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A escrita diária de uma “viagem de instrução” *1 - Fundação Casa ...

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A <strong>escrita</strong> <strong>diária</strong> <strong>de</strong> <strong>uma</strong> <strong>“viagem</strong> <strong>de</strong> <strong>instrução”</strong>ativida<strong>de</strong>s acadêmicas no ano seguinte à reforma, e, para as liçõesdas seis disciplinas que faziam parte do seu currículo, foram criadasas ca<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> filosofia racional e moral, história natural, física experimental,e química teórica e prática. 66 A história natural, ouvidano segundo ano, juntamente com a geometria, dividia “as suas Liçõesem três Partes, segundo a divisão dos três Reinos da Natureza,que são o Animal, o Vegetal, e o Mineral”. O seu método <strong>de</strong> ensinocompreendia, em primeiro lugar, fazer “<strong>uma</strong> Descripção exacta <strong>de</strong>cada hum dos productos da Natureza” e, em segundo, “recolher asubstância <strong>de</strong> todas as observações, que sobre eles se tem feito”. 67A introdução das novas ciências da natureza nos currículos <strong>de</strong>alguns dos mais significativos cursos da universida<strong>de</strong> (filosofia, teologia,medicina e matemática) foi <strong>de</strong> fundamental importância nopapel <strong>de</strong>sempenhado pela administração portuguesa no que diz respeitoà orientação das comissões <strong>de</strong> cunho científico voltadas paraos fins utilitários <strong>de</strong> aplicação imediata que realizaram Hipólito daCosta e aquele grupo <strong>de</strong> “brasileiros” formados em Coimbra nastrês últimas décadas do século XVIII. O Estatuto da Universida<strong>de</strong><strong>de</strong> Coimbra (1772) não <strong>de</strong>ixa dúvida quanto ao aspecto utilitaristaque se espera do aprendizado das ciências naturais: do estudo dazoologia, <strong>de</strong>termina que sejam observados e <strong>de</strong>scritos “os serviçosque po<strong>de</strong>m fazer [os animais] ao Homem, com todas as s utilida<strong>de</strong>s,e commodida<strong>de</strong>s, que <strong>de</strong>lles po<strong>de</strong>m reputar: <strong>de</strong>morando-secom mais particular indagação sobre os Animaes, que pertencemao Commercio, à Agricultura e outros usos mais sensíveis, e importantesda vida h<strong>uma</strong>na”. E quanto à botânica, pe<strong>de</strong>-se que se ensine“o uso, que nellas se tem <strong>de</strong>scuberto, relativamente às artes, em queinteressa à Socieda<strong>de</strong>: <strong>de</strong>monstrando-se sempre no útil: e passandoem breve resumo o curioso”. 68Os benefícios materiais das ciências naturais são também enfatizadospor d. Francisco <strong>de</strong> Lemos, reitor <strong>de</strong> Coimbra <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a reformapombalina, ao explicitar que o seu ensino “serv[e] [para] promovera industria dos Homens, introduzir, adiantar e aperfeiçoar muitasArtes, muito necessarias, e importantes para o bem commum dos66Ibid., p. 230.67CAPÍTULO 3. Das ca<strong>de</strong>iras daFaculda<strong>de</strong>, e hora das lições. In:ESTATUTOS da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Coimbra (1772). p. 240.68CAPÍTULO 3. Das lições dosegundo ano. In: ESTATUTOS daUniversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra (1772).p. 242.33

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