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Semanário Angolense 369 edição (sem password)

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12 Sábado, 29 de Maio de 2010.PolíticaCarta aberta ao Chefe do Executivo de AngolaExcelentíssimoSenhor Presidente da República,Correndo o risco de esta missivanão chegar as vossas mãos,tomamos a liberdade de a remeter,para divulgação, ao maior númeropossível de órgãos de comunicaçãono nosso país, fazendo-atambém circular via Internet pararepudiar mais uma atitude menoscorrecta do executivo lideradopor V.Exa.Fomos recentemente surpreendidoscom a informação tornadapública por via do Ministérioda Administração do Território(MAT), na pessoa do seu titular,quanto as intenções do executivode reestruturar os limites geográficosda província do Bengo.Como cidadão deste país emunícipe de Icolo e Bengo nãome oponho a qualquer alteraçãoadministrativa que possa ocorrerem todo território nacional desdeque as contrapartidas sejam tambémbenéficas para a populaçãoem geral e não somente para defenderos interesses económicosde alguns.Sr. Presidente,Qualquer alteração administrativanão mexe apenas com aterra; tem outras implicações:envolve pessoas, hábitos, costumes,etc. Qualquer pessoa de bomsenso, teria no mínimo consultadogenuinamente os povos destaregião antes de pretender tomarqualquer decisão em seu nome.Mais ainda, não se coaduna comalgumas das suas orientações dosúltimos tempos, recordo-me, à títulode exemplo, de dois trechosdo seu discurso à nação aquandodo empossamento do Governo deAngola saído das eleições de 2008(Outubro 2008), que passo a citar:«A discussão de alguns assuntoscom os cidadãos destinatáriosda nossa acção e com organizaçõesda sociedade civil e ainda odiálogo e a concertação regularescom os parceiros sociais (empregadorese centrais sindicais) sãovias que garantem uma participaçãoorganizada no tratamento dasquestões e reforçam a compreensãoe a estabilidade política.»«...O combate à fome e a à pobrezaé uma prioridade de primeiralinha...»Estas suas palavras ecoaram emnós como novos tempos de mudançaem que teríamos um novoGoverno eleito por nós e para nós.No entanto, para a maioria de nóscontinua a ser a mesma miragemdo passado. As nossas preocupaçõessão ignoradas. Será que épedir de mais aos nossos decisorespara que connosco conver<strong>sem</strong>conforme vossa sábia orientação?O que nós mais queremos é odesenvolvimento genuíno dasnossas terras. Em vez do retrocessoqueremos emprego, habitaçãocondigna, desenvolvimento económico,escolas, hospitais.Excelência,Hoje que celebramos mais umdia de África, dia que simboliza aconsolidação da vontade expressapor alguns dos melhores filhos docontinente, convém relembrar osenormes sacrifícios consentidospor Angola e por muitos de nóspara alcançar os frutos da Paz.Lembramo-nos de Abdel Nasser,Kwame Nkrumah, Julius Nyerere,Ben Bella, Patrice Lumumba,Amílcar Cabral e todos outrosanónimos que muito se baterampara dignificar os nossos povos.Em Angola também tivemos osnossos heróis e o Bengo, como outroslugares, viu nascer alguns dosseus melhores filhos (José Mendesde Carvalho «Hoji-Ya-Henda»,Deolinda Rodrigues, AgostinhoNeto, Paiva Domingos da Silva,Neves Bendinha, e outros já falecidospara não mencionar os poucosque ainda se encontram emvida) que tudo fizeram para darcontinuidade ao propósito máximoalmejado pelos nossos povosdurante séculos. Será que estesnão merecem paz e sossego? OuSerá que os interesses económicosdevem sobrepor-se aos ideaismais nobres de qualquer nação(Terra, Cultura)?Por vezes, ficamos com a sensaçãoque alguns membros auxiliaresdo seu executivo não nutremo mínimo de respeito nem consideraçãopelos povos desta terra epretendem infringir a última humilhaçãoretirando-lhes a terra.Os argumentos avançados poralguns auto-proclamados «experts»do Executivo em defesada anexação de partes do actualterritório da província do Bengoa Luanda, não faz o menor sentido.Como é do conhecimentode muitos de nós não «experts»mas experimentados com as décadasde «auto-didactismo», umdos problemas da urbanizaçãodesorganizada da Província deLuanda tem que ver com a faltagestão parcimoniosa e racionaldos recursos existentes. Fala-seconstantemente na necessidadede descentralização e desconcentraçãodas decisões ao nível dopaís, contudo esta medida apenasvirá agravar os desafios já existentesna gestão urbana da provínciade Luanda.O pouco que conheço de outrasgrandes cidades, como a cidadede São Paulo no Brasil, o númerode municipalidades, na maiorparte dos casos tem aumentadopara melhor servir os interessesdos seus munícipes.Temos na memória a presençaem Angola do antigo Chefede Estado brasileiro (FernandoHenrique Cardoso), quando dissertavana Escola Nacional de Administração(ENAD) sobre estastemáticas em Junho transacto echamava atenção aos decisores ànecessidade de dialogar mais comas comunidades para que o resultadodas suas acções possam serconduzidas de encontro com asnecessidades dos cidadãos.Sr. Presidente,Será que os Angolanos quevivem fora de Luanda tambémnão podem beneficiar de infraestruturasde referência como umnovo Aeroporto, um novo PortoComercial? Será que nós não nospodemos beneficiar de receitasfiscais e parafiscais de empreendimentoscomo o da Coca-Colaou da exploração de inertes?São muitas as perguntas quecontinuam <strong>sem</strong> respostas dequem de direito.Bem haja a terra que viu nascerestes ilustres filhos do Bengo.Manuel Paulo Mendes de CarvalhoPacavira(Tenente General na Reserva)Icolo e Bengo, 25 de Maio de2010

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