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A escrita diária de uma “viagem de instrução” *1 - Fundação Casa ...

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A <strong>escrita</strong> <strong>diária</strong> <strong>de</strong> <strong>uma</strong> <strong>“viagem</strong> <strong>de</strong> <strong>instrução”</strong>Conceição Veloso, tornar-se-ia a responsável pela política editorialdo Estado, publicando as informações acumuladas ao longo das últimasdécadas do século XVIII, inventariadas por expedições científicasoficialmente encomendadas. Nesse ponto específico, a análise<strong>de</strong> Jussara Quadros sobre esse estabelecimento editorial é bastanteesclarecedora quando assinala que o Estado, ao fundá-lo em 1799,atribuindo-lhe a função precisa <strong>de</strong> difundir os conhecimentos práticos,<strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> operar como “arquivo” e se transforma em “editor”. Oque significaria <strong>uma</strong> mudança consi<strong>de</strong>rável em termos <strong>de</strong> seu papelinstitucional: o que antes era um estado-arquivo torna-se um estado-editor;estado-editor porque a ele compete, agora, a “conversãodo saber naturalista na pedagogia dos conhecimentos úteis, convertendoos relatos <strong>de</strong>scritivos <strong>de</strong> expedições e experimentos científicosnas orientações prescritivas dos manuais, os herbários botânicos empranchas ilustrativas, reproduzindo os signos <strong>de</strong> <strong>uma</strong> riqueza manipulável”para retomar a formulação da autora. 89No entanto, o trabalho realizado por Hipólito da Costa na TipografiaArco do Cego – <strong>de</strong> início como autor e tradutor e, mais tar<strong>de</strong>,como um <strong>de</strong> seus diretores, quando o estabelecimento é incorporadopela Imprensa Régia em 1801, encerraria a sua participação naexecução do programa político pensado por d. Rodrigo <strong>de</strong> SousaCoutinho, cujo fim último era a racionalização do funcionamentoeconômico e social do Império português por meio <strong>de</strong> novas práticasadministrativas.Mais do que a ruptura radical <strong>de</strong> sua relação com o po<strong>de</strong>r público– representada pelos anos passados na prisão e, posteriormente,pelo exílio voluntário em Londres –, importaria refletir sobre aruptura que se efetiva em outro nível, quando, ao editar o CorreioBraziliense na capital britânica, Hipólito vai chamar a si aquela tarefaque, como bem apontava Jussara Quadros, havia se tornadoatribuição do Estado. De agora em diante, cabe a ele converter saberem pedagogia, nas páginas <strong>de</strong> seu periódico.De viagem oficial à viagem <strong>de</strong> pesquisa; <strong>de</strong> viagem <strong>de</strong> aprendizadoà viagem <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> conhecimento; <strong>de</strong> aluno a mestre; <strong>de</strong>89QUADROS, Jussara. Estereotipias:literatura e edição no Brasilna primeira meta<strong>de</strong> do séculoXIX. Campinas, 1993. Dissertação(Mestrado em Teoria Literária)– Instituto <strong>de</strong> Estudos da Linguagem,Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong>Campinas. p. 32.41

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