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Correio nº 186 - APPOA

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temática.ta à pergunta de como se chega a ser psicanalista for burocrática, o cerne daexperiência do inconsciente se perde e, com ela, a psicanálise mesma.Lacan rompe com os standards firmados da análise didática para dizerque se uma análise é didática, o saberemos depois. Na ata de fundação daEscola Freudiana de Paris, ele diz: “O único princípio a ser proposto, principalmentepor ser desconhecido, é o de que a psicanálise se constituicomo didática pelo querer do sujeito, e ele deve ser advertido de que aanálise discutirá esse querer, na medida em que se aproxime do desejo queteme”.Uma nova abordagem da transferência, da análise didática e daespecificidade do desejo do analista são, a meu ver, os pontos com queLacan redimensiona totalmente o lugar da Instituição na Psicanálise.Esses conceitos levam a um princípio fundamental na questão da formação,enunciado na “Proposição de 9 de outubro de 1967”, que é o famoso:“O psicanalista só se autoriza por si mesmo!” É dito assim, simplesmente,sem mais nem menos, fazendo desabar todas as montagens burocráticase superegóicas, mas colocando também um problema imenso se forentendido pelo lado de uma conveniência ou de uma facilidade! Na suaconcisão, a frase é repetida por muitos e faz com que os mais consequentesse lancem a pensar o que a análise poderia produzir a esse “si mesmo”, quenão é, seguramente, o mesmo que veio buscá-la. Que transformação operaseaí que nada tem a ver com um querer egóico, ou com uma vontade, oudecisão do tipo “Decidi ser analista, vou montar um consultório!” Montar!... “Fulano está montando um consultório!” O que é montar? Diz o dicionárioque é reunir peças de um dispositivo, de modo que este possa funcionarou preencher o fim a que se destina. Pode-se pensar que é o oposto do“autorizar-se por si mesmo”, já que é o resultado de uma desmontagem —a das identificações imaginárias, a do fantasma — e não uma montagem,que afinal é justamente o motor da neurose.16.correio <strong>APPOA</strong> l dezembro 2009

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