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À Comunidade Israelita de Curitiba - Visão Judaica On Line

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2<br />

editorial<br />

VISÃO JUDAICA • setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />

Publicação mensal in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da<br />

EMPRESA JORNALÍSTICA VISÃO<br />

JUDAICA LTDA.<br />

Redação, Administração e Publicida<strong>de</strong><br />

visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />

<strong>Curitiba</strong> PR Brasil<br />

Fone/fax: 55 41 3018-8018<br />

Diretora <strong>de</strong> Operações e Marketing<br />

SHEILLA FIGLARZ<br />

Diretora Administrativa e<br />

Financeira<br />

HANA KLEINER<br />

Diretor <strong>de</strong> Redação<br />

SZYJA B. LORBER<br />

Publicida<strong>de</strong><br />

DEBORAH FIGLARZ<br />

Arte e Diagramação<br />

SONIA OLESKOVICZ<br />

Webmaster<br />

RAFFAEL FIGLARZ<br />

Colaboram nesta edição:<br />

Abd el Rajman el Rashid, Andrés<br />

Spokoiny, Antonio Carlos Coelho,<br />

Aristi<strong>de</strong> Bro<strong>de</strong>schi, Dina Kraft,<br />

Daniel Benjamin Barenbein, Edda<br />

Bergmann, Jane Bichmacher <strong>de</strong><br />

Glasman, Marco Alzamora, Martha<br />

Wolff, Markin Tu<strong>de</strong>r, Nahum Sirotsky,<br />

Pilar Rahola, Sérgio Feldman, Tzvi<br />

Neumann, Vittorio Corinadi, Yossi<br />

Groisseoign e Zvi Mazel<br />

Os artigos assinados não representam<br />

necessariamente a opinião do jornal,<br />

mas a dos autores e colaboradores<br />

www.visaojudaica.com.br<br />

A histórica retirada<br />

No limiar <strong>de</strong> um novo ano <strong>de</strong> esperanças<br />

dia 12 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2005<br />

passa à história <strong>de</strong> Israel.<br />

A <strong>de</strong>sconexão <strong>de</strong> Gaza terminou.<br />

Os soldados cruzaram<br />

a fronteira e voltaram para<br />

casa, encerrando um episódio<br />

que durou 38 anos. Ninguém agora<br />

po<strong>de</strong> dizer que Israel ocupa Gaza. O<br />

primeiro ministro Sharon cumpriu<br />

o prometido e com um custo político<br />

alto. Assumiu a responsabilida<strong>de</strong><br />

pelo fato, mas todos sabem<br />

que isso não se concretizaria sem a<br />

participação do Parlamento e o <strong>de</strong>vido<br />

consenso da maioria da população.<br />

Isto é Israel, on<strong>de</strong> existe<br />

<strong>de</strong>mocracia e liberda<strong>de</strong>.<br />

A atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Sharon levou países<br />

como o Paquistão e o Emirado<br />

<strong>de</strong> Dubai a estabelecerem relações<br />

diplomáticas com Israel, que já mantém<br />

acordos <strong>de</strong> paz ou relações com<br />

os também muçulmanos Egito, Jordânia,<br />

Turquia e Mauritânia, na Áfri-<br />

ca. Mas bastou Israel sair <strong>de</strong> Gaza e<br />

uma horda <strong>de</strong> palestinos <strong>de</strong>senfreados<br />

incendiou as sinagogas <strong>de</strong>ixadas<br />

para que fossem “protegidas”<br />

pela Autorida<strong>de</strong> Palestina... É provável<br />

que tenha sido uma prova… E<br />

é claro que não passou.<br />

Em Israel há muitas mesquitas fechadas<br />

e que não têm ativida<strong>de</strong>. Mas<br />

estão sob a proteção do governo<br />

como lugares sagrados. Nunca houve<br />

turbas ensan<strong>de</strong>cidas <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us<br />

que as queimassem. E nem haverá.<br />

Esta é a diferença fundamental num<br />

país civilizado, <strong>de</strong>mocrático e livre,<br />

on<strong>de</strong> convivem, em harmonia, ju<strong>de</strong>us<br />

e árabes israelenses.<br />

A jornalista espanhola Pilar Rahola,<br />

que esteve em <strong>Curitiba</strong> em agosto<br />

último, ao respon<strong>de</strong>r uma questão<br />

durante palestra que fez na Universida<strong>de</strong><br />

Tuiuti, disse que não haveria<br />

problema algum se 8 mil ju<strong>de</strong>us permanecessem<br />

vivendo em Gaza, na fu-<br />

Nossa capa<br />

tura Palestina, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que esse país<br />

fosse uma <strong>de</strong>mocracia. De certa forma,<br />

já antevia a <strong>de</strong>struição das sinagogas,<br />

das estufas (que lhes serviriam)<br />

e dos prédios públicos <strong>de</strong>ixados<br />

para trás pelos ju<strong>de</strong>us. Se ficassem<br />

lá após a retirada fatalmente<br />

seriam trucidados, como resultado da<br />

ju<strong>de</strong>ufobia institucional e religiosa,<br />

e da maciça propaganda contra Israel<br />

encetadas ao longo das últimas<br />

décadas pela Autorida<strong>de</strong> Palestina e<br />

países árabes. Nem policiais palestinos,<br />

nem egípcios os <strong>de</strong>tiveram.<br />

Soldados e policiais israelenses<br />

foram <strong>de</strong>sarmados tirar os colonos<br />

ju<strong>de</strong>us <strong>de</strong> Gush Katif. Não houve uma<br />

só vítima. Pelo contrário, ver soldados<br />

abraçando colonos que choravam<br />

<strong>de</strong>u “nó na garganta” <strong>de</strong> muita<br />

gente, mas também encheu <strong>de</strong> orgulho,<br />

tanto os ju<strong>de</strong>us que estavam a<br />

favor ou eram contra a <strong>de</strong>sconexão...<br />

Mas as expectativas <strong>de</strong> paz ain-<br />

A capa reproduz o quadro cujo título é “O arrependimento”, elaborado<br />

com a técnica litografia em uma tela <strong>de</strong> dimensões 60 X 50 cm, criação <strong>de</strong><br />

Aristi<strong>de</strong> Bro<strong>de</strong>schi. O autor nasceu em Bucareste, Romênia, é arquiteto e<br />

artista plástico, e vive em <strong>Curitiba</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1978. Já <strong>de</strong>senvolveu trabalhos<br />

em várias técnicas, <strong>de</strong>ntre elas pintura, gravura e tapeçaria. Recebeu<br />

premiações por seus trabalhos no Brasil e nos EUA. Suas obras estão<br />

espalhadas por vários países e tem no judaísmo, uma das principais fontes<br />

<strong>de</strong> inspiração. É o autor das capas do jornal Visão <strong>Judaica</strong>. (Para<br />

conhecer mais sobre ele, visite o site www.bro<strong>de</strong>schi.com.br).<br />

Dia 31/8 (26 <strong>de</strong> Av) – Izaak Gantman, que vivia em Indaial, SC, faleceu em Blumenau e foi<br />

sepultado em <strong>Curitiba</strong> no cemitério israelita do Umbará. Deixa 4 filhos.<br />

Dia 16/9 (12 <strong>de</strong> Elul) – Jack Zitronenblat, <strong>de</strong> <strong>Curitiba</strong>, sepultado no cemitério Santa Cândida.<br />

Datas importantes<br />

�alecimentos<br />

24 <strong>de</strong> setembro Ki Tavó/Shabat Selichot Ashkenaz<br />

1º <strong>de</strong> outubro Nitsavim<br />

3 <strong>de</strong> outubro Véspera <strong>de</strong> Rosh Hashaná 5766<br />

4 <strong>de</strong> outubro 1º Dia <strong>de</strong> Rosh Hashaná<br />

5 <strong>de</strong> outubro 2º Dia <strong>de</strong> Rosh Hashaná<br />

6 <strong>de</strong> outubro Jejum <strong>de</strong> Guedália<br />

8 <strong>de</strong> outubro Vaiêlech/Shabat Teshuvá<br />

12 <strong>de</strong> outubro Véspera <strong>de</strong> Iom Kipur<br />

13 <strong>de</strong> outubro Iom Kipur<br />

15 <strong>de</strong> outubro Haazinu<br />

17 <strong>de</strong> outubro Véspera <strong>de</strong> Sucot<br />

18 <strong>de</strong> outubro 1º Dia <strong>de</strong> Sucot<br />

19 <strong>de</strong> outubro 2º Dia <strong>de</strong> Sucot<br />

Acendimento das velas em<br />

<strong>Curitiba</strong> setembro/outubro<br />

Véspera <strong>de</strong> Shabat<br />

DATA HORA<br />

23/9 17h53<br />

30/9 17h55<br />

3/10* 17h57<br />

4/10* 18h52<br />

7/10 17h58<br />

12/10* 18h01<br />

14/10 18h02<br />

17/10* 19h03<br />

18/10* 19h59<br />

* Em Iom Tov recita-se uma benção diferente.<br />

A partir <strong>de</strong> 16/10 vigora o Horário Brasileiro<br />

<strong>de</strong> Verão e esta tabela já adiciona uma hora<br />

a mais aos horários a partir <strong>de</strong>ssa data.<br />

da são inexistentes por ora. Israel<br />

pe<strong>de</strong> o <strong>de</strong>sarme dos grupos terroristas?<br />

Fazem ouvidos moucos, ou<br />

então morrem <strong>de</strong> rir… Mahmud El<br />

Zahar, lí<strong>de</strong>r do Hamas, volta a<br />

ameaçar. Ameaças às quais Israel<br />

está acostumado e não se assusta.<br />

Agora, o novo sonho é possuir Tel<br />

Aviv, imagem do cosmopolitismo e<br />

pujança <strong>de</strong> Israel. Os palestinos<br />

po<strong>de</strong>riam ter feito o mesmo após a<br />

In<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> Israel, mas só se<br />

<strong>de</strong>dicaram a criar uma cultura <strong>de</strong><br />

morte e estagnar em séculos <strong>de</strong><br />

atraso. Por que não ergueram um<br />

país como lsrael?<br />

Todos os aspectos, ângulos e<br />

facetas da histórica retirada <strong>de</strong><br />

Israel <strong>de</strong> Gaza, o leitor encontrará<br />

nesta edição especial <strong>de</strong> Visão<br />

<strong>Judaica</strong>, comemorativa às gran<strong>de</strong>s<br />

festas <strong>de</strong> Rosh Hashaná, Iom Kipur<br />

e Sucot. Boa leitura!<br />

A Redação<br />

Humor Judaico<br />

Nunca é tar<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>mais<br />

Um homem pio atingiu<br />

a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 105 anos<br />

e <strong>de</strong> repente parou <strong>de</strong> ir<br />

à sinagoga. Alarmado<br />

com a ausência do velho<br />

amigo após tantos<br />

anos <strong>de</strong> fiel presença, o<br />

rabino foi vê-lo. Ele o<br />

encontra com excelente<br />

saú<strong>de</strong>, e então pergunta:<br />

“Como após todos<br />

esses anos nós não o vemos<br />

mais nos serviços religiosos?”<br />

O velho homem olha<br />

à sua volta e baixando<br />

a voz sussurra: Eu lhe<br />

conto, rabino. “quando<br />

cheguei aos 90 esperei<br />

que D-us me levasse<br />

qualquer dia. Mas então<br />

cheguei aos 95, <strong>de</strong>pois<br />

aos 100, e aí aos 105.<br />

Então, imagino que Dus<br />

está muito ocupado<br />

e <strong>de</strong>ve ter se esquecido<br />

<strong>de</strong> mim… E eu não quero<br />

lembrá-Lo...”


ameaça terrorista globalizou-se.<br />

Da página <strong>de</strong> qualquer<br />

dos Ministérios das<br />

Relações Exteriores no mundo,<br />

fica claro que hoje po<strong>de</strong> ser um<br />

risco visitar muitos lugares no mundo.<br />

Esta é uma mudança <strong>de</strong>cisiva que<br />

ocorreu durante os últimos dois<br />

anos. Anteriormente, o terrorismo<br />

estava circunscrito a alguns poucos<br />

lugares, que se <strong>de</strong>via tratar <strong>de</strong> evitar<br />

viajar. Agora po<strong>de</strong> estourar em qualquer<br />

lugar - também em casa.<br />

De muitas maneiras o público<br />

mundial está provando um pouco do<br />

remédio com o qual os israelenses têm<br />

que conviver durante décadas, provido<br />

por seus vizinhos e os terroristas<br />

palestinos.<br />

Durante as últimas duas gerações<br />

o Estado <strong>de</strong> Israel <strong>de</strong>ve ter<br />

sido o lugar na terra mais exposto<br />

ao terrorismo <strong>de</strong> todo tipo. Tem<br />

estalado sem advertências e sem<br />

razão. Cada dia a vida se transfor-<br />

ma num caos e nunca se sabe se<br />

voltará a acontecer.<br />

Por muito tempo tem sido fácil<br />

permanecer a uma distância conveniente<br />

dos suicidas em supermercados<br />

e dos mísseis em assentamentos,<br />

e instar Israel a mostrar equilíbrio,<br />

chamando-o <strong>de</strong> irrefreável em sua<br />

resposta ao terrorismo. “..Israel <strong>de</strong>ve<br />

mostrar que é o forte e <strong>de</strong>ve exibir a<br />

força necessária para conter-se em<br />

seus <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong> represália...”, se escuta<br />

com freqüência nas capitais<br />

européias quando o terrorismo ataca<br />

novamente, e outra vez se espalha a<br />

morte e a <strong>de</strong>struição entre os civis<br />

do Estado ju<strong>de</strong>u..<br />

Frequentemente, a crítica a Israel<br />

chegou tão longe que na realida<strong>de</strong><br />

negou ao Estado ju<strong>de</strong>u o direito à simples<br />

auto<strong>de</strong>fesa. Entre muitas pessoas<br />

da direita, mas também nas fileiras da<br />

esquerda, por exemplo, do Partido Social<br />

Democrata dinamarquês, Israel tem<br />

sido um símbolo incômodo das tantas<br />

VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />

Todos somos israelenses 1<br />

injustiças neste mundo. A <strong>de</strong>scrição<br />

do inimigo tem sido afavelmente em<br />

branco e preto. Mas agora a realida<strong>de</strong><br />

parece ser um pouco diferente.<br />

Agora, <strong>de</strong> repente, a experiência<br />

israelense nos fez reais. Agora, as<br />

bombas po<strong>de</strong>m estourar entre nós em<br />

qualquer lugar. Enquanto que basicamente<br />

o Oriente Médio – leia-se:<br />

Israel – se acostumava em ser culpada<br />

pelo terrorismo internacional,<br />

agora parece que este atua sem uma<br />

lógica nem razão mais profunda que<br />

prejudicar o Oci<strong>de</strong>nte e intimidar os<br />

seus cidadãos. De pronto, com todas<br />

as advertências existentes, não<br />

está tão em moda. Agora todos insistem<br />

numa luta ativa contra os tenebrosos<br />

terroristas e aqueles que estão<br />

por trás <strong>de</strong>les.<br />

Se antes não o éramos,<br />

pelo menos agora,<br />

a esse respeito, todos<br />

nós tornamo-nos,<br />

<strong>de</strong> repente, israelenses.<br />

3<br />

1. Editorial publicado em 26/7 no jornal<br />

Jyllands Posten, <strong>de</strong> Copenhague,<br />

Dinamarca, um dos veículos <strong>de</strong> imprensa<br />

mais lidos naquele país e conhecido<br />

pelo seu noticiário imparcial.<br />

Sua circulação atinge 670 mil exemplares<br />

nos dias da semana e <strong>de</strong> 790<br />

mil aos domingos.


4<br />

1. Publicado na Revista<br />

“O Hebreu”, nº 275.<br />

VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />

�eliz aniversário, mundo!<br />

* Jane Bichmacher<br />

<strong>de</strong> Glasman é escritora,<br />

doutora em Língua Hebraica,<br />

Literaturas e Cultura <strong>Judaica</strong>,<br />

fundadora e ex-diretora do<br />

Programa <strong>de</strong> Estudos Judaicos<br />

Universida<strong>de</strong> Estadual do<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro (UERJ),<br />

professora e coor<strong>de</strong>nadora<br />

do Setor <strong>de</strong> Hebraico UFRJ<br />

(aposentada).<br />

Jane Bichmacher <strong>de</strong> Glasman *<br />

final, quantas vezes os ju<strong>de</strong>us<br />

celebram o Ano Novo?<br />

Segundo o calendário<br />

judaico são comemorados...<br />

4 Anos Novos! Em Nissan,<br />

Elul, Tishrei e Shvat...<br />

Nissan é, na Bíblia, o primeiro<br />

mês do ano, para a contagem dos<br />

anos dos reis <strong>de</strong> Israel. Além disso,<br />

sendo o mês <strong>de</strong> Pêssach, que comemora<br />

a passagem para a liberda<strong>de</strong>,<br />

envolve, a meu ver, o belo simbolismo<br />

<strong>de</strong> o tempo ter sentido, merecendo<br />

ser contado, a partir do momento<br />

que somos livres!...<br />

Tu Bishvat, Ano Novo das Árvores,<br />

no calendário judaico, o dia não<br />

apenas é fixo, como <strong>de</strong>fine o nome<br />

da festa: as letras hebraicas tet e vav,<br />

que formam o Tu, têm valor numérico<br />

9 e 6; como 9+6= 15 significa<br />

que se comemora no 15º dia do mês<br />

Shvat. É o ano novo das árvores em<br />

referência ao cálculo do dízimo dos<br />

frutos, que <strong>de</strong>via ser entregue aos<br />

Levitas na época do Templo, numa<br />

jornada festiva. Tu Bishvat era visto<br />

como um precursor da primavera.<br />

Com a Golá, Diáspora judaica, passou<br />

a ser celebrado enfatizando nossa<br />

conexão com Israel.<br />

Elul era o Ano Novo do gado:<br />

no primeiro dia do mês, retirava-se<br />

o dízimo (um décimo<br />

dos animais nascidos<br />

nos últimos 12 meses) e<br />

doava-se ao Beit HaMikdash,<br />

o Templo em Jerusalém.<br />

Tishrei é <strong>de</strong>finido<br />

como sétimo mês no texto<br />

bíblico: “O primeiro<br />

dia do sétimo mês, será<br />

<strong>de</strong>scanso solene para vocês,<br />

uma comemoração proclama-<br />

da com o toque do shofar, uma convocação<br />

santa”. Ele também marca<br />

o início da contagem da Shemitá<br />

(Ano Sabático); do Iovel (Jubileu,<br />

quando eram libertos os escravos e<br />

as proprieda<strong>de</strong>s voltavam às mãos<br />

dos donos originais); da Orlá (3<br />

anos a partir do plantio <strong>de</strong> uma árvore<br />

frutífera, durante os quais não<br />

se po<strong>de</strong> comer seus frutos) bem<br />

como do ano para cálculo do dízimo<br />

da colheita <strong>de</strong> vegetais e grãos.<br />

Aniversário do Homem<br />

Na Antigüida<strong>de</strong>, Rosh haShaná<br />

era época <strong>de</strong> Ano Novo não só judaico,<br />

mas para todo o hemisfério<br />

norte (mundo conhecido na época),<br />

quando se encerrava o ciclo anual<br />

agrícola e era feito o balanço do ano,<br />

como fazem as empresas hoje, publicando-os<br />

em jornais (explicando,<br />

em parte, a simbologia do signo zodiacal<br />

- Balança associado ao período).<br />

Com o acréscimo <strong>de</strong> preceitos e<br />

símbolos judaicos (especialmente o<br />

julgamento divino e o balanço espiritual<br />

do ano) e, por termos continuado<br />

a comemorar a data, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

<strong>de</strong> localização espacial, Rosh<br />

haShaná ficou conhecido como “O”<br />

Ano Novo judaico. O Talmud e o Zohar<br />

<strong>de</strong>ixam claro que o dia <strong>de</strong> julgamento<br />

inclui todos os povos do mundo;<br />

em 1º <strong>de</strong> Tishrei o futuro <strong>de</strong> cada<br />

indivíduo da humanida<strong>de</strong> será <strong>de</strong>terminado,<br />

enfatizando seu caráter<br />

universal. Veio a ser consi<strong>de</strong>rado no<br />

período talmúdico o começo do ano<br />

civil judaico, por ser o mês da Criação,<br />

uma espécie <strong>de</strong> “Aniversário do<br />

Mundo e do Homem”, sem entrar em<br />

polêmicas <strong>de</strong> Religião versus Ciência,<br />

a partir do momento que, sob<br />

nenhum dos dois âmbitos o tempo é<br />

uma unida<strong>de</strong> quantificada fixa e imutável,<br />

combinando a relativida<strong>de</strong><br />

científica com o Salmo: “Mil anos aos<br />

Teus olhos são como o dia <strong>de</strong> ontem...”<br />

Além dos variados conceitos<br />

antropológicos, entre outros, da caracterização<br />

do homem produtor <strong>de</strong><br />

cultura e agente <strong>de</strong> civilização.<br />

Celebrando: Rosh & Shaná 1<br />

O ano novo judaico celebra o aniversário<br />

da criação do mundo. É época<br />

<strong>de</strong> reavaliação da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

nosso relacionamento com D-us.<br />

Quando Moisés interce<strong>de</strong>u em favor<br />

dos hebreus (por terem cometido<br />

idolatria) o povo ouviu ressoar o<br />

shofar, que anunciava a presença <strong>de</strong><br />

D-us. É um espaço temporal que serve<br />

para refletir e se comprometer com<br />

um plano <strong>de</strong> ação. A essência do ano<br />

novo judaico não é uma ocasião para<br />

o excesso e o júbilo incontrolado.<br />

Entra-se num período <strong>de</strong> reflexão, <strong>de</strong><br />

auto-exame e também <strong>de</strong> recordação.<br />

O símbolo principal <strong>de</strong>ste evento<br />

é o toque do shofar durante o<br />

mussaf. O shofar é como um alarme,<br />

que chama à reflexão o piedoso e, à<br />

consciência adormecida, o homem<br />

<strong>de</strong>sinteressado. O objetivo é a Teshuvá;<br />

freqüentemente traduzida como<br />

arrependimento, na realida<strong>de</strong> significa<br />

retorno. O judaísmo enfatiza que<br />

nossa natureza essencial, a centelha<br />

divina da alma, é boa. O real arrependimento<br />

é atingido não por meio<br />

da autocon<strong>de</strong>nação, mas pela percepção<br />

<strong>de</strong> que o mais profundo <strong>de</strong>sejo<br />

é fazer o bem, retornar ao bem.<br />

Como forma original <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejar<br />

Shaná Tová, repensar o significado<br />

da expressão.<br />

Rosh em hebraico, quer dizer cabeça.<br />

Mas significa também chefe;<br />

início, princípio; cimo, cume, vértice;<br />

parte, ramificação; base, fundamento,<br />

essência; veneno (planta<br />

venenosa); como adjetivo: superior,<br />

principal. Shaná significa ano; como<br />

verbo: repetir, reiterar; estudar,<br />

apren<strong>de</strong>r; ensinar, instruir; transformar-se,<br />

modificar-se; diferir. Outra<br />

observação lingüística interessante<br />

é que a palavra shaná é feminina...<br />

Quanto se po<strong>de</strong> extrair, em termos<br />

<strong>de</strong> reflexão sobre Rosh Hashaná, só a<br />

partir do significado das palavras!<br />

Quando falamos cabeça, ten<strong>de</strong>mos a<br />

associar com razão, racional. Ao falar<br />

em feminino, associamos, até por<br />

condicionamento cultural, com o<br />

emocional. Ten<strong>de</strong>mos a formar um binômio<br />

razão X emoção, bem como<br />

masculino X feminino... Além disso,<br />

rosh po<strong>de</strong> ser base, início, parte ou<br />

cume: uma estrutura completa!<br />

Quando pensamos em educação,<br />

a partir do hebraico shaná, recebemos<br />

um “toque” que po<strong>de</strong> nos ajudar<br />

a transformar as nossas vidas,<br />

fazendo um jogo com a multiplicida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> sentido <strong>de</strong>stas palavras, que<br />

embutem mensagens valiosas: repetir<br />

ou transformar, estudar e apren<strong>de</strong>r,<br />

ensinar instruir ou educar? Dizer<br />

que Rosh ha-Shaná é um período<br />

<strong>de</strong> reflexão, é um lugar comum. Tornemos<br />

este lugar, este espaço temporal,<br />

um pouco mais incomum!<br />

Usando os sinônimos mencionados,<br />

usemos há-rosh, a cabeça, a razão,<br />

para sermos o chefe... <strong>de</strong> nós<br />

mesmos, <strong>de</strong> nossos <strong>de</strong>stinos! Não<br />

po<strong>de</strong>ríamos assim enten<strong>de</strong>r o livrearbítrio<br />

que nos foi dado por D-us?<br />

Não po<strong>de</strong>ria ser esta a essência da<br />

mensagem metalingüística as palavras<br />

nos dizendo mais do que lhes é<br />

autorizado saber?<br />

E nossa emoção? Não vem sempre<br />

carregada <strong>de</strong> um passado cumulativo<br />

que, se por um lado, engloba<br />

todas as nossas boas experiências,<br />

nossos afetos, nossas alegrias,<br />

por outro, também não nos<br />

faz carregar ao longo <strong>de</strong> nossas vidas,<br />

um amargo “lixo atômico”<br />

existencial <strong>de</strong> tristezas, frustrações,<br />

perdas, que tantas vezes contaminam<br />

nossa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> (re)<br />

iniciar, <strong>de</strong> nos modificarmos, <strong>de</strong><br />

nos transformarmos? Assim como em<br />

Pêssach fazemos uma faxina em<br />

nossas casas, para eliminar o chameis,<br />

<strong>de</strong>vendo chegar ao chametz<br />

que fermenta vaida<strong>de</strong> e pensamentos<br />

negativos em nossos corações,<br />

aproveitemos Rosh Hashaná para<br />

fazermos uma faxina em nossas vidas<br />

apren<strong>de</strong>ndo com nossos erros,<br />

buscando a transformação, agindo<br />

racionalmente, mas nos permitindo<br />

sentir, ensinando ao outro a<br />

paz, através do perdão, transformando<br />

veneno em essência! Perdoemos,<br />

principalmente, a nós mesmos,<br />

pelas chances <strong>de</strong>sperdiçadas,<br />

por ter perdido nossa autochefia<br />

na vida, recobrando-a, apren<strong>de</strong>ndo<br />

com os outros e nós mesmos,<br />

para que fale mais alto o significado<br />

<strong>de</strong> diferir... Enfim, para que Rosh<br />

ha-Shaná seja um real início, um<br />

princípio diferente!


VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />

Origens judaicas do Cristianismo<br />

Sérgio Feldman *<br />

ste artigo leva como<br />

titulo um breve e valioso<br />

livro <strong>de</strong> Hugo Schlesinger<br />

e Padre Manuel<br />

Porto, que tem o mesmo titulo. Minha<br />

intenção é homenageá-los, pela<br />

magnífica forma com que dialogaram<br />

e ajudaram a diminuir o preconceito<br />

e a discriminação. Utilizaremos algumas<br />

<strong>de</strong> suas reflexões e informações<br />

para refletir sobre como as duas primeiras<br />

(das três) religiões monoteístas,<br />

se afastaram e iniciaram um longo<br />

período <strong>de</strong> confronto e perseguições<br />

aos ju<strong>de</strong>us pela Cristanda<strong>de</strong>. Alguns<br />

mitos e algumas <strong>de</strong>sinformações surgiram<br />

através dos tempos e tentaremos<br />

dirimi-las ou reinterpretá-las.<br />

No período do Segundo Templo<br />

(530 a.E.C. – 70 d.E.C.) os ju<strong>de</strong>us<br />

entraram em contato com a cultura<br />

grega difundida por Alexandre Magno<br />

e seus sucessores que fundaram<br />

reinos helenísticos na Ásia Oci<strong>de</strong>ntal<br />

e no Egito. Reinos como o Egito<br />

dos reis Ptolomeus, cuja capital era<br />

a magnífica cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Alexandria,<br />

fundada pelo conquistador macedônio.<br />

A cida<strong>de</strong> era um gran<strong>de</strong> centro<br />

cultural e sua célebre biblioteca era<br />

uma referência do saber e da cultura<br />

grega ou helenística. Nela ocorreram<br />

diálogos e conflitos entre ju<strong>de</strong>us e<br />

as populações gregas ou egípcias<br />

helenizadas. Ora se chocavam e ocorriam<br />

lutas armadas entre os dois grupos.<br />

Os ju<strong>de</strong>us eram consi<strong>de</strong>rados cidadãos<br />

<strong>de</strong> Alexandria, mas eram isentos<br />

<strong>de</strong> cultuar os <strong>de</strong>uses cívicos (os<br />

<strong>de</strong>uses da cida<strong>de</strong>, que estavam num<br />

panteão público). No lugar faziam<br />

preces ao rei Ptolomeu e ofereciam<br />

um sacrifício em sua homenagem no<br />

templo <strong>de</strong> Jerusalém, mas sem consi<strong>de</strong>rar<br />

sua condição divina ou cultuar<br />

os <strong>de</strong>uses da cida<strong>de</strong> (pólis). Isso<br />

(Reflexões sobre a história das religiões - parte I)<br />

irritava os seus concidadãos alexandrinos:<br />

tinham os mesmos direitos,<br />

mas eram isentos <strong>de</strong> certos <strong>de</strong>veres.<br />

Por outro lado os ju<strong>de</strong>us esqueceram<br />

a sua língua sagrada (hebraico)<br />

e falavam o grego. Ficaram sem compreen<strong>de</strong>r<br />

o texto revelado das Escrituras,<br />

ou seja, a Torá ou Pentateuco<br />

(cinco primeiros livros da Bíblia hebraica,<br />

também <strong>de</strong>nominada Lei <strong>de</strong><br />

Moisés). Ainda que lido na sinagoga,<br />

não era compreendido pelos ouvintes.<br />

Esse conhecimento era fundamental<br />

para seguir sendo ju<strong>de</strong>u:<br />

para praticar as mitzvot (613 preceitos)<br />

era preciso saber ler e enten<strong>de</strong>r<br />

a Torá. O que fazer?<br />

Conta a “lenda” que o rei Ptolomeu<br />

II resolveu patrocinar a tradução<br />

da Torá ao grego. Contatou com<br />

o Sumo Sacerdote (Cohen Hagadol)<br />

que administrava o autogoverno judaico<br />

em Jerusalém, lhe solicitando<br />

que enviasse um grupo <strong>de</strong> sábios versados<br />

na Lei <strong>de</strong> Moisés (Torá) e que<br />

soubessem hebraico e grego, com<br />

condições <strong>de</strong> traduzir o texto da<br />

Torá. A tradução foi feita por setenta<br />

e dois sábios, colocados em quartos<br />

separados e sem po<strong>de</strong>r se comunicar<br />

<strong>de</strong> nenhuma maneira durante<br />

o tempo que durou seu trabalho. Assim<br />

cada um realizou sua versão da<br />

tradução, absolutamente sem saber<br />

o que o outro fizera. Ao final as setenta<br />

e duas traduções eram absolutamente<br />

iguais. Não havia sequer um<br />

<strong>de</strong>talhe que as distinguisse. Esta versão<br />

da Bíblia hebraica foi <strong>de</strong>nominada<br />

“A versão dos Setenta” ou Septuaginta.<br />

Servirá para os ju<strong>de</strong>us helenizados<br />

seguirem sendo ju<strong>de</strong>us e<br />

conhecendo suas Sagradas Escrituras.<br />

Por outro lado aproximará os<br />

“não ju<strong>de</strong>us” ou “gentios” da Bíblia<br />

hebraica (não usamos o termo Antigo<br />

Testamento por achá-lo impregnado<br />

<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ologia e <strong>de</strong> julgamento<br />

