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ESCRITOS69FACULDADE de Filosofia. In:RELAÇÃO geral do estado daUniversidade de Coimbra (1777).Coimbra: Por Ordem da Universidadede Coimbra, 1980. p. 99.70FACULDADE de Teologia. In:RELAÇÃO geral do estado daUniversidade de Coimbra (1777).Coimbra: Por Ordem da Universidadede Coimbra, 1980. p. 99.71CARTA Régia de 24 de janeirode 1771 apud BRAGA, Teófilo. Históriada Universidade de Coimbra,p. 719.Estados”. 69 Acrescenta, porém, o reitor que os fins reais e de grandeutilidade para o Estado só seriam alcançados se fossem empregados“em todos os Ramos da Administração Publica os que tivessemaprendido na Universidade [...] os Princípios e Regras” das referidasciências. 70 É, portanto, com a reforma pombalina do ensino superiorque se começa a perceber mais claramente a função adquiridapelas ciências na elaboração de novas estratégias administrativasportuguesas em relação à exploração econômica da natureza. Fatoque se concretiza por meio da organização e da execução de expediçõesoficiais às colônias ou ao estrangeiro, com o objetivo de trazero máximo de informações coletadas sobre os elementos da naturezados lugares visitados que pudessem ser úteis ao desenvolvimentoeconômico do império.Mas o currículo da Faculdade de Filosofia sofreria mais umamodificação em 1791, um ano antes do ingresso de Hipólito da Costanesse curso. Os traços humanísticos que ali se mantinham com oensino da filosofia racional foram definitivamente apagados com aretirada da lógica de seu currículo, e em seu lugar inseridas, para“os que freqüentam aproveitar-se com maior facilidade […], as cadeirasseguintes: uma de botânica e agricultura; outra de zoologia emineralogia; outra de física; e outra de química e metalurgia”. 71 Aentrada das ciências práticas ou das “artes”, como as definia o séculoXVIII, no currículo da Faculdade de Filosofia complementariaa formação acadêmica de Hipólito da Costa e o capacitaria, aindamais, para o cumprimento de uma missão oficial cujo caráter científicoatendia aos interesses políticos e econômicos da nova orientaçãoadministrativa colonial da Coroa portuguesa, como bem comprovaa análise que faço de alguns dos documentos deixados por ele de suaviagem aos Estados Unidos.Para uma reconstituição de sua formação intelectual, procurareiidentificar os interlocutores implícitos e explícitos que o acompanhamdurante todo o percurso da viagem. A leitura do Diário dáalgumas indicações que precisam ainda ser mais aprofundadas. Antesde começar a ler, observar e recolher material sobre os objetos de34
A escrita diária de uma “viagem de instrução”sua missão, Hipólito da Costa já detém um sólido conhecimento teórico,instrumental que orientará previamente o seu modo de olhare descrever os fatos que constituem o seu quadro de preocupações einteresses. O seu ponto de vista sobre o que despertará seu interessena viagem é informado por uma dupla orientação: as “Instruções” eo seu conhecimento da história natural.Além de estudar as disciplinas que compõem as chamadas ciênciasnaturais na Faculdade de Filosofia, ele dá algumas evidênciasno Diário de que acompanha a literatura especializada publicadanessa área. É o caso, por exemplo, do naturalista francês, GeorgesBuffon, 72 a cuja obra recorre, por exemplo, para justificar a sua incertezaquanto à constituição geológica de umas “carreiras de montanhas”de certa região americana. E mais especificamente do botânicoe viajante sueco Thunberg – e, em menor escala, de seu mestreLineu – que parece ter efetivamente desempenhado a função deinterlocutor e ter lhe fornecido um modelo de narrativa, pelo menosno que diz respeito ao modo de ver a organização administrativa,social e institucional dos lugares visitados, na medida em que o viajantesueco já sabe previamente o que reconhecer diante do desconhecido,como se pode depreender da referência que faz Hipólitode seus escritos que surgem, então, como espécie de modelo a serseguido:Tumberg [sic] nas suas viagens para descrever o Japão, traz:1º, natureza do clima, para o que lhes ajunta as observaçõestermométricas; 2º, descrição das figuras das pessoas; 3º, gênio,caráter e disposição da Nação; 4º, linguagem e homens;5º, vestidos; 6º, arquitetura. 7372COSTA, Hipólito José da. Diárioda minha viagem para Filadélfia,p. 208.73Ibid., p. 48.Esse quadro de questões teóricas mais amplo, de que já dispunhaHipólito da Costa, é ampliado quando, nos Estados Unidos, eledesenvolve seus conhecimentos sobre as ciências naturais, relacionadosespecificamente à flora e à fauna norte-americanas, entrandoem contato direto com indivíduos que, de uma forma ou de outra,desempenhavam função semelhante à que lhe tinha sido atribuí-35
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