À Comunidade Israelita de Curitiba - Visão Judaica On Line
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povo ju<strong>de</strong>u. “Se os próprios ju<strong>de</strong>us<br />
se comportam como nazistas – é a<br />
conclusão lógica e implícita <strong>de</strong> seu<br />
raciocínio – então, o que os nazistas<br />
fizeram não é tão grave”. Mediante<br />
um sofisticado mecanismo i<strong>de</strong>ológico,<br />
usam o mesmo sofrimento<br />
das vítimas para infligir-lhes novas<br />
perseguições e novos vexames.<br />
A Europa – disse A.B. Yoshua –<br />
precisa exorcizar seu passado. O ataque<br />
a Israel serve à Europa para limpar<br />
sua consciência hedionda a respeito<br />
<strong>de</strong> três elementos capitais: 1 -<br />
A Shoá, que foi cometida pela Europa<br />
e não só pela Alemanha. Comparar<br />
os ju<strong>de</strong>us com os nazistas, livra<br />
os europeus da culpa – se os ju<strong>de</strong>us<br />
são como os nazistas, então não éramos<br />
tão maus em matá-los... De toda<br />
forma eles fazem o mesmo. 2 – O colonialismo.<br />
A Europa, que inventou<br />
o colonialismo e que engordou com<br />
base em seus impérios coloniais, criando<br />
assim no mundo a pobreza e a<br />
<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> que perduram até o dia<br />
<strong>de</strong> hoje, se mostra solidária com os<br />
palestinos em nome da “luta contra<br />
o Imperialismo”. Assim, oculta convenientemente<br />
que os impérios foram<br />
europeus. A horrível situação da<br />
África – conseqüência do mau gerenciamento<br />
colonial europeu – se<br />
varre para baixo do tapete. Os ju<strong>de</strong>us<br />
não são “colonos” em sua terra.<br />
Existe uma gran<strong>de</strong> diferença entre<br />
um conflito territorial e uma situação<br />
colonial. Mas enquanto acusa<br />
Israel, a França envia suas tropas<br />
para “impor a or<strong>de</strong>m” na Costa do<br />
Marfim. 3 – O tratamento dos árabes<br />
na Europa. Poucas populações são<br />
tão discriminadas como os árabes na<br />
Europa, em especial na França. No<br />
país da egalité os árabes são 10%<br />
da população. Mas não há nenhum<br />
<strong>de</strong>putado, senador, juiz, ministro ou<br />
secretário <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong> origem árabe.<br />
Nesse contexto, a solidarieda<strong>de</strong><br />
com os palestinos libera a Europa da<br />
culpa: “Sejamos solidários com os<br />
árabes que estão longe. Isso oculta<br />
como tratamos os que estão perto”.<br />
Mas o argumento tem um respaldo<br />
ainda mais maligno. Vosso sofrimento<br />
– diz Colombani aos ju<strong>de</strong>us<br />
– obriga-os a ter normas morais mais<br />
elevadas que outros povos. Este argumento<br />
é ainda mais perverso, pois<br />
Colombani pertence a um país que<br />
perpetrou a Shoá. Os 70.000 ju<strong>de</strong>us<br />
franceses assassinados pelos nazistas<br />
foram <strong>de</strong>portados por policiais<br />
franceses. O governo <strong>de</strong> Vichy, um<br />
ativo colaborador dos alemães e a<br />
população francesa, apesar <strong>de</strong> algumas<br />
mostras <strong>de</strong> valentia antinazista,<br />
<strong>de</strong>nunciava 2.000 ju<strong>de</strong>us por<br />
dia às autorida<strong>de</strong>s, que não tarda-<br />
vam em <strong>de</strong>portá-los.<br />
Numa maligna alquimia intelectual,<br />
Colombani, que pertence ao<br />
povo que ajudou a assassinar, se<br />
crê no direito <strong>de</strong> dar lições <strong>de</strong> moral<br />
às vítimas.<br />
Dado que nos assassinaram, vocês<br />
– mas nunca nós – estarão submetidos<br />
a normas morais mais estritas.<br />
O sofrimento que lhes infligimos,<br />
obriga vocês, mas não a nós. O sofrimento<br />
dos ju<strong>de</strong>us não gera solidarieda<strong>de</strong>,<br />
gera novas exigências.<br />
Não, sr. Colombani. O sofrimento<br />
que infligiram aos ju<strong>de</strong>us durante a<br />
Shoá, obriga-os a padrões morais mais<br />
elevados, não a nós. São vocês – os<br />
que vitimaram – e não nós – as vítimas<br />
– que agora <strong>de</strong>vem manter<br />
uma conduta exemplar para ressarcir-se.<br />
São os assassinos, e não os<br />
assassinados que <strong>de</strong>vem perscrutar<br />
suas almas e mostrar contrição e arrependimento.<br />
