19.09.2016 Views

cimi-relatorio-2015-pt-br

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

RELATÓRIO<<strong>br</strong> />

Violência contra<<strong>br</strong> />

os povos indígenas<<strong>br</strong> />

no Brasil DADOS DE <strong>2015</strong>


RELATÓRIO<<strong>br</strong> />

Violência contra os<<strong>br</strong> />

Povos Indígenas no Brasil<<strong>br</strong> />

Dados de <strong>2015</strong>


RELATÓRIO<<strong>br</strong> />

Violência contra os<<strong>br</strong> />

Povos Indígenas no Brasil<<strong>br</strong> />

Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

APOIO


Este relatório é uma publicação do<<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário (Cimi),<<strong>br</strong> />

organismo vinculado à Conferência<<strong>br</strong> />

Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)<<strong>br</strong> />

PRESIDENTE<<strong>br</strong> />

Dom Roque Paloschi<<strong>br</strong> />

www.<strong>cimi</strong>.org.<strong>br</strong><<strong>br</strong> />

RELATÓRIO<<strong>br</strong> />

Violência contra os Povos Indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

ISSN 1984-7645<<strong>br</strong> />

COORDENAÇÃO DA PESQUISA<<strong>br</strong> />

Lúcia Helena Rangel<<strong>br</strong> />

PESQUISA E LEVANTAMENTO DE DADOS<<strong>br</strong> />

Regionais do Cimi e Setor de Documentação do Cimi<<strong>br</strong> />

ORGANIZAÇÃO DAS TABELAS DE DADOS<<strong>br</strong> />

Eduardo Holanda, Leda Bosi e Marluce Ângelo da Silva<<strong>br</strong> />

REVISÃO DAS TABELAS DE DADOS<<strong>br</strong> />

Lúcia Helena Rangel e Roberto Antonio Liebgott<<strong>br</strong> />

SELEÇÃO DE IMAGENS<<strong>br</strong> />

Aida Cruz<<strong>br</strong> />

EDIÇÃO<<strong>br</strong> />

Patrícia Bonilha<<strong>br</strong> />

DIAGRAMAÇÃO<<strong>br</strong> />

Licurgo S. Botelho<<strong>br</strong> />

FOTO CAPA<<strong>br</strong> />

Ruy Sposati


“Eles tentaram nos enterrar,<<strong>br</strong> />

mas não sabiam que éramos sementes...”<<strong>br</strong> />

Dedicamos esta edição à memória dos 40 anos do martírio de Simão<<strong>br</strong> />

Bororo e do padre Rodolfo Lunkenbein, assassinados no dia 15 de<<strong>br</strong> />

julho de 1976 por invasores do território Bororo, no Mato Grosso.<<strong>br</strong> />

Infelizmente, nos dias de hoje, a mesma violência, genocida e<<strong>br</strong> />

impune, continua sendo praticada contra os povos indígenas “no<<strong>br</strong> />

chão”, em todas as regiões do Brasil.<<strong>br</strong> />

Ao mesmo tempo em que “novos martírios” contra seus aliados<<strong>br</strong> />

são moldados nos gabinetes e escritórios de políticos e daqueles<<strong>br</strong> />

que só enxergam cifrões nos territórios sagrados dos povos. Nesse<<strong>br</strong> />

sentido, o ressurgimento das Comissões Parlamentares de Inquérito<<strong>br</strong> />

(CPI) é emblemático e uma das estratégias utilizadas para garantir<<strong>br</strong> />

a retirada de direitos dos indígenas e das comunidades tradicionais,<<strong>br</strong> />

além de criminalizá-los, assim como a seus aliados.<<strong>br</strong> />

Que, apesar da desafiadora conjuntura, possamos cele<strong>br</strong>ar da<<strong>br</strong> />

melhor maneira a memória de nossos mártires e a resiliência secular<<strong>br</strong> />

dos povos originários do Brasil. Pois, como Dom Pedro Casaldáliga<<strong>br</strong> />

nos ensina, esta atitude significa assumir “as mesmas causas pelas<<strong>br</strong> />

quais eles deram a vida”.


S U M Á R I O<<strong>br</strong> />

APRESENTAÇÃO<<strong>br</strong> />

11 Até quando?<<strong>br</strong> />

Dom Roque Paloschi<<strong>br</strong> />

Ruy Sposati<<strong>br</strong> />

13 De Projetos a Projéteis: a trajetória da violência<<strong>br</strong> />

contra os povos indígenas no Brasil<<strong>br</strong> />

Cleber César Buzatto<<strong>br</strong> />

INTRODUÇÃO<<strong>br</strong> />

17 Há uma guerra contra os povos indígenas no Brasil?<<strong>br</strong> />

Lucia Helena Rangel e Roberto Liebgott<<strong>br</strong> />

ARTIGOS<<strong>br</strong> />

22 Uma realidade perversa e inaceitável<<strong>br</strong> />

Matias Rempel e Roberto Liebgott<<strong>br</strong> />

27 Os povos indígenas e o acesso à Justiça<<strong>br</strong> />

Adelar Cupsinski, Alessandra Farias e Rafael Modesto<<strong>br</strong> />

30 Quadro de Análise da ONU:<<strong>br</strong> />

configurada situação de risco de atrocidade<<strong>br</strong> />

Fernanda Frizzo Bragato e Paulo Gilberto Cogo Leivas<<strong>br</strong> />

34 É preciso avançar na transparência<<strong>br</strong> />

e na execução orçamentária<<strong>br</strong> />

Ricardo Verdum<<strong>br</strong> />

40 Mineração: uma ameaça devastadora<<strong>br</strong> />

Guenter Francisco Loebens<<strong>br</strong> />

42 CPI do Cimi: uma velha mano<strong>br</strong>a para<<strong>br</strong> />

atingir os povos indígenas<<strong>br</strong> />

Egon Heck<<strong>br</strong> />

CAPÍTULO I<<strong>br</strong> />

Violência Contra o Patrimônio<<strong>br</strong> />

49 Omissão e morosidade na regularização de terras<<strong>br</strong> />

65 Conflitos relativos a direitos territoriais<<strong>br</strong> />

69 Invasões possessórias,<<strong>br</strong> />

exploração ilegal de recursos naturais<<strong>br</strong> />

e danos diversos ao patrimônio<<strong>br</strong> />

CAPÍTULO II<<strong>br</strong> />

Violência Contra a Pessoa<<strong>br</strong> />

79 Assassinato<<strong>br</strong> />

88 Tentativa de assassinato<<strong>br</strong> />

95 Homicídio culposo<<strong>br</strong> />

97 Ameaça de morte<<strong>br</strong> />

100 Ameaças várias<<strong>br</strong> />

105 Lesões corporais dolosas<<strong>br</strong> />

107 Abuso de poder<<strong>br</strong> />

110 Racismo e discriminação étnico cultural<<strong>br</strong> />

113 Violência sexual<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 6


CAPÍTULO III<<strong>br</strong> />

Violência por Omissão do Poder Público<<strong>br</strong> />

116 Suicídio<<strong>br</strong> />

117 Desassistência na área de saúde<<strong>br</strong> />

126 Morte por desassistência à saúde<<strong>br</strong> />

127 Mortalidade infantil<<strong>br</strong> />

129 Disseminação de bebida alcoólica<<strong>br</strong> />

e outras drogas<<strong>br</strong> />

131 Desassistência na área de<<strong>br</strong> />

educação escolar indígena<<strong>br</strong> />

138 Desassistência geral<<strong>br</strong> />

CAPÍTULO IV<<strong>br</strong> />

Violência Contra os Povos Indígenas Isolados e de Pouco Contato<<strong>br</strong> />

147 O “desenvolvimento” acima da própria vida<<strong>br</strong> />

152 Relação dos Povos Indígenas Isolados no Brasil<<strong>br</strong> />

CAPÍTULO V<<strong>br</strong> />

Memória e Justiça<<strong>br</strong> />

159 A remoção forçada do povo Pataxó Hã-Hã-Hãe<<strong>br</strong> />

ANEXO<<strong>br</strong> />

166 Resumo da violência contra os Povos Indígenas no Brasil<<strong>br</strong> />

7<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


S I G L A S<<strong>br</strong> />

AGU – Advocacia Geral da União<<strong>br</strong> />

Aneel – Agência Nacional de<<strong>br</strong> />

Energia Elétrica<<strong>br</strong> />

Apoinme – Articulação dos Povos<<strong>br</strong> />

Indígenas do Nordeste, Minas Gerais<<strong>br</strong> />

e Espírito Santo<<strong>br</strong> />

Arpinsul – Articulação dos Povo<<strong>br</strong> />

Indígenas da Região Sul<<strong>br</strong> />

Ater – Assistência Técnica e<<strong>br</strong> />

Extensão Rural<<strong>br</strong> />

BID – Banco Interamericano de<<strong>br</strong> />

Desenvolvimento<<strong>br</strong> />

BNDES – Banco Nacional de<<strong>br</strong> />

Desenvolvimento Econômico e<<strong>br</strong> />

Social<<strong>br</strong> />

CAR – Cadastro Ambiental Rural<<strong>br</strong> />

Casai – Casa de Apoio à Saúde<<strong>br</strong> />

Indígena<<strong>br</strong> />

CDHM – Comissão de Direitos<<strong>br</strong> />

Humanos e Minorias<<strong>br</strong> />

CF – Constituição Federal<<strong>br</strong> />

CGK – Conselho de Gestão Ka’apor<<strong>br</strong> />

Cimi – Conselho Indigenista<<strong>br</strong> />

Missionário<<strong>br</strong> />

CIR – Conselho Indígena de Roraima<<strong>br</strong> />

Cisi – Comissão Intersetorial de<<strong>br</strong> />

Saúde Indígena<<strong>br</strong> />

CNA – Confederação da Agricultura<<strong>br</strong> />

e Pecuária do Brasil<<strong>br</strong> />

CNDH – Conselho Nacional de<<strong>br</strong> />

Direitos Humanos<<strong>br</strong> />

CNV – Comissão Nacional da<<strong>br</strong> />

Verdade<<strong>br</strong> />

Coiab – Coordenação das<<strong>br</strong> />

Organizações Indígenas da<<strong>br</strong> />

Amazônia Brasileira<<strong>br</strong> />

Conab – Companhia Nacional de<<strong>br</strong> />

Abastecimento<<strong>br</strong> />

Condisi – Conselho Distrital de<<strong>br</strong> />

Saúde Indígena<<strong>br</strong> />

Conjur – Consultoria Jurídica junto<<strong>br</strong> />

ao Ministério da Justiça<<strong>br</strong> />

CPI – Comissão Parlamentar de<<strong>br</strong> />

Inquérito<<strong>br</strong> />

CPI – Comissão Pró Índio<<strong>br</strong> />

CPT – Comissão Pastoral da Terra<<strong>br</strong> />

CTI – Centro de Trabalho<<strong>br</strong> />

Indigenista<<strong>br</strong> />

CTL – Coordenação Técnica Local<<strong>br</strong> />

Dhesca – Direitos Humanos,<<strong>br</strong> />

Econômicos, Sociais, Culturais e<<strong>br</strong> />

Ambientais<<strong>br</strong> />

Dnit – Departamento Nacional de<<strong>br</strong> />

Infraestrutura de Transportes<<strong>br</strong> />

DOU – Diário Oficial da União<<strong>br</strong> />

Dsei – Distrito Sanitário Especial<<strong>br</strong> />

Indígena<<strong>br</strong> />

EBC – Empresa Brasileira de<<strong>br</strong> />

Comunicação<<strong>br</strong> />

ECI – Estudo do Componente<<strong>br</strong> />

Indígena<<strong>br</strong> />

EIA – Estudo de Impacto Ambiental<<strong>br</strong> />

Fafimc – Faculdade de Filosofia<<strong>br</strong> />

Nossa Senhora da Imaculada<<strong>br</strong> />

Conceição<<strong>br</strong> />

Finpat – Federação Indígena das<<strong>br</strong> />

Nações Pataxó e Tupinambá<<strong>br</strong> />

Focimp - Federação das<<strong>br</strong> />

Organizações e Comunidades<<strong>br</strong> />

indígenas do Médio Purus<<strong>br</strong> />

Foirn – Federação das Organizações<<strong>br</strong> />

Indígenas do Alto Rio Negro<<strong>br</strong> />

Funai – Fundação Nacional do Índio<<strong>br</strong> />

Funasa – Fundação Nacional de<<strong>br</strong> />

Saúde<<strong>br</strong> />

Gered – Gerência Regional de<<strong>br</strong> />

Educação<<strong>br</strong> />

Grequi – Grupo de Estudos so<strong>br</strong>e a<<strong>br</strong> />

Questão Indígena<<strong>br</strong> />

GT – Grupo de Trabalho<<strong>br</strong> />

GT – Grupo Técnico da Funai<<strong>br</strong> />

HAY – Hutukara Associação<<strong>br</strong> />

Yanomami<<strong>br</strong> />

Ibama – Instituto Brasileiro do Meio<<strong>br</strong> />

Ambiente e dos Recursos Naturais<<strong>br</strong> />

Renováveis<<strong>br</strong> />

IBGE – Instituto Brasileiro de<<strong>br</strong> />

Geografia e Estatística<<strong>br</strong> />

IBDF – Instituto Brasileiro de<<strong>br</strong> />

Desenvolvimento Florestal<<strong>br</strong> />

ICMBio – Instituto Chico Mendes<<strong>br</strong> />

de Conservação da Biodiversidade<<strong>br</strong> />

IML – Instituto Médico Legal<<strong>br</strong> />

Incra – Instituto Nacional de<<strong>br</strong> />

Colonização e Reforma Agrária<<strong>br</strong> />

Inpe – Instituto Nacional de<<strong>br</strong> />

Pesquisas Espaciais<<strong>br</strong> />

Insi – Instituto Nacional de Saúde<<strong>br</strong> />

Indígena<<strong>br</strong> />

INSS – Instituto Nacional de Seguro<<strong>br</strong> />

Social<<strong>br</strong> />

Iphan – Instituto do Patrimônio<<strong>br</strong> />

Histórico e Artístico Nacional<<strong>br</strong> />

Iirsa – Iniciativa de Integração<<strong>br</strong> />

da Infraestrutura Regional<<strong>br</strong> />

Sul-Americana<<strong>br</strong> />

ISA – Instituto Socioambiental<<strong>br</strong> />

Kooportarupi – Associacao Kaapor<<strong>br</strong> />

Ta Hury do Rio Gurupi<<strong>br</strong> />

LOA – Lei Orçamentária Anual<<strong>br</strong> />

MDA – Ministério do<<strong>br</strong> />

Desenvolvimento Agrário<<strong>br</strong> />

MDS – Ministério do<<strong>br</strong> />

Desenvolvimento Social e de<<strong>br</strong> />

Combate à Fome<<strong>br</strong> />

MEC – Ministério da Educação<<strong>br</strong> />

MJ – Ministério da Justiça<<strong>br</strong> />

MPF – Ministério Público Federal<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 8


Mpog – Ministério do Planejamento<<strong>br</strong> />

Orçamento e Gestão<<strong>br</strong> />

MPT – Ministério Público do<<strong>br</strong> />

Trabalho<<strong>br</strong> />

MS – Ministério da Saúde<<strong>br</strong> />

MTE – Ministério do Trabalho e<<strong>br</strong> />

Emprego<<strong>br</strong> />

Mupoiba – Movimento Unido dos<<strong>br</strong> />

Povos e Organizações Indígenas da<<strong>br</strong> />

Bahia<<strong>br</strong> />

Naturantins – Instituto Natureza<<strong>br</strong> />

do Tocantins<<strong>br</strong> />

Nepi – Núcleo de Estudos de<<strong>br</strong> />

Populações Indígenas<<strong>br</strong> />

OAB – Organização dos Advogados<<strong>br</strong> />

do Brasil<<strong>br</strong> />

OEA – Organização dos Estados<<strong>br</strong> />

Americanos<<strong>br</strong> />

OIT – Organização Internacional do<<strong>br</strong> />

Trabalho<<strong>br</strong> />

OLIMCV – Organização das<<strong>br</strong> />

Lideranças Indígenas Mura do<<strong>br</strong> />

Careiro da Várzea<<strong>br</strong> />

ONU – Organização das Nações<<strong>br</strong> />

Unidas<<strong>br</strong> />

Opan – Operação Amazônica<<strong>br</strong> />

Nativa<<strong>br</strong> />

Opittampp – Organização dos<<strong>br</strong> />

Povos Indígenas Torá, Tenharim,<<strong>br</strong> />

Apurinã, Mura, Parintintin e Pirahã<<strong>br</strong> />

PAC – Programa de Aceleração do<<strong>br</strong> />

Crescimento<<strong>br</strong> />

PCH – Pequena Central Hidrelétrica<<strong>br</strong> />

PEC – Proposta de Emenda à<<strong>br</strong> />

Constituição<<strong>br</strong> />

PF – Polícia Federal<<strong>br</strong> />

PGR – Procuradoria Geral da<<strong>br</strong> />

República<<strong>br</strong> />

PL – Projeto de Lei<<strong>br</strong> />

PLP – Projeto de Lei Complementar<<strong>br</strong> />

PM – Polícia Militar<<strong>br</strong> />

Pnae – Programa Nacional de<<strong>br</strong> />

Alimentação Escolar<<strong>br</strong> />

PPA – Plano Plurianual<<strong>br</strong> />

PPGAS – Programa de<<strong>br</strong> />

Pós-Graduação em Antropologia<<strong>br</strong> />

Social<<strong>br</strong> />

PUC – Pontifícia Universidade<<strong>br</strong> />

Católica<<strong>br</strong> />

Rani – Registro Administrativo de<<strong>br</strong> />

Nascimento e Óbito de Indígenas<<strong>br</strong> />

RDS – Reserva de Desenvolvimento<<strong>br</strong> />

Sustentável<<strong>br</strong> />

Resex – Reserva Extrativista<<strong>br</strong> />

Rima – Relatório de Impacto<<strong>br</strong> />

Ambiental<<strong>br</strong> />

RSS – Raposa Serra do Sol<<strong>br</strong> />

Saci – Subsistema de Atenção à<<strong>br</strong> />

Saúde Indígena<<strong>br</strong> />

Samu – Serviço de Atendimento<<strong>br</strong> />

Móvel de Urgência<<strong>br</strong> />

SEDH – Secretaria Especial de<<strong>br</strong> />

Direitos Humanos<<strong>br</strong> />

Sesai – Secretaria Especial de Saúde<<strong>br</strong> />

Indígena<<strong>br</strong> />

Siasi – Sistema de Informação da<<strong>br</strong> />

Atenção à Saúde Indígena<<strong>br</strong> />

SIM – Sistema de Informações so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

