Pernambuco Vivo 2
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APRESENTAÇÃO<br />
Eles são 29 homens, mulheres e agremiações. Com poesia, escrevem a<br />
cultura pernambucana todos os dias. E fazem parte dela. Alimentam<br />
um mundo imaginário habitado por bois, gigantes, calungas, bichos que falam<br />
e santos que se transfiguram. Vivem em pequenas casas coloridas, pintadas<br />
por dentro e por fora. Quase todos vêm da periferia, dos arredores, de<br />
onde o vento faz a curva. Talvez por isso, não falem em linha reta, mas em<br />
voltas. Contam de um mundo só deles, que encanta e, às vezes, faz doer. São<br />
os Patrimônios <strong>Vivo</strong>s de <strong>Pernambuco</strong> que mantêm a rica tradição da cultura<br />
popular do Estado e dão cores, sons e vozes à identidade pernambucana.<br />
Pela imensa contribuição que oferecem ao seu povo, eles mereceram o<br />
título de Patrimônios <strong>Vivo</strong>s. O reconhecimento oficial é oferecido pelo governo<br />
do Estado, por meio de um edital da Secretaria de Cultura/Fundarpe.<br />
Anualmente, uma comissão estadual, formada especificamente para a eleição,<br />
reúne-se, avalia os nomes inscritos e seleciona três novos membros<br />
para o grupo. O processo passa pelo aval do Conselho Estadual de Cultura.<br />
O reconhecimento foi estabelecido por lei em 2002 –ainda que os primeiros<br />
15 nomes só tenham sido anunciados em 2005, retroativamente.<br />
Desde então, a cada ano, três novos artistas ou agremiações são escolhidos.<br />
Eles têm que morar no Estado há pelo menos 20 anos e comprovar atuação<br />
dentro da cultura local. Mensalmente, recebem uma bolsa vitalícia – R$<br />
1.021,62 para pessoas físicas; ou R$ 2.043,24 para instituições sem fins lucrativos.<br />
É um incentivo para que se mantenham em atuação e repassem seus<br />
conhecimentos. Em outubro, o Jornal do Commercio publicou dois cadernos<br />
<strong>Pernambuco</strong> <strong>Vivo</strong>, apresentando aos leitores um pouco da trajetória de<br />
arte e encantamento desses guerreiros. O material, que resultou neste e-book,<br />
reflete a própria formação cultural do Estado, em sua diversidade ímpar.<br />
Maracatus, caboclinhos, frevos, forrós, sambas e afoxés. Poetas da madeira,<br />
da cerâmica e das letras. Atores e bailarinos. Desenho, pintura e escultura.<br />
É uma incrível multiplicidade de manifestações culturais que se desdobram<br />
neste <strong>Pernambuco</strong> <strong>Vivo</strong>. Nomes que vão além do Carnaval, do São<br />
João e do Natal. Artistas que, como já havia alertado o poeta Padre Antônio<br />
Vieira, deveriam estar na boca do povo, nas salas de aula.<br />
Para contar um pouco dessa história, nos dedicamos por 18 meses. Os<br />
Patrimônios <strong>Vivo</strong>s de <strong>Pernambuco</strong> abriram as portas de suas casas, ateliês<br />
e sedes de instituições. Às vezes, as memórias se diluem no tempo,<br />
e os registros se inscrevem nas entrelinhas. Suas biografias se confundem<br />
com a arte que professam. Nas reportagens, o leitor vai perceber