<strong>de</strong> valor). Alexandria e Antióquia<br />

(outra cida<strong>de</strong> helenista, localizada<br />

na Ásia Oci<strong>de</strong>ntal) servirão <strong>de</strong> palco<br />

para <strong>de</strong>bates e confrontos entre ju<strong>de</strong>us<br />

e helenizados. Uns influenciarão<br />

os outros, mesmo se antagonizando.<br />

Um pensador ju<strong>de</strong>u <strong>de</strong>ste<br />

período, Fílon <strong>de</strong> Alexandria, <strong>de</strong>monstra<br />

que a religião judaica não<br />

entra em contradição com a filosofia<br />

grega. Ele analisou e comprovou<br />

que os trechos aparentemente contraditórios,<br />

existentes na Revelação<br />

(Palavra <strong>de</strong> D-us), po<strong>de</strong>riam ser entendidos<br />

como sendo simbólicos ou<br />

alegóricos, não havendo contradição<br />

entre Razão/ Lógica X Fé/ Religião.<br />

Esta leitura alegórica já era<br />

utilizada para evitar a contradição<br />

entre o Mito grego antigo e a filosofia<br />

pré-socrática (criada um pouco<br />

antes <strong>de</strong> Sócrates/ Platão). Assim,<br />

Fílon abre o caminho para o<br />

diálogo entre o Judaísmo e o Helenismo.<br />

Em Alexandria e Antioquia os<br />

ju<strong>de</strong>us se tornarão fortemente influenciados<br />

pelo pensamento helenístico.<br />

Estes ju<strong>de</strong>us helenizados serão<br />

o principal público para os primeiros<br />

pregadores cristãos, em especial<br />

os apóstolos.<br />

Jesus o Nazareno (assim se costuma<br />

chamá-lo entre os pesquisadores<br />

ju<strong>de</strong>us, pois Cristo significa<br />

Messias, e implica num reconhecimento<br />

<strong>de</strong>sta condição), nasceu<br />

e viveu entre ju<strong>de</strong>us. A tradição<br />

cristã enfatiza seu nascimento<br />

em 25 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro, e sua circuncisão<br />

teria sido efetuada em<br />

1º <strong>de</strong> janeiro. O reveillon celebra<br />

a circuncisão <strong>de</strong> Jesus. Esse fato<br />

tem sido escondido por anos a fio,<br />

mas em alguns dos calendários<br />

antigos se dizia que a data se <strong>de</strong>nominava<br />

“circuncisão universal”.<br />

Como um bom ju<strong>de</strong>u, conhecia e<br />

praticava as festas judaicas. Freqüentava<br />

o Templo, fazia as peregrinações<br />

em Pessach, Shavuot e<br />

Sucot. E conhecia muito bem, a<br />

profecia messiânica <strong>de</strong> Isaías<br />

(Yeshaiahu), <strong>de</strong> quem cita e referencia<br />

seguidamente trechos, <strong>de</strong><br />

acordo ao registro dos escribas<br />

cristãos que compilaram os Evangelhos.<br />

Seus seguidores, em especial<br />

os <strong>de</strong>nominados Apóstolos,<br />

eram ju<strong>de</strong>us <strong>de</strong> Israel, praticantes<br />

e ortodoxos. Não se conformam<br />

com certas práticas adotadas pelas<br />

camadas dominantes. Acham<br />

um <strong>de</strong>srespeito o comércio nos<br />

átrios do Templo Sagrado, o <strong>de</strong>srespeito<br />

pela espiritualida<strong>de</strong>, e a<br />

não prática dos preceitos e da Lei.<br />

Q u a n d o<br />

questionado<br />

sobre a Torá<br />

e sobre sua<br />

prática, Jesus<br />

afirma:<br />

“Não penseis<br />

que vim revogar<br />

a Lei ou os<br />

Profetas: não<br />

vim para revogar,<br />

vim para<br />

cumprir” (Ma-<br />

Muro das Lamentações<br />

teus, cap. 5,<br />

vers. 17). Sua critica se insere na realida<strong>de</strong><br />

messiânica do período. Há<br />

quem afirme que tenha sido discípulo<br />

dos essênios que viviam em comunida<strong>de</strong>s<br />

ascéticas na região do <strong>de</strong>serto<br />

da Judéia e <strong>de</strong> quem sabemos<br />

muitas coisas <strong>de</strong>vido à <strong>de</strong>scoberta dos<br />

Rolos do Mar Morto em Kumran<br />

(Qumran), em 1947. Qualquer semelhança<br />

não nos parece mera coincidência.<br />

Sua crítica aos saduceus e fariseus<br />

era coerente com muitas das<br />

críticas <strong>de</strong> diversos grupos místicos<br />

e dissi<strong>de</strong>ntes existentes em Israel<br />

neste período.<br />

Jesus guardava o Shabat, colocava<br />

o talit (xale ritual com as franjas<br />

que simbolizam as 613 mitzvot =<br />

preceitos) e comia matzá no Pessach.<br />

Não se diferenciava <strong>de</strong> nenhum<br />

ju<strong>de</strong>u ortodoxo <strong>de</strong> sua época, salvo<br />

nas idéias místicas e nas críticas a<br />

postura da classe dominante e seu<br />

materialismo. Muitos escritores acreditam<br />

que se tratava <strong>de</strong> uma seita<br />

judaica e parece-nos que fora assim<br />

até um preciso momento. Durante a<br />

pregação <strong>de</strong> Jesus, este se limitou<br />

aos ju<strong>de</strong>us e não pregou aos gentios<br />

(goim ou outros povos). Não teriam<br />

entendido sua mensagem, pois<br />

era judaica. Suas críticas incomodaram<br />

aos romanos e aos elementos relacionados<br />

à classe dominante. Apesar<br />

da versão vigente por séculos,<br />

<strong>de</strong>monstra-se que não foi “morto”<br />

pelos ju<strong>de</strong>us, e sequer pela con<strong>de</strong>nação<br />

pública <strong>de</strong> seus irmãos. Alguns<br />

livros tal como o <strong>de</strong> John Dominic<br />

Crossan (Quem matou Jesus? Editora<br />

Imago), o livro <strong>de</strong> Jules Isaac (Jesus<br />

e Israel, Ed. Perspectiva), e as<br />

muitas e <strong>de</strong>talhadas obras <strong>de</strong> Hugo<br />

Schlesinger e do Padre Porto, abrem<br />

uma ótica bem diversa <strong>de</strong>sta inverda<strong>de</strong><br />

e <strong>de</strong>ste mito <strong>de</strong> que os<br />

ju<strong>de</strong>us mataram Jesus. Isso foi<br />

alimentado através dos tempos<br />

por setores da Igreja que estavam<br />

em confronto com os ju<strong>de</strong>us<br />

por razões diversas, mas geralmente<br />

pela verda<strong>de</strong>ira analise das<br />

Escrituras. No próximo artigo refletiremos<br />

sobre isto.<br />

5<br />

* Sérgio Feldman é<br />

professor adjunto <strong>de</strong><br />

História Antiga do Curso<br />

<strong>de</strong> História da<br />

Universida<strong>de</strong> Tuiuti do<br />

Paraná e doutor em<br />

História pela UFPR.


6<br />

VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />

Le Mon<strong>de</strong>, a Shoá e a ju<strong>de</strong>ufobia da moda<br />

Andrés Spokoiny *<br />

falha passou, para a maioria,<br />

completamente <strong>de</strong>spercebida.<br />

Para muitos, não<br />

obstante, foi como um bal<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> água fria.<br />

Na semana passada, o diário<br />

Le Mon<strong>de</strong> foi con<strong>de</strong>nado por<br />

“anti-semitismo e incitação ao ódio<br />

racial” por uma corte <strong>de</strong> apelações<br />

francesa. Este jornal <strong>de</strong> referência,<br />

envolto na ban<strong>de</strong>ira “progressista”<br />

e no “bem pensar” da esquerda, ace<strong>de</strong>u<br />

ao Olimpo dos intolerantes nos<br />

quais Le Pen e outros representantes<br />

do fascismo francês têm seus<br />

cômodos assentos.<br />

Como se produziu esta bizarra metamorfose?<br />

Como um jornal comprometido<br />

com a liberda<strong>de</strong>, com a <strong>de</strong>mocracia<br />

e a igualda<strong>de</strong> se converte<br />

em porta-voz da intolerância?<br />

Aqueles que seguem a cobertura<br />

na mídia da última guerra <strong>de</strong> terror<br />

lançada contra Israel por Arafat e o<br />

Hamas assistiram impávidos à transformação<br />

da chamada “esquerda progressista”.<br />

A <strong>de</strong>monização <strong>de</strong> Israel é<br />

moeda corrente e os meios intelectuais<br />

<strong>de</strong>mocráticos, ao invés <strong>de</strong> exercer<br />

o pensamento crítico e analisar<br />

friamente o conflito repetem slogans<br />

antiisraelenses. Da crítica a Israel se<br />

passa a <strong>de</strong>slegitimar até mesmo a<br />

existência do Estado, da <strong>de</strong>slegitimação<br />

<strong>de</strong> Israel, se <strong>de</strong>sliza facilmente<br />

até o discurso ju<strong>de</strong>ófobo mais recalcitrante.<br />

A cegueira i<strong>de</strong>ológica e o preconceito<br />

anti-semita estabeleceram um<br />

paralelismo ridículo entre Israel e<br />

conceitos odiados pelos “progressistas”,<br />

tais como o imperialismo, o racismo<br />

e o “apartheid”. Comparações<br />

que não resistem a mínima análise são<br />

repetidas ad nauseam pelo “jornalismo<br />

inteligente”.<br />

A esquerda progressista inventou<br />

uma pirueta i<strong>de</strong>ológica irracional, segundo<br />

a qual se po<strong>de</strong> ser anti-semita<br />

em nome do anti-racismo. (Os ju<strong>de</strong>us<br />

são racistas com os palestinos,<br />

eu sou anti-racista, logo, ser antiju<strong>de</strong>u<br />

é minha obrigação moral).<br />

Em décadas passadas, a expressão<br />

anti-semita era território cativo<br />

da direita radical. Nazistas, fascistas,<br />

neonazistas e xenófobos tinham<br />

o monopólio do ódio. Se bem<br />

que os preconceitos anti-semitas<br />

existissem na população em seu conjunto,<br />

eram eles que lhe davam expressão<br />

política.<br />

Enquanto Le Pen, Hai<strong>de</strong>r e outros<br />

personagens fascistói<strong>de</strong>s, fran-<br />

camente antipáticos, eram os antisemitas<br />

oficiais, o preconceito era<br />

fácil <strong>de</strong> combater. Os ju<strong>de</strong>ófobos<br />

eram ignorantes, brutos e primitivos<br />

embriões do passado. Agora,<br />

como disse Alain Finkielkraut, é o<br />

“tempo dos anti-semitas simpáticos”.<br />

Intelectuais, jornalistas e artistas<br />

progressistas se somam ao embate<br />

ju<strong>de</strong>ófobo. Ao fazê-lo, legitimam<br />

intelectual e politicamente a intolerância<br />

da direita fascista. Dão-lhe<br />

uma tintura <strong>de</strong> respeitabilida<strong>de</strong> e<br />

aceitação. Os ju<strong>de</strong>ófobos já não são<br />

os que se aferram a uma i<strong>de</strong>ologia<br />

do passado, mas os que estão na<br />

vanguarda do pensamento e da intelectualida<strong>de</strong>.<br />

Os intolerantes não<br />

são mais os marginais, mas os formadores<br />

<strong>de</strong> opinião. A direita radical<br />

era anti-semita por estar contra<br />

o progressista. O “progressista” vê a<br />

ju<strong>de</strong>ufobia como uma conseqüência<br />

lógica <strong>de</strong> suas idéias <strong>de</strong> avanço.<br />

(Como sempre, ‘o ju<strong>de</strong>u’ é <strong>de</strong> esquerda<br />

para o direitista e <strong>de</strong> direita para<br />

o esquerdista). O fenômeno é ainda<br />

mais preocupante, já que historicamente,<br />

as idéias <strong>de</strong>fendidas pelo progressista<br />

<strong>de</strong> esquerda formam o fermento<br />

intelectual no qual se forma a<br />

opinião pública.<br />

O progressismo mostra toda sua<br />

hipocrisia. Indigna-se pelo sofrimento<br />

palestino, mas não abre a boca a<br />

respeito do massacre <strong>de</strong> centenas <strong>de</strong><br />

milhares <strong>de</strong> sudaneses em Darfur, nas<br />

mãos dos fundamentalistas árabes.<br />

Diz <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r os direitos dos árabes,<br />

mas é absolutamente indiferente ao<br />

sofrimento <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> muçulmanos<br />

sob os regimes <strong>de</strong> opressão e<br />

terror dos países árabes. O indizível<br />

sofrimento <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> africanos<br />

está visivelmente ausente <strong>de</strong> nossos<br />

meios progressistas. É lógico, já que<br />

os jornalistas simplesmente não estão<br />

na África. Há em Jerusalém 800<br />

(sim, oitocentos) correspon<strong>de</strong>ntes<br />

estrangeiros. Várias vezes mais que<br />

em toda África. Aparentemente, para<br />

os jornalistas “comprometidos” é<br />

mais fácil viver nos hotéis 5 estrelas<br />

<strong>de</strong> Jerusalém, usufruindo da liberda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> imprensa existente em Israel<br />

que <strong>de</strong>safiar a malária e as ditaduras<br />

africanas. É que não faz falta. Po<strong>de</strong>m<br />

dar ré<strong>de</strong>a solta ao seu progressismo<br />

e à sua solidarieda<strong>de</strong> aos oprimidos<br />

comendo Baklawas no American<br />

Colony Hotel em Jerusalém. Ao<br />

fim e ao cabo o sofrimento palestino<br />

é a con<strong>de</strong>nsação emblemática <strong>de</strong><br />

toda a opressão do mundo...<br />

A con<strong>de</strong>nação ao Le Mon<strong>de</strong> mostra<br />

este fenômeno em toda sua crueza.<br />

Roger Cukierman, presi<strong>de</strong>nte do<br />

organismo representativo da comunida<strong>de</strong><br />

judaica francesa, <strong>de</strong>clara sua<br />

bronca, mas também sua surpresa.<br />

“Esta gente – a esquerda, os meios<br />

progressistas – eram nossos aliados<br />

no combate à intolerância; agora<br />

são os que a fomentam”. Quando o<br />

martelo do juiz marcou a con<strong>de</strong>nação,<br />

os editores do Le Mon<strong>de</strong> se encontraram<br />

no mesmo panteão do<br />

ódio que grupos neonazistas e Le<br />

Pen – que fora con<strong>de</strong>nado por incitação<br />

ao ódio racial por uma <strong>de</strong>nuncia<br />

feita pelo... Le Mon<strong>de</strong>!!!<br />

A nova legitimida<strong>de</strong> do discurso<br />

anti-semita se vê em toda parte.<br />

Numa caricatura do diário inglês The<br />

Guardian um Sharon pantagruélico<br />

com uma gran<strong>de</strong> estrela <strong>de</strong> David<br />

<strong>de</strong>vora um menino palestino. Há <strong>de</strong>z<br />

anos, se essa caricatura fosse publicada<br />

num pasquim neonazista, The<br />

Guardian – porta-voz do “progressismo”<br />

na Inglaterra – teria convocado<br />

uma manifestação <strong>de</strong> repúdio. Não<br />

só a caricatura foi publicada pelo<br />

diário “progressista”, mas a associação<br />

<strong>de</strong> jornalistas gráficos ingleses<br />

a premiou como a melhor caricatura<br />

do ano.<br />

Numa adaptação bizarra e venenosa,<br />

os antigos preconceitos se<br />

juntam á nova ju<strong>de</strong>ufobia. Um diário<br />

italiano <strong>de</strong> esquerda publica uma<br />

charge que tenta mostrar a cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Belém. Lá, um soldado israelense<br />

aponta seu fuzil para uma criança<br />

palestina, que, na ocasião esta caracterizada<br />

como Jesus. “Vão me<br />

matar <strong>de</strong> novo?” diz o menino. O<br />

velho mito do ju<strong>de</strong>u <strong>de</strong>icida se mescla<br />

com o novo mito, igualmente<br />

falso e igualmente nocivo do ju<strong>de</strong>u<br />

militarista e cruel. Antes os ju<strong>de</strong>us<br />

matavam meninos cristãos, agora<br />

matam meninos palestinos. A associação<br />

é grosseira e óbvia, mas os<br />

meios progressistas fingem não vêla.<br />

O conceito <strong>de</strong> “novo anti-semitismo”<br />

é, na realida<strong>de</strong>, fonte <strong>de</strong> confusão.<br />

Não há novo anti-semitismo,<br />

na era do reciclado, os velhos preconceitos<br />

adquirem uma nova cara e<br />

uma nova legitimida<strong>de</strong>.<br />

A autocrítica e o inconformismo<br />

com as próprias idéias, que <strong>de</strong>via ser<br />

um componente básico <strong>de</strong> toda pessoa<br />

que se consi<strong>de</strong>re “<strong>de</strong> esquerda”,<br />

dão margem a um dogmatismo aberrante<br />

e obtuso. O pensamento crítico<br />

se aplica só a Israel e ao “oci<strong>de</strong>nte”.<br />

Nunca aos verda<strong>de</strong>iros tiranos.<br />

A Sharon o <strong>de</strong>monizam, a Saddam o<br />

absolvem. O espírito crítico <strong>de</strong>ixa<br />

passar um pensamento único cheio<br />

<strong>de</strong> falsas verda<strong>de</strong>s, aceitas com um<br />

automatismo <strong>de</strong>scerebrado.<br />

O sofrimento obriga... a outros<br />

Mas além <strong>de</strong> mostrar em toda sua<br />

amplitu<strong>de</strong> o “novo/velho anti-semitismo”,<br />

a con<strong>de</strong>nação ao Le Mon<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>smascara um dos argumentos mais<br />

usados pela “ju<strong>de</strong>ufobia da moda”.<br />

“Os ju<strong>de</strong>us, - escreve Le Mon<strong>de</strong> –<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> um ‘apartheid’ chamado<br />

“ghetto”, ghettoizam os palestinos.<br />

Os ju<strong>de</strong>us, que foram humilhados<br />

e perseguidos, humilham e<br />

perseguem os palestinos; os ju<strong>de</strong>us,<br />

vítimas <strong>de</strong> um regime sem pieda<strong>de</strong>,<br />

impõem um regime sem pieda<strong>de</strong> aos<br />

palestinos; os ju<strong>de</strong>us, antigos bo<strong>de</strong>s<br />

expiatórios <strong>de</strong> todo mal, convertem<br />

Arafat e a Autorida<strong>de</strong> Palestina<br />

em bo<strong>de</strong>s expiatórios”.<br />

O argumento que os ju<strong>de</strong>us fazem<br />

aos palestinos, o que se lhes fez<br />

durante a Shoá, é talvez o mais malicioso<br />

dos ataques que se po<strong>de</strong> fazer<br />

a Israel. Naturalmente, a comparação<br />

entre as duas situações históricas<br />

não resiste à menor análise. Por<br />

mais que sofram os palestinos, não<br />

se aproxima nem a uma ínfima fração<br />

do que foi a Shoá. Mas não vamos<br />

fazer o jogo dos ju<strong>de</strong>ófobos <strong>de</strong><br />

comparar ponto a ponto a Shoá com<br />

a situação dos palestinos. O sr. Colombani<br />

– o editor do Le Mon<strong>de</strong> –<br />

sabe muito bem que ambas situações<br />

não são comparáveis. Também o sabe<br />

Saramago, que reconheceu publicamente:<br />

“eu sei que não é o mesmo<br />

— disse cinicamente —, mas o digo<br />

para <strong>de</strong>spertar as consciências das<br />

pessoas”. As centenas <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong><br />

sobreviventes dos campos <strong>de</strong> concentração<br />

têm que escutar que os europeus<br />

– recor<strong>de</strong>mos, aqueles que os<br />

vitimaram – os acusam <strong>de</strong> nazistas.<br />

Assim, às vítimas da Shoá se dá<br />

um último e estranho insulto: o <strong>de</strong><br />

compará-las com seus verdugos. Hannah<br />

Rogen, uma mulher <strong>de</strong> 92 anos,<br />

sobrevivente <strong>de</strong> Auschwitz celebrava<br />

Pêssach com sua família no hotel<br />

Park <strong>de</strong> Natania. Um terrorista palestino<br />

se fez explodir no salão on<strong>de</strong><br />

se celebrava o se<strong>de</strong>r matando 29<br />

pessoas, incluindo a sobrevivente e<br />

sua família. O ódio antiju<strong>de</strong>u, do qual<br />

escapou na Shoá, a alcançou 60 anos<br />

<strong>de</strong>pois quando acreditava que viveria<br />

seus últimos anos em paz e quietu<strong>de</strong>.<br />

Enquanto Hannah era enterrada,<br />

Saramago chamava os israelenses<br />

<strong>de</strong> nazistas. Colombani, Saramago<br />

e os outros profetas do “ódio<br />

inteligente” são <strong>de</strong>masiado sofisticados<br />

para negar a Shoá ou dizer que<br />

“não foi tanto”. Em vez disso, optam<br />

por uma contorsão intelectual que<br />

banaliza a Shoá e o sofrimento do


povo ju<strong>de</strong>u. “Se os próprios ju<strong>de</strong>us<br />

se comportam como nazistas – é a<br />

conclusão lógica e implícita <strong>de</strong> seu<br />

raciocínio – então, o que os nazistas<br />

fizeram não é tão grave”. Mediante<br />

um sofisticado mecanismo i<strong>de</strong>ológico,<br />

usam o mesmo sofrimento<br />

das vítimas para infligir-lhes novas<br />

perseguições e novos vexames.<br />

A Europa – disse A.B. Yoshua –<br />

precisa exorcizar seu passado. O ataque<br />

a Israel serve à Europa para limpar<br />

sua consciência hedionda a respeito<br />

<strong>de</strong> três elementos capitais: 1 -<br />

A Shoá, que foi cometida pela Europa<br />

e não só pela Alemanha. Comparar<br />

os ju<strong>de</strong>us com os nazistas, livra<br />

os europeus da culpa – se os ju<strong>de</strong>us<br />

são como os nazistas, então não éramos<br />

tão maus em matá-los... De toda<br />

forma eles fazem o mesmo. 2 – O colonialismo.<br />

A Europa, que inventou<br />

o colonialismo e que engordou com<br />

base em seus impérios coloniais, criando<br />

assim no mundo a pobreza e a<br />

<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> que perduram até o dia<br />

<strong>de</strong> hoje, se mostra solidária com os<br />

palestinos em nome da “luta contra<br />

o Imperialismo”. Assim, oculta convenientemente<br />

que os impérios foram<br />

europeus. A horrível situação da<br />

África – conseqüência do mau gerenciamento<br />

colonial europeu – se<br />

varre para baixo do tapete. Os ju<strong>de</strong>us<br />

não são “colonos” em sua terra.<br />

Existe uma gran<strong>de</strong> diferença entre<br />

um conflito territorial e uma situação<br />

colonial. Mas enquanto acusa<br />

Israel, a França envia suas tropas<br />

para “impor a or<strong>de</strong>m” na Costa do<br />

Marfim. 3 – O tratamento dos árabes<br />

na Europa. Poucas populações são<br />

tão discriminadas como os árabes na<br />

Europa, em especial na França. No<br />

país da egalité os árabes são 10%<br />

da população. Mas não há nenhum<br />

<strong>de</strong>putado, senador, juiz, ministro ou<br />

secretário <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong> origem árabe.<br />

Nesse contexto, a solidarieda<strong>de</strong><br />

com os palestinos libera a Europa da<br />

culpa: “Sejamos solidários com os<br />

árabes que estão longe. Isso oculta<br />

como tratamos os que estão perto”.<br />

Mas o argumento tem um respaldo<br />

ainda mais maligno. Vosso sofrimento<br />

– diz Colombani aos ju<strong>de</strong>us<br />

– obriga-os a ter normas morais mais<br />

elevadas que outros povos. Este argumento<br />

é ainda mais perverso, pois<br />

Colombani pertence a um país que<br />

perpetrou a Shoá. Os 70.000 ju<strong>de</strong>us<br />

franceses assassinados pelos nazistas<br />

foram <strong>de</strong>portados por policiais<br />

franceses. O governo <strong>de</strong> Vichy, um<br />

ativo colaborador dos alemães e a<br />

população francesa, apesar <strong>de</strong> algumas<br />

mostras <strong>de</strong> valentia antinazista,<br />

<strong>de</strong>nunciava 2.000 ju<strong>de</strong>us por<br />

dia às autorida<strong>de</strong>s, que não tarda-<br />

vam em <strong>de</strong>portá-los.<br />

Numa maligna alquimia intelectual,<br />

Colombani, que pertence ao<br />

povo que ajudou a assassinar, se<br />

crê no direito <strong>de</strong> dar lições <strong>de</strong> moral<br />

às vítimas.<br />

Dado que nos assassinaram, vocês<br />

– mas nunca nós – estarão submetidos<br />

a normas morais mais estritas.<br />

O sofrimento que lhes infligimos,<br />

obriga vocês, mas não a nós. O sofrimento<br />

dos ju<strong>de</strong>us não gera solidarieda<strong>de</strong>,<br />

gera novas exigências.<br />

Não, sr. Colombani. O sofrimento<br />

que infligiram aos ju<strong>de</strong>us durante a<br />

Shoá, obriga-os a padrões morais mais<br />

elevados, não a nós. São vocês – os<br />

que vitimaram – e não nós – as vítimas<br />

– que agora <strong>de</strong>vem manter<br />

uma conduta exemplar para ressarcir-se.<br />

São os assassinos, e não os<br />

assassinados que <strong>de</strong>vem perscrutar<br />

suas almas e mostrar contrição e arrependimento.<br />

São vocês que <strong>de</strong>vem<br />

dar o exemplo, em lugar <strong>de</strong> dar supostas<br />

lições repletas <strong>de</strong> ódio e hipocrisia.<br />

Vossa obrigação é mostrar<br />

solidarieda<strong>de</strong> com as vítimas <strong>de</strong> vossa<br />

loucura assassina, não com seus<br />

novos inimigos que querem continuar<br />

vossa obra.<br />

Nós, ju<strong>de</strong>us, não necessitamos da<br />

Shoá para <strong>de</strong>senvolver padrões e valores<br />

morais <strong>de</strong> fraternida<strong>de</strong> entre os<br />

povos. Estes ocupam um lugar central<br />

em nossas fontes milenares. Nossa<br />

história é um lugar para a prática<br />

<strong>de</strong> tais valores. Não precisamos que<br />

Colombani nos recor<strong>de</strong> nossas obrigações<br />

morais: A Bíblia Hebraica e<br />

as orações que os ju<strong>de</strong>us repetem<br />

diariamente o fazem <strong>de</strong> maneira muito<br />

mais eficaz. Nós, ju<strong>de</strong>us, cremos<br />

na igualda<strong>de</strong> e na fraternida<strong>de</strong> entre<br />

os homens <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os tempos imemoriais.<br />

Moisés, e não Hitler, nos legou<br />

a maravilhosa frase “Ama a teu próximo<br />

como a ti mesmo”. As leis sociais<br />

e os direitos humanos gravados<br />

a fogo na Bíblia e no Talmud <strong>de</strong>rivam<br />

da concepção da dignida<strong>de</strong> e<br />

a divinda<strong>de</strong> inerente a todo ser humano,<br />

criado “betzelem Elokim”, à<br />

imagem <strong>de</strong> D-us. A solidarieda<strong>de</strong> com<br />

quem sofre nos foi ditada no Sinai,<br />

pois “escravos fomos na terra do<br />

Egito”. Foi precisamente por esses<br />

valores – que representavam todo o<br />

oposto à barbárie nazista – que Hitler<br />

nos quis exterminar.<br />

Não. A Shoá não nos ensina normas<br />

morais que não conhecíamos. A<br />

Shoá nos ensina uma só coisa: que<br />

em momentos <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> e tragédia,<br />

estamos sós, e – exceto uns<br />

poucos bravos que se atiram para<br />

salvar a honra da humanida<strong>de</strong> golpeada<br />

– o mundo nos <strong>de</strong>ixa morrer.<br />

Por isso <strong>de</strong>vemos cuidar-nos a nós<br />

mesmos; que não po<strong>de</strong>mos contar<br />

com a generosida<strong>de</strong> dos povos. Por<br />

isso <strong>de</strong>vemos <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r-nos, pois<br />

ninguém o fará por nós. Essa é<br />

para nós a lição da Shoá. E a ju<strong>de</strong>ufobia<br />

do Le Mon<strong>de</strong>, sua banalização<br />

da Shoá, e a <strong>de</strong>generação<br />

intelectual do anti-semitismo da<br />

moda nos recordam o quão relevante<br />

é esta lição.<br />

VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />

* Andrés Spokoiny<br />

é autor <strong>de</strong> “A<br />

Rebelião dos<br />

Canários”. Publicado<br />

no site israelense em<br />

espanhol,<br />

www.porisrael.org<br />

À <strong>Comunida<strong>de</strong></strong> <strong>Israelita</strong> <strong>de</strong> <strong>Curitiba</strong><br />

Ao aproximar-se o novo Ano Judaico <strong>de</strong> 5.766, data magna da<br />

comunida<strong>de</strong> israelita, tenho a honra <strong>de</strong> dirigir-me a todos os seus<br />

integrantes para <strong>de</strong>sejar-lhes os mais efusivos e fraternos<br />

cumprimentos pelo transcurso <strong>de</strong>sse evento.<br />

É com júbilo que externo minhas saudações aos membros da<br />

<strong>Comunida<strong>de</strong></strong> <strong>Israelita</strong> <strong>de</strong> <strong>Curitiba</strong>. Ao ensejo do SHANÁ TOVÁ, gostaria<br />

também <strong>de</strong> parabenizar essa coletivida<strong>de</strong> que muito contribui – e com<br />

certeza continuará contribuindo para o <strong>de</strong>senvolvimento e a qualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> vida <strong>de</strong> <strong>Curitiba</strong>.<br />

Que as alegrias <strong>de</strong>sta bela festivida<strong>de</strong>, através das<br />

orações e da meditação, resultem num ano <strong>de</strong> muita<br />

paz, felicida<strong>de</strong>s e realizações.<br />

Um bom Ano Novo<br />

Beto Richa<br />

Prefeito <strong>de</strong> <strong>Curitiba</strong><br />

7


8<br />

Foto: SMCS<br />

VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />

Sucata e boa vonta<strong>de</strong> viabilizam curso <strong>de</strong> informática<br />

Um projeto <strong>de</strong>senvolvido a partir<br />

<strong>de</strong> material reciclável recolhido pelo<br />

serviço <strong>de</strong> coleta seletiva está permitindo<br />

que funcionários da Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Valorização <strong>de</strong> Rejeitos tenham<br />

acesso à informática. É o lixo oferecendo<br />

a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um futuro<br />

melhor e <strong>de</strong> exercício da cidadania.<br />

O Projeto @ surgiu com Alisson<br />

José Santos, <strong>de</strong> 21 anos, que trabalha<br />

há aproximadamente um ano<br />

como auxiliar administrativo da usina<br />

mantida pelo Instituto Pró Cidadania<br />

<strong>de</strong> <strong>Curitiba</strong> (IPCC). Com 2º grau completo<br />

e curso técnico <strong>de</strong> informática e<br />

manutenção <strong>de</strong> computadores, ele<br />

Sucata e boa vonta<strong>de</strong> viabilizam curso <strong>de</strong> informática. Placas, monitores,<br />

teclados e acessórios recolhidos no lixo viram computadores utilizados em<br />

aulas <strong>de</strong> informática para funcionários da Usina <strong>de</strong> Campo Magro.<br />

observou o volume <strong>de</strong> sucata em equipamentos<br />

— placas, monitores, teclados<br />

e <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> acessórios — e o<br />

<strong>de</strong>sejo dos funcionários em conhecer<br />

a nova tecnologia.<br />

“Com o apoio da direção do<br />

IPCC conseguimos montar em dois<br />

meses seis computadores e colocálos<br />

em funcionamento, iniciando as<br />

aulas. A procura foi tanta que já temos<br />

lista <strong>de</strong> espera”, afirma Alisson.<br />

O Projeto @ foi implantado no<br />

início <strong>de</strong> agosto na Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Valorização<br />

<strong>de</strong> Rejeitos mantida pelo<br />

Instituto Pró-Cidadania e <strong>Curitiba</strong><br />

(IPCC) em Campo Magro, e já está<br />

beneficiando 30 funcionários com<br />

ida<strong>de</strong>s 20 e 45 anos, que estão <strong>de</strong>scobrindo<br />

o computador e as suas<br />

possibilida<strong>de</strong>s. As aulas, <strong>de</strong> 30 minutos,<br />

acontecem no horário do almoço<br />

dos funcionários, com três instrutores<br />

voluntários se revezando<br />

para ensinar os mistérios do Windows<br />

e Office 97.<br />

Reciclagem — Em média, a<br />

cada quinze lotes <strong>de</strong> material recolhido<br />

pela coleta seletiva, é pos-<br />

sível reunir os itens necessários<br />

para que uma pessoa possa apren<strong>de</strong>r<br />

os fundamentos e o manuseio<br />

do computador. O curso possui<br />

uma apostila, também reciclada,<br />

que auxilia na pedagogia. “Estamos<br />

todos envolvidos. Os alunos<br />

são esforçados e estão interessados<br />

em avançar no aprendizado.<br />

Não há faltas, não há evasão. É interesse<br />

puro”, <strong>de</strong>staca o instrutor.<br />

Alisson enfatiza que muitos dos<br />

que agora começam a dar os primeiros<br />

passos na informática são<br />

pessoas <strong>de</strong> baixa escolarida<strong>de</strong>, alguns<br />

com uma alfabetização tradicional<br />

precária. “Estamos no início<br />

do Projeto @ e a idéia é, num segundo<br />

momento, ensinar noções<br />

para a manutenção dos equipamentos”,<br />

completa.<br />

Em re<strong>de</strong> — Eliel Vieira <strong>de</strong> Jesus,<br />

23 anos, mora em Campo Magro e<br />

trabalha na usina há dois anos. Ele<br />

está entusiasmado com a possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r computação, algo<br />

que antes consi<strong>de</strong>rava “um bicho <strong>de</strong><br />

sete cabeças”. Agora, com apenas três<br />

aulas, ele e seus colegas, já conseguem<br />

realizar, com sucesso, algumas<br />

tarefas básicas como digitar o próprio<br />

nome no programa Word e dominar o<br />

‘mouse’ com maior facilida<strong>de</strong>.<br />

Sem acesso a qualquer tecnologia,<br />

Eliel e seus companheiros nunca<br />

navegaram na internet, não conhecem<br />

as facilida<strong>de</strong>s da comunicação<br />

instantânea e nunca trocaram<br />

um e-mail. Junto com os <strong>de</strong>mais funcionários<br />

da unida<strong>de</strong>, eles continuam<br />

a fazer a triagem dos resíduos<br />

que são comercializados em lotes<br />

separados por composição, como<br />

vidro, plástico e metal, por exemplo.<br />

Toda a renda da usina é revertida<br />

para a manutenção dos programas<br />

sociais <strong>de</strong>senvolvidos pelo Instituto<br />

Pró-Cidadania <strong>de</strong> <strong>Curitiba</strong>, em<br />

parceira com a Fundação <strong>de</strong> Ação<br />

Social (FAS).<br />

Além <strong>de</strong> abrir novas turmas, o<br />

i<strong>de</strong>alizador do Projeto @ <strong>de</strong>seja também<br />

apresentar a seus alunos as infinitas<br />

possibilida<strong>de</strong>s da Internet,<br />

“um mundo completamente novo e<br />

inexplorado para eles”.


