13.07.2015 Views

apocalipse pedagógico e outras crônicas - Academia Brasileira de ...

apocalipse pedagógico e outras crônicas - Academia Brasileira de ...

apocalipse pedagógico e outras crônicas - Academia Brasileira de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

APOCALIPSE PEDAGÓGICO E OUTRAS CRÔNICAS 175rante que o borogodó continua sendo carioca, bem nosso – eninguém tasca.Com a sucessão <strong>de</strong> crônicas, sempre em <strong>de</strong>fesa da línguaportuguesa, a seu modo, Joaquim <strong>de</strong>u à luz o ferreirês, quepo<strong>de</strong> ser interpretado como a maneira original <strong>de</strong> JoaquimFerreira dos Santos, um tímido <strong>de</strong> carteirinha, tratar o idiomaque consagrou Machado <strong>de</strong> Assis. Sua máxima preferidaé o máximo: ao inferno com os lugares-comuns.Especialista do linguajar antigo, biógrafo <strong>de</strong> Antônio Maria,reutiliza com fina ironia os modismos <strong>de</strong> cada época:– Para uns po<strong>de</strong> parecer que é fogo na roupa, <strong>de</strong> lascar ocano. Mas po<strong>de</strong> ser coisa <strong>de</strong> bilontras, parlapatões, biltresou jilós.Vê-se pela escolha dos gran<strong>de</strong>s exemplos que Joaquim(nem Quincas Borba, nem Berro D’água) não <strong>de</strong>ixou<strong>de</strong> fora o gran<strong>de</strong> Eça <strong>de</strong> Queiroz, <strong>de</strong> quem NelsonRodrigues herdou o biltre que aparece em quase todas assuas crônicas.Seguimos com fuzarca, frezê ou fuzuê, para chegar a muquirana,estrupício, <strong>de</strong>sengonçado e o verbo encasquetar.Apesar da evolução da semântica, que tanto preocupa MarcosVilaça, na presidência da <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Letras,<strong>de</strong>vemos continuar a brincar com essas sonorida<strong>de</strong>s supimpas.Nem todas ainda dicionarizadas, embora pu<strong>de</strong>ssem figurarcomo arcaísmos inevitáveis, marcas <strong>de</strong> diferentes fasesda nossa rica literatura.Vamos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> lero-lero, não amolar com nhenhenhém(palavra revivida por um ex-presi<strong>de</strong>nte da República), muxiba,mixuruca e xarope. Deixar <strong>de</strong> lado essa prosa cheia <strong>de</strong>nove horas. É preciso retomar o ferreirês, na plenitu<strong>de</strong> dasauda<strong>de</strong> vernacular, e mandar os contrários solenemente

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!