São vocês que <strong>de</strong>vem<br />
dar o exemplo, em lugar <strong>de</strong> dar supostas<br />
lições repletas <strong>de</strong> ódio e hipocrisia.<br />
Vossa obrigação é mostrar<br />
solidarieda<strong>de</strong> com as vítimas <strong>de</strong> vossa<br />
loucura assassina, não com seus<br />
novos inimigos que querem continuar<br />
vossa obra.<br />
Nós, ju<strong>de</strong>us, não necessitamos da<br />
Shoá para <strong>de</strong>senvolver padrões e valores<br />
morais <strong>de</strong> fraternida<strong>de</strong> entre os<br />
povos. Estes ocupam um lugar central<br />
em nossas fontes milenares. Nossa<br />
história é um lugar para a prática<br />
<strong>de</strong> tais valores. Não precisamos que<br />
Colombani nos recor<strong>de</strong> nossas obrigações<br />
morais: A Bíblia Hebraica e<br />
as orações que os ju<strong>de</strong>us repetem<br />
diariamente o fazem <strong>de</strong> maneira muito<br />
mais eficaz. Nós, ju<strong>de</strong>us, cremos<br />
na igualda<strong>de</strong> e na fraternida<strong>de</strong> entre<br />
os homens <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os tempos imemoriais.<br />
Moisés, e não Hitler, nos legou<br />
a maravilhosa frase “Ama a teu próximo<br />
como a ti mesmo”. As leis sociais<br />
e os direitos humanos gravados<br />
a fogo na Bíblia e no Talmud <strong>de</strong>rivam<br />
da concepção da dignida<strong>de</strong> e<br />
a divinda<strong>de</strong> inerente a todo ser humano,<br />
criado “betzelem Elokim”, à<br />
imagem <strong>de</strong> D-us. A solidarieda<strong>de</strong> com<br />
quem sofre nos foi ditada no Sinai,<br />
pois “escravos fomos na terra do<br />
Egito”. Foi precisamente por esses<br />
valores – que representavam todo o<br />
oposto à barbárie nazista – que Hitler<br />
nos quis exterminar.<br />
Não. A Shoá não nos ensina normas<br />
morais que não conhecíamos. A<br />
Shoá nos ensina uma só coisa: que<br />
em momentos <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> e tragédia,<br />
estamos sós, e – exceto uns<br />
poucos bravos que se atiram para<br />
salvar a honra da humanida<strong>de</strong> golpeada<br />
– o mundo nos <strong>de</strong>ixa morrer.<br />
Por isso <strong>de</strong>vemos cuidar-nos a nós<br />
mesmos; que não po<strong>de</strong>mos contar<br />
com a generosida<strong>de</strong> dos povos. Por<br />
isso <strong>de</strong>vemos <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r-nos, pois<br />
ninguém o fará por nós. Essa é<br />
para nós a lição da Shoá. E a ju<strong>de</strong>ufobia<br />
do Le Mon<strong>de</strong>, sua banalização<br />
da Shoá, e a <strong>de</strong>generação<br />
intelectual do anti-semitismo da<br />
moda nos recordam o quão relevante<br />
é esta lição.<br />
VISÃO JUDAICA setembro <strong>de</strong> 2005 Elul/Tishrê 5765<br />
* Andrés Spokoiny<br />
é autor <strong>de</strong> “A<br />
Rebelião dos<br />
Canários”. Publicado<br />
no site israelense em<br />
espanhol,<br />
www.porisrael.org<br />
À <strong>Comunida<strong>de</strong></strong> <strong>Israelita</strong> <strong>de</strong> <strong>Curitiba</strong><br />
Ao aproximar-se o novo Ano Judaico <strong>de</strong> 5.766, data magna da<br />
comunida<strong>de</strong> israelita, tenho a honra <strong>de</strong> dirigir-me a todos os seus<br />
integrantes para <strong>de</strong>sejar-lhes os mais efusivos e fraternos<br />
cumprimentos pelo transcurso <strong>de</strong>sse evento.<br />
É com júbilo que externo minhas saudações aos membros da<br />
<strong>Comunida<strong>de</strong></strong> <strong>Israelita</strong> <strong>de</strong> <strong>Curitiba</strong>. Ao ensejo do SHANÁ TOVÁ, gostaria<br />
também <strong>de</strong> parabenizar essa coletivida<strong>de</strong> que muito contribui – e com<br />
certeza continuará contribuindo para o <strong>de</strong>senvolvimento e a qualida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> vida <strong>de</strong> <strong>Curitiba</strong>.<br />
Que as alegrias <strong>de</strong>sta bela festivida<strong>de</strong>, através das<br />
orações e da meditação, resultem num ano <strong>de</strong> muita<br />
paz, felicida<strong>de</strong>s e realizações.<br />
Um bom Ano Novo<br />
Beto Richa<br />
Prefeito <strong>de</strong> <strong>Curitiba</strong><br />
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