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O teatro amador no Brasil teve suas primeiras atividades iniciadas a partir da década de<br />
1920, prioritariamente, nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Posteriormente, na Bahia, a<br />
modalidade ganhou força a partir da década de 1950, quando de fato houve a consolidação da<br />
atividade teatral no estado.<br />
O exercício do teatro amador era iniciativa de grupos que prezavam a arte e a sua relação<br />
com as atividades de cunho social e político. A arte como instrumento de expressão e<br />
aproximação com o público representava, naquele momento, a grande massa. O exercício desse<br />
modo de fazer teatro gerou, no entanto, muitas controvérsias, pois o teatro amador por não<br />
produzir espetáculos com níveis de sofisticação elevados ou com notáveis efeitos, foi<br />
classificado como um teatro que estava percorrendo o caminho da profissionalização,<br />
diferenciando-se do teatro dito profissional, que, por sua vez, recebia apoio financeiro do estado<br />
a fim de produzir espetáculos nos moldes da elite baiana.<br />
Nesse palco conflituoso, em 1975, surge o grupo teatral Amador Amadeu que prossegue<br />
com as tentativas de popularizar as atividades teatrais na Bahia. Rogério Menezes, natural de<br />
Mutuípe e criado em Jequié, ambas as cidades são do interior da Bahia, é reconhecido por ser o<br />
fundador do grupo no qual atuou como líder e diretor. Aos 14 anos Rogério Menezes se mudou<br />
para Salvador, onde cursou o ensino médio e, posteriormente, estudou História e Ciências<br />
Sociais na Universidade Federal da Bahia. No entanto, não concluiu os cursos e optou por apoiar<br />
o movimento estudantil de ideologia comunista, mais tarde encontrou-se na arte teatral, onde<br />
utilizou o palco para expressar as suas convicções.<br />
Destacou-se também na formação do grupo Amador Amadeu, o ator Fernando Fulco,<br />
nascido em Jequié, que chegou a Salvador em 1975, e aliou-se ao amigo Rogério Menezes no<br />
fazer teatro. Com a conquista imediata do público, o sucesso do Amador Amadeu refletiu<br />
notoriamente através dos meios de comunicação da época. O grupo costumava apresentar-se em<br />
bairros em que a população estivesse dentro dos parâmetros da grande massa e em cidades<br />
rurais. Assim, as atividades do grupo Amador Amadeu se intensificaram durante o período da<br />
Ditadura Militar que vigorou entre os anos de 1964 e 1985.<br />
No mesmo ano de formação do grupo, data-se o primeiro texto produzido intitulado Pau<br />
e Osso S/A; a seguir, em 1976, o grupo lançou o texto Gran Circo Raito de Sol ou Gran Circo<br />
Latino Americano; e, em 1978, o Amador Amadeu produziu O Cabaret Segredo de Laura<br />
apresenta: Xô, Galinha Show que foi a sua última obra. A peça de autoria coletiva aborda temas,<br />
como a homossexualidade, as calamidades sociais, a educação e os conflitos internos que<br />
perpassavam a rotina da sociedade brasileira. Há um cunho político-social muito evidente em<br />
relação à abordagem da situação de miséria em que vivia o povo e suas reais necessidades.<br />
Sobre os aspectos que delineiam a escrita amadora, pode-se traçar, em primeiro plano, a<br />
linguagem, esta buscava a simplicidade e o fácil entendimento com o público como um todo,<br />
principalmente o popular. As situações eram facilmente identificadas, pois possuíam uma direta<br />
relação com a rotina da grande massa.