento. Durante a<br />
pregação <strong>de</strong> Jesus, este se limitou<br />
aos ju<strong>de</strong>us e não pregou aos gentios<br />
(goim ou outros povos). Não teriam<br />
entendido sua mensagem, pois<br />
era judaica. Suas críticas incomodaram<br />
aos romanos e aos elementos relacionados<br />
à classe dominante. Apesar<br />
da versão vigente por séculos,<br />
<strong>de</strong>monstra-se que não foi “morto”<br />
pelos ju<strong>de</strong>us, e sequer pela con<strong>de</strong>nação<br />
pública <strong>de</strong> seus irmãos. Alguns<br />
livros tal como o <strong>de</strong> John Dominic<br />
Crossan (Quem matou Jesus? Editora<br />
Imago), o livro <strong>de</strong> Jules Isaac (Jesus<br />
e Israel, Ed. Perspectiva), e as<br />
muitas e <strong>de</strong>talhadas obras <strong>de</strong> Hugo<br />
Schlesinger e do Padre Porto, abrem<br />
uma ótica bem diversa <strong>de</strong>sta inverda<strong>de</strong><br />
e <strong>de</strong>ste mito <strong>de</strong> que os<br />
ju<strong>de</strong>us mataram Jesus. Isso foi<br />
alimentado através dos tempos<br />
por setores da Igreja que estavam<br />
em confronto com os ju<strong>de</strong>us<br />
por razões diversas, mas geralmente<br />
pela verda<strong>de</strong>ira analise das<br />
Escrituras. No próximo artigo refletiremos<br />
sobre isto.<br />
5<br />
* Sérgio Feldman é<br />
professor adjunto <strong>de</strong><br />
História Antiga do Curso<br />
<strong>de</strong> História da<br />
Universida<strong>de</strong> Tuiuti do<br />
Paraná e doutor em<br />
História pela UFPR.
6<br />
VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />
Le Mon<strong>de</strong>, a Shoá e a ju<strong>de</strong>ufobia da moda<br />
Andrés Spokoiny *<br />
falha passou, para a maioria,<br />
completamente <strong>de</strong>spercebida.<br />
Para muitos, não<br />
obstante, foi como um bal<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> água fria.<br />
Na semana passada, o diário<br />
Le Mon<strong>de</strong> foi con<strong>de</strong>nado por<br />
“anti-semitismo e incitação ao ódio<br />
racial” por uma corte <strong>de</strong> apelações<br />
francesa. Este jornal <strong>de</strong> referência,<br />
envolto na ban<strong>de</strong>ira “progressista”<br />
e no “bem pensar” da esquerda, ace<strong>de</strong>u<br />
ao Olimpo dos intolerantes nos<br />
quais Le Pen e outros representantes<br />
do fascismo francês têm seus<br />
cômodos assentos.<br />
Como se produziu esta bizarra metamorfose?<br />
Como um jornal comprometido<br />
com a liberda<strong>de</strong>, com a <strong>de</strong>mocracia<br />
e a igualda<strong>de</strong> se converte<br />
em porta-voz da intolerância?<br />
Aqueles que seguem a cobertura<br />
na mídia da última guerra <strong>de</strong> terror<br />
lançada contra Israel por Arafat e o<br />
Hamas assistiram impávidos à transformação<br />
da chamada “esquerda progressista”.<br />
A <strong>de</strong>monização <strong>de</strong> Israel é<br />
moeda corrente e os meios intelectuais<br />
<strong>de</strong>mocráticos, ao invés <strong>de</strong> exercer<br />
o pensamento crítico e analisar<br />
friamente o conflito repetem slogans<br />
antiisraelenses. Da crítica a Israel se<br />
passa a <strong>de</strong>slegitimar até mesmo a<br />
existência do Estado, da <strong>de</strong>slegitimação<br />
<strong>de</strong> Israel, se <strong>de</strong>sliza facilmente<br />
até o discurso ju<strong>de</strong>ófobo mais recalcitrante.<br />
A cegueira i<strong>de</strong>ológica e o preconceito<br />
anti-semita estabeleceram um<br />
paralelismo ridículo entre Israel e<br />
conceitos odiados pelos “progressistas”,<br />
tais como o imperialismo, o racismo<br />
e o “apartheid”. Comparações<br />
que não resistem a mínima análise são<br />
repetidas ad nauseam pelo “jornalismo<br />
inteligente”.<br />
A esquerda progressista inventou<br />
uma pirueta i<strong>de</strong>ológica irracional, segundo<br />
a qual se po<strong>de</strong> ser anti-semita<br />
em nome do anti-racismo. (Os ju<strong>de</strong>us<br />
são racistas com os palestinos,<br />
eu sou anti-racista, logo, ser antiju<strong>de</strong>u<br />
é minha obrigação moral).<br />
Em décadas passadas, a expressão<br />
anti-semita era território cativo<br />
da direita radical. Nazistas, fascistas,<br />
neonazistas e xenófobos tinham<br />
o monopólio do ódio. Se bem<br />
que os preconceitos anti-semitas<br />
existissem na população em seu conjunto,<br />
eram eles que lhe davam expressão<br />
política.<br />
Enquanto Le Pen, Hai<strong>de</strong>r e outros<br />
personagens fascistói<strong>de</strong>s, fran-<br />
camente antipáticos, eram os antisemitas<br />
oficiais, o preconceito era<br />
fácil <strong>de</strong> combater. Os ju<strong>de</strong>ófobos<br />
eram ignorantes, brutos e primitivos<br />
embriões do passado. Agora,<br />
como disse Alain Finkielkraut, é o<br />
“tempo dos anti-semitas simpáticos”.<br />
Intelectuais, jornalistas e artistas<br />
progressistas se somam ao embate<br />
ju<strong>de</strong>ófobo. Ao fazê-lo, legitimam<br />
intelectual e politicamente a intolerância<br />
da direita fascista. Dão-lhe<br />
uma tintura <strong>de</strong> respeitabilida<strong>de</strong> e<br />
aceitação. Os ju<strong>de</strong>ófobos já não são<br />
os que se aferram a uma i<strong>de</strong>ologia<br />
do passado, mas os que estão na<br />
vanguarda do pensamento e da intelectualida<strong>de</strong>.<br />
Os intolerantes não<br />
são mais os marginais, mas os formadores<br />
<strong>de</strong> opinião. A direita radical<br />
era anti-semita por estar contra<br />
o progressista. O “progressista” vê a<br />
ju<strong>de</strong>ufobia como uma conseqüência<br />
lógica <strong>de</strong> suas idéias <strong>de</strong> avanço.<br />
(Como sempre, ‘o ju<strong>de</strong>u’ é <strong>de</strong> esquerda<br />
para o direitista e <strong>de</strong> direita para<br />
o esquerdista). O fenômeno é ainda<br />
mais preocupante, já que historicamente,<br />
as idéias <strong>de</strong>fendidas pelo progressista<br />
<strong>de</strong> esquerda formam o fermento<br />
intelectual no qual se forma a<br />
opinião pública.<br />
O progressismo mostra toda sua<br />
hipocrisia. Indigna-se pelo sofrimento<br />
palestino, mas não abre a boca a<br />
respeito do massacre <strong>de</strong> centenas <strong>de</strong><br />
milhares <strong>de</strong> sudaneses em Darfur, nas<br />
mãos dos fundamentalistas árabes.<br />
Diz <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r os direitos dos árabes,<br />
mas é absolutamente indiferente ao<br />
sofrimento <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> muçulmanos<br />
sob os regimes <strong>de</strong> opressão e<br />
terror dos países árabes. O indizível<br />
sofrimento <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> africanos<br />
está visivelmente ausente <strong>de</strong> nossos<br />
meios progressistas. É lógico, já que<br />
os jornalistas simplesmente não estão<br />
na África. Há em Jerusalém 800<br />
(sim, oitocentos) correspon<strong>de</strong>ntes<br />
estrangeiros. Várias vezes mais que<br />
em toda África. Aparentemente, para<br />
os jornalistas “comprometidos” é<br />
mais fácil viver nos hotéis 5 estrelas<br />
<strong>de</strong> Jerusalém, usufruindo da liberda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> imprensa existente em Israel<br />
que <strong>de</strong>safiar a malária e as ditaduras<br />
africanas. É que não faz falta. Po<strong>de</strong>m<br />
dar ré<strong>de</strong>a solta ao seu progressismo<br />
e à sua solidarieda<strong>de</strong> aos oprimidos<br />
comendo Baklawas no American<br />
Colony Hotel em Jerusalém. Ao<br />
fim e ao cabo o sofrimento palestino<br />
é a con<strong>de</strong>nsação emblemática <strong>de</strong><br />
toda a opressão do mundo...<br />
A con<strong>de</strong>nação ao Le Mon<strong>de</strong> mostra<br />
este fenômeno em toda sua crueza.<br />
Roger Cukierman, presi<strong>de</strong>nte do<br />
organismo representativo da comunida<strong>de</strong><br />
judaica francesa, <strong>de</strong>clara sua<br />
bronca, mas também sua surpresa.<br />
“Esta gente – a esquerda, os meios<br />
progressistas – eram nossos aliados<br />
no combate à intolerância; agora<br />
são os que a fomentam”. Quando o<br />
martelo do juiz marcou a con<strong>de</strong>nação,<br />
os editores do Le Mon<strong>de</strong> se encontraram<br />
no mesmo panteão do<br />
ódio que grupos neonazistas e Le<br />
Pen – que fora con<strong>de</strong>nado por incitação<br />
ao ódio racial por uma <strong>de</strong>nuncia<br />
feita pelo... Le Mon<strong>de</strong>!!!<br />
A nova legitimida<strong>de</strong> do discurso<br />
anti-semita se vê em toda parte.<br />
Numa caricatura do diário inglês The<br />
Guardian um Sharon pantagruélico<br />
com uma gran<strong>de</strong> estrela <strong>de</strong> David<br />
<strong>de</strong>vora um menino palestino. Há <strong>de</strong>z<br />
anos, se essa caricatura fosse publicada<br />
num pasquim neonazista, The<br />
Guardian – porta-voz do “progressismo”<br />
na Inglaterra – teria convocado<br />
uma manifestação <strong>de</strong> repúdio. Não<br />
só a caricatura foi publicada pelo<br />
diário “progressista”, mas a associação<br />
<strong>de</strong> jornalistas gráficos ingleses<br />
a premiou como a melhor caricatura<br />
do ano.<br />
Numa adaptação bizarra e venenosa,<br />
os antigos preconceitos se<br />
juntam á nova ju<strong>de</strong>ufobia. Um diário<br />
italiano <strong>de</strong> esquerda publica uma<br />
charge que tenta mostrar a cida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Belém. Lá, um soldado israelense<br />
aponta seu fuzil para uma criança<br />
palestina, que, na ocasião esta caracterizada<br />
como Jesus. “Vão me<br />
matar <strong>de</strong> novo?” diz o menino. O<br />
velho mito do ju<strong>de</strong>u <strong>de</strong>icida se mescla<br />
com o novo mito, igualmente<br />
falso e igualmente nocivo do ju<strong>de</strong>u<br />
militarista e cruel. Antes os ju<strong>de</strong>us<br />
matavam meninos cristãos, agora<br />
matam meninos palestinos. A associação<br />
é grosseira e óbvia, mas os<br />
meios progressistas fingem não vêla.<br />
O conceito <strong>de</strong> “novo anti-semitismo”<br />
é, na realida<strong>de</strong>, fonte <strong>de</strong> confusão.<br />
Não há novo anti-semitismo,<br />
na era do reciclado, os velhos preconceitos<br />
adquirem uma nova cara e<br />
uma nova legitimida<strong>de</strong>.<br />
A autocrítica e o inconformismo<br />
com as próprias idéias, que <strong>de</strong>via ser<br />
um componente básico <strong>de</strong> toda pessoa<br />
que se consi<strong>de</strong>re “<strong>de</strong> esquerda”,<br />
dão margem a um dogmatismo aberrante<br />
e obtuso. O pensamento crítico<br />
se aplica só a Israel e ao “oci<strong>de</strong>nte”.<br />
Nunca aos verda<strong>de</strong>iros tiranos.<br />
A Sharon o <strong>de</strong>monizam, a Saddam o<br />
absolvem. O espírito crítico <strong>de</strong>ixa<br />
passar um pensamento único cheio<br />
<strong>de</strong> falsas verda<strong>de</strong>s, aceitas com um<br />
automatismo <strong>de</strong>scerebrado.<br />
O sofrimento obriga... a outros<br />
Mas além <strong>de</strong> mostrar em toda sua<br />
amplitu<strong>de</strong> o “novo/velho anti-semitismo”,<br />
a con<strong>de</strong>nação ao Le Mon<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>smascara um dos argumentos mais<br />
usados pela “ju<strong>de</strong>ufobia da moda”.<br />
“Os ju<strong>de</strong>us, - escreve Le Mon<strong>de</strong> –<br />
<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> um ‘apartheid’ chamado<br />
“ghetto”, ghettoizam os palestinos.<br />
Os ju<strong>de</strong>us, que foram humilhados<br />
e perseguidos, humilham e<br />
perseguem os palestinos; os ju<strong>de</strong>us,<br />
vítimas <strong>de</strong> um regime sem pieda<strong>de</strong>,<br />
impõem um regime sem pieda<strong>de</strong> aos<br />
palestinos; os ju<strong>de</strong>us, antigos bo<strong>de</strong>s<br />
expiatórios <strong>de</strong> todo mal, convertem<br />
Arafat e a Autorida<strong>de</strong> Palestina<br />
em bo<strong>de</strong>s expiatórios”.<br />
O argumento que os ju<strong>de</strong>us fazem<br />
aos palestinos, o que se lhes fez<br />
durante a Shoá, é talvez o mais malicioso<br />
dos ataques que se po<strong>de</strong> fazer<br />
a Israel. Naturalmente, a comparação<br />
entre as duas situações históricas<br />
não resiste à menor análise. Por<br />
mais que sofram os palestinos, não<br />
se aproxima nem a uma ínfima fração<br />
do que foi a Shoá. Mas não vamos<br />
fazer o jogo dos ju<strong>de</strong>ófobos <strong>de</strong><br />
comparar ponto a ponto a Shoá com<br />
a situação dos palestinos. O sr. Colombani<br />
– o editor do Le Mon<strong>de</strong> –<br />
sabe muito bem que ambas situações<br />
não são comparáveis. Também o sabe<br />
Saramago, que reconheceu publicamente:<br />
“eu sei que não é o mesmo<br />
— disse cinicamente —, mas o digo<br />
para <strong>de</strong>spertar as consciências das<br />
pessoas”. As centenas <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong><br />
sobreviventes dos campos <strong>de</strong> concentração<br />
têm que escutar que os europeus<br />
– recor<strong>de</strong>mos, aqueles que os<br />
vitimaram – os acusam <strong>de</strong> nazistas.<br />
Assim, às vítimas da Shoá se dá<br />
um último e estranho insulto: o <strong>de</strong><br />
compará-las com seus verdugos. Hannah<br />
Rogen, uma mulher <strong>de</strong> 92 anos,<br />
sobrevivente <strong>de</strong> Auschwitz celebrava<br />
Pêssach com sua família no hotel<br />
Park <strong>de</strong> Natania. Um terrorista palestino<br />
se fez explodir no salão on<strong>de</strong><br />
se celebrava o se<strong>de</strong>r matando 29<br />
pessoas, incluindo a sobrevivente e<br />
sua família. O ódio antiju<strong>de</strong>u, do qual<br />
escapou na Shoá, a alcançou 60 anos<br />
<strong>de</strong>pois quando acreditava que viveria<br />
seus últimos anos em paz e quietu<strong>de</strong>.<br />
Enquanto Hannah era enterrada,<br />
Saramago chamava os israelenses<br />
<strong>de</strong> nazistas. Colombani, Saramago<br />
e os outros profetas do “ódio<br />
inteligente” são <strong>de</strong>masiado sofisticados<br />
para negar a Shoá ou dizer que<br />
“não foi tanto”. Em vez disso, optam<br />
por uma contorsão intelectual que<br />
banaliza a Shoá e o sofrimento do
povo ju<strong>de</strong>u. “Se os próprios ju<strong>de</strong>us<br />
se comportam como nazistas – é a<br />
conclusão lógica e implícita <strong>de</strong> seu<br />
raciocínio – então, o que os nazistas<br />
fizeram não é tão grave”. Mediante<br />
um sofisticado mecanismo i<strong>de</strong>ológico,<br />
usam o mesmo sofrimento<br />
das vítimas para infligir-lhes novas<br />
perseguições e novos vexames.<br />
A Europa – disse A.B. Yoshua –<br />
precisa exorcizar seu passado. O ataque<br />
a Israel serve à Europa para limpar<br />
sua consciência hedionda a respeito<br />
<strong>de</strong> três elementos capitais: 1 -<br />
A Shoá, que foi cometida pela Europa<br />
e não só pela Alemanha. Comparar<br />
os ju<strong>de</strong>us com os nazistas, livra<br />
os europeus da culpa – se os ju<strong>de</strong>us<br />
são como os nazistas, então não éramos<br />
tão maus em matá-los... De toda<br />
forma eles fazem o mesmo. 2 – O colonialismo.<br />
A Europa, que inventou<br />
o colonialismo e que engordou com<br />
base em seus impérios coloniais, criando<br />
assim no mundo a pobreza e a<br />
<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> que perduram até o dia<br />
<strong>de</strong> hoje, se mostra solidária com os<br />
palestinos em nome da “luta contra<br />
o Imperialismo”. Assim, oculta convenientemente<br />
que os impérios foram<br />
europeus. A horrível situação da<br />
África – conseqüência do mau gerenciamento<br />
colonial europeu – se<br />
varre para baixo do tapete. Os ju<strong>de</strong>us<br />
não são “colonos” em sua terra.<br />
Existe uma gran<strong>de</strong> diferença entre<br />
um conflito territorial e uma situação<br />
colonial. Mas enquanto acusa<br />
Israel, a França envia suas tropas<br />
para “impor a or<strong>de</strong>m” na Costa do<br />
Marfim. 3 – O tratamento dos árabes<br />
na Europa. Poucas populações são<br />
tão discriminadas como os árabes na<br />
Europa, em especial na França. No<br />
país da egalité os árabes são 10%<br />
da população. Mas não há nenhum<br />
<strong>de</strong>putado, senador, juiz, ministro ou<br />
secretário <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong> origem árabe.<br />
Nesse contexto, a solidarieda<strong>de</strong><br />
com os palestinos libera a Europa da<br />
culpa: “Sejamos solidários com os<br />
árabes que estão longe. Isso oculta<br />
como tratamos os que estão perto”.<br />
Mas o argumento tem um respaldo<br />
ainda mais maligno. Vosso sofrimento<br />
– diz Colombani aos ju<strong>de</strong>us<br />
– obriga-os a ter normas morais mais<br />
elevadas que outros povos. Este argumento<br />
é ainda mais perverso, pois<br />
Colombani pertence a um país que<br />
perpetrou a Shoá. Os 70.000 ju<strong>de</strong>us<br />
franceses assassinados pelos nazistas<br />
foram <strong>de</strong>portados por policiais<br />
franceses. O governo <strong>de</strong> Vichy, um<br />
ativo colaborador dos alemães e a<br />
população francesa, apesar <strong>de</strong> algumas<br />
mostras <strong>de</strong> valentia antinazista,<br />
<strong>de</strong>nunciava 2.000 ju<strong>de</strong>us por<br />
dia às autorida<strong>de</strong>s, que não tarda-<br />
vam em <strong>de</strong>portá-los.<br />
Numa maligna alquimia intelectual,<br />
Colombani, que pertence ao<br />
povo que ajudou a assassinar, se<br />
crê no direito <strong>de</strong> dar lições <strong>de</strong> moral<br />
às vítimas.<br />
Dado que nos assassinaram, vocês<br />
– mas nunca nós – estarão submetidos<br />
a normas morais mais estritas.<br />
O sofrimento que lhes infligimos,<br />
obriga vocês, mas não a nós. O sofrimento<br />
dos ju<strong>de</strong>us não gera solidarieda<strong>de</strong>,<br />
gera novas exigências.<br />
Não, sr. Colombani. O sofrimento<br />
que infligiram aos ju<strong>de</strong>us durante a<br />
Shoá, obriga-os a padrões morais mais<br />
elevados, não a nós. São vocês – os<br />
que vitimaram – e não nós – as vítimas<br />
– que agora <strong>de</strong>vem manter<br />
uma conduta exemplar para ressarcir-se.<br />
São os assassinos, e não os<br />
assassinados que <strong>de</strong>vem perscrutar<br />
suas almas e mostrar contrição e arrependimento.<br />
São vocês que <strong>de</strong>vem<br />
dar o exemplo, em lugar <strong>de</strong> dar supostas<br />
lições repletas <strong>de</strong> ódio e hipocrisia.<br />
Vossa obrigação é mostrar<br />
solidarieda<strong>de</strong> com as vítimas <strong>de</strong> vossa<br />
loucura assassina, não com seus<br />
novos inimigos que querem continuar<br />
vossa obra.<br />
Nós, ju<strong>de</strong>us, não necessitamos da<br />
Shoá para <strong>de</strong>senvolver padrões e valores<br />
morais <strong>de</strong> fraternida<strong>de</strong> entre os<br />
povos. Estes ocupam um lugar central<br />
em nossas fontes milenares. Nossa<br />
história é um lugar para a prática<br />
<strong>de</strong> tais valores. Não precisamos que<br />
Colombani nos recor<strong>de</strong> nossas obrigações<br />
morais: A Bíblia Hebraica e<br />
as orações que os ju<strong>de</strong>us repetem<br />
diariamente o fazem <strong>de</strong> maneira muito<br />
mais eficaz. Nós, ju<strong>de</strong>us, cremos<br />
na igualda<strong>de</strong> e na fraternida<strong>de</strong> entre<br />
os homens <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os tempos imemoriais.<br />
Moisés, e não Hitler, nos legou<br />
a maravilhosa frase “Ama a teu próximo<br />
como a ti mesmo”. As leis sociais<br />
e os direitos humanos gravados<br />
a fogo na Bíblia e no Talmud <strong>de</strong>rivam<br />
da concepção da dignida<strong>de</strong> e<br />
a divinda<strong>de</strong> inerente a todo ser humano,<br />
criado “betzelem Elokim”, à<br />
imagem <strong>de</strong> D-us. A solidarieda<strong>de</strong> com<br />
quem sofre nos foi ditada no Sinai,<br />
pois “escravos fomos na terra do<br />
Egito”. Foi precisamente por esses<br />
valores – que representavam todo o<br />
oposto à barbárie nazista – que Hitler<br />
nos quis exterminar.<br />
Não. A Shoá não nos ensina normas<br />
morais que não conhecíamos. A<br />
Shoá nos ensina uma só coisa: que<br />
em momentos <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> e tragédia,<br />
estamos sós, e – exceto uns<br />
poucos bravos que se atiram para<br />
salvar a honra da humanida<strong>de</strong> golpeada<br />
– o mundo nos <strong>de</strong>ixa morrer.<br />
Por isso <strong>de</strong>vemos cuidar-nos a nós<br />
mesmos; que não po<strong>de</strong>mos contar<br />
com a generosida<strong>de</strong> dos povos. Por<br />
isso <strong>de</strong>vemos <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r-nos, pois<br />
ninguém o fará por nós. Essa é<br />
para nós a lição da Shoá. E a ju<strong>de</strong>ufobia<br />
do Le Mon<strong>de</strong>, sua banalização<br />
da Shoá, e a <strong>de</strong>generação<br />
intelectual do anti-semitismo da<br />
moda nos recordam o quão relevante<br />
é esta lição.<br />
VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />
* Andrés Spokoiny<br />
é autor <strong>de</strong> “A<br />
Rebelião dos<br />
Canários”. Publicado<br />
no site israelense em<br />
espanhol,<br />
www.porisrael.org<br />
À <strong>Comunida<strong>de</strong></strong> <strong>Israelita</strong> <strong>de</strong> <strong>Curitiba</strong><br />
Ao aproximar-se o novo Ano Judaico <strong>de</strong> 5.766, data magna da<br />
comunida<strong>de</strong> israelita, tenho a honra <strong>de</strong> dirigir-me a todos os seus<br />
integrantes para <strong>de</strong>sejar-lhes os mais efusivos e fraternos<br />
cumprimentos pelo transcurso <strong>de</strong>sse evento.<br />
É com júbilo que externo minhas saudações aos membros da<br />
<strong>Comunida<strong>de</strong></strong> <strong>Israelita</strong> <strong>de</strong> <strong>Curitiba</strong>. Ao ensejo do SHANÁ TOVÁ, gostaria<br />
também <strong>de</strong> parabenizar essa coletivida<strong>de</strong> que muito contribui – e com<br />
certeza continuará contribuindo para o <strong>de</strong>senvolvimento e a qualida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> vida <strong>de</strong> <strong>Curitiba</strong>.<br />
Que as alegrias <strong>de</strong>sta bela festivida<strong>de</strong>, através das<br />
orações e da meditação, resultem num ano <strong>de</strong> muita<br />
paz, felicida<strong>de</strong>s e realizações.<br />
Um bom Ano Novo<br />
Beto Richa<br />
Prefeito <strong>de</strong> <strong>Curitiba</strong><br />
7
8<br />
Foto: SMCS<br />
VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />
Sucata e boa vonta<strong>de</strong> viabilizam curso <strong>de</strong> informática<br />
Um projeto <strong>de</strong>senvolvido a partir<br />
<strong>de</strong> material reciclável recolhido pelo<br />
serviço <strong>de</strong> coleta seletiva está permitindo<br />
que funcionários da Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Valorização <strong>de</strong> Rejeitos tenham<br />
acesso à informática. É o lixo oferecendo<br />
a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um futuro<br />
melhor e <strong>de</strong> exercício da cidadania.<br />
O Projeto @ surgiu com Alisson<br />
José Santos, <strong>de</strong> 21 anos, que trabalha<br />
há aproximadamente um ano<br />
como auxiliar administrativo da usina<br />
mantida pelo Instituto Pró Cidadania<br />
<strong>de</strong> <strong>Curitiba</strong> (IPCC). Com 2º grau completo<br />
e curso técnico <strong>de</strong> informática e<br />
manutenção <strong>de</strong> computadores, ele<br />
Sucata e boa vonta<strong>de</strong> viabilizam curso <strong>de</strong> informática. Placas, monitores,<br />
teclados e acessórios recolhidos no lixo viram computadores utilizados em<br />
aulas <strong>de</strong> informática para funcionários da Usina <strong>de</strong> Campo Magro.<br />
observou o volume <strong>de</strong> sucata em equipamentos<br />
— placas, monitores, teclados<br />
e <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> acessórios — e o<br />
<strong>de</strong>sejo dos funcionários em conhecer<br />
a nova tecnologia.<br />
“Com o apoio da direção do<br />
IPCC conseguimos montar em dois<br />
meses seis computadores e colocálos<br />
em funcionamento, iniciando as<br />
aulas. A procura foi tanta que já temos<br />
lista <strong>de</strong> espera”, afirma Alisson.<br />
O Projeto @ foi implantado no<br />
início <strong>de</strong> agosto na Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Valorização<br />
<strong>de</strong> Rejeitos mantida pelo<br />
Instituto Pró-Cidadania e <strong>Curitiba</strong><br />
(IPCC) em Campo Magro, e já está<br />
beneficiando 30 funcionários com<br />
ida<strong>de</strong>s 20 e 45 anos, que estão <strong>de</strong>scobrindo<br />
o computador e as suas<br />
possibilida<strong>de</strong>s. As aulas, <strong>de</strong> 30 minutos,<br />
acontecem no horário do almoço<br />
dos funcionários, com três instrutores<br />
voluntários se revezando<br />
para ensinar os mistérios do Windows<br />
e Office 97.<br />
Reciclagem — Em média, a<br />
cada quinze lotes <strong>de</strong> material recolhido<br />
pela coleta seletiva, é pos-<br />
sível reunir os itens necessários<br />
para que uma pessoa possa apren<strong>de</strong>r<br />
os fundamentos e o manuseio<br />
do computador. O curso possui<br />
uma apostila, também reciclada,<br />
que auxilia na pedagogia. “Estamos<br />
todos envolvidos. Os alunos<br />
são esforçados e estão interessados<br />
em avançar no aprendizado.<br />
Não há faltas, não há evasão. É interesse<br />
puro”, <strong>de</strong>staca o instrutor.<br />
Alisson enfatiza que muitos dos<br />
que agora começam a dar os primeiros<br />
passos na informática são<br />
pessoas <strong>de</strong> baixa escolarida<strong>de</strong>, alguns<br />
com uma alfabetização tradicional<br />
precária. “Estamos no início<br />
do Projeto @ e a idéia é, num segundo<br />
momento, ensinar noções<br />
para a manutenção dos equipamentos”,<br />
completa.<br />
Em re<strong>de</strong> — Eliel Vieira <strong>de</strong> Jesus,<br />
23 anos, mora em Campo Magro e<br />
trabalha na usina há dois anos. Ele<br />
está entusiasmado com a possibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r computação, algo<br />
que antes consi<strong>de</strong>rava “um bicho <strong>de</strong><br />
sete cabeças”. Agora, com apenas três<br />
aulas, ele e seus colegas, já conseguem<br />
realizar, com sucesso, algumas<br />
tarefas básicas como digitar o próprio<br />
nome no programa Word e dominar o<br />
‘mouse’ com maior facilida<strong>de</strong>.<br />
Sem acesso a qualquer tecnologia,<br />
Eliel e seus companheiros nunca<br />
navegaram na internet, não conhecem<br />
as facilida<strong>de</strong>s da comunicação<br />
instantânea e nunca trocaram<br />
um e-mail. Junto com os <strong>de</strong>mais funcionários<br />
da unida<strong>de</strong>, eles continuam<br />
a fazer a triagem dos resíduos<br />
que são comercializados em lotes<br />
separados por composição, como<br />
vidro, plástico e metal, por exemplo.<br />
Toda a renda da usina é revertida<br />
para a manutenção dos programas<br />
sociais <strong>de</strong>senvolvidos pelo Instituto<br />
Pró-Cidadania <strong>de</strong> <strong>Curitiba</strong>, em<br />
parceira com a Fundação <strong>de</strong> Ação<br />
Social (FAS).<br />
Além <strong>de</strong> abrir novas turmas, o<br />
i<strong>de</strong>alizador do Projeto @ <strong>de</strong>seja também<br />
apresentar a seus alunos as infinitas<br />
possibilida<strong>de</strong>s da Internet,<br />
“um mundo completamente novo e<br />
inexplorado para eles”.
