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Semanário Angolense 369 edição (sem password)

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Sábado, 29 de Maio de 2010. 17OpiniãoDemocracia, Comunicação e Cidadania (II)- A Mídia de Massa e a Nova Arquitectura SocialOs últimos tempos foramférteis em assuntosligados ao tripéque dá título a esteartigo: Democracia, Comunicaçãoe Cidadania. Vejamosalguns destes assuntos que ‹‹esquentaram››a nossa praça públicanos últimos dias: o Governoveio a público dar conta dasua acção nos primeiros 100 diasde governação e, deixou no ar apromessa de tornar mais regularesestes encontros; Manuel RuiMonteiro trouxe para nossa reflexãoo pertinente artigo com otítulo ‹‹Poder e Comunicação››;o Conselho de Comunicação Social(CNCS) deu provimento aqueixas apresentadas pela UNI-TA contra o Jornal de Angola(JA) e pela ONG OMUNGA,contra a Emissora Provincialda RNA em Benguela; o CNCStambém deu provimento à queixaapresentada pela AssociaçãoCultural Chá de Caxinde contrao Jornal de Angola; na seqüência,José Ribeiro, Director doJA e Arlindo Jaques dos Santos,presidente da Associação Chá deCaxinde, trocaram alguns bonsmimos; e, por último, FilomenoManaças e Wilson Dadá, doisconceituados jornalistas da nossapraça, entabularam nos ‹‹mídia››uma interessante discussãosobre jornalismo independenteque, pela profundidade dos argumentosdeveria ser objectode estudo dos nossos estudantesde comunicação social. Estão deparabéns os dois pelo debate.Creio, no entanto, que não deveser debitada ao acaso a emergênciamúltipla destes assuntos, ouseja, não devem ser vistos comocasos isolados, mas, antes entrecruzadose conectados e, muitoprovavelmente, o descortinardestas conexões, permitiria obterum claro entendimento docontexto real em que estes assunto<strong>sem</strong>ergiram. É pensandoassim que decidi partilhar comos leitores do SA esta singelareflexão na esperança de quepossa ser uma lanterna entre asmuitas necessárias para o entendimentoque se faz necessário.Parece-me, pois, que as incongruências que matizam hoje anossa comunicação social decorrem antes demais, da incapacidadede entendermos as mudanças perceptíveis no nosso tecidosocial que evoluem inexoravelmente para uma arquitecturareticular e plural.Em meu entender estes assuntossó são relevantes porque teimosamentese procura manterum paradigma de comunicaçãoabsolutamente deslocado, descontextualizado,ultrapassado e,por isso mesmo, anacrônico. Ovelho paradigma Guttembergianoda emissão-recepção, via <strong>sem</strong>ruídos, unidireccional e verticalque reserva ao receptor umpapel meramente passivo e aoemissor o direito de manipular ainformação a seu bel-prazer, queteve na propaganda da 2ª guerraa sua máxima expressão, já nãofunciona mais. Não funcionaporque é incompatível com sociedadescada vez mais pluraise de crescente complexidade,com categorias de identificaçãosocial múltiplas e superpostasque demandam informação personalizadae o direito de co-autoria,co-criação da informação.Assiste-se, claramente, a passagemdo esquema de organizaçãosocial piramidal para a tendênciareticular, segmentada e numcontexto assim configurado amídia de massa tem que necessariamentese reconfigurar paraatender os diferentes segmentos,mais exigentes e diversificadosque elaboram cognitivamentede forma variada os conteúdosinformacionais. Atender estasdemandas tão diversas pressupõeinteracção com os segmentosdiversificados o que querdizer uma aproximação maiorentre emissor e receptor. Porisso no novo contexto social quese desenha não há lugar parauma mídia encapsulada na lógicada distribuição de conteúdosde informação, unilateralmenteelaborados pelo emissor, massim, aquela que se estrutura nainformação dialógica, partilhadae negociada entre emissor ereceptor, ou seja, assente numalógica verdadeiramente comunicacional.A mídia dos novostempos tem que ser maleável,flexível, plástica, plural e, sobretudoracional. Há, pois, umnovo paradigma de comunicaçãoque decorre do novo desenhosocial reticular e que, aomesmo tempo, alimenta