Mortalidade<<strong>br</strong> />

Siop – Sistema Integrado de<<strong>br</strong> />

Planejamento e Orçamento<<strong>br</strong> />

Sisflora – Sistema de<<strong>br</strong> />

Comercialização e Transporte de<<strong>br</strong> />

Produtos Florestais<<strong>br</strong> />

Sodiur – Sociedade de Defesa dos<<strong>br</strong> />

Índios Unidos de Roraima<<strong>br</strong> />

SPI – Serviço de Proteção aos Índios<<strong>br</strong> />

SPU – Secretaria do Patrimônio da<<strong>br</strong> />

União<<strong>br</strong> />

STF – Supremo Tribunal Federal<<strong>br</strong> />

STJ – Superior Tribunal de Justiça<<strong>br</strong> />

SUS – Sistema Único de Saúde<<strong>br</strong> />

TAC – Termo de Ajustamento de<<strong>br</strong> />

Conduta<<strong>br</strong> />

TCJ – Termo de Conciliação Judicial<<strong>br</strong> />

TI – Terra Indígena<<strong>br</strong> />

UFAm – Universidade Federal do<<strong>br</strong> />

Amazonas<<strong>br</strong> />

UFCSPA – Universidade Federal de<<strong>br</strong> />

Ciências da Saúde de Porto Alegre<<strong>br</strong> />

UFG – Universidade Federal de<<strong>br</strong> />

Goiás<<strong>br</strong> />

UFPA – Universidade Federal do<<strong>br</strong> />

Paraná<<strong>br</strong> />

UFRGS – Universidade Federal do<<strong>br</strong> />

Rio Grande do Sul<<strong>br</strong> />

UFSC – Universidade Federal de<<strong>br</strong> />

Santa Catarina<<strong>br</strong> />

UHE – Usina Hidrelétrica<<strong>br</strong> />

Unesco – Organização das Nações<<strong>br</strong> />

Unidas para a Educação, Ciência e<<strong>br</strong> />

Cultura<<strong>br</strong> />

Unicamp – Universidade de<<strong>br</strong> />

Campinas<<strong>br</strong> />

Unicap – Universidade Católica de<<strong>br</strong> />

Pernambuco<<strong>br</strong> />

Unicef – Fundo das Nações Unidas<<strong>br</strong> />

para a Criança<<strong>br</strong> />

Unifesp – Universidade Federal de<<strong>br</strong> />

São Paulo<<strong>br</strong> />

Unila – Universidade Federal da<<strong>br</strong> />

Integração Latino-Americana<<strong>br</strong> />

Unipi-MAS – União dos Povos<<strong>br</strong> />

Indígenas do Médio Solimões e<<strong>br</strong> />

Afluentes<<strong>br</strong> />

Unisinos – Universidade do Vale do<<strong>br</strong> />

Rio dos Sinos<<strong>br</strong> />

Univaja – União dos Povos<<strong>br</strong> />

Indígenas do Vale do Javari<<strong>br</strong> />

Urcamp – Universidade da Região<<strong>br</strong> />

da Campanha<<strong>br</strong> />

UTI – Unidade de Terapia Intensiva<<strong>br</strong> />

9<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 10


APRESENTAÇÃO<<strong>br</strong> />

Até quando?<<strong>br</strong> />

Dom Roque Paloschi*<<strong>br</strong> />

“Quero ver o direito <strong>br</strong>otar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca”<<strong>br</strong> />

Profeta Amós 5,24<<strong>br</strong> />

O<<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário (Cimi) acolhe<<strong>br</strong> />

com carinho o apelo do Papa Francisco quando<<strong>br</strong> />

nos diz:<<strong>br</strong> />

“Esta irmã clama contra o mal que lhe provocamos<<strong>br</strong> />

por causa do uso irresponsável e do abuso dos<<strong>br</strong> />

bens que Deus nela colocou. Crescemos a pensar<<strong>br</strong> />

que éramos seus proprietários e dominadores,<<strong>br</strong> />

autorizados a saqueá-la. A violência, que está no<<strong>br</strong> />

coração humano ferido pelo pecado, vislum<strong>br</strong>a-se<<strong>br</strong> />

nos sintomas de doença que notamos no solo, na<<strong>br</strong> />

água, no ar e nos seres vivos. Por isso, entre os po<strong>br</strong>es<<strong>br</strong> />

mais abandonados e maltratados, conta-se a nossa<<strong>br</strong> />

terra oprimida e devastada, que está gemendo como<<strong>br</strong> />

que em dores de parto (conforme Romanos 8,22).<<strong>br</strong> />

Esquecemo-nos de que nós mesmos somos terra<<strong>br</strong> />

(conforme Gênesis 2,7). O nosso corpo é constituído<<strong>br</strong> />

pelos elementos do planeta; o seu ar permite-nos<<strong>br</strong> />

respirar, e sua água vivifica-nos e restaura-nos”<<strong>br</strong> />

(Laudato Si, 2).<<strong>br</strong> />

Denunciamos as violências e combateremos as<<strong>br</strong> />

injustiças!<<strong>br</strong> />

É com um sentimento de profunda indignação<<strong>br</strong> />

que o Conselho Indigenista Missionário apresenta, neste<<strong>br</strong> />

Relatório de Violência contra os Povos Indígenas do Brasil,<<strong>br</strong> />

os dados referentes às ocorrências de <strong>2015</strong>. Indignação<<strong>br</strong> />

porque se repetem e se aprofundam as mesmas práticas<<strong>br</strong> />

criminosas, sem que medidas tenham sido efetivamente<<strong>br</strong> />

adotadas. Permanece o quadro de omissão dos poderes<<strong>br</strong> />

públicos, que se negam a respeitar e cumprir a Constituição<<strong>br</strong> />

Federal no que tange à demarcação, proteção e fiscalização<<strong>br</strong> />

das terras; permanece a realidade de agressões às pessoas<<strong>br</strong> />

que lutam por seus legítimos direitos, tais como assassinatos,<<strong>br</strong> />

espancamentos, ameaças de morte; agravam-se os<<strong>br</strong> />

ataques contra comunidades, especialmente aquelas mais<<strong>br</strong> />

fragilizadas e que vivem em acampamentos; permanece a<<strong>br</strong> />

invasão e devastação das terras demarcadas.<<strong>br</strong> />

Até quando teremos que apresentar esses relatórios?<<strong>br</strong> />

No entender do Cimi, esses levantamentos das violações<<strong>br</strong> />

aos direitos indígenas têm um único sentido: servir como<<strong>br</strong> />

instrumento de denúncia para que medidas sejam tomadas<<strong>br</strong> />

e, com isso, as violências, que são práticas contínuas,<<strong>br</strong> />

venham a ser combatidas, diminuídas, e que se consiga<<strong>br</strong> />

chegar a uma realidade justa, na qual sejam respeitados<<strong>br</strong> />

os direitos humanos.<<strong>br</strong> />

Lamentavelmente, convivemos ainda com períodos<<strong>br</strong> />

de sofrimentos extremos e de incertezas quanto às possibilidades<<strong>br</strong> />

de futuro. Com pesar, denunciamos a morte<<strong>br</strong> />

prematura de centenas de crianças indígenas por falta de<<strong>br</strong> />

assistência médica adequada, por falta de saneamento<<strong>br</strong> />

básico, por falta de um lugar para morar, de água potável<<strong>br</strong> />

para beber e tomar banho; denunciamos o assassinato de<<strong>br</strong> />

lideranças que lutavam em defesa de seus povos e comunidades;<<strong>br</strong> />

denunciamos o confinamento em reservas onde<<strong>br</strong> />

é negado o direito mais fundamental à terra para viver e<<strong>br</strong> />

poder exercitar a cidadania indígena – suas culturas, crenças,<<strong>br</strong> />

tradições; denunciamos a devastação do meio ambiente<<strong>br</strong> />

por madeireiros, garimpeiros, mineradoras, hidrelétricas e<<strong>br</strong> />

barragens; denunciamos a desumana realidade de centenas<<strong>br</strong> />

de comunidades que vivem na beira de estradas; denunciamos<<strong>br</strong> />

o poder Judiciário que tem priorizado, em seus<<strong>br</strong> />

julgamentos, a defesa da propriedade – nem sempre<<strong>br</strong> />

legal, nem sempre legítima – em detrimento dos direitos<<strong>br</strong> />

originários dos povos indígenas.<<strong>br</strong> />

A Terra, para os povos indígenas, não é um bem<<strong>br</strong> />

econômico, mas dom de Deus e dos seus antepassados;<<strong>br</strong> />

é espaço sagrado. Na cosmovisão indígena, são eles que<<strong>br</strong> />

pertencem à Terra e não o contrário, porque a Terra é mãe,<<strong>br</strong> />

é vida. Pertencer à Terra, ao invés de ser proprietário dela,<<strong>br</strong> />

é o que define o indígena. Mas esses espaços sagrados são<<strong>br</strong> />

violados por um modelo econômico homogeneizante e<<strong>br</strong> />

excludente, conduzido por pessoas que “não sabem viver<<strong>br</strong> />

com honestidade, mas com extorsões e exploração, acumulando<<strong>br</strong> />

riquezas em suas casas” (conforme Amós 3,10), em<<strong>br</strong> />

detrimento da vida.<<strong>br</strong> />

Acreditamos que este relatório sirva como um instrumento<<strong>br</strong> />

na busca de soluções para os graves e profundos<<strong>br</strong> />

problemas que afetam a existência e a dignidade dos povos<<strong>br</strong> />

indígenas, pois esta é efetivamente sua função. Todavia,<<strong>br</strong> />

se isso não acontecer, insistiremos nas denúncias e continuaremos<<strong>br</strong> />

combatendo as injustiças.<<strong>br</strong> />

O Compromisso do Cimi é estar a serviço das causas<<strong>br</strong> />

e da Vida dos povos indígenas. u<<strong>br</strong> />

* Presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e arcebispo de Porto Velho<<strong>br</strong> />

11<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Laila Menezes<<strong>br</strong> />

“<<strong>br</strong> />

Na esteira da tramitação da PEC<<strong>br</strong> />

215/00 e de outras proposições<<strong>br</strong> />

legislativas anti-indígenas,<<strong>br</strong> />

parlamentares da bancada ruralista<<strong>br</strong> />

e dirigentes de sindicatos rurais<<strong>br</strong> />

patronais e de associações de<<strong>br</strong> />

produtores de commodities agrícolas<<strong>br</strong> />

espalharam o ódio e o terror contra os<<strong>br</strong> />

povos e as suas comunidades<<strong>br</strong> />

”<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 12


APRESENTAÇÃO<<strong>br</strong> />

De Projetos a Projéteis:<<strong>br</strong> />

a trajetória da violência contra<<strong>br</strong> />

os povos indígenas no Brasil<<strong>br</strong> />

Cleber César Buzatto*<<strong>br</strong> />

O<<strong>br</strong> />

ano de <strong>2015</strong> foi marcado pelo agravamento das<<strong>br</strong> />

ameaças e violências contra os povos indígenas no<<strong>br</strong> />

Brasil. Fortalecidos por vultosos financiamentos<<strong>br</strong> />

subsidiados com recursos públicos e abastecidos com<<strong>br</strong> />

doações milionárias de grandes corporações, inclusive<<strong>br</strong> />

multinacionais, o ruralismo saiu ainda maior das urnas em<<strong>br</strong> />

2014. Sedentos, insaciáveis e raivosos, aumentaram ainda<<strong>br</strong> />

mais a pressão e o ataque contra os povos e seus direitos<<strong>br</strong> />

em todos os níveis.<<strong>br</strong> />

Antes mesmo de iniciar oficialmente a nova legislatura,<<strong>br</strong> />

os ruralistas se movimentaram a fim de retomar a<<strong>br</strong> />

tramitação de instrumentos danosos aos povos no âmbito<<strong>br</strong> />

do Congresso Nacional. As negociações da Frente Parlamentar<<strong>br</strong> />

da Agropecuária com Eduardo Cunha (PMDB/RJ),<<strong>br</strong> />

eleito presidente da Câmara dos Deputados em fevereiro<<strong>br</strong> />

de <strong>2015</strong>, garantiram o compromisso público deste em<<strong>br</strong> />

criar uma nova Comissão Especial para tratar da Proposta<<strong>br</strong> />

de Emenda Constitucional (PEC) 215/2000 em troca da<<strong>br</strong> />

adesão dos ruralistas à sua candidatura. Cunha contou<<strong>br</strong> />

ainda com o apoio manifesto das bancadas do fundamentalismo<<strong>br</strong> />

religioso e da indústria bélica. Como consequência,<<strong>br</strong> />

em outu<strong>br</strong>o de <strong>2015</strong>, a Comissão Especial aprovou uma<<strong>br</strong> />

versão ainda mais degenerada desta PEC, que inviabiliza<<strong>br</strong> />

novas demarcações de terras indígenas e titulações de<<strong>br</strong> />

terras quilombolas e legaliza a invasão e a exploração das<<strong>br</strong> />

terras indígenas já demarcadas, que estão na posse e sendo<<strong>br</strong> />

preservadas pelos povos.<<strong>br</strong> />

Na esteira da tramitação da PEC 215/00 e de outras<<strong>br</strong> />

proposições legislativas anti-indígenas, parlamentares<<strong>br</strong> />

da bancada ruralista e dirigentes de sindicatos rurais<<strong>br</strong> />

patronais e de associações de produtores de commodities<<strong>br</strong> />

agrícolas espalharam o ódio e o terror contra os povos e<<strong>br</strong> />

as suas comunidades. Discursos de incitação ao ódio e à<<strong>br</strong> />

violência, como aqueles de Vicente Dutra 1 , multiplicaramse<<strong>br</strong> />

ao longo de 2014 e <strong>2015</strong>. Os resultados desse processo<<strong>br</strong> />

foram colhidos, principalmente, na forma de assassinatos<<strong>br</strong> />

de lideranças indígenas que lutavam pela demarcação 2 e<<strong>br</strong> />

“<<strong>br</strong> />

A tentativa de criminalizar<<strong>br</strong> />

lideranças indígenas, profissionais<<strong>br</strong> />

de antropologia, organizações e<<strong>br</strong> />

pessoas da sociedade civil que<<strong>br</strong> />

atuam em defesa dos projetos de<<strong>br</strong> />

vida dos povos indígenas no Brasil<<strong>br</strong> />

também foi intensificada pelos<<strong>br</strong> />

ruralistas em <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

”<<strong>br</strong> />

na proteção de suas terras tradicionais 3 e de sistemáticos<<strong>br</strong> />

ataques paramilitares contra comunidades indígenas.<<strong>br</strong> />

Neste sentido, a situação vivida pelos Guarani e<<strong>br</strong> />

Kaiowá, no estado do Mato Grosso do Sul, é emblemática.<<strong>br</strong> />

Em <strong>2015</strong>, foram registrados mais de uma dezena de<<strong>br</strong> />

ataques paramilitares contra várias comunidades deste<<strong>br</strong> />

povo. Tais ataques, desferidos por milícias comandadas<<strong>br</strong> />

por fazendeiros, resultaram em uma liderança assassinada<<strong>br</strong> />

e dezenas de indígenas, inclusive crianças e idosos, feridos.<<strong>br</strong> />

Neste aspecto, o ataque paramilitar desferido contra<<strong>br</strong> />

o tekoha Ñanderu Marangatu é exemplar. O mesmo foi<<strong>br</strong> />

preparado no sindicato rural do município de Antônio<<strong>br</strong> />

João e contou com a participação de dirigentes sindicais,<<strong>br</strong> />

latifundiários e, inclusive, parlamentares federais 4 . A ação<<strong>br</strong> />

foi precedida por uma onda de mentiras espalhadas por<<strong>br</strong> />

alguns fazendeiros com o intuito de criar um clima de terror<<strong>br</strong> />

e animosidade da população regional contra os indígenas,<<strong>br</strong> />

numa tentativa pré-concebida de legitimar o ataque que<<strong>br</strong> />

estava sendo perpetrado 5 .<<strong>br</strong> />

A tentativa de criminalizar lideranças indígenas,<<strong>br</strong> />

profissionais de antropologia, organizações e pessoas da<<strong>br</strong> />

sociedade civil que atuam em defesa dos projetos de vida<<strong>br</strong> />

dos povos indígenas no Brasil também foi intensificada<<strong>br</strong> />

pelos ruralistas em <strong>2015</strong>. Neste sentido, duas Comissões<<strong>br</strong> />

Parlamentares de Inquéritos (CPI) foram criadas e postas<<strong>br</strong> />

em funcionamento sob o controle de deputados repre-<<strong>br</strong> />

* Secretário Executivo do Cimi, graduado em Filosofia na Faculdade de Filosofia Nossa Senhora da Imaculada Conceição (Fafimc)<<strong>br</strong> />

13<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Alberto Cesar Araujo/Amazonia Real<<strong>br</strong> />

sentantes do agronegócio. Uma na Assembleia Legislativa<<strong>br</strong> />

do estado do Mato Grosso do Sul, denominada CPI do<<strong>br</strong> />

Cimi 6 , e outra na Câmara dos Deputados, denominada<<strong>br</strong> />

CPI da Funai/Incra 7 .<<strong>br</strong> />

As invasões possessórias para a exploração ilegal<<strong>br</strong> />

de bens naturais de terras indígenas, de modo especial a<<strong>br</strong> />

madeira, foram agravadas, em <strong>2015</strong>, pela prática maca<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />

de atear fogo intencionalmente no interior dessas terras.<<strong>br</strong> />

Essa ação criminosa foi posta em prática por madeireiros<<strong>br</strong> />

como uma represália ao fato dos próprios indígenas fazerem<<strong>br</strong> />

a proteção territorial 8 . A ação dos madeireiros resultou na<<strong>br</strong> />

ampliação em larga escala das queimadas, na consequente<<strong>br</strong> />

destruição generalizada da fauna e flora no interior das<<strong>br</strong> />

terras indígenas e em grave ameaça a famílias inteiras de<<strong>br</strong> />

indígenas, especialmente, com a queima de suas casas.<<strong>br</strong> />

No caso da Terra Indígena Arariboia, do povo Guajajara,<<strong>br</strong> />

“<<strong>br</strong> />

Setores do poder Judiciário<<strong>br</strong> />

mantiveram decisões que<<strong>br</strong> />

restringem violentamente os direitos<<strong>br</strong> />

indígenas. A partir de decisões do<<strong>br</strong> />

Supremo Tribunal Federal (STF),<<strong>br</strong> />

teses ruralistas como a do Marco<<strong>br</strong> />

Temporal e da Tutela Judiciária têm<<strong>br</strong> />

se mantido hegemônicas<<strong>br</strong> />

”<<strong>br</strong> />

no estado do Maranhão, as queimadas atingiram cerca<<strong>br</strong> />

de 50% dos 413 mil hectares da área demarcada 9 . Povos<<strong>br</strong> />

isolados sofreram permanentemente com as invasões e a<<strong>br</strong> />

destruição dessas terras 10 .<<strong>br</strong> />

Na mesma trilha de crimes, madeireiros passaram<<strong>br</strong> />

a ameaçar de morte e eliminar lideranças indígenas que<<strong>br</strong> />

se opõem à exploração de suas terras e que se organizam<<strong>br</strong> />

para evitar que isso ocorra 11 . O caso do assassinato do líder<<strong>br</strong> />

Eusébio Ka’apor, também no Maranhão, se localiza neste<<strong>br</strong> />

contexto. Nesses casos, a omissão do Estado <strong>br</strong>asileiro é<<strong>br</strong> />

verificada desde a falta de ações preventivas e efetivas na<<strong>br</strong> />

proteção das terras indígenas até a total impunidade dos<<strong>br</strong> />

assassinos das lideranças indígenas.<<strong>br</strong> />

Dentre outras situações, o governo <strong>br</strong>asileiro<<strong>br</strong> />

manteve-se omisso no que diz respeito à sua responsabilidade<<strong>br</strong> />

de demarcar as terras indígenas e de promover<<strong>br</strong> />

a atenção adequada à saúde dos povos originários. Prova<<strong>br</strong> />

irrefutável disso é a não execução orçamentária da ação<<strong>br</strong> />

“Indenização para Solução de Conflitos Indígenas”, do<<strong>br</strong> />

Programa Proteção e Promoção dos Direitos dos Povos<<strong>br</strong> />

Indígenas, que teve um orçamento de R$ 30 milhões<<strong>br</strong> />

autorizado para <strong>2015</strong>, mas que nada deste valor foi empenhado<<strong>br</strong> />

e liquidado até o dia 31 de dezem<strong>br</strong>o. Nesse cenário,<<strong>br</strong> />

a demanda dos povos pela demarcação de suas terras<<strong>br</strong> />

continuou se acumulando, juntamente com o elevado e<<strong>br</strong> />

inaceitável número de óbitos indígenas, de modo especial<<strong>br</strong> />

na infância.<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 14


“<<strong>br</strong> />

Ministros do STF, especialmente<<strong>br</strong> />

Gilmar Mendes, de modo retrógrado,<<strong>br</strong> />

tem se apegado à legislação préconstituinte<<strong>br</strong> />

para negar o acesso<<strong>br</strong> />

e a participação de comunidades<<strong>br</strong> />

indígenas em processos judiciais<<strong>br</strong> />

que discutem o direito às suas<<strong>br</strong> />

terras tradicionais<<strong>br</strong> />

”<<strong>br</strong> />

Setores do poder Judiciário mantiveram decisões<<strong>br</strong> />

que restringem violentamente os direitos indígenas. Essas<<strong>br</strong> />

restrições resultam fundamentalmente de reinterpretações<<strong>br</strong> />

da Constituição Federal (CF) e ocorrem a partir de decisões<<strong>br</strong> />

da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), onde<<strong>br</strong> />

teses ruralistas como a do Marco Temporal e da Tutela<<strong>br</strong> />

Judiciária têm se mantido hegemônicas. Anulações de<<strong>br</strong> />

atos administrativos de demarcação das terras indígenas<<strong>br</strong> />

Guyraroká, dos Guarani e Kaiowá, Limão Verde, do povo<<strong>br</strong> />

Terena, e Porquinhos, do povo Kanela-Apãnjekra, foram<<strong>br</strong> />

mantidas em <strong>2015</strong>.<<strong>br</strong> />

Por meio da tese do Marco Temporal, o direito dos<<strong>br</strong> />

povos às suas terras tradicionais é negado e restringido tão<<strong>br</strong> />

somente àquelas cujos povos estavam na posse física ou<<strong>br</strong> />

em conflito de fato ou judicial com os invasores em 5 de<<strong>br</strong> />

outu<strong>br</strong>o de 1988, data da promulgação da Constituição<<strong>br</strong> />