o Oriente Médio e ao norte<br />
da África, com maioria<br />
muçulmana, os países<br />
vivem sob regimes autoritários.<br />
Não há tradição <strong>de</strong> eleições<br />
<strong>de</strong>mocráticas. Mubarak, herói da força<br />
aérea egípcia, assumiu o po<strong>de</strong>r<br />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> Sadat, o presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> então,<br />
ser assassinado. Sadat foi o lí<strong>de</strong>r<br />
que firmou paz com Israel, metralhado<br />
por fanáticos islâmicos,<br />
enquanto assistia ao fim <strong>de</strong> guerra.<br />
Era <strong>de</strong>z anos mais jovem.<br />
Havia o rumor <strong>de</strong> que passaria o<br />
po<strong>de</strong>r para seu filho, como fizera<br />
antes o presi<strong>de</strong>nte Assad, da Síria.<br />
Nunca se explicou porque não o fez.<br />
Assumiu o compromisso (“compromisso<br />
não é promessa”, disse ao<br />
povo) <strong>de</strong> implantar a <strong>de</strong>mocracia, <strong>de</strong><br />
realizar eleições livres para a presidência<br />
e promover reformas mo<strong>de</strong>rnizantes<br />
na economia e na socieda<strong>de</strong>.<br />
Contra ele competiram <strong>de</strong>z candidatos<br />
que tiveram relativo acesso<br />
çl<br />
VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />
Mubarak, vencedor <strong>de</strong>cidido<br />
Nahum Sirotsky*<br />
a todos os meios <strong>de</strong> propaganda, mas<br />
em momento algum se imaginou que<br />
pu<strong>de</strong>sse ser <strong>de</strong>rrotado.<br />
O Egito tem cerca <strong>de</strong> um milhão<br />
<strong>de</strong> quilômetros quadrados <strong>de</strong> extensão<br />
e 78 milhões <strong>de</strong> habitantes. Existe<br />
há mais <strong>de</strong> 3 mil anos antes <strong>de</strong><br />
Cristo, uma das gran<strong>de</strong>s fontes da<br />
civilização <strong>de</strong> nossos dias. Ficou sob<br />
influencia árabe do séc. VII ao séc.<br />
XIII. Nesse período, sua população<br />
foi convertida ao Islamismo. É o mais<br />
populoso país do chamado mundo<br />
árabe. Foi domínio turco-otomano<br />
e, posteriormente, inglês, mas jamais<br />
ignorou suas raízes históricas. É o<br />
país lí<strong>de</strong>r do mundo árabe e se<strong>de</strong> da<br />
Liga Árabe. O Irã, persa, outro sobrevivente<br />
da história antiga, sempre<br />
disputa esta primazia. Mubarak,<br />
porém, é a personalida<strong>de</strong> dominante.<br />
A influência que se opõem ao<br />
domínio egípcio por grupos muçulmanos<br />
é a lei <strong>de</strong> Maomé. As eleições<br />
po<strong>de</strong>riam ser a oportunida<strong>de</strong> i<strong>de</strong>al<br />
para que chegassem ao po<strong>de</strong>r pelo<br />
voto. Não vejo o oci<strong>de</strong>nte muito<br />
interessado em apoiar as <strong>de</strong>núncias<br />
contra os truques <strong>de</strong> Mubarak para<br />
não ser <strong>de</strong>rrotado. Aliás, o Egito é o<br />
segundo país mais beneficiado por<br />
programas <strong>de</strong> ajuda militar e financeira<br />
dos Estados Unidos. A continuida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>le no po<strong>de</strong>r satisfaz aos<br />
interesses americanos.<br />
A ascensão dos segmentos fundamentalistas<br />
islâmicos ao po<strong>de</strong>r por<br />
meios <strong>de</strong>mocráticos eleitorais é uma<br />
das conseqüências mais prováveis <strong>de</strong><br />
pressões oci<strong>de</strong>ntais, principalmente<br />
americanas, para que os paises árabes<br />
reformem seus sistemas políticos<br />
autocráticos. No Iraque, por<br />
exemplo, se permanecer unificado,<br />
tal risco é evi<strong>de</strong>nte.<br />
Ele existe por todos os países regionais.<br />
A dúvida em relação à proclamação<br />
<strong>de</strong> um estado palestino<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte é se será ou não dominado<br />
pelos elementos islamitas e<br />
será um país inimigo <strong>de</strong> Israel na sua<br />
fronteira. Na Jordânia as reformas<br />
acontecem em etapas cautelosas.<br />
A área agricultável é relativamente<br />
insignificante. O país ainda <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />
das águas do rio Nilo, é paupérrimo,<br />
e sofre <strong>de</strong> persistente <strong>de</strong>semprego.<br />
A fé no Islã é a esperança<br />
que sustenta as maiorias. O <strong>de</strong>senvolvimento<br />
econômico não se realiza<br />
<strong>de</strong> um dia para outro. Depen<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> uma vastidão <strong>de</strong> fatores inclusive,<br />
<strong>de</strong>stacadamente, a integrida<strong>de</strong> da<br />
classe política e compreensão do<br />
empresariado para o fato <strong>de</strong> que,<br />
quanto maior o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> consumo,<br />
maior a lucrativida<strong>de</strong> do capital.<br />
Entre o povo, talvez estimulado pelas<br />
li<strong>de</strong>ranças religiosas, forte inclinação<br />
<strong>de</strong> culpar o outro, o Oci<strong>de</strong>nte,<br />
pela pobreza reinante e pelo nepotismo<br />
do po<strong>de</strong>r dominante. É<br />
esta combinação que torna improvável<br />
<strong>de</strong>mocracias substituin-<br />
do as ditaduras atuais. Até Bush<br />
começou a enten<strong>de</strong>r que o sistema<br />
i<strong>de</strong>al para os americanos<br />
não é exportável. A <strong>de</strong>mocracia<br />
<strong>de</strong> Mubarak será aquela que jamais<br />
possibilite o cumprimento das liberda<strong>de</strong>s<br />
fundamentais.<br />
9<br />
* Nahum Sirotsky é<br />
jornalista,<br />
correspon<strong>de</strong>nte da RBS e<br />
do Último Segundo/IG em<br />
Israel. A publicação <strong>de</strong>sta<br />
coluna tem a autorização<br />
do autor.
10<br />
VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />
Pilar Rahola falou sobre conjuntura<br />
para alunos da Universida<strong>de</strong> Tuiuti<br />
jornalista e escritora espanhola<br />
Pilar Rahola, em palestra na Universida<strong>de</strong><br />
Tuiuti, em <strong>Curitiba</strong>, em<br />
agosto, abordou a questão do terrorismo<br />
e a conjuntura atual no mundo.<br />
Ela também respon<strong>de</strong>u a diversas<br />
questões formuladas pelos acadêmicos.<br />
Para ela, mesmo após os atentados nos<br />
Estados Unidos, na Espanha e na Inglaterra,<br />
o mundo não sabe as verda<strong>de</strong>iras<br />
razões do terrorismo. O Oci<strong>de</strong>nte<br />
relaciona automaticamente os ata-<br />
A palestra <strong>de</strong> Rahola <strong>de</strong>spertou muito interesse entre os universitários<br />
Foto: Everson Bressan-Secs<br />
embaixadora <strong>de</strong> Israel no Brasil,<br />
Tzipora Rimon, esteve em <strong>Curitiba</strong><br />
<strong>de</strong> 19 a 21 <strong>de</strong> agosto, realizando<br />
uma série <strong>de</strong> visitas oficiais e mantendo<br />
contatos com a comunida<strong>de</strong> israelita<br />
do Paraná. Ao governador Roberto<br />
Requião, com quem se encontrou no<br />
dia 19/8, <strong>de</strong>clarou que Israel tem gran<strong>de</strong><br />
interesse em ampliar as relações comerciais<br />
e culturais com o Paraná e renovou<br />
o convite para que ele visite Israel,<br />
para que este objetivo seja alcançado<br />
o quanto antes. “O Paraná é um estado<br />
importante e acredito que, com a<br />
visita do governador, Israel po<strong>de</strong>rá aumentar<br />
seus<br />
investimentos,<br />
principalmente<br />
em pesquisas<br />
no setor agrícola”,<br />
disse a<br />
embaixadora à<br />
imprensa, momentos<br />
antes<br />
<strong>de</strong> ser recebida<br />
em audiên-<br />
Governador Roberto Requião com a Embaixadora<br />
<strong>de</strong> Israel Tzipora Rimon. ““<br />
cia no Palácio<br />
Iguaçu.<br />
ques terroristas à invasão do Iraque e<br />
do Afeganistão ou à interferência norte-americana<br />
nos países em <strong>de</strong>senvolvimento,<br />
sem perceber que comete um<br />
erro. Muito antes dos atentados a Nova<br />
Iorque, em 11 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2001,<br />
esses conflitos já existiam, observou<br />
ela, durante a palestra na Universida<strong>de</strong>.<br />
Na avaliação <strong>de</strong>la, os grupos integristas<br />
islâmicos, que eram vistos como<br />
aliados dos Estados Unidos na disputa<br />
contra a União Soviética durante a<br />
Guerra Fria (1945–1989), espalharam<br />
sua i<strong>de</strong>ologia na pretensão do retorno<br />
à época dourada do Islã, a Ida<strong>de</strong> Média.<br />
“Na Guerra Fria, dormimos muitas<br />
vezes com o inimigo. Hoje temos que<br />
enfrentar os problemas provocados<br />
pelo crescimento <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ologia totalitária”,<br />
<strong>de</strong>stacou.<br />
Outro ponto <strong>de</strong>stacado pela jornalista<br />
é que o terror não tem base na fome<br />
ou na miséria, mas se fundamenta em<br />
razões i<strong>de</strong>ológicas: “São necessários 10<br />
ou 15 anos para se fabricar um suicida.<br />
A invasão do Iraque foi há dois anos”,<br />
compara. Para ela, o po<strong>de</strong>r econômico<br />
que os grupos islâmicos radicais ganha-<br />
Requião <strong>de</strong>clarou à embaixadora<br />
que “o Paraná é um campo fértil para<br />
novos investimentos e lembrou que,<br />
durante seu primeiro governo, enviou<br />
técnicos da Secretaria da Agricultura<br />
a Israel, para apren<strong>de</strong>rem sobre micro<br />
irrigação. Portanto, as nossas relações<br />
com aquele país são antigas e<br />
motivaram o início <strong>de</strong> nosso trabalho<br />
com micro irrigação”.<br />
O diretor geral da Secretaria <strong>de</strong> Estado<br />
da Agricultura e do Abastecimento,<br />
Newton Pohl Ribas, e o <strong>de</strong>putado<br />
Max Rosemann, presentes ao encontro,<br />
<strong>de</strong>stacaram o importante papel <strong>de</strong><br />
Israel na promoção <strong>de</strong> cursos, treinamentos<br />
e capacitação <strong>de</strong> técnicos paranaenses<br />
em cooperativismo voltado<br />
para o pequeno produtor agrícola.<br />
E é no campo que se encontram os<br />
principais produtos importados por Israel<br />
do Paraná. Israel compra soja, sucos<br />
<strong>de</strong> laranja, café solúvel, caixas <strong>de</strong><br />
ma<strong>de</strong>ira, ma<strong>de</strong>ira serrada, língua bovina,<br />
resíduo <strong>de</strong> soja e acessórios para<br />
aparelhos <strong>de</strong> telefonia. A receita gerada<br />
por essas compras ultrapassa a<br />
US$ 8,1 milhões. Já o Brasil exportou<br />
ram com a exploração <strong>de</strong> jazidas <strong>de</strong> petróleo,<br />
transformam o produto numa<br />
arma <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição em massa.<br />
Pilar criticou a postura <strong>de</strong> países<br />
como o Brasil, que supostamente assistem<br />
aos conflitos como se nada pu<strong>de</strong>ssem<br />
fazer contra eles. Segundo ela,<br />
a tecnologia que permite a transmissão<br />
<strong>de</strong> notícias ao vivo sobre atentados<br />
terroristas coloca o mundo em contato<br />
direto com a Ida<strong>de</strong> Média (ou com<br />
o que os grupos islâmicos resgataram<br />
<strong>de</strong>ssa época). Convencida <strong>de</strong> que a<br />
cultura do ódio atravessou 1,5 mil<br />
anos, ela acredita que uma reação global<br />
po<strong>de</strong> <strong>de</strong>rrotar a intolerância.<br />
Falando sobre a retirada <strong>de</strong> Gaza<br />
por parte <strong>de</strong> Israel, ela observou que<br />
isso significa que a socieda<strong>de</strong> palestina<br />
não segue um critério <strong>de</strong>mocrático.<br />
O número <strong>de</strong> pessoas que retiradas<br />
<strong>de</strong> lá é muito pequeno. Um<br />
Estado <strong>de</strong>mocrático palestino po<strong>de</strong>ria<br />
ter 8 mil ju<strong>de</strong>us em seu interior.<br />
Outro aspecto abordado por ela é que<br />
“a pressão aplicada a Israel <strong>de</strong>veria ser<br />
direcionada também a países como o Irã,<br />
em 2004 mais <strong>de</strong> US$ 230 milhões para<br />
Israel e importou US$ 501 milhões em<br />
sua maioria produtos químicos e fertilizantes,<br />
apresentando assim um déficit<br />
em sua balança comercial <strong>de</strong> cerca<br />
<strong>de</strong> US$ 271 milhões.<br />
A embaixadora Tzipora Rimon <strong>de</strong>clarou<br />
ainda que o objetivo <strong>de</strong> sua visita<br />
ao governador Requião e aos governadores<br />
<strong>de</strong> outros estados é o <strong>de</strong><br />
ampliar as relações comerciais entre<br />
Brasil e Israel. “Estamos encorajando<br />
a visita dos governadores e empresários<br />
brasileiros a Israel, para que este<br />
intercâmbio seja <strong>de</strong> fato ampliado”.<br />
A embaixadora Rimon visitou também<br />
a Fe<strong>de</strong>ração das Indústrias do<br />
Estado do Paraná para fazer este<br />
mesmo convite aos empresários do<br />
Paraná. Fez também visitas ao Tribunal<br />
<strong>de</strong> Justiça do Paraná, à Universida<strong>de</strong><br />
Fe<strong>de</strong>ral do Paraná e ao Museu<br />
Oscar Niemeyer.<br />
No sábado, dia 20/8 a Embaixadora<br />
encontrou-se com a comunida<strong>de</strong><br />
na Sinagoga Francisco Frischmann,<br />
on<strong>de</strong> participou, juntamente com a<br />
jornalista espanhola Pilar Rahola e<br />
Pilar Rahola<br />
a Síria, para acabar com o financiamento<br />
ao terrorismo. O que as organizações<br />
terroristas querem é que Israel <strong>de</strong>sapareça.<br />
O Hamas fala <strong>de</strong> uma república<br />
islâmica, não <strong>de</strong> um Estado palestino”.<br />
Pilar Rahola foi vice-prefeita <strong>de</strong><br />
Barcelona, <strong>de</strong>putada no Parlamento Europeu<br />
e <strong>de</strong>putada no Parlamento espanhol<br />
pelo partido Izquierda Republicana<br />
Catalana. É uma das mais prestigiadas<br />
jornalistas da TV e imprensa espanholas.<br />
Atualmente, é articulista dos<br />
jornais espanhóis El País, El Periódico e<br />
Avui (catalão) e apresenta um programa<br />
<strong>de</strong> entrevistas na televisão espanhola.<br />
Participa constantemente <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates<br />
públicos e congressos internacionais<br />
sobre a relação do Oci<strong>de</strong>nte com o<br />
Mundo Islâmico. Cobriu conflitos como<br />
a guerra entre Etiópia e Eritréia, a guerra<br />
dos balcãs, a queda do muro <strong>de</strong> Berlim,<br />
o ataque ao Parlamento Russo e o<br />
processo <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência dos países<br />
bálticos. É doutora em Filologia Hispânica<br />
e Catalã pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Barcelona.<br />
Tem vários livros publicados em<br />
castelhano, catalão e português.<br />
Israel procura maior intercâmbio<br />
comercial e cultural com o Paraná<br />
com o professor argentino Manuel Tenembaum,<br />
<strong>de</strong> um Cabalat Shabat. No<br />
domingo, os três estiveram com um<br />
grupo <strong>de</strong> jovens para quem minstraram<br />
palestras em seminário.<br />
Ainda na sexta-feira, a embaixadora<br />
Tzipora Rimon <strong>de</strong>u entrevista ao<br />
jornal Gazeta do Povo abordando o<br />
tema da saída <strong>de</strong> Gaza, cuja operação <strong>de</strong><br />
retirada ocorria na ocasião. “É apenas<br />
um primeiro passo no longo caminho rumo<br />
à paz na região”, disse Rimon, à repórter<br />
Cinthia Scheffer, do jornal.<br />
A Embaixadora <strong>de</strong> Israel <strong>de</strong>clarou<br />
que embora <strong>de</strong>ixando Gaza, seu país<br />
continuará fornecendo infra-estrutura<br />
a Gaza, que não <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>ixada como<br />
ilha. Israel irá fornecer eletricida<strong>de</strong>,<br />
gás e água para a Faixa <strong>de</strong> Gaza. Indagada<br />
se a paz virá com a retirada<br />
<strong>de</strong> Gaza, Rimon observou que Israel fez<br />
um gran<strong>de</strong> avanço no processo <strong>de</strong> paz,<br />
mas os palestinos precisam agora governar<br />
e adotar todas as reformas <strong>de</strong>mocráticas<br />
e infra-estrutura porque<br />
não po<strong>de</strong>mos dar continuida<strong>de</strong> ao processo<br />
sem assegurar que não haverá<br />
ameaças terroristas.
ocê <strong>de</strong>ve lembrar-se <strong>de</strong><br />
mim. Eu era o embaixador<br />
israelense na Suécia<br />
que foi confrontado com a<br />
assim chamada “montagem <strong>de</strong> arte”,<br />
em Estocolmo, em janeiro <strong>de</strong> 2004,<br />
que glorificava os suicidas-bomba. Era<br />
uma representação do ataque suicida<br />
a bomba que assassinou 22 pessoas<br />
inocentes e mutilou dúzias mais,<br />
flutuando serenamente numa piscina<br />
<strong>de</strong> sangue, em um pequeno barco intitulado<br />
“Branca <strong>de</strong> Neve”.<br />
A “arte” me mostrou que não há<br />
limites para as mentiras lançadas contra<br />
Israel ou o ódio ao povo ju<strong>de</strong>u. Também<br />
senti que tínhamos <strong>de</strong>sistido <strong>de</strong><br />
tentar reverter o terrível <strong>de</strong>clínio <strong>de</strong><br />
nossa imagem, especialmente entre a<br />
opinião pública européia.<br />
Então, <strong>de</strong>cidi interromper a exibição,<br />
e <strong>de</strong>sliguei as luzes que a iluminavam.<br />
Talvez não tenha sido um passo<br />
muito diplomático, mas trouxe o assunto<br />
à evidência e levou a uma discussão<br />
saudável na Suécia e em outros lugares.<br />
Israel precisa <strong>de</strong> um hasbará (esclarecimento,<br />
divulgação) agressivo.<br />
Quando eu era um embaixador, ficava<br />
aturdido em <strong>de</strong>scobrir que muitas pessoas<br />
na Europa — inclusive jornalistas<br />
— estavam convencidas <strong>de</strong> que, em<br />
1948, Israel ocupou a soberania do Estado<br />
palestino num caso clássico <strong>de</strong> colonização.<br />
A geração que testemunhou<br />
o renascimento <strong>de</strong> Israel está gradualmente<br />
<strong>de</strong>saparecendo e as pessoas mais<br />
jovens não conhecem a história do conflito<br />
israelense-palestino. Assim, quando<br />
a propaganda árabe fala sobre a “ocupação”,<br />
parece ser fácil <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r por<br />
que Israel está sendo cobrado para terminar<br />
com esta situação anacrônica.<br />
Nem sempre foi <strong>de</strong>ssa forma. Até<br />
os Acordos <strong>de</strong> Oslo, <strong>de</strong> 1993, Israel<br />
mantinha uma política <strong>de</strong> informação<br />
que, embora não fosse a melhor, não<br />
abandonava completamente o campo<br />
para o outro lado.<br />
Mas imediatamente <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> Oslo,<br />
o <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> informação do Ministério<br />
das Relações Exteriores foi fechado;<br />
visto que Israel estava presumivelmente<br />
no caminho para a paz, não<br />
era necessário continuar explicando<br />
nossas políticas. Infelizmente, o outro<br />
lado teve uma idéia diferente, e redobrou<br />
sua propaganda.<br />
Foi durante a implementação <strong>de</strong> Oslo<br />
que a narrativa árabe sobre o conflito<br />
teve êxito, inundando muitos campi<br />
universitários, convocando a extrema esquerda<br />
e até mesmo capturando esquerdistas<br />
mais mo<strong>de</strong>rados, enquanto Israel<br />
estava visivelmente ausente da arena.<br />
Os resultados se fizeram sentir em 2001,<br />
na Conferência <strong>de</strong> Durban, quando o<br />
mundo ignorou o empenho <strong>de</strong> Israel e<br />
con<strong>de</strong>nou-o sem consi<strong>de</strong>rar os fatos.<br />
A diplomacia tradicional não funciona<br />
mais. Conversações secretas entre<br />
chefes <strong>de</strong> Estado e ministros das Relações<br />
Exteriores, e as ações políticas<br />
realizadas diariamente pelos embaixadores<br />
e outros diplomatas, não são páreo<br />
para a incessante torrente <strong>de</strong> imagens<br />
e informação da mídia.<br />
Ninguém po<strong>de</strong> vencer sozinho a<br />
guerra na mídia, mas alguns po<strong>de</strong>m<br />
enfraquecer as mensagens <strong>de</strong> um oponente;<br />
alguns po<strong>de</strong>m ajudar a mudar<br />
as perspectivas.<br />
Em um nível governamental, tais<br />
esforços são chamados <strong>de</strong> diplomacia<br />
pública; o mundo acadêmico pensa<br />
sobre isso como uma forma <strong>de</strong><br />
“po<strong>de</strong>r brando”.<br />
Israel <strong>de</strong>ve lançar, em gran<strong>de</strong> escala,<br />
uma campanha preventiva <strong>de</strong> diplomacia<br />
pública, para reverter a maré do<br />
anti-semitismo ignorante que está se<br />
aproximando <strong>de</strong> nós. Temos que mudar<br />
nossa atual política — se é que se<br />
po<strong>de</strong> chamá-la mesmo <strong>de</strong> política —<br />
<strong>de</strong> reações retardadas, escusas e <strong>de</strong>sculpas<br />
por uma estratégia forte que<br />
irá <strong>de</strong>safiar os árabes — levando a<br />
batalha para <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> sua própria<br />
mídia e castelos <strong>de</strong> propaganda, e<br />
colocando-os na <strong>de</strong>fensiva.<br />
Temos que encarar uma série <strong>de</strong><br />
fatores — <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o grosseiro anti-semitismo<br />
muçulmano, mentiras e distorções,<br />
passando pelo novo anti-semitismo<br />
da con<strong>de</strong>scendência européia,<br />
até a atitu<strong>de</strong> negativa da esquerda<br />
com suas convocações para<br />
boicotes e esbulhos.<br />
Temos que dizer a verda<strong>de</strong>, pública<br />
e repetidamente: os próprios árabes são<br />
os culpados por seu sub<strong>de</strong>senvolvimento,<br />
e como ignoram seus direitos civis<br />
básicos, suas populações permanecerão<br />
pobres e analfabetas, reféns do<br />
<strong>de</strong>semprego e das doenças.<br />
Esta situação, é preciso que se<br />
enfatize, reiteradamente, nada tem<br />
a ver com Israel ou com o conflito<br />
do Oriente Médio.<br />
Ao mesmo tempo, <strong>de</strong>vemos cobrar<br />
<strong>de</strong>les a con<strong>de</strong>nação do terrorismo e que<br />
parem <strong>de</strong> chamá-lo <strong>de</strong> resistência. Devemos<br />
exigir <strong>de</strong>les suas <strong>de</strong>sculpas por<br />
nos chamarem <strong>de</strong> porcos e macacos, por<br />
pisotearem nossa ban<strong>de</strong>ira, por todas<br />
as mentiras que escrevem sobre Israel<br />
e os ju<strong>de</strong>us. Precisamos analisar suas<br />
<strong>de</strong>clarações e seus textos e revelar suas<br />
falsas argumentações. Devemos recordá-los<br />
<strong>de</strong> sua participação promovendo<br />
a escravidão na África Oriental.<br />
Devemos incentivar governos, clérigos<br />
e intelectuais em países árabes<br />
a procurar suas almas, e não escondê-las<br />
atrás <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nações não<br />
VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />
Primeiro Mundo:<br />
A velha diplomacia está morta<br />
Zvi Mazel *<br />
sinceras, como alguns <strong>de</strong>les fizeram<br />
após as explosões em Londres.<br />
Na Europa e na América, precisamos<br />
exigir da mídia a renúncia da tendência<br />
<strong>de</strong> fechar os seus olhos ao terror<br />
— por exemplo, nenhum jornal oci<strong>de</strong>ntal<br />
con<strong>de</strong>nou o seqüestro e o assassinato<br />
do embaixador egípcio no Iraque<br />
— e con<strong>de</strong>nar o terrorismo <strong>de</strong><br />
modo inequívoco. Chegou a hora <strong>de</strong><br />
enten<strong>de</strong>r que o apaziguamento não irá<br />
funcionar, e que a Socieda<strong>de</strong> no Terceiro<br />
Mundo não conce<strong>de</strong> um passe livre<br />
para o assassinato.<br />
A Europa <strong>de</strong>ve ser lembrada <strong>de</strong> sua<br />
longa história <strong>de</strong> perseguições e sofrimento<br />
infligido aos ju<strong>de</strong>us — bem antes<br />
do Holocausto. Os europeus também<br />
têm algum espírito para encontrar.<br />
Chegou a hora <strong>de</strong> mudar para uma<br />
campanha. Israel encontra-se perigosamente<br />
isolado, e esse isolamento po<strong>de</strong><br />
piorar, já que não acredito que muitos<br />
<strong>de</strong> nós pensamos que o conflito esteja<br />
caminhando para a solução em breve.<br />
Além disso, o silêncio europeu diante<br />
das pretensões árabes só lhes dá<br />
mais coragem e menos incentivos ao<br />
compromisso. O ódio árabe a Israel<br />
está em crescimento a <strong>de</strong>speito do <strong>de</strong>sengajamento<br />
e a assim chamada melhoria<br />
nas relações com o Egito.<br />
Duas coisas precisam ser feitas.<br />
Primeira, os políticos israelenses <strong>de</strong>vem<br />
compreen<strong>de</strong>r que não há tempo<br />
a per<strong>de</strong>r; o governo <strong>de</strong>ve enfrentar<br />
o assunto como parte <strong>de</strong> sua estratégia<br />
para acabar com a cruel<br />
guerra terrorista que está sendo<br />
travada contra nós.<br />
Segunda, precisamos criar uma<br />
emissora <strong>de</strong> TV árabe para transmissão<br />
<strong>de</strong> notícias, comentários e<br />
programas que irão mostrar nosso<br />
caso e nossas justificativas aos lares<br />
árabes através da região.<br />
11<br />
* Zvi Mazel, autor <strong>de</strong>ste<br />
artigo, foi diplomata <strong>de</strong><br />
carreira durante 38<br />
anos, e embaixador na<br />
Romênia, no Egito e na<br />
Suécia. Ele aposentouse<br />
no ano passado.