o Oriente Médio e ao norte<br />

da África, com maioria<br />

muçulmana, os países<br />

vivem sob regimes autoritários.<br />

Não há tradição <strong>de</strong> eleições<br />

<strong>de</strong>mocráticas. Mubarak, herói da força<br />

aérea egípcia, assumiu o po<strong>de</strong>r<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> Sadat, o presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> então,<br />

ser assassinado. Sadat foi o lí<strong>de</strong>r<br />

que firmou paz com Israel, metralhado<br />

por fanáticos islâmicos,<br />

enquanto assistia ao fim <strong>de</strong> guerra.<br />

Era <strong>de</strong>z anos mais jovem.<br />

Havia o rumor <strong>de</strong> que passaria o<br />

po<strong>de</strong>r para seu filho, como fizera<br />

antes o presi<strong>de</strong>nte Assad, da Síria.<br />

Nunca se explicou porque não o fez.<br />

Assumiu o compromisso (“compromisso<br />

não é promessa”, disse ao<br />

povo) <strong>de</strong> implantar a <strong>de</strong>mocracia, <strong>de</strong><br />

realizar eleições livres para a presidência<br />

e promover reformas mo<strong>de</strong>rnizantes<br />

na economia e na socieda<strong>de</strong>.<br />

Contra ele competiram <strong>de</strong>z candidatos<br />

que tiveram relativo acesso<br />

çl<br />

VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />

Mubarak, vencedor <strong>de</strong>cidido<br />

Nahum Sirotsky*<br />

a todos os meios <strong>de</strong> propaganda, mas<br />

em momento algum se imaginou que<br />

pu<strong>de</strong>sse ser <strong>de</strong>rrotado.<br />

O Egito tem cerca <strong>de</strong> um milhão<br />

<strong>de</strong> quilômetros quadrados <strong>de</strong> extensão<br />

e 78 milhões <strong>de</strong> habitantes. Existe<br />

há mais <strong>de</strong> 3 mil anos antes <strong>de</strong><br />

Cristo, uma das gran<strong>de</strong>s fontes da<br />

civilização <strong>de</strong> nossos dias. Ficou sob<br />

influencia árabe do séc. VII ao séc.<br />

XIII. Nesse período, sua população<br />

foi convertida ao Islamismo. É o mais<br />

populoso país do chamado mundo<br />

árabe. Foi domínio turco-otomano<br />

e, posteriormente, inglês, mas jamais<br />

ignorou suas raízes históricas. É o<br />

país lí<strong>de</strong>r do mundo árabe e se<strong>de</strong> da<br />

Liga Árabe. O Irã, persa, outro sobrevivente<br />

da história antiga, sempre<br />

disputa esta primazia. Mubarak,<br />

porém, é a personalida<strong>de</strong> dominante.<br />

A influência que se opõem ao<br />

domínio egípcio por grupos muçulmanos<br />

é a lei <strong>de</strong> Maomé. As eleições<br />

po<strong>de</strong>riam ser a oportunida<strong>de</strong> i<strong>de</strong>al<br />

para que chegassem ao po<strong>de</strong>r pelo<br />

voto. Não vejo o oci<strong>de</strong>nte muito<br />

interessado em apoiar as <strong>de</strong>núncias<br />

contra os truques <strong>de</strong> Mubarak para<br />

não ser <strong>de</strong>rrotado. Aliás, o Egito é o<br />

segundo país mais beneficiado por<br />

programas <strong>de</strong> ajuda militar e financeira<br />

dos Estados Unidos. A continuida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>le no po<strong>de</strong>r satisfaz aos<br />

interesses americanos.<br />

A ascensão dos segmentos fundamentalistas<br />

islâmicos ao po<strong>de</strong>r por<br />

meios <strong>de</strong>mocráticos eleitorais é uma<br />

das conseqüências mais prováveis <strong>de</strong><br />

pressões oci<strong>de</strong>ntais, principalmente<br />

americanas, para que os paises árabes<br />

reformem seus sistemas políticos<br />

autocráticos. No Iraque, por<br />

exemplo, se permanecer unificado,<br />

tal risco é evi<strong>de</strong>nte.<br />

Ele existe por todos os países regionais.<br />

A dúvida em relação à proclamação<br />

<strong>de</strong> um estado palestino<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte é se será ou não dominado<br />

pelos elementos islamitas e<br />

será um país inimigo <strong>de</strong> Israel na sua<br />

fronteira. Na Jordânia as reformas<br />

acontecem em etapas cautelosas.<br />

A área agricultável é relativamente<br />

insignificante. O país ainda <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

das águas do rio Nilo, é paupérrimo,<br />

e sofre <strong>de</strong> persistente <strong>de</strong>semprego.<br />

A fé no Islã é a esperança<br />

que sustenta as maiorias. O <strong>de</strong>senvolvimento<br />

econômico não se realiza<br />

<strong>de</strong> um dia para outro. Depen<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> uma vastidão <strong>de</strong> fatores inclusive,<br />

<strong>de</strong>stacadamente, a integrida<strong>de</strong> da<br />

classe política e compreensão do<br />

empresariado para o fato <strong>de</strong> que,<br />

quanto maior o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> consumo,<br />

maior a lucrativida<strong>de</strong> do capital.<br />

Entre o povo, talvez estimulado pelas<br />

li<strong>de</strong>ranças religiosas, forte inclinação<br />

<strong>de</strong> culpar o outro, o Oci<strong>de</strong>nte,<br />

pela pobreza reinante e pelo nepotismo<br />

do po<strong>de</strong>r dominante. É<br />

esta combinação que torna improvável<br />

<strong>de</strong>mocracias substituin-<br />

do as ditaduras atuais. Até Bush<br />

começou a enten<strong>de</strong>r que o sistema<br />

i<strong>de</strong>al para os americanos<br />

não é exportável. A <strong>de</strong>mocracia<br />

<strong>de</strong> Mubarak será aquela que jamais<br />

possibilite o cumprimento das liberda<strong>de</strong>s<br />

fundamentais.<br />

9<br />

* Nahum Sirotsky é<br />

jornalista,<br />

correspon<strong>de</strong>nte da RBS e<br />

do Último Segundo/IG em<br />

Israel. A publicação <strong>de</strong>sta<br />

coluna tem a autorização<br />

do autor.


10<br />

VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />

Pilar Rahola falou sobre conjuntura<br />

para alunos da Universida<strong>de</strong> Tuiuti<br />

jornalista e escritora espanhola<br />

Pilar Rahola, em palestra na Universida<strong>de</strong><br />

Tuiuti, em <strong>Curitiba</strong>, em<br />

agosto, abordou a questão do terrorismo<br />

e a conjuntura atual no mundo.<br />

Ela também respon<strong>de</strong>u a diversas<br />

questões formuladas pelos acadêmicos.<br />

Para ela, mesmo após os atentados nos<br />

Estados Unidos, na Espanha e na Inglaterra,<br />

o mundo não sabe as verda<strong>de</strong>iras<br />

razões do terrorismo. O Oci<strong>de</strong>nte<br />

relaciona automaticamente os ata-<br />

A palestra <strong>de</strong> Rahola <strong>de</strong>spertou muito interesse entre os universitários<br />

Foto: Everson Bressan-Secs<br />

embaixadora <strong>de</strong> Israel no Brasil,<br />

Tzipora Rimon, esteve em <strong>Curitiba</strong><br />

<strong>de</strong> 19 a 21 <strong>de</strong> agosto, realizando<br />

uma série <strong>de</strong> visitas oficiais e mantendo<br />

contatos com a comunida<strong>de</strong> israelita<br />

do Paraná. Ao governador Roberto<br />

Requião, com quem se encontrou no<br />

dia 19/8, <strong>de</strong>clarou que Israel tem gran<strong>de</strong><br />

interesse em ampliar as relações comerciais<br />

e culturais com o Paraná e renovou<br />

o convite para que ele visite Israel,<br />

para que este objetivo seja alcançado<br />

o quanto antes. “O Paraná é um estado<br />

importante e acredito que, com a<br />

visita do governador, Israel po<strong>de</strong>rá aumentar<br />

seus<br />

investimentos,<br />

principalmente<br />

em pesquisas<br />

no setor agrícola”,<br />

disse a<br />

embaixadora à<br />

imprensa, momentos<br />

antes<br />

<strong>de</strong> ser recebida<br />

em audiên-<br />

Governador Roberto Requião com a Embaixadora<br />

<strong>de</strong> Israel Tzipora Rimon. ““<br />

cia no Palácio<br />

Iguaçu.<br />

ques terroristas à invasão do Iraque e<br />

do Afeganistão ou à interferência norte-americana<br />

nos países em <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

sem perceber que comete um<br />

erro. Muito antes dos atentados a Nova<br />

Iorque, em 11 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2001,<br />

esses conflitos já existiam, observou<br />

ela, durante a palestra na Universida<strong>de</strong>.<br />

Na avaliação <strong>de</strong>la, os grupos integristas<br />

islâmicos, que eram vistos como<br />

aliados dos Estados Unidos na disputa<br />

contra a União Soviética durante a<br />

Guerra Fria (1945–1989), espalharam<br />

sua i<strong>de</strong>ologia na pretensão do retorno<br />

à época dourada do Islã, a Ida<strong>de</strong> Média.<br />

“Na Guerra Fria, dormimos muitas<br />

vezes com o inimigo. Hoje temos que<br />

enfrentar os problemas provocados<br />

pelo crescimento <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ologia totalitária”,<br />

<strong>de</strong>stacou.<br />

Outro ponto <strong>de</strong>stacado pela jornalista<br />

é que o terror não tem base na fome<br />

ou na miséria, mas se fundamenta em<br />

razões i<strong>de</strong>ológicas: “São necessários 10<br />

ou 15 anos para se fabricar um suicida.<br />

A invasão do Iraque foi há dois anos”,<br />

compara. Para ela, o po<strong>de</strong>r econômico<br />

que os grupos islâmicos radicais ganha-<br />

Requião <strong>de</strong>clarou à embaixadora<br />

que “o Paraná é um campo fértil para<br />

novos investimentos e lembrou que,<br />

durante seu primeiro governo, enviou<br />

técnicos da Secretaria da Agricultura<br />

a Israel, para apren<strong>de</strong>rem sobre micro<br />

irrigação. Portanto, as nossas relações<br />

com aquele país são antigas e<br />

motivaram o início <strong>de</strong> nosso trabalho<br />

com micro irrigação”.<br />

O diretor geral da Secretaria <strong>de</strong> Estado<br />

da Agricultura e do Abastecimento,<br />

Newton Pohl Ribas, e o <strong>de</strong>putado<br />

Max Rosemann, presentes ao encontro,<br />

<strong>de</strong>stacaram o importante papel <strong>de</strong><br />

Israel na promoção <strong>de</strong> cursos, treinamentos<br />

e capacitação <strong>de</strong> técnicos paranaenses<br />

em cooperativismo voltado<br />

para o pequeno produtor agrícola.<br />

E é no campo que se encontram os<br />

principais produtos importados por Israel<br />

do Paraná. Israel compra soja, sucos<br />

<strong>de</strong> laranja, café solúvel, caixas <strong>de</strong><br />

ma<strong>de</strong>ira, ma<strong>de</strong>ira serrada, língua bovina,<br />

resíduo <strong>de</strong> soja e acessórios para<br />

aparelhos <strong>de</strong> telefonia. A receita gerada<br />

por essas compras ultrapassa a<br />

US$ 8,1 milhões. Já o Brasil exportou<br />

ram com a exploração <strong>de</strong> jazidas <strong>de</strong> petróleo,<br />

transformam o produto numa<br />

arma <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição em massa.<br />

Pilar criticou a postura <strong>de</strong> países<br />

como o Brasil, que supostamente assistem<br />

aos conflitos como se nada pu<strong>de</strong>ssem<br />

fazer contra eles. Segundo ela,<br />

a tecnologia que permite a transmissão<br />

<strong>de</strong> notícias ao vivo sobre atentados<br />

terroristas coloca o mundo em contato<br />

direto com a Ida<strong>de</strong> Média (ou com<br />

o que os grupos islâmicos resgataram<br />

<strong>de</strong>ssa época). Convencida <strong>de</strong> que a<br />

cultura do ódio atravessou 1,5 mil<br />

anos, ela acredita que uma reação global<br />

po<strong>de</strong> <strong>de</strong>rrotar a intolerância.<br />

Falando sobre a retirada <strong>de</strong> Gaza<br />

por parte <strong>de</strong> Israel, ela observou que<br />

isso significa que a socieda<strong>de</strong> palestina<br />

não segue um critério <strong>de</strong>mocrático.<br />

O número <strong>de</strong> pessoas que retiradas<br />

<strong>de</strong> lá é muito pequeno. Um<br />

Estado <strong>de</strong>mocrático palestino po<strong>de</strong>ria<br />

ter 8 mil ju<strong>de</strong>us em seu interior.<br />

Outro aspecto abordado por ela é que<br />

“a pressão aplicada a Israel <strong>de</strong>veria ser<br />

direcionada também a países como o Irã,<br />

em 2004 mais <strong>de</strong> US$ 230 milhões para<br />

Israel e importou US$ 501 milhões em<br />

sua maioria produtos químicos e fertilizantes,<br />

apresentando assim um déficit<br />

em sua balança comercial <strong>de</strong> cerca<br />

<strong>de</strong> US$ 271 milhões.<br />

A embaixadora Tzipora Rimon <strong>de</strong>clarou<br />

ainda que o objetivo <strong>de</strong> sua visita<br />

ao governador Requião e aos governadores<br />

<strong>de</strong> outros estados é o <strong>de</strong><br />

ampliar as relações comerciais entre<br />

Brasil e Israel. “Estamos encorajando<br />

a visita dos governadores e empresários<br />

brasileiros a Israel, para que este<br />

intercâmbio seja <strong>de</strong> fato ampliado”.<br />

A embaixadora Rimon visitou também<br />

a Fe<strong>de</strong>ração das Indústrias do<br />

Estado do Paraná para fazer este<br />

mesmo convite aos empresários do<br />

Paraná. Fez também visitas ao Tribunal<br />

<strong>de</strong> Justiça do Paraná, à Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral do Paraná e ao Museu<br />

Oscar Niemeyer.<br />

No sábado, dia 20/8 a Embaixadora<br />

encontrou-se com a comunida<strong>de</strong><br />

na Sinagoga Francisco Frischmann,<br />

on<strong>de</strong> participou, juntamente com a<br />

jornalista espanhola Pilar Rahola e<br />

Pilar Rahola<br />

a Síria, para acabar com o financiamento<br />

ao terrorismo. O que as organizações<br />

terroristas querem é que Israel <strong>de</strong>sapareça.<br />

O Hamas fala <strong>de</strong> uma república<br />

islâmica, não <strong>de</strong> um Estado palestino”.<br />

Pilar Rahola foi vice-prefeita <strong>de</strong><br />

Barcelona, <strong>de</strong>putada no Parlamento Europeu<br />

e <strong>de</strong>putada no Parlamento espanhol<br />

pelo partido Izquierda Republicana<br />

Catalana. É uma das mais prestigiadas<br />

jornalistas da TV e imprensa espanholas.<br />

Atualmente, é articulista dos<br />

jornais espanhóis El País, El Periódico e<br />

Avui (catalão) e apresenta um programa<br />

<strong>de</strong> entrevistas na televisão espanhola.<br />

Participa constantemente <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates<br />

públicos e congressos internacionais<br />

sobre a relação do Oci<strong>de</strong>nte com o<br />

Mundo Islâmico. Cobriu conflitos como<br />

a guerra entre Etiópia e Eritréia, a guerra<br />

dos balcãs, a queda do muro <strong>de</strong> Berlim,<br />

o ataque ao Parlamento Russo e o<br />

processo <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência dos países<br />

bálticos. É doutora em Filologia Hispânica<br />

e Catalã pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Barcelona.<br />

Tem vários livros publicados em<br />

castelhano, catalão e português.<br />

Israel procura maior intercâmbio<br />

comercial e cultural com o Paraná<br />

com o professor argentino Manuel Tenembaum,<br />

<strong>de</strong> um Cabalat Shabat. No<br />

domingo, os três estiveram com um<br />

grupo <strong>de</strong> jovens para quem minstraram<br />

palestras em seminário.<br />

Ainda na sexta-feira, a embaixadora<br />

Tzipora Rimon <strong>de</strong>u entrevista ao<br />

jornal Gazeta do Povo abordando o<br />

tema da saída <strong>de</strong> Gaza, cuja operação <strong>de</strong><br />

retirada ocorria na ocasião. “É apenas<br />

um primeiro passo no longo caminho rumo<br />

à paz na região”, disse Rimon, à repórter<br />

Cinthia Scheffer, do jornal.<br />

A Embaixadora <strong>de</strong> Israel <strong>de</strong>clarou<br />

que embora <strong>de</strong>ixando Gaza, seu país<br />

continuará fornecendo infra-estrutura<br />

a Gaza, que não <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>ixada como<br />

ilha. Israel irá fornecer eletricida<strong>de</strong>,<br />

gás e água para a Faixa <strong>de</strong> Gaza. Indagada<br />

se a paz virá com a retirada<br />

<strong>de</strong> Gaza, Rimon observou que Israel fez<br />

um gran<strong>de</strong> avanço no processo <strong>de</strong> paz,<br />

mas os palestinos precisam agora governar<br />

e adotar todas as reformas <strong>de</strong>mocráticas<br />

e infra-estrutura porque<br />

não po<strong>de</strong>mos dar continuida<strong>de</strong> ao processo<br />

sem assegurar que não haverá<br />

ameaças terroristas.


ocê <strong>de</strong>ve lembrar-se <strong>de</strong><br />

mim. Eu era o embaixador<br />

israelense na Suécia<br />

que foi confrontado com a<br />

assim chamada “montagem <strong>de</strong> arte”,<br />

em Estocolmo, em janeiro <strong>de</strong> 2004,<br />

que glorificava os suicidas-bomba. Era<br />

uma representação do ataque suicida<br />

a bomba que assassinou 22 pessoas<br />

inocentes e mutilou dúzias mais,<br />

flutuando serenamente numa piscina<br />

<strong>de</strong> sangue, em um pequeno barco intitulado<br />

“Branca <strong>de</strong> Neve”.<br />

A “arte” me mostrou que não há<br />

limites para as mentiras lançadas contra<br />

Israel ou o ódio ao povo ju<strong>de</strong>u. Também<br />

senti que tínhamos <strong>de</strong>sistido <strong>de</strong><br />

tentar reverter o terrível <strong>de</strong>clínio <strong>de</strong><br />

nossa imagem, especialmente entre a<br />

opinião pública européia.<br />

Então, <strong>de</strong>cidi interromper a exibição,<br />

e <strong>de</strong>sliguei as luzes que a iluminavam.<br />

Talvez não tenha sido um passo<br />

muito diplomático, mas trouxe o assunto<br />

à evidência e levou a uma discussão<br />

saudável na Suécia e em outros lugares.<br />

Israel precisa <strong>de</strong> um hasbará (esclarecimento,<br />

divulgação) agressivo.<br />

Quando eu era um embaixador, ficava<br />

aturdido em <strong>de</strong>scobrir que muitas pessoas<br />

na Europa — inclusive jornalistas<br />

— estavam convencidas <strong>de</strong> que, em<br />

1948, Israel ocupou a soberania do Estado<br />

palestino num caso clássico <strong>de</strong> colonização.<br />

A geração que testemunhou<br />

o renascimento <strong>de</strong> Israel está gradualmente<br />

<strong>de</strong>saparecendo e as pessoas mais<br />

jovens não conhecem a história do conflito<br />

israelense-palestino. Assim, quando<br />

a propaganda árabe fala sobre a “ocupação”,<br />

parece ser fácil <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r por<br />

que Israel está sendo cobrado para terminar<br />

com esta situação anacrônica.<br />

Nem sempre foi <strong>de</strong>ssa forma. Até<br />

os Acordos <strong>de</strong> Oslo, <strong>de</strong> 1993, Israel<br />

mantinha uma política <strong>de</strong> informação<br />

que, embora não fosse a melhor, não<br />

abandonava completamente o campo<br />

para o outro lado.<br />

Mas imediatamente <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> Oslo,<br />

o <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> informação do Ministério<br />

das Relações Exteriores foi fechado;<br />

visto que Israel estava presumivelmente<br />

no caminho para a paz, não<br />

era necessário continuar explicando<br />

nossas políticas. Infelizmente, o outro<br />

lado teve uma idéia diferente, e redobrou<br />

sua propaganda.<br />

Foi durante a implementação <strong>de</strong> Oslo<br />

que a narrativa árabe sobre o conflito<br />

teve êxito, inundando muitos campi<br />

universitários, convocando a extrema esquerda<br />

e até mesmo capturando esquerdistas<br />

mais mo<strong>de</strong>rados, enquanto Israel<br />

estava visivelmente ausente da arena.<br />

Os resultados se fizeram sentir em 2001,<br />

na Conferência <strong>de</strong> Durban, quando o<br />

mundo ignorou o empenho <strong>de</strong> Israel e<br />

con<strong>de</strong>nou-o sem consi<strong>de</strong>rar os fatos.<br />

A diplomacia tradicional não funciona<br />

mais. Conversações secretas entre<br />

chefes <strong>de</strong> Estado e ministros das Relações<br />

Exteriores, e as ações políticas<br />

realizadas diariamente pelos embaixadores<br />

e outros diplomatas, não são páreo<br />

para a incessante torrente <strong>de</strong> imagens<br />

e informação da mídia.<br />

Ninguém po<strong>de</strong> vencer sozinho a<br />

guerra na mídia, mas alguns po<strong>de</strong>m<br />

enfraquecer as mensagens <strong>de</strong> um oponente;<br />

alguns po<strong>de</strong>m ajudar a mudar<br />

as perspectivas.<br />

Em um nível governamental, tais<br />

esforços são chamados <strong>de</strong> diplomacia<br />

pública; o mundo acadêmico pensa<br />

sobre isso como uma forma <strong>de</strong><br />

“po<strong>de</strong>r brando”.<br />

Israel <strong>de</strong>ve lançar, em gran<strong>de</strong> escala,<br />

uma campanha preventiva <strong>de</strong> diplomacia<br />

pública, para reverter a maré do<br />

anti-semitismo ignorante que está se<br />

aproximando <strong>de</strong> nós. Temos que mudar<br />

nossa atual política — se é que se<br />

po<strong>de</strong> chamá-la mesmo <strong>de</strong> política —<br />

<strong>de</strong> reações retardadas, escusas e <strong>de</strong>sculpas<br />

por uma estratégia forte que<br />

irá <strong>de</strong>safiar os árabes — levando a<br />

batalha para <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> sua própria<br />

mídia e castelos <strong>de</strong> propaganda, e<br />

colocando-os na <strong>de</strong>fensiva.<br />

Temos que encarar uma série <strong>de</strong><br />

fatores — <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o grosseiro anti-semitismo<br />

muçulmano, mentiras e distorções,<br />

passando pelo novo anti-semitismo<br />

da con<strong>de</strong>scendência européia,<br />

até a atitu<strong>de</strong> negativa da esquerda<br />

com suas convocações para<br />

boicotes e esbulhos.<br />

Temos que dizer a verda<strong>de</strong>, pública<br />

e repetidamente: os próprios árabes são<br />

os culpados por seu sub<strong>de</strong>senvolvimento,<br />

e como ignoram seus direitos civis<br />

básicos, suas populações permanecerão<br />

pobres e analfabetas, reféns do<br />

<strong>de</strong>semprego e das doenças.<br />

Esta situação, é preciso que se<br />

enfatize, reiteradamente, nada tem<br />

a ver com Israel ou com o conflito<br />

do Oriente Médio.<br />

Ao mesmo tempo, <strong>de</strong>vemos cobrar<br />

<strong>de</strong>les a con<strong>de</strong>nação do terrorismo e que<br />

parem <strong>de</strong> chamá-lo <strong>de</strong> resistência. Devemos<br />

exigir <strong>de</strong>les suas <strong>de</strong>sculpas por<br />

nos chamarem <strong>de</strong> porcos e macacos, por<br />

pisotearem nossa ban<strong>de</strong>ira, por todas<br />

as mentiras que escrevem sobre Israel<br />

e os ju<strong>de</strong>us. Precisamos analisar suas<br />

<strong>de</strong>clarações e seus textos e revelar suas<br />

falsas argumentações. Devemos recordá-los<br />

<strong>de</strong> sua participação promovendo<br />

a escravidão na África Oriental.<br />

Devemos incentivar governos, clérigos<br />

e intelectuais em países árabes<br />

a procurar suas almas, e não escondê-las<br />

atrás <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nações não<br />

VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />

Primeiro Mundo:<br />

A velha diplomacia está morta<br />

Zvi Mazel *<br />

sinceras, como alguns <strong>de</strong>les fizeram<br />

após as explosões em Londres.<br />

Na Europa e na América, precisamos<br />

exigir da mídia a renúncia da tendência<br />

<strong>de</strong> fechar os seus olhos ao terror<br />

— por exemplo, nenhum jornal oci<strong>de</strong>ntal<br />

con<strong>de</strong>nou o seqüestro e o assassinato<br />

do embaixador egípcio no Iraque<br />

— e con<strong>de</strong>nar o terrorismo <strong>de</strong><br />

modo inequívoco. Chegou a hora <strong>de</strong><br />

enten<strong>de</strong>r que o apaziguamento não irá<br />

funcionar, e que a Socieda<strong>de</strong> no Terceiro<br />

Mundo não conce<strong>de</strong> um passe livre<br />

para o assassinato.<br />

A Europa <strong>de</strong>ve ser lembrada <strong>de</strong> sua<br />

longa história <strong>de</strong> perseguições e sofrimento<br />

infligido aos ju<strong>de</strong>us — bem antes<br />

do Holocausto. Os europeus também<br />

têm algum espírito para encontrar.<br />

Chegou a hora <strong>de</strong> mudar para uma<br />

campanha. Israel encontra-se perigosamente<br />

isolado, e esse isolamento po<strong>de</strong><br />

piorar, já que não acredito que muitos<br />

<strong>de</strong> nós pensamos que o conflito esteja<br />

caminhando para a solução em breve.<br />

Além disso, o silêncio europeu diante<br />

das pretensões árabes só lhes dá<br />

mais coragem e menos incentivos ao<br />

compromisso. O ódio árabe a Israel<br />

está em crescimento a <strong>de</strong>speito do <strong>de</strong>sengajamento<br />

e a assim chamada melhoria<br />

nas relações com o Egito.<br />

Duas coisas precisam ser feitas.<br />

Primeira, os políticos israelenses <strong>de</strong>vem<br />

compreen<strong>de</strong>r que não há tempo<br />

a per<strong>de</strong>r; o governo <strong>de</strong>ve enfrentar<br />

o assunto como parte <strong>de</strong> sua estratégia<br />

para acabar com a cruel<br />

guerra terrorista que está sendo<br />

travada contra nós.<br />

Segunda, precisamos criar uma<br />

emissora <strong>de</strong> TV árabe para transmissão<br />

<strong>de</strong> notícias, comentários e<br />

programas que irão mostrar nosso<br />

caso e nossas justificativas aos lares<br />

árabes através da região.<br />

11<br />

* Zvi Mazel, autor <strong>de</strong>ste<br />

artigo, foi diplomata <strong>de</strong><br />

carreira durante 38<br />

anos, e embaixador na<br />

Romênia, no Egito e na<br />

Suécia. Ele aposentouse<br />

no ano passado.