recursivamenteo reticulado social. Éa sociedade da informação. Deonde ela emerge?A emergência da sociedade deinformação deve ser vista comoresultado de uma ‹‹conjunçãocomplexa›› que envolve factoresde ordem social, de mercado etecnológica em permanente realimentação.Do ponto de vistahistórico e de mercado, os estudiososda contemporaneidade,da sociedade pós-industrialcomo Daniel Bell, reconhecema emergência da sociedade dainformação na terceira revolução,caracterizada pela explosãodo sector de serviços e de profissõesliberais que passam adominar a atividade produtiva.Aqui a informação, o conhecimentoe a comunicação geradostornam-se os recursos estratégicose os agentes transformadoresda sociedade. Diante de umfluxo crescente de informação edemandas cada vez maiores emcomunicação a tecnologia geraprodutos adaptados e, ao mesmotempo em que a tecnologiase impõe ao usuário, este realizaa inscrição do social na técnicafruto do tratamento cultural doinstrumento e, enfim, da interseçãode racionalidades. O resultadoóbvio é a composição deum verdadeiro mercado de informação,de comunicação, tidopor muitos como o verdadeirosector quaternário. Do ponto devista social, os estudiosos comoJean-François Lyotard encontramgrande dissonância entre amodernidade e a pós-modernidadeestando aquela dominadapor doutrinas totalizantes querseja a funcionalista, (unicista)ou marxista (dualista) quetendem a homogeinização e aotratamento da sociedade comomassa. Na pós-modernidade,segundo os estudiosos, predominamconcepções ‹‹presenteístas››(que valorizam o presenteem detrimento do futuro) e aheterogeneidade em oposição àhomogeneidade. A heterogeneidadetraz como valor privilegiadoa diferença. Assiste-se assima ampliação da segmentaçãosocial em expressões políticas,culturais, raciais, sexuais, consumistase religiosas conflitivase/ou associativas, isto é, umasociedade mais plural. Numasociedade assim desenhada asclivagens sociais não se esgotamna velha luta de classes (patrão/empregado), tal como delineadaspor Marx, mas, se estendema uma multiplicidade de interessese categorias de identificaçãosocial que só a democracia comseu ideal de tolerância e nãoviolência,pode acomodar. Aacomodação impõe o diálogo, acomunicação, entendida como apermuta de informação entre osdiversos interesses e segmentosque se dispõe assim não mais demaneira vertical, hierarquizada,mas sim, numa nova disposiçãoem rede. Diante deste quadro amídia de massa (impressa, rádioe TV) tem que necessariamenteencontrar um novo modelo deaproximação e abordagem, omais diversificado possível e variadona perspectiva plástica. Sóassim ela pode prestar serviço àdemocracia com todo o sentidode justiça e igualdade que elaencerra.Parece-me, pois, que as incongruênciasque matizam hojea nossa comunicação socialdecorrem antes demais, da incapacidadede entendermos asmudanças perceptíveis no nossotecido social que evolueminexoravelmente para uma arquitecturareticular e plural. Onutriente dessas redes não podeser outro que não a comunicação.Tal como a electricidadealimenta as redes eléctricas,permitindo o funcionamentode diversos sistemas, as redessociais se alimentam de comunicação,mas, ao contrário daelectricidade que pode apenasser distribuída a partir de umponto de geração, a informaçãoque alimenta as redes sociaisdeve ser partilhada, numa lógicacomunicacional, dialógica e,só assim, os diferentes nós queconstituem a rede explicitamos seus estilos e se manifestam,compondo um mosaico socialque, assente na tolerância e nãoviolência,encontra na paz e justiçasocial a sua realização. Asnovas tecnologias de informaçãovêm assumir papel preponderantena tecelagem deste novotecido social. Por isso no próximoartigo me proponho discutira articulação entre este novo sociale a cibercultura. ■Referências:ALDÉ, Alessandra, A Construçãoda Política – Democracia,Cidadania e Meios de Comunicaçãode MassaSILVA, Marco, Sala de AulaInterativaBOBBIO, Norberto, O Futuroda DemocraciaLIMA, Venício A., A Mídianas Eleições de 2006 (Brasil)

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