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cimi-relatorio-2015-pt-br

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A R T I G O<<strong>br</strong> />

É preciso avançar na transparência<<strong>br</strong> />

e na execução orçamentária<<strong>br</strong> />

Ricardo Verdum*<<strong>br</strong> />

O<<strong>br</strong> />

ano de <strong>2015</strong> foi o último ano de execução do Plano<<strong>br</strong> />

Plurianual (PPA) 2012-<strong>2015</strong> e o ano de elaboração<<strong>br</strong> />

e aprovação de um novo PPA, o de 2016-2019. No<<strong>br</strong> />

entanto, ele possivelmente será lem<strong>br</strong>ado como o ano em<<strong>br</strong> />

que, tendo à frente representantes do setor ruralista no<<strong>br</strong> />

país, foi instalada uma Comissão Parlamentar de Inquérito<<strong>br</strong> />

(CPI) no Congresso Nacional com o objetivo explícito de<<strong>br</strong> />

colocar em questão os direitos territoriais e étnicos dos<<strong>br</strong> />

povos indígenas e das comunidades quilombolas no Brasil.<<strong>br</strong> />

Além de “investigar” a atuação da Fundação Nacional<<strong>br</strong> />

do Índio (Funai) e do Instituto Nacional de Colonização<<strong>br</strong> />

e Reforma Agrária (Incra) na demarcação de terras indígenas<<strong>br</strong> />

e titulação de remanescentes de quilombos, está<<strong>br</strong> />

sendo questionada a competência e a lisura do trabalho de<<strong>br</strong> />

antropólogos na produção dos chamados “laudos antropológicos”.<<strong>br</strong> />

No documento que propõe a instituição da CPI, os<<strong>br</strong> />

processos que resultaram na identificação e demarcação<<strong>br</strong> />

das Terras Indígenas (TI) Morro dos Cavalos (SC) e Mato<<strong>br</strong> />

Preto (RS) são apontados como “casos exemplares” disso.<<strong>br</strong> />

A ação dos ruralistas se reflete no desempenho cotidiano e<<strong>br</strong> />

rotineiro do órgão indigenista oficial, gerando consequências<<strong>br</strong> />

nada favoráveis ao reconhecimento e à consolidação dos<<strong>br</strong> />

direitos territoriais e étnicos dos povos indígenas no país 1 .<<strong>br</strong> />

A seguir, faremos uma <strong>br</strong>eve exposição so<strong>br</strong>e o PPA<<strong>br</strong> />

2012-<strong>2015</strong> para, em seguida, analisar os programas, as ações<<strong>br</strong> />

e os recursos orçamentários do governo federal destinados<<strong>br</strong> />

aos povos indígenas no Brasil. Complementamos a análise<<strong>br</strong> />

trazendo algumas informações so<strong>br</strong>e um recurso extra orçamentário<<strong>br</strong> />

gerido pela Funai e so<strong>br</strong>e o qual muito pouca luz<<strong>br</strong> />

tem sido posta, trata-se da Renda do Patrimônio Indígena.<<strong>br</strong> />

PPA 2012-<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

O sistema de planejamento e orçamento na administração<<strong>br</strong> />

pública <strong>br</strong>asileira foi instituído pela Constituição<<strong>br</strong> />

Federal de 1988. Nela ficou estabelecido que os três principais<<strong>br</strong> />

instrumentos do sistema de planejamento e orçamento<<strong>br</strong> />

da administração seriam o Plano Plurianual (PPA), que<<strong>br</strong> />

abarca um período de quatro anos, e a Lei de Diretrizes<<strong>br</strong> />

Orçamentárias (LDO) e a Lei de Orçamento Anual (LOA),<<strong>br</strong> />

ambas elaboradas, analisadas e aprovadas a cada ano.<<strong>br</strong> />

O PPA 2012-<strong>2015</strong> teve 65 Programas Temáticos, dos<<strong>br</strong> />

quais 25 pertencentes a área temática social. Foi estimado<<strong>br</strong> />

que para sua implementação seria necessário um valor<<strong>br</strong> />

total de aproximado de R$ 4,541 trilhões, sendo R$ 2,580<<strong>br</strong> />

trilhões (56,8%) para a área social.<<strong>br</strong> />

O Programa Proteção e Promoção dos Direitos dos<<strong>br</strong> />

Povos Indígenas - principal programa orçamentário da<<strong>br</strong> />

política indigenista do governo federal - integra a área<<strong>br</strong> />

temática social do PPA, tendo sido a ele previsto um orçamento<<strong>br</strong> />

bem modesto diante dos desafios estabelecidos pela<<strong>br</strong> />

Constituição Federal de 1988: apenas R$ 5,177 milhões<<strong>br</strong> />

para um período de quatro anos 2 .<<strong>br</strong> />

Os/as indígenas na LOA de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Nas consultas realizadas aos dados disponibilizados<<strong>br</strong> />

pela Secretaria de Orçamento Federal do Ministério do<<strong>br</strong> />

Planejamento, Orçamento e Gestão (SOF/Mpog) e no Portal<<strong>br</strong> />

Orçamento (Siga Brasil) do Senado Federal, constata-se<<strong>br</strong> />

que além das ações que integram o Programa Proteção e<<strong>br</strong> />

Promoção dos Direitos dos Povos Indígenas, a população<<strong>br</strong> />

“indígena” aparece citada como potencial beneficiário<<strong>br</strong> />

de nove ações orçamentárias localizadas em oito outros<<strong>br</strong> />

programas (Quadro 1).<<strong>br</strong> />

Quadro 1: Programas e Ações Orçamentárias na LOA/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Programa<<strong>br</strong> />

Unidade<<strong>br</strong> />

Orçamentária<<strong>br</strong> />

Ações<<strong>br</strong> />

Biodiversidade MMA 1<<strong>br</strong> />

Enfrentamento ao Racismo e Promoção da<<strong>br</strong> />

Igualdade Racial<<strong>br</strong> />

MDA 1<<strong>br</strong> />

Educação Básica FNDE 1<<strong>br</strong> />

Agricultura Familiar MDA 1<<strong>br</strong> />

Segurança Alimentar e Nutricional MDS 2<<strong>br</strong> />

Educação Superior - Graduação,<<strong>br</strong> />

Pós-Graduação, Ensino, Pesquisa e Extensão<<strong>br</strong> />

Capes 1<<strong>br</strong> />

Florestas, Prevenção e Controle do<<strong>br</strong> />

Desmatamento e dos Incêndios<<strong>br</strong> />

Ibama 1<<strong>br</strong> />

Gestão e Manutenção do Ministério da Justiça MJ 1<<strong>br</strong> />

TOTAL 9<<strong>br</strong> />

* Pesquisador do Núcleo de Estudos de Populações Indígenas (Nepi), do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS) da Universidade Federal<<strong>br</strong> />

de Santa Catarina (UFSC).<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 34

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