22 Lusitano de Zurique Publicidade <strong>Setembro</strong> <strong>2016</strong> https://www.facebook.com/transportes.fernandes https://www.facebook.com/transportes.fernandes
<strong>Setembro</strong> <strong>2016</strong> Recantos helvéticos Lusitano de Zurique 23 Brienz Maria dos Santos Numa bela manhã de Verão a província de Bern, espera por mim num recanto chamado Brienz. Pela primeira vez acontece-me estar a pensar que não sou jornalista, não sou fotógrafa, nem repórter, mas apenas e só uma apaixonada pela natureza, pela vida e na primeira pessoa, por mim. Amo as altitudes, o silêncio, os pássaros, a vegetação, as paisagens divinas e as visões quase surrealistas, que as montanhas me dão e que convosco partilho! Para iniciar a minha aventura, dou-me ao luxo de fruir do tradicional comboio a vapor observando uma paisagem sensacional, de cores que decoram a estação do mês de Agosto, o Verão! A meio do itinerário o nosso meio de transporte pára, para abastecer de água o tanque quase vazio dos primeiros quilómetrosde subida. Curiosamente a maior parte das pessoas, em especial as crianças, prestam atenção aos meios utilizados! Meios de um passado recente e tudo feito com o esforço físico! Numa era em que a tecnologia domina, a contemplação dos mais jovens é de curiosidade total. Seguimos viagem e a paisagem continua a cada passo a ser mais encantadora. Chego finalmente a Brienzer Rothorns. A visão do lago a 2.350 metros de altitude, deixa-me estonteante. Uma natureza gigante, um olhar sob a cúpula do horizonte, e o sentimento de que sou tão pequenina e impotente. Procuro em vão as cabras Ibex que por ali vivem e que raramente se deixam ver…perco assim a emoção de as poder olhar e quiça viver esse momento mágico do frente a frente. Sento-me com a merenda, são horas de almoçar, e as gralhas sobrevoam-me á espera de uma migalha…é pura magia vê-las ali a um par de metros, a pedir essa esmola que faz tão bem ao estômago. Tudo o que é fácil é guloseima! De repente e de olhar perdido na imensidão do lago de Brienzsee e o céu, uma nostalgia assenhora-se de mim. E revejo a natureza, montes, vales, serras, hectares verdejantes, animais que fogem, pessoas que choram e gritam, o verde da esperança torna-se em negro de luto. As malvadas chamas destroem sem que nada nem ninguém possa fazer algo, para salvar o património português . A cada ano a história repete-se, pergunto até quando? Regresso a mim….nesses lugares de dimensões infinitas, ao alcance de todos e que tão poucos exploram.