12<br />

* Edda Bergmann é<br />

professora e vicepresi<strong>de</strong>nte<br />

Internacional da<br />

B’nai B’rith.<br />

VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />

História e política<br />

Abd el Rajman el Rashid*<br />

ão po<strong>de</strong>remos restaurar nossa<br />

imagem até que reconheçamos<br />

a vergonhosa verda<strong>de</strong>: a<br />

maioria dos atos terroristas<br />

são realizados por muçulmanos.<br />

Não se po<strong>de</strong> dizer, é claro, que todos os<br />

muçulmanos são terroristas, mas <strong>de</strong>vemos<br />

reconhecer que a maioria dos terroristas<br />

em ativida<strong>de</strong> hoje em dia, no<br />

mundo, é muçulmana.<br />

Os seqüestradores das crianças [da<br />

escola] <strong>de</strong> Beslan, na Ossétia do Norte,<br />

eram muçulmanos; o seqüestro e assassinato<br />

dos trabalhadores nepaleses (e outros)<br />

no Iraque, também são muçulmanos;<br />

os estupradores e assassinos em<br />

Darfur, no Sudão, são muçulmanos, assim<br />

como também suas vítimas; aqueles<br />

que explodiram o complexo habitacional<br />

saudita em Riad e em Jubar, e os que<br />

seqüestraram os dois jornalistas franceses<br />

no Iraque, eram muçulmanos.<br />

Edda Bergmann *<br />

embasamento histórico da<br />

ação e atuação política<br />

mundial, regional e individual<br />

torna-se uma ciência<br />

à parte, pertencente ao conjunto<br />

dos pensamentos humanos<br />

individuais e coletivos, referência<br />

dinâmica e estruturada das<br />

ciências do pensamento, da dissertação<br />

e dos valores.<br />

Nem sempre aquilo que <strong>de</strong>u certo<br />

ou errado no passado continua<br />

a sua contingência através do pensamento<br />

individual ou coletivo,<br />

através da história dos povos ou<br />

das nações, mas se nos apresentar<br />

como algo básico e individualmente<br />

engajado em premissas, valores,<br />

opiniões, dúvidas ou valores universais<br />

presentes em <strong>de</strong>terminados<br />

momentos e movimentos da historiografia<br />

antiga ou mo<strong>de</strong>rna.<br />

O movimento histórico é um e<br />

único no <strong>de</strong>correr da história, não<br />

existem dois movimentos ou duas<br />

épocas iguais, algo será sempre diferente<br />

e diferenciado, algo será<br />

sempre individualizado ou coletivamente<br />

diferente, na experiência<br />

histórica do momento presente.<br />

Viver a história ou estudá-la<br />

e conhecê-la são versões diferenciadas<br />

e diferentes da cultura e<br />

educação <strong>de</strong> um povo, <strong>de</strong> uma<br />

época, <strong>de</strong> uma etnia, ou <strong>de</strong> processos<br />

diversos do aprendizado ou<br />

participação, são facetas diferenciadas<br />

<strong>de</strong> movimentos intelectuais<br />

e diversos a diversificados e fazem<br />

com que cada indivíduo, cada<br />

povo, cada nação tenha a sua visão<br />

individual da história, vivida,<br />

estudada, aprendida ou diversificadamente<br />

sentida pelo ser humano<br />

ou por seus i<strong>de</strong>ntificadores<br />

sociais do pertencer.<br />

Pertencer a este ou aquele grupo,<br />

a esta ou aquela parte da humanida<strong>de</strong><br />

com mais ou menos presença<br />

coletiva, com maior ou menor<br />

noção <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r ou <strong>de</strong> mando,<br />

<strong>de</strong> metas superiores ou <strong>de</strong> aperfeiçoamentos<br />

individuais ou coletivos,<br />

<strong>de</strong> conhecimentos globais.<br />

Hoje é um momento preciso, especial,<br />

individual e coletivo, no<br />

qual os nossos políticos ou os nossos<br />

analistas políticos nem sempre<br />

têm dados históricos ao seu alcance<br />

ou conhecimentos que os leve a<br />

tal posição.<br />

Dentro do contexto da política<br />

e da mídia mundial o próprio jornalista<br />

ou formador <strong>de</strong> opinião se<br />

per<strong>de</strong> à procura <strong>de</strong> dados históricos<br />

recentes e consistentes não os<br />

eventos, os <strong>de</strong>turpa, <strong>de</strong> forma<br />

consciente ou inconsciente, <strong>de</strong><br />

forma às vezes estranha, mas muitas<br />

outras vezes numa <strong>de</strong>turpação<br />

Que Tristeza!<br />

A maioria daqueles que, em atos suicidas,<br />

explodiram automóveis, escolas, construções<br />

e edifícios públicos durante a última<br />

década, são muçulmanos. Que tristeza!<br />

O que estas ações dizem a nosso respeito?<br />

Se juntarmos todos os pedaços, a<br />

imagem nossa que fica é <strong>de</strong>gradante, <strong>de</strong>primente<br />

e vergonhosa. Devemos reconhecer<br />

que este é um retrato preciso da realida<strong>de</strong><br />

– e não escrever longos artigos ou<br />

nos vangloriar com belas palavras a fim <strong>de</strong><br />

lavar nossa culpa.<br />

No momento em que reconhecermos a<br />

doença, po<strong>de</strong>remos encontrar o remédio.<br />

A própria cura sempre começa com o reconhecimento.<br />

Assim, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>de</strong> nós mesmos<br />

recuperar nossos filhos, que são o produto<br />

natural da cultura que se corrompeu<br />

e se <strong>de</strong>sviou do caminho correto.<br />

Um <strong>de</strong> nossos pregadores mais famosos,<br />

o xeque Iusef el Kardaui, <strong>de</strong>clarou publicamente<br />

que, do ponto <strong>de</strong> vista religioso,<br />

é permitido matar cidadãos norte-<br />

até consciente da história por achála<br />

mais plausível e mais diversificada<br />

<strong>de</strong>ntro do contexto mundial das<br />

idéias e das premissas dos fatos, fatores<br />

e acontecimentos, <strong>de</strong> algo difícil<br />

<strong>de</strong> ser analisado e <strong>de</strong> consciências<br />

positivas complicadas <strong>de</strong> serem<br />

utilizadas e transplantadas.<br />

É preciso conhecer a história,<br />

mas não apenas conhecê-la <strong>de</strong>talhada,<br />

mas esmiuçá-la e tirar <strong>de</strong>la<br />

aquilo que hoje volta a tona, a ser<br />

<strong>de</strong>liberado com intuito em provar<br />

ou comprovar fatos, idéias e acontecimentos<br />

<strong>de</strong> forma factual, verídica<br />

e plausível.<br />

Cabe ao Professor tornar a história<br />

vivida, viva, atraente e uma<br />

excelente auxiliar <strong>de</strong> toda política<br />

em jogo do mundo mo<strong>de</strong>rno da internacional<br />

à nacional, da coletiva<br />

à individual, das premissas <strong>de</strong> valores<br />

às suas conseqüências, dos fatos<br />

aos seus acontecimentos, das<br />

experiências à sua previsão, do fato<br />

histórico nos dias <strong>de</strong> hoje em previsões<br />

e conseqüências graves, por<br />

vezes repetidas, mas sempre com<br />

enfoques diferentes, diferenciados<br />

e coletivamente vivenciados.<br />

Ser político é ser humano, atual,<br />

bem informado, bem preparado, com<br />

experiências individuais e coletivas,<br />

é ser alguém que se preocupa<br />

com o próximo seus perfis, suas inconstâncias,<br />

suas atribuições.<br />

americanos no Iraque. Como se po<strong>de</strong> imaginar<br />

que uma autorida<strong>de</strong> religiosa, seja<br />

qual for, incite a matar cidadãos? Um respeitável<br />

ancião que exorta jovens a assassinarem<br />

pessoas, enquanto duas <strong>de</strong> suas<br />

filhas estudam sob a proteção das forças<br />

<strong>de</strong> segurança da “herege” Grã-Bretanha.<br />

Como teria reagido um pai, como ele,<br />

frente à mãe <strong>de</strong> um jovem norte-americano,<br />

Nicholas Berg, cuja cabeça foi <strong>de</strong>golada<br />

porque ele foi ao Iraque trabalhar como<br />

engenheiro? Como se po<strong>de</strong>, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma<br />

coisa assim, dar qualquer credibilida<strong>de</strong> a<br />

este xeque quando diz que o Islã é uma religião<br />

misericordiosa, humanitária, indulgente?<br />

Quando ele mesmo, o xeque, a transformou<br />

numa religião que <strong>de</strong>rrama sangue?<br />

Antes da época atual <strong>de</strong> nossos extremistas,<br />

os homens <strong>de</strong> esquerda e os nacionalistas<br />

adotaram o princípio da violência.<br />

Naquela época, a mesquita era um refúgio<br />

da paz e os lí<strong>de</strong>res religiosos exortavam<br />

à compreensão e aos valores morais.<br />

Ser político e conhecer a história<br />

é a plenitu<strong>de</strong> da realização positiva<br />

do intelectual ou a premissa<br />

do individualista preparado para<br />

utilizar a experiência e a noção dos<br />

séculos, das experiências da formação<br />

do pensamento.<br />

Adaptá-las, atualizá-las, captálas<br />

com inteligência e sabedoria,<br />

criá-las, estruturá-las, formatá-las<br />

<strong>de</strong> acordo com as necessida<strong>de</strong>s e as<br />

premissas do presente.<br />

Conhecendo e atualizando o<br />

passado, vislumbrando o futuro e<br />

prevendo-o.<br />

O povo ju<strong>de</strong>u tem um passado<br />

rico e diversificado, tem um presente<br />

cheio <strong>de</strong> valores individuais e coletivos,<br />

<strong>de</strong> experiências trágicas e<br />

<strong>de</strong>smoralizantes levadas a esmo pelo<br />

<strong>de</strong>svario dos indivíduos que odiaram<br />

o pensamento humano individual<br />

e coletivo e têm um futuro brilhante<br />

à sua frente, po<strong>de</strong>ndo se<br />

<strong>de</strong>senvolver em premissas válidas <strong>de</strong><br />

termos individuais e coletivos <strong>de</strong><br />

Direitos Humanos no qual eleve o<br />

valor máximo a ser atingido.<br />

Lutar pelos valores da vida, pela<br />

dádiva da vida e a eliminação dos<br />

<strong>de</strong>svios individuais e coletivos <strong>de</strong>ssas<br />

premissas, <strong>de</strong>ssas doenças metafísicas<br />

do ser humano é responsabilida<strong>de</strong><br />

dos professores <strong>de</strong> hoje<br />

e <strong>de</strong> todos os tempos, e sua cobrança<br />

é um direito <strong>de</strong> todos nós.<br />

Por conta <strong>de</strong>sses “novos” muçulmanos,<br />

todo o Islã é atualmente culpabilizado sem<br />

razão alguma. Esta religião não é culpada<br />

pelas mudanças <strong>de</strong> que é acusada, porque<br />

não faltam passagens do Corão que <strong>de</strong>screvem<br />

o assassinato como um crime abominável<br />

– e inclusive o refutam tão fortemente<br />

até à proibição <strong>de</strong> matar uma mosca, além<br />

<strong>de</strong> assegurar uma recompensa a quem resgate<br />

algo roubado com astúcia e engodo.<br />

Uma coisa é clara: receamos o <strong>de</strong>sprezo<br />

e a humilhação por integrarmos [o mesmo<br />

grupo] dos que fazem crianças e jornalistas<br />

<strong>de</strong> reféns, e que matam cidadãos e explo<strong>de</strong>m<br />

ônibus, não importando quais sejam<br />

os sofrimentos causados. Este é o perfil<br />

daqueles que corromperam o Islã e que <strong>de</strong>le<br />

fizeram uma afronta, uma vergonha.<br />

Não po<strong>de</strong>remos restaurar nossa imagem<br />

manchada até que sejamos capazes <strong>de</strong> reconhecer<br />

esta vergonhosa verda<strong>de</strong>: a maioria<br />

dos atos terroristas no mundo são levados<br />

a cabo por muçulmanos.<br />

* Abd el Rajman el Rashid é muçulmano e escreveu este texto no jornal egípcio Al Shark el Ausat e foi republicado também no diário israelense Haaretz. Publicado no site De Olho<br />

na Mídia (www.<strong>de</strong>olhonamidia.org.br) em 27/10.2004, com tradução <strong>de</strong> Gisella Gonçalves.


O LEITOR ESCREVE<br />

Admiração pelo povo<br />

Prezados Senhores:<br />

Sou brasileiro e tenho uma tremenda admiração pelo<br />

povo ju<strong>de</strong>u e sua História. Gostaria <strong>de</strong> ter uma ban<strong>de</strong>ira e<br />

a<strong>de</strong>sivos sobre Israel. Se pu<strong>de</strong>rem me informar on<strong>de</strong> conseguir,<br />

agra<strong>de</strong>ço.<br />

Israel da Silva Pinheiro Por e-mail<br />

NR: Já informamos o leitor on<strong>de</strong> adquiri-los.<br />

Trabalho <strong>de</strong> gabarito<br />

À redação do VJ:<br />

Quero agra<strong>de</strong>cer a publicação do meu mo<strong>de</strong>sto artigo<br />

“Para que lado irá pen<strong>de</strong>r a Faixa <strong>de</strong> Gaza?”, o qual,<br />

na data <strong>de</strong> sua publicação, já estava <strong>de</strong>satualizado em<br />

face da dinâmica dos acontecimentos políticos e do encerramento<br />

da <strong>de</strong>socupação <strong>de</strong> Gaza. Contudo, penso<br />

que o leitor esclarecido irá levar em consi<strong>de</strong>ração alguns<br />

elementos do artigo como complemento à atual<br />

situação da política palestino-israelense. A equipe <strong>de</strong><br />

Visão <strong>Judaica</strong> vem realizando um trabalho <strong>de</strong> alto gabarito<br />

em prol da comunida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> seus leitores em<br />

geral, que assim contam com uma fonte <strong>de</strong> amplas informações<br />

e valiosos esclarecimentos. Tudo <strong>de</strong> bom e<br />

até uma próxima oportunida<strong>de</strong>.<br />

Salo Yakir Israel<br />

Muito bem feito<br />

Olá amigos:<br />

Visão <strong>Judaica</strong> tem uma pagina muito bem feita, mas<br />

tenho umas perguntas: Por que o filme “La Vita è Bella”,<br />

<strong>de</strong> Benigni, não aparece nos filmes aconselhados? Segunda<br />

pergunta: Por que não encontro o titulo <strong>de</strong> um método<br />

da língua hebraica? Sou francês e gostaria <strong>de</strong> melhorar<br />

tanto meu hebraico, como meu português, e até agora<br />

não achei uma referência. Po<strong>de</strong>riam me ajudar? Obrigado.<br />

Olivier Bosseau Paris – França<br />

NR: O filme “A vida é Bela” foi indicado logo nas primeiras<br />

edições do jornal, quando ainda não tínhamos website.<br />

Os primeiros números não estão na internet, e por<br />

esse motivo, o leitor não o encontrou. Desconhecemos<br />

a existência <strong>de</strong> algum curso <strong>de</strong> hebraico na internet.<br />

Trata-se <strong>de</strong> uma língua difícil e só é ensinada nas<br />

escolas israelitas ou em universida<strong>de</strong>s. De qualquer<br />

forma o jornal Visão <strong>Judaica</strong> enviou ao leitor um curso<br />

<strong>de</strong> hebraico no formato PDF, mas em espanhol.<br />

Site interessante<br />

Senhores editores:<br />

Faço parte do Coro <strong>de</strong> Câmara da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Lisboa, um agrupamento composto por 20 cantores,<br />

com 8 anos <strong>de</strong> existência. Neste momento estamos nos<br />

preparando para estrear no dia 2 <strong>de</strong> outubro uma obra<br />

do jovem compositor português Sérgio Azevedo, “Missa<br />

Brevis em memória <strong>de</strong> Aristi<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Sousa Men<strong>de</strong>s”. Ao<br />

procurar na Internet mais informações sobre esse gran<strong>de</strong><br />

homem, <strong>de</strong>parei-me com o site <strong>de</strong> vocês e achei<br />

interessante mandar-lhes esta notícia. Continuem com<br />

o bom trabalho!<br />

Patrícia Sá Lisboa - Portugal<br />

Para escrever ao jornal Visão <strong>Judaica</strong> basta passar um<br />

fax pelo telefone 0**41 3018-8018 ou um e-mail para<br />

visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />

Infância<br />

Pilar Rahola *<br />

ão sabemos a hora.<br />

Possivelmente entrou<br />

<strong>de</strong> noite, para<br />

que não a vissem. Ou<br />

talvez chegasse ao hospital<br />

<strong>de</strong> madrugada, à hora das bruxas,<br />

quando tudo parece estranho<br />

e imprevisto. Também não sabemos<br />

se sua mãe a acompanhava, ainda<br />

que fora seu anjo da guarda durante<br />

os meses <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z, escon<strong>de</strong>ndo-a,<br />

protegendo-a. À hora que<br />

fosse, só ou acompanhada, o certo<br />

é que, hoje faz cinco anos, chegou<br />

a um hospital emporcalhado, numa<br />

cida<strong>de</strong> fora dos mapas do mundo,<br />

no meio <strong>de</strong> uma tragédia que acompanhava<br />

aquelas terras <strong>de</strong>s<strong>de</strong> há<br />

séculos, e a teve. Um parto rápido,<br />

uma menina nascida sem <strong>de</strong>sejo, fruto<br />

<strong>de</strong> uma violação e <strong>de</strong> uma dor,<br />

algumas horas para vê-la e, provavelmente,<br />

para chorá-la. E <strong>de</strong>pois,<br />

no dia seguinte, sem a vergonha<br />

<strong>de</strong> uma gravi<strong>de</strong>z não <strong>de</strong>sejada,<br />

numa socieda<strong>de</strong> da meia lua islâmica<br />

que marca e con<strong>de</strong>na as mães<br />

solteiras, liberada <strong>de</strong> pesos impossíveis,<br />

voltou ao seu povoado rural,<br />

nos pés das montanhas do<br />

Bashkortosthan, para continuar sua<br />

vida sem futuro. Três vezes foram<br />

vê-la as autorida<strong>de</strong>s pertinentes, e<br />

três vezes negou a sua filha. Não<br />

era sua, não a queria, não a podia<br />

ter. E assim, sem ninguém que a <strong>de</strong>sejasse,<br />

magrinha e assustadiça,<br />

começou a palpitar seu corpo branquíssimo<br />

numa cama <strong>de</strong> hospital,<br />

sob o amparo <strong>de</strong> um governo que<br />

tinha milhares como ela. Aos quatro<br />

dias já estava num orfanato. E<br />

durante o resto <strong>de</strong> sua vida, até<br />

um 23 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> um ano <strong>de</strong>pois,<br />

ela só foi um número na estatística<br />

<strong>de</strong> crianças abandonadas<br />

que habitam as esquinas do mundo,<br />

triste como todas as crianças<br />

tristes. Enferma, como a maioria<br />

das crianças que morrem antes dos<br />

cinco anos por enfermida<strong>de</strong>s curáveis,<br />

primeiro, diversas bronquites,<br />

uma hepatite, sarna, salmonela,<br />

pneumonia…<br />

Chegou ao seu primeiro ano sem<br />

ser capaz <strong>de</strong> sustentar a cabeça,<br />

como muitas crianças como ela, que<br />

tardam em <strong>de</strong>senvolver os músculos<br />

do pescoço porque ninguém as<br />

levanta. Nenhum beijo, nenhum<br />

abraço <strong>de</strong> última hora quando a bar-<br />

VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />

A princesa<br />

riguinha fica ruim, nenhuma música<br />

suave para acompanhar os medos<br />

da noite, nenhuma carícia. A<br />

solidão é uma amante ar<strong>de</strong>nte e asfixiante,<br />

quando se converte na<br />

companheira <strong>de</strong> viagem <strong>de</strong> uma<br />

criança pequena. Dia-a-dia, mês<br />

após mês. Tinha um nome e o conhecia.<br />

Mas não o ouvia ser chamado<br />

com a doçura própria das<br />

mães e os pais quando chamam os<br />

seus filhos. Não havia pais, nem<br />

avós, nem priminhos, nem tios. E<br />

às noites, o xixi que lhe havia avermelhado<br />

as pernas, porque no orfanato<br />

não havia dinheiro para comprar<br />

fraldas, a fazia chorar. O pranto<br />

solitário. Também chorava com<br />

cada doença que a atacava, sempre<br />

na solidão.<br />

E assim a conhecemos, chorando.<br />

Iniciava sua primeira bronquite<br />

que, finalmente, se transformou<br />

numa pneumonia. Não nos olhou,<br />

não olhou o bicho <strong>de</strong> pelúcia que<br />

lhe mostrávamos ansiosos, não olhou<br />

os braços que queriam abraçá-la, não<br />

olhou as lágrimas que <strong>de</strong>rramávamos.<br />

Nós só éramos outros adultos anônimos,<br />

em sua vida indiferente. A<br />

primeira vez que fixou o olhar foi<br />

quando lhe colocamos seus primeiros<br />

sapatinhos. Os primeiros <strong>de</strong> sua<br />

vida. E assim, em passinhos, apren<strong>de</strong>u<br />

a caminhar pelas estradas da felicida<strong>de</strong>,<br />

lentamente, receosa e assustada,<br />

às vezes agressiva. Havia<br />

<strong>de</strong>cidido que não confiaria em nós<br />

facilmente. Quando, diante <strong>de</strong> um<br />

doce, esboçou o primeiro sorriso,<br />

tivemos a impressão que não era um<br />

sorriso, mas uma vida sem ter rido<br />

que rompia, <strong>de</strong> repente, em seu rostinho.<br />

E os olhos, seus belíssimos<br />

olhos amendoados, foram, por um instante,<br />

redondos, <strong>de</strong>smentindo sua<br />

genética asiática. No mais, <strong>de</strong>vemos<br />

dizer que cada sorriso era um passo<br />

<strong>de</strong> gigante, cada passo uma conquista,<br />

cada conquista uma sobrecarga<br />

<strong>de</strong> felicida<strong>de</strong>. Finalmente um dia já<br />

não houve marcha-ré. Des<strong>de</strong> aquele<br />

dia Ada não <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> rir. Des<strong>de</strong> aquele<br />

dia não <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> cantar.<br />

<strong>On</strong>tem, vendo como fazia voltinhas,<br />

vestida <strong>de</strong> princesa, na pontinha<br />

dos pés, imitando a protagonista<br />

do Lago dos Cisnes da Barbie,<br />

notei como me afligiam os<br />

enormes sentimentos vividos que<br />

minha filha, necessariamente, me<br />

fez brotar. O sentimento <strong>de</strong> euforia<br />

e felicida<strong>de</strong>. E, por sua vez, a enorme<br />

tristeza <strong>de</strong> recordar o ano e meio<br />

13<br />

que não nos teve e não a tivemos.<br />

Como <strong>de</strong>viam ser suas noites, seus<br />

medos, suas angústias? E, através<br />

da Ada que um dia foi e já não é,<br />

como <strong>de</strong>viam ser as noites e os dias<br />

dos milhares <strong>de</strong> Adas que há no mundo?<br />

Como <strong>de</strong>vem ser seus medos? As<br />

Adas sem fadas…<br />

<strong>On</strong>tem cumpriu cinco felizes<br />

anos. Ada não tem nada a ver com<br />

a menina que fomos buscar num hospital<br />

perdido, na Sibéria anônima,<br />

lá on<strong>de</strong> não habita a esperança.<br />

Agora é uma menina querida, provavelmente<br />

superprotegida, mas felizmente<br />

segura. Sua casa está cheia<br />

das fantasias que inundam sua imaginação,<br />

os castelos <strong>de</strong> princesas,<br />

os príncipes que as ro<strong>de</strong>iam, os<br />

contos que explicam suas sagas.<br />

Nas estantes da pare<strong>de</strong>, os bichos<br />

<strong>de</strong> pelúcia estão divididos por faunas,<br />

aqui os cachorros, aqui os ursinhos,<br />

mais além as girafas e os<br />

gatinhos. Por cima <strong>de</strong> tudo, perdido<br />

e um pouco abatido, jaz o<br />

velho bicho <strong>de</strong> pelúcia que fez o<br />

caminho da Sibéria conosco e que<br />

nossa filha recusara. Nunca lhe fez<br />

caso, e um dia em que fazíamos a<br />

limpeza do quarto, perguntei-lhe<br />

se podia dá-lo. Recordo seu olhar<br />

intenso: “nunca, nunca na vida…”<br />

E não disse nada mais.<br />

De seu redondo e <strong>de</strong>finitivo sorriso.<br />

Das canções que canta todo o<br />

tempo. Desse “te amo” que me lança<br />

cada manhã quando a <strong>de</strong>ixo na<br />

porta da escola, e me enfeita a alma.<br />

De sua felicida<strong>de</strong> conquistada, quero<br />

recordar hoje as crianças do<br />

mundo que não sorriem. As que foram<br />

a Ada que agora ela não é. Os<br />

que morrerão porque nasceram no<br />

lugar errado, nas esquinas obscuras<br />

aon<strong>de</strong> as luzes não chegam. As<br />

crianças tão visíveis em seu sofrimento,<br />

tão visíveis nas ruas do<br />

mundo on<strong>de</strong> dormem, nas camas<br />

sórdidas on<strong>de</strong> são humilhadas sexualmente,<br />

nas guerras on<strong>de</strong> apren<strong>de</strong>m<br />

a odiar e a matar, nos hospitais<br />

on<strong>de</strong> não sabem porque morrem<br />

<strong>de</strong> doenças que sua mãe lhes<br />

transmitiu, nos cafezais on<strong>de</strong> suas<br />

mãozinhas sangram trabalhando<br />

para po<strong>de</strong>r comer. As crianças visíveis<br />

que <strong>de</strong>cidimos não ver.<br />

A todas elas, para que um dia<br />

possam ter sonhos <strong>de</strong> princesa. E a<br />

todos nós, para que recor<strong>de</strong>mos<br />

sempre que sua <strong>de</strong>sgraça nasce da<br />

nossa indiferença.<br />

Pilar Rahola, jornalista e escritora foi vice-prefeita <strong>de</strong> Barcelona, <strong>de</strong>putada no Parlamento Europeu e <strong>de</strong>putada no Parlamento<br />

espanhol. É articulista dos jornais espanhóis El País, El Periódico e Avui (catalão). Tradução: Szyja Lorber.


14<br />

VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765


Rosh Hashaná<br />

Torá institui que Rosh<br />

Hashaná, o início do ano,<br />

seja celebrado no aniversário<br />

da Criação, mas não<br />

no primeiro e sim, no sexto<br />

dia, o dia em que foi criado o Homem.<br />

O significado do dia e do evento não<br />

resi<strong>de</strong> no surgimento <strong>de</strong> uma nova criatura,<br />

superior às outras do reino animal,<br />

assim como este é superior ao reino<br />

vegetal que, por sua vez, está acima<br />

do mineral. O significado está no fato<br />

<strong>de</strong> que a nova criatura - o Homem - é<br />

essencialmente diferente das outras. Pois<br />

foi o homem que reconheceu o Criador<br />

através da Criação e elevou-a a este reconhecimento,<br />

a realização e suprema<br />

finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>sígnio Divino.<br />

Uma das características que distinguem<br />

o homem <strong>de</strong> todas as outras criaturas<br />

é o dom do livre arbítrio que D-us<br />

lhe conce<strong>de</strong>u. O homem po<strong>de</strong> usar esta<br />

dádiva Divina em duas direções opostas.<br />

Po<strong>de</strong> escolher o caminho da <strong>de</strong>struição<br />

<strong>de</strong> si mesmo, D-us não o permita,<br />

e <strong>de</strong> tudo que o cerca; ou enveredar<br />

pela estrada certa da vida, que o<br />

elevará, a ele e a toda a Criação, à<br />

mais alta perfeição.<br />

Para ajudar-nos a reconhecer e escolher<br />

o caminho certo recebemos a<br />

Torá, que é Divina e eterna; daí serem<br />

os seus ensinamentos válidos para to-<br />

dos os tempos e todos os lugares.<br />

O homem não po<strong>de</strong> fazer a sua escolha<br />

apenas baseado em seu intelecto,<br />

pois este é limitado. Serve apenas<br />

para <strong>de</strong>scobrir e <strong>de</strong>spertar a intuição e<br />

a fé nas coisas que estão além do reino<br />

do intelecto. Esta fé e intuição são<br />

o legado <strong>de</strong> cada ju<strong>de</strong>u que ilumina todo<br />

o seu ser e o orienta na vida cotidiana<br />

para uma existência inspirada na Torá<br />

e nas mitsvot.<br />

Em Rosh Hashaná, o homem enfrenta<br />

não apenas o julgamento Divino como<br />

também o seu próprio. O veredicto com<br />

relação ao futuro <strong>de</strong>ve ser o <strong>de</strong> assumir<br />

o cumprimento <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>veres, <strong>de</strong> realizar<br />

- nele mesmo e no seu ambiente -<br />

um chamado para a submissão absoluta<br />

diante <strong>de</strong> D-us proferido pelo primeiro<br />

homem Adam, Adão, no dia <strong>de</strong> sua Criação,<br />

no primeiro Rosh Hashaná. Isto só<br />

po<strong>de</strong> ser conseguido mediante uma vida<br />

inspirada e orientada pela Torá.<br />

Que ninguém pense: quem sou eu<br />

para possuir tais po<strong>de</strong>res <strong>de</strong> construção<br />

ou <strong>de</strong>struição? Pois vimos, para a<br />

nossa aflição, o que po<strong>de</strong> causar uma<br />

quantida<strong>de</strong> ínfima <strong>de</strong> matéria pela liberação<br />

<strong>de</strong> energia atômica. Se tal po<strong>de</strong>r<br />

<strong>de</strong>struidor está oculto num mero<br />

átomo, para a negação do <strong>de</strong>sígnio da<br />

Criação, quão maior é o po<strong>de</strong>r criador<br />

confiado a cada indivíduo para trabalhar<br />

em harmonia com a finalida<strong>de</strong> Divina;<br />

pois recebemos da Divina Providência<br />

os meios e oportunida<strong>de</strong>s especiais<br />

<strong>de</strong> alcançar a meta para a qual<br />

fomos criados: a realização <strong>de</strong> um mundo<br />

em que “cada criatura reconhecerá<br />

que Tu a criaste e cada alma dotada <strong>de</strong><br />

alento exclamará: ‘D-us, o D-us <strong>de</strong> Israel,<br />

é Rei e o Seu reino é supremo.’“.<br />

Para que sejam revelados e para<br />

que possamos aplicar estes po<strong>de</strong>res, é<br />

necessário buscar e liberar as forças<br />

potenciais. E temos a promessa: “Descobrirás<br />

porque buscarás com todo o<br />

teu coração e alma”.<br />

Isto tudo se aplica <strong>de</strong> forma especial<br />

e completa aos que ocupam posições<br />

<strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança espiritual e possuem<br />

influência, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o rabino <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong><br />

até um pai que orienta a vida<br />

espiritual <strong>de</strong> sua família. Muitas vezes<br />

vemos pessoas paralisadas pela dúvida<br />

e pelo medo, receosos <strong>de</strong> empregar o<br />

que lhes parece uma palavra forte ou<br />

exigência excessiva e, assim, alienar<br />

em vez <strong>de</strong> atrair.<br />

A eles dirigimos esta mensagem:<br />

“Busque profundamente em seu interior<br />

e <strong>de</strong>scobrirá os tesouros mais<br />

íntimos dos que queres orientar e inspirar;<br />

não os avalies externamente, mas<br />

VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />

Julgamento Divino e humano<br />

4 e 5 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2005<br />

segundos os<br />

recursos e<br />

capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> suas almas,<br />

a verda<strong>de</strong>iracentelhaDivina.<br />

Pois,<br />

pela atitu<strong>de</strong><br />

certa e pelo<br />

infatigável<br />

esforço po<strong>de</strong>rá<strong>de</strong>scobrir<br />

e ativar<br />

em todos,<br />

os recursos espirituais que animarão<br />

sua vida diária. Tenha confiança em<br />

seus irmãos ju<strong>de</strong>us e dê-lhes o que,<br />

como ju<strong>de</strong>us, verda<strong>de</strong>iramente esperam<br />

<strong>de</strong> você: a Torá inteira com todos<br />

os seus preceitos, assim como eles<br />

são, assim como os recebemos no Sinai;<br />

pois a Torá é eterna em todos os<br />

tempos e lugares”.<br />

Somente assim po<strong>de</strong>remos avaliar<br />

verda<strong>de</strong>iramente o nosso “eu” e o dos<br />

que buscam orientação e li<strong>de</strong>rança; uma<br />

avaliação sincera que fará do próximo<br />

ano um ano cheio <strong>de</strong> conteúdo e realização<br />

proporcionais aos nossos melhores<br />

recursos e, portanto, também repleto<br />

<strong>de</strong> bênçãos Divinas, materiais e<br />

espirituais. (www.chabad.org.br).<br />

15


16<br />

VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />

Os dias entre Rosh<br />

Hashaná e Iom Kipur<br />

No dia seguinte a Rosh Hashaná, ocorre o Jejum <strong>de</strong> Guedalya,<br />

em lembrança ao assassinato do governador da Terra<br />

<strong>de</strong> Israel e à dispersão dos ju<strong>de</strong>us remanescentes (no ano<br />

3339 após a Criação).<br />

Shabat Shuvá (entre Rosh Hashaná e Iom Kipur), quando<br />

lemos a Haftará Shuvá Yisrael (Retorna, Ó Israel), constituise<br />

num dos sábados mais importantes do ano. Até a chegada<br />

da véspera <strong>de</strong> Iom Kipur, o dia no qual nosso <strong>de</strong>stino é<br />

selado para o ano todo.<br />

Os três pilares<br />

A base do serviço a D-us durante estes dias se formam<br />

por meio <strong>de</strong> três pilares: Teshuvá (penitência, arrependimento,<br />

retorno), Tefilá (prece) e Tsedacá (carida<strong>de</strong>). A tradução<br />

habitual <strong>de</strong> “arrependimento, prece e carida<strong>de</strong>” não<br />

expressa, contudo, os verda<strong>de</strong>iros conceitos judaicos <strong>de</strong><br />

Teshuvá, Tefilá e Tsedacá.<br />

Teshuvá é comumente interpretada como arrependimento.<br />

No entanto, a palavra exata em hebraico para arrependimento<br />

é Charatá. Charatá e Teshuvá são conceitos praticamente<br />

opostos. Charatá enfatiza a tomada <strong>de</strong> uma nova conduta,<br />

arrepen<strong>de</strong>ndo-se por ter cometido uma ação má ou<br />

<strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> praticar uma boa ação e <strong>de</strong>sejando se comportar<br />

<strong>de</strong> uma forma nova a partir <strong>de</strong>ste momento.<br />

Teshuvá significa um retorno. Um ju<strong>de</strong>u é essencialmente<br />

bom e seu mais profundo <strong>de</strong>sejo é praticar o bem. Porém,<br />

<strong>de</strong>vido a várias circunstâncias, completa ou parcialmente<br />

fora <strong>de</strong> seu controle, ele erra. Este é o conceito judaico <strong>de</strong><br />

Teshuvá - um retorno às raízes, ao seu mais íntimo ser.<br />

Tefilá é geralmente traduzida como prece. No entanto, a<br />

palavra correta para prece em hebraico é bacashá. As conotações<br />

das duas palavras são contraditórias. O significado<br />

<strong>de</strong> bacashá é solicitação ou pedido e Tefilá quer dizer uma<br />

ligação. Bacashá enfatiza o pedido ao Todo Po<strong>de</strong>roso para<br />

que conceda nossas solicitações. Contudo, quando não necessitamos<br />

ou não <strong>de</strong>sejamos coisa alguma, então o pedido<br />

se torna supérfluo.<br />

Tefilá <strong>de</strong>nota a ligação com D-us; e isto é importante<br />

para todos e em todas as ocasiões. Todo ju<strong>de</strong>u tem uma<br />

alma ligada e presa a D-us. Entretanto, os laços que atam a<br />

alma ao Todo Po<strong>de</strong>roso po<strong>de</strong>m se enfraquecer. Para corrigir<br />

esta <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong>, há durante o dia ocasiões específicas para<br />

a Tefilá, para renovar e tornar mais forte o elo com D-us. O<br />

conceito da Tefilá, o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> chegar mais perto <strong>de</strong> D-us,<br />

existe mesmo para aqueles que não necessitam <strong>de</strong> nada material.<br />

É o modo <strong>de</strong> fortalecer o apego e os vínculos entre os<br />

ju<strong>de</strong>us e seu Criador.<br />

Tsedacá é normalmente interpretada como carida<strong>de</strong>. Mas<br />

a palavra exata para carida<strong>de</strong> em hebraico é Chessed. Não<br />

usamos o termo Chessed e sim Tsedacá porque, novamente,<br />

os conceitos são antagônicos. Chessed ressalta a generosida<strong>de</strong><br />

daquele que dá. Porém, aquele que recebe po<strong>de</strong> não ser<br />

necessariamente merecedor, nem o doador obrigado a dar,<br />

praticando o ato <strong>de</strong> bonda<strong>de</strong> <strong>de</strong>vido a sua generosida<strong>de</strong>.<br />