12<br />
* Edda Bergmann é<br />
professora e vicepresi<strong>de</strong>nte<br />
Internacional da<br />
B’nai B’rith.<br />
VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />
História e política<br />
Abd el Rajman el Rashid*<br />
ão po<strong>de</strong>remos restaurar nossa<br />
imagem até que reconheçamos<br />
a vergonhosa verda<strong>de</strong>: a<br />
maioria dos atos terroristas<br />
são realizados por muçulmanos.<br />
Não se po<strong>de</strong> dizer, é claro, que todos os<br />
muçulmanos são terroristas, mas <strong>de</strong>vemos<br />
reconhecer que a maioria dos terroristas<br />
em ativida<strong>de</strong> hoje em dia, no<br />
mundo, é muçulmana.<br />
Os seqüestradores das crianças [da<br />
escola] <strong>de</strong> Beslan, na Ossétia do Norte,<br />
eram muçulmanos; o seqüestro e assassinato<br />
dos trabalhadores nepaleses (e outros)<br />
no Iraque, também são muçulmanos;<br />
os estupradores e assassinos em<br />
Darfur, no Sudão, são muçulmanos, assim<br />
como também suas vítimas; aqueles<br />
que explodiram o complexo habitacional<br />
saudita em Riad e em Jubar, e os que<br />
seqüestraram os dois jornalistas franceses<br />
no Iraque, eram muçulmanos.<br />
Edda Bergmann *<br />
embasamento histórico da<br />
ação e atuação política<br />
mundial, regional e individual<br />
torna-se uma ciência<br />
à parte, pertencente ao conjunto<br />
dos pensamentos humanos<br />
individuais e coletivos, referência<br />
dinâmica e estruturada das<br />
ciências do pensamento, da dissertação<br />
e dos valores.<br />
Nem sempre aquilo que <strong>de</strong>u certo<br />
ou errado no passado continua<br />
a sua contingência através do pensamento<br />
individual ou coletivo,<br />
através da história dos povos ou<br />
das nações, mas se nos apresentar<br />
como algo básico e individualmente<br />
engajado em premissas, valores,<br />
opiniões, dúvidas ou valores universais<br />
presentes em <strong>de</strong>terminados<br />
momentos e movimentos da historiografia<br />
antiga ou mo<strong>de</strong>rna.<br />
O movimento histórico é um e<br />
único no <strong>de</strong>correr da história, não<br />
existem dois movimentos ou duas<br />
épocas iguais, algo será sempre diferente<br />
e diferenciado, algo será<br />
sempre individualizado ou coletivamente<br />
diferente, na experiência<br />
histórica do momento presente.<br />
Viver a história ou estudá-la<br />
e conhecê-la são versões diferenciadas<br />
e diferentes da cultura e<br />
educação <strong>de</strong> um povo, <strong>de</strong> uma<br />
época, <strong>de</strong> uma etnia, ou <strong>de</strong> processos<br />
diversos do aprendizado ou<br />
participação, são facetas diferenciadas<br />
<strong>de</strong> movimentos intelectuais<br />
e diversos a diversificados e fazem<br />
com que cada indivíduo, cada<br />
povo, cada nação tenha a sua visão<br />
individual da história, vivida,<br />
estudada, aprendida ou diversificadamente<br />
sentida pelo ser humano<br />
ou por seus i<strong>de</strong>ntificadores<br />
sociais do pertencer.<br />
Pertencer a este ou aquele grupo,<br />
a esta ou aquela parte da humanida<strong>de</strong><br />
com mais ou menos presença<br />
coletiva, com maior ou menor<br />
noção <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r ou <strong>de</strong> mando,<br />
<strong>de</strong> metas superiores ou <strong>de</strong> aperfeiçoamentos<br />
individuais ou coletivos,<br />
<strong>de</strong> conhecimentos globais.<br />
Hoje é um momento preciso, especial,<br />
individual e coletivo, no<br />
qual os nossos políticos ou os nossos<br />
analistas políticos nem sempre<br />
têm dados históricos ao seu alcance<br />
ou conhecimentos que os leve a<br />
tal posição.<br />
Dentro do contexto da política<br />
e da mídia mundial o próprio jornalista<br />
ou formador <strong>de</strong> opinião se<br />
per<strong>de</strong> à procura <strong>de</strong> dados históricos<br />
recentes e consistentes não os<br />
eventos, os <strong>de</strong>turpa, <strong>de</strong> forma<br />
consciente ou inconsciente, <strong>de</strong><br />
forma às vezes estranha, mas muitas<br />
outras vezes numa <strong>de</strong>turpação<br />
Que Tristeza!<br />
A maioria daqueles que, em atos suicidas,<br />
explodiram automóveis, escolas, construções<br />
e edifícios públicos durante a última<br />
década, são muçulmanos. Que tristeza!<br />
O que estas ações dizem a nosso respeito?<br />
Se juntarmos todos os pedaços, a<br />
imagem nossa que fica é <strong>de</strong>gradante, <strong>de</strong>primente<br />
e vergonhosa. Devemos reconhecer<br />
que este é um retrato preciso da realida<strong>de</strong><br />
– e não escrever longos artigos ou<br />
nos vangloriar com belas palavras a fim <strong>de</strong><br />
lavar nossa culpa.<br />
No momento em que reconhecermos a<br />
doença, po<strong>de</strong>remos encontrar o remédio.<br />
A própria cura sempre começa com o reconhecimento.<br />
Assim, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>de</strong> nós mesmos<br />
recuperar nossos filhos, que são o produto<br />
natural da cultura que se corrompeu<br />
e se <strong>de</strong>sviou do caminho correto.<br />
Um <strong>de</strong> nossos pregadores mais famosos,<br />
o xeque Iusef el Kardaui, <strong>de</strong>clarou publicamente<br />
que, do ponto <strong>de</strong> vista religioso,<br />
é permitido matar cidadãos norte-<br />
até consciente da história por achála<br />
mais plausível e mais diversificada<br />
<strong>de</strong>ntro do contexto mundial das<br />
idéias e das premissas dos fatos, fatores<br />
e acontecimentos, <strong>de</strong> algo difícil<br />
<strong>de</strong> ser analisado e <strong>de</strong> consciências<br />
positivas complicadas <strong>de</strong> serem<br />
utilizadas e transplantadas.<br />
É preciso conhecer a história,<br />
mas não apenas conhecê-la <strong>de</strong>talhada,<br />
mas esmiuçá-la e tirar <strong>de</strong>la<br />
aquilo que hoje volta a tona, a ser<br />
<strong>de</strong>liberado com intuito em provar<br />
ou comprovar fatos, idéias e acontecimentos<br />
<strong>de</strong> forma factual, verídica<br />
e plausível.<br />
Cabe ao Professor tornar a história<br />
vivida, viva, atraente e uma<br />
excelente auxiliar <strong>de</strong> toda política<br />
em jogo do mundo mo<strong>de</strong>rno da internacional<br />
à nacional, da coletiva<br />
à individual, das premissas <strong>de</strong> valores<br />
às suas conseqüências, dos fatos<br />
aos seus acontecimentos, das<br />
experiências à sua previsão, do fato<br />
histórico nos dias <strong>de</strong> hoje em previsões<br />
e conseqüências graves, por<br />
vezes repetidas, mas sempre com<br />
enfoques diferentes, diferenciados<br />
e coletivamente vivenciados.<br />
Ser político é ser humano, atual,<br />
bem informado, bem preparado, com<br />
experiências individuais e coletivas,<br />
é ser alguém que se preocupa<br />
com o próximo seus perfis, suas inconstâncias,<br />
suas atribuições.<br />
americanos no Iraque. Como se po<strong>de</strong> imaginar<br />
que uma autorida<strong>de</strong> religiosa, seja<br />
qual for, incite a matar cidadãos? Um respeitável<br />
ancião que exorta jovens a assassinarem<br />
pessoas, enquanto duas <strong>de</strong> suas<br />
filhas estudam sob a proteção das forças<br />
<strong>de</strong> segurança da “herege” Grã-Bretanha.<br />
Como teria reagido um pai, como ele,<br />
frente à mãe <strong>de</strong> um jovem norte-americano,<br />
Nicholas Berg, cuja cabeça foi <strong>de</strong>golada<br />
porque ele foi ao Iraque trabalhar como<br />
engenheiro? Como se po<strong>de</strong>, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma<br />
coisa assim, dar qualquer credibilida<strong>de</strong> a<br />
este xeque quando diz que o Islã é uma religião<br />
misericordiosa, humanitária, indulgente?<br />
Quando ele mesmo, o xeque, a transformou<br />
numa religião que <strong>de</strong>rrama sangue?<br />
Antes da época atual <strong>de</strong> nossos extremistas,<br />
os homens <strong>de</strong> esquerda e os nacionalistas<br />
adotaram o princípio da violência.<br />
Naquela época, a mesquita era um refúgio<br />
da paz e os lí<strong>de</strong>res religiosos exortavam<br />
à compreensão e aos valores morais.<br />
Ser político e conhecer a história<br />
é a plenitu<strong>de</strong> da realização positiva<br />
do intelectual ou a premissa<br />
do individualista preparado para<br />
utilizar a experiência e a noção dos<br />
séculos, das experiências da formação<br />
do pensamento.<br />
Adaptá-las, atualizá-las, captálas<br />
com inteligência e sabedoria,<br />
criá-las, estruturá-las, formatá-las<br />
<strong>de</strong> acordo com as necessida<strong>de</strong>s e as<br />
premissas do presente.<br />
Conhecendo e atualizando o<br />
passado, vislumbrando o futuro e<br />
prevendo-o.<br />
O povo ju<strong>de</strong>u tem um passado<br />
rico e diversificado, tem um presente<br />
cheio <strong>de</strong> valores individuais e coletivos,<br />
<strong>de</strong> experiências trágicas e<br />
<strong>de</strong>smoralizantes levadas a esmo pelo<br />
<strong>de</strong>svario dos indivíduos que odiaram<br />
o pensamento humano individual<br />
e coletivo e têm um futuro brilhante<br />
à sua frente, po<strong>de</strong>ndo se<br />
<strong>de</strong>senvolver em premissas válidas <strong>de</strong><br />
termos individuais e coletivos <strong>de</strong><br />
Direitos Humanos no qual eleve o<br />
valor máximo a ser atingido.<br />
Lutar pelos valores da vida, pela<br />
dádiva da vida e a eliminação dos<br />
<strong>de</strong>svios individuais e coletivos <strong>de</strong>ssas<br />
premissas, <strong>de</strong>ssas doenças metafísicas<br />
do ser humano é responsabilida<strong>de</strong><br />
dos professores <strong>de</strong> hoje<br />
e <strong>de</strong> todos os tempos, e sua cobrança<br />
é um direito <strong>de</strong> todos nós.<br />
Por conta <strong>de</strong>sses “novos” muçulmanos,<br />
todo o Islã é atualmente culpabilizado sem<br />
razão alguma. Esta religião não é culpada<br />
pelas mudanças <strong>de</strong> que é acusada, porque<br />
não faltam passagens do Corão que <strong>de</strong>screvem<br />
o assassinato como um crime abominável<br />
– e inclusive o refutam tão fortemente<br />
até à proibição <strong>de</strong> matar uma mosca, além<br />
<strong>de</strong> assegurar uma recompensa a quem resgate<br />
algo roubado com astúcia e engodo.<br />
Uma coisa é clara: receamos o <strong>de</strong>sprezo<br />
e a humilhação por integrarmos [o mesmo<br />
grupo] dos que fazem crianças e jornalistas<br />
<strong>de</strong> reféns, e que matam cidadãos e explo<strong>de</strong>m<br />
ônibus, não importando quais sejam<br />
os sofrimentos causados. Este é o perfil<br />
daqueles que corromperam o Islã e que <strong>de</strong>le<br />
fizeram uma afronta, uma vergonha.<br />
Não po<strong>de</strong>remos restaurar nossa imagem<br />
manchada até que sejamos capazes <strong>de</strong> reconhecer<br />
esta vergonhosa verda<strong>de</strong>: a maioria<br />
dos atos terroristas no mundo são levados<br />
a cabo por muçulmanos.<br />
* Abd el Rajman el Rashid é muçulmano e escreveu este texto no jornal egípcio Al Shark el Ausat e foi republicado também no diário israelense Haaretz. Publicado no site De Olho<br />
na Mídia (www.<strong>de</strong>olhonamidia.org.br) em 27/10.2004, com tradução <strong>de</strong> Gisella Gonçalves.
O LEITOR ESCREVE<br />
Admiração pelo povo<br />
Prezados Senhores:<br />
Sou brasileiro e tenho uma tremenda admiração pelo<br />
povo ju<strong>de</strong>u e sua História. Gostaria <strong>de</strong> ter uma ban<strong>de</strong>ira e<br />
a<strong>de</strong>sivos sobre Israel. Se pu<strong>de</strong>rem me informar on<strong>de</strong> conseguir,<br />
agra<strong>de</strong>ço.<br />
Israel da Silva Pinheiro Por e-mail<br />
NR: Já informamos o leitor on<strong>de</strong> adquiri-los.<br />
Trabalho <strong>de</strong> gabarito<br />
À redação do VJ:<br />
Quero agra<strong>de</strong>cer a publicação do meu mo<strong>de</strong>sto artigo<br />
“Para que lado irá pen<strong>de</strong>r a Faixa <strong>de</strong> Gaza?”, o qual,<br />
na data <strong>de</strong> sua publicação, já estava <strong>de</strong>satualizado em<br />
face da dinâmica dos acontecimentos políticos e do encerramento<br />
da <strong>de</strong>socupação <strong>de</strong> Gaza. Contudo, penso<br />
que o leitor esclarecido irá levar em consi<strong>de</strong>ração alguns<br />
elementos do artigo como complemento à atual<br />
situação da política palestino-israelense. A equipe <strong>de</strong><br />
Visão <strong>Judaica</strong> vem realizando um trabalho <strong>de</strong> alto gabarito<br />
em prol da comunida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> seus leitores em<br />
geral, que assim contam com uma fonte <strong>de</strong> amplas informações<br />
e valiosos esclarecimentos. Tudo <strong>de</strong> bom e<br />
até uma próxima oportunida<strong>de</strong>.<br />
Salo Yakir Israel<br />
Muito bem feito<br />
Olá amigos:<br />
Visão <strong>Judaica</strong> tem uma pagina muito bem feita, mas<br />
tenho umas perguntas: Por que o filme “La Vita è Bella”,<br />
<strong>de</strong> Benigni, não aparece nos filmes aconselhados? Segunda<br />
pergunta: Por que não encontro o titulo <strong>de</strong> um método<br />
da língua hebraica? Sou francês e gostaria <strong>de</strong> melhorar<br />
tanto meu hebraico, como meu português, e até agora<br />
não achei uma referência. Po<strong>de</strong>riam me ajudar? Obrigado.<br />
Olivier Bosseau Paris – França<br />
NR: O filme “A vida é Bela” foi indicado logo nas primeiras<br />
edições do jornal, quando ainda não tínhamos website.<br />
Os primeiros números não estão na internet, e por<br />
esse motivo, o leitor não o encontrou. Desconhecemos<br />
a existência <strong>de</strong> algum curso <strong>de</strong> hebraico na internet.<br />
Trata-se <strong>de</strong> uma língua difícil e só é ensinada nas<br />
escolas israelitas ou em universida<strong>de</strong>s. De qualquer<br />
forma o jornal Visão <strong>Judaica</strong> enviou ao leitor um curso<br />
<strong>de</strong> hebraico no formato PDF, mas em espanhol.<br />
Site interessante<br />
Senhores editores:<br />
Faço parte do Coro <strong>de</strong> Câmara da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Lisboa, um agrupamento composto por 20 cantores,<br />
com 8 anos <strong>de</strong> existência. Neste momento estamos nos<br />
preparando para estrear no dia 2 <strong>de</strong> outubro uma obra<br />
do jovem compositor português Sérgio Azevedo, “Missa<br />
Brevis em memória <strong>de</strong> Aristi<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Sousa Men<strong>de</strong>s”. Ao<br />
procurar na Internet mais informações sobre esse gran<strong>de</strong><br />
homem, <strong>de</strong>parei-me com o site <strong>de</strong> vocês e achei<br />
interessante mandar-lhes esta notícia. Continuem com<br />
o bom trabalho!<br />
Patrícia Sá Lisboa - Portugal<br />
Para escrever ao jornal Visão <strong>Judaica</strong> basta passar um<br />
fax pelo telefone 0**41 3018-8018 ou um e-mail para<br />
visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />
Infância<br />
Pilar Rahola *<br />
ão sabemos a hora.<br />
Possivelmente entrou<br />
<strong>de</strong> noite, para<br />
que não a vissem. Ou<br />
talvez chegasse ao hospital<br />
<strong>de</strong> madrugada, à hora das bruxas,<br />
quando tudo parece estranho<br />
e imprevisto. Também não sabemos<br />
se sua mãe a acompanhava, ainda<br />
que fora seu anjo da guarda durante<br />
os meses <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z, escon<strong>de</strong>ndo-a,<br />
protegendo-a. À hora que<br />
fosse, só ou acompanhada, o certo<br />
é que, hoje faz cinco anos, chegou<br />
a um hospital emporcalhado, numa<br />
cida<strong>de</strong> fora dos mapas do mundo,<br />
no meio <strong>de</strong> uma tragédia que acompanhava<br />
aquelas terras <strong>de</strong>s<strong>de</strong> há<br />
séculos, e a teve. Um parto rápido,<br />
uma menina nascida sem <strong>de</strong>sejo, fruto<br />
<strong>de</strong> uma violação e <strong>de</strong> uma dor,<br />
algumas horas para vê-la e, provavelmente,<br />
para chorá-la. E <strong>de</strong>pois,<br />
no dia seguinte, sem a vergonha<br />
<strong>de</strong> uma gravi<strong>de</strong>z não <strong>de</strong>sejada,<br />
numa socieda<strong>de</strong> da meia lua islâmica<br />
que marca e con<strong>de</strong>na as mães<br />
solteiras, liberada <strong>de</strong> pesos impossíveis,<br />
voltou ao seu povoado rural,<br />
nos pés das montanhas do<br />
Bashkortosthan, para continuar sua<br />
vida sem futuro. Três vezes foram<br />
vê-la as autorida<strong>de</strong>s pertinentes, e<br />
três vezes negou a sua filha. Não<br />
era sua, não a queria, não a podia<br />
ter. E assim, sem ninguém que a <strong>de</strong>sejasse,<br />
magrinha e assustadiça,<br />
começou a palpitar seu corpo branquíssimo<br />
numa cama <strong>de</strong> hospital,<br />
sob o amparo <strong>de</strong> um governo que<br />
tinha milhares como ela. Aos quatro<br />
dias já estava num orfanato. E<br />
durante o resto <strong>de</strong> sua vida, até<br />
um 23 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> um ano <strong>de</strong>pois,<br />
ela só foi um número na estatística<br />
<strong>de</strong> crianças abandonadas<br />
que habitam as esquinas do mundo,<br />
triste como todas as crianças<br />
tristes. Enferma, como a maioria<br />
das crianças que morrem antes dos<br />
cinco anos por enfermida<strong>de</strong>s curáveis,<br />
primeiro, diversas bronquites,<br />
uma hepatite, sarna, salmonela,<br />
pneumonia…<br />
Chegou ao seu primeiro ano sem<br />
ser capaz <strong>de</strong> sustentar a cabeça,<br />
como muitas crianças como ela, que<br />
tardam em <strong>de</strong>senvolver os músculos<br />
do pescoço porque ninguém as<br />
levanta. Nenhum beijo, nenhum<br />
abraço <strong>de</strong> última hora quando a bar-<br />
VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />
A princesa<br />
riguinha fica ruim, nenhuma música<br />
suave para acompanhar os medos<br />
da noite, nenhuma carícia. A<br />
solidão é uma amante ar<strong>de</strong>nte e asfixiante,<br />
quando se converte na<br />
companheira <strong>de</strong> viagem <strong>de</strong> uma<br />
criança pequena. Dia-a-dia, mês<br />
após mês. Tinha um nome e o conhecia.<br />
Mas não o ouvia ser chamado<br />
com a doçura própria das<br />
mães e os pais quando chamam os<br />
seus filhos. Não havia pais, nem<br />
avós, nem priminhos, nem tios. E<br />
às noites, o xixi que lhe havia avermelhado<br />
as pernas, porque no orfanato<br />
não havia dinheiro para comprar<br />
fraldas, a fazia chorar. O pranto<br />
solitário. Também chorava com<br />
cada doença que a atacava, sempre<br />
na solidão.<br />
E assim a conhecemos, chorando.<br />
Iniciava sua primeira bronquite<br />
que, finalmente, se transformou<br />
numa pneumonia. Não nos olhou,<br />
não olhou o bicho <strong>de</strong> pelúcia que<br />
lhe mostrávamos ansiosos, não olhou<br />
os braços que queriam abraçá-la, não<br />
olhou as lágrimas que <strong>de</strong>rramávamos.<br />
Nós só éramos outros adultos anônimos,<br />
em sua vida indiferente. A<br />
primeira vez que fixou o olhar foi<br />
quando lhe colocamos seus primeiros<br />
sapatinhos. Os primeiros <strong>de</strong> sua<br />
vida. E assim, em passinhos, apren<strong>de</strong>u<br />
a caminhar pelas estradas da felicida<strong>de</strong>,<br />
lentamente, receosa e assustada,<br />
às vezes agressiva. Havia<br />
<strong>de</strong>cidido que não confiaria em nós<br />
facilmente. Quando, diante <strong>de</strong> um<br />
doce, esboçou o primeiro sorriso,<br />
tivemos a impressão que não era um<br />
sorriso, mas uma vida sem ter rido<br />
que rompia, <strong>de</strong> repente, em seu rostinho.<br />
E os olhos, seus belíssimos<br />
olhos amendoados, foram, por um instante,<br />
redondos, <strong>de</strong>smentindo sua<br />
genética asiática. No mais, <strong>de</strong>vemos<br />
dizer que cada sorriso era um passo<br />
<strong>de</strong> gigante, cada passo uma conquista,<br />
cada conquista uma sobrecarga<br />
<strong>de</strong> felicida<strong>de</strong>. Finalmente um dia já<br />
não houve marcha-ré. Des<strong>de</strong> aquele<br />
dia Ada não <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> rir. Des<strong>de</strong> aquele<br />
dia não <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> cantar.<br />
<strong>On</strong>tem, vendo como fazia voltinhas,<br />
vestida <strong>de</strong> princesa, na pontinha<br />
dos pés, imitando a protagonista<br />
do Lago dos Cisnes da Barbie,<br />
notei como me afligiam os<br />
enormes sentimentos vividos que<br />
minha filha, necessariamente, me<br />
fez brotar. O sentimento <strong>de</strong> euforia<br />
e felicida<strong>de</strong>. E, por sua vez, a enorme<br />
tristeza <strong>de</strong> recordar o ano e meio<br />
13<br />
que não nos teve e não a tivemos.<br />
Como <strong>de</strong>viam ser suas noites, seus<br />
medos, suas angústias? E, através<br />
da Ada que um dia foi e já não é,<br />
como <strong>de</strong>viam ser as noites e os dias<br />
dos milhares <strong>de</strong> Adas que há no mundo?<br />
Como <strong>de</strong>vem ser seus medos? As<br />
Adas sem fadas…<br />
<strong>On</strong>tem cumpriu cinco felizes<br />
anos. Ada não tem nada a ver com<br />
a menina que fomos buscar num hospital<br />
perdido, na Sibéria anônima,<br />
lá on<strong>de</strong> não habita a esperança.<br />
Agora é uma menina querida, provavelmente<br />
superprotegida, mas felizmente<br />
segura. Sua casa está cheia<br />
das fantasias que inundam sua imaginação,<br />
os castelos <strong>de</strong> princesas,<br />
os príncipes que as ro<strong>de</strong>iam, os<br />
contos que explicam suas sagas.<br />
Nas estantes da pare<strong>de</strong>, os bichos<br />
<strong>de</strong> pelúcia estão divididos por faunas,<br />
aqui os cachorros, aqui os ursinhos,<br />
mais além as girafas e os<br />
gatinhos. Por cima <strong>de</strong> tudo, perdido<br />
e um pouco abatido, jaz o<br />
velho bicho <strong>de</strong> pelúcia que fez o<br />
caminho da Sibéria conosco e que<br />
nossa filha recusara. Nunca lhe fez<br />
caso, e um dia em que fazíamos a<br />
limpeza do quarto, perguntei-lhe<br />
se podia dá-lo. Recordo seu olhar<br />
intenso: “nunca, nunca na vida…”<br />
E não disse nada mais.<br />
De seu redondo e <strong>de</strong>finitivo sorriso.<br />
Das canções que canta todo o<br />
tempo. Desse “te amo” que me lança<br />
cada manhã quando a <strong>de</strong>ixo na<br />
porta da escola, e me enfeita a alma.<br />
De sua felicida<strong>de</strong> conquistada, quero<br />
recordar hoje as crianças do<br />
mundo que não sorriem. As que foram<br />
a Ada que agora ela não é. Os<br />
que morrerão porque nasceram no<br />
lugar errado, nas esquinas obscuras<br />
aon<strong>de</strong> as luzes não chegam. As<br />
crianças tão visíveis em seu sofrimento,<br />
tão visíveis nas ruas do<br />
mundo on<strong>de</strong> dormem, nas camas<br />
sórdidas on<strong>de</strong> são humilhadas sexualmente,<br />
nas guerras on<strong>de</strong> apren<strong>de</strong>m<br />
a odiar e a matar, nos hospitais<br />
on<strong>de</strong> não sabem porque morrem<br />
<strong>de</strong> doenças que sua mãe lhes<br />
transmitiu, nos cafezais on<strong>de</strong> suas<br />
mãozinhas sangram trabalhando<br />
para po<strong>de</strong>r comer. As crianças visíveis<br />
que <strong>de</strong>cidimos não ver.<br />
A todas elas, para que um dia<br />
possam ter sonhos <strong>de</strong> princesa. E a<br />
todos nós, para que recor<strong>de</strong>mos<br />
sempre que sua <strong>de</strong>sgraça nasce da<br />
nossa indiferença.<br />
Pilar Rahola, jornalista e escritora foi vice-prefeita <strong>de</strong> Barcelona, <strong>de</strong>putada no Parlamento Europeu e <strong>de</strong>putada no Parlamento<br />
espanhol. É articulista dos jornais espanhóis El País, El Periódico e Avui (catalão). Tradução: Szyja Lorber.
