Peripécias de um valente Galo Preto Tomaz Aquino Leão, Mestre Galo Preto, enfrenta uma vida de adversidades e superação. Uma confusão o levou a um período de ostracismo num momento decisivo para sua carreira. Em 1992, às vésperas das eleições, o embolador e coquista foi preso acusado de liderar um grupo de extermínio, em Peixinhos, uma das comunidades da periferia de Olinda. Foram dois anos, dois meses e seis dias na cadeia. Ele sabe de cabeça. Não havia prova que o condenasse. Nenhuma testemunha sequer. Mas ficou a raiva e a vergonha. Nesse período, Galo Preto deixou de ver e viver a eclosão do manguebeat, a época em que uma nova geração em <strong>Pernambuco</strong> exaltou os mestres da cultura popular. Nascido em Bom Conselho, no distrito de Princesa Isabel, no Agreste,ele
Sempre elegante, mestre Galo Preto não dispença roupa e chapéu brancos chegou ao Recife aos 12 anos. Veio com o irmão, o cantador Preto Limão. “Fomos morar no bairro de Campo Grande. Meu pai não vivia em casa e meu irmão terminou sendo um segundo pai. Naquela época, Preto Limão fazia uma dupla de embolada com outro irmão nosso, Curió, cantando nas praças e nos mercados do Recife. Muita gente me confundia com eles. Ma seu não gostava de cantar na rua, de rodar o chapéu para pedir dinheiro”, lembra o artista, hoje com 78 anos. O jovem Tomaz, recém-chegado ao Recife, em 1947, sem ainda ter sido batizado com apelido artístico, foi vender frutas nas ruas da capital e terminou chamando a atenção do influente poeta Ascenso Ferreira. “Como eu gostava de futebol e música, meu irmão me colocou para trabalhar como ambulante. Disse que não queria que eu virasse vagabundo. Mas eu saía vendendo fruta fazendo rima. E passava todo dia na porta de Ascenso Ferreira,até que um dia ele me chamou e disse que gostava da minha música. Ele me deu um cartão de Zil Matos, que tinha um programa de rádio na época, e fui atrás. Lá cantei minha primeira música, que eu tinha feito aos nove anos, chamada A pinta.” Dali pra frente, a vida foi de altos e baixos. Galo Preto resolveu seguir carreira solo, sem a parceria de Curió, após participar do programa de rádio. Participou de caravanas culturais de uma emissora local. Terminou sendo enganado e voltou sem cachê. Na década de 1970, época em que as televisões locais veiculavam programação musical, o artista – àquela altura também tocando jazz – alimentou parcerias com nomes importantes da música brasileira, como Jackson do Pandeiro, Cauby Peixoto, Arlindo dos Oito Baixos e Luiz Gonzaga. Com sua cantoria, foi criar jingles em repente para as campanhas políticas de Miguel Arraes. “Eu era procurado por todo mundo, porque o repente fazia sucesso com o povo. E dizem que nessa arte eu sou bom”, brinca o artista. Décadas depois, se Galo Preto perdeu o bonde da história por conta de sua prisão – quando tinha tudo para estar no elenco de artistas populares das edições históricas do Abril pro Rock, como Lia de Itamaracá e Dona Selma do Coco, em 1997 e 1998 –, ao tentar refazer a vida, ele foi valente. Sem desistir da carreira, Galo Preto conseguiu aos poucos abrir seu espaço na atual cena musical pernambucana. Em 2007, a convite da Secretaria de Saúde de Olinda, o coquista foi integrar um grupo de músicos locais que participou de uma campanha publicitária, ao lado de Beth de Oxum, Dona Selma, Aurinha do Coco e Zeca do Rolete; e depois foi personagem-tema do documentário O menestrel do coco, de Wilson Freire. De rima em rima foi limpando o seu nome, reconquistando a fama. Na semana passada, ele fez shows, em São Paulo, dividindo o palco com o cantor pop pernambucano Otto.
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