Tsedacá, por sua vez, origina-se da palavra hebraica justiça,<br />

ressaltando que a justiça exige do<br />

ju<strong>de</strong>u o cumprimento da carida<strong>de</strong> por dois<br />

motivos: primeiro, porque não está dando<br />

o que é seu e sim o que lhe foi confiado<br />

por D-us para dar aos outros; segundo,<br />

uma vez que todos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m<br />

do Todo Po<strong>de</strong>roso para prover suas necessida<strong>de</strong>s<br />

- embora D-us certamente<br />

não tenha obrigações para com ninguém<br />

- somos obrigados a retribuir “medida<br />

por medida” e dar aos outros, muito<br />

embora não <strong>de</strong>vamos nada a eles.<br />

(www.chabad.org.br).<br />

Após o pecado do bezerro <strong>de</strong> ouro,<br />

Moshê (Moisés) rezou e, no dia <strong>de</strong>z do<br />

mês hebraico <strong>de</strong> Tishrei (13/10), D-us<br />

conce<strong>de</strong>u pleno perdão ao povo ju<strong>de</strong>u.<br />

Quando uma pessoa perdoa outra,<br />

isto se <strong>de</strong>ve a um sentimento<br />

profundo <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong> e amor que anula<br />

o efeito <strong>de</strong> qualquer mal que tenha<br />

praticado. Do mesmo modo, o<br />

amor Divino é expressão <strong>de</strong> Seu amor<br />

eterno e incondicional. Embora possamos<br />

ter transgredido Sua vonta<strong>de</strong>,<br />

nossa essência, a alma, permanece<br />

Divina e pura.<br />

Iom Kipur é o único dia do ano<br />

em que D-us revela mais claramente<br />

que nossa essência e a Sua são uma<br />

só. Ao nível da alma, o povo ju<strong>de</strong>u é<br />

todo igual e indivisível. Sempre que<br />

se <strong>de</strong>monstra a união essencial, agindo<br />

com amor e amiza<strong>de</strong>, mais será<br />

revelado o amor <strong>de</strong> D-us.<br />

Jejum<br />

Meninas a partir <strong>de</strong> bat-mitsvá,<br />

doze anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, e meninos a partir<br />

<strong>de</strong> bar-mitsvá, treze anos, precisam<br />

jejuar o dia inteiro e cumprir todas<br />

as leis referentes a este dia. Pessoas<br />

doentes <strong>de</strong>vem consultar um rabino<br />

ortodoxo.<br />

Des<strong>de</strong> antes do pôr-do-sol da véspera<br />

até o completo anoitecer do dia<br />

seguinte, é proibido: comer e beber;<br />

lavar-se (ao levantar-se pela manhã, é<br />

permitido lavar apenas os <strong>de</strong>dos e passá-los<br />

nos olhos); passar cremes, óleo<br />

ou maquiagem (no rosto ou no corpo);<br />

calçar sapatos (mesmo que parcialmente)<br />

<strong>de</strong> couro; e ter relações conjugais.<br />

Horário das velas e jejum <strong>de</strong> 5766/2005<br />

Dia 12/10 as velas <strong>de</strong>vem ser acesas<br />

às 18h01.<br />

Começo e término<br />

Iom Kipur inicia-se às 18h01 quando<br />

escurece e o término será dia 13/<br />

10, às 18h56.<br />

Col Nidrê<br />

Significado <strong>de</strong> Iom Kipur<br />

Chegando à sinagoga os homens<br />

vestem o Talit, xale <strong>de</strong> reza, ainda<br />

à luz do dia além da túnica branca<br />

(Kitel). Esta vestimenta simboliza a<br />

pureza sem pecado, pois neste dia<br />

somos comparados a anjos: não comemos,<br />

não bebemos, mas rezamos<br />

o tempo todo, e estamos livres <strong>de</strong><br />

nossos pecados.<br />

O serviço começa com a retirada<br />

dos Rolos da Torá por membros veneráveis<br />

da comunida<strong>de</strong>, que então tomam<br />

um lugar a cada lado do chazan,<br />

cantor. O chazan então lentamente<br />

recita o Col Nidrê três vezes em um<br />

tom solene, e todos repetem.<br />

O serviço da noite segue-se à prece<br />

<strong>de</strong> Col Nidrê, com preces adicionais<br />

especiais que são rezadas apenas na<br />

noite <strong>de</strong> Iom Kipur.<br />

Shacharit<br />

Shacharit, a Prece Matinal é iniciada<br />

cedo. As preces são recitadas lenta<br />

e cuidadosamente lidas do Machzor,<br />

o livro-guia das orações <strong>de</strong> Rosh Hashaná<br />

e Iom Kipur. São retirados dois rolos<br />

da Arca para a leitura da Torá. No<br />

primeiro - é lido o início <strong>de</strong> Acharê<br />

Mot (“após a morte” - dos dois filhos<br />

<strong>de</strong> Aharon, o Sumo Sacerdote).<br />

Diz-se que aquele que sinceramente<br />

<strong>de</strong>rrama lágrimas pela gran<strong>de</strong> perda<br />

dos dois filhos <strong>de</strong> Aharon não sofrerá<br />

tal perda na vida! Esta porção<br />

nos diz do sacrifício e do serviço <strong>de</strong><br />

Iom Kipur feitos pelo Sumo Sacerdote<br />

no Templo Sagrado.<br />

Yizkor<br />

Yizkor (“que Ele se lembre”)<br />

é recitado após a leitura<br />

da Torá, quando seus<br />

familiares mais próximos<br />

falecidos são lembrados<br />

em uma prece<br />

especial. Aqueles cujos<br />

pais estão vivos saem da<br />

sinagoga durante esta<br />

oração. Muitos que recitam<br />

o Yizkor não conseguem<br />

evitar <strong>de</strong> sentir remorso por terem<br />

se afastado do modo <strong>de</strong> vida tradicional<br />

que seus pais e avós levaram;<br />

sabem que seus pais teriam <strong>de</strong>sejado<br />

que fossem mais leais e mais<br />

<strong>de</strong>votados à Torá e à tradição, e resolvem<br />

firmemente agradá-los no futuro,<br />

muito mais que no passado.<br />

Mussaf<br />

Mussaf (prece adicional) é então<br />

recitada, começando com Hineni (“Aqui<br />

estou, um pobre homem <strong>de</strong>stituído <strong>de</strong><br />

boas ações, etc.”) recitado pelo chazan,<br />

cantor. Inclui um recital da maneira<br />

que o Sumo Sacerdote costumava<br />

oficiar no Templo Sagrado em Iom<br />

Kipur, e a confissão especial e expiação<br />

que ele oferecia em nome do povo<br />

<strong>de</strong> Israel. Era uma visão inesquecível<br />

vê-lo em suas túnicas alvas saindo do<br />

Santo dos Santos, on<strong>de</strong> tinha permissão<br />

<strong>de</strong> entrar apenas neste dia do ano.<br />

Minchá<br />

O aspecto mais <strong>de</strong>stacado do serviço<br />

<strong>de</strong> Minchá é a leitura da Torá, e especialmente<br />

<strong>de</strong> Maftir (leitura adicional) quando<br />

o celebrado livro <strong>de</strong> Yoná é recitado,<br />

o qual nos conta o salvamento da cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Níneve através do arrependimento.<br />

D-us está sempre pronto a perdoar se a<br />

pessoa realmente fizer teshuvá, retornar,<br />

sinceramente ao bom caminho.<br />

Neilá<br />

Após Minchá, segue-se o solene<br />

serviço <strong>de</strong> Neilá (Encerramento), o clímax<br />

<strong>de</strong> todas as preces <strong>de</strong> Iom Kipur.<br />

A Arca é mantida aberta durante todo<br />

o <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>sta prece. O serviço <strong>de</strong><br />

Neilá é concluído com as exclamações<br />

do Shemá e Baruch Shem, nossa proclamação<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>stemida lealda<strong>de</strong> e <strong>de</strong>terminação<br />

para morrer por nossa fé<br />

se necessário, como nossos santos<br />

mártires fizeram no passado.<br />

Isto é seguido por aquela famosa<br />

<strong>de</strong>claração da unicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> D-us: “O<br />

Eterno - Ele é o único D-us”, pronunciada<br />

primeiro por nosso profeta<br />

Eliyáhu no Monte Carmel.<br />

O último verso é repetido sete vezes<br />

<strong>de</strong> modo mais ar<strong>de</strong>nte. O Shofar<br />

é então soado num longo toque, e Iom<br />

Kipur é concluído com o voto <strong>de</strong>: “No<br />

próximo ano em Jerusalém!”<br />

O shofar no final <strong>de</strong> Iom Kipur<br />

Ao término do Serviço <strong>de</strong> Iom Kipur,<br />

o shofar é tocado por várias<br />

razões:<br />

É o símbolo da vitória,<br />

como o clarim<br />

das trombetas dos<br />

exércitos vitoriosos<br />

ao voltarem do campo<br />

<strong>de</strong> batalha. O<br />

shofar anuncia a vitória<br />

sobre os nossos<br />

pecados e tentações.<br />

O shofar nos lembra a<br />

Outorga das Segundas Tábuas.<br />

Moshê, Moisés, <strong>de</strong>sceu do Monte Sinai pela<br />

última vez em Iom Kipur, trazendo as Segundas<br />

Tábuas com os Dez Mandamentos,<br />

recebidas com alegria e o som do shofar.<br />

É um sinal <strong>de</strong> partida da Presença<br />

Divina, como está escrito: “D-us ascen<strong>de</strong>u<br />

ao som do shofar”.<br />

É um lembrete do shofar que costumava<br />

ser tocado em Iom Kipur para<br />

anunciar o Ano do Jubileu.<br />

Está escrito que, ao término do<br />

jejum <strong>de</strong> Iom Kipur, uma Voz Celestial<br />

proclama: “Vão e comam o pão com<br />

alegria, pois D-us aceitou suas preces<br />

e os perdoou!” É por isso um Iom Tov<br />

e saudamos uns aos outros com “Bom<br />

Iom Tov”. O toque do shofar serve também<br />

para chamar a atenção sobre a<br />

importância <strong>de</strong>ste Iom Tov.<br />

Arvit e Havdalá<br />

Arvit, a Prece Noturna, e a Havdalá<br />

(cerimônia realizada ao final <strong>de</strong> Shabat<br />

que separa o dia santificado dos dias<br />

comuns da semana), introduzem o breve<br />

intervalo <strong>de</strong> quatro dias até a chegada<br />

<strong>de</strong> Sucot. “Bom Iom Tov” é a saudação<br />

após a prece, e todos se sentem<br />

felizes e confiantes <strong>de</strong> que D-us com<br />

certeza aceitou nossas preces e inscreveu<br />

e selou a todos para um bom ano.<br />

Se a lua po<strong>de</strong> ser avistada, costuma-se<br />

dizer a prece <strong>de</strong> “Kidush Levaná”,<br />

sem pesar por ter <strong>de</strong> prolongar o<br />

jejum por mais alguns minutos.<br />

Após quebrar o jejum, costuma-se<br />

fazer a primeira preparação para a<br />

construção <strong>de</strong> uma sucá, como um sinal<br />

<strong>de</strong> nosso <strong>de</strong>sejo em cumprir mais<br />

uma mitsvá. (www.chabad.org.br).


VISÃO panorâmica<br />

Dia Internacional do Holocausto<br />

A Assembléia Geral da ONU propôs a criação<br />

<strong>de</strong> um dia internacional <strong>de</strong> recordação<br />

do assassinato <strong>de</strong> seis milhões <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us<br />

pelos nazistas no Holocausto. A petição<br />

foi entregue por representantes <strong>de</strong> Israel,<br />

EUA, Canadá, Rússia e Austrália. Os cinco<br />

países solicitaram que o dia escolhido seja<br />

o <strong>de</strong> 27 <strong>de</strong> janeiro, data em que foi libertado<br />

o campo <strong>de</strong> extermínio <strong>de</strong> Auschwitz<br />

pelas forças soviéticas em 1945. Pediram<br />

também que a ONU <strong>de</strong>senvolva programas<br />

<strong>de</strong> educação, com aulas sobre o Holocausto,<br />

para evitar que episódios similares ocorram<br />

no futuro. (B’nai B’rith Internacional).<br />

Rio suspen<strong>de</strong> cartilha <strong>de</strong> Arafat<br />

Osias Wurman, presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração<br />

<strong>Israelita</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro e vice-presi<strong>de</strong>nte<br />

da Conib, informa que entrou em<br />

contato com a governadora do Rio, Rosinha<br />

Garotinho, tão logo foi divulgado no<br />

Diário Oficial do RJ, em 29 <strong>de</strong> agosto, que<br />

a Secretaria <strong>de</strong> Educação estaria iniciando<br />

a distribuição <strong>de</strong> cartilha sobre a vida <strong>de</strong><br />

Yasser Arafat, explicando a inconveniência<br />

da ação e recebeu uma resposta da governadora<br />

observando que ela também não<br />

concorda e não participou da escolha do<br />

livro, que ficou na responsabilida<strong>de</strong> da secretaria.<br />

“Agra<strong>de</strong>ço a preocupação. Todos<br />

nós queremos Shalom”, disse Rosinha. Posteriormente<br />

a FEIRJ recebeu a informação,<br />

diretamente da Secretaria <strong>de</strong> Educação, que<br />

a distribuição fora suspensa. (Conib).<br />

Zubin Mehta leva rapaz para Israel<br />

O talento Adriano Costa Chaves, <strong>de</strong> 17<br />

anos, que toca contrabaixo no projeto<br />

musical comunitário do Instituto Baccarelli<br />

impressionou o maestro Zubin Mehta em<br />

sua passagem pelo Brasil ao ponto <strong>de</strong> lhe<br />

oferecer uma bolsa para a Orquestra Filarmônica<br />

<strong>de</strong> Israel. Morador em Heliópolis,<br />

filho <strong>de</strong> um taxista e uma dona-<strong>de</strong>-casa,<br />

Adriano começou a estudar música clássica<br />

quando o primo <strong>de</strong>sistiu do contrabaixo<br />

e precisou <strong>de</strong> substituto na orquestra Baccarelli.<br />

Ele não vê a hora <strong>de</strong> concluir o ensino<br />

médio (cursa o último ano) para po<strong>de</strong>r<br />

usufruir da oferta do maestro Zubin Mehta,<br />

que veio ao Brasil com a Filarmônica <strong>de</strong><br />

Israel. Na visita à orquestra Baccarelli,<br />

Mehta afirmou: “Meu pai trabalhou anos<br />

com jovens músicos. Sei quando encontro<br />

talentos. Se continuarem assim, estudando<br />

muito, esses jovens po<strong>de</strong>m tocar on<strong>de</strong> quiserem”.<br />

(Agência Estado/Pletz.com).<br />

Bento XVI aplaudido em sinagoga<br />

O papa Bento XVI participou <strong>de</strong> cerimônia<br />

na sinagoga Roonstrasse <strong>de</strong> Colônia, na Alemanha.<br />

É o segundo pontífice a visitar um<br />

templo judaico, após João Paulo II em sua<br />

histórica ida à sinagoga <strong>de</strong> Roma, em 1986.<br />

Nascido na Alemanha, Bento XVI, foi aplaudido<br />

numa das mais antigas comunida<strong>de</strong>s<br />

judaicas do país. E, conclamou ‘ju<strong>de</strong>us e católicos<br />

a que conheçam melhor um ao outro’.<br />

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(com informações das<br />

agências AP, Reuters, A�P,<br />

E�E, jornais Alef na internet,<br />

Jerusalem Post, Haaretz e IG)<br />

Yossi Groisseoign<br />

Para o presi<strong>de</strong>nte do Conselho Central dos<br />

Ju<strong>de</strong>us na Alemanha, Paul Spiegel, este foi<br />

um sinal ‘esperançoso’ <strong>de</strong>monstrando ‘que<br />

estamos verda<strong>de</strong>iramente no caminho <strong>de</strong> um<br />

entendimento entre as religiões’. O papa foi<br />

recebido pelo rabino-chefe Netanel Teitelbaum<br />

e outros li<strong>de</strong>res ju<strong>de</strong>us, visitou o<br />

memorial do Holocausto, e advertiu que ‘por<br />

<strong>de</strong>sgraça’ atualmente estão ressurgindo sinais<br />

<strong>de</strong> anti-semitismo e hostilida<strong>de</strong> generalizada<br />

aos estrangeiros’. Con<strong>de</strong>nou duramente<br />

o nazismo que qualificou <strong>de</strong> ‘<strong>de</strong>mência<br />

i<strong>de</strong>ológica racista’, reiterando seu <strong>de</strong>sejo<br />

<strong>de</strong> melhorar as relações da Igreja Católica<br />

com o povo ju<strong>de</strong>u. (EFE).<br />

Recursos da ONU em propaganda<br />

política palestina<br />

A B’nai B’rith Internacional reclamou a<br />

Kemel Dervis, coor<strong>de</strong>nador do Programa <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento das Nações Unidas –<br />

UNDP, contra o uso <strong>de</strong> recursos do Programa<br />

<strong>de</strong> Assistência ao Povo Palestino (PAPP)<br />

para financiar a propaganda política palestina<br />

incluindo camisetas e a<strong>de</strong>sivos com<br />

o slogan: ‘Hoje Gaza, amanhã a Cisjordânia<br />

e Jerusalém’. (This Week/BBI).<br />

USP prepara Museu da Tolerância<br />

Primeira instituição do gênero na América<br />

Latina, o Museu da Tolerância será construído<br />

na USP, com inauguração prevista<br />

para final <strong>de</strong> 2006. Anita Novinsky, uma<br />

das i<strong>de</strong>alizadoras do projeto LEI — Laboratório<br />

<strong>de</strong> Estudos contra a Intolerância,<br />

relata que o museu terá espaço para exposições,<br />

um acervo do Centro <strong>de</strong> Estudos<br />

-10 mil microfilmes sobre a Inquisição,<br />

entre outros e um auditório. Será um museu-escola<br />

semelhante ao Centro Simon<br />

Wiesenthal, em Los Angeles (EUA), e ao<br />

novo Museu da Tolerância <strong>de</strong> Jerusalém (Israel).<br />

‘O nosso foco é educacional. Queremos<br />

que alunos da re<strong>de</strong> pública e privada<br />

tenham contato com técnicas novas para<br />

museus e sejam conscientes do abuso contra<br />

os direitos humanos. Que aprendam a<br />

não tolerar o intolerável’, enfatiza Anita<br />

Novinsky. O LEI tem como diretora executiva<br />

a professora Maria Luiza Tucci Carneiro.<br />

Museu da Tolerância II<br />

Alguns temas na seção permanente do museu<br />

serão: Inquisição, escravidão, massacre<br />

<strong>de</strong> colonizadores europeus contra indígenas<br />

e o Holocausto. ‘O <strong>de</strong>staque para o Holocausto<br />

vem do seu ineditismo como uma<br />

política <strong>de</strong> Estado que tinha como meta o<br />

completo extermínio <strong>de</strong> um povo’, avalia<br />

Novinsky, e mais, ‘os nazistas não só combatiam<br />

os ju<strong>de</strong>us, como também perseguiram<br />

os homossexuais, os paraplégicos, os ciganos,<br />

os artistas consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong>generados,<br />

entre outros’. A B’nai B’rith do Brasil <strong>de</strong>senvolve<br />

em parceria com o LEI, o ‘Programa<br />

Ju<strong>de</strong>u no Século 21’, que insere Encontros<br />

Temáticos para professores sobre temas como<br />

‘Presença dos ju<strong>de</strong>us na formação do Brasil`<br />

e `Educando para a cidadania e <strong>de</strong>mocracia`.<br />

(Folha <strong>de</strong> S.Paulo/Uol).<br />

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Anti-semitas tumultuam show<br />

VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />

A cantora francesa Shirel, judia <strong>de</strong> 27 anos,<br />

foi agredida verbalmente com vaias, assobios<br />

e gritos <strong>de</strong> ‘morte aos ju<strong>de</strong>us’ durante<br />

um concerto beneficente na estação <strong>de</strong><br />

trem <strong>de</strong> Macon, ao norte <strong>de</strong> Lyon, na França,<br />

enquanto cantava sua versão <strong>de</strong> “Jerusalém”,<br />

uma das músicas <strong>de</strong> seu primeiro<br />

disco. Jovens anti-semitas iniciaram a<br />

manifestação que terminou em um distúrbio<br />

e no encerramento do evento organizado<br />

pela primeira dama francesa Berna<strong>de</strong>tte<br />

Chirac. Segundo Shirel, este foi “um<br />

episódio a mais entre as centenas <strong>de</strong> inci<strong>de</strong>ntes<br />

anti-semitas que ocorrem na França.<br />

Hoje em dia, chamar alguém <strong>de</strong> ‘ju<strong>de</strong>u<br />

imundo’ é parte da linguagem do dia-a-dia<br />

na França. É muito difícil ser judia em meu<br />

país”. (Mídia <strong>Judaica</strong> In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte).<br />

Israel e Paquistão iniciam relações<br />

O ministro das Relações Exteriores <strong>de</strong> Israel,<br />

Silvan Shalom, encontrou-se com seu<br />

colega, o ministro das Relações Exteriores<br />

do Paquistão, Khurshid Kasuri, dia 1º <strong>de</strong><br />

setembro, em Istambul. Foi uma primeira<br />

reunião histórica entre os dois países e<br />

Shalom <strong>de</strong>clarou na ocasião, esperar que<br />

seja o começo <strong>de</strong> um relacionamento benéfico<br />

e mútuo entre o Paquistão e Israel.<br />

'Reuniões como essa' — <strong>de</strong>clarou Shalom<br />

— 'são uma fonte <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> encorajamento<br />

e esperança para o povo israelense', acrescentando<br />

que 'através <strong>de</strong> nossos esforços<br />

somos capazes <strong>de</strong> abrir novos canais <strong>de</strong><br />

diálogo e construir a compreensão entre<br />

nós e todos os povos do mundo, incluindo<br />

as nações muçulmanas'. Continuando, afirmou<br />

que 'tais contatos ajudam a fortalecer<br />

os mo<strong>de</strong>rados do lado palestino, os que<br />

reconhecem que o diálogo e aceitação <strong>de</strong>vem<br />

sempre ser preferidos, ao invés do<br />

ódio, terrorismo e extremismo'. (Embaixada<br />

<strong>de</strong> Israel).<br />

Musharraf com ju<strong>de</strong>us dos EUA<br />

O presi<strong>de</strong>nte do Paquistão, Pervez Musharraf<br />

falará aos ju<strong>de</strong>us dos EUA numa iniciativa<br />

pouco usual para um lí<strong>de</strong>r <strong>de</strong> uma<br />

nação muçulmana. O discurso será em um<br />

jantar em Nova York, organizado pelo<br />

‘Conselho do Judaísmo Mundial’ do Conselho<br />

Judaico Norte-Americano (AJC).<br />

‘Alguém tem que romper o gelo, <strong>de</strong> modo<br />

que muçulmanos, ju<strong>de</strong>us e outras religiões<br />

possam ter um diálogo e por fim às<br />

confrontações entre si’, disse Jack Rosen,<br />

presi<strong>de</strong>nte do AJC. ‘Se ele se dispôs<br />

a fazê-lo, vamos lhe dar espaço para<br />

isso’. Em maio, Rosen acompanhado por<br />

outros dois membros do Conselho se encontraram<br />

com o presi<strong>de</strong>nte Musharraf,<br />

em Islamabad para fazer o convite, que<br />

o lí<strong>de</strong>r muçulmano aceitou. (JTA).<br />

In<strong>de</strong>pendência do Brasil com carnaval<br />

A Embaixada do Brasil em Israel <strong>de</strong>cidiu<br />

romper os padrões diplomáticos mais tradicionais<br />

e celebrar a in<strong>de</strong>pendência brasileira<br />

com um carnaval <strong>de</strong> rua em Tel-Aviv.<br />

O evento incluiu <strong>de</strong>sfile similar ao que acontece<br />

no sambódromo do Rio, com <strong>de</strong>zenas<br />

<strong>de</strong> dançarinos brasileiros <strong>de</strong> folclore e samba,<br />

além <strong>de</strong> capoeiristas. (Jornal Alef)<br />

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Ju<strong>de</strong>us na In<strong>de</strong>pendência<br />

17<br />

O dia 7 <strong>de</strong> Setembro foi marcado pelos<br />

<strong>de</strong>sfiles militares. No Rio <strong>de</strong> Janeiro os excombatentes<br />

da FEB e <strong>de</strong> nações amigas<br />

foram os mais aplaudidos. Entre os veteranos,<br />

ju<strong>de</strong>us e presi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> ex-combatentes como Gerald Goldstein,<br />

dos Estados Unidos; capitão tenente da Marinha<br />

Melquise<strong>de</strong>c Affonso <strong>de</strong> Carvalho, do<br />

Brasil; Akiba Levy, ex-combatente do Exército<br />

da França Livre do general De Gaulle;<br />

e Zygmunt Orlovski, ex-combatente do exército<br />

polonês do general An<strong>de</strong>rs, na Itália<br />

e Inglaterra. Desfilaram também membros<br />

da Associação dos ex-Integrantes do Batalhão<br />

Suez, que serviram na Força <strong>de</strong> Paz<br />

das Nações Unidas, na Faixa <strong>de</strong> Gaza entre<br />

1956 e 1967, os famosos Capacetes Azuis,<br />

que garantiram o armistício entre Israel e<br />

Egito. Ao lado <strong>de</strong>les, oficiais veteranos do<br />

CPOR/RJ, como o 1º tenente R/2 <strong>de</strong> Infantaria,<br />

Israel Zuckerman, e o 2º tenente R/2<br />

<strong>de</strong> Artilharia, Israel Blajberg. (B’nai B’rith).<br />

Gerald Goldstein, Melquise<strong>de</strong>c Affonso <strong>de</strong><br />

Carvalho e Zygmunt Orlovski<br />

Tel Aviv — São Paulo<br />

O primeiro vôo fretado (charter) da companhia<br />

aérea Arkia, <strong>de</strong> Israel, pousou<br />

há duas semanas na capital paulista. A<br />

empresa vai operar no trajeto Tel-Aviv/<br />

Salvador/São Paulo. Com 240 lugares,<br />

o vôo <strong>de</strong>ve aten<strong>de</strong>r principalmente a<br />

crescente <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> evangélicos que<br />

visitam a Terra Santa todos os anos.<br />

Iniciativa da agência israelense Genesis<br />

Tours, o preço estimado das passagens<br />

é <strong>de</strong> US$ 599. (agências).<br />

Ju<strong>de</strong>us chineses casam em Jerusalém<br />

Dois chineses que adotaram os nomes <strong>de</strong><br />

Shlomo e Dina Jin, que afirmaram ser <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes<br />

da comunida<strong>de</strong> judaica que existiu<br />

há 2 mil anos em Kaifeng, China, casaram-se<br />

em Jerusalém. Eles se converteram<br />

<strong>de</strong> acordo com a lei judaica Halachá<br />

(retorno), realizada pelo grão-rabinato <strong>de</strong><br />

Israel. Michael Freund, presi<strong>de</strong>nte da organização<br />

Shavei Israel disse: ‘<strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

200 anos que a comunida<strong>de</strong> judaica <strong>de</strong><br />

Kaifeng <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> existir, dois <strong>de</strong> seus<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes se casam sob a lei judaica.<br />

Esse é o espírito in<strong>de</strong>strutível do povo ju<strong>de</strong>u<br />

e seu <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> regressar às suas raízes’.<br />

A filha dos Jins, que se converteu juntamente<br />

com seus pais, acaba <strong>de</strong> completar<br />

seu serviço voluntário no Hospital Shaarei<br />

Tze<strong>de</strong>k, <strong>de</strong> Jerusalém. Os ju<strong>de</strong>us chegaram<br />

à Kaifeng há mil anos. Em seu apogeu,<br />

sob a dinastia Ming (1368-1644), a<br />

comunida<strong>de</strong> tinha 5 mil membros. Em meados<br />

do século 19, <strong>de</strong>cresceu. Hoje, há cerca<br />

<strong>de</strong> 500 pessoas na cida<strong>de</strong> que a<strong>de</strong>riram<br />

à i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> judaica. (AJN/El Reloj/Jerusalem<br />

Post).


18<br />

VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />

s mo<strong>de</strong>rnos assentamentos israelenses<br />

na Faixa <strong>de</strong> Gaza foram<br />

retomados somente após<br />

a Guerra dos Seis Dias, em<br />

1967 – mas, mesmo com a <strong>de</strong>terminação<br />

da evacuação <strong>de</strong>sses<br />

assentamentos, as raízes judaicas são<br />

mais profundas nessa faixa arenosa<br />

<strong>de</strong> terra on<strong>de</strong> o Egito, Israel e o Mar<br />

Mediterrâneo se encontram.<br />

As opiniões divergem quanto ao<br />

fato <strong>de</strong> estar a Faixa <strong>de</strong> Gaza incluída,<br />

ou não, na chamada Terra <strong>de</strong> Israel,<br />

dominada pelos israelitas ancestrais<br />

da Bíblia.<br />

Uma das sinagogas <strong>de</strong>struídas pelos palestinos em Gaza tinha o<br />

formato da estrela <strong>de</strong> Davi<br />

Gaza é parte da Terra <strong>de</strong> Israel?<br />

Depen<strong>de</strong> <strong>de</strong> quem é perguntado...<br />

Dina Kraft *<br />

Sansão é o único israelita bíblico<br />

célebre por ter colocado os pés<br />

ali. No século XVII, o falso messias<br />

Shabbatai Zevi levou má reputação<br />

à área, ao iniciar seu movimento<br />

naquela costa litorânea.<br />

Após um acirrado <strong>de</strong>bate, o Knesset<br />

votou, ano passado, pelo <strong>de</strong>sengajamento<br />

unilateral da Faixa <strong>de</strong> Gaza<br />

e pela evacuação <strong>de</strong> aproximadamente<br />

9.000 colonos ju<strong>de</strong>us que viviam<br />

ali em assentamentos estilo “suburbano”,<br />

on<strong>de</strong> vastas plantações e parques<br />

<strong>de</strong> diversão eram protegidos por<br />

cercas <strong>de</strong> arame e postos militares.<br />

A população assentada é cercada<br />

pelo 1,3 milhão <strong>de</strong> palestinos que<br />

vivem na região <strong>de</strong>nsamente povoada,<br />

<strong>de</strong> 25 milhas <strong>de</strong> comprimento<br />

(pouco mais <strong>de</strong> 40 quilômetros) por<br />

apenas 6 milhas <strong>de</strong> largura (pouco<br />

menos <strong>de</strong> 10 quilômetros).<br />

Nos tempos bíblicos, Gaza fazia<br />

parte da Terra Prometida por D-us aos<br />

ju<strong>de</strong>us – mas nunca foi parte da terra<br />

efetivamente conquistada e habitada<br />

por eles, segundo Nili Wazana,<br />

uma conferencista sobre Estudos Bíblicos<br />

e História do Povo Ju<strong>de</strong>u da<br />

Universida<strong>de</strong> Hebraica.<br />

Wazana, que atualmente escreve<br />

um livro sobre as fronteiras bíblicas<br />

da Terra <strong>de</strong> Israel, diz que as referências<br />

à Faixa <strong>de</strong> Gaza são contraditórias<br />

na Bíblia. Uma passagem em Juízes<br />

– freqüentemente citada pelos<br />

colonos ju<strong>de</strong>us e seus <strong>de</strong>fensores –<br />

diz que a tribo <strong>de</strong> Judá assumiu o<br />

controle da região. Mas outras estórias<br />

bíblicas contradizem tal afirmação<br />

– o que é inclusive comum ocorrer<br />

na Bíblia, segundo ela.<br />

“Sobre quase tudo, você vai encontrar<br />

[na Bíblia] uma certa opinião<br />

e também uma opinião oposta.<br />

Não se trata <strong>de</strong> um texto homogêneo.<br />

Ela não foi toda escrita ao<br />

mesmo tempo e ali aparecem i<strong>de</strong>ologias<br />

contraditórias”, afirma Wazana.<br />

“A questão <strong>de</strong> Gaza é um dos<br />

pontos sobre os quais encontramse<br />

diferentes opiniões.”<br />

A maioria dos israelenses não vê<br />

razões históricas ou estratégicas para<br />

permanecer em Gaza. Mas para Yigal<br />

Kamietsky, o rabino <strong>de</strong> Gush Katif, o<br />

principal bloco <strong>de</strong> assentamentos da<br />

região, a Faixa <strong>de</strong> Gaza é parte integrante<br />

da Israel bíblica.<br />

“Gaza é parte da Terra <strong>de</strong> Israel,<br />

tanto quanto Tel Aviv e Bnei Brak”,<br />

ele afirma. “Não há dúvida <strong>de</strong> que<br />

seja parte <strong>de</strong> nossas fronteiras.” O<br />

rabino afirma não apenas que assentar-se<br />

ali era uma mitzvá, mas também<br />

que “se não estivéssemos lá, não<br />

estou certo <strong>de</strong> que o Estado <strong>de</strong> Israel<br />

ainda existiria.”<br />

Kamietsky diz que os ju<strong>de</strong>us dos<br />

assentamentos <strong>de</strong> Gaza atuavam como<br />

um “pára-raio” para aqueles ju<strong>de</strong>us<br />

que vivem <strong>de</strong>ntro das fronteiras pré-<br />

1967 <strong>de</strong> Israel. De fato, alguns oficiais<br />

israelenses temem que, uma vez<br />

que as tropas e os colonos tenham<br />

saído da área, os terroristas palestinos<br />

venham a concentrar-se na fabricação<br />

<strong>de</strong> foguetes que possam atingir<br />

a cida<strong>de</strong> israelense <strong>de</strong> Ashkelon,<br />

ao norte da Faixa <strong>de</strong> Gaza.<br />

Kamietsky ressalta que, historicamente,<br />

Gaza se viu inúmeras vezes<br />

como área <strong>de</strong> disputa <strong>de</strong> guerras.<br />

“Historicamente, Gaza sempre foi<br />

mais problemática”, diz o rabino,<br />

referindo-se aos lendários inimigos<br />

dos israelitas, os navegadores filisteus,<br />

que controlavam a região nos<br />

tempos bíblicos.<br />

O único período em que os ju<strong>de</strong>us<br />

parecem ter tido a soberania<br />

sobre Gaza foi durante o governo dos<br />

hasmoneus, quando o rei ju<strong>de</strong>u Yochanan<br />

– <strong>de</strong> quem Judá, o Macabeu,<br />

era irmão – dominou a área, no ano<br />

145 da Era Comum.<br />

Haggai Huberman – que tem dissertado<br />

longamente sobre a história<br />

da colonização judaica em Gaza através<br />

dos séculos, e atualmente vem<br />

escrevendo a história dos ju<strong>de</strong>us em<br />

Gush Katif – sustenta que os ju<strong>de</strong>us<br />

que ali viveram sempre se consi<strong>de</strong>raram<br />

moradores da Terra <strong>de</strong> Israel.<br />

Ele afirma que os ju<strong>de</strong>us vêem<br />

vivendo e saindo <strong>de</strong> Gaza <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