14<br />
VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765
Rosh Hashaná<br />
Torá institui que Rosh<br />
Hashaná, o início do ano,<br />
seja celebrado no aniversário<br />
da Criação, mas não<br />
no primeiro e sim, no sexto<br />
dia, o dia em que foi criado o Homem.<br />
O significado do dia e do evento não<br />
resi<strong>de</strong> no surgimento <strong>de</strong> uma nova criatura,<br />
superior às outras do reino animal,<br />
assim como este é superior ao reino<br />
vegetal que, por sua vez, está acima<br />
do mineral. O significado está no fato<br />
<strong>de</strong> que a nova criatura - o Homem - é<br />
essencialmente diferente das outras. Pois<br />
foi o homem que reconheceu o Criador<br />
através da Criação e elevou-a a este reconhecimento,<br />
a realização e suprema<br />
finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>sígnio Divino.<br />
Uma das características que distinguem<br />
o homem <strong>de</strong> todas as outras criaturas<br />
é o dom do livre arbítrio que D-us<br />
lhe conce<strong>de</strong>u. O homem po<strong>de</strong> usar esta<br />
dádiva Divina em duas direções opostas.<br />
Po<strong>de</strong> escolher o caminho da <strong>de</strong>struição<br />
<strong>de</strong> si mesmo, D-us não o permita,<br />
e <strong>de</strong> tudo que o cerca; ou enveredar<br />
pela estrada certa da vida, que o<br />
elevará, a ele e a toda a Criação, à<br />
mais alta perfeição.<br />
Para ajudar-nos a reconhecer e escolher<br />
o caminho certo recebemos a<br />
Torá, que é Divina e eterna; daí serem<br />
os seus ensinamentos válidos para to-<br />
dos os tempos e todos os lugares.<br />
O homem não po<strong>de</strong> fazer a sua escolha<br />
apenas baseado em seu intelecto,<br />
pois este é limitado. Serve apenas<br />
para <strong>de</strong>scobrir e <strong>de</strong>spertar a intuição e<br />
a fé nas coisas que estão além do reino<br />
do intelecto. Esta fé e intuição são<br />
o legado <strong>de</strong> cada ju<strong>de</strong>u que ilumina todo<br />
o seu ser e o orienta na vida cotidiana<br />
para uma existência inspirada na Torá<br />
e nas mitsvot.<br />
Em Rosh Hashaná, o homem enfrenta<br />
não apenas o julgamento Divino como<br />
também o seu próprio. O veredicto com<br />
relação ao futuro <strong>de</strong>ve ser o <strong>de</strong> assumir<br />
o cumprimento <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>veres, <strong>de</strong> realizar<br />
- nele mesmo e no seu ambiente -<br />
um chamado para a submissão absoluta<br />
diante <strong>de</strong> D-us proferido pelo primeiro<br />
homem Adam, Adão, no dia <strong>de</strong> sua Criação,<br />
no primeiro Rosh Hashaná. Isto só<br />
po<strong>de</strong> ser conseguido mediante uma vida<br />
inspirada e orientada pela Torá.<br />
Que ninguém pense: quem sou eu<br />
para possuir tais po<strong>de</strong>res <strong>de</strong> construção<br />
ou <strong>de</strong>struição? Pois vimos, para a<br />
nossa aflição, o que po<strong>de</strong> causar uma<br />
quantida<strong>de</strong> ínfima <strong>de</strong> matéria pela liberação<br />
<strong>de</strong> energia atômica. Se tal po<strong>de</strong>r<br />
<strong>de</strong>struidor está oculto num mero<br />
átomo, para a negação do <strong>de</strong>sígnio da<br />
Criação, quão maior é o po<strong>de</strong>r criador<br />
confiado a cada indivíduo para trabalhar<br />
em harmonia com a finalida<strong>de</strong> Divina;<br />
pois recebemos da Divina Providência<br />
os meios e oportunida<strong>de</strong>s especiais<br />
<strong>de</strong> alcançar a meta para a qual<br />
fomos criados: a realização <strong>de</strong> um mundo<br />
em que “cada criatura reconhecerá<br />
que Tu a criaste e cada alma dotada <strong>de</strong><br />
alento exclamará: ‘D-us, o D-us <strong>de</strong> Israel,<br />
é Rei e o Seu reino é supremo.’“.<br />
Para que sejam revelados e para<br />
que possamos aplicar estes po<strong>de</strong>res, é<br />
necessário buscar e liberar as forças<br />
potenciais. E temos a promessa: “Descobrirás<br />
porque buscarás com todo o<br />
teu coração e alma”.<br />
Isto tudo se aplica <strong>de</strong> forma especial<br />
e completa aos que ocupam posições<br />
<strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança espiritual e possuem<br />
influência, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o rabino <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong><br />
até um pai que orienta a vida<br />
espiritual <strong>de</strong> sua família. Muitas vezes<br />
vemos pessoas paralisadas pela dúvida<br />
e pelo medo, receosos <strong>de</strong> empregar o<br />
que lhes parece uma palavra forte ou<br />
exigência excessiva e, assim, alienar<br />
em vez <strong>de</strong> atrair.<br />
A eles dirigimos esta mensagem:<br />
“Busque profundamente em seu interior<br />
e <strong>de</strong>scobrirá os tesouros mais<br />
íntimos dos que queres orientar e inspirar;<br />
não os avalies externamente, mas<br />
VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />
Julgamento Divino e humano<br />
4 e 5 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2005<br />
segundos os<br />
recursos e<br />
capacida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> suas almas,<br />
a verda<strong>de</strong>iracentelhaDivina.<br />
Pois,<br />
pela atitu<strong>de</strong><br />
certa e pelo<br />
infatigável<br />
esforço po<strong>de</strong>rá<strong>de</strong>scobrir<br />
e ativar<br />
em todos,<br />
os recursos espirituais que animarão<br />
sua vida diária. Tenha confiança em<br />
seus irmãos ju<strong>de</strong>us e dê-lhes o que,<br />
como ju<strong>de</strong>us, verda<strong>de</strong>iramente esperam<br />
<strong>de</strong> você: a Torá inteira com todos<br />
os seus preceitos, assim como eles<br />
são, assim como os recebemos no Sinai;<br />
pois a Torá é eterna em todos os<br />
tempos e lugares”.<br />
Somente assim po<strong>de</strong>remos avaliar<br />
verda<strong>de</strong>iramente o nosso “eu” e o dos<br />
que buscam orientação e li<strong>de</strong>rança; uma<br />
avaliação sincera que fará do próximo<br />
ano um ano cheio <strong>de</strong> conteúdo e realização<br />
proporcionais aos nossos melhores<br />
recursos e, portanto, também repleto<br />
<strong>de</strong> bênçãos Divinas, materiais e<br />
espirituais. (www.chabad.org.br).<br />
15
16<br />
VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />
Os dias entre Rosh<br />
Hashaná e Iom Kipur<br />
No dia seguinte a Rosh Hashaná, ocorre o Jejum <strong>de</strong> Guedalya,<br />
em lembrança ao assassinato do governador da Terra<br />
<strong>de</strong> Israel e à dispersão dos ju<strong>de</strong>us remanescentes (no ano<br />
3339 após a Criação).<br />
Shabat Shuvá (entre Rosh Hashaná e Iom Kipur), quando<br />
lemos a Haftará Shuvá Yisrael (Retorna, Ó Israel), constituise<br />
num dos sábados mais importantes do ano. Até a chegada<br />
da véspera <strong>de</strong> Iom Kipur, o dia no qual nosso <strong>de</strong>stino é<br />
selado para o ano todo.<br />
Os três pilares<br />
A base do serviço a D-us durante estes dias se formam<br />
por meio <strong>de</strong> três pilares: Teshuvá (penitência, arrependimento,<br />
retorno), Tefilá (prece) e Tsedacá (carida<strong>de</strong>). A tradução<br />
habitual <strong>de</strong> “arrependimento, prece e carida<strong>de</strong>” não<br />
expressa, contudo, os verda<strong>de</strong>iros conceitos judaicos <strong>de</strong><br />
Teshuvá, Tefilá e Tsedacá.<br />
Teshuvá é comumente interpretada como arrependimento.<br />
No entanto, a palavra exata em hebraico para arrependimento<br />
é Charatá. Charatá e Teshuvá são conceitos praticamente<br />
opostos. Charatá enfatiza a tomada <strong>de</strong> uma nova conduta,<br />
arrepen<strong>de</strong>ndo-se por ter cometido uma ação má ou<br />
<strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> praticar uma boa ação e <strong>de</strong>sejando se comportar<br />
<strong>de</strong> uma forma nova a partir <strong>de</strong>ste momento.<br />
Teshuvá significa um retorno. Um ju<strong>de</strong>u é essencialmente<br />
bom e seu mais profundo <strong>de</strong>sejo é praticar o bem. Porém,<br />
<strong>de</strong>vido a várias circunstâncias, completa ou parcialmente<br />
fora <strong>de</strong> seu controle, ele erra. Este é o conceito judaico <strong>de</strong><br />
Teshuvá - um retorno às raízes, ao seu mais íntimo ser.<br />
Tefilá é geralmente traduzida como prece. No entanto, a<br />
palavra correta para prece em hebraico é bacashá. As conotações<br />
das duas palavras são contraditórias. O significado<br />
<strong>de</strong> bacashá é solicitação ou pedido e Tefilá quer dizer uma<br />
ligação. Bacashá enfatiza o pedido ao Todo Po<strong>de</strong>roso para<br />
que conceda nossas solicitações. Contudo, quando não necessitamos<br />
ou não <strong>de</strong>sejamos coisa alguma, então o pedido<br />
se torna supérfluo.<br />
Tefilá <strong>de</strong>nota a ligação com D-us; e isto é importante<br />
para todos e em todas as ocasiões. Todo ju<strong>de</strong>u tem uma<br />
alma ligada e presa a D-us. Entretanto, os laços que atam a<br />
alma ao Todo Po<strong>de</strong>roso po<strong>de</strong>m se enfraquecer. Para corrigir<br />
esta <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong>, há durante o dia ocasiões específicas para<br />
a Tefilá, para renovar e tornar mais forte o elo com D-us. O<br />
conceito da Tefilá, o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> chegar mais perto <strong>de</strong> D-us,<br />
existe mesmo para aqueles que não necessitam <strong>de</strong> nada material.<br />
É o modo <strong>de</strong> fortalecer o apego e os vínculos entre os<br />
ju<strong>de</strong>us e seu Criador.<br />
Tsedacá é normalmente interpretada como carida<strong>de</strong>. Mas<br />
a palavra exata para carida<strong>de</strong> em hebraico é Chessed. Não<br />
usamos o termo Chessed e sim Tsedacá porque, novamente,<br />
os conceitos são antagônicos. Chessed ressalta a generosida<strong>de</strong><br />
daquele que dá. Porém, aquele que recebe po<strong>de</strong> não ser<br />
necessariamente merecedor, nem o doador obrigado a dar,<br />
praticando o ato <strong>de</strong> bonda<strong>de</strong> <strong>de</strong>vido a sua generosida<strong>de</strong>.<br />
Tsedacá, por sua vez, origina-se da palavra hebraica justiça,<br />
ressaltando que a justiça exige do<br />
ju<strong>de</strong>u o cumprimento da carida<strong>de</strong> por dois<br />
motivos: primeiro, porque não está dando<br />
o que é seu e sim o que lhe foi confiado<br />
por D-us para dar aos outros; segundo,<br />
uma vez que todos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m<br />
do Todo Po<strong>de</strong>roso para prover suas necessida<strong>de</strong>s<br />
- embora D-us certamente<br />
não tenha obrigações para com ninguém<br />
- somos obrigados a retribuir “medida<br />
por medida” e dar aos outros, muito<br />
embora não <strong>de</strong>vamos nada a eles.<br />
(www.chabad.org.br).<br />
Após o pecado do bezerro <strong>de</strong> ouro,<br />
Moshê (Moisés) rezou e, no dia <strong>de</strong>z do<br />
mês hebraico <strong>de</strong> Tishrei (13/10), D-us<br />
conce<strong>de</strong>u pleno perdão ao povo ju<strong>de</strong>u.<br />
Quando uma pessoa perdoa outra,<br />
isto se <strong>de</strong>ve a um sentimento<br />
profundo <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong> e amor que anula<br />
o efeito <strong>de</strong> qualquer mal que tenha<br />
praticado. Do mesmo modo, o<br />
amor Divino é expressão <strong>de</strong> Seu amor<br />
eterno e incondicional. Embora possamos<br />
ter transgredido Sua vonta<strong>de</strong>,<br />
nossa essência, a alma, permanece<br />
Divina e pura.<br />
Iom Kipur é o único dia do ano<br />
em que D-us revela mais claramente<br />
que nossa essência e a Sua são uma<br />
só. Ao nível da alma, o povo ju<strong>de</strong>u é<br />
todo igual e indivisível. Sempre que<br />
se <strong>de</strong>monstra a união essencial, agindo<br />
com amor e amiza<strong>de</strong>, mais será<br />
revelado o amor <strong>de</strong> D-us.<br />
Jejum<br />
Meninas a partir <strong>de</strong> bat-mitsvá,<br />
doze anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, e meninos a partir<br />
<strong>de</strong> bar-mitsvá, treze anos, precisam<br />
jejuar o dia inteiro e cumprir todas<br />
as leis referentes a este dia. Pessoas<br />
doentes <strong>de</strong>vem consultar um rabino<br />
ortodoxo.<br />
Des<strong>de</strong> antes do pôr-do-sol da véspera<br />
até o completo anoitecer do dia<br />
seguinte, é proibido: comer e beber;<br />
lavar-se (ao levantar-se pela manhã, é<br />
permitido lavar apenas os <strong>de</strong>dos e passá-los<br />
nos olhos); passar cremes, óleo<br />
ou maquiagem (no rosto ou no corpo);<br />
calçar sapatos (mesmo que parcialmente)<br />
<strong>de</strong> couro; e ter relações conjugais.<br />
Horário das velas e jejum <strong>de</strong> 5766/2005<br />
Dia 12/10 as velas <strong>de</strong>vem ser acesas<br />
às 18h01.<br />
Começo e término<br />
Iom Kipur inicia-se às 18h01 quando<br />
escurece e o término será dia 13/<br />
10, às 18h56.<br />
Col Nidrê<br />
Significado <strong>de</strong> Iom Kipur<br />
Chegando à sinagoga os homens<br />
vestem o Talit, xale <strong>de</strong> reza, ainda<br />
à luz do dia além da túnica branca<br />
(Kitel). Esta vestimenta simboliza a<br />
pureza sem pecado, pois neste dia<br />
somos comparados a anjos: não comemos,<br />
não bebemos, mas rezamos<br />
o tempo todo, e estamos livres <strong>de</strong><br />
nossos pecados.<br />
O serviço começa com a retirada<br />
dos Rolos da Torá por membros veneráveis<br />
da comunida<strong>de</strong>, que então tomam<br />
um lugar a cada lado do chazan,<br />
cantor. O chazan então lentamente<br />
recita o Col Nidrê três vezes em um<br />
tom solene, e todos repetem.<br />
O serviço da noite segue-se à prece<br />
<strong>de</strong> Col Nidrê, com preces adicionais<br />
especiais que são rezadas apenas na<br />
noite <strong>de</strong> Iom Kipur.<br />
Shacharit<br />
Shacharit, a Prece Matinal é iniciada<br />
cedo. As preces são recitadas lenta<br />
e cuidadosamente lidas do Machzor,<br />
o livro-guia das orações <strong>de</strong> Rosh Hashaná<br />
e Iom Kipur. São retirados dois rolos<br />
da Arca para a leitura da Torá. No<br />
primeiro - é lido o início <strong>de</strong> Acharê<br />
Mot (“após a morte” - dos dois filhos<br />
<strong>de</strong> Aharon, o Sumo Sacerdote).<br />
Diz-se que aquele que sinceramente<br />
<strong>de</strong>rrama lágrimas pela gran<strong>de</strong> perda<br />
dos dois filhos <strong>de</strong> Aharon não sofrerá<br />
tal perda na vida! Esta porção<br />
nos diz do sacrifício e do serviço <strong>de</strong><br />
Iom Kipur feitos pelo Sumo Sacerdote<br />
no Templo Sagrado.<br />
Yizkor<br />
Yizkor (“que Ele se lembre”)<br />
é recitado após a leitura<br />
da Torá, quando seus<br />
familiares mais próximos<br />
falecidos são lembrados<br />
em uma prece<br />
especial. Aqueles cujos<br />
pais estão vivos saem da<br />
sinagoga durante esta<br />
oração. Muitos que recitam<br />
o Yizkor não conseguem<br />
evitar <strong>de</strong> sentir remorso por terem<br />
se afastado do modo <strong>de</strong> vida tradicional<br />
que seus pais e avós levaram;<br />
sabem que seus pais teriam <strong>de</strong>sejado<br />
que fossem mais leais e mais<br />
<strong>de</strong>votados à Torá e à tradição, e resolvem<br />
firmemente agradá-los no futuro,<br />
muito mais que no passado.<br />
Mussaf<br />
Mussaf (prece adicional) é então<br />
recitada, começando com Hineni (“Aqui<br />
estou, um pobre homem <strong>de</strong>stituído <strong>de</strong><br />
boas ações, etc.”) recitado pelo chazan,<br />
cantor. Inclui um recital da maneira<br />
que o Sumo Sacerdote costumava<br />
oficiar no Templo Sagrado em Iom<br />
Kipur, e a confissão especial e expiação<br />
que ele oferecia em nome do povo<br />
<strong>de</strong> Israel. Era uma visão inesquecível<br />
vê-lo em suas túnicas alvas saindo do<br />
Santo dos Santos, on<strong>de</strong> tinha permissão<br />
<strong>de</strong> entrar apenas neste dia do ano.<br />
Minchá<br />
O aspecto mais <strong>de</strong>stacado do serviço<br />
<strong>de</strong> Minchá é a leitura da Torá, e especialmente<br />
<strong>de</strong> Maftir (leitura adicional) quando<br />
o celebrado livro <strong>de</strong> Yoná é recitado,<br />
o qual nos conta o salvamento da cida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Níneve através do arrependimento.<br />
D-us está sempre pronto a perdoar se a<br />
pessoa realmente fizer teshuvá, retornar,<br />
sinceramente ao bom caminho.<br />
Neilá<br />
Após Minchá, segue-se o solene<br />
serviço <strong>de</strong> Neilá (Encerramento), o clímax<br />
<strong>de</strong> todas as preces <strong>de</strong> Iom Kipur.<br />
A Arca é mantida aberta durante todo<br />
o <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>sta prece. O serviço <strong>de</strong><br />
Neilá é concluído com as exclamações<br />
do Shemá e Baruch Shem, nossa proclamação<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>stemida lealda<strong>de</strong> e <strong>de</strong>terminação<br />
para morrer por nossa fé<br />
se necessário, como nossos santos<br />
mártires fizeram no passado.<br />
Isto é seguido por aquela famosa<br />
<strong>de</strong>claração da unicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> D-us: “O<br />
Eterno - Ele é o único D-us”, pronunciada<br />
primeiro por nosso profeta<br />
Eliyáhu no Monte Carmel.<br />
O último verso é repetido sete vezes<br />
<strong>de</strong> modo mais ar<strong>de</strong>nte. O Shofar<br />
é então soado num longo toque, e Iom<br />
Kipur é concluído com o voto <strong>de</strong>: “No<br />
próximo ano em Jerusalém!”<br />
O shofar no final <strong>de</strong> Iom Kipur<br />
Ao término do Serviço <strong>de</strong> Iom Kipur,<br />
o shofar é tocado por várias<br />
razões:<br />
É o símbolo da vitória,<br />
como o clarim<br />
das trombetas dos<br />
exércitos vitoriosos<br />
ao voltarem do campo<br />
<strong>de</strong> batalha. O<br />
shofar anuncia a vitória<br />
sobre os nossos<br />
pecados e tentações.<br />
O shofar nos lembra a<br />
Outorga das Segundas Tábuas.<br />
Moshê, Moisés, <strong>de</strong>sceu do Monte Sinai pela<br />
última vez em Iom Kipur, trazendo as Segundas<br />
Tábuas com os Dez Mandamentos,<br />
recebidas com alegria e o som do shofar.<br />
É um sinal <strong>de</strong> partida da Presença<br />
Divina, como está escrito: “D-us ascen<strong>de</strong>u<br />
ao som do shofar”.<br />
É um lembrete do shofar que costumava<br />
ser tocado em Iom Kipur para<br />
anunciar o Ano do Jubileu.<br />
Está escrito que, ao término do<br />
jejum <strong>de</strong> Iom Kipur, uma Voz Celestial<br />
proclama: “Vão e comam o pão com<br />
alegria, pois D-us aceitou suas preces<br />
e os perdoou!” É por isso um Iom Tov<br />
e saudamos uns aos outros com “Bom<br />
Iom Tov”. O toque do shofar serve também<br />
para chamar a atenção sobre a<br />
importância <strong>de</strong>ste Iom Tov.<br />
Arvit e Havdalá<br />
Arvit, a Prece Noturna, e a Havdalá<br />
(cerimônia realizada ao final <strong>de</strong> Shabat<br />
que separa o dia santificado dos dias<br />
comuns da semana), introduzem o breve<br />
intervalo <strong>de</strong> quatro dias até a chegada<br />
<strong>de</strong> Sucot. “Bom Iom Tov” é a saudação<br />
após a prece, e todos se sentem<br />
felizes e confiantes <strong>de</strong> que D-us com<br />
certeza aceitou nossas preces e inscreveu<br />
e selou a todos para um bom ano.<br />
Se a lua po<strong>de</strong> ser avistada, costuma-se<br />
dizer a prece <strong>de</strong> “Kidush Levaná”,<br />
sem pesar por ter <strong>de</strong> prolongar o<br />
jejum por mais alguns minutos.<br />
Após quebrar o jejum, costuma-se<br />
fazer a primeira preparação para a<br />
construção <strong>de</strong> uma sucá, como um sinal<br />
<strong>de</strong> nosso <strong>de</strong>sejo em cumprir mais<br />
uma mitsvá. (www.chabad.org.br).
