As Traduções Brasileiras do Prefácio de Oscar Wilde - Eutomia
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pela publicação da Lippincott’s na Inglaterra. O livro, com vinte capítulos, apresentavaligeiras mudanças em relação à história original e trazia também um prefácio escritopelo próprio autor. No entanto, este prefácio havia si<strong>do</strong> publica<strong>do</strong> primeiramente emmarço <strong>do</strong> mesmo ano pela Fortnightly Review com o título A preface to Dorian Gray. É<strong>de</strong>ste prefácio que tratamos aqui.2. O prefácio a Dorian GrayEm reação às primeiras críticas, o escritor irlandês escreveu uma série <strong>de</strong>aforismos que se propunham <strong>de</strong>screver o papel <strong>do</strong> artista, da arte e <strong>do</strong> crítico, etambém <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a exaltação da Beleza (Beauty), dizen<strong>do</strong> que a arte não é moral ouimoral, e sim contemplativa e, portanto, nas palavras <strong>do</strong> autor, inútil. Algunsaforismos consistiam claramente em respostas aos críticos que rejeitaram seuromance <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o momento da publicação, outros eram uma crítica à socieda<strong>de</strong> <strong>do</strong>século XIX.No entanto, o prefácio <strong>de</strong> Wil<strong>de</strong> não é meramente uma <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> seu romancee <strong>de</strong> suas personagens, também po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> uma <strong>de</strong>fesa da estética, emfavor da “arte pela arte”. Portanto, o prefácio <strong>de</strong> Wil<strong>de</strong> também po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>um prefácio-manifesto (GENETTE, 2009, p.202)Segun<strong>do</strong> Genette (2009, p.176), uma das funções <strong>do</strong> prefácio original éintroduzir o livro ao leitor e também direcionar sua leitura para o que o autorconsi<strong>de</strong>ra uma boa leitura. Então, no caso <strong>de</strong> Wil<strong>de</strong>, ao <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a arte em seuprefácio e retirar <strong>de</strong>la o peso da moralida<strong>de</strong>, ele conduz seu leitor a uma boa leitura,livre <strong>do</strong> julgamento moral da obra, restan<strong>do</strong> apenas a apreciação <strong>do</strong> romance comomanifestação artística.Contu<strong>do</strong>, o prefácio parece negar o conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong> romance, já que o he<strong>do</strong>nismoexacerba<strong>do</strong> presente nas poucas palavras <strong>do</strong> prefácio é contesta<strong>do</strong> na história <strong>do</strong>livro. O personagem <strong>de</strong> Dorian <strong>de</strong>dica sua vida ao prazer e à arte, mas no final nãoconsegue conviver com as consequências disso. Nas palavras <strong>de</strong> Wil<strong>de</strong>, “em suatentativa <strong>de</strong> matar a consciência, Dorian Gray mata a si mesmo.” (apud ELLMAN,1988, p.283).3