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Desporto&Esport - ed 9

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O “truque mental” para superar a dor<br />

GregL<br />

Uma das mais importantes habilidades nos<br />

desportos de resistência é a capacidade de interpretar<br />

as perceções que influenciam o ritmo<br />

das decisões de uma forma que maximize o<br />

desempenho físico. Maximizar a estimulação e<br />

motivação interna. A melhor forma de o fazer, é<br />

criar metas quantitativas reais e percetíveis pelo<br />

sujeito como alcançáveis.<br />

H<br />

á uma simples verdade sobre o corpo humano que poucas pessoas conhecem:<br />

30 (trinta) segundos é o tempo que os seres humanos conseguem manter o<br />

exercício em máxima intensidade e em máximo esforço. Qualquer esforço que<br />

ultrapasse esse período de tempo, mesmo que de forma inconsciente, os atletas<br />

fazem a gestão de esforço. No ciclismo este facto é ainda mais notado, e está bem descrito<br />

no artigo de Anna Wittekind, publicado no British Journal of Sports M<strong>ed</strong>icine. Segundo<br />

o estudo de Wittekind, mesmo em esforços de apenas de 45 (quarenta e cinco) segundos,<br />

verificou-se que os ciclistas geriram os primeiros 15 segundos desse esforço, mesmo não<br />

tendo consciência disso.<br />

Nos desportos de longa duração, como o ciclismo, este dado não é, pelo menos a uma<br />

primeira impressão, relevante. O ritmo nestas provas é diferente, elas duram horas e a<br />

gestão do esforço nunca se baseia em curtos períodos de tempo; mesmo as etapas planas<br />

dos sprinters tendem a exigir esforços superiores a 1 minuto. No entanto, este estudo<br />

demonstra como a mente influência drasticamente o esforço dos atletas mesmo em tão<br />

curtos períodos de tempo, e sem que eles tenham conhecimento disso. Temos então de nos<br />

colocar uma pergunta:<br />

Como podemos então treinar a mente para longas provas, quando mesmo em curtas distâncias,<br />

isso parece tão complicado?<br />

A resposta a esta pergunta faz-nos viajar até 1989 e o “truque mental” usado por Greg<br />

LeMond para vencer o tour desse ano. Vamos re-visitar o dia 23 de julho de 1989, onde às<br />

16 horas e 14 minutos, LeMond iria p<strong>ed</strong>alar a mais importante etapa da sua carreira, um<br />

contrarrelógio de 24,5km na última etapa da volta a França. LeMond era segundo classificado,<br />

tinha 50 segundos de atraso para o líder, o francês Laurent Fignon. LeMond, como<br />

haveria de confessar posteriormente, não estava nem perto da forma que tivera em 1986<br />

quando dominou por completo a Tour. Aqueles 50 segundos eram simplesmente inultrapassáveis,<br />

até porque, Fignon era um contrarrelogista excecional. A tarefa era virtualmente<br />

impossível. O seu corpo, a sua fisiologia e a sua forma, não conseguiriam ultrapassar esses<br />

50 segundos. Restava a mente, construir uma meta imaginaria que lhe permitisse transcender<br />

a sua performance. Foi exatamente isso que LeMond fez. E, se pensar em ganhar<br />

50 segundos em 25 km era uma meta demasiado ambiciosa para que a mente a absorvesse,<br />

tirar 2 segundos por quilómetro não era! Esse, foi o seu grande truque.<br />

Uma das mais importantes habilidades nos desportos de resistência é a capacidade de<br />

interpretar as perceções que influenciam o ritmo decisões de uma forma que maximize o<br />

desempenho físico. Maximizar a estimulação e motivação interna. A melhor forma de o<br />

fazer, é criar metas quantitativas reais e percetíveis pelo sujeito como alcançáveis.<br />

Um truque simples, mas com ganhos em termos<br />

de potenciação de performance que quase parece<br />

magia. E, os estudos demonstram, que isto é totalmente<br />

independente do tipo de treino efetuado.<br />

Manter o controlo visando a melhoria em corridas<br />

específicas, com objetivos bem definidos, criam<br />

fenômenos que tendem a fazer com que os atletas<br />

sejam capazes de diminuir mesmos que por segundos<br />

os seus tempos finais. O potencial de padrões<br />

de tempo para se tornarem limitadores de desempenho<br />

é ainda mais aparente no nível de elite de<br />

desportos de resistência.<br />

Voltando a LeMond, ele partiu no início com<br />

uma única ideia “2 segundos por quilómetro… 2<br />

segundos por quilómetro… 2 segundos por quilómetro…”<br />

e de cabeça baixa, e olhos na estrada<br />

e cadencia máxima. 5km depois LeMond tinha<br />

ganho 6 segundos. Ainda estava abaixo do pretendido,<br />

mas aos 11,5 km, LeMond já ganhava<br />

21 segundos a Fignon. Aos 14 quilómetros a diferença<br />

subiu para os 24 segundos. E, de dois a dois<br />

segundos por quilómetros a sua vantagem crescia,<br />

até que na meta final, Fignon fez mais 58 segundos<br />

que LeMond, fazendo com que este último<br />

vencesse o tour de france com a menor diferença<br />

de tempo de sempre, apenas 8 segundos. E, só foi<br />

possível porque LeMond treinou o cérebro!<br />

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