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cultura - Pedro P. Ferreira

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42indiscutível de que a rã em questão seja a Phyllomedusa bicolor, que é uma espéciebem grande, mas que Carneiro a descreve como uma pequena rã.O antropólogo britânico Stephen Hugh-Jones registra em 1973 seu uso entre osBarasana, mas trata-se de um uso um tanto excepcional, já que os Barasana utilizavama secreção para colorir as penas de pássaros vivos.Seguem-se várias outras menções à prática e à rã, particularmente entregrupos Pano do interflúvio em território brasileiro, como os Matis (Erikson), os Matses(Romanoff, em 1984) e os Marubo (Montagner Melatti, em 1985).Não há indícios de que os pesquisadores bioquímicos conhecessem na épocaessa literatura etnográfica.É então que dois norte-americanos entram em cena, um viajante e jornalistafree lance, Peter Gorman, e uma antropóloga física de Berkeley, Katherine Milton.Peter Gorman vem primeiro. Em um artigo publicado em julho de 1993, Gormandescreve pela primeira vez a experiência de ser submetido ao tratamento com ‘sapo’entre os Matses do Rio Lobo, no Peru, em 1986. Retornou no ano seguinte, mas foi sópor volta de 1989 que conseguiu obter um bastão com substância de ‘rã’ seca, e tiroufotos. Ele conta ter dado metade do bastão a Charles Myers, curador de herpetologiano Museu Americano de História Natural, que o repassou a John Daly, bioquímico quetrabalhava na época no Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos. John Daly eraum conhecedor da bioquímica de anfíbios, já que havia estudado os sapos tropicais dogênero Dendrobates, cujo veneno era tradicionalmente usado para envenenar pontasde flecha. Daly seria o principal autor de uma nova leva de artigos científicos, comoveremos. Em 1990, Peter Gorman publicou o primeiro relato de suas reaçõesfsiológicas e neurológicas à substância. Depois de receber uma carta entusiástica deVittorio Erspamer, Peter Gorman obteve mais secreção seca e dois espécimes vivos dosMatses. Um dos espécimes morreu logo depois de chegar aos Estados Unidos, e foienviado para John Daly. O outro espécime, conta Gorman, foi enviado para VittorioErspamer, na Itália, que extraiu 126 mg de secreção de pele e o identificou comoPhyllomedusa bicolor. Segundo Erspamer, o espécime chegou às suas mãos emfevereiro de 1991.Enquanto isso, Katherine Milton, uma antropóloga física de Berkeleyinteressada em ecologia e dieta indígena na Amazônia e financiada pela NationalGeographic Society, já havia passado algum tempo entre os Mayoruna, no Brasil. Naverdade, embora Gorman e Milton tivessem estado respectivamente no Peru e no

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