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Pernambuco Vivo 2

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com cerca de 500 pessoas, entre ilhéus e turistas.<br />

A cantora fez da sua vida uma roda de ciranda. A velhice<br />

que chega lhe aflige. Há um medo do esquecimento, como<br />

também há um medo do ócio. À beira das águas, ela compõe<br />

suas músicas. Sentada na praia, escreve as letras que são apagadas<br />

pelas ondas, e reescritas, e cantadas. “É da areia para<br />

o cérebro, do cérebro para o papel. Depois eu canto.”<br />

Há 15 anos, Lia tinha medo de subir no palco dos roqueiros.<br />

Agora tem medo do futuro. Ela se ressente da falta de um sucessor.<br />

A artista conta que teve quatro filhos, “mas nenhum quis<br />

cirandar”. Todos morreram recém-nascidos. Já perdeu a esperança<br />

que depositava no sobrinho Ezaquiel, 22 anos: “O negócio<br />

dele é futebol”, lamenta. “Tanta coisa que você tem. Seu trabalho,<br />

sua força, sua luta. E você vai embora e não tem ninguém<br />

que diga ‘eu vou cantar hoje, vou fazer o trabalho dela, vou<br />

fazer o show dela’. Infelizmente, cada cabeça é um mundo.”<br />

Às noites de sábado,<br />

a cantora realiza sua<br />

famosa roda de ciranda,<br />

no Centro Cultural Estrela<br />

de Lia, em Itamaracá

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