Federal (CF). Como fica evidente, essa reinterpretação do<<strong>br</strong> />

Artigo 231 da CF, além de ser uma violência em si, legitima<<strong>br</strong> />

e legaliza as expulsões e as demais violações e violências<<strong>br</strong> />

cometidas contra os povos indígenas no Brasil, inclusive<<strong>br</strong> />

no passado recente. Serve de combustível que potencializa<<strong>br</strong> />

a violência contra os povos em seus territórios, uma<<strong>br</strong> />

vez que ela sinaliza, para os históricos e novos invasores<<strong>br</strong> />

de terras indígenas, que o mecanismo da violência, dos<<strong>br</strong> />

assassinatos seletivos de lideranças e do uso de aparatos<<strong>br</strong> />

paramilitares para expulsar os povos das suas terras seria<<strong>br</strong> />

legítimo, conveniente e até vantajoso para os seus intentos<<strong>br</strong> />

de continuarem se apossando e explorando essas terras.<<strong>br</strong> />

A tese da tutela judiciária, ainda empregada, nega<<strong>br</strong> />

aos povos indígenas o direito fundamental de acesso à<<strong>br</strong> />

Justiça. Com ela, portanto, fica negada também a condição<<strong>br</strong> />

de sujeitos plenos de direito aos povos, às suas comunidades<<strong>br</strong> />

e organizações. Embora a Constituição Brasileira,<<strong>br</strong> />

em seu artigo 232, reconheça explicitamente que “Os<<strong>br</strong> />

índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas<<strong>br</strong> />

para ingressar em juízo em defesa de seus direitos<<strong>br</strong> />

e interesses, intervindo o Ministério Público em todos os<<strong>br</strong> />

atos do processo”, ministros do STF, especialmente Gilmar<<strong>br</strong> />

Mendes, de modo retrógrado, tem se apegado à legislação<<strong>br</strong> />

pré-constituinte para negar o acesso e a participação<<strong>br</strong> />

de comunidades indígenas em processos judiciais que<<strong>br</strong> />

discutem o direito às suas terras tradicionais 12 . Nenhum<<strong>br</strong> />

dos três povos acima nominados, que tiveram o direito às<<strong>br</strong> />

suas terras negado pelas decisões da 2ª Turma do STF, é<<strong>br</strong> />

parte nos processos judiciais que resultaram na anulação<<strong>br</strong> />

dos atos demarcatórios.<<strong>br</strong> />

Os povos indígenas, por sua vez, diante de todos estes<<strong>br</strong> />

ataques, não demonstraram intimidação e mantiveram-se<<strong>br</strong> />

coesos em ações sistemáticas de resistência e insurgência<<strong>br</strong> />

na defesa e pela efetivação de seus direitos e de seus<<strong>br</strong> />

projetos de vida. Nas retomadas 13 , nas autodemarcações 14 ,<<strong>br</strong> />

na proteção de seus territórios 15 , na incidência política<<strong>br</strong> />

junto às diferentes instâncias dos Três Poderes do Estado<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>asileiro 16 e junto aos organismos multilaterais 17 demonstraram<<strong>br</strong> />

a disposição e organização necessárias para vencer<<strong>br</strong> />

os projetos de morte e a própria morte que o agrocrime,<<strong>br</strong> />

um dos sujeitos operadores do Capital, tenta lhes impor.<<strong>br</strong> />

A luta e a esperança continuam. Quanto mais luta, maior<<strong>br</strong> />

a esperança. u<<strong>br</strong> />

1 https://www.youtube.com/watch?v=PjcUOQbuvXU<<strong>br</strong> />

2 http://<strong>cimi</strong>.org.<strong>br</strong>/site/<strong>pt</strong>-<strong>br</strong>/?system=news&conteudo_id=8294&action=read<<strong>br</strong> />

3 http://www.ihu.unisinos.<strong>br</strong>/noticias/542263-na-onu-secretario-do-<strong>cimi</strong>-denuncia-assassinato-de-indigena-kaaapor-no-maranhao e http://www.<strong>cimi</strong>.org.<strong>br</strong>/File/<<strong>br</strong> />

ONUCleberPortugues.pdf<<strong>br</strong> />

4 http://<strong>br</strong>asil.elpais.com/<strong>br</strong>asil/<strong>2015</strong>/09/05/politica/1441467261_989526.html<<strong>br</strong> />

5 https://www.diplomatique.org.<strong>br</strong>/print.php?tipo=ac&id=3141<<strong>br</strong> />

6 http://www.<strong>cimi</strong>.org.<strong>br</strong>/site/<strong>pt</strong>-<strong>br</strong>/?system=news&action=read&id=8354<<strong>br</strong> />

7 http://www2.camara.leg.<strong>br</strong>/camaranoticias/noticias/DIREITO-E-JUSTICA/499549-CAMARA-CRIA-CPI-PARA-INVESTIGAR-ATUACAO-DA-FUNAI-E-DO-INCRA.<<strong>br</strong> />

html<<strong>br</strong> />

8 http://www.greenpeace.org/<strong>br</strong>asil/<strong>pt</strong>/Noticias/Fogo-terras-indigenas-no-Maranhao-voltam-a-sofrer-ataques-/<<strong>br</strong> />

9 http://noticias.uol.com.<strong>br</strong>/meio-ambiente/ultimas-noticias/redacao/<strong>2015</strong>/10/28/incendio-em-terra-indigena-no-maranhao-esta-controlado-diz-ibama.htm<<strong>br</strong> />

10 http://g1.globo.com/fantastico/videos/t/edicoes/v/madeireiros-ameacam-tribo-indigena-na-amazonia/4037147/<<strong>br</strong> />

11 http://www.ihu.unisinos.<strong>br</strong>/noticias/532903-madeireiros-ameacam-indios-na-amazonia<<strong>br</strong> />

12 Inteiro teor do Acordão do Recurso Ordinário em Mandado de Segurança 29087, encontrado no andamento do processo em 16 de novem<strong>br</strong>o de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

13 http://www.<strong>cimi</strong>.org.<strong>br</strong>/site/<strong>pt</strong>-<strong>br</strong>/?system=news&conteudo_id=8235&action=read<<strong>br</strong> />

14 https://www.youtube.com/watch?v=o8uUa1kqlOM<<strong>br</strong> />

15 http://www.rede<strong>br</strong>asilatual.com.<strong>br</strong>/cidadania/<strong>2015</strong>/05/indios-ka2019apor-arriscam-a-vida-para-expulsar-madeireiros-de-sua-terra-6620.html<<strong>br</strong> />

16 http://www.c<strong>pt</strong>nacional.org.<strong>br</strong>/index.php/publicacoes/noticias/acoes-dos-movimentos/3025-em-<strong>br</strong>asilia-indigenas-manifestam-se-contra-matopiba-usinashidreletricas-e-a-pec-215<<strong>br</strong> />

e http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/<strong>2015</strong>/04/indigenas-fecham-esplanada-e-fazem-ato-em-frente-ao-planalto.html<<strong>br</strong> />

17 http://www.bbc.com/portuguese/noticias/<strong>2015</strong>/10/151020_<strong>br</strong>asil_violencia_indios_jf_cc e http://www.<strong>cimi</strong>.org.<strong>br</strong>/site/<strong>pt</strong>-<strong>br</strong>/?system=news&action=read&<<strong>br</strong> />

id=8084<<strong>br</strong> />

15<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Marcelo Camargo/Agência Brasil<<strong>br</strong> />

“<<strong>br</strong> />

Chamou atenção o assassinato do Guarani e Kaiowá Simeão Vilhalva,<<strong>br</strong> />

em agosto de <strong>2015</strong>. O crime ocorreu depois que fazendeiros e políticos<<strong>br</strong> />

na região de Antônio João promoveram um ato público convocando a<<strong>br</strong> />

população a se rebelar contra a comunidade de Ñhanderu Marangatu.<<strong>br</strong> />

O decreto de homologação desta área foi assinado há mais de dez anos,<<strong>br</strong> />

mas ela ainda permanece sob a posse de não índios<<strong>br</strong> />

”<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 16


INTRODUÇÃO<<strong>br</strong> />

Há uma guerra<<strong>br</strong> />

contra os povos<<strong>br</strong> />

indígenas no Brasil?<<strong>br</strong> />

Lucia Helena Rangel*<<strong>br</strong> />

Roberto Liebgott**<<strong>br</strong> />

O<<strong>br</strong> />

ano de <strong>2015</strong> foi tenso, agitado e mobilizou os povos indígenas<<strong>br</strong> />

das maneiras mais variadas. Por um lado, a esperança<<strong>br</strong> />

de construir formas pacíficas de convivência através da<<strong>br</strong> />

regulamentação da política indigenista, debatendo o atendimento<<strong>br</strong> />

de saúde e de educação; fóruns de jovens, assembleias comunitárias,<<strong>br</strong> />

regionais e nacionais e a explicitação cada vez mais forte da consciência<<strong>br</strong> />

de que a luta pela terra representa o cuidado de si, dos povos,<<strong>br</strong> />

de todos os seres vivos, de todos os recursos naturais, de todos os<<strong>br</strong> />

seres encantados, dos espíritos fortes que sustentam a projeção do<<strong>br</strong> />

futuro. Por outro lado, ainda é necessário fazer frente à violência e<<strong>br</strong> />

à violação de direitos que pesam so<strong>br</strong>e os povos indígenas como<<strong>br</strong> />

desafio secular que enreda a vida, alternando luz e som<strong>br</strong>a como<<strong>br</strong> />

sempre tem acontecido na história do Brasil.<<strong>br</strong> />

Aumentou ou diminui a violência contra os indígenas? Em<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong> parece que aumentou, tamanha foi a pressão exercida pelos<<strong>br</strong> />

poderosos que são contra os direitos indígenas, contra os direitos<<strong>br</strong> />

sociais e humanos. É como se estes direitos, garantidos pela Constituição<<strong>br</strong> />

Federal, fossem um atentado à reprodução dos privilégios<<strong>br</strong> />

que as elites, em nossa sociedade, acostumaram a considerar como<<strong>br</strong> />

naturais e os únicos garantidores do status quo. Não será possível<<strong>br</strong> />

imaginar um lugar ao sol para todos?<<strong>br</strong> />

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi), como faz todos os<<strong>br</strong> />

anos, apresenta a sistematização dos dados de violências e violações<<strong>br</strong> />

de direitos contra os povos indígenas no Brasil ocorridos em <strong>2015</strong>.<<strong>br</strong> />

Os dados são sistematizados a partir das informações registradas<<strong>br</strong> />

pelas equipes missionárias que atuam em diversas localidades, em<<strong>br</strong> />

todas as regiões <strong>br</strong>asileiras. As lideranças indígenas e a mobilização<<strong>br</strong> />

de várias comunidades expressam suas reivindicações, seja através<<strong>br</strong> />

de documentos escritos, seja através de atuações em locais estratégicos,<<strong>br</strong> />

constituindo, assim, uma importante fonte de dados. A<<strong>br</strong> />

imprensa escrita, falada, televisiva e virtual fornece informações<<strong>br</strong> />

que permitem a<strong>br</strong>anger o território nacional. O Ministério Público<<strong>br</strong> />

Federal (MPF) produz relatórios, informações através de seus órgãos<<strong>br</strong> />

de informação, além de ações concretas encaminhadas através dos<<strong>br</strong> />

* Assessora Antropológica do Cimi e Professora de Antropologia da Pontifícia Universidade<<strong>br</strong> />

Católica de São Paulo (PUC-SP)<<strong>br</strong> />

** Missionário e Coordenador do Regional Cimi Sul, graduado em Filosofia na Faculdade<<strong>br</strong> />

de Filosofia Nossa Senhora da Imaculada Conceição (Fafimc) e em Direito na Pontifícia<<strong>br</strong> />

Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS)<<strong>br</strong> />

17<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Antonio Apinajé<<strong>br</strong> />

canais da Justiça. Outros órgãos oficiais também produzem<<strong>br</strong> />

algumas informações importantes, dos quais destacamos<<strong>br</strong> />

o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a<<strong>br</strong> />

Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), que atua em<<strong>br</strong> />

muitas áreas, registrando dados de saúde e atendimento<<strong>br</strong> />

no padrão médico. Esses dados são sistematizados em<<strong>br</strong> />

um relatório geral, alimentado pelos Distritos Sanitários<<strong>br</strong> />

Especiais Indígenas (Dsei) regionais. Dados a respeito<<strong>br</strong> />

da mortalidade de crianças de até cinco anos, suicídios,<<strong>br</strong> />

mortalidade geral, assassinatos, entre outros, têm sido<<strong>br</strong> />

da maior importância para a pesquisa que realizamos<<strong>br</strong> />

durante o ano inteiro e, nesse sentido, o Cimi solicita à<<strong>br</strong> />

Sesai estas informações adicionais. Isso porque os registros<<strong>br</strong> />

do atendimento à saúde são mais a<strong>br</strong>angentes, embora<<strong>br</strong> />

não haja um treinamento específico para os profissionais<<strong>br</strong> />

da saúde voltado à compreensão do mundo indígena. A<<strong>br</strong> />

própria Fundação Nacional do Índio (Funai) não possui<<strong>br</strong> />

um registro com essa a<strong>br</strong>angência. No entanto, a Sesai<<strong>br</strong> />

dificulta o acesso do Cimi aos seus dados, mesmo que a<<strong>br</strong> />

lei garanta o acesso à informação.<<strong>br</strong> />

Apesar das dificuldades, e mesmo com a certeza de<<strong>br</strong> />

que nossos dados são incompletos, parciais e deixam de<<strong>br</strong> />

lado alguns episódios, o volume de informações que apresentamos<<strong>br</strong> />

nos permite fazer um balanço a respeito desse<<strong>br</strong> />

lado som<strong>br</strong>io que abarca o cotidiano e as grandes lutas dos<<strong>br</strong> />

“<<strong>br</strong> />

A extração ilegal de madeira nas<<strong>br</strong> />

terras indígenas das regiões Norte<<strong>br</strong> />

e Centro-Oeste recrudescem a cada<<strong>br</strong> />

ano. Os agentes dessa ilegalidade<<strong>br</strong> />

a<strong>br</strong>em estradas e ramais para a<<strong>br</strong> />

entrada de equipamentos e retirada<<strong>br</strong> />

da madeira, constroem uma rede de<<strong>br</strong> />

estradas clandestinas que levam o<<strong>br</strong> />

produto até os centros industriais<<strong>br</strong> />

e exportadores. Ocasionalmente,<<strong>br</strong> />

a fiscalização apreende madeira e<<strong>br</strong> />

prende infratores, mas em um ritmo<<strong>br</strong> />

muito mais lento do que a agilidade<<strong>br</strong> />

dos tratores e das motosserras<<strong>br</strong> />

”<<strong>br</strong> />

povos indígenas no Brasil. Mantivemos, como sempre, os<<strong>br</strong> />

três capítulos que apresentam os dados coletados e uma<<strong>br</strong> />

introdução a cada um deles.<<strong>br</strong> />

Além do quadro geral da situação das terras indígenas<<strong>br</strong> />

no país, em <strong>2015</strong> o Cimi publica também a listagem das<<strong>br</strong> />

terras com pendências administrativas, ou seja, aquelas<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 18


que ainda não chegaram ao estágio final do procedimento<<strong>br</strong> />

demarcatório, que é a inscrição no Cartório de Registro<<strong>br</strong> />

de Imóveis e na Secretaria do Patrimônio da União (SPU).<<strong>br</strong> />

Das terras indígenas com pendências administrativas,<<strong>br</strong> />

podemos constatar que muitas são de povos isolados.<<strong>br</strong> />

Há povos indígenas sem contato, vivendo em terras com<<strong>br</strong> />

pendências administrativas nos estados do Acre, Amazonas,<<strong>br</strong> />

Mato Grosso, Pará, Rondônia e Roraima. Muitas das áreas<<strong>br</strong> />

estão sem nenhuma providência tomada pelo poder público.<<strong>br</strong> />

Além disso, são unidades da federação onde o Estado<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>asileiro tem construído grandes empreendimentos ou<<strong>br</strong> />

pretende construí-los, como as hidrelétricas e as rodovias.<<strong>br</strong> />

Como não houve um efetivo e considerável processo<<strong>br</strong> />

de demarcações de terras, em função das alianças políticas<<strong>br</strong> />

do governo Dilma Rousseff, os conflitos continuaram a<<strong>br</strong> />

ocorrer em <strong>2015</strong>. Os Tupinambá na Bahia, os Gamela no<<strong>br</strong> />

Maranhão, os Guarani em Santa Catarina, entre outros<<strong>br</strong> />

povos, sofreram ataques violentos como forma de pressão<<strong>br</strong> />

para se afastarem das terras às quais têm direitos.<<strong>br</strong> />

Em Mato Grosso do Sul, estado com o maior número<<strong>br</strong> />

de casos, registramos ao menos dez ataques a comunidades<<strong>br</strong> />

dos povos Guarani e Kaiowá, Ñhandeva e Terena, desferidos<<strong>br</strong> />

contra acampamentos indígenas, principalmente<<strong>br</strong> />

em áreas retomadas. Diversas pessoas foram baleadas e<<strong>br</strong> />

algumas torturadas. Em alguns casos, os acampamentos<<strong>br</strong> />

foram destruídos. Em Pyellito Kue, dez indígenas ficaram<<strong>br</strong> />

feridos, entre eles uma gestante e um rezador. No tekoha<<strong>br</strong> />

Guyra Kambi’y, fazendeiros desrespeitaram um pacto<<strong>br</strong> />

de paz firmado com o ministro da Justiça e atacaram a<<strong>br</strong> />

comunidade Guarani e Kaiowá.<<strong>br</strong> />

Foram registrados 55 casos, em <strong>2015</strong>, de invasões<<strong>br</strong> />

possessórias, exploração ilegal de recursos naturais e<<strong>br</strong> />

danos diversos ao patrimônio, nos estados de Alagoas (1),<<strong>br</strong> />

Amazonas (6), Espírito Santo (1), Maranhão (18), Mato<<strong>br</strong> />

Grosso (3), Mato Grosso do Sul (2), Pará (12), Rondônia<<strong>br</strong> />

(5), Roraima (3), Santa Catarina (2), São Paulo (1) e Tocantins<<strong>br</strong> />

(1).<<strong>br</strong> />

O desastre ambiental causado pelo rompimento<<strong>br</strong> />

da barragem da Samarco, em Minas Gerais, o maior da<<strong>br</strong> />

história <strong>br</strong>asileira, atingiu três povos indígenas em dois<<strong>br</strong> />

estados: os Tupiniquim e os Guarani, no Espírito Santo, e os<<strong>br</strong> />

