CIRCULAÇÃO MONETÁRIA NA LUSITÂNIA DO SÉCULO III - Numismatas

299Redescobertas as suas ruínas na segunda metade do século XIX por Estácio da Veiga,Balsa tem sido vítima, nas últimas décadas, da bem conhecida incapacidade nacional dearticular a salvaguarda do património histórico com o desenvolvimento local, tendo-seperdido para sempre parte muito significativa daquela que deve ter sido, a seu tempo, umadas mais importantes e prósperas metrópoles da Lusitânia.No Museu Nacional de Arqueologia contabilizámos 731 moedas do período romano coma indicação de serem provenientes de Torre de Ares 20 , sem que tenha sido possívelacrescentar qualquer informação mais precisa. Farão parte do espólio das escavaçõesrealizadas nos inícios do século XX em que alegadamente se descobriu um tesouro commoedas de Cláudio II? O numerário do século III é aquele que aparece melhorrepresentado, com 262 moedas (35,84%), sobrepondo-se às cunhagens anteriores a 215(28,18%) e, o que não deixa de ser invulgar, às do século IV (34,75%) (cf. Quadro 1).Nº exemplares %ante 215 206 28,18Séc. II-III 2 0,27215-305 262 35,84Séc. IV 254 34,75Indeterm. 7 0,96Total 731 100,00Quadro 1Mais de dois terços do numerário do século III é constituído por moedas irregulares dasérie Divo Claudio (Quadro 2). O numerário cunhado para Cláudio II, em vida, e paraGalieno possui também alguma expressão no conjunto, ainda que pequena. É ainda derealçar a presença de um raro asse de Heliogábalo e de um bronze de Gordiano IIIcunhado em Balanea Leucas (Síria).20 Existem também notícias referindo o achado de moedas de romanas em Torre de Ares, incluíndo várias do século III,nomeadamente de Balbino (Cesário 2003 281, nº 132), Júlia Mamea, Gordiano, Herénia Etruscila e Maximiano(SANTOS 1971 260-261).