13.07.2015 Views

contribuições da memória na formação da identidade docente

contribuições da memória na formação da identidade docente

contribuições da memória na formação da identidade docente

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

1111Em relação à atuação <strong>da</strong>s vozes que atuam <strong>na</strong> recuperação <strong>da</strong> <strong>memória</strong>, elas mostram ainterferência de vários fatores no momento do relato, sendo que o principal é a seletivi<strong>da</strong>deque envolve as lembranças, mas também silêncios e esquecimentos, pois os indivíduos nãopossuem uma visão estática, cristaliza<strong>da</strong> dos acontecimentos passados.No texto “Doras e Carmosi<strong>na</strong>s”, Montenegro (1999) aju<strong>da</strong> a sustentar sua opinião,lançando mão <strong>da</strong> voz de uma pessoa respeitável, o ativista político estadunidense MartinLuther King Jr. em seu histórico discurso no qual apregoava a necessi<strong>da</strong>de de coexistênciaharmoniosa entre negros e brancos.Eu tenho um sonho (parodiando o notável reverendo americano) que um dia,realmente, to<strong>da</strong>s as desespera<strong>da</strong>s Doras serão resgata<strong>da</strong>s desses ônibus perdidos queatravessam esse nosso sertão de miséria e que a elas será <strong>da</strong>do nem que seja umaparcela <strong>da</strong>quele reconhecimento e respeito social <strong>da</strong>s professoras Carmosi<strong>na</strong>s <strong>da</strong>minha infância. (MONTENEGRO, 1999. In PROFA, 2001).Montenegro (1999) também utiliza-se <strong>da</strong>s vozes dos poetas pertencentes aoRomantismo Brasileiro: “As primeiras coisas que decorei <strong>na</strong> vi<strong>da</strong> foram dois poemas queDo<strong>na</strong> Carmosi<strong>na</strong> mandou (...) que decorássemos <strong>na</strong>s férias de dezembro: “Meus oito anos”de Casimiro de Abreu e “Canção do exílio” de Gonçalves Dias.”Há diversos mecanismos linguísticos que servem para mostrar diferentes vozes nointerior de um texto, demarcando niti<strong>da</strong>mente diversos pontos de vista, porém, em outroscasos, é necessário que o interlocutor possua um conhecimento anterior à leitura para quepossa inferir, intertextualizar, contextualizar o sentido do texto. É o que ocorre neste excerto,no qual a atriz utiliza-se <strong>da</strong> poesia do escritor português Fer<strong>na</strong>ndo Pessoa, sem, no entanto,citá-lo: “Para o fortalecimento <strong>da</strong> nossa educação, <strong>da</strong> nossa cultura, vale a pe<strong>na</strong>, senhorpresidente, se a nossa alma, isto é, se a realização do sonho de todos nós, se essa realizaçãonão for peque<strong>na</strong>.” (MONTENEGRO, 1999. In PROFA, 2001).Um forte argumento que a autora busca <strong>na</strong> construção de seu texto é o de princípio oucrença moral, supostamente irrefutável:Mas, Vossa Excelência é um democrata e um professor, por isso peço a VossaExcelência me <strong>da</strong>r o direito de não resistir, mesmo porque acredito que estamosnuma concordância de vontades. Senhor presidente, precisamos urgentemente demuitas, muitas Carmosi<strong>na</strong>s e, se possível nenhuma Dora. Vossa Excelência tempoder para transformar as Doras em Carmosi<strong>na</strong>s. O país lhe deu esse poder.(MONTENEGRO, 1999. In PROFA, 2001).Conclusão

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!