I I – D E L I M I T A Ç Ã O EI N T E R F A C E S D A Á R E AA área de Agropecuária é um centro dinâmico de atividades denominadas de agronegócio.Este segmento envolve atividades de produção agrícola propriamente dita (lavoura, pecuária e extraçãovegetal). É a soma total das operações de produção agrícola e armazenamento, processamentoe distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos. Dessa forma, o agronegócio engloba osfornecedores de bens e serviços à agropecuária, os produtos agrícolas, os processadores, transformadorese distribuidores envolvidos na geração e fluxo dos produtos agropecuários, até o consumidorfinal.Participam também deste complexo os agentes que afetam e coordenam o fluxo dos produtos,tais como o governo, os mercados, as entidades representativas de patrões e empregados, financeirasde serviços e instituições de formação de mão-de-obra.Nesse sentido, é elementar que as ações implementadas para elevar o setor a um patamar decompetitividade em condições de igualdade com as nações desenvolvidas devem ter como eixo deorientação o conceito de cadeia produtiva, sem o qual é impossível avançar na economia globalizada.No plano conceitual, cadeia produtiva é um recorte dentro do complexo agroindustrial, noqual se privilegiam as relações entre agropecuária, indústria de transformação e distribuição. Temcomo foco um produto definido.Ela é normalmente representada por um fluxograma, no qual estão mostrados os agentes esuas inter-relações. O elo principal deste processo é o produtor rural, porque dele depende o sucessodos produtores de insumos e das agroindústrias. 1Em sua trajetória histórica, desde a antigüidade até a globalização dos mercados decorrenteda internacionalização das economias, as práticas agropecuárias vêm passando por diversas transformações,um processo evolutivo, fundado numa relação direta com a educação geral, valendo-sede suas linguagens e códigos, através dos quais se constrói o domínio da leitura, da comunicaçãoverbal, do cálculo, da estatística, e se desenvolve o censo crítico, interpretativo e analítico. É a basesobre a qual se constroem os conhecimentos elementares das ciências naturais e das ciências sociais.(1)SEAPRO (Secretaria do Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Metodologia e Síntese. Vol. 1. Belo Horizonte, maio de1995. 9
A necessidade contínua de o homem transformar e adequar a natureza às suas necessidadesrequer das ciências naturais o conhecimento metódico e sistemático das leis que regem os fenômenosnaturais, bem como para a plena utilização dos instrumentos gerados pelas inovações tecnológicas.A ciência social é um outro componente curricular da escola básica, que permite elaborar umconhecimento acerca da organização e estrutura social, da sociografia dos grupos, da sociodinâmicacultural, dos pressupostos da ética, dos direitos e deveres do cidadão, e do reconhecimento dasinstituições sociais e os papéis assumidos pelos homens em seu processo histórico.O domínio desses componentes básicos da educação geral, na qual encontra as bases científicase instrumentais, propicia a construção de competências geradas pelas bases tecnológicas. Permitea apropriação e a sistematização de um saber não apenas teórico, mas também prático, sobreo modo de como o saber se articula com o processo produtivo. 2Portanto, sob a ótica em que vislumbramos a dinâmica produtiva da área de Agropecuáriapodem ocorrer as mais diversas interações e em diferentes níveis entre esse setor e as demais áreasenvolvidas no agronegócio. Pela própria natureza do processo produtivo agropecuário pode haverinterações com as áreas da indústria, serviços, comércio, meio ambiente, saúde, turismo e hotelaria,química, geomática, gestão, finanças, informática, estatística etc. O mundo do trabalho vive umprocesso de constantes inovações tecnológicas, organizacionais e gerenciais. Novas interfaces podemsurgir e algumas já estabelecidas podem se tornar obsoletas, o que bem caracteriza o modelo deprocesso.As delimitações das áreas de produção vegetal, animal e agroindustrial que estão contempladasnos documentos que definirão os Referenciais Curriculares Nacionais poderão possuir móduloscomuns, os quais poderão ser cursados em uma mesma unidade escolar ou em mais de uma, integradaspor acordo ou parcerias.Nesse contexto, deve-se também enfatizar a importância da contribuição do ensino médio àeducação profissional. “A educação profissional será desenvolvida em articulação com o ensinoregular, ou por estratégias de educação continuada.” O parecer nº <strong>16</strong>/99 do CNE/CEB esclarece talartigo a partir da interpretação que se segue: “O termo articulação, empregado no artigo 40 daLDB, indica mais que complementaridade: implica intercomplementaridade mantendo-se a identidadede ambos; propõe uma região comum, uma comunhão de finalidades, uma ação planejada ecombinada entre o ensino médio e o ensino técnico”.A articulação indicada será efetiva quando nas ciências da natureza se der destaque a física,à biologia e química, pois é notório que o conhecimento satisfatório das mesmas levará a um enten-10(2)DEMERVAL, Saviani. Repensando a relação trabalho-escola. In: Debate, Pontifícia Universidade Católica. São Paulo: Mimeo,1996.