42 Sábado, 29 de Maio de 2010.DesportoFoi o mais baixo desde os anos 60Número de angolanos nas Ligas portuguesas«dizem» bem da qualidade dos nossos jogadoresSilva CandemboHá duas <strong>sem</strong>anas terminoua temporada futebolistaem Portugal,durante muito tempoo «eldorado» dos jogadores angolanosque pretendes<strong>sem</strong> emigrarpara outras paragens, algo queacontece ainda desde o tempo daProvíncia de Angola. A época lusaora finda revelou indicadores preocupantespara o futebol do nossopaís, na medida em que aquelepedaço de chão representava aesperança para os poucos que sedestacas<strong>sem</strong> entre nós continuaremas respectivas carreiras a umnível já mais avançado, competitivamentefalando.Ao contrário do que aconteciaem tempos idos, o número de angolanosnas duas principais Ligasde Portugal era razoavelmentebom. De tal sorte que o nosso paísjá chegou a ter durante uns bonsanos a maior «legião estrangeira»dessas duas provas, depois,naturalmente, da representaçãobrasileira, que é a maior em quasetodos os campeonato do Mundo.Por isso, os nossos «portugueses»,maioritariamente dos escalõesDJALMA CAMPOS foi dos poucos que esteve bem na última época lusasecundários, dominavam numericamentea selecção de Angolaem termos de representatividade.No «onze» nacional chegou inclusivamentea ter jogadores de clubesdesconhecidos da maioria dosangolanos como os Caçadores dasTaipas ou o Anadia FC.Há uns para cá, porém, o númerotem baixado substancialmentee na época terminada nopassado dia 16, foi o mais baixode <strong>sem</strong>pre, inferior inclusivamenteaos tempos do monolitismoem Angola, quando o regime nãopermitia que ninguém jogasse noestrangeiro. Mais do que o exíguonúmero de angolanos nas duasprincipais Ligas portuguesas, oproblema é que praticamente nãohouve destaque nenhum, sendoque os melhores estiveram só umpouco acima da média se comparadoscom todos os outros jogadoresdessas competições.Além disso, houve inclusivamentejogadores que sequer jogaramdurante toda a temporada,sendo o caso mais flagrante ode Pedro Mantorras, «herói» dacampanha que deu ao Benfica deLisboa o título português de 2005,quando foi o melhor marcador daequipa. Os outros são o lateraldireito Marco Airosa, do Nacionalda madeira, ele que esteve noCAN de 2008 e no «Mundial» de2006 com as cores da selecçãonacional, Stélvio Cruz e SantanaCarlos. Estes dois últimos afivelaramas malas e retornaram aAngola.Santana Carlos voltou à casaantes ainda do início da temporadalusa – não conseguiu imporseno Guimarães –, ao passo queStélvio Cruz regressou na reaberturado mercado, mais ou menosno meio da época. Estes dois casosdos «regressados» não deixam deser preocupantes, principalmenteo de Stélvio Cruz que já passoupelo Sporting de Braga, visto queambos os jogadores são relativamentejovens e podiam tentar osucesso noutros emblemas portuguesesou fora da lusa pátria. Mas,ao regressarem, fica a impressãoque não terão demonstrado valorbastante para actuar em Ligasbem mais competitivas do que aangolana que acabou sendo umaespécie de «bóia de salvação».Os pouquíssimos destaquesangolanos nos dois principaiscampeonatos portugueses foramEdson SilvaNome a reterEdson Silva é um nomeque pouquíssimos angolanosconhecem porrazões óbvias. Primeiroporque ele é jovem e depoisporque não joga em nenhumaequipa sénior de Portugal. Masé alguém que pode ser tido emconta para a selecção nacional,já que tem demonstrado grandeevolução.Defesa central do Benfica deLisboa na categoria de juniores,este jovem nascido em Luandahá 17 anos, mais precisamentea 10 de Setembro de 1992, já representoua selecção portuguesade juniores (Sub-19 A).Chegado ao Benfica em 2006,ele pode representar a selecção deAngola se assim o entender, poisas regras da FIFA permitem issomesmo. Para tanto ele não deverájogar na selecção AA de Portugal.Três abalaram e dois não