época do governo romano, sendo que<br />

a colonização segue um padrão <strong>de</strong><br />

expulsão, durante os tempos <strong>de</strong> guerra<br />

e conquista, e <strong>de</strong> retorno, durante<br />

períodos mais pacíficos. As ruínas <strong>de</strong><br />

uma antiga sinagoga encontrada em<br />

Gaza datam aproximadamente do ano<br />

508 da Era Comum. Seu piso em mosaico,<br />

escavado por arqueólogos, encontra-se<br />

hoje exposto no Museu <strong>de</strong><br />

Israel, em Jerusalém.<br />

Conta-se que uma gran<strong>de</strong> comunida<strong>de</strong><br />

judaica teria vivido na região<br />

quando os muçulmanos a invadiram<br />

no século VII. Os ju<strong>de</strong>us eram<br />

conhecidos por sua ativida<strong>de</strong> agricultora<br />

e pela produção <strong>de</strong> vinho em<br />

seus vastos vinhedos.<br />

Depois da Inquisição espanhola,<br />

em 1492, alguns ju<strong>de</strong>us espanhóis e<br />

portugueses fugiram para Gaza. Eles<br />

abandonaram a região quando ela foi<br />

invadida pelo exército <strong>de</strong> Napoleão,<br />

mas retornaram mais tar<strong>de</strong>, no começo<br />

dos anos 1800.<br />

Quando a primeira onda <strong>de</strong> colonos<br />

sionistas chegou à região, no<br />

final do século XIX, um grupo <strong>de</strong> 50<br />

famílias mudou-se para a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Gaza. De acordo com Huberman, eles<br />

estabeleceram relações amistosas<br />

com os árabes locais.<br />

Esses colonos ali ficaram até que<br />

foram expulsos em 1914 – junto com<br />

toda a população árabe <strong>de</strong> Gaza –<br />

pelos turcos otomanos, durante a<br />

Primeira Guerra Mundial. Os ju<strong>de</strong>us<br />

retornaram em 1920. Mas as tensões<br />

* Dina Kraft é repórter e correspon<strong>de</strong>nte da JTA (Jewish Telegraph Agency) em Israel. Baseada em Tel Aviv, ela cobre uma<br />

extensa gama <strong>de</strong> assuntos por trás das manchetes, incluindo temas <strong>de</strong> Israel e Diáspora e tendências econômicas e sociais.<br />

Antes da JTA ela trabalhou Associated Press durante mais <strong>de</strong> seis anos, primeiro no escritório <strong>de</strong> Jerusalém e <strong>de</strong>pois no <strong>de</strong><br />

Johanesburgo, cobrindo a África do Sul. Ela já fez reportagens não só através da África como também do Paquistão, da Turquia<br />

e da Jordânia. Artigo publicado em www.jta.org – dia 3.8.2005. Tradução: Gisella Gonçalves.<br />

começaram a se intensificar com o<br />

nascimento dos nacionalismos árabe<br />

e ju<strong>de</strong>u, e as relações com os árabes<br />

locais começaram a se <strong>de</strong>teriorar,<br />

afirma Huberman.<br />

A maior presença judaica em Gaza<br />

às vésperas da Guerra <strong>de</strong> In<strong>de</strong>pendência<br />

<strong>de</strong> Israel, em 1948, estava em um<br />

kibbutz chamado Kfar Darom, criado<br />

em 1946. Ele foi evacuado durante a<br />

guerra e foi um dos primeiros locais a<br />

serem recolonizados pelos ju<strong>de</strong>us <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> 1967. Inicialmente habitado<br />

por soldados israelenses da brigada<br />

Nahal, pouco tempo <strong>de</strong>pois Kfar Darom<br />

expandiu-se e tornou-se um dos<br />

vários assentamentos civis estabelecidos<br />

nos anos 1970, quando o movimento<br />

colonizador ganhou força.<br />

Qualquer tentativa <strong>de</strong> menosprezar<br />

as raízes judaicas na Faixa <strong>de</strong> Gaza “é<br />

parte <strong>de</strong> uma tentativa <strong>de</strong> se divulgar<br />

a <strong>de</strong>sinformação”, afirma Eran Steinberg,<br />

um porta-voz dos assentamentos<br />

<strong>de</strong> Gush Katif.<br />

Por sua vez, Wazana afirma que<br />

os atuais disputas territoriais são<br />

semelhantes àquelas encontradas na<br />

Bíblia. “Descrições <strong>de</strong> fronteiras refletiam<br />

diferentes i<strong>de</strong>ologias até<br />

mesmo naquela época”, segundo ela.<br />

“As pessoas colocavam palavras na<br />

boca <strong>de</strong> D-us mesmo nos tempos bíblicos.<br />

Se você tem uma i<strong>de</strong>ologia,<br />

certamente encontrará as palavras<br />

certas para apoiá-la.”<br />

Aqueles que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m que Gaza<br />

não faz parte da bíblica Terra <strong>de</strong><br />

Israel alegam o fato <strong>de</strong> que os ju<strong>de</strong>us<br />

ortodoxos têm permissão <strong>de</strong><br />

consumir os produtos agrícolas cultivados<br />

na Faixa <strong>de</strong> Gaza durante o<br />

shmit – o sétimo ano (ou ano sabático),<br />

quando frutas e vegetais não<br />

po<strong>de</strong>m ser cultivados na Terra <strong>de</strong> Israel,<br />

<strong>de</strong> acordo com a lei judaica.<br />

Mas Kamietsky diz que é permitido<br />

o consumo <strong>de</strong> produtos da Faixa<br />

<strong>de</strong> Gaza durante esse período porque,<br />

ainda que ela seja tão “sagrada”<br />

quanto o resto da Terra <strong>de</strong> Israel, ela<br />

não era uma região colonizada durante<br />

o período do Segundo Templo,<br />

quando os ju<strong>de</strong>us retornaram <strong>de</strong> seu<br />

exílio na Babilônia.


Hoje terminou mais um capítulo do<br />

longo e complexo conflito entre Israel<br />

e os palestinos, representados, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

os Acordos <strong>de</strong> Oslo, pela Autorida<strong>de</strong> Palestina.<br />

Todos nós fomos testemunhas,<br />

e a televisão nos fez até partícipes, da<br />

dolorosa evacuação <strong>de</strong> homens, mulheres<br />

e crianças, jovens e velhos, religiosos<br />

na sua maioria, mas também laicos,<br />

<strong>de</strong> seus lares. Em artigo anterior<br />

expressei a minha opinião sobre a evacuação<br />

e o perigo para a <strong>de</strong>mocracia<br />

se esta resolução das instituições eleitas<br />

em escrutínio popular <strong>de</strong>mocrático<br />

não fosse cumprida. Hoje, po<strong>de</strong>mos nos<br />

regozijar com a vitória da única <strong>de</strong>mocracia<br />

existente na região, que uma vez<br />

mais <strong>de</strong>monstrou a sua força e sua <strong>de</strong>terminação.<br />

O regozijo, entretanto, não<br />

po<strong>de</strong> ofuscar o sofrimento, a dor, a frustração<br />

e a tragédia, individual, familiar<br />

e coletiva, que essa população passou.<br />

Às vezes tivemos a impressão <strong>de</strong><br />

estarmos beirando uma guerra civil ou<br />

outros atos <strong>de</strong>svairados <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong><br />

e <strong>de</strong> indivíduos frustrados, à<br />

beira do <strong>de</strong>sespero. Evacuadores e evacuados<br />

tiveram <strong>de</strong> engolir sapos, cerrar<br />

<strong>de</strong>ntes, mor<strong>de</strong>r línguas, tapar os<br />

ouvidos, enxugar os olhos, <strong>de</strong>sfazer nós<br />

das gargantas e seguir adiante. A<br />

consciência <strong>de</strong> que a imposição tinha<br />

<strong>de</strong> ser cumprida, e <strong>de</strong> que ela era inevitável,<br />

fez com que todos se contivessem,<br />

e mesmo o punhado <strong>de</strong> incitadores<br />

preparados e infiltrados, não<br />

encontraram a repercussão esperada,<br />

e tiveram <strong>de</strong> se contentar com atos <strong>de</strong><br />

insurreição simbólicos.<br />

Após a dolorosa evacuação dos vivos,<br />

a não menos triste evacuação dos<br />

mortos, o traslado dos restos mortais<br />

daqueles que tinham encontrado naquelas<br />

terras o seu <strong>de</strong>scanso eterno.<br />

A dor das famílias, companheiros e<br />

amigos, que tiveram que enterrar pela<br />

segunda vez seus entes queridos<br />

como dilacerar uma ferida que mal conseguiu<br />

cicatrizar.<br />

E a implacável transformação <strong>de</strong> florescentes<br />

al<strong>de</strong>ias em montes <strong>de</strong> ruínas e<br />

escombros. Sonhos que se transformaram<br />

em brumas, i<strong>de</strong>ais em areia, realida<strong>de</strong><br />

em lembranças. E, por fim, a difícil<br />

<strong>de</strong>cisão sobre a sorte das sinagogas.<br />

Destruí-las pelas próprias mãos ou <strong>de</strong>ixá-las<br />

à mercê <strong>de</strong> vândalos que somente<br />

reconhecem a sua própria “santida<strong>de</strong>”<br />

(que está acima da própria encarnação<br />

da santida<strong>de</strong>, que é a vida), sendo a<br />

dos outros <strong>de</strong>sprezível e <strong>de</strong>strutível.<br />

Uma cerimônia simples, algumas<br />

palavras sentidas e esperançosas, o<br />

baixar e dobrar da ban<strong>de</strong>ira azul e<br />

branca, e o cantar do hino nacional<br />

(Hatikva) pôs fim a este difícil e doído<br />

capítulo. Na Faixa <strong>de</strong> Gaza, o sol <strong>de</strong> ama-<br />

E agora?<br />

Markin Tu<strong>de</strong>r*<br />

nhã iluminará somente as cabeças dos<br />

moradores palestinos.<br />

E agora?<br />

Como numa partida <strong>de</strong> xadrês, o próximo<br />

lance é do outro contendor, e este<br />

lance <strong>de</strong>terminará o <strong>de</strong>senrolar da partida.<br />

Diferente <strong>de</strong> uma partida comum<br />

<strong>de</strong> xadrês, nesta há um xeque permanente,<br />

on<strong>de</strong> o Rei é a Paz. Um <strong>de</strong>scuido<br />

<strong>de</strong> uma das partes (como suce<strong>de</strong>u<br />

várias vezes no passado), um lance mal<br />

pensado, colocará a Paz em xeque-mate,<br />

e o jogo estará perdido. Perdido, para<br />

ambos os lados, pois nesta contenda<br />

não há vencedor e vencido. Ou ambos<br />

ganham, ou ambos per<strong>de</strong>m. Esta sutil<br />

diferença entre os dois tipos <strong>de</strong> jogo<br />

começa a tornar-se cada vez mais clara,<br />

e os contendores estão tomando<br />

consciência <strong>de</strong>la. Após o quase heróico<br />

lance do Sharon, que po<strong>de</strong> vir a<br />

custar-lhe a própria posição e carreira,<br />

Abu Mazen, presi<strong>de</strong>nte da Autorida<strong>de</strong><br />

Palestina, não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>cepcionar. Todos<br />

os olhos no mundo estão voltados<br />

para ele. É a sua oportunida<strong>de</strong> (talvez<br />

a <strong>de</strong>cisiva, a última) <strong>de</strong> impor a sua<br />

autorida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar quem dá as<br />

or<strong>de</strong>ns. É a sua vez <strong>de</strong> <strong>de</strong>sarmar todos<br />

os grupos militares ou para-militares<br />

(terroristas) e criar um exército unificado<br />

e uma polícia única que obe<strong>de</strong>çam<br />

as or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> um único comando.<br />

Esse comando militar tem que estar sujeito<br />

às resoluções do po<strong>de</strong>r civil, representante<br />

da maioria obtida em eleições<br />

gerais livres, ou seja, subordinado<br />

à Autorida<strong>de</strong> Palestina e a seu Presi<strong>de</strong>nte.<br />

Agora não há a quem culpar,<br />

omitindo-se <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>s.<br />

Adotar uma política <strong>de</strong> reconhecimento<br />

mútuo dos dois povos, e <strong>de</strong> resolução<br />

das divergências e dos problemas<br />

em mesas <strong>de</strong> discussões, e não através<br />

<strong>de</strong> ameaças e <strong>de</strong> bombas. Resolver<br />

em conjunto os problemas <strong>de</strong> água, <strong>de</strong><br />

energia, <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento regional,<br />

<strong>de</strong> trabalho e emprego, <strong>de</strong> meio<br />

ambiente e <strong>de</strong> reservas naturais, <strong>de</strong> comércio<br />

bi-lateral e internacional, e então,<br />

<strong>de</strong> fronteiras concordadas e internacionalmente<br />

reconhecidas, a estruturação<br />

da confiança mútua entre<br />

os povos, finalizando a campanha <strong>de</strong><br />

diabolização dos ju<strong>de</strong>us, estabelecimento<br />

<strong>de</strong> relações culturais e <strong>de</strong> turismo,<br />

educando a nova geração para o<br />

convívio e a tolerância, e não para o<br />

ódio e a rejeição. Então, estará aberto<br />

o caminho para a paz, para a coexistência<br />

entre os dois povos, o palestino<br />

em seu Estado palestino, os ju<strong>de</strong>us<br />

em seu Estado <strong>de</strong> Israel.<br />

A alternativa é a continuação da<br />

miséria do povo palestino e do sofrimento<br />

da população <strong>de</strong> Israel. O relógio<br />

está batendo. A jogada é sua.<br />

VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />

Israel sem Gaza<br />

A evacuação dos estabelecimentos judaicos<br />

na Faixa <strong>de</strong> Gaza e Norte da Samaria terminou,<br />

e torna-se necessário fazer algumas<br />

reflexões a fato cumprido.<br />

Antes <strong>de</strong> mais nada, há que assinalar com<br />

alívio que a operação foi levada a cabo sem<br />

violência e sem vítimas, e os fatos noticiados<br />

<strong>de</strong> oposição mais ferrenha e protesto ruidoso<br />

visavam ao que parece mais a sensação jornalística<br />

do que qualquer tentativa <strong>de</strong> mudar o<br />

andamento das coisas.<br />

Neste aspecto, há que dizer palavras <strong>de</strong><br />

louvor aos soldados e policiais (acorridos ao<br />

local totalmente <strong>de</strong>sarmados, mas em quantida<strong>de</strong><br />

numérica consi<strong>de</strong>rável – o que eliminava<br />

qualquer ilusão <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sfecho diferente do<br />

que se <strong>de</strong>u). E não é <strong>de</strong>mais constatar que<br />

mais uma vez, e a <strong>de</strong>speito do cinismo internacional,<br />

Israel <strong>de</strong>u uma lição <strong>de</strong> civilida<strong>de</strong> e<br />

maturida<strong>de</strong>, que muito raros são os países que<br />

a teriam imitado em hipotéticas semelhantes<br />

circunstâncias. O comportamento das forças foi<br />

exemplarmente tolerante e comedido, reagindo<br />

às ofensas verbais e físicas com calma e<br />

silêncio, e ignorando com paciência e compreensão<br />

o comportamento dos opositores.<br />

Estes se classificavam em duas categorias:<br />

os verda<strong>de</strong>iros moradores dos assentamentos,<br />

e os ativistas radicais acorridos “em reforço”.<br />

Os primeiros, em verda<strong>de</strong>, assimilaram em sua<br />

maioria, já antes da execução concreta, a irreversibilida<strong>de</strong><br />

da <strong>de</strong>cisão. E se conformaram com<br />

amargura mas com senso <strong>de</strong> realida<strong>de</strong> à mudança.<br />

Os segundos eram em geral jovens <strong>de</strong><br />

idéias extremistas, que penetraram mais ou<br />

menos clan<strong>de</strong>stinamente nos assentamentos<br />

dias antes da evacuação, com a meta específica<br />

<strong>de</strong> atrapalhar a ação dos militares e criar<br />

uma atmosfera <strong>de</strong> violência que pu<strong>de</strong>sse ter<br />

largo eco na mídia.<br />

Outro fenômeno que merece ser observado<br />

e analisado é o da atuação das li<strong>de</strong>ranças do<br />

movimento anti-evacuação. Em primeiro lugar<br />

os rabinos, donos <strong>de</strong> vasta influência junto à<br />

população visada, e mais ainda junto aos jovens<br />

ativistas e junto aos dirigentes políticos.<br />

Ficou claro o absoluto fracasso e a absoluta<br />

inconsequência dos pronunciamentos categóricos<br />

apoiados em suposta interpretação bíblica.<br />

Não é este o lugar apropriado para fazer<br />

consi<strong>de</strong>rações mais amplas sobre os próprios<br />

conceitos da verda<strong>de</strong> messiânica – que para<br />

uns são fé indiscutível, ao passo que para outros<br />

são nada mais do que obsoletas e anacrônicas<br />

ilusões. O que, sim, <strong>de</strong>ve ser dito é que<br />

estes rabinos extremistas (<strong>de</strong>ntre os quais se<br />

contam não poucos mantidos pelos cofres públicos)<br />

traíram a imagem infalível e vestida <strong>de</strong><br />

uma aura ética “a toda prova” com que se<br />

apresentavam a seu rebanho.<br />

Igualmente, fracasso é o que recolheu a<br />

li<strong>de</strong>rança política. Incitada talvez pelos mesmos<br />

pronunciamentos rabínicos, ela conduziu<br />

seu público na cegueira a uma crença irreal<br />

alimentada até ao último na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

mudar o fluxo dos acontecimentos.<br />

Com isto, sobre ela (e só sobre ela) recai a<br />

19<br />

Vittorio Corinaldi*<br />

responsabilida<strong>de</strong> pelo estado <strong>de</strong> provisorieda<strong>de</strong><br />

em que se viram jogados muitos dos<br />

habitantes evacuados, incitados pela dirigência<br />

a não recorrer aos auxílios generosos que<br />

se ofereceram já há meses, e que teríam<br />

seguramente diminuído o sofrimento material,<br />

mesmo que não a frustração espiritual<br />

do <strong>de</strong>staque.<br />

Não tem cabimento a imagem que se procura<br />

criar, <strong>de</strong> pobres refugiados <strong>de</strong>ixados à intempérie:<br />

na verda<strong>de</strong> trata-se <strong>de</strong> pessoas que<br />

tiveram sim que abandonar bens e proprieda<strong>de</strong>s<br />

(angariados não só, mas também graças a<br />

benefícios e incentivos <strong>de</strong> que gozaram por<br />

longos anos), mas que serão condignamente<br />

in<strong>de</strong>nizadas e apoiadas em seu caminho <strong>de</strong><br />

reestabelecimento, numa medida <strong>de</strong> que nenhum<br />

outro grupo social no país gozou até hoje.<br />

Igualmente sobre os ombros dos rabinos e<br />

dos políticos do “Sionismo Religioso” está a<br />

responsabilida<strong>de</strong> pelo uso revoltante e obceno<br />

que se fez dos símbolos e da memória do Holocausto,<br />

num absurdo e malvado paralelo com<br />

a mais trágica página da história judaica, e<br />

numa in<strong>de</strong>cente comparação entre os algozes<br />

nazistas e os soldados israelenses em cumprimento<br />

pacífico da missão <strong>de</strong>mocraticamente a<br />

eles imposta.<br />

Também revoltante é o apelo aos soldados<br />

<strong>de</strong> não acatarem as or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> seus comandantes<br />

no que tocasse a evacuação: apelo que<br />

se <strong>de</strong>monstrou estéril, pois o número <strong>de</strong> renitentes<br />

entre as tropas foi irrisório.<br />

Finalmente, não se po<strong>de</strong> ignorar o comportamento<br />

ambíguo <strong>de</strong> uma parte dos ministros<br />

do governo e dos <strong>de</strong>putados da Knesset: sem a<br />

coragem <strong>de</strong> levar suas convicções i<strong>de</strong>ológicas<br />

até à conseqüência da <strong>de</strong>missão, eles se entrincheiram<br />

num jogo <strong>de</strong> palavras e interpretações<br />

que lhes conservem a ca<strong>de</strong>ira oficial e ao<br />

mesmo tempo os possam apresentar como opositores<br />

quando o momento político favorecer um<br />

pretenso antagonismo às <strong>de</strong>cisões encabeçadas<br />

por Sharon: coisa que po<strong>de</strong>rá se dar proximamente<br />

com um eventual adiantamento das eleições,<br />

se o Comitê Central do Likud (órgão populista<br />

<strong>de</strong> escassa compreensão dos verda<strong>de</strong>iros<br />

interesses a longo prazo do país) tomar <strong>de</strong>cisões<br />

contrárias à linha <strong>de</strong> Sharon.<br />

As consi<strong>de</strong>rações acima contradizem certamente<br />

as opiniões <strong>de</strong> uma parte do público<br />

judaico da Golá e <strong>de</strong> Israel. Mas a natureza da<br />

questão, os longos anos <strong>de</strong> conflito e os incontáveis<br />

sacrifícios que ele custou para ambos<br />

os lados, não permitem mais uma visão<br />

dogmática (seja ela <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ologia política ou <strong>de</strong><br />

concepção religiosa) do problema. E também<br />

não se justificam posições <strong>de</strong> interesse eleitoral<br />

ou prestígio pessoal estreito.<br />

Sharon, na ru<strong>de</strong> esquematicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua<br />

li<strong>de</strong>rança, <strong>de</strong>monstrou estar acima <strong>de</strong>stas coisas,<br />

e levou adiante um processo penoso mas<br />

inevitável. É preciso que este não se interrompa,<br />

e que bom senso e realismo (e não fanatismo<br />

ou sonho impossível) orientem os lí<strong>de</strong>res<br />

da Israel diferente que surgiu <strong>de</strong>pois da<br />

recente retirada. Se à sua frente continuar<br />

Sharon, o futuro o dirá.<br />

* Markin Tu<strong>de</strong>r é tradutor e vive em Tel Aviv, Israel *Vittorio Corinaldi é arquiteto e resi<strong>de</strong> em Tel Aviv, Israel.


20<br />

VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />

m período alegre é iniciado com<br />

a festa <strong>de</strong> Sucot, compensando<br />

o solene período <strong>de</strong> Rosh Hashaná<br />

e Iom Kipur.<br />

Há mitsvot nas quais utilizamos<br />

apenas algumas partes <strong>de</strong> nosso<br />

corpo, por exemplo: a mitsvá <strong>de</strong> tefilin,<br />

os filactérios, que envolvem o braço<br />

e a cabeça; tefilá, prece, envolve a<br />

mente e o coração e assim por diante.<br />

Em Sucot, temos uma mitsvá (preceito)<br />

singular, que é a construção <strong>de</strong> uma<br />

sucá; a única mitsvá que literalmente<br />

envolve a pessoa <strong>de</strong> corpo inteiro, com<br />

suas vestes materiais.<br />

A sucá nos lembra das Nuvens <strong>de</strong><br />

Glória que ro<strong>de</strong>aram nosso povo durante<br />

suas peregrinações pelo <strong>de</strong>serto a<br />

caminho da Terra Prometida. Todos então<br />

viram a especial proteção Divina,<br />

que D-us lhes conce<strong>de</strong>u durante aqueles<br />

anos difíceis. Mas embora as Nuvens<br />

<strong>de</strong> Glória <strong>de</strong>saparecessem no quadragésimo<br />

ano, na véspera da entrada<br />

na Terra <strong>de</strong> Israel, nunca cessamos <strong>de</strong><br />

acreditar que D-us nos dá Sua proteção,<br />

e esta é a razão <strong>de</strong> termos sobrevivido<br />

a todos nossos inimigos em todas<br />

as gerações.<br />

A sucá<br />

Para que o ju<strong>de</strong>u não se esqueça <strong>de</strong><br />

seu verda<strong>de</strong>iro propósito na vida, D-us,<br />

Sucot<br />

Acendimento das velas em <strong>Curitiba</strong>: 17/10 às 18h01 e 18/10 às 18h59<br />

em Sua infinita sabedoria e bonda<strong>de</strong>,<br />

nos faz <strong>de</strong>ixar nossas casas confortáveis<br />

nesta época, para habitar numa<br />

frágil sucá, cabana, por sete dias.<br />

A sucá nos lembra que confiamos<br />

em D-us para nossa proteção, pois a<br />

sucá não é nenhuma fortaleza, nem ao<br />

menos fornecendo um telhado sólido<br />

sobre nossa cabeça. Lembra-nos<br />

também <strong>de</strong> que<br />

a vida nesta terra é apenas<br />

temporária.<br />

As refeições na<br />

sucá<br />

Durante a festa <strong>de</strong> Sucot,<br />

os homens <strong>de</strong>vem comer<br />

diariamente numa<br />

sucá (cabana) especialmente<br />

construída para este fim. Nestes<br />

sete dias, não é permitido comer<br />

fora da sucá qualquer refeição que contenha<br />

pão ou massa. Há aqueles que<br />

não costumam beber nem ao menos um<br />

copo <strong>de</strong> água fora da sucá.<br />

Nos primeiros dois dias e noites da<br />

festa, o kidush, prece sobre o vinho,<br />

antece<strong>de</strong> a refeição. Nas duas primeiras<br />

noites, é obrigatório comer na sucá<br />

ao menos uma fatia <strong>de</strong> pão (além do<br />

kidush), mesmo que esteja chovendo.<br />

Nos outros dias, se chover, é permitido<br />

fazer as refeições <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa.<br />

Confiança em D-us<br />

Refletir sobre a sucá nos dá uma ampla<br />

visão do significado <strong>de</strong> fé em D-us e da<br />

extensão <strong>de</strong> Sua Divina Providência.<br />

Vamos para a sucá durante a Festa da<br />

Colheita <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> haver colhido o fruto<br />

dos campos.<br />

Se uma pessoa recebeu a bênção<br />

Divina e sua terra<br />

produziu com fartura,<br />

seus estoques e<br />

a<strong>de</strong>gas estão repletos,<br />

alegria e confiança<br />

preenchem seu espírito -<br />

aí a Torá a leva a abandonar<br />

a casa e residir<br />

em uma frágil sucá, para<br />

ensiná-la que nem riquezas,<br />

nem posses,<br />

nem terras são proteções na vida; somente<br />

D-us é que sustenta mesmo os<br />

que habitam em tendas e cabanas, e<br />

oferece uma proteção <strong>de</strong> confiança.<br />

E se alguém está empobrecido e seu<br />

trabalho não conheceu a bênção Divina;<br />

se a terra não <strong>de</strong>u o seu produto,<br />

se o fruto da árvore não foi armazenado<br />

em celeiros e se está incerto e temeroso<br />

ao encarar o perigo da fome<br />

nos dias <strong>de</strong> inverno que se aproximam,<br />

também encontrará repouso para seu<br />

espírito na sucá.<br />

Lembrará como D-us hospedou-nos<br />

em Sucot no <strong>de</strong>serto; nos sustentou<br />

e nos abasteceu, não nos <strong>de</strong>ixando<br />

faltar nada.<br />

A sucá o ensinará que a Divina Providência<br />

é segurança melhor do que<br />

qualquer bem material, pois não<br />

abandona os que verda<strong>de</strong>iramente crêem<br />

em D-us. A sucá o ensinará a ser<br />

forte e corajoso, feliz e tranqüilo,<br />

mesmo na aflição e na dificulda<strong>de</strong>.<br />

(www.chabad.org.br).