Krenak, em Minas Gerais. Os transtornos foram incomensuráveis,<<strong>br</strong> />

principalmente em relação às atividades produtivas.<<strong>br</strong> />

Os povos indígenas do Maranhão, que contam com<<strong>br</strong> />

áreas de florestas em suas terras, continuam sendo alvos<<strong>br</strong> />

de invasões, desmatamentos, exploração ilegal de recursos,<<strong>br</strong> />

além de ações criminosas, como foram os incêndios nas<<strong>br</strong> />

terras Arariboia, dos povos Awá e Guajajara; e Alto Turiaçu,<<strong>br</strong> />

dos povos Awá, Ka’apor, Tembé, Timbira e Urubu Ka’apor.<<strong>br</strong> />

Os territórios do povo Awá, que ainda contam com<<strong>br</strong> />

grupos sem contato, vivendo nas matas da região, foram<<strong>br</strong> />

duramente atingidos pelo Programa Grande Carajás na<<strong>br</strong> />

década de 1980; desde então os Awá vivem os mesmos<<strong>br</strong> />

problemas: invasão de seus territórios por madeireiros, caçadores<<strong>br</strong> />

e saqueadores de todos os tipos de matérias-primas e<<strong>br</strong> />

“<<strong>br</strong> />

Das terras indígenas com<<strong>br</strong> />

pendências administrativas,<<strong>br</strong> />

podemos constatar que muitas<<strong>br</strong> />

são de povos isolados. Muitas<<strong>br</strong> />

das áreas estão sem nenhuma<<strong>br</strong> />

providência tomada pelo poder<<strong>br</strong> />

público. Além disso, são unidades<<strong>br</strong> />

da federação onde o Estado<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>asileiro tem construído grandes<<strong>br</strong> />

empreendimentos ou pretende<<strong>br</strong> />

construí-los, como as hidrelétricas<<strong>br</strong> />

e as rodovias<<strong>br</strong> />

”<<strong>br</strong> />

bens naturais. Em <strong>2015</strong> foram impactados novamente pela<<strong>br</strong> />

duplicação da ferrovia da Vale S.A. que, incessantemente,<<strong>br</strong> />

transporta minério de ferro dia e noite sem parar. O trem<<strong>br</strong> />

vai cheio em direção ao porto de São Luís e retorna vazio<<strong>br</strong> />

até o local de extração em Parauapebas, no Pará.<<strong>br</strong> />

A extração ilegal de madeira nas terras indígenas das<<strong>br</strong> />

regiões Norte e Centro-Oeste recrudesce a cada ano. Os<<strong>br</strong> />

agentes dessa ilegalidade a<strong>br</strong>em estradas e ramais para a<<strong>br</strong> />

entrada de equipamentos e retirada da madeira. Os satélites<<strong>br</strong> />

instalados nessas regiões detectam a atividade e registram<<strong>br</strong> />

as ocorrências; para burlar os sensores de imagens, os<<strong>br</strong> />

madeireiros passaram a a<strong>br</strong>ir catreadores, que são picadas<<strong>br</strong> />

feitas sob as árvores mais frondosas, dificultando assim<<strong>br</strong> />

a visualização da atividade. O esgotamento da madeira,<<strong>br</strong> />

principalmente a de lei, num determinado local exige o<<strong>br</strong> />

deslocamento das picadas; assim, constroem uma rede de<<strong>br</strong> />

estradas clandestinas que levam o produto até os centros<<strong>br</strong> />

industriais e exportadores. Ocasionalmente, a fiscalização<<strong>br</strong> />

apreende madeira e prende infratores, mas em um ritmo<<strong>br</strong> />

muito mais lento do que a agilidade dos tratores e das<<strong>br</strong> />

motosserras.<<strong>br</strong> />

A morosidade na regularização e demarcação das<<strong>br</strong> />

terras indígenas tem se tornado praticamente intrínseca no<<strong>br</strong> />

país. Desse modo as invasões, os conflitos e toda sorte de<<strong>br</strong> />

danos contra o patrimônio e as respectivas comunidades<<strong>br</strong> />

não cessam, aprofundando, assim, a omissão do Estado e<<strong>br</strong> />

as ações violentas, destrutivas e ilegais contra os indígenas.<<strong>br</strong> />

O Cimi detectou 654 terras indígenas com pendências<<strong>br</strong> />

administrativas, ou seja, que ainda não tiveram seu procedimento<<strong>br</strong> />

demarcatório concluído. Algumas comunidades<<strong>br</strong> />

esperam a conclusão dos trabalhos de demarcação oficial<<strong>br</strong> />

há mais de 20 anos.<<strong>br</strong> />

No capítulo Violência contra a pessoa, o Cimi registrou<<strong>br</strong> />

54 assassinatos em <strong>2015</strong>. Entre <strong>br</strong>igas pessoais motivadas<<strong>br</strong> />

pelo consumo de álcool e corpos encontrados mortos<<strong>br</strong> />

com sinais de tiros disparados por armas de fogo, uma<<strong>br</strong> />

das situações que mais preocupam são os assassinatos de<<strong>br</strong> />

líderes engajados na luta pela recuperação de territórios<<strong>br</strong> />

tradicionais.<<strong>br</strong> />

19<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


“<<strong>br</strong> />

A morosidade na regularização<<strong>br</strong> />

e demarcação das terras indígenas<<strong>br</strong> />

tem se tornado praticamente<<strong>br</strong> />

intrínseca no país. Desse modo as<<strong>br</strong> />

invasões, os conflitos e toda sorte<<strong>br</strong> />

de danos contra o patrimônio e<<strong>br</strong> />

as respectivas comunidades não<<strong>br</strong> />

cessam, aprofundando, assim,<<strong>br</strong> />

a omissão do Estado e as ações<<strong>br</strong> />

violentas, destrutivas e ilegais<<strong>br</strong> />

contra os indígenas. Algumas<<strong>br</strong> />

comunidades esperam há mais<<strong>br</strong> />

de 20 anos a conclusão dos<<strong>br</strong> />

trabalhos de identificação realizados<<strong>br</strong> />

oficialmente<<strong>br</strong> />

”<<strong>br</strong> />

O Mato Grosso do Sul continuou sendo o estado<<strong>br</strong> />

com o maior número de registros: 36 homicídios, segundo<<strong>br</strong> />

os dados oficiais. Dentre outros casos, chamou atenção<<strong>br</strong> />

o assassinato do Guarani e Kaiowá Simeão Vilhalva, em<<strong>br</strong> />

agosto de <strong>2015</strong>. O crime ocorreu depois que fazendeiros<<strong>br</strong> />

e políticos na região de Antônio João promoveram um<<strong>br</strong> />

ato público convocando a população a se rebelar contra a<<strong>br</strong> />

comunidade indígena de Ñhanderu Marangatu, que havia<<strong>br</strong> />

realizado algumas ações de recuperação de parcelas de seu<<strong>br</strong> />

território. O decreto de homologação desta área foi assinado<<strong>br</strong> />

há mais de dez anos, mas ela ainda permanece sob a posse de<<strong>br</strong> />

não índios.<<strong>br</strong> />

Também causou grande consternação o assassinato<<strong>br</strong> />

do pequeno Vítor Kaingang, de 2 anos, em Santa Catarina.<<strong>br</strong> />

Sua mãe o amamentava quando um rapaz se aproximou e<<strong>br</strong> />

desferiu um golpe de estilete em seu pescoço. A mãe desesperada<<strong>br</strong> />

não pôde fazer mais nada a não ser, em prantos, ver<<strong>br</strong> />

seu pequenino esvair-se em sangue no seu colo.<<strong>br</strong> />

O estado de Mato Grosso do Sul também foi palco<<strong>br</strong> />

do maior número de tentativas de assassinatos. As ocorrências<<strong>br</strong> />

se devem em boa parte aos conflitos relacionados à<<strong>br</strong> />

disputa pela terra e por ofensivas realizadas a comunidades<<strong>br</strong> />

inteiras. Foram registrados ataques contra as comunidades<<strong>br</strong> />

de Ñhanderu Marangatu, no município de Antônio João;<<strong>br</strong> />

em Guyra Kamby’i, no município de Douradina; Potrero<<strong>br</strong> />

Guasu, no município de Paranhos; Pyellito Kue, no município<<strong>br</strong> />

de Iguatemi; Mbaracay, no município de Douradina;<<strong>br</strong> />

Kurupi, no município de Naviraí; Tey’I Jusu, no município<<strong>br</strong> />

de Caarapó; Kurusu Ambá, município de Coronel Sapucaia;<<strong>br</strong> />

e Taquara, no município de Jutí.<<strong>br</strong> />

Além disso, o Mato Grosso do Sul registra o maior<<strong>br</strong> />

número de casos de homicídios culposos. Dos 18 casos<<strong>br</strong> />

registrados no Brasil, a maior parte foi por atropelamentos,<<strong>br</strong> />

dos quais 5 aconteceram neste estado. Outros casos foram<<strong>br</strong> />

registrados no Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio<<strong>br</strong> />

Grande do Sul e Santa Catarina.<<strong>br</strong> />

Foram registrados 12 casos de ameaças de morte,<<strong>br</strong> />

sendo a maioria das ocorrências no Maranhão, com 6 casos.<<strong>br</strong> />

São ameaças de invasores e madeireiros contra comunidades<<strong>br</strong> />

indígenas que passaram a defender seus territórios, por<<strong>br</strong> />

conta própria, em função da ausência do Estado.<<strong>br</strong> />

Também no Maranhão ocorreu o maior número<<strong>br</strong> />

de casos de ameaças várias, especificamente com a apropriação<<strong>br</strong> />

indébita de cartões bancários de indígenas por<<strong>br</strong> />

parte de comerciantes.<<strong>br</strong> />

Registramos, em <strong>2015</strong>, 12 casos relativos a lesões<<strong>br</strong> />

corporais dolosas em consequência de agressões físicas<<strong>br</strong> />

e espancamentos, registrados nos estados do Acre (1),<<strong>br</strong> />

Amazonas (3), Maranhão (1), Mato Grosso (1), Mato<<strong>br</strong> />

Grosso do Sul (5) e Rio Grande do Sul (1).<<strong>br</strong> />

Numa dessas ocorrências, em Mato Grosso do<<strong>br</strong> />

Sul, onde houve o maior número de casos, um grupo de<<strong>br</strong> />

indígenas foi atacado por pistoleiros fortemente armados<<strong>br</strong> />

após ocuparem uma porção de mata no seu território,<<strong>br</strong> />

onde pretendiam acessar bens naturais básicos, como<<strong>br</strong> />

água, comida e remédios naturais.<<strong>br</strong> />

Foram registrados 8 casos de abuso de poder, ocorridos<<strong>br</strong> />

nos estados do Acre (1), Amazonas (3), Bahia (1),<<strong>br</strong> />

Ceará (1), Mato Grosso do Sul (1) e Minas Gerais (1).<<strong>br</strong> />

O caso de uma estudante em Minas Gerais que<<strong>br</strong> />

participava de atos no dia 7 de setem<strong>br</strong>o é emblemático.<<strong>br</strong> />

Ela segurava um cartaz com a frase: “Somos todos Guarani-Kaiowá<<strong>br</strong> />

contra o genocídio a mando do agronegócio”.<<strong>br</strong> />

Um dos policiais que fazia a segurança no evento agarrou-a<<strong>br</strong> />

de forma violenta por entre os alam<strong>br</strong>ados de contenção,<<strong>br</strong> />

arrastou-a e a deitou com o rosto na calçada. Algemada,<<strong>br</strong> />

ela foi mantida presa e imobilizada pelos joelhos do policial<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e seu corpo. Apesar de estar simplesmente exercendo<<strong>br</strong> />

seu direito constitucional de livre manifestação do pensamento<<strong>br</strong> />

e não oferecer risco a ninguém, a jovem foi levada à<<strong>br</strong> />

delegacia, em um procedimento totalmente desnecessário<<strong>br</strong> />

e agressivo e sem direito às prerrogativas que deveriam ser<<strong>br</strong> />

seguidas por ela ser indígena.<<strong>br</strong> />

Seja por meios virtuais ou pessoalmente, os casos<<strong>br</strong> />

de racismo são constantes. Um deles, ocorrido no estado<<strong>br</strong> />

do Maranhão, destaca-se por ter sido protagonizado por<<strong>br</strong> />

um parlamentar; embora não seja a primeira vez que<<strong>br</strong> />

parlamentares façam pronunciamentos racistas contra<<strong>br</strong> />

os indígenas. O deputado estadual Fernando Furtado (PC<<strong>br</strong> />

do B) foi flagrado, em áudio que vazou nas redes sociais,<<strong>br</strong> />

insultando indígenas Awá, durante sua participação em uma<<strong>br</strong> />

audiência pública na cidade de São João do Caru, organizada<<strong>br</strong> />

por uma associação de produtores. Ao referir-se aos<<strong>br</strong> />

índios, o deputado os classificou de “bando de veadinho”,<<strong>br</strong> />

“boiola” e chegou a sugerir que eles morressem de fome<<strong>br</strong> />

“porque não sabe nem trabalhar”.<<strong>br</strong> />

Embora haja apenas 9 registros de casos de violência<<strong>br</strong> />

sexual, é possível supor que o número de ocorrências seja<<strong>br</strong> />

muito maior. Em Roraima, houve uma denúncia anônima à<<strong>br</strong> />

Polícia Civil de que o proprietário de uma fazenda, funcionários<<strong>br</strong> />

e um suposto policial militar estariam fazendo festa e<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 20


Ana Mendes<<strong>br</strong> />

“<<strong>br</strong> />

Os dados parciais, e mesmo<<strong>br</strong> />

assim dramáticos, da Sesai<<strong>br</strong> />

revelaram a morte de 599 crianças<<strong>br</strong> />

menores de 5 anos. Pneumonia,<<strong>br</strong> />

diarreia e gastroenterite são<<strong>br</strong> />

doenças perfeitamente tratáveis.<<strong>br</strong> />

A região Norte do país concentra o<<strong>br</strong> />

maior número de óbitos. Crianças<<strong>br</strong> />

e jovens que morrem acima dos<<strong>br</strong> />

índices aceitáveis pelas instituições<<strong>br</strong> />

oficiais nacionais e internacionais,<<strong>br</strong> />

revelam o espectro da necropolítica<<strong>br</strong> />

praticada contra os povos indígenas<<strong>br</strong> />

no Brasil<<strong>br</strong> />

”<<strong>br</strong> />

mantendo relações com crianças e adolescentes indígenas,<<strong>br</strong> />

em meio ao consumo de bebidas alcoólicas e drogas.<<strong>br</strong> />

Dos 87 casos de suicídios registrados em <strong>2015</strong>, 45<<strong>br</strong> />

ocorreram no Mato Grosso do Sul. Constatou-se que 24%<<strong>br</strong> />

dos casos ocorreram na faixa etária entre 10 e 14 anos, 37%<<strong>br</strong> />

na faixa de 15 a 19 anos e 22% na faixa de 20 a 29 anos.<<strong>br</strong> />

Entre os anos 2000 e <strong>2015</strong> temos o número alarmante<<strong>br</strong> />

de 752 suicídios no Mato Grosso do Sul, abatendo as<<strong>br</strong> />

comunidades Guarani e Kaiowá e dizimando seus jovens,<<strong>br</strong> />

principalmente do sexo masculino. Estes números somados<<strong>br</strong> />

aos dados, também alarmantes, de assassinatos de jovens<<strong>br</strong> />

negros configuram um perturbador retrato do juvenicídio<<strong>br</strong> />

que golpeia o Brasil.<<strong>br</strong> />

Os dados parciais, e mesmo assim dramáticos, da<<strong>br</strong> />

Sesai revelaram a morte de 599 crianças menores de 5<<strong>br</strong> />

anos. Pneumonia, diarreia e gastroenterite são doenças<<strong>br</strong> />

perfeitamente tratáveis, mas causaram a morte de pelo<<strong>br</strong> />

menos 99 crianças menores de 5 anos. A região Norte do<<strong>br</strong> />

país concentra o maior número de óbitos, com 349 mortes<<strong>br</strong> />

de crianças menores de 5 cinco anos, ou 58% do total dos<<strong>br</strong> />

dados parciais. Os povos indígenas mais afetados são das<<strong>br</strong> />

áreas de a<strong>br</strong>angência dos Dsei Xavante, com 79 óbitos, Alto<<strong>br</strong> />

Rio Solimões, com 77 óbitos, e Yanomami, com 72 óbitos.<<strong>br</strong> />

Esses números de mortos apontam para índices<<strong>br</strong> />

muito altos nas modalidades aqui registradas. Crianças<<strong>br</strong> />

e jovens que morrem acima dos índices aceitáveis pelas<<strong>br</strong> />

instituições oficiais nacionais e internacionais, revelam<<strong>br</strong> />

o espectro da necropolítica praticada contra os povos<<strong>br</strong> />

indígenas no Brasil.<<strong>br</strong> />

Diante deste cenário, será que ainda cabe mesmo<<strong>br</strong> />

perguntar se há uma guerra em curso contra os povos<<strong>br</strong> />

indígenas no Brasil? Os dados não falam por si; esta é uma<<strong>br</strong> />

falácia sociológica. Mas para quem tem olhos e ouvidos<<strong>br</strong> />

atentos para o universo indígena, esta realidade grita. u<<strong>br</strong> />

21<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


A R T I G O<<strong>br</strong> />

Uma realidade perversa<<strong>br</strong> />

e inaceitável<<strong>br</strong> />

Matias Rempel*<<strong>br</strong> />

Roberto Liebgott**<<strong>br</strong> />

Chama atenção em <strong>2015</strong> o registro de dezenas de casos<<strong>br</strong> />

de violências e ações criminosas praticadas com<<strong>br</strong> />

requintes de crueldade contra os povos indígenas,<<strong>br</strong> />

especialmente os Guarani e Kaiowá, no Mato Grosso do Sul.<<strong>br</strong> />

Atos de tortura, por exemplo, são inaceitáveis e não podem<<strong>br</strong> />

jamais ser justificados por qualquer disputa territorial.<<strong>br</strong> />

Este relatório reúne alguns destes fatos, caracterizados por<<strong>br</strong> />

perseguição criminosa e racismo e, infelizmente, marcados<<strong>br</strong> />

pela recorrente impunidade. Os casos também indicam<<strong>br</strong> />

que os fazendeiros criaram e têm qualificado milícias para<<strong>br</strong> />

atacar comunidades extremamente vulneráveis, e contra<<strong>br</strong> />

elas praticar as mais variadas formas de agressão. Estes<<strong>br</strong> />

covardes atos demonstram que os criminosos envolvidos<<strong>br</strong> />

se sentem legitimados pelo poder público; já que quase<<strong>br</strong> />

nunca são abertos inquéritos para apurar os crimes denunciados<<strong>br</strong> />

pelos indígenas.<<strong>br</strong> />

Assassinatos, espancamentos, sequestros, torturas e<<strong>br</strong> />

estupros. Esses são alguns dos crimes praticados contra os<<strong>br</strong> />

povos indígenas que lutam pela demarcação de suas terras<<strong>br</strong> />

ancestrais no Brasil. Diante de tanta violência o que se vê,<<strong>br</strong> />

por um lado, é a omissão dos órgãos de segurança que,<<strong>br</strong> />

quando foram acionados pela Fundação Nacional do Índio<<strong>br</strong> />

Jacson Santana<<strong>br</strong> />

* Missionário e mem<strong>br</strong>o da Coordenação Colegiada do Regional do Cimi no Mato Grosso do Sul e graduando em História pela Universidade Federal de Santa<<strong>br</strong> />

Maria (UFSM)<<strong>br</strong> />

** Missionário e coordenador do Regional Cimi Sul, graduado em Filosofia na Faculdade de Filosofia Nossa Senhora da Imaculada Conceição (Fafimc) e em Direito<<strong>br</strong> />

na Pontifícia Universidade Católica do rio Grande do Sul (PUC-RS)<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 22


(Funai) ou pelas lideranças, se omitiram tanto nas ações<<strong>br</strong> />

de fiscalização como naquelas de proteção e investigação.<<strong>br</strong> />

Por outro lado, os poderes Executivo e Judiciário agem<<strong>br</strong> />

para dar legitimidade às criminosas ações praticadas por<<strong>br</strong> />

fazendeiros na medida em que paralisam as demarcações<<strong>br</strong> />

de terras – administrativa ou judicialmente. Desse modo,<<strong>br</strong> />

fica evidente que as perversidades e atrocidades praticadas<<strong>br</strong> />

contra os povos indígenas em <strong>2015</strong> foram ignoradas por<<strong>br</strong> />

aqueles que deveriam agir para combatê-las. Abaixo, alguns<<strong>br</strong> />

destes casos são destacados:<<strong>br</strong> />

No dia 30 de dezem<strong>br</strong>o, um bebê Kaingang foi<<strong>br</strong> />

degolado enquanto era amamentado no seio de sua mãe<<strong>br</strong> />

na rodoviária de Imbituba, em Santa Catarina. Quem não<<strong>br</strong> />

acompanha o crescente quadro de violências – expresso<<strong>br</strong> />

nos mais variados tipos de ocorrências – contra os povos,<<strong>br</strong> />

as comunidades e os indivíduos indígenas, pode imaginar<<strong>br</strong> />

que este crime se trata de uma exceção ou que não teve,<<strong>br</strong> />

necessariamente, uma motivação racista. Mas não é isso que<<strong>br</strong> />

os dados so<strong>br</strong>e essas violências evidenciam. O assassinato<<strong>br</strong> />

de uma criança no colo da mãe configura uma síntese da<<strong>br</strong> />

dor e do sofrimento dos povos indígenas no Brasil.<<strong>br</strong> />

Os dados apontam que desde agosto de <strong>2015</strong> houve<<strong>br</strong> />

uma intensificação dos ataques paramilitares levados a<<strong>br</strong> />

cabo contra as famílias indígenas Guarani e Kaiowá, no<<strong>br</strong> />

Mato Grosso do Sul. Foi no dia 29 daquele mês que ocorreu<<strong>br</strong> />

um emblemático atentado em Ñhanderu Marangatu, no<<strong>br</strong> />

município de Antônio João. Após uma semana de preparativos<<strong>br</strong> />

e ameaças, com participação direta de parlamentares<<strong>br</strong> />

estaduais e nacionais, incitações públicas de lideranças<<strong>br</strong> />

sindicais e a omissão da polícia do estado, o jovem Simeão<<strong>br</strong> />

