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movimentação da classe teatral na luta a favor da liberdade de expressão. Indagado por<br />

enfrentar os diversos problemas com a Censura Federal em suas produções<br />

dramatúrgicas, o autor responde:<br />

É lamentável que em um país como o Brasil exista a censura. A censura é<br />

própria de países onde existe ditadura, e nós estamos em um regime onde não<br />

se permite ao artista liberdade de expressão. Nós temos lutado contra a<br />

censura, e continuaremos lutando. Não podemos permitir que em nossa pátria<br />

existisse [sic] uma censura que nos permita fazer criticas abertas ao sistema e<br />

denunciar sempre tudo o que achemos que seja denunciado. (MARCOS, 18<br />

fev. 1968).<br />

Na mesma entrevista, Plínio Marcos afirma que só aceita a censura do público.<br />

Do autor, o público baiano teve a oportunidade de prestigiar as peças, Quando as<br />

máquinas param, encenada pelo teatro Arena da Bahia, no Vila Velha, e os Homens de<br />

Papel, no Teatro Castro Alves. Da pesquisa desenvolvida, tomando-se os textos de<br />

imprensa, também se verifica a posição da Igreja Católica. O Jornal da Bahia, em 22<br />

de março de 1968, divulgou uma matéria assinada por D. Jerônimo de Sá Cavalcante,<br />

em coluna intitulada Catolicismo, trazendo a opinião do Padre Guidor Logger, que<br />

comenta sobre a questão levantada a respeito da censura ao teatro e ao cinema,<br />

conforme se pode ler a seguir:<br />

Padre Guido Logger, diretor da Central da Católica de Carmem, emitiu<br />

recentemente, sua opinião sobre o problema, e nos parece alta significação<br />

dentro da questão era levantada em todo país. [...] A Censura não é novidade,<br />

existe em todos os países democráticos como nos estados totalitários e<br />

policiais. Certamente, todos concordam que a Censura é a defesa contra<br />

possíveis excessos que os autores de teatro de cinema podem cometer contra<br />

a ordem pública e a moral.<br />

(CALVALCANTE, 22 mar. 1968)<br />

Vê-se a prática jornalística a serviço da Censura como um dispositivo<br />

disciplinador e regulador social. Para Gomes (2008, p. 14),<br />

Neste caso, há como um pano de fundo para a compreensão da censura, uma<br />

concepção de discurso [...] os discursos assim compreendidos, são formatos<br />

através dos conteúdos instalados ao modo de pensar que oriente indivíduos<br />

ou grupos, ao longo de um período, em um determinado lugar.<br />

Delineia-se, conforme se observa nos excertos acima, a posição da Censura em<br />

relação às produções culturais, atuando em nome da preservação da ordem, das boas<br />

maneiras e dos bons costumes, valendo-se dos jornais para atingir um público mais<br />

vasto.

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