12.07.2015 Views

QUARTA REGIÃO - Tribunal Regional Federal da 4ª Região

QUARTA REGIÃO - Tribunal Regional Federal da 4ª Região

QUARTA REGIÃO - Tribunal Regional Federal da 4ª Região

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

A água tem sido denomina<strong>da</strong> o petróleo do século XXI. Esquemasfantásticos têm sido propostos, e inclusive provados, para levar águaàs áreas que sofrem de stress ou escassez. As perguntas legais quesurgem desses esquemas são muitas, difíceis e importantes. Porém umapergunta fun<strong>da</strong>mental que terá que ser abor<strong>da</strong><strong>da</strong> enquanto os recursosaqüíferos continuarem diminuindo é: quem é o “proprietário” <strong>da</strong> água emconstante movimento no ciclo hidrológico? Não seria um recurso de “usocomum” que deveria ser compartilhado eqüitativamente pela comuni<strong>da</strong>deinternacional? Mais concretamente, um iceberg localizado no mar entreos limites de jurisdições internacionais é res nullius, razão pela qual ésujeito à apropriação? Ou seria res communis, sujeito à concessão pelacomuni<strong>da</strong>de internacional? A revista Time, em seu número de agosto de2001, fala de empresários que desejam transportar tais icebergs, ou deempresas brokers para a intermediação de compra-ven<strong>da</strong> de água embloco a nível internacional. Revisemos brevemente algumas situaçõesque impactam o comércio internacional de água em bloco.1. Canadá. Em 1998, uma empresa mediana, chama<strong>da</strong> Nova Group,obteve uma permissão <strong>da</strong> província de Ontário para exportar 600 milhõesde litros dos Grandes Lagos à Asia. Isto causou um intenso debate entreas comuni<strong>da</strong>des ambientalistas e comerciais no Canadá, e o escân<strong>da</strong>lopolítico obrigou a empresa a desistir <strong>da</strong> licença obti<strong>da</strong>, solicitando àsautori<strong>da</strong>des que proibissem também a exportação de água em bloco emto<strong>da</strong>s as províncias canadenses. E assim foi feito.To<strong>da</strong>via, uma empresa californiana havia solicitado igualmente aogoverno de Columbia Britânica uma permissão para exportar água embloco, a qual foi nega<strong>da</strong>. Esta negativa motivou a empresa Sun BeltWater Inc. a requerer aos governos Canadense e <strong>da</strong> Columbia Britânica100 milhões de dólares pelos supostos <strong>da</strong>nos causados ao negarem seupretendido direito a exportar água em bloco. A deman<strong>da</strong> instaurou-seno marco do Capítulo XI do Tratado de Livre Comércio <strong>da</strong> América doNorte.O Canadá teria ou não o direito soberano de proibir a remoção de águade seu estado natural para uso fora de seu leito? Não podemos nos esquecerque o Capítulo XI <strong>da</strong> TLCAN refere-se à proteção de inversões (a mesmavia que utilizou a empresa Metalclad para obter do governo mexicano46R. Trib. Reg. Fed. <strong>4ª</strong> Reg. Porto Alegre, a. 14, n. 49, p. 13-52, 2003

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!