Vilhalva, de 24 anos, foi assassinado. Em meio a um dos<<strong>br</strong> />

vários ataques ruralistas empreendidos contra famílias<<strong>br</strong> />

desprotegidas e desarmadas, este crime foi efetuado em uma<<strong>br</strong> />

área que foi homologada e reconhecida pela União como<<strong>br</strong> />

sendo de tradicionalidade indígena em 2005. A morte de<<strong>br</strong> />

Simeão mais uma vez direcionou os holofotes do mundo<<strong>br</strong> />

todo para o drama vivido pelos Guarani e Kaiowá no Brasil.<<strong>br</strong> />

Porém, o crime em Marangatu não foi um fato<<strong>br</strong> />

isolado. Apenas evidenciou o paradigma de um genocídio<<strong>br</strong> />

sistêmico realizado, geralmente, através de perversos<<strong>br</strong> />

ataques contra os povos indígenas do Mato Grosso do Sul<<strong>br</strong> />

que, em alguns períodos, chegam a ser diários.<<strong>br</strong> />

Opressão e omissão<<strong>br</strong> />

Dois meses antes do assassinato de Simeão, famílias<<strong>br</strong> />

da Terra Indígena Kurusu Ambá, localizada no município<<strong>br</strong> />

de Coronel Sapucaia, foram igualmente atacadas por<<strong>br</strong> />

milícias fazendeiras. No dia 24 de junho, um grupo de<<strong>br</strong> />

cem caminhonetes acompanhadas pelo Departamento<<strong>br</strong> />

de Operações de Fronteiras (DOF) deslocou-se até a sede<<strong>br</strong> />

da fazenda Madama, local retomado por cerca de 21<<strong>br</strong> />

Guarani e Kaiowá.<<strong>br</strong> />

Esta ofensiva dos ruralistas foi planejada com antecedência<<strong>br</strong> />

em uma reunião promovida pelo Sindicato Rural<<strong>br</strong> />

Laila Menezes<<strong>br</strong> />

“<<strong>br</strong> />

Os fazendeiros criaram e têm<<strong>br</strong> />

qualificado milícias para atacar<<strong>br</strong> />

comunidades extremamente<<strong>br</strong> />

vulneráveis, e contra elas praticar as<<strong>br</strong> />

mais variadas formas de agressão.<<strong>br</strong> />

Estes covardes atos demonstram que<<strong>br</strong> />

os criminosos envolvidos se sentem<<strong>br</strong> />

legitimados pelo poder público.<<strong>br</strong> />

Assassinatos, espancamentos,<<strong>br</strong> />

sequestros, torturas e estupros são<<strong>br</strong> />

alguns dos crimes praticados contra<<strong>br</strong> />

os povos indígenas que lutam pela<<strong>br</strong> />

demarcação de suas terras ancestrais<<strong>br</strong> />

no Brasil<<strong>br</strong> />

”<<strong>br</strong> />

de Amambai, realizada na sede da Federação da Agricultura<<strong>br</strong> />

e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul). Fazendeiros,<<strong>br</strong> />

políticos e policiais abandonaram um fórum oficial proposto<<strong>br</strong> />

pelo Ministério Público Federal (MPF) que buscava objetivar<<strong>br</strong> />

soluções e decidiram retirar os indígenas com as próprias<<strong>br</strong> />

mãos. Cerca de 40 indivíduos armados compunham a comitiva<<strong>br</strong> />

que ateou fogo no acampamento indígena, disparou<<strong>br</strong> />

tiros, destruiu pertences pessoais e mano<strong>br</strong>ou as caminhonetes<<strong>br</strong> />

de encontro aos indígenas que tentavam fugir 1 .<<strong>br</strong> />

Neste contexto extremamente violento, as crianças<<strong>br</strong> />

Geremia e Tiego (de 12 e 14 anos) saíram em fuga e se<<strong>br</strong> />

perderam na mata. Eles dormiram oito noites ao relento<<strong>br</strong> />

e foram encontrados por indígenas da aldeia Taquapery,<<strong>br</strong> />

somente no dia 2 de julho, a 20 quilômetros do tekoha de<<strong>br</strong> />

Kurusu Ambá, onde estavam com suas famílias, antes do<<strong>br</strong> />

ataque. Eles estavam bastante debilitados, com fome e sede 2 .<<strong>br</strong> />

Segundo uma nota do MPF de Ponta Porã: “Os<<strong>br</strong> />

pecuaristas foram acompanhados até o local por policiais<<strong>br</strong> />

do DOF, que não entraram na fazenda, e pela equipe da<<strong>br</strong> />

TV Morena, afiliada da Rede Globo em Mato Grosso do<<strong>br</strong> />

Sul... Havia alguns pontos de incêndio, onde foi possível<<strong>br</strong> />

23<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


identificar utensílios de cozinha, cobertas, <strong>br</strong>inquedos e<<strong>br</strong> />

alimentos destruídos pelo fogo... Expulsos, os indígenas<<strong>br</strong> />

se encontravam na estrada de acesso, a 2 km do local do<<strong>br</strong> />

conflito. A comunidade estava assustada e reclamava do<<strong>br</strong> />

desaparecimento de adultos e crianças e da morte de um<<strong>br</strong> />

bebê. No dia 25, o bebê que se acreditava ter morrido<<strong>br</strong> />

queimado foi encontrado. Um tio o retirou do barraco<<strong>br</strong> />

antes de os pistoleiros atearem fogo no acampamento... Os<<strong>br</strong> />

índios de Kurusu Ambá solicitaram apoio para encontrar<<strong>br</strong> />

as crianças desaparecidas”.<<strong>br</strong> />

Para o procurador da República Ricardo Pael: “a<<strong>br</strong> />

responsabilidade pelo conflito fundiário é toda do Ministério<<strong>br</strong> />

da Justiça. O processo demarcatório de áreas indígenas<<strong>br</strong> />

em MS, fruto de um TAC entre Funai e MPF, está paralisado<<strong>br</strong> />

desde meados de 2013, com a instauração da mesa<<strong>br</strong> />

de negociações pelo ministério. Tal mesa não avançou na<<strong>br</strong> />

resolução de nenhuma das dezenas de áreas em disputa<<strong>br</strong> />

no estado entre índios e fazendeiros, e ainda paralisou o<<strong>br</strong> />

estudo de identificação das demais áreas. Quanto ao conflito<<strong>br</strong> />

em Kurusu Ambá, a PF, mesmo ciente da situação potencialmente<<strong>br</strong> />

violenta desde segunda (22), só compareceu ao<<strong>br</strong> />

local após o confronto do dia 24. A Força Nacional só foi<<strong>br</strong> />

autorizada pelo MJ a atuar na área na quarta (25) às 19h,<<strong>br</strong> />

somente após o conflito estourar. O Ministério da Justiça<<strong>br</strong> />

age, assim, com grave omissão, desrespeitando os direitos<<strong>br</strong> />

constitucionais dos indígenas”.<<strong>br</strong> />

Apenas três semanas após os ataques de Marangatu,<<strong>br</strong> />

mais precisamente a partir do dia 3 de setem<strong>br</strong>o,<<strong>br</strong> />

cerca de cem indígenas de vinte famílias foram duramente<<strong>br</strong> />

atacados a tiros durante três dias na aldeia Guyra<<strong>br</strong> />

Kamby’i, no município de Douradina, próximo a Dourados.<<strong>br</strong> />

Trata-se de uma terra indígena já identificada pela Funai,<<strong>br</strong> />

com aproximadamente 12.196 hectares. Porém, devido à<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>eposição das fazendas, a comunidade só tem acesso<<strong>br</strong> />

efetivo a dois hectares.<<strong>br</strong> />

Após a comunidade retomar parte da área com<<strong>br</strong> />

o propósito de plantar alimentos para combater a<<strong>br</strong> />

fome, os ataques tiveram início. Diante da recorrente<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>utalidade dos atentados, o MPF-MS determinou<<strong>br</strong> />

a instauração de inquérito policial para<<strong>br</strong> />

apurar a possível prática de formação de milícia<<strong>br</strong> />

privada por fazendeiros na região. De acordo<<strong>br</strong> />

com um procurador, a troca de mensagens, em<<strong>br</strong> />

rede social, do presidente do Sindicato Rural<<strong>br</strong> />

de Itaporã, Otávio Vieira de Mello, convocando<<strong>br</strong> />

produtores rurais para promover a<<strong>br</strong> />

remoção forçada dos indígenas motivou<<strong>br</strong> />

o pedido de investigação 3 .<<strong>br</strong> />

Apesar da <strong>br</strong>utalidade dos ataques<<strong>br</strong> />

e das manifestações do MPF, as forças de segurança foram<<strong>br</strong> />

omissas durante todo o incidente, deixando os indígenas<<strong>br</strong> />

à sua própria sorte. O Ministério da Justiça e a Casa Civil<<strong>br</strong> />

chegaram a se pronunciar no sentido de não haverem<<strong>br</strong> />

constatados maiores problemas na região. No entanto, uma<<strong>br</strong> />

diligência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias<<strong>br</strong> />

(CDHM), da Câmara dos Deputados, registrou evidências<<strong>br</strong> />

dos ataques sofridos pelos indígenas, como os numerosos<<strong>br</strong> />

cartuchos disparados contra a comunidade.<<strong>br</strong> />

Ainda em setem<strong>br</strong>o, outra série de ataques armados<<strong>br</strong> />

foram empreendidos contra famílias Guarani e Kaiowá.<<strong>br</strong> />

Desta vez os agredidos foram os Guarani Nhandeva do<<strong>br</strong> />

tekoha Potrero Guasu, terra indígena já declarada localizada<<strong>br</strong> />

em Paranhos, no extremo sul do estado.<<strong>br</strong> />

Apesar da comunidade ter avisado as autoridades por<<strong>br</strong> />

vários dias so<strong>br</strong>e a possibilidade de iminentes ataques, nem<<strong>br</strong> />

o Estado nem as forças de segurança realizaram qualquer<<strong>br</strong> />

ação de averiguação. No dia 19, o tekoha foi alvo de um<<strong>br</strong> />

ataque com rajadas de tiros que deixou vários feridos e três<<strong>br</strong> />

indígenas baleados, dentre eles o cacique da comunidade<<strong>br</strong> />

que, alvejado na perna esquerda e em estado grave, foi<<strong>br</strong> />

hospitalizado. As famílias de Potrero Guasu tiveram seus<<strong>br</strong> />

acampamentos destruídos e sofreram ainda diversos outros<<strong>br</strong> />

ataques dos grupos paramilitares e dos jagunços contratados.<<strong>br</strong> />

Idosos torturados: pior que na ditadura militar?<<strong>br</strong> />

Na mesma região, no tekoha Mbaracay, no dia 16 de<<strong>br</strong> />

outu<strong>br</strong>o, um grupo de cerca de vinte pessoas, constituído na<<strong>br</strong> />

sua maior parte por anciãs e anciãos, ocupou uma pequena<<strong>br</strong> />

área (entre um ou dois hectares) da Terra Indígena Iguatemipeguá<<strong>br</strong> />

I (Pyellito Kue/Mbarakay), que teve seu relatório<<strong>br</strong> />

de identificação publicado pela Funai em janeiro de 2013.<<strong>br</strong> />

Alijados de sua terra tradicional e sagrada, eles só queriam<<strong>br</strong> />

ter acesso ao mato, à água potável e a animais para caça.<<strong>br</strong> />

Trata-se de uma região alagadiça que não é utilizada para<<strong>br</strong> />

nenhum tipo de produção. Os indígenas foram identificados<<strong>br</strong> />

primeiramente pela polícia do estado. Posteriormente, eles<<strong>br</strong> />

foram covardemente atacados por um grupo armado que<<strong>br</strong> />

Jornal Estado de MInas<<strong>br</strong> />

SUPLÍCIO NO TRONCO<<strong>br</strong> />

“O tronco consiste em duas estacas enterradas em ângulo agudo no<<strong>br</strong> />

mesmo buraco, com o vértice para baixo. Em cada uma delas existe um<<strong>br</strong> />

pequeno entalhe. A tortura consiste em colocar o tornozelo do índio<<strong>br</strong> />

e paulatinamente fechar o ângulo, aproximando as duas pontas das<<strong>br</strong> />

estacas com o auxílio de uma corda. Um processo muito doloroso, que<<strong>br</strong> />

se levado ao extremo poderá provocar a fratura do osso”,<<strong>br</strong> />

aponta trecho do Relatório Figueiredo.<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 24


efetuou disparos com armas de fogo. Rendidos, os indígenas<<strong>br</strong> />

foram submetidos a uma longa sessão de tortura e, dentre<<strong>br</strong> />

outros flagelos impostos, idosos tiveram seus tornozelos<<strong>br</strong> />

que<strong>br</strong>ados. Não satisfeitos, os algozes os o<strong>br</strong>igaram a realizar<<strong>br</strong> />

uma longa caminhada para fora da área ocupada. Conselheiros<<strong>br</strong> />

da Grande Assembleia Aty Guasu encaminharam<<strong>br</strong> />

denúncias ao MPF, à Funai e preparam informes para organismos<<strong>br</strong> />

internacionais de direitos humanos.<<strong>br</strong> />

Uma matéria, publicada no dia 16 de outu<strong>br</strong>o,<<strong>br</strong> />

no sítio eletrônico do Conselho Indigenista Missionário<<strong>br</strong> />

(Cimi) relata: “Segundo informações que nos chegaram<<strong>br</strong> />

por telefone, os indígenas, entre lágrimas e desespero,<<strong>br</strong> />

relataram que após um ataque inicial efetuado por meio<<strong>br</strong> />

de disparos com armas letais, os indígenas - crianças,<<strong>br</strong> />

jovens, homens e mulheres, so<strong>br</strong>etudo anciãos - sofreram<<strong>br</strong> />

tortura e espancamentos. Relataram ainda que apanharam<<strong>br</strong> />

indiscriminadamente golpeados com coronhas de armas<<strong>br</strong> />

e agredidos com socos e pontapés. Uma jovem teria tido<<strong>br</strong> />

o cabelo arrancado enquanto as mulheres idosas suplicavam<<strong>br</strong> />

de joelhos pela vida do grupo ao ‘capanga chefe’,<<strong>br</strong> />

como os indígenas o denominaram. Este sujeito, segundo<<strong>br</strong> />

os Kaiowá, gerenciava os limites das torturas e, conforme<<strong>br</strong> />

os indígenas, demonstrou que a ação era premeditada.<<strong>br</strong> />

Quando alguém estava apanhando muito, ele pedia para<<strong>br</strong> />

substituir o agredido ou diminuir a intensidade.<<strong>br</strong> />

Após horas de terror, os indígenas ainda afirmaram<<strong>br</strong> />

que alguns idosos tiveram seus tornozelos que<strong>br</strong>ados antes<<strong>br</strong> />

do grupo ser expulso do local e ter o acampamento incendiado.<<strong>br</strong> />

Os indígenas, então, caminharam um longo trecho<<strong>br</strong> />

até a rodovia. Já na estrada, carros começaram a circular<<strong>br</strong> />

ameaçando novamente o grupo, que amedrontado e desnorteado<<strong>br</strong> />

se escondeu no mato para esperar o amanhecer.<<strong>br</strong> />

Quando pela manhã foram encontrados por servidores da<<strong>br</strong> />

Operação Guarani Funai, já haviam percorrido quilômetros<<strong>br</strong> />

em direção à aldeia de Limão Verde, município de Amambai,<<strong>br</strong> />

e estavam extremamente fragilizados”.<<strong>br</strong> />

A perversidade praticada contra os idosos em<<strong>br</strong> />

Mbaracay é totalmente inaceitável e remete a um método<<strong>br</strong> />

de tortura que foi largamente utilizado contra os indígenas<<strong>br</strong> />

durante a ditadura militar no Brasil, como assegura o<<strong>br</strong> />

Relatório Figueiredo (documento produzido em 1967 pelo<<strong>br</strong> />

Ministério do Interior, com mais de 7 mil páginas, que relata<<strong>br</strong> />

massacres e torturas de índios no interior do país 4 ). Em uma<<strong>br</strong> />

das inúmeras passagens <strong>br</strong>utais do texto, um instrumento<<strong>br</strong> />

de tortura apontado como o mais comum nos postos do<<strong>br</strong> />

Serviço de Proteção aos Índios (SPI) à época, chamado<<strong>br</strong> />

“tronco”, é descrito da seguinte maneira: “Consistia na<<strong>br</strong> />

trituração dos tornozelos das vítimas, colocadas entre<<strong>br</strong> />

duas estacas enterradas juntas em um ângulo agudo. As<<strong>br</strong> />

extremidades, ligadas por roldanas, eram aproximadas<<strong>br</strong> />

lenta e continuamente”. Infelizmente, atos como estes<<strong>br</strong> />

ocorridos recentemente em Mbaracay ainda acontecem<<strong>br</strong> />

no país, em pleno século XXI; o que evidencia que as privilegiadas<<strong>br</strong> />

elites <strong>br</strong>asileiras estão distantes de superar suas<<strong>br</strong> />

mentalidades colonialistas e genocidas. Também é bastante<<strong>br</strong> />

“<<strong>br</strong> />

A perversidade praticada contra<<strong>br</strong> />

os idosos em Mbaracay é totalmente<<strong>br</strong> />

inaceitável e remete a um método de<<strong>br</strong> />

tortura que foi largamente utilizado<<strong>br</strong> />

contra os indígenas durante a ditadura<<strong>br</strong> />

militar no Brasil, chamado ‘‘tronco’’.<<strong>br</strong> />

O que evidencia que as privilegiadas<<strong>br</strong> />

elites <strong>br</strong>asileiras estão distantes<<strong>br</strong> />

de superar suas mentalidades<<strong>br</strong> />

colonialistas e genocidas. É bastante<<strong>br</strong> />

grave o fato destas atrocidades<<strong>br</strong> />

continuarem e seus responsáveis<<strong>br</strong> />

permanecerem impunes<<strong>br</strong> />

”<<strong>br</strong> />

grave o fato destas atrocidades continuarem invisibilizadas<<strong>br</strong> />

para o conjunto da sociedade <strong>br</strong>asileira e dos seus responsáveis<<strong>br</strong> />

permanecerem impunes.<<strong>br</strong> />

Ainda em setem<strong>br</strong>o, mais de vinte famílias Guarani e<<strong>br</strong> />

Kaiowá do tekoha Pyellito Kue foram duramente atacadas<<strong>br</strong> />

após fazerem a retomada de parte de seu território já reconhecido<<strong>br</strong> />

como tradicional. Os indígenas vivem confinados<<strong>br</strong> />

em apenas cem hectares dos mais de 41 mil hectares da<<strong>br</strong> />

Terra Indígena Iguatemipeguá I (Pyellito Kue/Mbarakay).<<strong>br</strong> />

Os ataques milicianos começaram no dia 17 e se<<strong>br</strong> />

repetiram por vários dias. Segundo relatos dos indígenas,<<strong>br</strong> />

policiais do Departamento de Operações de Fronteiras<<strong>br</strong> />

(DOF) estiveram no local, porém não tomaram providências<<strong>br</strong> />

para conter os atacantes. No dia seguinte (18),<<strong>br</strong> />

aconteceram outros atentados violentos, com disparos<<strong>br</strong> />

de armas de fogo e espancamentos. Dez indígenas ficaram<<strong>br</strong> />

feridos, incluindo uma gestante e um rezador já bem idoso.<<strong>br</strong> />

