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A escrita diária de uma “viagem de instrução” *1 - Fundação Casa ...

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A <strong>escrita</strong> <strong>diária</strong> <strong>de</strong> <strong>uma</strong> <strong>“viagem</strong> <strong>de</strong> <strong>instrução”</strong>artigos principais que formão a base do produto do paiz”. Tambémnão <strong>de</strong>scuidou <strong>de</strong> “entr[ar] [em] tudo quanto p[o]<strong>de</strong> nos principios<strong>de</strong> economia tanto publica como particular <strong>de</strong> cada um dos ramos;procur[ou] saber os motivos e fins do governo em todas as operaçõesmercantis, no que ach[ou] bastante que apren<strong>de</strong>r principalmentena administração das Alfan<strong>de</strong>gas, direitos <strong>de</strong> importação e tonellada,e outros regulamentos da marinha mercantil, e rendas publicas;compil[ou] para isso todos os documento authenticos que [foi] possívelobter”. 51O documento intitulado “Copiador e registro das cartas <strong>de</strong> ofício”ratifica o caráter utilitário <strong>de</strong>ssa viagem, já comprovado nas“Instruções” e na “Memória”. Esse conjunto <strong>de</strong> cartas enviadas dosEstados Unidos a d. Rodrigo <strong>de</strong> Sousa Coutinho mostra tambémque Hipólito jamais per<strong>de</strong> <strong>de</strong> vista essa dimensão <strong>de</strong> sua viagem,adquirindo conhecimento e enviando memórias até mesmo sobreassuntos não especificados nas instruções. É o caso, por exemplo,dos búfalos, cuja utilida<strong>de</strong>, resultante da “combinação <strong>de</strong>ste animalcom vacas <strong>de</strong> Portugal”, estaria na “produ[ção] <strong>de</strong> <strong>uma</strong> raça fortíssimae s<strong>uma</strong>mente adaptada para os trabalhos da agricultura”. 52A ênfase sobre a natureza pragmática não é <strong>uma</strong> exclusivida<strong>de</strong>da pesquisa <strong>de</strong> Hipólito da Costa. Outras ativida<strong>de</strong>s científicas,realizadas por luso-brasileiros, em território nacional ou em terrasestrangeiras, a mando da Coroa portuguesa, também apresentavamesse mesmo caráter; traço já percebido e apontado por SérgioBuarque <strong>de</strong> Holanda. Em sua “Apresentação” ao conjunto das“obras econômicas” do bispo José Joaquim da Cunha <strong>de</strong> AzeredoCoutinho, assinala que elas se mostram “alheias freqüentemente àespeculação <strong>de</strong>sinteressada e raramente avessas a preocupações utilitaristas”.Sobre essa inclinação, prossegue o historiador, a obra dobispo seria exemplar e representativa da <strong>de</strong>voção dos portuguesesaos estudos sobre as “realida<strong>de</strong>s práticas” e “às próprias ciênciasaplicadas”. 53 O rápido comentário sobre essa “peculiarida<strong>de</strong> cultural”do luso-português, observado por Sérgio Buarque <strong>de</strong> Holanda,51Ibid., p. 352.52COSTA, Hipólito da. Copiadore registro das cartas <strong>de</strong> ofício, p.252.53HOLANDA, Sérgio Buarque <strong>de</strong>.Apresentação. In: COUTINHO,José Joaquim da Cunha Azeredo.Obras econômicas (1794-1804).São Paulo: Companhia EditoraNacional, 1966.29

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