VISÃO panorâmica<br />
Dia Internacional do Holocausto<br />
A Assembléia Geral da ONU propôs a criação<br />
<strong>de</strong> um dia internacional <strong>de</strong> recordação<br />
do assassinato <strong>de</strong> seis milhões <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us<br />
pelos nazistas no Holocausto. A petição<br />
foi entregue por representantes <strong>de</strong> Israel,<br />
EUA, Canadá, Rússia e Austrália. Os cinco<br />
países solicitaram que o dia escolhido seja<br />
o <strong>de</strong> 27 <strong>de</strong> janeiro, data em que foi libertado<br />
o campo <strong>de</strong> extermínio <strong>de</strong> Auschwitz<br />
pelas forças soviéticas em 1945. Pediram<br />
também que a ONU <strong>de</strong>senvolva programas<br />
<strong>de</strong> educação, com aulas sobre o Holocausto,<br />
para evitar que episódios similares ocorram<br />
no futuro. (B’nai B’rith Internacional).<br />
Rio suspen<strong>de</strong> cartilha <strong>de</strong> Arafat<br />
Osias Wurman, presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração<br />
<strong>Israelita</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro e vice-presi<strong>de</strong>nte<br />
da Conib, informa que entrou em<br />
contato com a governadora do Rio, Rosinha<br />
Garotinho, tão logo foi divulgado no<br />
Diário Oficial do RJ, em 29 <strong>de</strong> agosto, que<br />
a Secretaria <strong>de</strong> Educação estaria iniciando<br />
a distribuição <strong>de</strong> cartilha sobre a vida <strong>de</strong><br />
Yasser Arafat, explicando a inconveniência<br />
da ação e recebeu uma resposta da governadora<br />
observando que ela também não<br />
concorda e não participou da escolha do<br />
livro, que ficou na responsabilida<strong>de</strong> da secretaria.<br />
“Agra<strong>de</strong>ço a preocupação. Todos<br />
nós queremos Shalom”, disse Rosinha. Posteriormente<br />
a FEIRJ recebeu a informação,<br />
diretamente da Secretaria <strong>de</strong> Educação, que<br />
a distribuição fora suspensa. (Conib).<br />
Zubin Mehta leva rapaz para Israel<br />
O talento Adriano Costa Chaves, <strong>de</strong> 17<br />
anos, que toca contrabaixo no projeto<br />
musical comunitário do Instituto Baccarelli<br />
impressionou o maestro Zubin Mehta em<br />
sua passagem pelo Brasil ao ponto <strong>de</strong> lhe<br />
oferecer uma bolsa para a Orquestra Filarmônica<br />
<strong>de</strong> Israel. Morador em Heliópolis,<br />
filho <strong>de</strong> um taxista e uma dona-<strong>de</strong>-casa,<br />
Adriano começou a estudar música clássica<br />
quando o primo <strong>de</strong>sistiu do contrabaixo<br />
e precisou <strong>de</strong> substituto na orquestra Baccarelli.<br />
Ele não vê a hora <strong>de</strong> concluir o ensino<br />
médio (cursa o último ano) para po<strong>de</strong>r<br />
usufruir da oferta do maestro Zubin Mehta,<br />
que veio ao Brasil com a Filarmônica <strong>de</strong><br />
Israel. Na visita à orquestra Baccarelli,<br />
Mehta afirmou: “Meu pai trabalhou anos<br />
com jovens músicos. Sei quando encontro<br />
talentos. Se continuarem assim, estudando<br />
muito, esses jovens po<strong>de</strong>m tocar on<strong>de</strong> quiserem”.<br />
(Agência Estado/Pletz.com).<br />
Bento XVI aplaudido em sinagoga<br />
O papa Bento XVI participou <strong>de</strong> cerimônia<br />
na sinagoga Roonstrasse <strong>de</strong> Colônia, na Alemanha.<br />
É o segundo pontífice a visitar um<br />
templo judaico, após João Paulo II em sua<br />
histórica ida à sinagoga <strong>de</strong> Roma, em 1986.<br />
Nascido na Alemanha, Bento XVI, foi aplaudido<br />
numa das mais antigas comunida<strong>de</strong>s<br />
judaicas do país. E, conclamou ‘ju<strong>de</strong>us e católicos<br />
a que conheçam melhor um ao outro’.<br />
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(com informações das<br />
agências AP, Reuters, A�P,<br />
E�E, jornais Alef na internet,<br />
Jerusalem Post, Haaretz e IG)<br />
Yossi Groisseoign<br />
Para o presi<strong>de</strong>nte do Conselho Central dos<br />
Ju<strong>de</strong>us na Alemanha, Paul Spiegel, este foi<br />
um sinal ‘esperançoso’ <strong>de</strong>monstrando ‘que<br />
estamos verda<strong>de</strong>iramente no caminho <strong>de</strong> um<br />
entendimento entre as religiões’. O papa foi<br />
recebido pelo rabino-chefe Netanel Teitelbaum<br />
e outros li<strong>de</strong>res ju<strong>de</strong>us, visitou o<br />
memorial do Holocausto, e advertiu que ‘por<br />
<strong>de</strong>sgraça’ atualmente estão ressurgindo sinais<br />
<strong>de</strong> anti-semitismo e hostilida<strong>de</strong> generalizada<br />
aos estrangeiros’. Con<strong>de</strong>nou duramente<br />
o nazismo que qualificou <strong>de</strong> ‘<strong>de</strong>mência<br />
i<strong>de</strong>ológica racista’, reiterando seu <strong>de</strong>sejo<br />
<strong>de</strong> melhorar as relações da Igreja Católica<br />
com o povo ju<strong>de</strong>u. (EFE).<br />
Recursos da ONU em propaganda<br />
política palestina<br />
A B’nai B’rith Internacional reclamou a<br />
Kemel Dervis, coor<strong>de</strong>nador do Programa <strong>de</strong><br />
Desenvolvimento das Nações Unidas –<br />
UNDP, contra o uso <strong>de</strong> recursos do Programa<br />
<strong>de</strong> Assistência ao Povo Palestino (PAPP)<br />
para financiar a propaganda política palestina<br />
incluindo camisetas e a<strong>de</strong>sivos com<br />
o slogan: ‘Hoje Gaza, amanhã a Cisjordânia<br />
e Jerusalém’. (This Week/BBI).<br />
USP prepara Museu da Tolerância<br />
Primeira instituição do gênero na América<br />
Latina, o Museu da Tolerância será construído<br />
na USP, com inauguração prevista<br />
para final <strong>de</strong> 2006. Anita Novinsky, uma<br />
das i<strong>de</strong>alizadoras do projeto LEI — Laboratório<br />
<strong>de</strong> Estudos contra a Intolerância,<br />
relata que o museu terá espaço para exposições,<br />
um acervo do Centro <strong>de</strong> Estudos<br />
-10 mil microfilmes sobre a Inquisição,<br />
entre outros e um auditório. Será um museu-escola<br />
semelhante ao Centro Simon<br />
Wiesenthal, em Los Angeles (EUA), e ao<br />
novo Museu da Tolerância <strong>de</strong> Jerusalém (Israel).<br />
‘O nosso foco é educacional. Queremos<br />
que alunos da re<strong>de</strong> pública e privada<br />
tenham contato com técnicas novas para<br />
museus e sejam conscientes do abuso contra<br />
os direitos humanos. Que aprendam a<br />
não tolerar o intolerável’, enfatiza Anita<br />
Novinsky. O LEI tem como diretora executiva<br />
a professora Maria Luiza Tucci Carneiro.<br />
Museu da Tolerância II<br />
Alguns temas na seção permanente do museu<br />
serão: Inquisição, escravidão, massacre<br />
<strong>de</strong> colonizadores europeus contra indígenas<br />
e o Holocausto. ‘O <strong>de</strong>staque para o Holocausto<br />
vem do seu ineditismo como uma<br />
política <strong>de</strong> Estado que tinha como meta o<br />
completo extermínio <strong>de</strong> um povo’, avalia<br />
Novinsky, e mais, ‘os nazistas não só combatiam<br />
os ju<strong>de</strong>us, como também perseguiram<br />
os homossexuais, os paraplégicos, os ciganos,<br />
os artistas consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong>generados,<br />
entre outros’. A B’nai B’rith do Brasil <strong>de</strong>senvolve<br />
em parceria com o LEI, o ‘Programa<br />
Ju<strong>de</strong>u no Século 21’, que insere Encontros<br />
Temáticos para professores sobre temas como<br />
‘Presença dos ju<strong>de</strong>us na formação do Brasil`<br />
e `Educando para a cidadania e <strong>de</strong>mocracia`.<br />
(Folha <strong>de</strong> S.Paulo/Uol).<br />
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Anti-semitas tumultuam show<br />
VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />
A cantora francesa Shirel, judia <strong>de</strong> 27 anos,<br />
foi agredida verbalmente com vaias, assobios<br />
e gritos <strong>de</strong> ‘morte aos ju<strong>de</strong>us’ durante<br />
um concerto beneficente na estação <strong>de</strong><br />
trem <strong>de</strong> Macon, ao norte <strong>de</strong> Lyon, na França,<br />
enquanto cantava sua versão <strong>de</strong> “Jerusalém”,<br />
uma das músicas <strong>de</strong> seu primeiro<br />
disco. Jovens anti-semitas iniciaram a<br />
manifestação que terminou em um distúrbio<br />
e no encerramento do evento organizado<br />
pela primeira dama francesa Berna<strong>de</strong>tte<br />
Chirac. Segundo Shirel, este foi “um<br />
episódio a mais entre as centenas <strong>de</strong> inci<strong>de</strong>ntes<br />
anti-semitas que ocorrem na França.<br />
Hoje em dia, chamar alguém <strong>de</strong> ‘ju<strong>de</strong>u<br />
imundo’ é parte da linguagem do dia-a-dia<br />
na França. É muito difícil ser judia em meu<br />
país”. (Mídia <strong>Judaica</strong> In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte).<br />
Israel e Paquistão iniciam relações<br />
O ministro das Relações Exteriores <strong>de</strong> Israel,<br />
Silvan Shalom, encontrou-se com seu<br />
colega, o ministro das Relações Exteriores<br />
do Paquistão, Khurshid Kasuri, dia 1º <strong>de</strong><br />
setembro, em Istambul. Foi uma primeira<br />
reunião histórica entre os dois países e<br />
Shalom <strong>de</strong>clarou na ocasião, esperar que<br />
seja o começo <strong>de</strong> um relacionamento benéfico<br />
e mútuo entre o Paquistão e Israel.<br />
'Reuniões como essa' — <strong>de</strong>clarou Shalom<br />
— 'são uma fonte <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> encorajamento<br />
e esperança para o povo israelense', acrescentando<br />
que 'através <strong>de</strong> nossos esforços<br />
somos capazes <strong>de</strong> abrir novos canais <strong>de</strong><br />
diálogo e construir a compreensão entre<br />
nós e todos os povos do mundo, incluindo<br />
as nações muçulmanas'. Continuando, afirmou<br />
que 'tais contatos ajudam a fortalecer<br />
os mo<strong>de</strong>rados do lado palestino, os que<br />
reconhecem que o diálogo e aceitação <strong>de</strong>vem<br />
sempre ser preferidos, ao invés do<br />
ódio, terrorismo e extremismo'. (Embaixada<br />
<strong>de</strong> Israel).<br />
Musharraf com ju<strong>de</strong>us dos EUA<br />
O presi<strong>de</strong>nte do Paquistão, Pervez Musharraf<br />
falará aos ju<strong>de</strong>us dos EUA numa iniciativa<br />
pouco usual para um lí<strong>de</strong>r <strong>de</strong> uma<br />
nação muçulmana. O discurso será em um<br />
jantar em Nova York, organizado pelo<br />
‘Conselho do Judaísmo Mundial’ do Conselho<br />
Judaico Norte-Americano (AJC).<br />
‘Alguém tem que romper o gelo, <strong>de</strong> modo<br />
que muçulmanos, ju<strong>de</strong>us e outras religiões<br />
possam ter um diálogo e por fim às<br />
confrontações entre si’, disse Jack Rosen,<br />
presi<strong>de</strong>nte do AJC. ‘Se ele se dispôs<br />
a fazê-lo, vamos lhe dar espaço para<br />
isso’. Em maio, Rosen acompanhado por<br />
outros dois membros do Conselho se encontraram<br />
com o presi<strong>de</strong>nte Musharraf,<br />
em Islamabad para fazer o convite, que<br />
o lí<strong>de</strong>r muçulmano aceitou. (JTA).<br />
In<strong>de</strong>pendência do Brasil com carnaval<br />
A Embaixada do Brasil em Israel <strong>de</strong>cidiu<br />
romper os padrões diplomáticos mais tradicionais<br />
e celebrar a in<strong>de</strong>pendência brasileira<br />
com um carnaval <strong>de</strong> rua em Tel-Aviv.<br />
O evento incluiu <strong>de</strong>sfile similar ao que acontece<br />
no sambódromo do Rio, com <strong>de</strong>zenas<br />
<strong>de</strong> dançarinos brasileiros <strong>de</strong> folclore e samba,<br />
além <strong>de</strong> capoeiristas. (Jornal Alef)<br />
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Ju<strong>de</strong>us na In<strong>de</strong>pendência<br />
17<br />
O dia 7 <strong>de</strong> Setembro foi marcado pelos<br />
<strong>de</strong>sfiles militares. No Rio <strong>de</strong> Janeiro os excombatentes<br />
da FEB e <strong>de</strong> nações amigas<br />
foram os mais aplaudidos. Entre os veteranos,<br />
ju<strong>de</strong>us e presi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> ex-combatentes como Gerald Goldstein,<br />
dos Estados Unidos; capitão tenente da Marinha<br />
Melquise<strong>de</strong>c Affonso <strong>de</strong> Carvalho, do<br />
Brasil; Akiba Levy, ex-combatente do Exército<br />
da França Livre do general De Gaulle;<br />
e Zygmunt Orlovski, ex-combatente do exército<br />
polonês do general An<strong>de</strong>rs, na Itália<br />
e Inglaterra. Desfilaram também membros<br />
da Associação dos ex-Integrantes do Batalhão<br />
Suez, que serviram na Força <strong>de</strong> Paz<br />
das Nações Unidas, na Faixa <strong>de</strong> Gaza entre<br />
1956 e 1967, os famosos Capacetes Azuis,<br />
que garantiram o armistício entre Israel e<br />
Egito. Ao lado <strong>de</strong>les, oficiais veteranos do<br />
CPOR/RJ, como o 1º tenente R/2 <strong>de</strong> Infantaria,<br />
Israel Zuckerman, e o 2º tenente R/2<br />
<strong>de</strong> Artilharia, Israel Blajberg. (B’nai B’rith).<br />
Gerald Goldstein, Melquise<strong>de</strong>c Affonso <strong>de</strong><br />
Carvalho e Zygmunt Orlovski<br />
Tel Aviv — São Paulo<br />
O primeiro vôo fretado (charter) da companhia<br />
aérea Arkia, <strong>de</strong> Israel, pousou<br />
há duas semanas na capital paulista. A<br />
empresa vai operar no trajeto Tel-Aviv/<br />
Salvador/São Paulo. Com 240 lugares,<br />
o vôo <strong>de</strong>ve aten<strong>de</strong>r principalmente a<br />
crescente <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> evangélicos que<br />
visitam a Terra Santa todos os anos.<br />
Iniciativa da agência israelense Genesis<br />
Tours, o preço estimado das passagens<br />
é <strong>de</strong> US$ 599. (agências).<br />
Ju<strong>de</strong>us chineses casam em Jerusalém<br />
Dois chineses que adotaram os nomes <strong>de</strong><br />
Shlomo e Dina Jin, que afirmaram ser <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes<br />
da comunida<strong>de</strong> judaica que existiu<br />
há 2 mil anos em Kaifeng, China, casaram-se<br />
em Jerusalém. Eles se converteram<br />
<strong>de</strong> acordo com a lei judaica Halachá<br />
(retorno), realizada pelo grão-rabinato <strong>de</strong><br />
Israel. Michael Freund, presi<strong>de</strong>nte da organização<br />
Shavei Israel disse: ‘<strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />
200 anos que a comunida<strong>de</strong> judaica <strong>de</strong><br />
Kaifeng <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> existir, dois <strong>de</strong> seus<br />
<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes se casam sob a lei judaica.<br />
Esse é o espírito in<strong>de</strong>strutível do povo ju<strong>de</strong>u<br />
e seu <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> regressar às suas raízes’.<br />
A filha dos Jins, que se converteu juntamente<br />
com seus pais, acaba <strong>de</strong> completar<br />
seu serviço voluntário no Hospital Shaarei<br />
Tze<strong>de</strong>k, <strong>de</strong> Jerusalém. Os ju<strong>de</strong>us chegaram<br />
à Kaifeng há mil anos. Em seu apogeu,<br />
sob a dinastia Ming (1368-1644), a<br />
comunida<strong>de</strong> tinha 5 mil membros. Em meados<br />
do século 19, <strong>de</strong>cresceu. Hoje, há cerca<br />
<strong>de</strong> 500 pessoas na cida<strong>de</strong> que a<strong>de</strong>riram<br />
à i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> judaica. (AJN/El Reloj/Jerusalem<br />
Post).
18<br />
VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />
s mo<strong>de</strong>rnos assentamentos israelenses<br />
na Faixa <strong>de</strong> Gaza foram<br />
retomados somente após<br />
a Guerra dos Seis Dias, em<br />
1967 – mas, mesmo com a <strong>de</strong>terminação<br />
da evacuação <strong>de</strong>sses<br />
assentamentos, as raízes judaicas são<br />
mais profundas nessa faixa arenosa<br />
<strong>de</strong> terra on<strong>de</strong> o Egito, Israel e o Mar<br />
Mediterrâneo se encontram.<br />
As opiniões divergem quanto ao<br />
fato <strong>de</strong> estar a Faixa <strong>de</strong> Gaza incluída,<br />
ou não, na chamada Terra <strong>de</strong> Israel,<br />
dominada pelos israelitas ancestrais<br />
da Bíblia.<br />
Uma das sinagogas <strong>de</strong>struídas pelos palestinos em Gaza tinha o<br />
formato da estrela <strong>de</strong> Davi<br />
Gaza é parte da Terra <strong>de</strong> Israel?<br />
Depen<strong>de</strong> <strong>de</strong> quem é perguntado...<br />
Dina Kraft *<br />
Sansão é o único israelita bíblico<br />
célebre por ter colocado os pés<br />
ali. No século XVII, o falso messias<br />
Shabbatai Zevi levou má reputação<br />
à área, ao iniciar seu movimento<br />
naquela costa litorânea.<br />
Após um acirrado <strong>de</strong>bate, o Knesset<br />
votou, ano passado, pelo <strong>de</strong>sengajamento<br />
unilateral da Faixa <strong>de</strong> Gaza<br />
e pela evacuação <strong>de</strong> aproximadamente<br />
9.000 colonos ju<strong>de</strong>us que viviam<br />
ali em assentamentos estilo “suburbano”,<br />
on<strong>de</strong> vastas plantações e parques<br />
<strong>de</strong> diversão eram protegidos por<br />
cercas <strong>de</strong> arame e postos militares.<br />
A população assentada é cercada<br />
pelo 1,3 milhão <strong>de</strong> palestinos que<br />
vivem na região <strong>de</strong>nsamente povoada,<br />
<strong>de</strong> 25 milhas <strong>de</strong> comprimento<br />
(pouco mais <strong>de</strong> 40 quilômetros) por<br />
apenas 6 milhas <strong>de</strong> largura (pouco<br />
menos <strong>de</strong> 10 quilômetros).<br />
Nos tempos bíblicos, Gaza fazia<br />
parte da Terra Prometida por D-us aos<br />
ju<strong>de</strong>us – mas nunca foi parte da terra<br />
efetivamente conquistada e habitada<br />
por eles, segundo Nili Wazana,<br />
uma conferencista sobre Estudos Bíblicos<br />
e História do Povo Ju<strong>de</strong>u da<br />
Universida<strong>de</strong> Hebraica.<br />
Wazana, que atualmente escreve<br />
um livro sobre as fronteiras bíblicas<br />
da Terra <strong>de</strong> Israel, diz que as referências<br />
à Faixa <strong>de</strong> Gaza são contraditórias<br />
na Bíblia. Uma passagem em Juízes<br />
– freqüentemente citada pelos<br />
colonos ju<strong>de</strong>us e seus <strong>de</strong>fensores –<br />
diz que a tribo <strong>de</strong> Judá assumiu o<br />
controle da região. Mas outras estórias<br />
bíblicas contradizem tal afirmação<br />
– o que é inclusive comum ocorrer<br />
na Bíblia, segundo ela.<br />
“Sobre quase tudo, você vai encontrar<br />
[na Bíblia] uma certa opinião<br />
e também uma opinião oposta.<br />
Não se trata <strong>de</strong> um texto homogêneo.<br />
Ela não foi toda escrita ao<br />
mesmo tempo e ali aparecem i<strong>de</strong>ologias<br />
contraditórias”, afirma Wazana.<br />
“A questão <strong>de</strong> Gaza é um dos<br />
pontos sobre os quais encontramse<br />
diferentes opiniões.”<br />
A maioria dos israelenses não vê<br />
razões históricas ou estratégicas para<br />
permanecer em Gaza. Mas para Yigal<br />
Kamietsky, o rabino <strong>de</strong> Gush Katif, o<br />
principal bloco <strong>de</strong> assentamentos da<br />
região, a Faixa <strong>de</strong> Gaza é parte integrante<br />
da Israel bíblica.<br />
“Gaza é parte da Terra <strong>de</strong> Israel,<br />
tanto quanto Tel Aviv e Bnei Brak”,<br />
ele afirma. “Não há dúvida <strong>de</strong> que<br />
seja parte <strong>de</strong> nossas fronteiras.” O<br />
rabino afirma não apenas que assentar-se<br />
ali era uma mitzvá, mas também<br />
que “se não estivéssemos lá, não<br />
estou certo <strong>de</strong> que o Estado <strong>de</strong> Israel<br />
ainda existiria.”<br />
Kamietsky diz que os ju<strong>de</strong>us dos<br />
assentamentos <strong>de</strong> Gaza atuavam como<br />
um “pára-raio” para aqueles ju<strong>de</strong>us<br />
que vivem <strong>de</strong>ntro das fronteiras pré-<br />
1967 <strong>de</strong> Israel. De fato, alguns oficiais<br />
israelenses temem que, uma vez<br />
que as tropas e os colonos tenham<br />
saído da área, os terroristas palestinos<br />
venham a concentrar-se na fabricação<br />
<strong>de</strong> foguetes que possam atingir<br />
a cida<strong>de</strong> israelense <strong>de</strong> Ashkelon,<br />
ao norte da Faixa <strong>de</strong> Gaza.<br />
Kamietsky ressalta que, historicamente,<br />
Gaza se viu inúmeras vezes<br />
como área <strong>de</strong> disputa <strong>de</strong> guerras.<br />
“Historicamente, Gaza sempre foi<br />
mais problemática”, diz o rabino,<br />
referindo-se aos lendários inimigos<br />
dos israelitas, os navegadores filisteus,<br />
que controlavam a região nos<br />
tempos bíblicos.<br />
O único período em que os ju<strong>de</strong>us<br />
parecem ter tido a soberania<br />
sobre Gaza foi durante o governo dos<br />
hasmoneus, quando o rei ju<strong>de</strong>u Yochanan<br />
– <strong>de</strong> quem Judá, o Macabeu,<br />
era irmão – dominou a área, no ano<br />
145 da Era Comum.<br />
Haggai Huberman – que tem dissertado<br />
longamente sobre a história<br />
da colonização judaica em Gaza através<br />
dos séculos, e atualmente vem<br />
escrevendo a história dos ju<strong>de</strong>us em<br />
Gush Katif – sustenta que os ju<strong>de</strong>us<br />
que ali viveram sempre se consi<strong>de</strong>raram<br />
moradores da Terra <strong>de</strong> Israel.<br />
Ele afirma que os ju<strong>de</strong>us vêem<br />
vivendo e saindo <strong>de</strong> Gaza <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />
época do governo romano, sendo que<br />
a colonização segue um padrão <strong>de</strong><br />
expulsão, durante os tempos <strong>de</strong> guerra<br />
e conquista, e <strong>de</strong> retorno, durante<br />
períodos mais pacíficos. As ruínas <strong>de</strong><br />
uma antiga sinagoga encontrada em<br />
Gaza datam aproximadamente do ano<br />
508 da Era Comum. Seu piso em mosaico,<br />
escavado por arqueólogos, encontra-se<br />
hoje exposto no Museu <strong>de</strong><br />
Israel, em Jerusalém.<br />
Conta-se que uma gran<strong>de</strong> comunida<strong>de</strong><br />
judaica teria vivido na região<br />
quando os muçulmanos a invadiram<br />
no século VII. Os ju<strong>de</strong>us eram<br />
conhecidos por sua ativida<strong>de</strong> agricultora<br />
e pela produção <strong>de</strong> vinho em<br />
seus vastos vinhedos.<br />
Depois da Inquisição espanhola,<br />
em 1492, alguns ju<strong>de</strong>us espanhóis e<br />
portugueses fugiram para Gaza. Eles<br />
abandonaram a região quando ela foi<br />
invadida pelo exército <strong>de</strong> Napoleão,<br />
mas retornaram mais tar<strong>de</strong>, no começo<br />
dos anos 1800.<br />
Quando a primeira onda <strong>de</strong> colonos<br />
sionistas chegou à região, no<br />
final do século XIX, um grupo <strong>de</strong> 50<br />
famílias mudou-se para a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Gaza. De acordo com Huberman, eles<br />
estabeleceram relações amistosas<br />
com os árabes locais.<br />
Esses colonos ali ficaram até que<br />
foram expulsos em 1914 – junto com<br />
toda a população árabe <strong>de</strong> Gaza –<br />
pelos turcos otomanos, durante a<br />
Primeira Guerra Mundial. Os ju<strong>de</strong>us<br />
retornaram em 1920. Mas as tensões<br />
* Dina Kraft é repórter e correspon<strong>de</strong>nte da JTA (Jewish Telegraph Agency) em Israel. Baseada em Tel Aviv, ela cobre uma<br />
extensa gama <strong>de</strong> assuntos por trás das manchetes, incluindo temas <strong>de</strong> Israel e Diáspora e tendências econômicas e sociais.<br />
Antes da JTA ela trabalhou Associated Press durante mais <strong>de</strong> seis anos, primeiro no escritório <strong>de</strong> Jerusalém e <strong>de</strong>pois no <strong>de</strong><br />
Johanesburgo, cobrindo a África do Sul. Ela já fez reportagens não só através da África como também do Paquistão, da Turquia<br />
e da Jordânia. Artigo publicado em www.jta.org – dia 3.8.2005. Tradução: Gisella Gonçalves.<br />
começaram a se intensificar com o<br />
nascimento dos nacionalismos árabe<br />
e ju<strong>de</strong>u, e as relações com os árabes<br />
locais começaram a se <strong>de</strong>teriorar,<br />
afirma Huberman.<br />
A maior presença judaica em Gaza<br />
às vésperas da Guerra <strong>de</strong> In<strong>de</strong>pendência<br />
<strong>de</strong> Israel, em 1948, estava em um<br />
kibbutz chamado Kfar Darom, criado<br />
em 1946. Ele foi evacuado durante a<br />
guerra e foi um dos primeiros locais a<br />
serem recolonizados pelos ju<strong>de</strong>us <strong>de</strong>pois<br />
<strong>de</strong> 1967. Inicialmente habitado<br />
por soldados israelenses da brigada<br />
Nahal, pouco tempo <strong>de</strong>pois Kfar Darom<br />
expandiu-se e tornou-se um dos<br />
vários assentamentos civis estabelecidos<br />
nos anos 1970, quando o movimento<br />
colonizador ganhou força.<br />
Qualquer tentativa <strong>de</strong> menosprezar<br />
as raízes judaicas na Faixa <strong>de</strong> Gaza “é<br />
parte <strong>de</strong> uma tentativa <strong>de</strong> se divulgar<br />
a <strong>de</strong>sinformação”, afirma Eran Steinberg,<br />
um porta-voz dos assentamentos<br />
<strong>de</strong> Gush Katif.<br />
Por sua vez, Wazana afirma que<br />
os atuais disputas territoriais são<br />
semelhantes àquelas encontradas na<br />
Bíblia. “Descrições <strong>de</strong> fronteiras refletiam<br />
diferentes i<strong>de</strong>ologias até<br />
mesmo naquela época”, segundo ela.<br />
“As pessoas colocavam palavras na<br />
boca <strong>de</strong> D-us mesmo nos tempos bíblicos.<br />
Se você tem uma i<strong>de</strong>ologia,<br />
certamente encontrará as palavras<br />
certas para apoiá-la.”<br />
Aqueles que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m que Gaza<br />
não faz parte da bíblica Terra <strong>de</strong><br />
Israel alegam o fato <strong>de</strong> que os ju<strong>de</strong>us<br />
ortodoxos têm permissão <strong>de</strong><br />
consumir os produtos agrícolas cultivados<br />
na Faixa <strong>de</strong> Gaza durante o<br />
shmit – o sétimo ano (ou ano sabático),<br />
quando frutas e vegetais não<br />
po<strong>de</strong>m ser cultivados na Terra <strong>de</strong> Israel,<br />
<strong>de</strong> acordo com a lei judaica.<br />
Mas Kamietsky diz que é permitido<br />
o consumo <strong>de</strong> produtos da Faixa<br />
<strong>de</strong> Gaza durante esse período porque,<br />
ainda que ela seja tão “sagrada”<br />
quanto o resto da Terra <strong>de</strong> Israel, ela<br />
não era uma região colonizada durante<br />
o período do Segundo Templo,<br />
quando os ju<strong>de</strong>us retornaram <strong>de</strong> seu<br />
exílio na Babilônia.