Segundo a própria Funai, após serem espancados, 26 indígenas<<strong>br</strong> />

- entre eles cinco crianças, foram amarrados, jogados<<strong>br</strong> />

em cima de caminhonetes e abandonados às margens da<<strong>br</strong> />

rodovia MS-295, próximo ao Rio Jogui (Hovy), fora da área<<strong>br</strong> />

retomada e do tekoha Pyellito Kue.<<strong>br</strong> />

“É terrível. Os pistoleiros nos atacaram na noite<<strong>br</strong> />

mesmo. Queimaram tudo. Atiraram em nós. Alguns dos<<strong>br</strong> />

meus parentes foram feridos e muitos fugiram. Não sei onde<<strong>br</strong> />

estão nem como estão agora”, declarou a liderança Márcio<<strong>br</strong> />

Guarani à Survival International no dia 23 de setem<strong>br</strong>o.<<strong>br</strong> />

Além da remoção forçada e da queima dos barracos, as<<strong>br</strong> />

ações dos pistoleiros resultaram na fuga em pânico de<<strong>br</strong> />

diversos indígenas, dentre eles crianças, mulheres e feridos.<<strong>br</strong> />

Das violências relatadas pelos indígenas, uma das mais<<strong>br</strong> />

chocantes foi o estupro coletivo de uma jovem Guarani<<strong>br</strong> />

e Kaiowá por doze pistoleiros. Eles a pegaram no mato<<strong>br</strong> />

quando ela se perdeu ao tentar fugir do ataque 5 .<<strong>br</strong> />

Na comunidade Tey’i Jusu, localizada nas imediações<<strong>br</strong> />

do município de Caarapó, que possui um grave histórico<<strong>br</strong> />

de violações e ataques, além das agressões contra as<<strong>br</strong> />

pessoas, os fazendeiros também são acusados de realizar,<<strong>br</strong> />

25<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


CR Funai Ponta Porã<<strong>br</strong> />

entre dezem<strong>br</strong>o de <strong>2015</strong> e janeiro de 2016, pelo menos<<strong>br</strong> />

cinco ataques químicos, efetuados através de tratores<<strong>br</strong> />

e aeronaves. O veneno foi jogado no rio, única fonte<<strong>br</strong> />

de água da comunidade, na plantação, única fonte de<<strong>br</strong> />

alimento, e diretamente so<strong>br</strong>e as moradias dos indígenas.<<strong>br</strong> />

Muitas crianças apresentaram sintomas de contaminação<<strong>br</strong> />

e foram encaminhadas para o posto de saúde. Alguns<<strong>br</strong> />

destes ataques foram avisados previamente e, apesar<<strong>br</strong> />

dos indígenas buscarem apoio com antecedência junto a<<strong>br</strong> />

órgãos do Estado, eles ocorreram na hora marcada pelos<<strong>br</strong> />

Após ataque miliciano, moradores de Pyellito Kue foram amarrados,<<strong>br</strong> />

jogados em caminhonetes e abandonados às margens de uma rodovia<<strong>br</strong> />

“<<strong>br</strong> />

A histórica violência e opressão,<<strong>br</strong> />

resultado também de uma desastrosa<<strong>br</strong> />

política de Estado, é realizada em<<strong>br</strong> />

nome de uma ganância desmesurada.<<strong>br</strong> />

Os Guarani e Kaiowá formam<<strong>br</strong> />

a segunda maior população de<<strong>br</strong> />

indígenas do Brasil e vivem de modo<<strong>br</strong> />

extremamente precário, sem acesso<<strong>br</strong> />

à água, saneamento básico, moradia<<strong>br</strong> />

digna, garantia das condições de<<strong>br</strong> />

subsistência e acesso a outros direitos<<strong>br</strong> />

humanos fundamentais<<strong>br</strong> />

”<<strong>br</strong> />

fazendeiros, sem que a comunidade recebesse qualquer<<strong>br</strong> />

auxílio ou proteção. Infelizmente, a crueldade foi ainda<<strong>br</strong> />

além. Em pelo menos três desses episódios, os pistoleiros, a<<strong>br</strong> />

mando de seus patrões, realizaram um cerco à comunidade,<<strong>br</strong> />

impedindo as pessoas de saírem da área so<strong>br</strong>e a qual os<<strong>br</strong> />

aviões lançavam o veneno químico 6 .<<strong>br</strong> />

No acampamento de Kurupi, localizado às margens<<strong>br</strong> />

da BR 163, próximo à cidade de Naviraí, as dez famílias<<strong>br</strong> />

indígenas vêm sofrendo ao longo dos últimos dois anos<<strong>br</strong> />

ataques ininterru<strong>pt</strong>os. Sequestro, tortura e ataques armados<<strong>br</strong> />

acontecem com uma frequência assustadora sem que as<<strong>br</strong> />

forças de segurança tomem qualquer providência para<<strong>br</strong> />

impedir as recorrentes e anunciadas violações. De agosto<<strong>br</strong> />

de <strong>2015</strong> a fevereiro deste ano, no mínimo quatro graves<<strong>br</strong> />

ataques foram registrados junto ao MPF de Dourados 7 .<<strong>br</strong> />

Os relatos descritos <strong>br</strong>evemente acima, apesar<<strong>br</strong> />

de causarem indignação em qualquer pessoa que tenha<<strong>br</strong> />

o mínimo de preocupação com o respeito aos direitos<<strong>br</strong> />

humanos, são apenas uma pequena amostra da violência<<strong>br</strong> />

e das violações que diariamente são praticadas contra os<<strong>br</strong> />

povos indígenas no Brasil, especialmente os Guarani e<<strong>br</strong> />

Kaiowá. Muitos dos informes estão registrados em sítios<<strong>br</strong> />

eletrônicos de veículos da imprensa que não estão alinhados<<strong>br</strong> />

com o agronegócio, do MPF e da Funai, dentre outros, e<<strong>br</strong> />

até mesmo em vídeos. A dor dos indígenas, certamente,<<strong>br</strong> />

não sai nos jornais da mídia corporativa.<<strong>br</strong> />

Por último, cabe ressaltar que toda esta histórica<<strong>br</strong> />

violência e opressão, resultado também de uma desastrosa<<strong>br</strong> />

política de Estado, é realizada em nome de uma<<strong>br</strong> />

ganância desmesurada. Ainda mais se considerarmos que,<<strong>br</strong> />

segundo cálculos preliminares, se todas as terras indígenas<<strong>br</strong> />

demandadas pelos Guarani e Kaiowá no Mato Grosso do<<strong>br</strong> />

Sul fossem demarcadas, elas representariam apenas 2%<<strong>br</strong> />

de toda a área do estado 8 . Também vale lem<strong>br</strong>ar que os<<strong>br</strong> />

Guarani e Kaiowá formam a segunda maior população<<strong>br</strong> />

de indígenas do Brasil, com cerca de 50 mil pessoas, que<<strong>br</strong> />

vivem, geralmente, de modo extremamente precário, sem<<strong>br</strong> />

acesso à água, saneamento básico, moradia digna, garantia<<strong>br</strong> />

das condições de subsistência e acesso a outros direitos<<strong>br</strong> />

humanos fundamentais. O que torna toda a violência<<strong>br</strong> />

imposta pelos fazendeiros a eles ainda mais desumana,<<strong>br</strong> />

hedionda e indefensável. u<<strong>br</strong> />

1 http://www.diplomatique.org.<strong>br</strong>/acervo.php?id=3125 e http://www.mpf.mp.<strong>br</strong>/ms/sala-de-imprensa/noticias-ms/procurador-responsabiliza-ministerio-dajustica-por-agravamento-no-conflito-fundiario-em-ms<<strong>br</strong> />

2 http://www.c<strong>pt</strong>nacional.org.<strong>br</strong>/index.php/publicacoes/noticias/conflitos-no-campo/2674-nove-dias-apos-desaparecimento-criancas-guarani-e-kaiowa-saoencontradas-no-ms,<<strong>br</strong> />

http://www.rede<strong>br</strong>asilatual.com.<strong>br</strong>/cidadania/<strong>2015</strong>/06/apos-ataque-violento-de-fazendeiros-contra-guarani-kaiowa-uma-crianca-seguedesaparecida-3706.html<<strong>br</strong> />

3 http://agencia<strong>br</strong>asil.ebc.com.<strong>br</strong>/geral/noticia/<strong>2015</strong>-09/mato-grosso-do-sul-indios-denunciam-ataque-de-homens-armados-acampamento, https://www.<<strong>br</strong> />

socioambiental.org/<strong>pt</strong>-<strong>br</strong>/noticias-socioambientais/apos-reunioes-com-ministro-da-justica-guarani-kaiowa-ms-sao-atacados-mais-uma-vez e http://www.<strong>cimi</strong>.<<strong>br</strong> />

org.<strong>br</strong>/site/<strong>pt</strong>-<strong>br</strong>/?system=news&conteudo_id=8352&action=read<<strong>br</strong> />

4 http://www.docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=DocIndio&PagFis=7770<<strong>br</strong> />

5 http://www.survivalinternational.org/ultimas-noticias/10921, https://www.socioambiental.org/<strong>pt</strong>-<strong>br</strong>/noticias-socioambientais/guarani-kaiowa-sao-removidosa-forca-de-area-da-ti-iguatemipegua-i-ms<<strong>br</strong> />

e http://www.<strong>cimi</strong>.org.<strong>br</strong>/site/<strong>pt</strong>-<strong>br</strong>/?system=news&conteudo_id=8349&action=read<<strong>br</strong> />

6 http://www.mst.org.<strong>br</strong>/2016/01/20/movimentos-denunciam-ataques-a-indigenas-no-ms.html, http://racismoambiental.net.<strong>br</strong>/?p=197460 e http://<<strong>br</strong> />

racismoambiental.net.<strong>br</strong>/?p=199163<<strong>br</strong> />

7 https://www.facebook.com/aty.guasu/posts/714933231975212%20(comunicado%20da%20Aty%20guasu).<<strong>br</strong> />

8 http://www.ihu.unisinos.<strong>br</strong>/entrevistas/529150-kaiowa-e-guarani-reivindicam-2-das-terras-do-ms-entrevista-especial-com-spensy-pimentel<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 26


A R T I G O<<strong>br</strong> />

Os povos indígenas e<<strong>br</strong> />

o acesso à Justiça<<strong>br</strong> />

Adelar Cupsinski*<<strong>br</strong> />

Alessandra Farias**<<strong>br</strong> />

Rafael Modesto***<<strong>br</strong> />

No ano de <strong>2015</strong>, a comunidade indígena de Guyraroká,<<strong>br</strong> />

no Mato Grosso do Sul, foi surpreendida com<<strong>br</strong> />

uma decisão da Suprema Corte que suspendeu<<strong>br</strong> />

os atos do Ministério da Justiça que, através da Portaria<<strong>br</strong> />

nº 3.219, de 7 de outu<strong>br</strong>o de 2009, declarou de posse<<strong>br</strong> />

permanente do grupo indígena Guarani Kaiowá a Terra<<strong>br</strong> />

Guyraroká, com superfície aproximada de 11.401 hectares.<<strong>br</strong> />

Na sequência, esta comunidade buscou o apoio de<<strong>br</strong> />

advogados especializados no direito indígena e, mesmo<<strong>br</strong> />

na fase final da ação, peticionou requerendo a nulidade<<strong>br</strong> />

de todos os atos processuais por não ter sido chamada a<<strong>br</strong> />

integrar a disputa. A comunidade foi, portanto, impedida<<strong>br</strong> />

de realizar a sua defesa, considerando que, até a decisão,<<strong>br</strong> />

os indígenas sequer haviam tomado conhecimento da<<strong>br</strong> />

ação judicial.<<strong>br</strong> />

Em resposta, o recurso<<strong>br</strong> />

da comunidade indígena foi<<strong>br</strong> />

negado com o argumento<<strong>br</strong> />

de que “a Funai é o órgão<<strong>br</strong> />

federal do Estado <strong>br</strong>asileiro<<strong>br</strong> />

responsável pela<<strong>br</strong> />

proteção dos índios<<strong>br</strong> />

e seus bens, ao<<strong>br</strong> />

qual cabem todos<<strong>br</strong> />

os estudos e levantamentos<<strong>br</strong> />

que precedem a<<strong>br</strong> />

demarcação, nos termos<<strong>br</strong> />

do art. 231 da Constituição<<strong>br</strong> />

Federal, bem<<strong>br</strong> />

como da Lei 5.371,<<strong>br</strong> />

de 5.12.1967” 1 .<<strong>br</strong> />

Contudo, esta decisão de uma das turmas da<<strong>br</strong> />

Suprema Corte merece questionamento pois contraria<<strong>br</strong> />

o ordenamento jurídico atual concernente aos povos<<strong>br</strong> />

indígenas, considerando que a Constituição de 1988 não<<strong>br</strong> />

recepcionou a malfadada tutela. O art. 231 reconheceu<<strong>br</strong> />

“aos índios sua organização social”, enquanto o art. 232<<strong>br</strong> />

definiu que “os índios, suas comunidades e organizações<<strong>br</strong> />

são parte legítimas para ingressar em juízo em defesa de<<strong>br</strong> />

seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público<<strong>br</strong> />

em todos os atos do processo”.<<strong>br</strong> />

Os conflitos atuais, em grande parte judicializados,<<strong>br</strong> />

estão diretamente relacionados com os fatos ocorridos no<<strong>br</strong> />

século passado, tempo em que as comunidades indígenas<<strong>br</strong> />

enfrentaram violências física, psíquica e cultural, seguidas<<strong>br</strong> />

de um ardiloso processo de espoliação do seu patrimônio e<<strong>br</strong> />

de suas terras, promovido sob a tutela estatal. Como prova<<strong>br</strong> />

do alegado, basta compulsar dois documentos oficiais: o<<strong>br</strong> />

capítulo so<strong>br</strong>e Violações de Direitos Humanos dos Povos<<strong>br</strong> />

Indígenas da Comissão Nacional da Verdade (CNV) 2 e o<<strong>br</strong> />

Relatório Figueiredo 3 .<<strong>br</strong> />

Tutelados, os indígenas foram impedidos de registrar<<strong>br</strong> />

seu patrimônio ou mesmo de ingressar em Juízo<<strong>br</strong> />

para resguardá-lo, pois não eram considerados sujeitos<<strong>br</strong> />

de direitos, situação que durou<<strong>br</strong> />

até 5 de outu<strong>br</strong>o de 1988. Desta<<strong>br</strong> />

feita, o patrimônio indígena<<strong>br</strong> />

foi dilapidado e suas terras<<strong>br</strong> />

distribuídas a terceiros em<<strong>br</strong> />

processos irregulares.<<strong>br</strong> />

Assim, silenciosamente,<<strong>br</strong> />

os índios foram<<strong>br</strong> />

Marcelo Camargo/Agência Brasil<<strong>br</strong> />

* Adelar Cupsinski é Assessor Jurídico do Cimi; bacharel em Direito pela Universidade da Região da Campanha (Urcamp); pós graduando em Direito Civil e Processo<<strong>br</strong> />

Civil pela Faculdade Estácio de Sá, do Rio de Janeiro; e mem<strong>br</strong>o do Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH)<<strong>br</strong> />

** Alessandra Farias é Assessora Jurídica do Cimi; bacharel em Direito pela Universidade Federal de Goiás (UFG); com especialização em Direito Penal pela Faculdade<<strong>br</strong> />

Estácio de Sá, do Rio de Janeiro<<strong>br</strong> />

*** Rafael Modesto é Assessor Jurídico do Cimi, bacharel em Direito pela UFG; com especialização em Direitos Sociais do Campo também pela UFG<<strong>br</strong> />

27<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


etirados de suas ricas aldeias, confinados em<<strong>br</strong> />

reservas artificiais e transformados em pedintes,<<strong>br</strong> />

enquanto, capciosamente, eram chamados de<<strong>br</strong> />

“preguiçosos” pelos regimes autoritários. Desta<<strong>br</strong> />

forma, povos guerreiros milenares, produtivos,<<strong>br</strong> />

foram subjugados ou simplesmente eliminados.<<strong>br</strong> />

Contudo, o Constituinte originário<<strong>br</strong> />

criou um arcabouço jurídico consistente, com<<strong>br</strong> />

garantias amplas e a<strong>br</strong>angentes, incluindo<<strong>br</strong> />

os diferentes povos indígenas e suas especificidades.<<strong>br</strong> />

A consistência destes direitos,<<strong>br</strong> />

frente às constantes ameaças de revisão do<<strong>br</strong> />

marco jurídico que regulam as terras indígenas,<<strong>br</strong> />

especialmente, fizeram com que renomados<<strong>br</strong> />

juristas viessem a público defender que os<<strong>br</strong> />

direitos dos índios estão inseridos nas cláusulas<<strong>br</strong> />

pétreas 4 .<<strong>br</strong> />

Sem som<strong>br</strong>a para dúvidas, o Constituinte<<strong>br</strong> />

de 1988 aprovou uma das mais belas e avançadas<<strong>br</strong> />

Constituições do mundo moderno, conciliatória, contemporânea,<<strong>br</strong> />

plural, fraterna, elevando a dignidade da pessoa<<strong>br</strong> />

humana à condição de princípio orientador de todo o<<strong>br</strong> />

ordenamento jurídico <strong>br</strong>asileiro.<<strong>br</strong> />

A Constituição Cidadã é moderna porque harmoniza<<strong>br</strong> />

o sistema e as pessoas, e contempla as diversas sociedades<<strong>br</strong> />

que formam a cultura <strong>br</strong>asileira, incluindo os indígenas, a<<strong>br</strong> />

quem foi dedicado um capítulo específico.<<strong>br</strong> />

Ao contrário do regime anterior, que previa a integração<<strong>br</strong> />

dos índios à comunhão nacional - regime, portanto,<<strong>br</strong> />

autoritário e singular -, a atual Constituição integrou os<<strong>br</strong> />

seus direitos ao ordenamento jurídico, respeitando suas<<strong>br</strong> />

especificidades, diversidades e concepções de mundo –<<strong>br</strong> />

mundividências, ou cosmovisões.<<strong>br</strong> />

Desta forma, as populações indígenas foram contempladas,<<strong>br</strong> />

indiscutivelmente, nos princípios da dignidade da<<strong>br</strong> />

pessoa humana e do acesso à Justiça - congênitos, não<<strong>br</strong> />

sendo possível analisar seus direitos isoladamente. Entre um<<strong>br</strong> />

sistema e outro, os índios saíram da condição de tutelados<<strong>br</strong> />

para a condição de igualdade frente aos demais cidadãos<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>asileiros. Consequentemente, foram reconhecidos como<<strong>br</strong> />

sujeitos coletivos de direitos.<<strong>br</strong> />

Em relação ao tema enunciado, mormente à dignidade<<strong>br</strong> />

da pessoa humana, para a doutrina <strong>br</strong>asileira, as<<strong>br</strong> />

primeiras referências acerca da dignidade na história da<<strong>br</strong> />

humanidade se encontram na Bíblia Sagrada, no Antigo<<strong>br</strong> />

e Novo Testamento (SARLET, 2011) 5 .<<strong>br</strong> />

So<strong>br</strong>etudo, o dicionário Houaiss e Villar foi muito<<strong>br</strong> />

feliz em sua menção do significado da palavra dignidade:<<strong>br</strong> />

consciência do próprio valor; honra; modo de proceder<<strong>br</strong> />

que inspira respeito; distinção; amor próprio” (HOUAISS;<<strong>br</strong> />

VILLAR, 2004, p. 248). Em outras palavras, a dignidade<<strong>br</strong> />

nada mais é do que uma “qualidade moral que confunde<<strong>br</strong> />

respeito” (SANTOS, 2011) 6 .<<strong>br</strong> />

Ainda, acerca da descrição do que seria a dignidade<<strong>br</strong> />

humana, ilustramos o ensinamento de Ingo Wolfgang Sarlet:<<strong>br</strong> />

Diego Pellizari<<strong>br</strong> />

(...) qualidade intrínseca e distintiva reconhecida em<<strong>br</strong> />

cada ser humano que o faz merecedor do mesmo<<strong>br</strong> />

respeito e consideração por parte do Estado e da<<strong>br</strong> />

comunidade, implicando, neste sentido, um conjunto<<strong>br</strong> />

de direitos e deveres fundamentais que assegurem à<<strong>br</strong> />

pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho<<strong>br</strong> />

degradante e desumano, como venham a lhe garantir<<strong>br</strong> />

as condições existenciais mínimas para uma vida<<strong>br</strong> />

saudável, além de propiciar e promover sua participação<<strong>br</strong> />

ativa e corresponsável nos destinos da própria<<strong>br</strong> />

existência e da vida em comunhão com os demais<<strong>br</strong> />

seres humanos, mediante o devido respeito aos<<strong>br</strong> />

demais seres que integram a rede da vida (SARLET,<<strong>br</strong> />

2011, p. 73).<<strong>br</strong> />

Contemporaneamente, a dignidade da pessoa<<strong>br</strong> />

humana pode ser compreendida ao que Barcellos 7 (2002)<<strong>br</strong> />

defende como um mínimo existencial capaz de conferir<<strong>br</strong> />

as mínimas condições para a existência digna. A doutrinadora<<strong>br</strong> />

abarca os seguintes direitos: educação fundamental,<<strong>br</strong> />

saúde básica, assistência aos desamparados e garantia de<<strong>br</strong> />

acesso à Justiça.<<strong>br</strong> />

Para Barcellos (2002, p. 293), ainda, “o direito subjetivo<<strong>br</strong> />

de acesso à justiça é o instrumento sem o qual qualquer<<strong>br</strong> />

dos três elementos anteriores (educação fundamental,<<strong>br</strong> />

saúde básica, assistência aos desamparados) tornam-se<<strong>br</strong> />

inócuos (...)”.<<strong>br</strong> />

De acordo com Bonifácio 8 (2008), a universalização<<strong>br</strong> />

do acesso à Justiça visa primordialmente garantir<<strong>br</strong> />

um processo justo aos cidadãos independentemente dos<<strong>br</strong> />

limites territoriais do Estado ao qual esteja vinculado. É um<<strong>br</strong> />

procedimento, pois, que promove o exercício da cidadania<<strong>br</strong> />

pelos sujeitos de direito, garantindo o adequado respeito às<<strong>br</strong> />

normas jurídicas, à luz da concepção dos direitos humanos.<<strong>br</strong> />