TURISMO<br />

Antônio Carlos Coelho *<br />

As festas <strong>de</strong> Rosh Hashaná e Iom<br />

Kipur fazem o número <strong>de</strong> visitantes<br />

aumentar significativamente em Israel.<br />

Muitos vão a Israel nessas ocasiões<br />

para passar com familiares essas<br />

importantes datas da vida judaica.<br />

O valor espiritual <strong>de</strong>ssas festas,<br />

por si só, já é suficientemente forte,<br />

mas em Israel, esse valor é potencializado.<br />

Po<strong>de</strong> parecer estranho afirmar<br />

que uma festa <strong>de</strong> caráter exclusivamente<br />

religioso tenha seu valor e significado<br />

potencializados pelo fato<br />

<strong>de</strong> se está num lugar específico. Afinal,<br />

o judaísmo, por contingências<br />

óbvias, tornou-se uma religião <strong>de</strong> caráter<br />

universal permitindo seu povo<br />

manter a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e unida<strong>de</strong> mesmo<br />

longe da pátria por tantos séculos.<br />

O ju<strong>de</strong>u precisa estar em sua terra<br />

para festejar suas datas e manter<br />

sua unida<strong>de</strong>? Não. A história nos dá<br />

provas disto. O judaísmo – religião –<br />

tradição – cultura – manteve-se intacto<br />

na sua pátria ou longe <strong>de</strong>la.<br />

Mesmo estando exilado, as orações,<br />

as festas, a literatura, mantiveram a<br />

alma judaica intimamente ligada a<br />

Israel por 20 séculos.<br />

Jerusalém<br />

Celebrar Rosh Hashaná e Iom Kipur<br />

em Israel, festas <strong>de</strong> caráter unicamente<br />

religioso, ganha uma dimensão<br />

especial. O sentido espiritual <strong>de</strong>ssas<br />

festas torna-se completo e isto<br />

ocorre porque se somam elementos<br />

fundamentais do judaísmo: o encontro<br />

com o Criador, o encontro com<br />

familiares e com a gran<strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>,<br />

reforçando assim, o sentido <strong>de</strong><br />

união e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, e, por fim, estar<br />

na Terra <strong>de</strong> Israel - sinal do pacto<br />

eterno celebrado entre D-us e seu<br />

Povo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os dias do Sinai. Nesses<br />

dias o ju<strong>de</strong>u integra em si tudo aquilo<br />

que vem proclamando todos os<br />

dias do ano: a crença e submissão<br />

amorosa ao D-us Único, a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

e sua relação com Israel.<br />

Estar em Israel nos dias das festas<br />

é um daqueles momentos únicos na<br />

vida. São momentos que transcen<strong>de</strong>m<br />

o tempo e que permitem experimentar<br />

a eternida<strong>de</strong>. Tudo aquilo que é essencial<br />

na alma judaica, que muitas<br />

vezes se confun<strong>de</strong> ao ambiente<br />

da diáspora, torna-se claro, vem<br />

à luz, confirmando – com alegria<br />

- o que significa ser ju<strong>de</strong>u.<br />

Encontrar com familiares em<br />

VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />

Rosh Hashaná e Iom Kipur em Israel<br />

Israel nos dias das Festas é mais do<br />

que um estar junto por alguns dias e<br />

matar a sauda<strong>de</strong>s. É ver, na presença<br />

dos filhos e dos netos sabras, concretizada<br />

a presença judaica na terra. É<br />

ter o consolo <strong>de</strong> que, se muitas coisas<br />

não permitiram ou ainda não permitem<br />

a aliá, parte <strong>de</strong> si já foi beneficiada<br />

com as promessas feitas aos Patriarcas,<br />

que parte <strong>de</strong> si já concretizou,<br />

através dos filhos e netos, o sonho <strong>de</strong><br />

vinte séculos. É ter a certeza <strong>de</strong> que a<br />

esperança não foi vazia.<br />

Cada vez que alguém me conta<br />

que um filho fez aliá, ou que um neto<br />

nasceu em Israel, percebo em seus<br />

olhos um ar <strong>de</strong> sauda<strong>de</strong>s, mas também<br />

percebo um brilho que traduz o<br />

sentimento <strong>de</strong> realização e <strong>de</strong> concretização<br />

<strong>de</strong> vida. É como se os seus<br />

olhos estivessem me dizendo: fiz a<br />

minha parte por Israel e por nosso<br />

povo. Estou muito feliz.<br />

Rosh Hashaná e Iom Kipur preconizam<br />

a reconciliação com D-us e<br />

com o semelhante. E, o que é reconciliação<br />

senão encontrar a integrida<strong>de</strong>?<br />

Senão ver realizada a esperança?<br />

Senão experimentar a eternida<strong>de</strong><br />

no reencontro com o passado e o<br />

futuro? Senão experimentar na presente<br />

Israel a futura re<strong>de</strong>nção?<br />

O Kotel, Muro das Lamentações em Tisha Be Av<br />

* Antonio Carlos Coelho é professor, colaborador do jornal Visão<br />

<strong>Judaica</strong> e diretor do Instituto Ciência e Fé.<br />

21


VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />

22 22<br />

Manoel Tenembaum, Pilar Rahola, Tzipora Rimon e Isac Baril<br />

35 jovens da comunida<strong>de</strong> curitibana tiveram um final <strong>de</strong> semana<br />

agitado. Patrocinados pelo Fundo Comunitário encontraram-se com<br />

a Embaixadora <strong>de</strong> Israel no Brasil, Tzipora Rimon, Pilar Rahola e<br />

Manuel Tenebaum. Num Hotel Resort participaram <strong>de</strong> palestras, mesas<br />

redondas e <strong>de</strong>bates tendo como temas a “História Geral do Antisemitismo”,<br />

“Anti-semitismo e Anti-sionismo” e “Li<strong>de</strong>rança, Natureza,<br />

Formas, Exemplos Relevância Institucional” e nos intervalos <strong>de</strong>liciando-se<br />

com excelente comida e bebida, num clima <strong>de</strong> muita alegria<br />

e companheirismo. Eventos assim <strong>de</strong>vem ser repetidos.<br />

Na’amat Pioneiras <strong>de</strong> <strong>Curitiba</strong> retomou<br />

o trabalho da escola <strong>de</strong><br />

Ayanot em Israel com a visita da<br />

Diretora da escola Betty Zimerman.<br />

A presença <strong>de</strong>la possibilitou<br />

aos pais e alunos interessados<br />

em ir para Ayanot participarem<br />

<strong>de</strong> uma reunião com o intuito<br />

<strong>de</strong> obter um maior conhecimento<br />

da escola sob a visão da<br />

pessoa que tem sobre si a responsabilida<strong>de</strong><br />

das classes brasileiras.<br />

Na mesma ocasião foi feito<br />

um encontro com ex-alunos.<br />

A advogada Betina Treiger Grupenmacher<br />

assumiu no dia 25/<br />

8 a presidência do Instituto <strong>de</strong><br />

Direito Tributário do Paraná.<br />

Mazal Tov!<br />

No dia 18 <strong>de</strong> setembro São Paulo<br />

ganhou um novo Centro Ju-<br />

Carl-Wilhelm Stenhammar, presi<strong>de</strong>nte<br />

Internacional <strong>de</strong> Rotary<br />

esteve em <strong>Curitiba</strong>. Foi homenageado<br />

com almoço, no Restaurante<br />

Dom Antonio, em Santa Felicida<strong>de</strong>,<br />

que contou com a presença<br />

<strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>s, entre eles<br />

o governador Roberto Requião e<br />

500 rotarianos do Distrito 4730.<br />

O Rotary Clube <strong>de</strong> <strong>Curitiba</strong> Cida<strong>de</strong><br />

Industrial, cujo presi<strong>de</strong>nte<br />

Sergio Levy foi o anfitrião do<br />

evento, teve como co-anfitrião o<br />

Rotary Clube <strong>de</strong> <strong>Curitiba</strong> Santa<br />

Felicida<strong>de</strong>,<br />

presidido<br />

por Isaac<br />

Cubric.<br />

Carl-Wilhelm Stenhammar e<br />

Isaac Cubric<br />

Foto: Elke Aronson<br />

daico. O BAIT, i<strong>de</strong>alizado pelo rabino<br />

paulista Isaac Michaan - da<br />

congregação Colel, não é apenas<br />

uma sinagoga num bairro em que<br />

já existem tantas. É um centro judaico<br />

<strong>de</strong> convivência, aon<strong>de</strong> acontecerão,<br />

além das rezas tradicionais,<br />

ativida<strong>de</strong>s culturais, sociais,<br />

bate-papo, esportes, lazer, estudo,<br />

palestras etc. O principal objetivo<br />

do BAIT é reaproximar os ju<strong>de</strong>us<br />

afastados da religião, transmitindo<br />

o judaísmo tradicional com<br />

uma linguagem diferente.<br />

O novo Centro Judaico localizado<br />

na Rua Baronesa <strong>de</strong> Itu, nº<br />

438, Higienópolis, tem mais <strong>de</strong> 2<br />

mil m² <strong>de</strong> área construída e sua<br />

arquitetura é enriquecida com<br />

obras <strong>de</strong> importantes artistas ju<strong>de</strong>us<br />

como Lasar Segall, Renina<br />

Katz, Abraham Palatnick e artistas<br />

contemporâneos como Sérgio<br />

Fingermann, Ester Grinspum e<br />

Luise Weiss.<br />

Na’amat Pioneiras homenageou o<br />

casal Sami e Letícia pela ocasião<br />

do seu noivado. A diretoria organizou<br />

um jantar na casa da chaverá<br />

Gilza Strachman no dia 15/<br />

9. A noite foi só alegria e <strong>de</strong>scontração,<br />

permitindo uma maior<br />

aproximação com a noiva <strong>de</strong> nosso<br />

Lí<strong>de</strong>r Espiritual Sami Goldstein.<br />

Realizou-se no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul,<br />

a 17ª Pré-Convenção da B´nai<br />

B´rith do Brasil. Nesta ocasião,<br />

os diversos grupos da entida<strong>de</strong> no<br />

país elegem o presi<strong>de</strong>nte para o<br />

biênio seguinte, que <strong>de</strong>pois é<br />

empossado na Convenção, que<br />

neste ano será realizada <strong>de</strong> 4 a 6<br />

<strong>de</strong> novembro.<br />

Para o presi<strong>de</strong>nte da entida<strong>de</strong><br />

Abraham Goldstein, foi um evento<br />

extremamente bem organizado,<br />

on<strong>de</strong> os irmãos da B’nai B’rith<br />

<strong>de</strong> Porto Alegre receberam todos<br />

com muito carinho e atenção em<br />

um verda<strong>de</strong>iro exemplo <strong>de</strong> fraternida<strong>de</strong>,<br />

marcado pelo entusiasmo<br />

e participação maciça. Um<br />

dos pontos altos foi a reeleição,<br />

por unanimida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> Abraham<br />

Goldstein para a presidência da<br />

B’nai B’rith Brasil, tendo como<br />

vice-presi<strong>de</strong>ntes, Leon Mayer, Região<br />

Centro-Norte; Luis Gaj, Região<br />

Centro-Sul e Boris Wainstein,<br />

Região Sul.<br />

Na comemoração dos 85 anos da<br />

Wizo, a Sra. Alegre Gomel Bronfman<br />

será homenageada por seu<br />

belíssimo trabalho na Wizo Paraná.<br />

A Presi<strong>de</strong>nte da Wizo para a América<br />

Latina, Ana Marlene Starec estará<br />

em <strong>Curitiba</strong> para compartilhar<br />

<strong>de</strong>ste momento, num chá que será<br />

realizado no dia 25 <strong>de</strong> setembro<br />

(domingo) às 16h no Centro <strong>Israelita</strong><br />

do Paraná. Informações com<br />

Debora na Wizo tel.3019-3547.<br />

Maurício Schulman recebeu a<br />

Medalha do Mérito Habitacional<br />

no evento que comemorou os 38<br />

anos da Associação Brasileira <strong>de</strong><br />

Crédito Imobiliário, realizado no<br />

dia 19/8 em São Paulo. Homenagem<br />

merecida.<br />

E nosso editor do Visão <strong>Judaica</strong>,<br />

Szyja Ber Lorber, recebeu a Medalha<br />

do Mérito Universitário Desportivo,<br />

concedida pela Universida<strong>de</strong><br />

Estadual <strong>de</strong> Ponta Grossa em<br />

evento que comemorou a abertura<br />

dos 50ºs Jogos Estudantis da<br />

Primavera, o segundo certame<br />

mais antigo do Brasil, dia 9 <strong>de</strong><br />

setembro, em Ponta Grossa.<br />

Na’amat Pioneiras informa que<br />

os chocolates <strong>de</strong> Rosh Hashaná já<br />

estão à venda. O lucro será revertido<br />

para os mais necessitados.<br />

“Quando se ajuda uma boa causa<br />

é como se ajudássemos a todas<br />

pessoas e isto faz com que<br />

encontremos um sentido <strong>de</strong> vida<br />

melhor”. Shaná Tová.<br />

Realizou-se no auditório da Universida<strong>de</strong><br />

Candido Men<strong>de</strong>s, no Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro, o painel sobre os 60<br />

anos da Segunda Guerra Mundial.<br />

O público presente, incluindo alunos<br />

<strong>de</strong> diversos cursos, professores<br />

e convidados, manteve-se interessado<br />

nas duas horas do evento.<br />

Os palestrantes foram o professor<br />

Márcio Scalercio, historiador<br />

e mestre na UCAM e PUC, além<br />

<strong>de</strong> comentarista convidado da<br />

Globonews; o professor Renato<br />

Lessa, cientista político e mestre<br />

no IUPERJ e na UCAM, e o jornalista<br />

Osias Wurman.<br />

O diretor do Museu <strong>de</strong> Astronomia<br />

e Ciências Afins, Alfredo Tiomno<br />

Tolmasquin inaugurou a ex-<br />

posição temporária “Einstein e a<br />

América Latina, dia 1º/9, no hall<br />

<strong>de</strong> entrada do Museu. Houve também<br />

o Seminário “Einstein para<br />

além do seu tempo, realizados<br />

dias 1º e 2 <strong>de</strong> setembro no auditório<br />

do Observatório Nacional.<br />

Na edição especial “Veja <strong>Curitiba</strong><br />

- O Melhor da Cida<strong>de</strong> 2005”<br />

que circulou em fins <strong>de</strong> agosto,<br />

a Família Sfiha foi um dos indicados<br />

na categoria “Comidinhas/<br />

Salgados”.<br />

A publicação aconteceu exatamente<br />

na semana em que a Família<br />

Sfiha, do amigo e leitor<br />

Gerson Guelmann, completava 4<br />

meses <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s.<br />

Em solenida<strong>de</strong> realizada no Palácio<br />

Duque <strong>de</strong> Caxias, pelo Comando<br />

Militar do Leste, no Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro, em comemoração ao<br />

25 <strong>de</strong> agosto - Dia do Soldado,<br />

foram agraciados com diplomas<br />

<strong>de</strong> Colaborador Emérito do Exército<br />

Brasileiro Marcelo Zaturanski<br />

Itagiba, Arnaldo Niskier, Alfredo<br />

Sirkis e Moises Balassiano.<br />

Os cineastas israelenses Anat Zuria,<br />

David Ben Shitrit e Leila Hipólito,<br />

cineasta brasileira convidada,<br />

participaram do Júri do 5º<br />

Festival <strong>de</strong> Cinema Brasileiro em<br />

Israel, que se realizou <strong>de</strong> 1 a 21<br />

<strong>de</strong> agosto. O júri <strong>de</strong>liberou que o<br />

O professor Israel Blajberg, da Escola <strong>de</strong> Engenharia da<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Fluminense foi agraciado pelo general<br />

Sinclar James Mayer, comandante da Artilharia<br />

Divisionária sediada no Forte do Gragoatá, Niterói, com<br />

o Diploma <strong>de</strong> Amigo da AD/1 pela colaboração prestada<br />

às ativida<strong>de</strong>s realizadas por aquele Comando. A cerimônia,<br />

realizada em 19/8, recorda<br />

também a data natalícia do<br />

marechal Cor<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> Farias,<br />

cujo nome <strong>de</strong>signa a AD/1, tendo<br />

comandado a Artilharia da<br />

Força Expedicionária Brasileira<br />

na Itália, durante a 2ª Guerra<br />

Mundial.<br />

Rubens Blajberg, diretor <strong>de</strong><br />

Criação, Rômulo Groissman,<br />

Mayer e Blajberg<br />

diretor <strong>de</strong> Atendimento, e Flavia<br />

Uram, são da equipe “Biruta” que recebeu em 16/8,<br />

em São Paulo o Ampro Globes Awards 2005 na Categoria<br />

Melhor Campanha <strong>de</strong> Baixo Custo, 1º lugar com a campanha:<br />

Pit Stop Shell, para o cliente Shell Brasil. A<br />

agência se chama Biruta Mídias Mirabolantes (http://<br />

www.biruta.net/). Trata-se do maior prêmio do Brasil<br />

na categoria marketing promocional, classificando a<br />

Biruta para a final em Chicago. Entre outros candidatos<br />

estavam Chevrolet e Credicard, além <strong>de</strong> vários dos maiores<br />

anunciantes do Brasil.<br />

O Globes Awards 2005 é um prêmio da MAA - Marketing<br />

Agencies Association, <strong>de</strong>nominado no Brasil AMPRO Globes<br />

Awards 2005 e organizado pela AMPRO - Associação <strong>de</strong><br />

Marketing Promocional, realizado em mais <strong>de</strong> 30 países e<br />

aberto a todos os anunciantes, agências e fornecedores do<br />

setor promocional. A etapa internacional será em Miami.<br />

Colabore com notas para a coluna. �one/fax 0**41 3018-8018 ou e-mail: visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />

prêmio <strong>de</strong> “Melhor Filme”, foi<br />

dividido os filmes “Contra Todos”<br />

e “O Diabo a Quatro”. Ainda que<br />

<strong>de</strong> gêneros distintos, as duas<br />

obras representaram brilhantemente<br />

o que existe <strong>de</strong> mais atual<br />

na arte cinematográfica brasileira.<br />

Alberto Dines, um dos mais renomados<br />

profissionais do jornalismo<br />

brasileiro, estará em <strong>Curitiba</strong><br />

para uma palestra inédita:<br />

“Uma conversa entre Stefan<br />

Zweig e Antônio José da<br />

Silva” – os dois protagonistas<br />

<strong>de</strong> suas obras literárias mais conhecidas.<br />

Será dia 21 <strong>de</strong> setembro,<br />

às 20 horas, no auditório<br />

do teatro SESC da Esquina, rua<br />

Viscon<strong>de</strong> do Rio Branco, 931/<br />

1º andar. A entrada para a palestra<br />

é um litro <strong>de</strong> leite ou um<br />

litro <strong>de</strong> óleo, em prol da Associação<br />

Paranaense <strong>de</strong> Apoio a<br />

Criança com neoplasia. A realização<br />

é da <strong>Comunida<strong>de</strong></strong> <strong>Israelita</strong><br />

do Paraná, com apoio do<br />

SESC da Esquina, Hasson Advogados<br />

e Top Imóveis - Espaços<br />

Empresariais<br />

Dia 22/9 a professora e historiadora<br />

Maria Luiza Tucci Carneiro,<br />

da USP, fala em <strong>Curitiba</strong><br />

sobre Judaísmo. Será no Colégio<br />

Sion, às 19h. A comunida<strong>de</strong><br />

está convidada.


Ben Abraham recebe medalha<br />

<strong>de</strong> Honra ao Mérito da USP<br />

Jornalista <strong>de</strong>dica sua vida à liberda<strong>de</strong> e a preservação<br />

da memória do Holocausto<br />

A Sala do Conselho da USP<br />

esteva lotada para a solenida<strong>de</strong><br />

que homenageou o escritor e<br />

jornalista Ben Abraham, que recebeu<br />

das mãos do reitor Adolpho<br />

José Melfi, a Medalha <strong>de</strong><br />

Honra ao Mérito da Universida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> São Paulo. Presentes a solenida<strong>de</strong><br />

estiveram o vice-governador<br />

do Estado <strong>de</strong> São Paulo,<br />

Cláudio Lembo, o ex-reitor<br />

Jacques Marcovitch, responsável<br />

pela indicação do nome <strong>de</strong><br />

Ben Abraham para a homenagem,<br />

o secretário <strong>de</strong> Participações e<br />

Parcerias do Município <strong>de</strong> São<br />

Paulo Gilberto Natalini, a professora<br />

Maria Luiza Tucci Carneiro,<br />

secretária executiva do<br />

Laboratório <strong>de</strong> Estudos da Intolerância<br />

LEI/USP, o presi<strong>de</strong>nte<br />

da Confe<strong>de</strong>ração <strong>Israelita</strong> do<br />

Brasil Berel Aizenstein, e o presi<strong>de</strong>nte<br />

da Fe<strong>de</strong>ração <strong>Israelita</strong><br />

do Estado <strong>de</strong> São Paulo, entre<br />

outras autorida<strong>de</strong>s.<br />

Em sua saudação ao homenageado,<br />

o reitor da USP <strong>de</strong>stacou<br />

os inúmeros prêmios e<br />

con<strong>de</strong>corações que o presi<strong>de</strong>nte<br />

da Sherit Hapleitá do Brasil<br />

e vice-presi<strong>de</strong>nte da Associação<br />

Mundial dos Sobreviventes do<br />

Nazismo recebeu, entre elas, a<br />

Chave <strong>de</strong> Ouro do Instituto Yad<br />

Vashem, <strong>de</strong> Jerusalém (Museu<br />

do Holocausto).<br />

Mas o reitor falou também<br />

do <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> usar as pesquisas<br />

científicas para o bem da humanida<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong>stacando o caso<br />

extremo da utilização dos novos<br />

conhecimentos sem ética,<br />

ocorrido na Alemanha nazista.<br />

Parafraseando Primo Levi, também<br />

ele um sobrevivente do na-<br />

zismo, que indagava: “É isto um<br />

homem?”, disse o professor doutor<br />

Melfi: “quando vemos o <strong>de</strong>svirtuamento<br />

das conquistas<br />

científicas, pergunto aos professores:<br />

É isto um cientista”?<br />

Depois, o reitor citou Elie<br />

Wiesel, outro sobrevivente,<br />

lembrando sua dolorosa constatação:<br />

“No campo <strong>de</strong> concentração<br />

não encontrei um monstro,<br />

encontrei funcionários, a<br />

verda<strong>de</strong> é que eram seres humanos<br />

que executavam or<strong>de</strong>ns<br />

com precisão”.<br />

Falando sobre o homenageado,<br />

disse que Ben Abraham faz<br />

<strong>de</strong> sua memória individual um<br />

libelo contra o totalitarismo,<br />

para que este mal não volte<br />

nunca mais, para que jamais<br />

esqueçamos a valorização da<br />

vida e lembremos dos que tombaram<br />

vitimas dos fanatismos.<br />

“Estendo esta homenagem a<br />

todos os professores ju<strong>de</strong>us<br />

que têm ajudado a construir<br />

esta Universida<strong>de</strong> diariamente.<br />

Estes professores têm honrado<br />

a memória dos que tombaram”,<br />

concluiu o reitor.<br />

A professora Maria Luiza<br />

Tucci Carneiro também falou da<br />

importância da memória, da<br />

preocupação <strong>de</strong> que o nazismo<br />

não se esgotou na 2ª Guerra<br />

Mundial, e da atuação da USP que<br />

compartilha esta “árdua tarefa <strong>de</strong><br />

romper o silêncio dos campos <strong>de</strong><br />

concentração para que os nazismos<br />

não voltem nunca mais”.<br />

O vice-governador <strong>de</strong> São<br />

Paulo, Cláudio Lembo, lembrou<br />

que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que conheceu Ben<br />

Abraham há 30 anos ele “me<br />

Ben Abraham<br />

dava lições <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia e <strong>de</strong><br />

liberda<strong>de</strong>, e me contava o que<br />

era viver sob o totalitarismo.<br />

Esta é uma casa <strong>de</strong> conhecimento<br />

e como tal só po<strong>de</strong> viver<br />

com a liberda<strong>de</strong>, que ele<br />

sempre me ensinou. Ben<br />

Abraham é um dos mais árduos<br />

<strong>de</strong>fensores <strong>de</strong>ssa idéia <strong>de</strong> dignida<strong>de</strong><br />

humana que é um dos<br />

fundamentos do judaísmo”,<br />

disse, <strong>de</strong>stacando o simbolismo<br />

da entrega da Medalha <strong>de</strong><br />

Honra ao Mérito a Ben Abraham<br />

pela USP que é um homem que<br />

luta pela liberda<strong>de</strong>. E terminou<br />

dizendo: “Que o Eterno nos livre<br />

sempre <strong>de</strong>sta tragédia que<br />

é o totalitarismo”.<br />

Visivelmente emocionado,<br />

Ben Abraham falou entre outras<br />

coisas, da terra abençoada que<br />

é o Brasil, que recebeu calorosamente<br />

os sobreviventes do<br />

Holocausto, como faz com todos<br />

os que aqui chegam, e conclamou:<br />

“Nós brasileiros <strong>de</strong> todas<br />

as religiões temos que preservar<br />

as lições do passado, preservar<br />

a liberda<strong>de</strong> e lutar contra<br />

todas as intolerâncias”.<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

23<br />

OLHAR<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○<br />

VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />

Softwares <strong>de</strong>tectam<br />

mentira e amor<br />

Uma empresa israelense especializada<br />

em tecnologia <strong>de</strong> análise<br />

da voz para segurança resolveu<br />

ampliar seu mercado e lançou<br />

produtos para uso pessoal. São<br />

eles o Love Detector, um <strong>de</strong>tector<br />

<strong>de</strong> amor, e o eX-Sense, um <strong>de</strong>tector<br />

<strong>de</strong> mentiras.<br />

Ambos são softwares que me<strong>de</strong>m<br />

o estresse na voz e <strong>de</strong>terminam<br />

qual o humor da pessoa. Os programas<br />

necessitam que a voz do<br />

escolhido para o teste passe pelo<br />

computador para ser avaliada, o<br />

que faz com que os softwares<br />

sejam mais a<strong>de</strong>quados em conversas<br />

telefônicas.<br />

Softwares II<br />

É só fazer uma pequena calibragem<br />

e os programas estão prontos<br />

para “ler a mente alheia”. Os<br />

programas avisam na tela, instantaneamente,<br />

a intenção da<br />

pessoa avaliada, permitindo então<br />

que se conduza a conversa<br />

<strong>de</strong> modo a<strong>de</strong>quado. O Love Detector,<br />

além da versão para PC,<br />

também está disponível para portáteis<br />

Pocket PC e para telefones<br />

celulares, por enquanto somente<br />

em Israel e na Inglaterra.<br />

Para adquirir o eX-Sense, basta<br />

ir no site do produto, o www.exsense.com,<br />

baixar o programa,<br />

instalar e pagar US$ 149 por uma<br />

licença. O Love Detector custa US$<br />

49,99 para PC e US$ 19,99 para<br />

Pocket PC. As tarifas para celular<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da operadora.<br />

(Terra.com.br)<br />

Exportações e tecnologia<br />

As exportações dos kibutzim (cooperativas<br />

agroindustriais) totalizaram<br />

cerca <strong>de</strong> 177 milhões <strong>de</strong><br />

dólares nos primeiros seis meses<br />

<strong>de</strong>ste ano, representando um<br />

aumento <strong>de</strong> 13% em comparação<br />

com o mesmo período <strong>de</strong><br />

2004. As fábricas dos kibutzim<br />

são responsáveis por 52% do<br />

total das exportações israelenses.<br />

(Jornal Alef).<br />

Usina <strong>de</strong> <strong>de</strong>ssalinização<br />

Israel inaugurou a maior empresa<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssalinização do mundo.<br />

Ela produzirá 100 milhões <strong>de</strong><br />

metros cúbicos <strong>de</strong> água potável<br />

por ano, cerca <strong>de</strong> 15% do consu-<br />

HIGH-TECH<br />

mo doméstico israelense. Criada<br />

pela associação das companhias<br />

Viulia e Arlen Infraestructures,<br />

que a terão sob sua responsabilida<strong>de</strong><br />

por 25 anos antes <strong>de</strong> transferi-la<br />

para o Estado, começou a<br />

operar <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> prolongadas negociações<br />

entre a companhia estatal<br />

Mekorot e a Comissão<br />

Nacional <strong>de</strong> Águas. Até <strong>de</strong>zembro<br />

produzirá 50 milhões <strong>de</strong> m 3 ,<br />

número que dobrará em 2006,<br />

trabalhando 24 horas ininterruptamente.<br />

(Jornal Alef)<br />

Nova arquitetura <strong>de</strong><br />

processador em Israel<br />

Foi criada em Israel a micro arquitetura<br />

<strong>de</strong> terceira geração <strong>de</strong><br />

um processador multi-core (composto<br />

por várias unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> processamento<br />

com capacida<strong>de</strong>s individuais).<br />

O fato foi divulgado<br />

pela Intel nos Estados Unidos. A<br />

empresa opera quatro centros <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento no país, em Haifa,<br />

Yakum, Jerusalém e Petah Tikva,<br />

nas quais emprega quatro mil<br />

pessoas. O novo produto, que a<br />

partir <strong>de</strong> 2006 será instalado em<br />

todos os computadores da Intel,<br />

foi totalmente <strong>de</strong>senvolvido<br />

no país, tanto em termos <strong>de</strong><br />

arquitetura, quanto <strong>de</strong> estratégia.<br />

A empresa preten<strong>de</strong> expandir<br />

sua atuação, estabelecendo<br />

novas fábricas em Israel. (Jerusalem<br />

Post).<br />

Cai 22% a mortalida<strong>de</strong> infantil<br />

A taxa <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> infantil<br />

caiu 6% no ano passado somando-se<br />

aos 16% <strong>de</strong> queda, registrados<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2002, conforme divulgado<br />

pelo Ministério da Saú<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Israel. Este índice <strong>de</strong> menos<br />

<strong>de</strong> 5 óbitos por 1000 nascimentos<br />

é similar ao da Europa<br />

Oci<strong>de</strong>ntal e mais baixo do que os<br />

dos EUA. Uma das razões <strong>de</strong>ste<br />

avanço é o programa do ministério<br />

para <strong>de</strong>tectar prematuramente<br />

problemas genéticos, em especial<br />

na população árabe on<strong>de</strong> são<br />

comuns os casamentos entre parentes.<br />

Além disso, as mulheres<br />

em ida<strong>de</strong> fértil são estimuladas<br />

a tomar ácido fólico antes <strong>de</strong><br />

engravidar e nos primeiros meses<br />

<strong>de</strong> gestação para reduzir o<br />

risco <strong>de</strong> problemas neurológicos<br />

sérios nos bebês. Também foram<br />

implementadas recomendações<br />

para reduzir o número <strong>de</strong> embriões<br />

a serem <strong>de</strong>senvolvidos no<br />

útero após a fertilização in vitro.<br />

(El Reloj.Com).


24<br />

VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />

Assistência israelense às<br />

vítimas do furacão Katrina<br />

Remessa <strong>de</strong> comida e medicamentos aos <strong>de</strong>sabrigados nos EUA<br />

O templo da Congregação Beth Israel, em Biloxi,<br />

sinagoga na costa do Mississippi, permanece <strong>de</strong><br />

pé, a duas quadras da praia, apesar do edifício<br />

ter sofrido danos pesados<br />

Uma missão <strong>de</strong> especialistas em catástrofes<br />

viajou ao su<strong>de</strong>ste norte-americano<br />

para avaliar as necessida<strong>de</strong>s das áreas alagadas<br />

e propor planos operacionais <strong>de</strong> execução<br />

imediata.<br />

“Quero <strong>de</strong>stacar que os Estados Unidos<br />

sempre se fez presente às necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

Israel, e por isso nosso <strong>de</strong>ver básico é esten<strong>de</strong>r-lhes<br />

nossa máxima ajuda nesta grave<br />

emergência, especialmente naqueles setores<br />

que os israelenses têm uma vasta experiência.<br />

Por isso, esta semana uma <strong>de</strong>legação<br />

<strong>de</strong> funcionários dos ministérios <strong>de</strong><br />

Defesa e da Saú<strong>de</strong> partiram a fim <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nar<br />

no que po<strong>de</strong>mos ajudar lá”, disse<br />

Ariel Sharon na reunião dominical do gabinete.<br />

E acrescentou: “Faremos tudo que<br />

estiver ao nosso alcance para ajudar nesta<br />

difícil situação na qual tantos cidadãos dos<br />

Estados Unidos se encontram”.<br />

Dessa forma, o primeiro-ministro comunicou<br />

que os especialistas israelenses participam<br />

das tarefas <strong>de</strong> resgate, ajuda e recomposição<br />

dos danos ocasionados pelo furacão<br />

Katrina, que <strong>de</strong>ixou um dano humano<br />

e material que até o momento não conseguiu<br />

ser completamente medido, mas que<br />

se estima como o maior <strong>de</strong>sastre natural<br />

da história dos Estados Unidos.<br />

O Maguen David Adom – o equivalente<br />

israelense da Cruz Vermelha, confirmou que<br />

está em contato permanente com o serviço<br />

<strong>de</strong> emergências médicas norte-americanas<br />

e que equipes <strong>de</strong> primeiros socorros, entre<br />

eles várias <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> para-médicos israelenses<br />

se encontravam prontos para viajar<br />

a Nova Orleans, quando assim dispusessem<br />

as autorida<strong>de</strong>s locais.<br />

Não só agências governamentais, mas<br />

também ONGs israelenses se mobilizaram para<br />

ajudar. O IsraAID, o grupo que coor<strong>de</strong>na organizações<br />

israelenses que atuam em <strong>de</strong>senvolvimento<br />

e trabalho <strong>de</strong> alívio, preparou uma<br />

<strong>de</strong>legação <strong>de</strong> 25 pessoas entre médicos e<br />

psicólogos, e selecionou trabalhadores das<br />

áreas salvamento. As linhas aéreas israelenses<br />

estão fazendo o transporte gratuito <strong>de</strong>les<br />

para ajudar nos esforços.<br />

Outra organização israelense que também<br />

ofereceu ajuda numa das tarefas mais<br />

difíceis - remoção dos corpos espalhados<br />

nas ruas <strong>de</strong> Nova Orleans é a Zaka, espe-<br />

Foto: Larry Brook/DS Jewish Voice<br />

cializada também em i<strong>de</strong>ntificação dos corpos,<br />

<strong>de</strong>vido aos numerosos atentados terroristas<br />

em Israel.<br />

Cinco universida<strong>de</strong>s israelenses anunciaram<br />

que darão boas-vindas aos estudantes<br />

das áreas afetadas pelo <strong>de</strong>sastre natural.<br />

A Agência <strong>Judaica</strong> <strong>de</strong> Israel <strong>de</strong>clarou<br />

que vai agilizar para que estudantes <strong>de</strong>slocados<br />

pelo furacão possam continuar seus<br />

estudos em Israel, em particular, acadêmicos<br />

<strong>de</strong> medicina que não po<strong>de</strong>rão freqüentar<br />

a Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tulane, em Nova Orleans,<br />

po<strong>de</strong>rão freqüentar a Escola Sackler<br />

da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina, em Tel Aviv,<br />

pois esse e outros cursos são ministrados<br />

também em inglês.<br />

Por sua vez, o ministro israelense da<br />

Saú<strong>de</strong>, Danny Naveh, esclareceu que a missão<br />

da <strong>de</strong>legação, formada por médicos do<br />

Exército, especialistas <strong>de</strong> seu Ministério e<br />

do da Defesa, é localizar as áreas específicas<br />

nas que Israel po<strong>de</strong>ria oferecer uma<br />

ótima ajuda.<br />

“Nestes momentos não falamos da remessa<br />

<strong>de</strong> equipamentos ou médicos, porque<br />

não temos certeza <strong>de</strong> que os americanos<br />

precisem <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> assistência”,<br />

<strong>de</strong>clarou.<br />

As equipes profissionais israelenses atuam<br />

usualmente em situações semelhantes<br />

que se apresentam em qualquer lugar do<br />

globo. Seu aporte é consi<strong>de</strong>rado essencial<br />

pelo Grau <strong>de</strong> profissionalismo <strong>de</strong>monstrado<br />

nas operações <strong>de</strong> diversas naturezas.<br />

Só a título ilustrativo, vale recordar que<br />

ainda hoje equipes <strong>de</strong> médicos e sanitaristas<br />

<strong>de</strong> três hospitais israelenses continuam<br />

oferecendo assistência <strong>de</strong> forma rotativa<br />

às vítimas do tsunami ocorrido na última<br />

semana <strong>de</strong> 2004 no su<strong>de</strong>ste asiático.<br />

Da mesma forma, várias comunida<strong>de</strong>s<br />

judaicas norte-americanas abriram suas portas<br />

e casas para albergar as famílias judaicas<br />

que escaparam do furacão <strong>de</strong>molidor.<br />

Em Nova Orleans viviam mais <strong>de</strong> 20 mil<br />

ju<strong>de</strong>us, <strong>de</strong>les, aproximadamente 12 mil integrantes<br />

da coletivida<strong>de</strong>, conseguiram refugiar-se<br />

na vizinha Houston, boa parte <strong>de</strong>les<br />

em casas <strong>de</strong> familiares, e os restantes<br />

em centros assistenciais dirigidos pelos rabinos<br />

da organização Chabad.<br />

Cerca <strong>de</strong> outras 100 famílias judaicas<br />

procuraram ajuda no Mississipi. Ainda hoje<br />

se <strong>de</strong>sconhece o número <strong>de</strong> vítimas judaicas<br />

em Nova Orleans.<br />

O consulado israelense em Houston<br />

assegura que várias <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> famílias<br />

judaicas resi<strong>de</strong>ntes na área do <strong>de</strong>sastre<br />

se encontram a salvo, <strong>de</strong>sconhecendose<br />

até o momento o para<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> uma<br />

só família <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us. (Tzvi Neumann, <strong>de</strong><br />

