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A MOTIVAÇÃO TOPONÍMICA NO PROCESSO DE NOMEAÇÃO: O CASO<br />
DE BAHIA DE TODOS OS SANTOS<br />
Analídia dos Santos Brandão 14<br />
Celina Márcia de Souza Abbade 15<br />
Resumo: O estudo, aqui apresentado, busca compreender os elementos identitários<br />
presentes na obra intitulada Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios ([1945]<br />
2002), de Jorge Amado, com o intuito de descobrir os aspectos dos modus vivendi<br />
presentes na comunidade linguística retratada, a partir do estudo do léxico, mais<br />
especificamente, os topônimos. O livro estudado foi escrito em 1944 e publicado um<br />
ano mais tarde. A obra em análise trata de um guia endereçado a uma moça que no<br />
começo e no final do livro, o autor se dirige a essa leitora imaginária, convidando-a para<br />
conhecer a cidade da Bahia, tanto em seus atrativos turísticos quanto em seus dramas.<br />
Jorge Amado faz a apresentação da Bahia nos anos de 1940 e se intitula como “guia”<br />
das belezas e das necessidades da cidade. Estudar os aspectos de um povo sob a ótica<br />
dos aspectos linguísticos é poder compreender que língua, cultura e história fazem parte<br />
do universo social do povo retratado. Os topônimos, como parte do léxico e patrimônio<br />
cultural desse povo, constituem, pois, marcas de identidade que merecem ser<br />
preservadas. Para a análise toponímica, tem-se como base teórico–metodológica o<br />
modelo toponímico de Dauzat (1926), as categorias taxionômicas de Dick (1990, 1992);<br />
entre outros.<br />
Palavras-chave: Léxico. Topônimos. Jorge Amado. Bahia de Todos os Santos. Cultura.<br />
1 INTRODUÇÃO<br />
As obras de Jorge Amado constituem uma herança escrita que permite que<br />
conheçamos as particularidades da Bahia, pois o escritor apresenta em suas obras, além<br />
de aspectos que envolvem a cultura, sobretudo, um “tesouro” lexical do povo que está<br />
sendo retratado, permitindo uma visita aos hábitos, aos costumes de modo geral. O<br />
escritor mapeia e redesenha a Bahia em suas obras, marcando e demarcando os espaços<br />
sociais, históricos e culturais com o intuito de retirar o “véu” da beleza e do turismo<br />
belo que encobre a realidade da Bahia da primeira metade do século XX.<br />
Toda essa dinâmica social perpassa a linguagem, mais especificamente o<br />
vocabulário, pois “[...] o léxico de uma língua conserva uma estreita relação com a<br />
14<br />
Mestra em Estudo de Linguagens pela Universidade do Estado da Bahia - (UNEB). E-mail:<br />
ninhalydia@yahoo.com.br<br />
15 Doutora em Letras pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Professora Titular da Universidade do Estado da<br />
Bahia (UNEB). E-mail: celinabbade@gmail.com.