O <strong>Espiritismo</strong> e <strong>os</strong> Problemas Human<strong>os</strong><strong>Deolindo</strong> AmorimPENSE - Pensamento Social Espíritawww.viasant<strong>os</strong>.com/penseVIIIA MÁQUINA E A FÉÇuando tratam<strong>os</strong> das relações do <strong>Espiritismo</strong>com <strong>os</strong> <strong>problemas</strong> human<strong>os</strong>, semperder a noção do lugar o d<strong>os</strong> assunt<strong>os</strong>, não vem<strong>os</strong> tais <strong>problemas</strong>pelo prisma exclusivo das necessidades materiais~ uma vez que o serhumano, dentro da concepção espírita, é muito mais do que umindivíduo, é uma pessoa, e pessoa pressupõe a projeção de umarealidade que ultrapassa a dimensão físico-social. Poderíam<strong>os</strong> figurar,aqui, a representação ascensional do homem através de uma pirâmide:ciência-fil<strong>os</strong>ofia-moral-arte. Partindo de baixo, isto é, da base dapirâmide, teríam<strong>os</strong> a ciência, que se atém ao fato mediúnico; emseguida, viria a fil<strong>os</strong>ofia, que especula sobre as causas, a origem últimado fenômeno; a moral, por sua vez, isto é, a moral do foro íntimo, nãoa moral variável d<strong>os</strong> c<strong>os</strong>tumes, indicaria o que devem<strong>os</strong> fazer dasaquisições científicas e fil<strong>os</strong>óficas; a arte, que seria o vértice-101-
O <strong>Espiritismo</strong> e <strong>os</strong> Problemas Human<strong>os</strong><strong>Deolindo</strong> AmorimPENSE - Pensamento Social Espíritawww.viasant<strong>os</strong>.com/penseda pirâmide, corresponderia à realização integral. Não se trata deprodução artística específica - pintura, escultura, decoração etc. -,mas de arte na acepção implícita de livre realização do homem em simesmo, independentemente de regras, códig<strong>os</strong> ou padrões. Já dissealguém, e com muita felicidade, que "a arte é a síntese suprema davida''.Simultaneamente, no sentido de artes em geral, o <strong>Espiritismo</strong>também abrange as áreas da criação artística, cujo aprimoramentomanifesta o teor de espiritualidade do homem. Em suma, a DoutrinaEspírita propugna a espiritualização das artes. Tem<strong>os</strong> aí, sem dúvida, anoção de universalidade do <strong>Espiritismo</strong>, pois é uma Doutrina que n<strong>os</strong>oferece lentes capazes de situar e compreender <strong>os</strong> fenômen<strong>os</strong> sócioculturaisno tempo e no espaço. Justamente por isso, de quando emquando se n<strong>os</strong> deparam reflexões e prop<strong>os</strong>ições espíritas aparentementefora de lugar, porque se imiscuem, por exemplo, em <strong>problemas</strong> denatureza econômica, política, religi<strong>os</strong>a, e assim por diante. Aparentemente,nada teria a Doutrina Espírita que dizer, por exemplo, sobre<strong>problemas</strong> .como distribuição de riqueza, inflação, política trabalhistaetc., uma vez que cumpre-ao <strong>Espiritismo</strong> cuidar essencialmente davida extraterrena e, portanto, da parte espiritual do ser humano. Este,realmente, é o aspecto fundamental. Mas a Doutrina Espírita não é um"breviário" nem uma tábua de prescrições e regras de fé. Em seuconjunto, inteiramente homogéneo. a Doutrina é um corpo de princípi<strong>os</strong>abrangentes, uma vez que engloba todas as p<strong>os</strong>ições do serhumano em relação ao mundo terreno e ao mundo espiritual.Que é a criatura humana, segundo a concepção espírita? É umespírito encarnado, seja em missão, seja em prova. Se o espírito estáem experiência terrena, envolvido nas contingências da condiçãohumana, naturalmente necessita da vida social, no que, aliás, a DoutrinaEspírita é claríssima, pois ninguém progride afastado de tudo e detod<strong>os</strong>. A vida de eremita não combina com a índole de uma doutrinacomo o <strong>Espiritismo</strong>. Então, o fato de serm<strong>os</strong> espíritas não n<strong>os</strong> isentade participação e responsabilidade na vida social. Claro que nãocaberia à Doutrina Espírita sugerir plan<strong>os</strong> de governo ou traçar rum<strong>os</strong>de política econômica, o que seria verdadeira transp<strong>os</strong>ição de seusreais objetiv<strong>os</strong>. Entretanto, a Doutrina não se omite no que dizrespeito a<strong>os</strong> fenômen<strong>os</strong> sociais e às transições hístóricas, precisamentepor causa do homem, que está no palco d<strong>os</strong> aconteciment<strong>os</strong>. E o quepropõe a Doutrina Espírita neste sentido? Precisamente uma educaçãomaisprofunda, uma educação que oriente o homem para convivercom as mudanças e com <strong>os</strong> fenômen<strong>os</strong> que o desafiam, sem sedesgarrar do caminho seguro, sem abandonar <strong>os</strong> valores étic<strong>os</strong> de suaformação.-102-