Para os indígenas, a dignidade da pessoa humana<<strong>br</strong> />

corresponde à dignidade étnica, e o acesso à Justiça precisa<<strong>br</strong> />

ser compreendido em extensão maior na medida em que<<strong>br</strong> />

afeta uma coletividade e todas as suas especificidades,<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 28


decorrente de um modo de vida comunal e da forma com<<strong>br</strong> />

que se relacionam com a terra 9 , sem excluir outras necessidades<<strong>br</strong> />

das comunidades ou aldeias, como saúde e educação,<<strong>br</strong> />

também abarcadas pelas principiologias do direito.<<strong>br</strong> />

Os específicos modos de ser e viver dos indígenas,<<strong>br</strong> />

congênitos, dependem de um espaço territorial, no qual<<strong>br</strong> />

se desenvolvem a cultura, as crenças e tradições. Por estes<<strong>br</strong> />

motivos é que a terra, para eles, tornou-se o tema central<<strong>br</strong> />

de suas reivindicações.<<strong>br</strong> />

Segundo Fachin e Pianovski 10 , a dignidade da pessoa<<strong>br</strong> />

humana é imperativo ético existencial, princípio e regra<<strong>br</strong> />

constitucional contemplado na ordem jurídica como<<strong>br</strong> />

fundamento da República, afirmando ainda:<<strong>br</strong> />

A expressão ‘mundo do dever-ser’, na verdade, é<<strong>br</strong> />

reflexo do patamar de abstração a que o positivismo<<strong>br</strong> />

exacerbado conduziu o direito, forjando clivagem<<strong>br</strong> />

artificial que encerra o direito – como paradoxo desse<<strong>br</strong> />

mesmo positivismo – em uma dimensão metafísica.<<strong>br</strong> />

Não há como admitir que uma expressão do espírito<<strong>br</strong> />

humano prepondere so<strong>br</strong>e o próprio ser humano<<strong>br</strong> />

que a elabora e ao qual, concomitantemente, ela<<strong>br</strong> />

se destina.<<strong>br</strong> />

No ordenamento jurídico atual, indiscutivelmente,<<strong>br</strong> />

os indígenas são sujeitos coletivos de direitos, através do<<strong>br</strong> />

reconhecimento de suas organizações sociais, deixando<<strong>br</strong> />

para trás a discriminatória tutela e permitindo, assim, o<<strong>br</strong> />

acesso à Justiça, sem, por isso, deixarem de ser indígenas.<<strong>br</strong> />

É o que explica o jurista Carlos Marés 11 :<<strong>br</strong> />

A Constituição de 1988 reconhece aos índios o<<strong>br</strong> />

direito de ser índio, de manter-se como índio, com<<strong>br</strong> />

sua organização social, costumes, línguas, crenças e<<strong>br</strong> />

tradições. Além disso, reconhece o direito originário<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e as terras que tradicionalmente ocupam. Esta<<strong>br</strong> />

concepção é nova, e juridicamente revolucionária,<<strong>br</strong> />

porque rompe coma repetida visão integracionista.<<strong>br</strong> />

Ana Mendes<<strong>br</strong> />

A partir de 5 de outu<strong>br</strong>o de 1988, o índio, no Brasil,<<strong>br</strong> />

tem direito de ser índio.<<strong>br</strong> />

Nesta esteira, a nova realidade dos povos indígenas<<strong>br</strong> />

desafia o Poder Judiciário, de certa forma, a superar o<<strong>br</strong> />

seu formalismo desmensurado e nem sempre eficaz, a<<strong>br</strong> />

exemplo do que fez o Constituinte originário. O processo<<strong>br</strong> />

da Terra Indígena Guyraroká pode ser o caso emblemático<<strong>br</strong> />

e a decisão da Turma do STF deve ser revista através das<<strong>br</strong> />

medidas jurídicas adequadas. A comunidade Guyraroká,<<strong>br</strong> />

do povo Guarani e Kaiowá deve ter respeitado o seu direito<<strong>br</strong> />

de acesso à Justiça.<<strong>br</strong> />

Por oportuno, em maio de 2016, com a presença dos<<strong>br</strong> />

povos indígenas, o Pleno da Suprema Corte decidiu que o<<strong>br</strong> />

recurso de mandado de segurança constitui via inadequada<<strong>br</strong> />

para dirimir controvérsias relacionadas às demarcações de<<strong>br</strong> />

terras tradicionalmente ocupadas por comunidades indígenas,<<strong>br</strong> />

processo relacionado à Terra Indígena Yvy Katu 12 . A<<strong>br</strong> />

recente decisão do STF constitui em precedente importante<<strong>br</strong> />

para a garantia dos direitos indígenas. u<<strong>br</strong> />

1 Mandado de Segurança 29.087 - STF. Inteiro Teor do Acórdão - Página 7. Disponível em: http://redir.stf.jus.<strong>br</strong>/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=6937880.<<strong>br</strong> />

Acessado em: 15 de agosto de 2016.<<strong>br</strong> />

2 Disponível em: http://www.cnv.gov.<strong>br</strong>/images/pdf/<strong>relatorio</strong>/Volume%202%20-%20Texto%205.pdf. Acessado em: 4 de agosto de 2016.<<strong>br</strong> />

3 O Relatório Figueiredo foi encontrado em agosto de 2012 no Museu do Índio, no Rio de Janeiro, após 45 anos desaparecido. Ele é composto por aproximadamente 7 mil<<strong>br</strong> />

páginas preservadas, contendo 29 dos 30 tomos originais. Disponível em: http://www.docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=DocIndio&PagFis=0&Pesq=.<<strong>br</strong> />

Acessado em: 4 de agosto de 2016.<<strong>br</strong> />

4 SARMENTO, Daniel. Nota Técnica. A PEC 215/00 e as Cláusulas Pétreas. Disponível em: https://mobilizacaonacionalindigena.files.wordpress.com/2014/12/pec-<<strong>br</strong> />

215_nota-tc3a9cnica-mpf.pdf. Acessado em: 4 de agosto de 2016.<<strong>br</strong> />

5 SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na Constituição Federal de 1988. 9 a ed. rev. atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado,<<strong>br</strong> />

2011. Disponível em: http://www.conteudojuridico.com.<strong>br</strong>/pdf/cj034504.pdf. Acesso em: 25 de agosto de 2011.<<strong>br</strong> />

6 SANTOS, Jefferson Cruz dos. Princípio da dignidade da pessoa humana na Constituição cidadã. Conteúdo Jurídico, Brasília (DF): 13 de agosto de 2011. Disponível<<strong>br</strong> />

em: http://www.conteudojuridico.com.<strong>br</strong>/pdf/cj034504.pdf. Acesso em: 25 de agosto de 2011.<<strong>br</strong> />

7 BARCELLOS, Ana Paula de. A eficácia jurídica dos Princípios Constitucionais: o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana. Rio de Janeiro: Renovar, 2002. Disponível<<strong>br</strong> />

em: http://jus.com.<strong>br</strong>/artigos/23387/o-acesso-a-justica-sob-a-perspectiva-da-dignidade-da-pessoa-humana. Acesso em: 26 de agosto de <strong>2015</strong>.<<strong>br</strong> />

8 BONIFÁCIO, Artur Cortez. O Direito Constitucional Internacional e a proteção dos Direitos Fundamentais. Coleção Professor Gilmar Mendes. v. 8. 1 a ed. São Paulo:<<strong>br</strong> />

Método, 2008. Leia mais: https://jus.com.<strong>br</strong>/artigos/23387/o-acesso-a-justica-sob-a-perspectiva-da-dignidade-da-pessoa-humana#ixzz3jBsT5cWv.<<strong>br</strong> />

9 Min. Ayres Britto, durante o julgamento da ACO 312: “Para o índio, a terra não é um bem mercantil, passível de transação. Para os índios, a terra é um totem<<strong>br</strong> />

horizontal, é um espírito protetor, é um ente com o qual ele mantém uma relação umbilical”. Disponível em: http://www.stf.jus.<strong>br</strong>/portal/cms/verNoticiaDetalhe.<<strong>br</strong> />

asp?idConteudo=206458.<<strong>br</strong> />

10 FACHIN, Luiz Edson e PIANOVSKI, Carlos Eduardo. A dignidade da pessoa humana no direito contemporâneo: uma contribuição à crítica da raiz dogmática do<<strong>br</strong> />

neopositivismo constitucionalista. Disponível em: http://www.anima-opet.com.<strong>br</strong>/pdf/anima5-Conselheiros/Luiz-Edson-Fachin.pdf. Acesso em 18 de agosto de <strong>2015</strong>.<<strong>br</strong> />

11 SOUZA FILHO, Carlos Federico Marés de. O Renascer dos Povos Indígenas para o Direito. 1 a Ed. (ano 1998, 5ª reimpr. Curitiba: Juruá, 2008.<<strong>br</strong> />

12 Mandado de Segurança 27.939 – Relator: Ministro Edson Fachin.<<strong>br</strong> />

29<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


A R T I G O<<strong>br</strong> />

Quadro de<<strong>br</strong> />

Análise da ONU:<<strong>br</strong> />

configurada<<strong>br</strong> />

situação de risco<<strong>br</strong> />

de atrocidade<<strong>br</strong> />

Ana Mendes<<strong>br</strong> />

Fernanda Frizzo Bragato*<<strong>br</strong> />

Paulo Gilberto Cogo Leivas**<<strong>br</strong> />

Os Estados-mem<strong>br</strong>o das Nações Unidas assumiram,<<strong>br</strong> />

por meio do “World 2005 Summit”, o compromisso<<strong>br</strong> />

primário com a responsabilidade de proteger<<strong>br</strong> />

(R2P) suas populações contra crimes de atrocidade, assim<<strong>br</strong> />

considerados o genocídio (Convenção so<strong>br</strong>e Prevenção e<<strong>br</strong> />

Punição do Crime de Genocídio, de 1948), os crimes de<<strong>br</strong> />

guerra (Estatuto de Roma), os crimes contra a humanidade<<strong>br</strong> />

(Estatuto de Roma) e a limpeza étnica (United Nations,<<strong>br</strong> />

2005). Da mesma forma, a comunidade internacional<<strong>br</strong> />

comprometeu-se a dar suporte aos Estados para a consecução<<strong>br</strong> />

desse fim, caso os Estados falhem em cumprir sua<<strong>br</strong> />

responsabilidade. O compromisso foi formalizado nos<<strong>br</strong> />

parágrafos 138 e 139 do Documento Final do Encontro<<strong>br</strong> />

Mundial 2005, da 60ª sessão da Assembleia Geral da Organização<<strong>br</strong> />

das Nações Unidas (ONU).<<strong>br</strong> />

Segundo Rosenberg (2009), “2005 Outcome Document<<strong>br</strong> />

é o documento de maior autoridade so<strong>br</strong>e a R2P”.<<strong>br</strong> />

A R2P consiste em uma doutrina de prevenção e, embora<<strong>br</strong> />

seja entendida pelos críticos como outra denominação<<strong>br</strong> />

para intervenção humanitária, ela fornece um conjunto<<strong>br</strong> />

muito mais amplo de ferramentas políticas para afastar<<strong>br</strong> />

a necessidade de tal intervenção ao reconhecer que a<<strong>br</strong> />

prevenção é a melhor forma de proteção.<<strong>br</strong> />

De acordo com o Secretário Geral da ONU, Ban<<strong>br</strong> />

Ki-moon, que em 2009 produziu um relatório que resume e<<strong>br</strong> />

estabelece a estratégia de aplicação da R2P, esta compõe-se<<strong>br</strong> />

de três pilares. O primeiro pilar aborda a responsabilidade<<strong>br</strong> />

do Estado de proteger a sua população; o segundo pilar<<strong>br</strong> />

estabelece o dever da comunidade internacional de ajudar<<strong>br</strong> />

os Estados a cumprirem sua responsabilidade de evitar e<<strong>br</strong> />

proteger; o terceiro pilar endereça à comunidade internacional<<strong>br</strong> />

a responsabilidade de tomar respostas oportunas e<<strong>br</strong> />

decisivas através de meios pacíficos e, se necessário através<<strong>br</strong> />

de meios mais fortes, de uma forma consistente com lei<<strong>br</strong> />

internacional. Pilares um e dois constituem elementos<<strong>br</strong> />

cruciais na prevenção de crimes de atrocidades em massa<<strong>br</strong> />

(Ki-Moon, 2009).<<strong>br</strong> />

Visando reforçar os meios de atuação preventiva, a<<strong>br</strong> />

ONU lançou em julho de 2014 o “Framework of Analysis<<strong>br</strong> />

for Atrocity Crimes: a tool for prevention”. Este documento<<strong>br</strong> />

contém ferramentas de análise para avaliar a configuração<<strong>br</strong> />

de fatores de risco para a ocorrência de crimes de atrocidade<<strong>br</strong> />

e não necessariamente para apurar evidências de que o<<strong>br</strong> />

crime está em curso. Ele lista uma série de oito fatores de<<strong>br</strong> />

risco comuns para todos os crimes, além de dois fatores<<strong>br</strong> />

de risco próprios para cada crime, cada qual composto<<strong>br</strong> />

de diversos indicadores. O objetivo é levantar o máximo<<strong>br</strong> />

de informações possíveis para o Estado, num primeiro<<strong>br</strong> />

momento, ter condições de agir de forma preventiva.<<strong>br</strong> />

Segundo o documento, a avaliação de risco exige<<strong>br</strong> />

uma coleta sistemática de informações precisas e confiáveis,<<strong>br</strong> />

baseadas nos indicadores e fatores de risco que ele<<strong>br</strong> />

identifica. Fatores de risco são condições que aumentam<<strong>br</strong> />

o risco de suscetibilidade a consequências negativas, que<<strong>br</strong> />

inclui comportamentos, circunstâncias ou elementos que<<strong>br</strong> />

criam um ambiente favorável para o cometimento de<<strong>br</strong> />

crimes de atrocidade ou indicam potencial probabilidade<<strong>br</strong> />

ou risco de sua ocorrência.<<strong>br</strong> />

* Graduada em Direito (UFRGS); Mestrado e Doutorado em Direito (Unisinos), com período no Birkbeck College, da Universidade de Londres; Pós-Doutorado<<strong>br</strong> />

(Birkbeck College); Professora de Direitos Humanos na Graduação e no Programa de Pós-Graduação em Direito (Unisinos).<<strong>br</strong> />

** Graduado em Direito (UFRGS); Mestrado e Doutorado em Direito (UFRGS); Professor de Direitos Humanos no Programa de Pós-Graduação em Direito do Centro<<strong>br</strong> />

Universitário Ritter dos Reis;. Professor da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA); Procurador Regional da República.<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 30


“<<strong>br</strong> />

A impunidade dos crimes<<strong>br</strong> />

cometidos contra indígenas e suas<<strong>br</strong> />

lideranças é um fato naturalizado<<strong>br</strong> />

no Brasil, não só por ser algo<<strong>br</strong> />

que ocorre há muito tempo, mas<<strong>br</strong> />

porque não se observa tendência<<strong>br</strong> />

de reversão. Isso porque a<<strong>br</strong> />

resposta do Poder Judiciário às<<strong>br</strong> />

demandas territoriais indígenas<<strong>br</strong> />

não tem sido, em geral, favorável à<<strong>br</strong> />

garantia dos direitos formalmente<<strong>br</strong> />

reconhecidos<<strong>br</strong> />

”<<strong>br</strong> />

Por sua vez, os indicadores são diferentes manifestações<<strong>br</strong> />

de cada fator de risco e, por isso, ajudam a determinar<<strong>br</strong> />

o grau de presença de cada fator de risco (United Nations,<<strong>br</strong> />

2014). Quatro pontos devem ser levados em conta na sua<<strong>br</strong> />

aplicação: nem todos os fatores de risco precisam estar<<strong>br</strong> />

presentes para se avaliar se há um risco significante de<<strong>br</strong> />

ocorrência de atrocidade; quanto mais fatores de risco<<strong>br</strong> />

estiverem presentes, maior o risco de sua ocorrência; os<<strong>br</strong> />

fatores e indicadores não possuem hierarquia, de modo<<strong>br</strong> />

que sua importância será diferente de acordo com cada<<strong>br</strong> />

contexto; por fim, há necessidade de flexibilidade na consideração<<strong>br</strong> />

de todos os elementos e situá-los em uma análise<<strong>br</strong> />

contextual, política, histórica e cultural mais ampla. Os<<strong>br</strong> />

crimes de atrocidade não necessariamente ocorrerão caso<<strong>br</strong> />

presentes os fatores de risco. Todavia, eles raramente são<<strong>br</strong> />

cometidos na ausência de todos ou de muitos dos fatores<<strong>br</strong> />

nele identificados (United Nations, 2014).<<strong>br</strong> />

No caso do Brasil, foi possível verificar que, no<<strong>br</strong> />

contexto de disputas territoriais, os povos indígenas se<<strong>br</strong> />

encontram sujeitos a diversas situações que, de acordo com<<strong>br</strong> />

o “Framework of Analysis for Atrocity Crimes”, configuram<<strong>br</strong> />

fatores de risco para crimes de atrocidade a induzir a<<strong>br</strong> />

violação por parte do Estado Brasileiro de sua responsabilidade<<strong>br</strong> />

de proteger. Os dados foram coletados por meio de<<strong>br</strong> />

notícias, relatórios, matérias jornalísticas e jurisprudência.<<strong>br</strong> />

O indicador de risco 2.2 (atos passados de genocídio,<<strong>br</strong> />

crimes contra a humanidade, crimes de guerra<<strong>br</strong> />

ou sua incitação) pode ser verificado nos resultados do<<strong>br</strong> />

Relatório da Comissão Nacional da Verdade (Brasil, <strong>2015</strong>).<<strong>br</strong> />

