Editorial | António Fonseca FerreiraSetúbalAs novas oportunidades de desenvolvimentoFoi com muita satisfação que assisti, ao fim de tantosanos, a uma conjunção de esforços sem precedentespara reflectir sobre o futuro da Península de Setúbal,que se estendeu inclusivamente ao litoral alentejano.Refiro-me à Conferência «Oportunidades de Desenvolvimento»,na qual participaram perto de três centenas de pessoas,entre presidentes e representantes de municípios, empresas, instituiçõesde solidariedade social e organismos da administraçãocentral.Reuniram-se em torno de uma mesma ideia a Comissão de Coordenaçãoe Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo(<strong>CCDR</strong>-<strong>LVT</strong>), o Governo Civil de Setúbal, a Associação de Municípiosda Região de Setúbal (AMRS), a Comissão de Coordenação e DesenvolvimentoRegional do Alentejo (<strong>CCDR</strong>A-A), a Associação de Municípiosdo Litoral Alentejano (AMLA), a Associação Empresarial daRegião de Setúbal (AERSET), a Administração dos Portos de Setúbale Sesimbra (APSS) e a Associação das Empresas de Construçãoe Obras Públicas (AECOPS).A acrescentar a estes factos, temos as novas infra-estruturas deinternacionalização decididas pelo Governo – e de que Mário Linodetalhadamente deu conta na sua intervenção na Conferência –desde a maior plataforma logística do país no Poceirão (impulsoindispensável para o desenvolvimento portuário) ao novo aeroportointernacional e à travessia do Tejo, com ligação à rede ibéricae europeia de alta velo<strong>cidade</strong> ferroviária.A região de Setúbal tem vivido tempos difíceis. Com o desmantelamentodas tradicionais indústrias pesadas – construção e reparaçãonaval e siderurgia - deixando sequelas ambientais e económicas,e as cíclicas crises sociais. Instalou-se o cepticismo e umespírito negativo que têm de ser afastados de forma consequente.Os tempos que aí vêm auguram excelentes oportunidades dedesenvolvimento. Mas estas só perdurarão, de forma sustentável,se os agentes regionais se unirem e cooperarem, no quadro deuma concertação estratégica de base territorial, transformandooportunidades em projectos, obras, riqueza e coesão social.A elevada representação do Governo, com o ministro das ObrasPúblicas a fechar os trabalhos e o secretário de Estado do Ordenamentodo Território a encerrá-los, é prova de que o próprio executivoestá confiante no renascimento da margem Sul do Tejo.Diversos sinais têm evidenciado isso, aliás, nos últimos tempos.O lançamento do projecto Arco Ribeirinho Sul, de que tanto sefalava há mais de uma década, ganhou agora um impulso decisivopara revitalizar as áreas industriais degradadas à beira Tejo,em Almada, Seixal e Barreiro.Por toda esta região surge um novo ciclo de investimentos noturismo – no novo «turismo residencial», com preocupações inéditasde sustentabilidade – assim como na indústria, com o reforçodos investimentos de empresas como a Autoeuropa e a Portucel.A Região de Setúbal terá, nos próximos dez anos, o maior volumede investimentos do país, considerando territórios equivalentes.O eixo Sines/Porto de Setúbal/Plataforma Logística do Poceirão/Estação de Alta Velo<strong>cidade</strong>/Novo Aeroporto – com a lógica ligaçãoferroviária convencional à Linha do Norte na zona Cartaxo/Santarém – transformar-se-á num «aglomerado» virtuoso deactividades e internacionalização.Apostámos numa visão de futuro, ao lançar este desafio aos actoresda Região de Setúbal, um desafio que agora começa a concretizar-se.É com muita satisfação que acolhemos o seu entusiasmoe reunião cooperante. A <strong>CCDR</strong>-<strong>LVT</strong> apoiará todas as iniciativas emedidas que tenham por desígnio transformar os recursos desteterritório em progresso económico e social. ■Os portos, em particular os de Setúbal e de Sines, revelam umavitalidade interessante, e têm investimentos significativos emcurso e programados para os próximos anos.|