jogaramQuem foi quem nas Ligas portuguesasQuando começou a temporada ora finda em Portugal, estavam inscritos 10 jogadores – o mais baixo desde os anos 60 – estavam inscritos 10angolanos nas duas principais Ligas lusas, sendo sete na primeira e três na segunda. Mas no final de contas, quatro abalaram para outros campeonatose dos seis que permaneceram, dois não jogaram. Segue a lista dos que começaram a época:Nome Idade Posição Clube Divisão Jogos MinutosMantorras 28 Avançado SL Benfica I 0 0Djalma Campos 23 Avançado Marítimo SC I 28 2066Mateus Galiano 25 Avançado CD Nacional I 12 528Marcos Airosa 25 Defesa CD Nacional I 0 0Carlos Fernandes 30 Guarda-redes Rio Ave FC I 28 2431Santana Carlos 26 Avançado SC Guimarães I 0 0Stélvio Cruz 21 Médio U. Leiria I 0 0Hernâni 30 Defesa Sta. Clara II 12 998Capucho 23 Avançado GD Chaves II 12 590Valdinho 20 Avançado Freamunde II 0 0
Sábado, 29 de Maio de 2010. 43Desportoo guarda-redes Carlos Fernandes(Rio Ave) e o atacante DjalmaCampos (Marítimo da Madeira).Estes jogaram com grande regularidadee estiveram em quasetodos os principais momentosdas respectivas equipas, chegandomesmo a brilhar em muitosdesafios. Geralmente muito utilizadoantes, Mateus Galianonão o foi na temporada finda porconta de usa lesão que inclusivamenteo tirou da fase final doCAN’2010.Feitas as contas, apenas sete angolanosestiveram inscritos na IDivisão portuguesa, denominadaLiga Sagres, sendo que quatro delesjamais foram utilizados tantono campeonato como na Taça dePortugal. Na II Divisão, tambémconhecida por Liga Vitalis, quejá foi um grande «fornecedor» daselecção nacional, estavam inscritossomente três. Contudo, doisacabaram emprestados (ler caixa),com um a perder-se nos escalõesterciário de Portugal e outroa vir para o InterClube de Angola.O único que competiu aqui foiHernâni, ele que foi ensaiado naposição de lateral direito por ManuelJosé mas não esteve entre os23 que participaram na fase finaldo CAN’2010.Por mais curioso que possaparecer, a «salvação» da honraangolana nos campeonatos portuguesesesteve no «banco». Ouseja, estiveram em bom planodois treinadores angolanos. Trata-sede Lito Vidigal, que durantegrande parte da época orientoua União de Leiria, da I Divisão,depois de ter deixado o Portimonense,do escalão secundário. Ooutro é Lázaro Oliveira, técnicodo Penafiel, onde substituiu quaseno início da temporada o portuguêsBruno Cardoso.Lito Vidigal, 40 anos, fez umbelíssimo trabalho, ocupando onono lugar da Liga Sagres, comuma equipa praticamente <strong>sem</strong>«estrelas». Foi por pouco que nãoconseguiu um lugar na Liga Europa,o equivalente europeu daTaça da Confederação em África.Por seu turno, lutando com dificuldadesde toda a ordem, LázaroOliveira assegurou muito cedo apermanência do Portimonense,ficando na sétima posição da LigaVitalis. Em cada uma das competiçõesparticiparam 16 formações.Como se sabe, ambos (principalmenteLito Vidigal) foramdurante largos anos jogadoresda selecção nacional de futebol,tendo participado na fase finaldo CAN’98, no Burkina-Faso.Os dois já fizeram dupla técnicado Estrela da Amadora há algunsanos e quando Justino Fernandese pares procuravam técnico paraas «Palancas Negras», estranhamentenunca foram tido em conta,eles que conhecem muito bemo futebol angolano, com o qualmuito se identificam por razõesóbvias. ■Os que saíram de PortugalDe cavalo para burro...Além do abaixamento do número de angolanos em Ligaseuropeias, o futebol angolano da actualidade, cujaexpressão concentrada é a selecção nacional, houve umoutro problema igualmente preocupado. A saída de jogadoresseleccionáveis para campeonatos bem menos competitivo doque os deixados para trás.Assim, além dos casos de Stélvio e Capucho, saídos de Portugalpara o «Girabola», bem como o de Kali, saído do Arles-Avignon(França), há ainda o de Zé Kalanga, que deixou o Dínamo de Bucarestepara