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A escrita diária de uma “viagem de instrução” *1 - Fundação Casa ...

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A <strong>escrita</strong> <strong>diária</strong> <strong>de</strong> <strong>uma</strong> <strong>“viagem</strong> <strong>de</strong> <strong>instrução”</strong>sas, modo <strong>de</strong> manufaturar o açúcar que ela dá”. 27 A recorrência aesse tema em seu Diário da minha viagem para Filadélfia atesta o seuempenho em pesquisar tudo que estivesse relacionado às diversasespécies <strong>de</strong>ssa importante cultura e seus modos <strong>de</strong> produção. Nodia 25 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1799 <strong>de</strong>screve minuciosamente todas as etapasenvolvidas no processo <strong>de</strong> “manufaturar a seiva da árvore açucareira”.28 método retirado muito provavelmente da revista científicaMedical Repository, já que dias antes ele se refere a um outro artigolido sobre esse assunto no mesmo periódico. 29 Ainda em carta <strong>de</strong>24 <strong>de</strong> março do mesmo ano, dá conta da existência <strong>de</strong> <strong>uma</strong> “novaespécie <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar que foi trazida da ilha Otahito [...]. Estacana, que observ[ou] na estufa <strong>de</strong> Mr. Hamilton, é tão vantajosa queren<strong>de</strong> o duplo da outra [...] e [...] o açúcar [é] <strong>de</strong> melhor qualida<strong>de</strong>,tendo, além disto a vantagem <strong>de</strong> que o bagaço <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> seco abonda[sic] para o fogo, necessário na <strong>de</strong>puração <strong>de</strong> toda a calda, que a mesmacana tem produzido”. 30Data também do fim do século XVIII o empenho da Coroa portuguesaem aclimatar no Brasil novas varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> algodão; interesse<strong>de</strong>spertado certamente pelo aumento da procura <strong>de</strong>sse produtonos mercados europeus. Até então, o algodão nativo, já cultivadopelos índios e usado pela população na confecção <strong>de</strong> roupas maisrústicas, era a única espécie conhecida no Brasil. A experiência feitaem alg<strong>uma</strong>s comarcas da Bahia com as sementes do algodão da Pérsiavindas <strong>de</strong> Portugal no ano <strong>de</strong> 1794 não teve continuida<strong>de</strong>: houveresistência dos lavradores que não conseguiam enten<strong>de</strong>r as suasparticularida<strong>de</strong>s. 31 A lavoura algodoeira como um todo encontroumuitas dificulda<strong>de</strong>s para se expandir no Brasil sobretudo porqueo seu longo e penoso processo <strong>de</strong> cultivo exigia mais do que a disponibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> contingente <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra; segundoSérgio Buarque <strong>de</strong> Holanda, ela, mais do que o açúcar ou qualqueroutro produto agrícola tropical aqui cultivado, “<strong>de</strong>pendia estreitamenteda existência <strong>de</strong> maquinismos a<strong>de</strong>quados e <strong>de</strong> métodos <strong>de</strong>elaboração mais aperfeiçoados”. 3227COSTA, Hipólito da. Copiador eregistro das cartas <strong>de</strong> ofício. In:______. Diário da minha viagempara Filadélfia (1798-1799),p. 262-263.28COSTA, Hipólito da. Diário daminha viagem para Filadélfia, p.141.29Ibid., cf. dia 13 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong>1799, p. 134.30COSTA, Hipólito da. Copiadore registro das cartas <strong>de</strong> ofício, p.234-235. Trata-se, aí, <strong>de</strong> WilliamHamilton, a quem Hipólito daCosta se refere diversas vezes emseu diário. Cf. p. 37 em diante.31Cf. HOLANDA, Sérgio Buarque<strong>de</strong>. Técnicas adventícias. In:______. Caminhos e fronteiras.3. ed. São Paulo: Companhia dasLetras, 1994. p. 211-232.32Ibid., p. 215.23

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