Jerusalém, Orlando Sentinel, Diário <strong>de</strong><br />

Leon e Israel 21c).<br />

Receitas com grife<br />

Rosh Hashaná<br />

As receitas tradicionais <strong>de</strong> Rosh Hashaná já foram publicadas no VJ em diversas versões.<br />

Chalá doce e redonda, guefilte fish, caldo dourado <strong>de</strong> galinha com crepalach, frangos,<br />

vitela, pato, etc. Neste ano vamos indicar algumas receitas diferentes que fogem do<br />

tradicional e que po<strong>de</strong>m servir num mix do tradicional com o diferente.<br />

Ingredientes:<br />

1 ovo gran<strong>de</strong>;<br />

2 colheres <strong>de</strong> chá <strong>de</strong><br />

óleo vegetal;<br />

½ colher <strong>de</strong> chá <strong>de</strong> sal;<br />

1 xícara <strong>de</strong> farinha<br />

(cerca 125 g).<br />

Ingredientes:<br />

Mandalach<br />

(para servir com caldo <strong>de</strong> frango)<br />

12 figos bem firmes limpos<br />

e sem casca;<br />

1 maço <strong>de</strong> hortelã picada;<br />

2 colheres <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong><br />

alcaparras;<br />

3 colheres <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong><br />

vinagre balsâmico;<br />

1 colher <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> mel;<br />

2 colheres <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> azeite.<br />

Ingredientes:<br />

Modo <strong>de</strong> fazer:<br />

Bater o ovo numa tigela acrescentando óleo e sal, e acrescentar<br />

a farinha até formar uma massa que não seja pegajosa.<br />

Deixe <strong>de</strong>scansar por 20 minutos e divida a massa em dois<br />

pedaços. Enrolar no formato <strong>de</strong> uma corda com 1,5 cm <strong>de</strong><br />

largura aproximadamente. Cortar em pedacinhos <strong>de</strong> 1,5 <strong>de</strong><br />

comprimento e levar para assar numa assa<strong>de</strong>ira untada <strong>de</strong><br />

óleo em forno preaquecido por cerca <strong>de</strong> 45 minutos a 190°,<br />

até que se tornem dourados. Deixar esfriar para estocá-los.<br />

Também po<strong>de</strong>m ser fritos em bastante óleo. Nesse caso <strong>de</strong>vem<br />

ser <strong>de</strong>sengordurados antes <strong>de</strong> serem estocados.<br />

Salada <strong>de</strong> figos<br />

Modo <strong>de</strong> preparo:<br />

Misture o vinagre balsâmico com o mel e batendo<br />

bem, acrescente o azeite. Misture os figos com a<br />

hortelã e as alcaparras. Em seguida, adicione os<br />

temperos, mexendo <strong>de</strong>licadamente para não amassar<br />

os figos. Coloque os figos já misturados e temperados<br />

numa forma <strong>de</strong> pudim com furo no meio.<br />

Vá encaixando bem e, no final, pressione <strong>de</strong>licadamente.<br />

Deixe uma noite na gela<strong>de</strong>ira, <strong>de</strong>senforme,<br />

<strong>de</strong>core com folhas <strong>de</strong> hortelã e sirva.<br />

�rango com maçã e mel<br />

1 frango cortado em pedaços<br />

2 colheres <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> mostarda<br />

2 colheres <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> mel<br />

1 colher <strong>de</strong> chá <strong>de</strong> pimenta<br />

4 maçãs ver<strong>de</strong>s sem casca e fatiadas<br />

½ xícara <strong>de</strong> água<br />

¼ xícara <strong>de</strong> vinho tinto seco<br />

Modo <strong>de</strong> fazer:<br />

Torta <strong>de</strong> Tâmaras<br />

gentilmente cedida por Malca Krieger<br />

Ingredientes:<br />

10 ovos;<br />

300 g <strong>de</strong> açúcar;<br />

500 g <strong>de</strong> amêndoas sem casca moídas;<br />

350 g <strong>de</strong> tâmaras sem caroço cortadas<br />

em tiras finas;<br />

2 colheres <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> farinha <strong>de</strong> rosca;<br />

Conhaque, rum ou vinho do Porto.<br />

Ingredientes:<br />

4 xícaras <strong>de</strong> chá <strong>de</strong> açúcar;<br />

2 xícaras <strong>de</strong> chá <strong>de</strong> água;<br />

12 gemas.<br />

Colocar o frango em um refratário sem untar.<br />

Juntar a mostarda, mel e pimenta e<br />

colocar sobre o frango. Colocar as maçãs.<br />

Regar com o vinho e a água. Assar, sem<br />

cobrir, em forno a 200°, regando sempre.<br />

Quando estiver moreno, cobrir com papel<br />

alumínio até acabar <strong>de</strong> assar.<br />

Modo <strong>de</strong> fazer:<br />

Ovos moles<br />

Bater as gemas e separar. Bater as claras em<br />

neve e juntar o açúcar. Misturar as gemas às<br />

claras. Juntar as amêndoas <strong>de</strong>licadamente e as<br />

tâmaras cortadas em tiras finas. Assar em forma<br />

untada com margarina e salpicada com farinha<br />

<strong>de</strong> rosca. Depois <strong>de</strong> assada rechear com<br />

ovos moles e embeber a torta em calda fina<br />

(água e açúcar fervidas ligeiramente) com um<br />

cálice <strong>de</strong> conhaque, rum ou vinho do Porto.<br />

Modo <strong>de</strong> fazer:<br />

Leve ao fogo uma panela com o açúcar e a água. Quando<br />

a calda engrossar um pouco, uns 5 minutos, retire<br />

do fogo e <strong>de</strong>ixe amornar. Por cima da calda, passar as<br />

gemas numa peneira. Misture e leve ao fogo para que<br />

cozinhe e fique na consistência <strong>de</strong>sejada (mexer com<br />

uma colher <strong>de</strong> pau até ver o fundo da panela).


VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />

Um eterno recomeço<br />

Daniel Benjamin Barenbein *<br />

stamos em Elul, às portas<br />

do novo ano. Em<br />

breve vivenciaremos<br />

mais um Rosh Hashaná.<br />

Um recomeço (este<br />

artigo está sendo escrito antes da<br />

data. Mas caso você esteja lendo<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> Rosh Hashaná, não se sinta<br />

incomodado em por os tempos<br />

no presente ou no passado). E com<br />

o que aportaremos <strong>de</strong> bagagem conquistada<br />

neste 5766? E temos do<br />

que nos arrepen<strong>de</strong>r?<br />

Não sei, nem ousaria falar em termos<br />

individuais dos meus leitores.<br />

Eu posso falar sobre mim e sobre a<br />

nação judaica como um todo. Pessoalmente,<br />

este ano foi <strong>de</strong> crescimento<br />

infindável. Revi conceitos,<br />

tentei cumprir mais mitzvot, me empenhei<br />

ainda mais em trabalhos comunitários<br />

e etc...<br />

Mas não é <strong>de</strong> mim que vim falar<br />

aqui. Minha proposta é comentar<br />

sobre o povo ju<strong>de</strong>u. Este ano foi<br />

extremamente difícil para Am Israel.<br />

Vimos cisões internas, discussões,<br />

ju<strong>de</strong>u expulsando/retirando ju<strong>de</strong>u<br />

<strong>de</strong> suas casas e finalmente a entrega<br />

<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> nossa terra bíblica<br />

aos nossos inimigos.<br />

Não quero entrar aqui em meandros<br />

políticos, se foi correta ou não<br />

a entrega. Se é um mal necessário<br />

ou não. O certo é que estamos correndo<br />

enormes riscos <strong>de</strong> segurança<br />

e que <strong>de</strong>struímos vidas e trabalho<br />

<strong>de</strong> pessoas que viram filhos, netos<br />

e bisnetos nascerem em Gush Katif.<br />

Tudo em troca da “paz” ou <strong>de</strong> uma<br />

“diminuição do atrito”.<br />

Mais uma vez o povo ju<strong>de</strong>u se<br />

auto-inflingiu dores para tentar alcançar<br />

o que sempre lutou história<br />

afora: Shalom. Acredito que mesmo<br />

aqueles favoráveis à entrega <strong>de</strong> Gaza,<br />

sentiram uma dor no peito ao ver<br />

os gran<strong>de</strong>s empreendimentos lá alcançados<br />

pelos nossos irmãos irem<br />

embora. Impossível ficar parado e<br />

não se comover com a cena <strong>de</strong> <strong>de</strong>smonte<br />

das sinagogas, das torót sendo<br />

levadas e <strong>de</strong> soldados chorando<br />

abraçados aos assentados.<br />

Quem não ficou bobo e impressionado<br />

com a reunião <strong>de</strong> 250 mil<br />

pessoas no Muro das Lamentações<br />

que foram rezar pelas comunida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> Gaza e do norte da Samária?<br />

A tudo isto tivemos que superar,<br />

e olhar para frente. Tivemos um<br />

Tishá Be Av bem difícil. Passamos<br />

pelo período <strong>de</strong> consolação, e estamos<br />

agora diante <strong>de</strong> uma nova época.<br />

Apren<strong>de</strong>mos lições, crescemos, e<br />

continuamos torcendo para que os<br />

três pilares básicos em que se sustenta<br />

este mundo possam finalmente ser<br />

alcançados: verda<strong>de</strong>, justiça e paz.<br />

Nossa parte fizemos. A verda<strong>de</strong> fica<br />

por conta da mídia agora, e do que<br />

ela vai relatar nos próximos tempos.<br />

Até agora o que se viu não foi nada<br />

animador. Distorções sobre a saída <strong>de</strong><br />

Gaza, minimização das dores israelenses<br />

e do passo firme que o país <strong>de</strong>u<br />

em troca <strong>de</strong> um entendimento.<br />

Da mesma maneira, em lugar algum<br />

da imprensa se leu ou viu-se sobre<br />

as imensas contribuições israelenses<br />

- tanto <strong>de</strong> remédios, como <strong>de</strong><br />

infra-estrutura e pessoal - nos <strong>de</strong>sastres<br />

naturais da Índia e <strong>de</strong> Nova<br />

Orleans, nos Estados Unidos. Para<br />

variar, Israel foi o primeiro país a<br />

mandar ajuda para estes locais. Vocês<br />

viram isso em algum lugar?<br />

Rosh Hashaná é tempo <strong>de</strong> alegria<br />

e música. E como música me lembra<br />

Beatles e os dois gran<strong>de</strong>s gênios do<br />

setor neste século que se passou, John<br />

Lennon, Z’L e Paul Macartney, é com<br />

eles que vou encerrar. Na última música<br />

do álbum ”Abbey Road“, “The<br />

End”, eles colocam: “E no final, todo<br />

amor que você leva é proporcional ao<br />

amor que fez”.<br />

Isto ninguém vai tirar <strong>de</strong> nós. Po<strong>de</strong>m<br />

não contar nossos feitos na Índia<br />

e Nova Orleans. Mas ninguém vai<br />

apagar o que fizemos. D-us sabe nossa<br />

luta neste ano em busca <strong>de</strong> fazer<br />

<strong>de</strong>ste um mundo melhor. D-us viu<br />

nossos sacrifícios, certos ou não, em<br />

prol <strong>de</strong> um mundo melhor. Talvez tenhamos<br />

do que se arrepen<strong>de</strong>r este ano<br />

sim. Nossos irmãos evacuados <strong>de</strong> Gaza<br />

ainda aguardam uma solução para<br />

suas vidas. Mas nós também fizemos<br />

muito pelo nosso povo, recolhendo<br />

irmãos que necessitavam no mundo<br />

inteiro, trabalhando comunitariamente,<br />

criando e dando fôlego a projetos<br />

como o De Olho Na Mídia, que<br />

visa proteger nosso povo das falsida<strong>de</strong>s<br />

e distorções que são ditas sobre<br />

ele. Lutamos por um mundo melhor.<br />

Buscamos ajudar os outros povos<br />

da humanida<strong>de</strong>. Crescemos, evoluímos<br />

nas <strong>de</strong>sgraças, estamos superando<br />

dores e rachas internos gravíssimos,<br />

como não se viam há muito<br />

tempo. Distribuímos amor, muito<br />

amor. Merecemos recolher em igual<br />

proporção agora. Tanto dos homens,<br />

como principalmente <strong>de</strong> D-us.<br />

Neste balanço <strong>de</strong> Rosh Hashaná e<br />

Iom Kipur, temos muito a ver e rever.<br />

Mas acredito que no final, nosso saldo<br />

continua tão positivo como sempre.<br />

E contrariando os Beatles, não<br />

existe final, existe recomeço. E neste<br />

eterno recomeço, nesta contínua<br />

roda da vida, <strong>de</strong>sejamos que Hashem<br />

olhe para nós com pieda<strong>de</strong> e misericórdia,<br />

vendo nossos bons atos, e<br />

nosso esforço, e encerre todos os<br />

sofrimentos, nossos e <strong>de</strong> toda a humanida<strong>de</strong>,<br />

trazendo logo - hoje ainda<br />

- Maschiach e a tão almejada re<strong>de</strong>nção.<br />

Shaná Tová a todos!<br />

* Daniel Benjamin Barenbein é jornalista,<br />

trabalha no site <strong>de</strong> combate a distorção na<br />

imprensa, “De Olho na Mídia”<br />

(www.<strong>de</strong>olhonamidia.org.br) e como<br />

coor<strong>de</strong>nador do movimento juvenil Betar<br />

<strong>de</strong> SP. Ainda exerce voluntariamente<br />

cargos <strong>de</strong> Hasbará na Organização<br />

Sionista <strong>de</strong> SP, Espaço K e Aish Brasil, e<br />

como orador nas sinagogas Beit<br />

Menachem e Kehilat Achim Tiferet. Possui<br />

um livro publicado na internet sobre<br />

neonazismo digital: www.varsovia.jor.br<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

VJ INDICA<br />

�ILME<br />

Minhas 100<br />

Crianças<br />

Direção: Ed Sherin<br />

Gênero: Drama<br />

Elenco: Linda Lavin,<br />

Torquil Campbell, Lenore<br />

Harris<br />

Ano: 1987, Origem: EUA,<br />

Colorido<br />

Título Original: Lena: My<br />

100 Children<br />

Sinopse<br />

Professora judia ajuda<br />

100 crianças a sair da Polônia<br />

após a Segunda Guerra Professora judia<br />

ajuda 100 crianças a sair da Polônia após a<br />

Segunda Guerra. Filme inspirado nos relatos verídicos<br />

<strong>de</strong> Lena Kuchler-Silberman, que morreu<br />

durante as filmagens e a qual o filme é <strong>de</strong>dicado.<br />

Lena salvou cem crianças judias (polonesas) da<br />

morte, após o final da Segunda Guerra Mundial,<br />

alimentando e educando-as, até que conseguiu<br />

passaportes para levá-las a Israel, on<strong>de</strong> finalmente<br />

estariam a salvo. Originariamente feito para<br />

a TV é um filme contun<strong>de</strong>nte e sincero.<br />

25


26<br />

VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765


VJ INDICA<br />

LIVRO<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○<br />

A Saga dos Cristãos-Novos<br />

Joseph Eskenazi Pernidji – Imago Editora<br />

Como foi possível transformar uma nação inteira <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us,<br />

que viveu por mais <strong>de</strong> um milênio em Portugal, em<br />

um povo cristão? Esta e outras respostas relacionadas a<br />

rica história do povo ju<strong>de</strong>u estão em “A Saga dos Cristãos-Novos”,<br />

<strong>de</strong> Joseph Eskenazi Pernidji, que está sendo<br />

lançado com selo da Imago Editora. O leitor vai percorrer<br />

um caminho cheio <strong>de</strong> surpresas e vai <strong>de</strong>scobrir como mulheres<br />

e homens anteriormente batizados voltam à condição <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us, e constituem o<br />

que se chamou “a nação judaico-portuguesa”. Na viagem através do tempo, será possível<br />

constatar como este povo foi próspero, influente e <strong>de</strong> nível cultural acima do seu<br />

tempo, habitando os quatro cantos do mundo, como Holanda, França, Inglaterra, Alemanha,<br />

Ilhas do Caribe, Estados Unidos, Brasil e outros diversos países. Gente que<br />

<strong>de</strong>ixou marcas no mundo intelectual e foi pioneira na globalização econômica. Através<br />

do estudo da genealogia, Joseph Eskenazi Pernidji é capaz <strong>de</strong> levantar a <strong>de</strong>scendência<br />

<strong>de</strong> um povo que influiu <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>cisiva no <strong>de</strong>senvolvimento da história <strong>de</strong> Portugal<br />

e do Brasil. Eles seriam diferenciados do restante da população portuguesa pelo<br />

fato <strong>de</strong> constar nas certidões <strong>de</strong> batismo a condição <strong>de</strong> “cristão-novo”. Mais tar<strong>de</strong>, a<br />

nobreza e o clero <strong>de</strong> Portugal passam a protestar, e chegam até mesmo a pedir a<br />

proibição da utilização, pelos “cristãos-novos”, dos chamados nomes tradicionais dos<br />

“fundadores <strong>de</strong> Portugal”, tais como Nunes, Peixoto, Vaz, Castro, Seixas, Lopes, entre<br />

outros. É nessa época que são adotados nomes <strong>de</strong> animais, árvores e localida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

origem. O tempo agiu implacavelmente. O enorme fluxo migratório dos ju<strong>de</strong>us do<br />

Leste europeu, a mudança do eixo do po<strong>de</strong>r econômico e uma violenta assimilação<br />

ajudaram no <strong>de</strong>saparecimento da nação judaico-portuguesa. Os vestígios da sua importância<br />

e gran<strong>de</strong>za foram <strong>de</strong>ixados pela imensa contribuição cultural que está à<br />

disposição dos estudiosos e historiadores. É sobre essa nação, seus componentes,<br />

homens e mulheres, aventuras e peripécias, brilho e po<strong>de</strong>r, negócios e amores, o que<br />

este livro retrata.<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />

Barenboim <strong>de</strong>slumbrou o público<br />

argentino e disse que o país era um<br />

exemplo <strong>de</strong> convivência entre religiões.<br />

Deu conferências, conce<strong>de</strong>u entrevistas,<br />

movimentou-se como um Messias e poucos<br />

se ocuparam <strong>de</strong> contradizê-lo ou<br />

afrontá-lo. Por que tanta con<strong>de</strong>scendência?<br />

Indubitavelmente ao mundo faz<br />

falta um novo lí<strong>de</strong>r, um homem que<br />

encontre as soluções ou utopias ante<br />

as falências difíceis <strong>de</strong> encontrar nas<br />

mãos da ineficaz política como meio <strong>de</strong><br />

solução dos graves problemas. E chegou<br />

um gênio musical, com um gran<strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> sedução, que como os condutores<br />

<strong>de</strong> massas diante <strong>de</strong> seus discursos<br />

megalômanos <strong>de</strong>slumbram e transformam<br />

os <strong>de</strong>sorientados em seus aliados.<br />

Não nego que seu objetivo é maravilhoso<br />

se ficasse restrito ao exemplo<br />

<strong>de</strong> uma orquestra, mas suas propostas<br />

são unidirecionais e favorece<br />

com suas <strong>de</strong>clarações com música <strong>de</strong><br />

fundo <strong>de</strong> Wagner à esquerda intelectual<br />

e política e à direita inconsistente em<br />

aplaudir suas propostas. Barenboim é um<br />

cultor da vítima palestina esquecendo a<br />

vítima israelense, favorecendo a imprensa<br />

mundial com sua filosofia da convivência<br />

enquanto a realida<strong>de</strong> é outra.<br />

Parece-me maravilhoso seu trabalho<br />

pessoal <strong>de</strong> aproximar os jovens <strong>de</strong><br />

duas socieda<strong>de</strong>s em litígio para que se<br />

conheçam e para que através <strong>de</strong> suas<br />

capacida<strong>de</strong>s instrumentais e diálogo<br />

compartilhem um grupo que seja um<br />

farol <strong>de</strong> esperança. Parece-me magnífico<br />

que um adolescente muçulmano e<br />

outro ju<strong>de</strong>u se olhem nos olhos e se<br />

vejam pela primeira vez cara a cara.<br />

Deleita-me a idéia <strong>de</strong> que não sejam<br />

os dirigentes interessados e pressionados<br />

por interesses os que obtenham sua<br />

amiza<strong>de</strong> em vez <strong>de</strong> fazê-los inimigos.<br />

O que me incomoda é que tudo o que<br />

Barenboim fez foi positivo para a comunida<strong>de</strong><br />

árabe em matéria <strong>de</strong> aproximação<br />

interreligiosa dando priorida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> espaço. De todo seu objetivo, contudo,<br />

esqueceu <strong>de</strong> levar os membros<br />

<strong>de</strong> sua orquestra aos edifícios on<strong>de</strong> o<br />

terrorismo <strong>de</strong>struiu a Embaixada <strong>de</strong> Israel<br />

e a Amia, e colocar em sua turnê a<br />

educação <strong>de</strong>sses jovens, para <strong>de</strong>monstrar<br />

sua equilibrada mensagem, leválos<br />

também a Jerusalém da mesma<br />

27<br />

Metha, Barenboim.<br />

�eidman…<br />

Martha Wolff *<br />

maneira que foi a Ramallah em 21 <strong>de</strong><br />

agosto. Esta falta ante seu ser ju<strong>de</strong>u<br />

me incomodou e é por isso que escrevo<br />

este artigo.<br />

Comparando a atuação que o maestro<br />

hindu Zubin Metha tem e teve<br />

na Filarmônica <strong>de</strong> Israel, com a <strong>de</strong><br />

Barenboim, sinto que há uma gran<strong>de</strong><br />

diferença. Metha com seu prestígio<br />

comprometeu-se com todo o tipo <strong>de</strong><br />

colaboração para sustentar essa orquestra<br />

pelo que ela significa e Barenboim<br />

com sua veemência se colocando<br />

como campeão <strong>de</strong> uma causa<br />

que exce<strong>de</strong> seu rol <strong>de</strong> músico. É verda<strong>de</strong><br />

que a música apazigua as feras,<br />

mas ele <strong>de</strong> sua batuta, não é o domador<br />

do conflito do Oriente Médio.<br />

Pelo contrário, no dia 20 <strong>de</strong> agosto,<br />

na cida<strong>de</strong> alemã <strong>de</strong> Colônia, no encentro<br />

mundial <strong>de</strong> jovens católicos, o<br />

clarinetista israelense Giora Feidman,<br />

convidado pelo Vaticano, tocou música<br />

klezmer com seu sexteto multicultural e<br />

religioso e estreou uma canção baseada<br />

na história <strong>de</strong> sua família que ao<br />

emigrar pelas perseguições anti-semitas<br />

na Europa foi tomando <strong>de</strong> cada lugar<br />

sua música e interpretou as melodias:<br />

“Evenu Shalom Aleichem “, “Alegria”,<br />

uma prece judaica, a “Ave Maria”<br />

e mostrou ao público a canção<br />

“Bendiga a teus filhos, Bless your sons”,<br />

escrita pela compositora israelense Ora<br />

Bat Chaim.<br />

Feidman faz anos que dá concertos<br />

em igrejas, e <strong>de</strong> sua clara i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e<br />

solidão faz tanto como Barenboim, por<br />

isso vale a pena <strong>de</strong>stacar seu trabalho<br />

<strong>de</strong> mensageiro da paz sem tanto conflito<br />

pessoal e com objetivos tão transparentes<br />

como é o <strong>de</strong> chegar ao coração<br />

<strong>de</strong> muitas pessoas que por discriminação<br />

o<strong>de</strong>iam o nosso povo.<br />

Três histórias, três homens, três<br />

formas diferentes <strong>de</strong> lutar pela confraternização<br />

dos povos…<br />

Três mosqueteiros com diferentes<br />

meios para chegar ao mesmo fim… e<br />

em silêncio milhares <strong>de</strong> grupos ignorados<br />

que lutam e se reúnem em Israel<br />

para a convivência entre israelenses<br />

e palestinos com a participação<br />

<strong>de</strong> árabes, palestinos, sírios, libaneses<br />

e sabras.<br />

* Martha Wolff é jornalista escritora, conferencista internacional e dirigiu várias<br />

publicações culturais <strong>de</strong> intercâmbio argentino-israelenses. Escreve roteiros para<br />

televisão e teatro. Publicou 10 livros, entre os quais “Inmigrantes judíos pioneros<br />

<strong>de</strong> la Argentina” e “Judíos Argentinos & judíos y argentinos”. Há cinco anos tem um<br />

programa na Rádio Chai, <strong>de</strong> Buenos Aires, que se chama: ”Mulheres em Ação”. É<br />

colaboradora do site israelense <strong>de</strong> língua espanhola, Por Israel (www.porisrael.org),<br />

parceiro do jornal Visão <strong>Judaica</strong>.


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VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />

Em seu 1º ano, “De Olho Na Mídia” já<br />

muda a perspectiva sobre Israel<br />

á um ano atrás surgia o site<br />

“De Olho Na Mídia”, uma iniciativa<br />

há tempos esperada<br />

pela comunida<strong>de</strong> judaica brasileira,<br />

que sempre sentiu que<br />

po<strong>de</strong>ria ser melhor retratada na<br />

mídia, mas nem sempre conseguia.<br />

“De Olho na Mídia” veio para suprir<br />

essa lacuna e acabou por realizar<br />

esse trabalho a contento. E é hoje<br />

um sucesso <strong>de</strong> público e muito respeitado<br />

pela mídia em geral.<br />

Atualmente, possui quatro mil<br />

pessoas que se cadastraram <strong>de</strong> forma<br />

espontânea e auxiliam seu trabalho<br />

<strong>de</strong> vigilância da imprensa, do rádio,<br />

da TV, dos sites na internet e outros<br />

veículos <strong>de</strong> comunicação. Eles funcionam<br />

como um gran<strong>de</strong> corpo <strong>de</strong><br />

voluntários que investigam a mídia<br />

buscando <strong>de</strong>turpações e/ou artigos<br />

a serem elogiados, bem como tradutores<br />

que auxiliam na divulgação <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong>s textos - didáticos, contestadores<br />

ou com uma visão diferente<br />

da realida<strong>de</strong> mostrada pela mídia -<br />

que é publicada no site.<br />

Foram feitas três petições com<br />

enorme êxito e repercussão. A campanha<br />

que está em andamento agora,<br />

pe<strong>de</strong> aos veículos <strong>de</strong> imprensa que<br />

chamem os terroristas <strong>de</strong> terroristas,<br />

sem subterfúgios.<br />

Nesse primeiro ano <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s,<br />

foram publicados 220 artigos e 175<br />

comentários que ofereceram ao gran<strong>de</strong><br />

público uma nova e ampla visão<br />

sobre os ju<strong>de</strong>us, judaísmo, Holocausto,<br />

Israel e assuntos correlatos. Muitos<br />

<strong>de</strong>stes comentários ren<strong>de</strong>ram intercâmbio<br />

<strong>de</strong> informações com gran<strong>de</strong>s<br />

jornais e jornalistas do país, fazendo<br />

com que eles se manifestassem<br />

em relação às críticas e/ou elogios<br />

formulados pelo site, expandindo<br />

os canais <strong>de</strong> comunicação.<br />

Palestras, participações em rádio,<br />

colunas em jornais da comunida<strong>de</strong>,<br />

foram outras das ativida<strong>de</strong>s paralelas<br />

da equipe do “De Olho Na Mídia,<br />

<strong>de</strong>monstrando assim que muito já foi<br />

feito neste primeiro ano. O “De Olho<br />

Na Mídia” é um parceiro do jornal<br />

Visão <strong>Judaica</strong>, pois que ambos têm<br />

objetivos correlatos.<br />

Quando <strong>de</strong> sua criação, o site<br />

tinha como objetivo primário, que<br />

as pessoas manifestassem seu <strong>de</strong>scontentamento<br />

com <strong>de</strong>terminados<br />

veículos <strong>de</strong> mídia, parciais ou <strong>de</strong>sinformados,<br />

enviando e-mails em<br />

massa para os mesmos. A mesma lógica<br />

vale para a hora <strong>de</strong> elogiar<br />

gran<strong>de</strong>s matérias.<br />

A idéia era conscientizar os veículos<br />

e os profissionais <strong>de</strong> imprensa<br />

<strong>de</strong> que havia gente atenta a estas<br />

questões. Percebia-se, <strong>de</strong> forma<br />

geral, que muitos jornalistas<br />

eram mal preparados, ou mal informados,<br />

ou ainda mal intencionados,<br />

escreviam o que queriam sobre<br />

Israel e os ju<strong>de</strong>us, imaginando<br />

que não receberiam contestações,<br />

ou que se estas chegassem, seriam<br />

sumariamente ignoradas.<br />

O “De Olho Na Mídia”, mesmo ainda<br />

não atingindo completamente seu<br />

objetivo inicial, <strong>de</strong> fazer com que as<br />

pessoas massivamente escrevessem<br />

aos veículos que distorcem a realida<strong>de</strong>,<br />

já se tornou um sucesso, e obteve<br />

seus primeiros êxitos, justamente<br />

por ser um fórum aberto, on<strong>de</strong> críticas<br />

po<strong>de</strong>m ser expostas sem censura.<br />

Os jornalistas apontados nos comentários,<br />

fizeram a trilha até o site,<br />

saíram informados sobre o que erraram,<br />

e eventualmente contestaram os<br />

textos ali publicados, mas boa parte<br />

abriu um canal <strong>de</strong> diálogo.<br />

Versão brasileira do Honest Reporting,<br />

cujo trabalho provocou repercussões<br />

na CNN, BBC e Reuters, e<br />

que atualmente conta com um mailing<br />

<strong>de</strong> 100 mil nomes, o “De Olho Na<br />

Mídia” tem muito por fazer ainda.<br />

O “De Olho Na Mídia” intervém se<br />

manifestando quando jornais publicaram<br />

textos revisionistas, revistas<br />

publicaram inverda<strong>de</strong>s sobre a carreira<br />

<strong>de</strong> lí<strong>de</strong>res israelenses, comparando-os<br />

com terroristas, sites <strong>de</strong> Internet ignoraram<br />

as vítimas israelenses do conflito<br />

ou minimizaram os perpetradores<br />

das ações criminosas. Manifestase<br />

também quando charges levantam<br />

velhos estereótipos medievais dos<br />

ju<strong>de</strong>us, ou quando entrevistas <strong>de</strong> rádio<br />

<strong>de</strong>slegitimaram a existência do<br />

Estado <strong>de</strong> Israel, pois o silêncio sempre<br />

foi a arma que permitiu que atrocida<strong>de</strong>s<br />

fossem cometidas. A equipe<br />

que faz o “De Olho na Mídia” <strong>de</strong>cidiu<br />

que não iria mais se calar. “Nossa<br />

consciência não nos permitia”, diz um<br />

comunicado que comemorou o primeiro<br />

aniversário do site.<br />

A nota acrescenta que “temos<br />

muito ainda o que fazer. Nosso trabalho<br />

mal começou. Preten<strong>de</strong>mos nos<br />

tornar mais que um site <strong>de</strong> críticas e<br />

elogios à mídia, uma fonte <strong>de</strong> informação<br />

para jornalistas e profissionais<br />

do ramo, montando gran<strong>de</strong>s seções<br />

com informações sobre Israel,<br />

sua história, povo ju<strong>de</strong>u e etc... Ainda<br />

temos a pretensão <strong>de</strong> nos tornarmos<br />

uma espécie <strong>de</strong> “agência <strong>de</strong> notícias”,<br />

fornecendo conteúdo alternativo<br />

e <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, com informações<br />

precisas sobre o que se passa<br />

no Oriente Médio e no mundo judaico<br />

para veículos <strong>de</strong> imprensa”.<br />

Aos que fazem o site “De Olho Na<br />

Mídia”, a equipe que produz o jornal<br />

Visão <strong>Judaica</strong> <strong>de</strong>seja cumprimentar a<br />

todos pelo êxito do trabalho alcançado<br />

nesse primeiro ano <strong>de</strong> vida, e<br />

que com certeza irá crescer mais ainda,<br />

ampliando e aprofundando seu<br />

notável e exemplar trabalho nesta luta<br />

pelo bom jornalismo e pela informação<br />

correta. Ou seja, uma luta, no bom<br />

sentido, para que o leitor tenha assegurado<br />

seu direito <strong>de</strong> conhecer a<br />

verda<strong>de</strong> e ser bem informado.

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