Hoje terminou mais um capítulo do<br />
longo e complexo conflito entre Israel<br />
e os palestinos, representados, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
os Acordos <strong>de</strong> Oslo, pela Autorida<strong>de</strong> Palestina.<br />
Todos nós fomos testemunhas,<br />
e a televisão nos fez até partícipes, da<br />
dolorosa evacuação <strong>de</strong> homens, mulheres<br />
e crianças, jovens e velhos, religiosos<br />
na sua maioria, mas também laicos,<br />
<strong>de</strong> seus lares. Em artigo anterior<br />
expressei a minha opinião sobre a evacuação<br />
e o perigo para a <strong>de</strong>mocracia<br />
se esta resolução das instituições eleitas<br />
em escrutínio popular <strong>de</strong>mocrático<br />
não fosse cumprida. Hoje, po<strong>de</strong>mos nos<br />
regozijar com a vitória da única <strong>de</strong>mocracia<br />
existente na região, que uma vez<br />
mais <strong>de</strong>monstrou a sua força e sua <strong>de</strong>terminação.<br />
O regozijo, entretanto, não<br />
po<strong>de</strong> ofuscar o sofrimento, a dor, a frustração<br />
e a tragédia, individual, familiar<br />
e coletiva, que essa população passou.<br />
Às vezes tivemos a impressão <strong>de</strong><br />
estarmos beirando uma guerra civil ou<br />
outros atos <strong>de</strong>svairados <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong><br />
e <strong>de</strong> indivíduos frustrados, à<br />
beira do <strong>de</strong>sespero. Evacuadores e evacuados<br />
tiveram <strong>de</strong> engolir sapos, cerrar<br />
<strong>de</strong>ntes, mor<strong>de</strong>r línguas, tapar os<br />
ouvidos, enxugar os olhos, <strong>de</strong>sfazer nós<br />
das gargantas e seguir adiante. A<br />
consciência <strong>de</strong> que a imposição tinha<br />
<strong>de</strong> ser cumprida, e <strong>de</strong> que ela era inevitável,<br />
fez com que todos se contivessem,<br />
e mesmo o punhado <strong>de</strong> incitadores<br />
preparados e infiltrados, não<br />
encontraram a repercussão esperada,<br />
e tiveram <strong>de</strong> se contentar com atos <strong>de</strong><br />
insurreição simbólicos.<br />
Após a dolorosa evacuação dos vivos,<br />
a não menos triste evacuação dos<br />
mortos, o traslado dos restos mortais<br />
daqueles que tinham encontrado naquelas<br />
terras o seu <strong>de</strong>scanso eterno.<br />
A dor das famílias, companheiros e<br />
amigos, que tiveram que enterrar pela<br />
segunda vez seus entes queridos<br />
como dilacerar uma ferida que mal conseguiu<br />
cicatrizar.<br />
E a implacável transformação <strong>de</strong> florescentes<br />
al<strong>de</strong>ias em montes <strong>de</strong> ruínas e<br />
escombros. Sonhos que se transformaram<br />
em brumas, i<strong>de</strong>ais em areia, realida<strong>de</strong><br />
em lembranças. E, por fim, a difícil<br />
<strong>de</strong>cisão sobre a sorte das sinagogas.<br />
Destruí-las pelas próprias mãos ou <strong>de</strong>ixá-las<br />
à mercê <strong>de</strong> vândalos que somente<br />
reconhecem a sua própria “santida<strong>de</strong>”<br />
(que está acima da própria encarnação<br />
da santida<strong>de</strong>, que é a vida), sendo a<br />
dos outros <strong>de</strong>sprezível e <strong>de</strong>strutível.<br />
Uma cerimônia simples, algumas<br />
palavras sentidas e esperançosas, o<br />
baixar e dobrar da ban<strong>de</strong>ira azul e<br />
branca, e o cantar do hino nacional<br />
(Hatikva) pôs fim a este difícil e doído<br />
capítulo. Na Faixa <strong>de</strong> Gaza, o sol <strong>de</strong> ama-<br />
E agora?<br />
Markin Tu<strong>de</strong>r*<br />
nhã iluminará somente as cabeças dos<br />
moradores palestinos.<br />
E agora?<br />
Como numa partida <strong>de</strong> xadrês, o próximo<br />
lance é do outro contendor, e este<br />
lance <strong>de</strong>terminará o <strong>de</strong>senrolar da partida.<br />
Diferente <strong>de</strong> uma partida comum<br />
<strong>de</strong> xadrês, nesta há um xeque permanente,<br />
on<strong>de</strong> o Rei é a Paz. Um <strong>de</strong>scuido<br />
<strong>de</strong> uma das partes (como suce<strong>de</strong>u<br />
várias vezes no passado), um lance mal<br />
pensado, colocará a Paz em xeque-mate,<br />
e o jogo estará perdido. Perdido, para<br />
ambos os lados, pois nesta contenda<br />
não há vencedor e vencido. Ou ambos<br />
ganham, ou ambos per<strong>de</strong>m. Esta sutil<br />
diferença entre os dois tipos <strong>de</strong> jogo<br />
começa a tornar-se cada vez mais clara,<br />
e os contendores estão tomando<br />
consciência <strong>de</strong>la. Após o quase heróico<br />
lance do Sharon, que po<strong>de</strong> vir a<br />
custar-lhe a própria posição e carreira,<br />
Abu Mazen, presi<strong>de</strong>nte da Autorida<strong>de</strong><br />
Palestina, não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>cepcionar. Todos<br />
os olhos no mundo estão voltados<br />
para ele. É a sua oportunida<strong>de</strong> (talvez<br />
a <strong>de</strong>cisiva, a última) <strong>de</strong> impor a sua<br />
autorida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar quem dá as<br />
or<strong>de</strong>ns. É a sua vez <strong>de</strong> <strong>de</strong>sarmar todos<br />
os grupos militares ou para-militares<br />
(terroristas) e criar um exército unificado<br />
e uma polícia única que obe<strong>de</strong>çam<br />
as or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> um único comando.<br />
Esse comando militar tem que estar sujeito<br />
às resoluções do po<strong>de</strong>r civil, representante<br />
da maioria obtida em eleições<br />
gerais livres, ou seja, subordinado<br />
à Autorida<strong>de</strong> Palestina e a seu Presi<strong>de</strong>nte.<br />
Agora não há a quem culpar,<br />
omitindo-se <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>s.<br />
Adotar uma política <strong>de</strong> reconhecimento<br />
mútuo dos dois povos, e <strong>de</strong> resolução<br />
das divergências e dos problemas<br />
em mesas <strong>de</strong> discussões, e não através<br />
<strong>de</strong> ameaças e <strong>de</strong> bombas. Resolver<br />
em conjunto os problemas <strong>de</strong> água, <strong>de</strong><br />
energia, <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento regional,<br />
<strong>de</strong> trabalho e emprego, <strong>de</strong> meio<br />
ambiente e <strong>de</strong> reservas naturais, <strong>de</strong> comércio<br />
bi-lateral e internacional, e então,<br />
<strong>de</strong> fronteiras concordadas e internacionalmente<br />
reconhecidas, a estruturação<br />
da confiança mútua entre<br />
os povos, finalizando a campanha <strong>de</strong><br />
diabolização dos ju<strong>de</strong>us, estabelecimento<br />
<strong>de</strong> relações culturais e <strong>de</strong> turismo,<br />
educando a nova geração para o<br />
convívio e a tolerância, e não para o<br />
ódio e a rejeição. Então, estará aberto<br />
o caminho para a paz, para a coexistência<br />
entre os dois povos, o palestino<br />
em seu Estado palestino, os ju<strong>de</strong>us<br />
em seu Estado <strong>de</strong> Israel.<br />
A alternativa é a continuação da<br />
miséria do povo palestino e do sofrimento<br />
da população <strong>de</strong> Israel. O relógio<br />
está batendo. A jogada é sua.<br />
VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />
Israel sem Gaza<br />
A evacuação dos estabelecimentos judaicos<br />
na Faixa <strong>de</strong> Gaza e Norte da Samaria terminou,<br />
e torna-se necessário fazer algumas<br />
reflexões a fato cumprido.<br />
Antes <strong>de</strong> mais nada, há que assinalar com<br />
alívio que a operação foi levada a cabo sem<br />
violência e sem vítimas, e os fatos noticiados<br />
<strong>de</strong> oposição mais ferrenha e protesto ruidoso<br />
visavam ao que parece mais a sensação jornalística<br />
do que qualquer tentativa <strong>de</strong> mudar o<br />
andamento das coisas.<br />
Neste aspecto, há que dizer palavras <strong>de</strong><br />
louvor aos soldados e policiais (acorridos ao<br />
local totalmente <strong>de</strong>sarmados, mas em quantida<strong>de</strong><br />
numérica consi<strong>de</strong>rável – o que eliminava<br />
qualquer ilusão <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sfecho diferente do<br />
que se <strong>de</strong>u). E não é <strong>de</strong>mais constatar que<br />
mais uma vez, e a <strong>de</strong>speito do cinismo internacional,<br />
Israel <strong>de</strong>u uma lição <strong>de</strong> civilida<strong>de</strong> e<br />
maturida<strong>de</strong>, que muito raros são os países que<br />
a teriam imitado em hipotéticas semelhantes<br />
circunstâncias. O comportamento das forças foi<br />
exemplarmente tolerante e comedido, reagindo<br />
às ofensas verbais e físicas com calma e<br />
silêncio, e ignorando com paciência e compreensão<br />
o comportamento dos opositores.<br />
Estes se classificavam em duas categorias:<br />
os verda<strong>de</strong>iros moradores dos assentamentos,<br />
e os ativistas radicais acorridos “em reforço”.<br />
Os primeiros, em verda<strong>de</strong>, assimilaram em sua<br />
maioria, já antes da execução concreta, a irreversibilida<strong>de</strong><br />
da <strong>de</strong>cisão. E se conformaram com<br />
amargura mas com senso <strong>de</strong> realida<strong>de</strong> à mudança.<br />
Os segundos eram em geral jovens <strong>de</strong><br />
idéias extremistas, que penetraram mais ou<br />
menos clan<strong>de</strong>stinamente nos assentamentos<br />
dias antes da evacuação, com a meta específica<br />
<strong>de</strong> atrapalhar a ação dos militares e criar<br />
uma atmosfera <strong>de</strong> violência que pu<strong>de</strong>sse ter<br />
largo eco na mídia.<br />
Outro fenômeno que merece ser observado<br />
e analisado é o da atuação das li<strong>de</strong>ranças do<br />
movimento anti-evacuação. Em primeiro lugar<br />
os rabinos, donos <strong>de</strong> vasta influência junto à<br />
população visada, e mais ainda junto aos jovens<br />
ativistas e junto aos dirigentes políticos.<br />
Ficou claro o absoluto fracasso e a absoluta<br />
inconsequência dos pronunciamentos categóricos<br />
apoiados em suposta interpretação bíblica.<br />
Não é este o lugar apropriado para fazer<br />
consi<strong>de</strong>rações mais amplas sobre os próprios<br />
conceitos da verda<strong>de</strong> messiânica – que para<br />
uns são fé indiscutível, ao passo que para outros<br />
são nada mais do que obsoletas e anacrônicas<br />
ilusões. O que, sim, <strong>de</strong>ve ser dito é que<br />
estes rabinos extremistas (<strong>de</strong>ntre os quais se<br />
contam não poucos mantidos pelos cofres públicos)<br />
traíram a imagem infalível e vestida <strong>de</strong><br />
uma aura ética “a toda prova” com que se<br />
apresentavam a seu rebanho.<br />
Igualmente, fracasso é o que recolheu a<br />
li<strong>de</strong>rança política. Incitada talvez pelos mesmos<br />
pronunciamentos rabínicos, ela conduziu<br />
seu público na cegueira a uma crença irreal<br />
alimentada até ao último na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
mudar o fluxo dos acontecimentos.<br />
Com isto, sobre ela (e só sobre ela) recai a<br />
19<br />
Vittorio Corinaldi*<br />
responsabilida<strong>de</strong> pelo estado <strong>de</strong> provisorieda<strong>de</strong><br />
em que se viram jogados muitos dos<br />
habitantes evacuados, incitados pela dirigência<br />
a não recorrer aos auxílios generosos que<br />
se ofereceram já há meses, e que teríam<br />
seguramente diminuído o sofrimento material,<br />
mesmo que não a frustração espiritual<br />
do <strong>de</strong>staque.<br />
Não tem cabimento a imagem que se procura<br />
criar, <strong>de</strong> pobres refugiados <strong>de</strong>ixados à intempérie:<br />
na verda<strong>de</strong> trata-se <strong>de</strong> pessoas que<br />
tiveram sim que abandonar bens e proprieda<strong>de</strong>s<br />
(angariados não só, mas também graças a<br />
benefícios e incentivos <strong>de</strong> que gozaram por<br />
longos anos), mas que serão condignamente<br />
in<strong>de</strong>nizadas e apoiadas em seu caminho <strong>de</strong><br />
reestabelecimento, numa medida <strong>de</strong> que nenhum<br />
outro grupo social no país gozou até hoje.<br />
Igualmente sobre os ombros dos rabinos e<br />
dos políticos do “Sionismo Religioso” está a<br />
responsabilida<strong>de</strong> pelo uso revoltante e obceno<br />
que se fez dos símbolos e da memória do Holocausto,<br />
num absurdo e malvado paralelo com<br />
a mais trágica página da história judaica, e<br />
numa in<strong>de</strong>cente comparação entre os algozes<br />
nazistas e os soldados israelenses em cumprimento<br />
pacífico da missão <strong>de</strong>mocraticamente a<br />
eles imposta.<br />
Também revoltante é o apelo aos soldados<br />
<strong>de</strong> não acatarem as or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> seus comandantes<br />
no que tocasse a evacuação: apelo que<br />
se <strong>de</strong>monstrou estéril, pois o número <strong>de</strong> renitentes<br />
entre as tropas foi irrisório.<br />
Finalmente, não se po<strong>de</strong> ignorar o comportamento<br />
ambíguo <strong>de</strong> uma parte dos ministros<br />
do governo e dos <strong>de</strong>putados da Knesset: sem a<br />
coragem <strong>de</strong> levar suas convicções i<strong>de</strong>ológicas<br />
até à conseqüência da <strong>de</strong>missão, eles se entrincheiram<br />
num jogo <strong>de</strong> palavras e interpretações<br />
que lhes conservem a ca<strong>de</strong>ira oficial e ao<br />
mesmo tempo os possam apresentar como opositores<br />
quando o momento político favorecer um<br />
pretenso antagonismo às <strong>de</strong>cisões encabeçadas<br />
por Sharon: coisa que po<strong>de</strong>rá se dar proximamente<br />
com um eventual adiantamento das eleições,<br />
se o Comitê Central do Likud (órgão populista<br />
<strong>de</strong> escassa compreensão dos verda<strong>de</strong>iros<br />
interesses a longo prazo do país) tomar <strong>de</strong>cisões<br />
contrárias à linha <strong>de</strong> Sharon.<br />
As consi<strong>de</strong>rações acima contradizem certamente<br />
as opiniões <strong>de</strong> uma parte do público<br />
judaico da Golá e <strong>de</strong> Israel. Mas a natureza da<br />
questão, os longos anos <strong>de</strong> conflito e os incontáveis<br />
sacrifícios que ele custou para ambos<br />
os lados, não permitem mais uma visão<br />
dogmática (seja ela <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ologia política ou <strong>de</strong><br />
concepção religiosa) do problema. E também<br />
não se justificam posições <strong>de</strong> interesse eleitoral<br />
ou prestígio pessoal estreito.<br />
Sharon, na ru<strong>de</strong> esquematicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua<br />
li<strong>de</strong>rança, <strong>de</strong>monstrou estar acima <strong>de</strong>stas coisas,<br />
e levou adiante um processo penoso mas<br />
inevitável. É preciso que este não se interrompa,<br />
e que bom senso e realismo (e não fanatismo<br />
ou sonho impossível) orientem os lí<strong>de</strong>res<br />
da Israel diferente que surgiu <strong>de</strong>pois da<br />
recente retirada. Se à sua frente continuar<br />
Sharon, o futuro o dirá.<br />
* Markin Tu<strong>de</strong>r é tradutor e vive em Tel Aviv, Israel *Vittorio Corinaldi é arquiteto e resi<strong>de</strong> em Tel Aviv, Israel.
20<br />
VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />
m período alegre é iniciado com<br />
a festa <strong>de</strong> Sucot, compensando<br />
o solene período <strong>de</strong> Rosh Hashaná<br />
e Iom Kipur.<br />
Há mitsvot nas quais utilizamos<br />
apenas algumas partes <strong>de</strong> nosso<br />
corpo, por exemplo: a mitsvá <strong>de</strong> tefilin,<br />
os filactérios, que envolvem o braço<br />
e a cabeça; tefilá, prece, envolve a<br />
mente e o coração e assim por diante.<br />
Em Sucot, temos uma mitsvá (preceito)<br />
singular, que é a construção <strong>de</strong> uma<br />
sucá; a única mitsvá que literalmente<br />
envolve a pessoa <strong>de</strong> corpo inteiro, com<br />
suas vestes materiais.<br />
A sucá nos lembra das Nuvens <strong>de</strong><br />
Glória que ro<strong>de</strong>aram nosso povo durante<br />
suas peregrinações pelo <strong>de</strong>serto a<br />
caminho da Terra Prometida. Todos então<br />
viram a especial proteção Divina,<br />
que D-us lhes conce<strong>de</strong>u durante aqueles<br />
anos difíceis. Mas embora as Nuvens<br />
<strong>de</strong> Glória <strong>de</strong>saparecessem no quadragésimo<br />
ano, na véspera da entrada<br />
na Terra <strong>de</strong> Israel, nunca cessamos <strong>de</strong><br />
acreditar que D-us nos dá Sua proteção,<br />
e esta é a razão <strong>de</strong> termos sobrevivido<br />
a todos nossos inimigos em todas<br />
as gerações.<br />
A sucá<br />
Para que o ju<strong>de</strong>u não se esqueça <strong>de</strong><br />
seu verda<strong>de</strong>iro propósito na vida, D-us,<br />
Sucot<br />
Acendimento das velas em <strong>Curitiba</strong>: 17/10 às 18h01 e 18/10 às 18h59<br />
em Sua infinita sabedoria e bonda<strong>de</strong>,<br />
nos faz <strong>de</strong>ixar nossas casas confortáveis<br />
nesta época, para habitar numa<br />
frágil sucá, cabana, por sete dias.<br />
A sucá nos lembra que confiamos<br />
em D-us para nossa proteção, pois a<br />
sucá não é nenhuma fortaleza, nem ao<br />
menos fornecendo um telhado sólido<br />
sobre nossa cabeça. Lembra-nos<br />
também <strong>de</strong> que<br />
a vida nesta terra é apenas<br />
temporária.<br />
As refeições na<br />
sucá<br />
Durante a festa <strong>de</strong> Sucot,<br />
os homens <strong>de</strong>vem comer<br />
diariamente numa<br />
sucá (cabana) especialmente<br />
construída para este fim. Nestes<br />
sete dias, não é permitido comer<br />
fora da sucá qualquer refeição que contenha<br />
pão ou massa. Há aqueles que<br />
não costumam beber nem ao menos um<br />
copo <strong>de</strong> água fora da sucá.<br />
Nos primeiros dois dias e noites da<br />
festa, o kidush, prece sobre o vinho,<br />
antece<strong>de</strong> a refeição. Nas duas primeiras<br />
noites, é obrigatório comer na sucá<br />
ao menos uma fatia <strong>de</strong> pão (além do<br />
kidush), mesmo que esteja chovendo.<br />
Nos outros dias, se chover, é permitido<br />
fazer as refeições <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa.<br />
Confiança em D-us<br />
Refletir sobre a sucá nos dá uma ampla<br />
visão do significado <strong>de</strong> fé em D-us e da<br />
extensão <strong>de</strong> Sua Divina Providência.<br />
Vamos para a sucá durante a Festa da<br />
Colheita <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> haver colhido o fruto<br />
dos campos.<br />
Se uma pessoa recebeu a bênção<br />
Divina e sua terra<br />
produziu com fartura,<br />
seus estoques e<br />
a<strong>de</strong>gas estão repletos,<br />
alegria e confiança<br />
preenchem seu espírito -<br />
aí a Torá a leva a abandonar<br />
a casa e residir<br />
em uma frágil sucá, para<br />
ensiná-la que nem riquezas,<br />
nem posses,<br />
nem terras são proteções na vida; somente<br />
D-us é que sustenta mesmo os<br />
que habitam em tendas e cabanas, e<br />
oferece uma proteção <strong>de</strong> confiança.<br />
E se alguém está empobrecido e seu<br />
trabalho não conheceu a bênção Divina;<br />
se a terra não <strong>de</strong>u o seu produto,<br />
se o fruto da árvore não foi armazenado<br />
em celeiros e se está incerto e temeroso<br />
ao encarar o perigo da fome<br />
nos dias <strong>de</strong> inverno que se aproximam,<br />
também encontrará repouso para seu<br />
espírito na sucá.<br />
Lembrará como D-us hospedou-nos<br />
em Sucot no <strong>de</strong>serto; nos sustentou<br />
e nos abasteceu, não nos <strong>de</strong>ixando<br />
faltar nada.<br />
A sucá o ensinará que a Divina Providência<br />
é segurança melhor do que<br />
qualquer bem material, pois não<br />
abandona os que verda<strong>de</strong>iramente crêem<br />
em D-us. A sucá o ensinará a ser<br />
forte e corajoso, feliz e tranqüilo,<br />
mesmo na aflição e na dificulda<strong>de</strong>.<br />
(www.chabad.org.br).
TURISMO<br />
Antônio Carlos Coelho *<br />
As festas <strong>de</strong> Rosh Hashaná e Iom<br />
Kipur fazem o número <strong>de</strong> visitantes<br />
aumentar significativamente em Israel.<br />
Muitos vão a Israel nessas ocasiões<br />
para passar com familiares essas<br />
importantes datas da vida judaica.<br />
O valor espiritual <strong>de</strong>ssas festas,<br />
por si só, já é suficientemente forte,<br />
mas em Israel, esse valor é potencializado.<br />
Po<strong>de</strong> parecer estranho afirmar<br />
que uma festa <strong>de</strong> caráter exclusivamente<br />
religioso tenha seu valor e significado<br />
potencializados pelo fato<br />
<strong>de</strong> se está num lugar específico. Afinal,<br />
o judaísmo, por contingências<br />
óbvias, tornou-se uma religião <strong>de</strong> caráter<br />
universal permitindo seu povo<br />
manter a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e unida<strong>de</strong> mesmo<br />
longe da pátria por tantos séculos.<br />
O ju<strong>de</strong>u precisa estar em sua terra<br />
para festejar suas datas e manter<br />
sua unida<strong>de</strong>? Não. A história nos dá<br />
provas disto. O judaísmo – religião –<br />
tradição – cultura – manteve-se intacto<br />
na sua pátria ou longe <strong>de</strong>la.<br />
Mesmo estando exilado, as orações,<br />
as festas, a literatura, mantiveram a<br />
alma judaica intimamente ligada a<br />
Israel por 20 séculos.<br />
Jerusalém<br />
Celebrar Rosh Hashaná e Iom Kipur<br />
em Israel, festas <strong>de</strong> caráter unicamente<br />
religioso, ganha uma dimensão<br />
especial. O sentido espiritual <strong>de</strong>ssas<br />
festas torna-se completo e isto<br />
ocorre porque se somam elementos<br />
fundamentais do judaísmo: o encontro<br />
com o Criador, o encontro com<br />
familiares e com a gran<strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>,<br />
reforçando assim, o sentido <strong>de</strong><br />
união e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, e, por fim, estar<br />
na Terra <strong>de</strong> Israel - sinal do pacto<br />
eterno celebrado entre D-us e seu<br />
Povo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os dias do Sinai. Nesses<br />
dias o ju<strong>de</strong>u integra em si tudo aquilo<br />
que vem proclamando todos os<br />
dias do ano: a crença e submissão<br />
amorosa ao D-us Único, a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />
e sua relação com Israel.<br />
Estar em Israel nos dias das festas<br />
é um daqueles momentos únicos na<br />
vida. São momentos que transcen<strong>de</strong>m<br />
o tempo e que permitem experimentar<br />
a eternida<strong>de</strong>. Tudo aquilo que é essencial<br />
na alma judaica, que muitas<br />
vezes se confun<strong>de</strong> ao ambiente<br />
da diáspora, torna-se claro, vem<br />
à luz, confirmando – com alegria<br />
- o que significa ser ju<strong>de</strong>u.<br />
Encontrar com familiares em<br />
VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />
Rosh Hashaná e Iom Kipur em Israel<br />
Israel nos dias das Festas é mais do<br />
que um estar junto por alguns dias e<br />
matar a sauda<strong>de</strong>s. É ver, na presença<br />
dos filhos e dos netos sabras, concretizada<br />
a presença judaica na terra. É<br />
ter o consolo <strong>de</strong> que, se muitas coisas<br />
não permitiram ou ainda não permitem<br />
a aliá, parte <strong>de</strong> si já foi beneficiada<br />
com as promessas feitas aos Patriarcas,<br />
que parte <strong>de</strong> si já concretizou,<br />
através dos filhos e netos, o sonho <strong>de</strong><br />
vinte séculos. É ter a certeza <strong>de</strong> que a<br />
esperança não foi vazia.<br />
Cada vez que alguém me conta<br />
que um filho fez aliá, ou que um neto<br />
nasceu em Israel, percebo em seus<br />
olhos um ar <strong>de</strong> sauda<strong>de</strong>s, mas também<br />
percebo um brilho que traduz o<br />
sentimento <strong>de</strong> realização e <strong>de</strong> concretização<br />
<strong>de</strong> vida. É como se os seus<br />
olhos estivessem me dizendo: fiz a<br />
minha parte por Israel e por nosso<br />
povo. Estou muito feliz.<br />
Rosh Hashaná e Iom Kipur preconizam<br />
a reconciliação com D-us e<br />
com o semelhante. E, o que é reconciliação<br />
senão encontrar a integrida<strong>de</strong>?<br />
Senão ver realizada a esperança?<br />
Senão experimentar a eternida<strong>de</strong><br />
no reencontro com o passado e o<br />
futuro? Senão experimentar na presente<br />
Israel a futura re<strong>de</strong>nção?<br />
O Kotel, Muro das Lamentações em Tisha Be Av<br />
* Antonio Carlos Coelho é professor, colaborador do jornal Visão<br />
<strong>Judaica</strong> e diretor do Instituto Ciência e Fé.<br />
21
VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />
22 22<br />
Manoel Tenembaum, Pilar Rahola, Tzipora Rimon e Isac Baril<br />
35 jovens da comunida<strong>de</strong> curitibana tiveram um final <strong>de</strong> semana<br />
agitado. Patrocinados pelo Fundo Comunitário encontraram-se com<br />
a Embaixadora <strong>de</strong> Israel no Brasil, Tzipora Rimon, Pilar Rahola e<br />
Manuel Tenebaum. Num Hotel Resort participaram <strong>de</strong> palestras, mesas<br />
redondas e <strong>de</strong>bates tendo como temas a “História Geral do Antisemitismo”,<br />
“Anti-semitismo e Anti-sionismo” e “Li<strong>de</strong>rança, Natureza,<br />
Formas, Exemplos Relevância Institucional” e nos intervalos <strong>de</strong>liciando-se<br />
com excelente comida e bebida, num clima <strong>de</strong> muita alegria<br />
e companheirismo. Eventos assim <strong>de</strong>vem ser repetidos.<br />
Na’amat Pioneiras <strong>de</strong> <strong>Curitiba</strong> retomou<br />
o trabalho da escola <strong>de</strong><br />
Ayanot em Israel com a visita da<br />
Diretora da escola Betty Zimerman.<br />
A presença <strong>de</strong>la possibilitou<br />
aos pais e alunos interessados<br />
em ir para Ayanot participarem<br />
<strong>de</strong> uma reunião com o intuito<br />
<strong>de</strong> obter um maior conhecimento<br />
da escola sob a visão da<br />
pessoa que tem sobre si a responsabilida<strong>de</strong><br />
das classes brasileiras.<br />
Na mesma ocasião foi feito<br />
um encontro com ex-alunos.<br />
A advogada Betina Treiger Grupenmacher<br />
assumiu no dia 25/<br />
8 a presidência do Instituto <strong>de</strong><br />
Direito Tributário do Paraná.<br />
Mazal Tov!<br />
No dia 18 <strong>de</strong> setembro São Paulo<br />
ganhou um novo Centro Ju-<br />
Carl-Wilhelm Stenhammar, presi<strong>de</strong>nte<br />
Internacional <strong>de</strong> Rotary<br />
esteve em <strong>Curitiba</strong>. Foi homenageado<br />
com almoço, no Restaurante<br />
Dom Antonio, em Santa Felicida<strong>de</strong>,<br />
que contou com a presença<br />
<strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>s, entre eles<br />
o governador Roberto Requião e<br />
500 rotarianos do Distrito 4730.<br />
O Rotary Clube <strong>de</strong> <strong>Curitiba</strong> Cida<strong>de</strong><br />
Industrial, cujo presi<strong>de</strong>nte<br />
Sergio Levy foi o anfitrião do<br />
evento, teve como co-anfitrião o<br />
Rotary Clube <strong>de</strong> <strong>Curitiba</strong> Santa<br />
Felicida<strong>de</strong>,<br />
presidido<br />
por Isaac<br />
Cubric.<br />
Carl-Wilhelm Stenhammar e<br />
Isaac Cubric<br />
Foto: Elke Aronson<br />
daico. O BAIT, i<strong>de</strong>alizado pelo rabino<br />
paulista Isaac Michaan - da<br />
congregação Colel, não é apenas<br />
uma sinagoga num bairro em que<br />
já existem tantas. É um centro judaico<br />
<strong>de</strong> convivência, aon<strong>de</strong> acontecerão,<br />
além das rezas tradicionais,<br />
ativida<strong>de</strong>s culturais, sociais,<br />
bate-papo, esportes, lazer, estudo,<br />
palestras etc. O principal objetivo<br />
do BAIT é reaproximar os ju<strong>de</strong>us<br />
afastados da religião, transmitindo<br />
o judaísmo tradicional com<br />
uma linguagem diferente.<br />
O novo Centro Judaico localizado<br />
na Rua Baronesa <strong>de</strong> Itu, nº<br />
438, Higienópolis, tem mais <strong>de</strong> 2<br />
mil m² <strong>de</strong> área construída e sua<br />
arquitetura é enriquecida com<br />
obras <strong>de</strong> importantes artistas ju<strong>de</strong>us<br />
como Lasar Segall, Renina<br />
Katz, Abraham Palatnick e artistas<br />
contemporâneos como Sérgio<br />
Fingermann, Ester Grinspum e<br />
Luise Weiss.<br />
Na’amat Pioneiras homenageou o<br />
casal Sami e Letícia pela ocasião<br />
do seu noivado. A diretoria organizou<br />
um jantar na casa da chaverá<br />
Gilza Strachman no dia 15/<br />
9. A noite foi só alegria e <strong>de</strong>scontração,<br />
permitindo uma maior<br />
aproximação com a noiva <strong>de</strong> nosso<br />
Lí<strong>de</strong>r Espiritual Sami Goldstein.<br />
Realizou-se no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul,<br />
a 17ª Pré-Convenção da B´nai<br />
B´rith do Brasil. Nesta ocasião,<br />
os diversos grupos da entida<strong>de</strong> no<br />
país elegem o presi<strong>de</strong>nte para o<br />
biênio seguinte, que <strong>de</strong>pois é<br />
empossado na Convenção, que<br />
neste ano será realizada <strong>de</strong> 4 a 6<br />
<strong>de</strong> novembro.<br />
Para o presi<strong>de</strong>nte da entida<strong>de</strong><br />
Abraham Goldstein, foi um evento<br />
extremamente bem organizado,<br />
on<strong>de</strong> os irmãos da B’nai B’rith<br />
<strong>de</strong> Porto Alegre receberam todos<br />
com muito carinho e atenção em<br />
um verda<strong>de</strong>iro exemplo <strong>de</strong> fraternida<strong>de</strong>,<br />
marcado pelo entusiasmo<br />
e participação maciça. Um<br />
dos pontos altos foi a reeleição,<br />
por unanimida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> Abraham<br />
Goldstein para a presidência da<br />
B’nai B’rith Brasil, tendo como<br />
vice-presi<strong>de</strong>ntes, Leon Mayer, Região<br />
Centro-Norte; Luis Gaj, Região<br />
Centro-Sul e Boris Wainstein,<br />
Região Sul.<br />
Na comemoração dos 85 anos da<br />
Wizo, a Sra. Alegre Gomel Bronfman<br />
será homenageada por seu<br />
belíssimo trabalho na Wizo Paraná.<br />
A Presi<strong>de</strong>nte da Wizo para a América<br />
Latina, Ana Marlene Starec estará<br />
em <strong>Curitiba</strong> para compartilhar<br />
<strong>de</strong>ste momento, num chá que será<br />
realizado no dia 25 <strong>de</strong> setembro<br />
(domingo) às 16h no Centro <strong>Israelita</strong><br />
do Paraná. Informações com<br />
Debora na Wizo tel.3019-3547.<br />
Maurício Schulman recebeu a<br />
Medalha do Mérito Habitacional<br />
no evento que comemorou os 38<br />
anos da Associação Brasileira <strong>de</strong><br />
Crédito Imobiliário, realizado no<br />
dia 19/8 em São Paulo. Homenagem<br />
merecida.<br />
E nosso editor do Visão <strong>Judaica</strong>,<br />
Szyja Ber Lorber, recebeu a Medalha<br />
do Mérito Universitário Desportivo,<br />
concedida pela Universida<strong>de</strong><br />
Estadual <strong>de</strong> Ponta Grossa em<br />
evento que comemorou a abertura<br />
dos 50ºs Jogos Estudantis da<br />
Primavera, o segundo certame<br />
mais antigo do Brasil, dia 9 <strong>de</strong><br />
setembro, em Ponta Grossa.<br />
Na’amat Pioneiras informa que<br />
os chocolates <strong>de</strong> Rosh Hashaná já<br />
estão à venda. O lucro será revertido<br />
para os mais necessitados.<br />
“Quando se ajuda uma boa causa<br />
é como se ajudássemos a todas<br />
pessoas e isto faz com que<br />
encontremos um sentido <strong>de</strong> vida<br />
melhor”. Shaná Tová.<br />
Realizou-se no auditório da Universida<strong>de</strong><br />
Candido Men<strong>de</strong>s, no Rio<br />
<strong>de</strong> Janeiro, o painel sobre os 60<br />
anos da Segunda Guerra Mundial.<br />
O público presente, incluindo alunos<br />
<strong>de</strong> diversos cursos, professores<br />
e convidados, manteve-se interessado<br />
nas duas horas do evento.<br />
Os palestrantes foram o professor<br />
Márcio Scalercio, historiador<br />
e mestre na UCAM e PUC, além<br />
<strong>de</strong> comentarista convidado da<br />
Globonews; o professor Renato<br />
Lessa, cientista político e mestre<br />
no IUPERJ e na UCAM, e o jornalista<br />
Osias Wurman.<br />
O diretor do Museu <strong>de</strong> Astronomia<br />
e Ciências Afins, Alfredo Tiomno<br />
Tolmasquin inaugurou a ex-<br />
posição temporária “Einstein e a<br />
América Latina, dia 1º/9, no hall<br />
<strong>de</strong> entrada do Museu. Houve também<br />
o Seminário “Einstein para<br />
além do seu tempo, realizados<br />
dias 1º e 2 <strong>de</strong> setembro no auditório<br />
do Observatório Nacional.<br />
Na edição especial “Veja <strong>Curitiba</strong><br />
- O Melhor da Cida<strong>de</strong> 2005”<br />
que circulou em fins <strong>de</strong> agosto,<br />
a Família Sfiha foi um dos indicados<br />
na categoria “Comidinhas/<br />
Salgados”.<br />
A publicação aconteceu exatamente<br />
na semana em que a Família<br />
Sfiha, do amigo e leitor<br />
Gerson Guelmann, completava 4<br />
meses <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s.<br />
Em solenida<strong>de</strong> realizada no Palácio<br />
Duque <strong>de</strong> Caxias, pelo Comando<br />
Militar do Leste, no Rio<br />
<strong>de</strong> Janeiro, em comemoração ao<br />
25 <strong>de</strong> agosto - Dia do Soldado,<br />
foram agraciados com diplomas<br />
<strong>de</strong> Colaborador Emérito do Exército<br />
Brasileiro Marcelo Zaturanski<br />
Itagiba, Arnaldo Niskier, Alfredo<br />
Sirkis e Moises Balassiano.<br />
Os cineastas israelenses Anat Zuria,<br />
David Ben Shitrit e Leila Hipólito,<br />
cineasta brasileira convidada,<br />
participaram do Júri do 5º<br />
Festival <strong>de</strong> Cinema Brasileiro em<br />
Israel, que se realizou <strong>de</strong> 1 a 21<br />
<strong>de</strong> agosto. O júri <strong>de</strong>liberou que o<br />
O professor Israel Blajberg, da Escola <strong>de</strong> Engenharia da<br />
Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Fluminense foi agraciado pelo general<br />
Sinclar James Mayer, comandante da Artilharia<br />
Divisionária sediada no Forte do Gragoatá, Niterói, com<br />
o Diploma <strong>de</strong> Amigo da AD/1 pela colaboração prestada<br />
às ativida<strong>de</strong>s realizadas por aquele Comando. A cerimônia,<br />
realizada em 19/8, recorda<br />
também a data natalícia do<br />
marechal Cor<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> Farias,<br />
cujo nome <strong>de</strong>signa a AD/1, tendo<br />
comandado a Artilharia da<br />
Força Expedicionária Brasileira<br />
na Itália, durante a 2ª Guerra<br />
Mundial.<br />
Rubens Blajberg, diretor <strong>de</strong><br />
Criação, Rômulo Groissman,<br />
Mayer e Blajberg<br />
diretor <strong>de</strong> Atendimento, e Flavia<br />
Uram, são da equipe “Biruta” que recebeu em 16/8,<br />
em São Paulo o Ampro Globes Awards 2005 na Categoria<br />
Melhor Campanha <strong>de</strong> Baixo Custo, 1º lugar com a campanha:<br />
Pit Stop Shell, para o cliente Shell Brasil. A<br />
agência se chama Biruta Mídias Mirabolantes (http://<br />
www.biruta.net/). Trata-se do maior prêmio do Brasil<br />
na categoria marketing promocional, classificando a<br />
Biruta para a final em Chicago. Entre outros candidatos<br />
estavam Chevrolet e Credicard, além <strong>de</strong> vários dos maiores<br />
anunciantes do Brasil.<br />
O Globes Awards 2005 é um prêmio da MAA - Marketing<br />
Agencies Association, <strong>de</strong>nominado no Brasil AMPRO Globes<br />
Awards 2005 e organizado pela AMPRO - Associação <strong>de</strong><br />
Marketing Promocional, realizado em mais <strong>de</strong> 30 países e<br />
aberto a todos os anunciantes, agências e fornecedores do<br />
setor promocional. A etapa internacional será em Miami.<br />
Colabore com notas para a coluna. �one/fax 0**41 3018-8018 ou e-mail: visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />
prêmio <strong>de</strong> “Melhor Filme”, foi<br />
dividido os filmes “Contra Todos”<br />
e “O Diabo a Quatro”. Ainda que<br />
<strong>de</strong> gêneros distintos, as duas<br />
obras representaram brilhantemente<br />
o que existe <strong>de</strong> mais atual<br />
na arte cinematográfica brasileira.<br />
Alberto Dines, um dos mais renomados<br />
profissionais do jornalismo<br />
brasileiro, estará em <strong>Curitiba</strong><br />
para uma palestra inédita:<br />
“Uma conversa entre Stefan<br />
Zweig e Antônio José da<br />
Silva” – os dois protagonistas<br />
<strong>de</strong> suas obras literárias mais conhecidas.<br />
Será dia 21 <strong>de</strong> setembro,<br />
às 20 horas, no auditório<br />
do teatro SESC da Esquina, rua<br />
Viscon<strong>de</strong> do Rio Branco, 931/<br />
1º andar. A entrada para a palestra<br />
é um litro <strong>de</strong> leite ou um<br />
litro <strong>de</strong> óleo, em prol da Associação<br />
Paranaense <strong>de</strong> Apoio a<br />
Criança com neoplasia. A realização<br />
é da <strong>Comunida<strong>de</strong></strong> <strong>Israelita</strong><br />
do Paraná, com apoio do<br />
SESC da Esquina, Hasson Advogados<br />
e Top Imóveis - Espaços<br />
Empresariais<br />
Dia 22/9 a professora e historiadora<br />
Maria Luiza Tucci Carneiro,<br />
da USP, fala em <strong>Curitiba</strong><br />
sobre Judaísmo. Será no Colégio<br />
Sion, às 19h. A comunida<strong>de</strong><br />
está convidada.