vestir a camisola do Recreativo do Libolo.Por outro lado, é de assinalar a saída de duas «palancas» da I Divisãolusa para campeonatos mais fracos. São designadamente EdsonNobre, que foi ao Chipre representar o Achnas e antes de terminara temporada veio para o Recreativo do Libolo. O outro é Dedé, quedecidiu-se pela Liga da Roménia, onde representa o Poli Timisoara.Em termos práticos, ninguém deu um salto qualitativo nas mudançafeitas na temporada ora finda na Europa. Isto é caso para dizermosque quase todos saíram de cavalo para burro, passe a rudezada expressão neste caso concreto. ■Quase ninguém...No Benfica de LisboaQuem temos (mais) na Europa?Como referimos, Portugal <strong>sem</strong>pre foi o «eldorado» dos futebolistas angolanos. Várias razões, sobretudo deordem cultural ditaram a tendência. Nem mesmo em França, que tem a maior legião mundial de jogadoresafricanos os angolanos conseguiram lá chegar em número considerável. Doutros países do chamado velhocontinente... nem pensar. Eis, entretanto, a curtíssima relação de angolanos noutros países da Europa quenão Portugal:Nome Idade Clube DivisãoLuís Delgado 30 Guingamp (França) FaseDominique Kivuvu 22 NEC (Holanda) PrimeiraDedé 28 Timisoara (Roménia) PrimeiraTiti Buengo 30 Châteauxroux (França) PrimeiraManucho desceu com o ValladolidAngola <strong>sem</strong> representanteem nenhuma grande LigaÉ o fim da picadapara Mantorras...Um dos jogadores mais acarinhados pelos adeptos e massaassociativa do Benfica de Lisboa, Pedro Mantorras estápraticamente com os dois pés fora da Luz, pois o técnicoJorge Jesus não conta com ele para a próxima temporada,altura precisamente em que vence o seu contrato.O avançado, de 28 anos, foi submetido a duas intervenções cirúrgicas(uma delas mal feita) ao joelho direito, que o condicionaramgrandemente e, ainda assim, foi o «jogador talismã» do Benficacampeão em 2005, tendo sido o melhor marcador da equipa.Se quiser continuar a jogar, Mantorras que se transferiu do AlvercaFC para o Benfica em 2001, ano em que foi campeão africanode juniores, terá de ir para outro clube, apesar de o presidente LuísFilipe Vieira ter dito que só sairia se quisesse em resposta ao angolanoque tinha manifestado o ano passado interesse em continuarde águia ao peito.Mantorras, que sequer apareceu nos festejos do título benfiquistadeste ano, tem de ser submetido a trabalho específico caso decidacontinuar a jogar, mesmo fora do Benfica, onde a versão oficial é queo jogador foi dispensado para tratar de assuntos pessoais. ■É consabido que as grandes selecções a sul doSahara só o são porque fazem recurso aos seus jogadoresque actuam nas principais Ligas da Europa.Angola, bem ou mal também tinha lá os seus jogadores,embora muito poucos lograram passar peloscinco campeonatos mais competitivos do chamadovelho continente, designadamente os da Espanha,Inglaterra, Itália, Alemanha e França.Com todos a generalidade dos campeonatos europeusjá terminados, o balanço para os jogadoresangolanos é francamente mau. Por exemplo, Manucho,o único que actuava numa das mais importantesligas da Europa acabou por descer de divisão como seu Valladolid. E pelos visto, dada a sua prestaçãoapenas mediana, muito dificilmente sairá para umclube da I Divisão.Freguês da selecção nacional nos últimos quatroanos – esteve no «Mundial’2006» e nos CAN’s de2008, e 2010 – Rui Marques acaba de ser dispensadodo Leeds United, da Inglaterra, que este ano subiu daIII para a II Divisão do futebol daquele pais europeu.Aos 37 anos de idade e praticamente já <strong>sem</strong> elasticidadenenhuma, o polivalente jogador já não encantao técnico, sendo muito provável que vá pôr termoa sua carreira ou... regressar a Angola como está aacontecer com muitos atletas já entrados na idade.PELO menos no Benfica Mantorras não fica
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