Ben Abraham recebe medalha<br />
<strong>de</strong> Honra ao Mérito da USP<br />
Jornalista <strong>de</strong>dica sua vida à liberda<strong>de</strong> e a preservação<br />
da memória do Holocausto<br />
A Sala do Conselho da USP<br />
esteva lotada para a solenida<strong>de</strong><br />
que homenageou o escritor e<br />
jornalista Ben Abraham, que recebeu<br />
das mãos do reitor Adolpho<br />
José Melfi, a Medalha <strong>de</strong><br />
Honra ao Mérito da Universida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> São Paulo. Presentes a solenida<strong>de</strong><br />
estiveram o vice-governador<br />
do Estado <strong>de</strong> São Paulo,<br />
Cláudio Lembo, o ex-reitor<br />
Jacques Marcovitch, responsável<br />
pela indicação do nome <strong>de</strong><br />
Ben Abraham para a homenagem,<br />
o secretário <strong>de</strong> Participações e<br />
Parcerias do Município <strong>de</strong> São<br />
Paulo Gilberto Natalini, a professora<br />
Maria Luiza Tucci Carneiro,<br />
secretária executiva do<br />
Laboratório <strong>de</strong> Estudos da Intolerância<br />
LEI/USP, o presi<strong>de</strong>nte<br />
da Confe<strong>de</strong>ração <strong>Israelita</strong> do<br />
Brasil Berel Aizenstein, e o presi<strong>de</strong>nte<br />
da Fe<strong>de</strong>ração <strong>Israelita</strong><br />
do Estado <strong>de</strong> São Paulo, entre<br />
outras autorida<strong>de</strong>s.<br />
Em sua saudação ao homenageado,<br />
o reitor da USP <strong>de</strong>stacou<br />
os inúmeros prêmios e<br />
con<strong>de</strong>corações que o presi<strong>de</strong>nte<br />
da Sherit Hapleitá do Brasil<br />
e vice-presi<strong>de</strong>nte da Associação<br />
Mundial dos Sobreviventes do<br />
Nazismo recebeu, entre elas, a<br />
Chave <strong>de</strong> Ouro do Instituto Yad<br />
Vashem, <strong>de</strong> Jerusalém (Museu<br />
do Holocausto).<br />
Mas o reitor falou também<br />
do <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> usar as pesquisas<br />
científicas para o bem da humanida<strong>de</strong>,<br />
<strong>de</strong>stacando o caso<br />
extremo da utilização dos novos<br />
conhecimentos sem ética,<br />
ocorrido na Alemanha nazista.<br />
Parafraseando Primo Levi, também<br />
ele um sobrevivente do na-<br />
zismo, que indagava: “É isto um<br />
homem?”, disse o professor doutor<br />
Melfi: “quando vemos o <strong>de</strong>svirtuamento<br />
das conquistas<br />
científicas, pergunto aos professores:<br />
É isto um cientista”?<br />
Depois, o reitor citou Elie<br />
Wiesel, outro sobrevivente,<br />
lembrando sua dolorosa constatação:<br />
“No campo <strong>de</strong> concentração<br />
não encontrei um monstro,<br />
encontrei funcionários, a<br />
verda<strong>de</strong> é que eram seres humanos<br />
que executavam or<strong>de</strong>ns<br />
com precisão”.<br />
Falando sobre o homenageado,<br />
disse que Ben Abraham faz<br />
<strong>de</strong> sua memória individual um<br />
libelo contra o totalitarismo,<br />
para que este mal não volte<br />
nunca mais, para que jamais<br />
esqueçamos a valorização da<br />
vida e lembremos dos que tombaram<br />
vitimas dos fanatismos.<br />
“Estendo esta homenagem a<br />
todos os professores ju<strong>de</strong>us<br />
que têm ajudado a construir<br />
esta Universida<strong>de</strong> diariamente.<br />
Estes professores têm honrado<br />
a memória dos que tombaram”,<br />
concluiu o reitor.<br />
A professora Maria Luiza<br />
Tucci Carneiro também falou da<br />
importância da memória, da<br />
preocupação <strong>de</strong> que o nazismo<br />
não se esgotou na 2ª Guerra<br />
Mundial, e da atuação da USP que<br />
compartilha esta “árdua tarefa <strong>de</strong><br />
romper o silêncio dos campos <strong>de</strong><br />
concentração para que os nazismos<br />
não voltem nunca mais”.<br />
O vice-governador <strong>de</strong> São<br />
Paulo, Cláudio Lembo, lembrou<br />
que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que conheceu Ben<br />
Abraham há 30 anos ele “me<br />
Ben Abraham<br />
dava lições <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia e <strong>de</strong><br />
liberda<strong>de</strong>, e me contava o que<br />
era viver sob o totalitarismo.<br />
Esta é uma casa <strong>de</strong> conhecimento<br />
e como tal só po<strong>de</strong> viver<br />
com a liberda<strong>de</strong>, que ele<br />
sempre me ensinou. Ben<br />
Abraham é um dos mais árduos<br />
<strong>de</strong>fensores <strong>de</strong>ssa idéia <strong>de</strong> dignida<strong>de</strong><br />
humana que é um dos<br />
fundamentos do judaísmo”,<br />
disse, <strong>de</strong>stacando o simbolismo<br />
da entrega da Medalha <strong>de</strong><br />
Honra ao Mérito a Ben Abraham<br />
pela USP que é um homem que<br />
luta pela liberda<strong>de</strong>. E terminou<br />
dizendo: “Que o Eterno nos livre<br />
sempre <strong>de</strong>sta tragédia que<br />
é o totalitarismo”.<br />
Visivelmente emocionado,<br />
Ben Abraham falou entre outras<br />
coisas, da terra abençoada que<br />
é o Brasil, que recebeu calorosamente<br />
os sobreviventes do<br />
Holocausto, como faz com todos<br />
os que aqui chegam, e conclamou:<br />
“Nós brasileiros <strong>de</strong> todas<br />
as religiões temos que preservar<br />
as lições do passado, preservar<br />
a liberda<strong>de</strong> e lutar contra<br />
todas as intolerâncias”.<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
23<br />
OLHAR<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
○ ○<br />
VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />
Softwares <strong>de</strong>tectam<br />
mentira e amor<br />
Uma empresa israelense especializada<br />
em tecnologia <strong>de</strong> análise<br />
da voz para segurança resolveu<br />
ampliar seu mercado e lançou<br />
produtos para uso pessoal. São<br />
eles o Love Detector, um <strong>de</strong>tector<br />
<strong>de</strong> amor, e o eX-Sense, um <strong>de</strong>tector<br />
<strong>de</strong> mentiras.<br />
Ambos são softwares que me<strong>de</strong>m<br />
o estresse na voz e <strong>de</strong>terminam<br />
qual o humor da pessoa. Os programas<br />
necessitam que a voz do<br />
escolhido para o teste passe pelo<br />
computador para ser avaliada, o<br />
que faz com que os softwares<br />
sejam mais a<strong>de</strong>quados em conversas<br />
telefônicas.<br />
Softwares II<br />
É só fazer uma pequena calibragem<br />
e os programas estão prontos<br />
para “ler a mente alheia”. Os<br />
programas avisam na tela, instantaneamente,<br />
a intenção da<br />
pessoa avaliada, permitindo então<br />
que se conduza a conversa<br />
<strong>de</strong> modo a<strong>de</strong>quado. O Love Detector,<br />
além da versão para PC,<br />
também está disponível para portáteis<br />
Pocket PC e para telefones<br />
celulares, por enquanto somente<br />
em Israel e na Inglaterra.<br />
Para adquirir o eX-Sense, basta<br />
ir no site do produto, o www.exsense.com,<br />
baixar o programa,<br />
instalar e pagar US$ 149 por uma<br />
licença. O Love Detector custa US$<br />
49,99 para PC e US$ 19,99 para<br />
Pocket PC. As tarifas para celular<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da operadora.<br />
(Terra.com.br)<br />
Exportações e tecnologia<br />
As exportações dos kibutzim (cooperativas<br />
agroindustriais) totalizaram<br />
cerca <strong>de</strong> 177 milhões <strong>de</strong><br />
dólares nos primeiros seis meses<br />
<strong>de</strong>ste ano, representando um<br />
aumento <strong>de</strong> 13% em comparação<br />
com o mesmo período <strong>de</strong><br />
2004. As fábricas dos kibutzim<br />
são responsáveis por 52% do<br />
total das exportações israelenses.<br />
(Jornal Alef).<br />
Usina <strong>de</strong> <strong>de</strong>ssalinização<br />
Israel inaugurou a maior empresa<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssalinização do mundo.<br />
Ela produzirá 100 milhões <strong>de</strong><br />
metros cúbicos <strong>de</strong> água potável<br />
por ano, cerca <strong>de</strong> 15% do consu-<br />
HIGH-TECH<br />
mo doméstico israelense. Criada<br />
pela associação das companhias<br />
Viulia e Arlen Infraestructures,<br />
que a terão sob sua responsabilida<strong>de</strong><br />
por 25 anos antes <strong>de</strong> transferi-la<br />
para o Estado, começou a<br />
operar <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> prolongadas negociações<br />
entre a companhia estatal<br />
Mekorot e a Comissão<br />
Nacional <strong>de</strong> Águas. Até <strong>de</strong>zembro<br />
produzirá 50 milhões <strong>de</strong> m 3 ,<br />
número que dobrará em 2006,<br />
trabalhando 24 horas ininterruptamente.<br />
(Jornal Alef)<br />
Nova arquitetura <strong>de</strong><br />
processador em Israel<br />
Foi criada em Israel a micro arquitetura<br />
<strong>de</strong> terceira geração <strong>de</strong><br />
um processador multi-core (composto<br />
por várias unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> processamento<br />
com capacida<strong>de</strong>s individuais).<br />
O fato foi divulgado<br />
pela Intel nos Estados Unidos. A<br />
empresa opera quatro centros <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>senvolvimento no país, em Haifa,<br />
Yakum, Jerusalém e Petah Tikva,<br />
nas quais emprega quatro mil<br />
pessoas. O novo produto, que a<br />
partir <strong>de</strong> 2006 será instalado em<br />
todos os computadores da Intel,<br />
foi totalmente <strong>de</strong>senvolvido<br />
no país, tanto em termos <strong>de</strong><br />
arquitetura, quanto <strong>de</strong> estratégia.<br />
A empresa preten<strong>de</strong> expandir<br />
sua atuação, estabelecendo<br />
novas fábricas em Israel. (Jerusalem<br />
Post).<br />
Cai 22% a mortalida<strong>de</strong> infantil<br />
A taxa <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> infantil<br />
caiu 6% no ano passado somando-se<br />
aos 16% <strong>de</strong> queda, registrados<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2002, conforme divulgado<br />
pelo Ministério da Saú<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Israel. Este índice <strong>de</strong> menos<br />
<strong>de</strong> 5 óbitos por 1000 nascimentos<br />
é similar ao da Europa<br />
Oci<strong>de</strong>ntal e mais baixo do que os<br />
dos EUA. Uma das razões <strong>de</strong>ste<br />
avanço é o programa do ministério<br />
para <strong>de</strong>tectar prematuramente<br />
problemas genéticos, em especial<br />
na população árabe on<strong>de</strong> são<br />
comuns os casamentos entre parentes.<br />
Além disso, as mulheres<br />
em ida<strong>de</strong> fértil são estimuladas<br />
a tomar ácido fólico antes <strong>de</strong><br />
engravidar e nos primeiros meses<br />
<strong>de</strong> gestação para reduzir o<br />
risco <strong>de</strong> problemas neurológicos<br />
sérios nos bebês. Também foram<br />
implementadas recomendações<br />
para reduzir o número <strong>de</strong> embriões<br />
a serem <strong>de</strong>senvolvidos no<br />
útero após a fertilização in vitro.<br />
(El Reloj.Com).
24<br />
VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />
Assistência israelense às<br />
vítimas do furacão Katrina<br />
Remessa <strong>de</strong> comida e medicamentos aos <strong>de</strong>sabrigados nos EUA<br />
O templo da Congregação Beth Israel, em Biloxi,<br />
sinagoga na costa do Mississippi, permanece <strong>de</strong><br />
pé, a duas quadras da praia, apesar do edifício<br />
ter sofrido danos pesados<br />
Uma missão <strong>de</strong> especialistas em catástrofes<br />
viajou ao su<strong>de</strong>ste norte-americano<br />
para avaliar as necessida<strong>de</strong>s das áreas alagadas<br />
e propor planos operacionais <strong>de</strong> execução<br />
imediata.<br />
“Quero <strong>de</strong>stacar que os Estados Unidos<br />
sempre se fez presente às necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
Israel, e por isso nosso <strong>de</strong>ver básico é esten<strong>de</strong>r-lhes<br />
nossa máxima ajuda nesta grave<br />
emergência, especialmente naqueles setores<br />
que os israelenses têm uma vasta experiência.<br />
Por isso, esta semana uma <strong>de</strong>legação<br />
<strong>de</strong> funcionários dos ministérios <strong>de</strong><br />
Defesa e da Saú<strong>de</strong> partiram a fim <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nar<br />
no que po<strong>de</strong>mos ajudar lá”, disse<br />
Ariel Sharon na reunião dominical do gabinete.<br />
E acrescentou: “Faremos tudo que<br />
estiver ao nosso alcance para ajudar nesta<br />
difícil situação na qual tantos cidadãos dos<br />
Estados Unidos se encontram”.<br />
Dessa forma, o primeiro-ministro comunicou<br />
que os especialistas israelenses participam<br />
das tarefas <strong>de</strong> resgate, ajuda e recomposição<br />
dos danos ocasionados pelo furacão<br />
Katrina, que <strong>de</strong>ixou um dano humano<br />
e material que até o momento não conseguiu<br />
ser completamente medido, mas que<br />
se estima como o maior <strong>de</strong>sastre natural<br />
da história dos Estados Unidos.<br />
O Maguen David Adom – o equivalente<br />
israelense da Cruz Vermelha, confirmou que<br />
está em contato permanente com o serviço<br />
<strong>de</strong> emergências médicas norte-americanas<br />
e que equipes <strong>de</strong> primeiros socorros, entre<br />
eles várias <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> para-médicos israelenses<br />
se encontravam prontos para viajar<br />
a Nova Orleans, quando assim dispusessem<br />
as autorida<strong>de</strong>s locais.<br />
Não só agências governamentais, mas<br />
também ONGs israelenses se mobilizaram para<br />
ajudar. O IsraAID, o grupo que coor<strong>de</strong>na organizações<br />
israelenses que atuam em <strong>de</strong>senvolvimento<br />
e trabalho <strong>de</strong> alívio, preparou uma<br />
<strong>de</strong>legação <strong>de</strong> 25 pessoas entre médicos e<br />
psicólogos, e selecionou trabalhadores das<br />
áreas salvamento. As linhas aéreas israelenses<br />
estão fazendo o transporte gratuito <strong>de</strong>les<br />
para ajudar nos esforços.<br />
Outra organização israelense que também<br />
ofereceu ajuda numa das tarefas mais<br />
difíceis - remoção dos corpos espalhados<br />
nas ruas <strong>de</strong> Nova Orleans é a Zaka, espe-<br />
Foto: Larry Brook/DS Jewish Voice<br />
cializada também em i<strong>de</strong>ntificação dos corpos,<br />
<strong>de</strong>vido aos numerosos atentados terroristas<br />
em Israel.<br />
Cinco universida<strong>de</strong>s israelenses anunciaram<br />
que darão boas-vindas aos estudantes<br />
das áreas afetadas pelo <strong>de</strong>sastre natural.<br />
A Agência <strong>Judaica</strong> <strong>de</strong> Israel <strong>de</strong>clarou<br />
que vai agilizar para que estudantes <strong>de</strong>slocados<br />
pelo furacão possam continuar seus<br />
estudos em Israel, em particular, acadêmicos<br />
<strong>de</strong> medicina que não po<strong>de</strong>rão freqüentar<br />
a Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tulane, em Nova Orleans,<br />
po<strong>de</strong>rão freqüentar a Escola Sackler<br />
da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina, em Tel Aviv,<br />
pois esse e outros cursos são ministrados<br />
também em inglês.<br />
Por sua vez, o ministro israelense da<br />
Saú<strong>de</strong>, Danny Naveh, esclareceu que a missão<br />
da <strong>de</strong>legação, formada por médicos do<br />
Exército, especialistas <strong>de</strong> seu Ministério e<br />
do da Defesa, é localizar as áreas específicas<br />
nas que Israel po<strong>de</strong>ria oferecer uma<br />
ótima ajuda.<br />
“Nestes momentos não falamos da remessa<br />
<strong>de</strong> equipamentos ou médicos, porque<br />
não temos certeza <strong>de</strong> que os americanos<br />
precisem <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> assistência”,<br />
<strong>de</strong>clarou.<br />
As equipes profissionais israelenses atuam<br />
usualmente em situações semelhantes<br />
que se apresentam em qualquer lugar do<br />
globo. Seu aporte é consi<strong>de</strong>rado essencial<br />
pelo Grau <strong>de</strong> profissionalismo <strong>de</strong>monstrado<br />
nas operações <strong>de</strong> diversas naturezas.<br />
Só a título ilustrativo, vale recordar que<br />
ainda hoje equipes <strong>de</strong> médicos e sanitaristas<br />
<strong>de</strong> três hospitais israelenses continuam<br />
oferecendo assistência <strong>de</strong> forma rotativa<br />
às vítimas do tsunami ocorrido na última<br />
semana <strong>de</strong> 2004 no su<strong>de</strong>ste asiático.<br />
Da mesma forma, várias comunida<strong>de</strong>s<br />
judaicas norte-americanas abriram suas portas<br />
e casas para albergar as famílias judaicas<br />
que escaparam do furacão <strong>de</strong>molidor.<br />
Em Nova Orleans viviam mais <strong>de</strong> 20 mil<br />
ju<strong>de</strong>us, <strong>de</strong>les, aproximadamente 12 mil integrantes<br />
da coletivida<strong>de</strong>, conseguiram refugiar-se<br />
na vizinha Houston, boa parte <strong>de</strong>les<br />
em casas <strong>de</strong> familiares, e os restantes<br />
em centros assistenciais dirigidos pelos rabinos<br />
da organização Chabad.<br />
Cerca <strong>de</strong> outras 100 famílias judaicas<br />
procuraram ajuda no Mississipi. Ainda hoje<br />
se <strong>de</strong>sconhece o número <strong>de</strong> vítimas judaicas<br />
em Nova Orleans.<br />
O consulado israelense em Houston<br />
assegura que várias <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> famílias<br />
judaicas resi<strong>de</strong>ntes na área do <strong>de</strong>sastre<br />
se encontram a salvo, <strong>de</strong>sconhecendose<br />
até o momento o para<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> uma<br />
só família <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us. (Tzvi Neumann, <strong>de</strong><br />
Jerusalém, Orlando Sentinel, Diário <strong>de</strong><br />
Leon e Israel 21c).<br />
Receitas com grife<br />
Rosh Hashaná<br />
As receitas tradicionais <strong>de</strong> Rosh Hashaná já foram publicadas no VJ em diversas versões.<br />
Chalá doce e redonda, guefilte fish, caldo dourado <strong>de</strong> galinha com crepalach, frangos,<br />
vitela, pato, etc. Neste ano vamos indicar algumas receitas diferentes que fogem do<br />
tradicional e que po<strong>de</strong>m servir num mix do tradicional com o diferente.<br />
Ingredientes:<br />
1 ovo gran<strong>de</strong>;<br />
2 colheres <strong>de</strong> chá <strong>de</strong><br />
óleo vegetal;<br />
½ colher <strong>de</strong> chá <strong>de</strong> sal;<br />
1 xícara <strong>de</strong> farinha<br />
(cerca 125 g).<br />
Ingredientes:<br />
Mandalach<br />
(para servir com caldo <strong>de</strong> frango)<br />
12 figos bem firmes limpos<br />
e sem casca;<br />
1 maço <strong>de</strong> hortelã picada;<br />
2 colheres <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong><br />
alcaparras;<br />
3 colheres <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong><br />
vinagre balsâmico;<br />
1 colher <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> mel;<br />
2 colheres <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> azeite.<br />
Ingredientes:<br />
Modo <strong>de</strong> fazer:<br />
Bater o ovo numa tigela acrescentando óleo e sal, e acrescentar<br />
a farinha até formar uma massa que não seja pegajosa.<br />
Deixe <strong>de</strong>scansar por 20 minutos e divida a massa em dois<br />
pedaços. Enrolar no formato <strong>de</strong> uma corda com 1,5 cm <strong>de</strong><br />
largura aproximadamente. Cortar em pedacinhos <strong>de</strong> 1,5 <strong>de</strong><br />
comprimento e levar para assar numa assa<strong>de</strong>ira untada <strong>de</strong><br />
óleo em forno preaquecido por cerca <strong>de</strong> 45 minutos a 190°,<br />
até que se tornem dourados. Deixar esfriar para estocá-los.<br />
Também po<strong>de</strong>m ser fritos em bastante óleo. Nesse caso <strong>de</strong>vem<br />
ser <strong>de</strong>sengordurados antes <strong>de</strong> serem estocados.<br />
Salada <strong>de</strong> figos<br />
Modo <strong>de</strong> preparo:<br />
Misture o vinagre balsâmico com o mel e batendo<br />
bem, acrescente o azeite. Misture os figos com a<br />
hortelã e as alcaparras. Em seguida, adicione os<br />
temperos, mexendo <strong>de</strong>licadamente para não amassar<br />
os figos. Coloque os figos já misturados e temperados<br />
numa forma <strong>de</strong> pudim com furo no meio.<br />
Vá encaixando bem e, no final, pressione <strong>de</strong>licadamente.<br />
Deixe uma noite na gela<strong>de</strong>ira, <strong>de</strong>senforme,<br />
<strong>de</strong>core com folhas <strong>de</strong> hortelã e sirva.<br />
�rango com maçã e mel<br />
1 frango cortado em pedaços<br />
2 colheres <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> mostarda<br />
2 colheres <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> mel<br />
1 colher <strong>de</strong> chá <strong>de</strong> pimenta<br />
4 maçãs ver<strong>de</strong>s sem casca e fatiadas<br />
½ xícara <strong>de</strong> água<br />
¼ xícara <strong>de</strong> vinho tinto seco<br />
Modo <strong>de</strong> fazer:<br />
Torta <strong>de</strong> Tâmaras<br />
gentilmente cedida por Malca Krieger<br />
Ingredientes:<br />
10 ovos;<br />
300 g <strong>de</strong> açúcar;<br />
500 g <strong>de</strong> amêndoas sem casca moídas;<br />
350 g <strong>de</strong> tâmaras sem caroço cortadas<br />
em tiras finas;<br />
2 colheres <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> farinha <strong>de</strong> rosca;<br />
Conhaque, rum ou vinho do Porto.<br />
Ingredientes:<br />
4 xícaras <strong>de</strong> chá <strong>de</strong> açúcar;<br />
2 xícaras <strong>de</strong> chá <strong>de</strong> água;<br />
12 gemas.<br />
Colocar o frango em um refratário sem untar.<br />
Juntar a mostarda, mel e pimenta e<br />
colocar sobre o frango. Colocar as maçãs.<br />
Regar com o vinho e a água. Assar, sem<br />
cobrir, em forno a 200°, regando sempre.<br />
Quando estiver moreno, cobrir com papel<br />
alumínio até acabar <strong>de</strong> assar.<br />
Modo <strong>de</strong> fazer:<br />
Ovos moles<br />
Bater as gemas e separar. Bater as claras em<br />
neve e juntar o açúcar. Misturar as gemas às<br />
claras. Juntar as amêndoas <strong>de</strong>licadamente e as<br />
tâmaras cortadas em tiras finas. Assar em forma<br />
untada com margarina e salpicada com farinha<br />
<strong>de</strong> rosca. Depois <strong>de</strong> assada rechear com<br />
ovos moles e embeber a torta em calda fina<br />
(água e açúcar fervidas ligeiramente) com um<br />
cálice <strong>de</strong> conhaque, rum ou vinho do Porto.<br />
Modo <strong>de</strong> fazer:<br />
Leve ao fogo uma panela com o açúcar e a água. Quando<br />
a calda engrossar um pouco, uns 5 minutos, retire<br />
do fogo e <strong>de</strong>ixe amornar. Por cima da calda, passar as<br />
gemas numa peneira. Misture e leve ao fogo para que<br />
cozinhe e fique na consistência <strong>de</strong>sejada (mexer com<br />
uma colher <strong>de</strong> pau até ver o fundo da panela).
VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />
Um eterno recomeço<br />
Daniel Benjamin Barenbein *<br />
stamos em Elul, às portas<br />
do novo ano. Em<br />
breve vivenciaremos<br />
mais um Rosh Hashaná.<br />
Um recomeço (este<br />
artigo está sendo escrito antes da<br />
data. Mas caso você esteja lendo<br />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> Rosh Hashaná, não se sinta<br />
incomodado em por os tempos<br />
no presente ou no passado). E com<br />
o que aportaremos <strong>de</strong> bagagem conquistada<br />
neste 5766? E temos do<br />
que nos arrepen<strong>de</strong>r?<br />
Não sei, nem ousaria falar em termos<br />
individuais dos meus leitores.<br />
Eu posso falar sobre mim e sobre a<br />
nação judaica como um todo. Pessoalmente,<br />
este ano foi <strong>de</strong> crescimento<br />
infindável. Revi conceitos,<br />
tentei cumprir mais mitzvot, me empenhei<br />
ainda mais em trabalhos comunitários<br />
e etc...<br />
Mas não é <strong>de</strong> mim que vim falar<br />
aqui. Minha proposta é comentar<br />
sobre o povo ju<strong>de</strong>u. Este ano foi<br />
extremamente difícil para Am Israel.<br />
Vimos cisões internas, discussões,<br />
ju<strong>de</strong>u expulsando/retirando ju<strong>de</strong>u<br />
<strong>de</strong> suas casas e finalmente a entrega<br />
<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> nossa terra bíblica<br />
aos nossos inimigos.<br />
Não quero entrar aqui em meandros<br />
políticos, se foi correta ou não<br />
a entrega. Se é um mal necessário<br />
ou não. O certo é que estamos correndo<br />
enormes riscos <strong>de</strong> segurança<br />
e que <strong>de</strong>struímos vidas e trabalho<br />
<strong>de</strong> pessoas que viram filhos, netos<br />
e bisnetos nascerem em Gush Katif.<br />
Tudo em troca da “paz” ou <strong>de</strong> uma<br />
“diminuição do atrito”.<br />
Mais uma vez o povo ju<strong>de</strong>u se<br />
auto-inflingiu dores para tentar alcançar<br />
o que sempre lutou história<br />
afora: Shalom. Acredito que mesmo<br />
aqueles favoráveis à entrega <strong>de</strong> Gaza,<br />
sentiram uma dor no peito ao ver<br />
os gran<strong>de</strong>s empreendimentos lá alcançados<br />
pelos nossos irmãos irem<br />
embora. Impossível ficar parado e<br />
não se comover com a cena <strong>de</strong> <strong>de</strong>smonte<br />
das sinagogas, das torót sendo<br />
levadas e <strong>de</strong> soldados chorando<br />
abraçados aos assentados.<br />
Quem não ficou bobo e impressionado<br />
com a reunião <strong>de</strong> 250 mil<br />
pessoas no Muro das Lamentações<br />
que foram rezar pelas comunida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> Gaza e do norte da Samária?<br />
A tudo isto tivemos que superar,<br />
e olhar para frente. Tivemos um<br />
Tishá Be Av bem difícil. Passamos<br />
pelo período <strong>de</strong> consolação, e estamos<br />
agora diante <strong>de</strong> uma nova época.<br />
Apren<strong>de</strong>mos lições, crescemos, e<br />
continuamos torcendo para que os<br />
três pilares básicos em que se sustenta<br />
este mundo possam finalmente ser<br />
alcançados: verda<strong>de</strong>, justiça e paz.<br />
Nossa parte fizemos. A verda<strong>de</strong> fica<br />
por conta da mídia agora, e do que<br />
ela vai relatar nos próximos tempos.<br />
Até agora o que se viu não foi nada<br />
animador. Distorções sobre a saída <strong>de</strong><br />
Gaza, minimização das dores israelenses<br />
e do passo firme que o país <strong>de</strong>u<br />
em troca <strong>de</strong> um entendimento.<br />
Da mesma maneira, em lugar algum<br />
da imprensa se leu ou viu-se sobre<br />
as imensas contribuições israelenses<br />
- tanto <strong>de</strong> remédios, como <strong>de</strong><br />
infra-estrutura e pessoal - nos <strong>de</strong>sastres<br />
naturais da Índia e <strong>de</strong> Nova<br />
Orleans, nos Estados Unidos. Para<br />
variar, Israel foi o primeiro país a<br />
mandar ajuda para estes locais. Vocês<br />
viram isso em algum lugar?<br />
Rosh Hashaná é tempo <strong>de</strong> alegria<br />
e música. E como música me lembra<br />
Beatles e os dois gran<strong>de</strong>s gênios do<br />
setor neste século que se passou, John<br />
Lennon, Z’L e Paul Macartney, é com<br />
eles que vou encerrar. Na última música<br />
do álbum ”Abbey Road“, “The<br />
End”, eles colocam: “E no final, todo<br />
amor que você leva é proporcional ao<br />
amor que fez”.<br />
Isto ninguém vai tirar <strong>de</strong> nós. Po<strong>de</strong>m<br />
não contar nossos feitos na Índia<br />
e Nova Orleans. Mas ninguém vai<br />
apagar o que fizemos. D-us sabe nossa<br />
luta neste ano em busca <strong>de</strong> fazer<br />
<strong>de</strong>ste um mundo melhor. D-us viu<br />
nossos sacrifícios, certos ou não, em<br />
prol <strong>de</strong> um mundo melhor. Talvez tenhamos<br />
do que se arrepen<strong>de</strong>r este ano<br />
sim. Nossos irmãos evacuados <strong>de</strong> Gaza<br />
ainda aguardam uma solução para<br />
suas vidas. Mas nós também fizemos<br />
muito pelo nosso povo, recolhendo<br />
irmãos que necessitavam no mundo<br />
inteiro, trabalhando comunitariamente,<br />
criando e dando fôlego a projetos<br />
como o De Olho Na Mídia, que<br />
visa proteger nosso povo das falsida<strong>de</strong>s<br />
e distorções que são ditas sobre<br />
ele. Lutamos por um mundo melhor.<br />
Buscamos ajudar os outros povos<br />
da humanida<strong>de</strong>. Crescemos, evoluímos<br />
nas <strong>de</strong>sgraças, estamos superando<br />
dores e rachas internos gravíssimos,<br />
como não se viam há muito<br />
tempo. Distribuímos amor, muito<br />
amor. Merecemos recolher em igual<br />
proporção agora. Tanto dos homens,<br />
como principalmente <strong>de</strong> D-us.<br />
Neste balanço <strong>de</strong> Rosh Hashaná e<br />
Iom Kipur, temos muito a ver e rever.<br />
Mas acredito que no final, nosso saldo<br />
continua tão positivo como sempre.<br />
E contrariando os Beatles, não<br />
existe final, existe recomeço. E neste<br />
eterno recomeço, nesta contínua<br />
roda da vida, <strong>de</strong>sejamos que Hashem<br />
olhe para nós com pieda<strong>de</strong> e misericórdia,<br />
vendo nossos bons atos, e<br />
nosso esforço, e encerre todos os<br />
sofrimentos, nossos e <strong>de</strong> toda a humanida<strong>de</strong>,<br />
trazendo logo - hoje ainda<br />
- Maschiach e a tão almejada re<strong>de</strong>nção.<br />
Shaná Tová a todos!<br />
* Daniel Benjamin Barenbein é jornalista,<br />
trabalha no site <strong>de</strong> combate a distorção na<br />
imprensa, “De Olho na Mídia”<br />
(www.<strong>de</strong>olhonamidia.org.br) e como<br />
coor<strong>de</strong>nador do movimento juvenil Betar<br />
<strong>de</strong> SP. Ainda exerce voluntariamente<br />
cargos <strong>de</strong> Hasbará na Organização<br />
Sionista <strong>de</strong> SP, Espaço K e Aish Brasil, e<br />
como orador nas sinagogas Beit<br />
Menachem e Kehilat Achim Tiferet. Possui<br />
um livro publicado na internet sobre<br />
neonazismo digital: www.varsovia.jor.br<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
VJ INDICA<br />
�ILME<br />
Minhas 100<br />
Crianças<br />
Direção: Ed Sherin<br />
Gênero: Drama<br />
Elenco: Linda Lavin,<br />
Torquil Campbell, Lenore<br />
Harris<br />
Ano: 1987, Origem: EUA,<br />
Colorido<br />
Título Original: Lena: My<br />
100 Children<br />
Sinopse<br />
Professora judia ajuda<br />
100 crianças a sair da Polônia<br />
após a Segunda Guerra Professora judia<br />
ajuda 100 crianças a sair da Polônia após a<br />
Segunda Guerra. Filme inspirado nos relatos verídicos<br />
<strong>de</strong> Lena Kuchler-Silberman, que morreu<br />
durante as filmagens e a qual o filme é <strong>de</strong>dicado.<br />
Lena salvou cem crianças judias (polonesas) da<br />
morte, após o final da Segunda Guerra Mundial,<br />
alimentando e educando-as, até que conseguiu<br />
passaportes para levá-las a Israel, on<strong>de</strong> finalmente<br />
estariam a salvo. Originariamente feito para<br />
a TV é um filme contun<strong>de</strong>nte e sincero.<br />
25
26<br />
VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765
VJ INDICA<br />
LIVRO<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
○<br />
A Saga dos Cristãos-Novos<br />
Joseph Eskenazi Pernidji – Imago Editora<br />
Como foi possível transformar uma nação inteira <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us,<br />
que viveu por mais <strong>de</strong> um milênio em Portugal, em<br />
um povo cristão? Esta e outras respostas relacionadas a<br />
rica história do povo ju<strong>de</strong>u estão em “A Saga dos Cristãos-Novos”,<br />
<strong>de</strong> Joseph Eskenazi Pernidji, que está sendo<br />
lançado com selo da Imago Editora. O leitor vai percorrer<br />
um caminho cheio <strong>de</strong> surpresas e vai <strong>de</strong>scobrir como mulheres<br />
e homens anteriormente batizados voltam à condição <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us, e constituem o<br />
que se chamou “a nação judaico-portuguesa”. Na viagem através do tempo, será possível<br />
constatar como este povo foi próspero, influente e <strong>de</strong> nível cultural acima do seu<br />
tempo, habitando os quatro cantos do mundo, como Holanda, França, Inglaterra, Alemanha,<br />
Ilhas do Caribe, Estados Unidos, Brasil e outros diversos países. Gente que<br />
<strong>de</strong>ixou marcas no mundo intelectual e foi pioneira na globalização econômica. Através<br />
do estudo da genealogia, Joseph Eskenazi Pernidji é capaz <strong>de</strong> levantar a <strong>de</strong>scendência<br />
<strong>de</strong> um povo que influiu <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>cisiva no <strong>de</strong>senvolvimento da história <strong>de</strong> Portugal<br />
e do Brasil. Eles seriam diferenciados do restante da população portuguesa pelo<br />
fato <strong>de</strong> constar nas certidões <strong>de</strong> batismo a condição <strong>de</strong> “cristão-novo”. Mais tar<strong>de</strong>, a<br />
nobreza e o clero <strong>de</strong> Portugal passam a protestar, e chegam até mesmo a pedir a<br />
proibição da utilização, pelos “cristãos-novos”, dos chamados nomes tradicionais dos<br />
“fundadores <strong>de</strong> Portugal”, tais como Nunes, Peixoto, Vaz, Castro, Seixas, Lopes, entre<br />
outros. É nessa época que são adotados nomes <strong>de</strong> animais, árvores e localida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
origem. O tempo agiu implacavelmente. O enorme fluxo migratório dos ju<strong>de</strong>us do<br />
Leste europeu, a mudança do eixo do po<strong>de</strong>r econômico e uma violenta assimilação<br />
ajudaram no <strong>de</strong>saparecimento da nação judaico-portuguesa. Os vestígios da sua importância<br />
e gran<strong>de</strong>za foram <strong>de</strong>ixados pela imensa contribuição cultural que está à<br />
disposição dos estudiosos e historiadores. É sobre essa nação, seus componentes,<br />
homens e mulheres, aventuras e peripécias, brilho e po<strong>de</strong>r, negócios e amores, o que<br />
este livro retrata.<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />
Barenboim <strong>de</strong>slumbrou o público<br />
argentino e disse que o país era um<br />
exemplo <strong>de</strong> convivência entre religiões.<br />
Deu conferências, conce<strong>de</strong>u entrevistas,<br />
movimentou-se como um Messias e poucos<br />
se ocuparam <strong>de</strong> contradizê-lo ou<br />
afrontá-lo. Por que tanta con<strong>de</strong>scendência?<br />
Indubitavelmente ao mundo faz<br />
falta um novo lí<strong>de</strong>r, um homem que<br />
encontre as soluções ou utopias ante<br />
as falências difíceis <strong>de</strong> encontrar nas<br />
mãos da ineficaz política como meio <strong>de</strong><br />
solução dos graves problemas. E chegou<br />
um gênio musical, com um gran<strong>de</strong><br />
po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> sedução, que como os condutores<br />
<strong>de</strong> massas diante <strong>de</strong> seus discursos<br />
megalômanos <strong>de</strong>slumbram e transformam<br />
os <strong>de</strong>sorientados em seus aliados.<br />
Não nego que seu objetivo é maravilhoso<br />
se ficasse restrito ao exemplo<br />
<strong>de</strong> uma orquestra, mas suas propostas<br />
são unidirecionais e favorece<br />
com suas <strong>de</strong>clarações com música <strong>de</strong><br />
fundo <strong>de</strong> Wagner à esquerda intelectual<br />
e política e à direita inconsistente em<br />
aplaudir suas propostas. Barenboim é um<br />
cultor da vítima palestina esquecendo a<br />
vítima israelense, favorecendo a imprensa<br />
mundial com sua filosofia da convivência<br />
enquanto a realida<strong>de</strong> é outra.<br />
Parece-me maravilhoso seu trabalho<br />
pessoal <strong>de</strong> aproximar os jovens <strong>de</strong><br />
duas socieda<strong>de</strong>s em litígio para que se<br />
conheçam e para que através <strong>de</strong> suas<br />
capacida<strong>de</strong>s instrumentais e diálogo<br />
compartilhem um grupo que seja um<br />
farol <strong>de</strong> esperança. Parece-me magnífico<br />
que um adolescente muçulmano e<br />
outro ju<strong>de</strong>u se olhem nos olhos e se<br />
vejam pela primeira vez cara a cara.<br />
Deleita-me a idéia <strong>de</strong> que não sejam<br />
os dirigentes interessados e pressionados<br />
por interesses os que obtenham sua<br />
amiza<strong>de</strong> em vez <strong>de</strong> fazê-los inimigos.<br />
O que me incomoda é que tudo o que<br />
Barenboim fez foi positivo para a comunida<strong>de</strong><br />
árabe em matéria <strong>de</strong> aproximação<br />
interreligiosa dando priorida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> espaço. De todo seu objetivo, contudo,<br />
esqueceu <strong>de</strong> levar os membros<br />
<strong>de</strong> sua orquestra aos edifícios on<strong>de</strong> o<br />
terrorismo <strong>de</strong>struiu a Embaixada <strong>de</strong> Israel<br />
e a Amia, e colocar em sua turnê a<br />
educação <strong>de</strong>sses jovens, para <strong>de</strong>monstrar<br />
sua equilibrada mensagem, leválos<br />
também a Jerusalém da mesma<br />
27<br />
Metha, Barenboim.<br />
�eidman…<br />
Martha Wolff *<br />
maneira que foi a Ramallah em 21 <strong>de</strong><br />
agosto. Esta falta ante seu ser ju<strong>de</strong>u<br />
me incomodou e é por isso que escrevo<br />
este artigo.<br />
Comparando a atuação que o maestro<br />
hindu Zubin Metha tem e teve<br />
na Filarmônica <strong>de</strong> Israel, com a <strong>de</strong><br />
Barenboim, sinto que há uma gran<strong>de</strong><br />
diferença. Metha com seu prestígio<br />
comprometeu-se com todo o tipo <strong>de</strong><br />
colaboração para sustentar essa orquestra<br />
pelo que ela significa e Barenboim<br />
com sua veemência se colocando<br />
como campeão <strong>de</strong> uma causa<br />
que exce<strong>de</strong> seu rol <strong>de</strong> músico. É verda<strong>de</strong><br />
que a música apazigua as feras,<br />
mas ele <strong>de</strong> sua batuta, não é o domador<br />
do conflito do Oriente Médio.<br />
Pelo contrário, no dia 20 <strong>de</strong> agosto,<br />
na cida<strong>de</strong> alemã <strong>de</strong> Colônia, no encentro<br />
mundial <strong>de</strong> jovens católicos, o<br />
clarinetista israelense Giora Feidman,<br />
convidado pelo Vaticano, tocou música<br />
klezmer com seu sexteto multicultural e<br />
religioso e estreou uma canção baseada<br />
na história <strong>de</strong> sua família que ao<br />
emigrar pelas perseguições anti-semitas<br />
na Europa foi tomando <strong>de</strong> cada lugar<br />
sua música e interpretou as melodias:<br />
“Evenu Shalom Aleichem “, “Alegria”,<br />
uma prece judaica, a “Ave Maria”<br />
e mostrou ao público a canção<br />
“Bendiga a teus filhos, Bless your sons”,<br />
escrita pela compositora israelense Ora<br />
Bat Chaim.<br />
Feidman faz anos que dá concertos<br />
em igrejas, e <strong>de</strong> sua clara i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e<br />
solidão faz tanto como Barenboim, por<br />
isso vale a pena <strong>de</strong>stacar seu trabalho<br />
<strong>de</strong> mensageiro da paz sem tanto conflito<br />
pessoal e com objetivos tão transparentes<br />
como é o <strong>de</strong> chegar ao coração<br />
<strong>de</strong> muitas pessoas que por discriminação<br />
o<strong>de</strong>iam o nosso povo.<br />
Três histórias, três homens, três<br />
formas diferentes <strong>de</strong> lutar pela confraternização<br />
dos povos…<br />
Três mosqueteiros com diferentes<br />
meios para chegar ao mesmo fim… e<br />
em silêncio milhares <strong>de</strong> grupos ignorados<br />
que lutam e se reúnem em Israel<br />
para a convivência entre israelenses<br />
e palestinos com a participação<br />
<strong>de</strong> árabes, palestinos, sírios, libaneses<br />
e sabras.<br />
* Martha Wolff é jornalista escritora, conferencista internacional e dirigiu várias<br />
publicações culturais <strong>de</strong> intercâmbio argentino-israelenses. Escreve roteiros para<br />
televisão e teatro. Publicou 10 livros, entre os quais “Inmigrantes judíos pioneros<br />
<strong>de</strong> la Argentina” e “Judíos Argentinos & judíos y argentinos”. Há cinco anos tem um<br />
programa na Rádio Chai, <strong>de</strong> Buenos Aires, que se chama: ”Mulheres em Ação”. É<br />
colaboradora do site israelense <strong>de</strong> língua espanhola, Por Israel (www.porisrael.org),<br />
parceiro do jornal Visão <strong>Judaica</strong>.
28<br />
VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />
Em seu 1º ano, “De Olho Na Mídia” já<br />
muda a perspectiva sobre Israel<br />
á um ano atrás surgia o site<br />
“De Olho Na Mídia”, uma iniciativa<br />
há tempos esperada<br />
pela comunida<strong>de</strong> judaica brasileira,<br />
que sempre sentiu que<br />
po<strong>de</strong>ria ser melhor retratada na<br />
mídia, mas nem sempre conseguia.<br />
“De Olho na Mídia” veio para suprir<br />
essa lacuna e acabou por realizar<br />
esse trabalho a contento. E é hoje<br />
um sucesso <strong>de</strong> público e muito respeitado<br />
pela mídia em geral.<br />
Atualmente, possui quatro mil<br />
pessoas que se cadastraram <strong>de</strong> forma<br />
espontânea e auxiliam seu trabalho<br />
<strong>de</strong> vigilância da imprensa, do rádio,<br />
da TV, dos sites na internet e outros<br />
veículos <strong>de</strong> comunicação. Eles funcionam<br />
como um gran<strong>de</strong> corpo <strong>de</strong><br />
voluntários que investigam a mídia<br />
buscando <strong>de</strong>turpações e/ou artigos<br />
a serem elogiados, bem como tradutores<br />
que auxiliam na divulgação <strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong>s textos - didáticos, contestadores<br />
ou com uma visão diferente<br />
da realida<strong>de</strong> mostrada pela mídia -<br />
que é publicada no site.<br />
Foram feitas três petições com<br />
enorme êxito e repercussão. A campanha<br />
que está em andamento agora,<br />
pe<strong>de</strong> aos veículos <strong>de</strong> imprensa que<br />
chamem os terroristas <strong>de</strong> terroristas,<br />
sem subterfúgios.<br />
Nesse primeiro ano <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s,<br />
foram publicados 220 artigos e 175<br />
comentários que ofereceram ao gran<strong>de</strong><br />
público uma nova e ampla visão<br />
sobre os ju<strong>de</strong>us, judaísmo, Holocausto,<br />
Israel e assuntos correlatos. Muitos<br />
<strong>de</strong>stes comentários ren<strong>de</strong>ram intercâmbio<br />
<strong>de</strong> informações com gran<strong>de</strong>s<br />
jornais e jornalistas do país, fazendo<br />
com que eles se manifestassem<br />
em relação às críticas e/ou elogios<br />
formulados pelo site, expandindo<br />
os canais <strong>de</strong> comunicação.<br />
Palestras, participações em rádio,<br />
colunas em jornais da comunida<strong>de</strong>,<br />
foram outras das ativida<strong>de</strong>s paralelas<br />
da equipe do “De Olho Na Mídia,<br />
<strong>de</strong>monstrando assim que muito já foi<br />
feito neste primeiro ano. O “De Olho<br />
Na Mídia” é um parceiro do jornal<br />
Visão <strong>Judaica</strong>, pois que ambos têm<br />
objetivos correlatos.<br />
Quando <strong>de</strong> sua criação, o site<br />
tinha como objetivo primário, que<br />
as pessoas manifestassem seu <strong>de</strong>scontentamento<br />
com <strong>de</strong>terminados<br />
veículos <strong>de</strong> mídia, parciais ou <strong>de</strong>sinformados,<br />
enviando e-mails em<br />
massa para os mesmos. A mesma lógica<br />
vale para a hora <strong>de</strong> elogiar<br />
gran<strong>de</strong>s matérias.<br />
A idéia era conscientizar os veículos<br />
e os profissionais <strong>de</strong> imprensa<br />
<strong>de</strong> que havia gente atenta a estas<br />
questões. Percebia-se, <strong>de</strong> forma<br />
geral, que muitos jornalistas<br />
eram mal preparados, ou mal informados,<br />
ou ainda mal intencionados,<br />
escreviam o que queriam sobre<br />
Israel e os ju<strong>de</strong>us, imaginando<br />
que não receberiam contestações,<br />
ou que se estas chegassem, seriam<br />
sumariamente ignoradas.<br />
O “De Olho Na Mídia”, mesmo ainda<br />
não atingindo completamente seu<br />
objetivo inicial, <strong>de</strong> fazer com que as<br />
pessoas massivamente escrevessem<br />
aos veículos que distorcem a realida<strong>de</strong>,<br />
já se tornou um sucesso, e obteve<br />
seus primeiros êxitos, justamente<br />
por ser um fórum aberto, on<strong>de</strong> críticas<br />
po<strong>de</strong>m ser expostas sem censura.<br />
Os jornalistas apontados nos comentários,<br />
fizeram a trilha até o site,<br />
saíram informados sobre o que erraram,<br />
e eventualmente contestaram os<br />
textos ali publicados, mas boa parte<br />
abriu um canal <strong>de</strong> diálogo.<br />
Versão brasileira do Honest Reporting,<br />
cujo trabalho provocou repercussões<br />
na CNN, BBC e Reuters, e<br />
que atualmente conta com um mailing<br />
<strong>de</strong> 100 mil nomes, o “De Olho Na<br />
Mídia” tem muito por fazer ainda.<br />
O “De Olho Na Mídia” intervém se<br />
manifestando quando jornais publicaram<br />
textos revisionistas, revistas<br />
publicaram inverda<strong>de</strong>s sobre a carreira<br />
<strong>de</strong> lí<strong>de</strong>res israelenses, comparando-os<br />
com terroristas, sites <strong>de</strong> Internet ignoraram<br />
as vítimas israelenses do conflito<br />
ou minimizaram os perpetradores<br />
das ações criminosas. Manifestase<br />
também quando charges levantam<br />
velhos estereótipos medievais dos<br />
ju<strong>de</strong>us, ou quando entrevistas <strong>de</strong> rádio<br />
<strong>de</strong>slegitimaram a existência do<br />
Estado <strong>de</strong> Israel, pois o silêncio sempre<br />
foi a arma que permitiu que atrocida<strong>de</strong>s<br />
fossem cometidas. A equipe<br />
que faz o “De Olho na Mídia” <strong>de</strong>cidiu<br />
que não iria mais se calar. “Nossa<br />
consciência não nos permitia”, diz um<br />
comunicado que comemorou o primeiro<br />
aniversário do site.<br />
A nota acrescenta que “temos<br />
muito ainda o que fazer. Nosso trabalho<br />
mal começou. Preten<strong>de</strong>mos nos<br />
tornar mais que um site <strong>de</strong> críticas e<br />
elogios à mídia, uma fonte <strong>de</strong> informação<br />
para jornalistas e profissionais<br />
do ramo, montando gran<strong>de</strong>s seções<br />
com informações sobre Israel,<br />
sua história, povo ju<strong>de</strong>u e etc... Ainda<br />
temos a pretensão <strong>de</strong> nos tornarmos<br />
uma espécie <strong>de</strong> “agência <strong>de</strong> notícias”,<br />
fornecendo conteúdo alternativo<br />
e <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, com informações<br />
precisas sobre o que se passa<br />
no Oriente Médio e no mundo judaico<br />
para veículos <strong>de</strong> imprensa”.<br />
Aos que fazem o site “De Olho Na<br />
Mídia”, a equipe que produz o jornal<br />
Visão <strong>Judaica</strong> <strong>de</strong>seja cumprimentar a<br />
todos pelo êxito do trabalho alcançado<br />
nesse primeiro ano <strong>de</strong> vida, e<br />
que com certeza irá crescer mais ainda,<br />
ampliando e aprofundando seu<br />
notável e exemplar trabalho nesta luta<br />
pelo bom jornalismo e pela informação<br />
correta. Ou seja, uma luta, no bom<br />
sentido, para que o leitor tenha assegurado<br />
seu direito <strong>de</strong> conhecer a<br />
verda<strong>de</strong> e ser bem informado.