De acordo com o documento, entre os indígenas mortos<<strong>br</strong> />

durante o período da ditadura militar <strong>br</strong>asileira, estão 3.500<<strong>br</strong> />

indígenas Cinta-Larga (RO), 2.650 Waimiri-Atroari (AM),<<strong>br</strong> />

1.180 Tapayuna (MT), 354 Yanomami (AM/RR), 192 Xetá<<strong>br</strong> />

(PR), 176 Panará (MT), 118 Parakanã (PA), 85 Xavante de<<strong>br</strong> />

Marãiwatsédé (MT), 72 Araweté (PA) e mais de 14 Arara<<strong>br</strong> />

(PA). No entanto, o relatório estima que a quantidade de<<strong>br</strong> />

indígenas assassinados “deve ser exponencialmente maior,<<strong>br</strong> />

uma vez que apenas uma parcela muito restrita dos povos<<strong>br</strong> />

indígenas afetados foi analisada e que há casos em que a<<strong>br</strong> />

quantidade de mortos é alta o bastante para desencorajar<<strong>br</strong> />

estimativas”. No Relatório Figueiredo, citado pela Comissão<<strong>br</strong> />

Nacional da Verdade, relata-se que o governo <strong>br</strong>asileiro fez<<strong>br</strong> />

uso desde a doação de açúcar com adição de estricnina,<<strong>br</strong> />

bombardeio aéreo com dinamite e, inclusive, o emprego de<<strong>br</strong> />

agentes patogênicos, como a contaminação de <strong>br</strong>inquedos<<strong>br</strong> />

arremessados de avião com o vírus da varíola, da gripe e<<strong>br</strong> />

do sarampo (Brasil, <strong>2015</strong>).<<strong>br</strong> />

Em relação à inação, relutância na recusa em usar<<strong>br</strong> />

todos os meios possíveis para parar graves violações de<<strong>br</strong> />

direitos humanos (Indicador de risco 2.4), este indicador de<<strong>br</strong> />

risco configura-se, ao menos, em duas situações. A primeira<<strong>br</strong> />

delas é na inação diante das iminentes agressões contra<<strong>br</strong> />

populações indígenas que, em relação aos povos Guarani<<strong>br</strong> />

e Kaiowá, têm ocorrido nas ocupações das fazendas do<<strong>br</strong> />

Mato Grosso do Sul. (Pública Agência de Reportagem de<<strong>br</strong> />

Jornalismo Investigativo, <strong>2015</strong>). A outra situação verificada<<strong>br</strong> />

é a morosidade na demarcação de terras indígenas.<<strong>br</strong> />

No governo Dilma Rousseff, verifica-se “a pior média de<<strong>br</strong> />

homologações de terras indígenas desde o fim da ditadura<<strong>br</strong> />

militar, com 3,6 homologações por ano”. Ademais, durante<<strong>br</strong> />

“todo o ano de 2013, apenas uma terra foi homologada,<<strong>br</strong> />

a Terra Indígena Kayabi, no Pará. Mas nem mesmo esta<<strong>br</strong> />

terra pôde ter seu registro efetivado, visto que o ministro<<strong>br</strong> />

do STF, Luiz Fux, concedeu liminar contra o seu registro<<strong>br</strong> />

em cartório” (Buzatto, 2014).<<strong>br</strong> />

A desconfiança generalizada nas instituições do<<strong>br</strong> />

Estado ou entre diferentes grupos como resultado da<<strong>br</strong> />

impunidade é o indicador de risco 2.8. Neste caso, a impunidade<<strong>br</strong> />

dos crimes cometidos contra indígenas e suas<<strong>br</strong> />

lideranças é um fato naturalizado no Brasil, não só por<<strong>br</strong> />

31<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


ser algo que ocorre há muito tempo, mas porque não se<<strong>br</strong> />

observa tendência de reversão. Dados so<strong>br</strong>e a impunidade<<strong>br</strong> />

constam da reportagem da Pública Agência de Reportagem<<strong>br</strong> />

e Jornalismo Investigativo (<strong>2015</strong>), do pronunciamento oficial<<strong>br</strong> />

de Tauli-Corpuz, relatora especial para assuntos indígenas<<strong>br</strong> />

da ONU (United Nations, <strong>2015</strong>b), dos sucessivos relatórios<<strong>br</strong> />

do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) (2014, <strong>2015</strong>)<<strong>br</strong> />

e das denúncias dos próprios indígenas (Estadão, <strong>2015</strong>).<<strong>br</strong> />

O marco de análise da ONU ainda apresenta como<<strong>br</strong> />

indicador de risco (3.1), marco jurídico nacional que não<<strong>br</strong> />

oferece uma proteção ampla e eficaz;,este critério também<<strong>br</strong> />

está presente na realidade indígena <strong>br</strong>asileira. Isso porque<<strong>br</strong> />

a resposta do Poder Judiciário às demandas territoriais<<strong>br</strong> />

indígenas não tem sido, em geral, favorável à garantia dos<<strong>br</strong> />

direitos formalmente reconhecidos.<<strong>br</strong> />

No julgamento da Petição nº 3.388/RR (Brasil, 2009),<<strong>br</strong> />

o Supremo Tribunal Federal (STF) listou, dentre as condicionantes<<strong>br</strong> />

a serem seguidas para a execução da decisão, o<<strong>br</strong> />

marco temporal, em que a data de 5 de outu<strong>br</strong>o de 1988<<strong>br</strong> />

foi tomada como o parâmetro para aferir-se a efetiva<<strong>br</strong> />

ocupação de terras pelos indígenas. Esta tese tem sido<<strong>br</strong> />

aplicada em diversas decisões judiciais tomadas pelos<<strong>br</strong> />

Tribunais Regionais Federais que visam a anulação de<<strong>br</strong> />

demarcação de terras indígenas.<<strong>br</strong> />

No STF, a tendência de aplicar a tese do marco<<strong>br</strong> />

temporal para o mesmo fim de anular demarcações já<<strong>br</strong> />

realizadas também vem se firmando, o que poderá tornar<<strong>br</strong> />

definitivas as decisões dos tribunais inferiores. Segundo o<<strong>br</strong> />

Instituto Socioambiental (<strong>2015</strong>), a aplicação da tese do marco<<strong>br</strong> />

temporal afetará 144 terras cujos processos de demarcação<<strong>br</strong> />

estão judicializados, com uma população de 149.381 indígenas,<<strong>br</strong> />

além das 228 terras indígenas ainda não demarcadas,<<strong>br</strong> />

com uma população de 107.203 indígenas. Isso significa que<<strong>br</strong> />

1/3 da população indígena <strong>br</strong>asileira poderá ficar<<strong>br</strong> />

privada de seus territórios tradicionais.<<strong>br</strong> />

A recente adoção de medidas legislativas<<strong>br</strong> />

que afetam ou deliberadamente os discriminam<<strong>br</strong> />

é descrita como a segunda parte do indicador<<strong>br</strong> />

7.8. Com relação a medidas legislativas,<<strong>br</strong> />

alguns projetos recentes, caso aprovados, terão<<strong>br</strong> />

efeitos profundamente negativos so<strong>br</strong>e os<<strong>br</strong> />

direitos territoriais dos povos indígenas.<<strong>br</strong> />

Dentre eles, destaca-se a Proposta de<<strong>br</strong> />

Emenda Constitucional 215/2000, no<<strong>br</strong> />

qual encontram-se apensos outros<<strong>br</strong> />

projetos. Esta emenda pretende<<strong>br</strong> />

alterar fundamentalmente dois<<strong>br</strong> />

dispositivos: o artigo 49 e o 231<<strong>br</strong> />

da Constituição Federal. No que<<strong>br</strong> />

tange ao primeiro, inclui nas<<strong>br</strong> />

competências exclusivas<<strong>br</strong> />

do Congresso Nacional o<<strong>br</strong> />

inciso XVIII, cuja redação<<strong>br</strong> />

lhe dá a atribuição de<<strong>br</strong> />

“aprovar a demarcação<<strong>br</strong> />

Tiago Miotto<<strong>br</strong> />

A relatora especial das Nações Unidas so<strong>br</strong>e os direitos dos povos<<strong>br</strong> />

indígenas, Victoria Tauli-Corpuz, já denunciou a impunidade dos crimes<<strong>br</strong> />

cometidos contra indígenas e suas lideranças no Brasil<<strong>br</strong> />

“<<strong>br</strong> />

No STF, a tendência de aplicar<<strong>br</strong> />

a tese do marco temporal para o<<strong>br</strong> />

mesmo fim de anular demarcações já<<strong>br</strong> />

realizadas também vem se firmando,<<strong>br</strong> />

o que poderá tornar definitivas as<<strong>br</strong> />

decisões dos tribunais inferiores.<<strong>br</strong> />

Isso significa que 1/3 da população<<strong>br</strong> />

indígena <strong>br</strong>asileira poderá ficar privada<<strong>br</strong> />

de seus territórios tradicionais<<strong>br</strong> />

”<<strong>br</strong> />

das terras tradicionalmente ocupadas pelos índios”. Já no<<strong>br</strong> />

outro, pretende-se acrescentar o parágrafo 8º, afirmando<<strong>br</strong> />

que “os critérios e procedimentos de demarcação” das<<strong>br</strong> />

Terras Indígenas deverão ser regulamentados por lei.<<strong>br</strong> />

Ademais, modifica o parágrafo 4º, dizendo que a inalienabilidade<<strong>br</strong> />

e indisponibilidade das terras somente seria<<strong>br</strong> />

afirmada após a aprovação legislativa (Brasil, 2000). Em<<strong>br</strong> />

estudo de <strong>2015</strong>, o Instituto Socioambiental (ISA) avaliou<<strong>br</strong> />

os impactos perversos so<strong>br</strong>e os direitos indígenas em<<strong>br</strong> />

decorrência de possível aprovação da PEC 215 (Instituto<<strong>br</strong> />

Socioambiental, <strong>2015</strong>).<<strong>br</strong> />

Crescente retórica inflamada, campanhas midiáticas<<strong>br</strong> />

ou discursos de ódio atingindo grupos protegidos, populações<<strong>br</strong> />

ou indivíduos (indicador 7.14) têm sido frequentes contra<<strong>br</strong> />

os povos indígenas. Estas manifestações são proferidas não<<strong>br</strong> />

apenas por pessoas comuns - envolvidas diretas ou não na<<strong>br</strong> />

apropriação dos recursos dos povos indígenas -, mas por<<strong>br</strong> />

agentes estatais. Os servidores da Coordenação Regional<<strong>br</strong> />

da Fundação Nacional do Índio (Funai) de Campo Grande<<strong>br</strong> />

(MS), em carta aberta, informam que “Os métodos de<<strong>br</strong> />

propaganda da elite rural via mídia estendem sua influência<<strong>br</strong> />

hegemônica so<strong>br</strong>e a opinião de parte da população<<strong>br</strong> />

comum do estado, portanto não proprietária de<<strong>br</strong> />

títulos, que acaba por reproduzir esse discurso de<<strong>br</strong> />

ódio e preconceito aos índios e funcionários de<<strong>br</strong> />

órgãos de Estado que trabalham com as populações<<strong>br</strong> />

indígenas” (Jornal GGN, <strong>2015</strong>). Por exemplo,<<strong>br</strong> />

em audiência pública em 2013, no município de<<strong>br</strong> />

Vicente Dutra (RS), o deputado federal Luis Carlos<<strong>br</strong> />

Heinze, do Partido Progressista, proferiu um<<strong>br</strong> />

discurso no qual afirmou que quilombolas,<<strong>br</strong> />

índios, gays e lésbicas são “tudo o que não<<strong>br</strong> />

presta” (G1, 2014).<<strong>br</strong> />

Por fim, verifica-se a presença<<strong>br</strong> />

do indicador de risco 8.5<<strong>br</strong> />

(ataques contra a vida, a<<strong>br</strong> />

integridade física, a liberdade<<strong>br</strong> />

ou a segurança dos<<strong>br</strong> />

líderes, indivíduos proeminentes<<strong>br</strong> />

ou mem<strong>br</strong>os<<strong>br</strong> />

de grupos de oposição).<<strong>br</strong> />

Dados relativos a homicídios<<strong>br</strong> />

contra indivíduos<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 32


Ana Mendes<<strong>br</strong> />

O recrudescimento da violência contra<<strong>br</strong> />

os povos indígenas em <strong>2015</strong>, principalmente<<strong>br</strong> />

contra os Guarani e Kaiowá e Terena do Mato<<strong>br</strong> />

Grosso do Sul, foi tema de nota pública emitida<<strong>br</strong> />

pela Anistia Internacional em setem<strong>br</strong>o de<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong>. A nota denuncia que “em 29 de agosto<<strong>br</strong> />

de <strong>2015</strong>, um mem<strong>br</strong>o da comunidade Ñanderu<<strong>br</strong> />

Marangatu do povo Guarani Kaiowá, Simião<<strong>br</strong> />

Vilhalva, foi morto nos ataques contra a comunidade,<<strong>br</strong> />

supostamente por proprietários de<<strong>br</strong> />

terras e grupos paramilitares”. (Anistia Internacional,<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong>, b).<<strong>br</strong> />

Considerações finais<<strong>br</strong> />

indígenas apontam para uma prevalência das mortes no<<strong>br</strong> />

Mato Grosso do Sul. É possível perceber, através do relatório<<strong>br</strong> />

Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil - dados de<<strong>br</strong> />

2014, publicado pelo Cimi, que, no período de 2003 a 2014,<<strong>br</strong> />

754 indígenas foram assassinados em solo <strong>br</strong>asileiro, em uma<<strong>br</strong> />

média anual de 68 casos. Destes, 390 ocorreram somente<<strong>br</strong> />

neste estado, totalizando 51% dos assassinatos de indígenas.<<strong>br</strong> />

Também se evidencia que o número de homicídios cometidos<<strong>br</strong> />

em um ano quase triplicou. Enquanto em 2013 foram<<strong>br</strong> />

registrados 53 casos no Brasil, no ano seguinte foram 138<<strong>br</strong> />

(Cimi, 2014). Alguns dos casos registrados dizem respeito<<strong>br</strong> />

ao assassinato de lideranças indígenas, o que demonstra<<strong>br</strong> />

o caráter de eliminação dos indivíduos que conduzem as<<strong>br</strong> />

pautas políticas dos povos indígenas.<<strong>br</strong> />

No caso <strong>br</strong>asileiro, a aplicação da ferramenta<<strong>br</strong> />

de análise aos casos de disputas territoriais<<strong>br</strong> />

indígenas, em especial no estado do Mato Grosso<<strong>br</strong> />

do Sul, permite-nos concluir que está configurada situação<<strong>br</strong> />

de risco de atrocidade, na medida em que estão presentes<<strong>br</strong> />

diversos indicadores. Por outro lado, o Estado <strong>br</strong>asileiro<<strong>br</strong> />

vem reunindo condições para a configuração da violação<<strong>br</strong> />

da sua responsabilidade de proteger. Em primeiro lugar,<<strong>br</strong> />

porque se omite de atuar contra agentes não-estatais<<strong>br</strong> />

perpetradores de crimes contra a integridade pessoal<<strong>br</strong> />

e a segurança dos povos indígenas. Em segundo lugar,<<strong>br</strong> />

porque vem promovendo, por meio de seus Três Poderes<<strong>br</strong> />

(Executivo, Judiciário e Legislativo), a deterioração das<<strong>br</strong> />

frágeis garantias obtidas na Constituição de 1988 e nos<<strong>br</strong> />

documentos internacionais ratificados ou subscritos em<<strong>br</strong> />

favor dos direitos indígenas. u<<strong>br</strong> />

Referências Bibliográficas<<strong>br</strong> />

AGÊNCIA DE REPORTAGEM DE JORNALISMO<<strong>br</strong> />

INVESTIGATIVO. Os jagunços cercam os guaranis,<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong>. Disponível em: http://apublica.org/<strong>2015</strong>/11/<<strong>br</strong> />

cercados-pelos-jaguncos/. Acesso em: 26 nov. <strong>2015</strong>.<<strong>br</strong> />

ANISTIA INTERNACIONAL. Presidenta Dilma:<<strong>br</strong> />

Proteja os Direitos dos Guarani-Kaiowá e Conclua<<strong>br</strong> />

a Demarcação de suas Terras Ancestrais. <strong>2015</strong>.<<strong>br</strong> />

Disponível em: https://anistia.org.<strong>br</strong>/noticias/<<strong>br</strong> />

presidenta-dilma-proteja-os-direitos-dos-guaranikaiowa-e-conclua-demarcacao-de-suas-terrasancestrais/.<<strong>br</strong> />

Acesso em 8 dez. <strong>2015</strong>.<<strong>br</strong> />

ANISTIA INTERNACIONAL. Nota pública: Anistia<<strong>br</strong> />

Internacional apela às autoridades <strong>br</strong>asileiras que<<strong>br</strong> />

protejam os direitos das comunidades Guarani-<<strong>br</strong> />

Kaiowá. <strong>2015</strong>, b. Disponível em: https://anistia.org.<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>/noticias/nota-publica-anistia-internacional-apelaautoridades-<strong>br</strong>asileiras-que-protejam-os-direitosdas-comunidades-guarani-kaiowa/.<<strong>br</strong> />

Acesso em 13<<strong>br</strong> />

out. <strong>2015</strong>.<<strong>br</strong> />

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Ord. em<<strong>br</strong> />

Mandado de Segurança n° 29.087/MS. Recorrente:<<strong>br</strong> />

Avelino Antonio Donatti. Requerido: União.<<strong>br</strong> />

Relator(a): Min. Ricardo Lewandowski; Relator(a)<<strong>br</strong> />

p/ Acórdão: Min. Gilmar Mendes. Brasília, 16 de<<strong>br</strong> />

setem<strong>br</strong>o de 2014. Disponível em: http://redir.stf.jus.<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>/paginadorpub/pagin<<strong>br</strong> />

ador.jsp?docTP=TP&docID=6937880. Acesso em:<<strong>br</strong> />

13 jan. <strong>2015</strong>.<<strong>br</strong> />

BRASIL. Comissão Nacional da Verdade. Relatório<<strong>br</strong> />

final. Volume II. 2014. Disponível em: http://www.<<strong>br</strong> />

cnv.gov.<strong>br</strong>/images/pdf/<strong>relatorio</strong>/Volume%202%20<<strong>br</strong> />

-%20Texto%205.pdf. Acesso em: 25 out. <strong>2015</strong>.<<strong>br</strong> />

BUZATTO, Cleber César. A paralisação das<<strong>br</strong> />

demarcações como elemento indutor da violência.<<strong>br</strong> />

In: CONSELHO INDIGENISTA MISSIONÁRIO.<<strong>br</strong> />

Relatório Violência contra os Povos Indígenas no<<strong>br</strong> />

Brasil – Dados de 2013. Brasília: CIMI, 2014 p. 11-<<strong>br</strong> />

14. Disponível em: http://www.<strong>cimi</strong>.org.<strong>br</strong>/pub/<<strong>br</strong> />

Relatviolenciadado2013.pdf. Acesso em: 13 ago. 2014.<<strong>br</strong> />

ESTADÃO. Nosso sangue está sendo derramado,<<strong>br</strong> />

denuncia líder guarani kaiowá. Disponível em: http://<<strong>br</strong> />

politica.estadao.com.<strong>br</strong>/blogs/fausto-macedo/<<strong>br</strong> />

nosso-sangue-esta-sendo-derramado-denuncialider-guarani-kaiowa/.<<strong>br</strong> />

Acesso em: 28 out. <strong>2015</strong>.<<strong>br</strong> />

G1. Em vídeo, deputado diz que índios, gays e<<strong>br</strong> />

quilombolas “não prestam”. Disponível em: http://<<strong>br</strong> />

g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2014/02/<<strong>br</strong> />

em-video-deputado-diz-que-indios-gays-equilombos-nao-prestam.html.<<strong>br</strong> />

Acesso em: 28 out.<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong>.<<strong>br</strong> />

JORNAL GGN. O estado atual do massacre étnico<<strong>br</strong> />

no MS. Disponível em: http://jornalggn.com.<strong>br</strong>/<<strong>br</strong> />

blog/ricardo-cavalcanti-schiel/o-estado-atual-domassacre-etnico-no-ms.<<strong>br</strong> />

Acesso em: 28 out. <strong>2015</strong>.<<strong>br</strong> />

KI-MOON, Ban. Implementing the Responsibility<<strong>br</strong> />

to Protect. A/63/677, 12 January 2009. Disponível<<strong>br</strong> />

em: http://www.un.org/en/ga/search/view_doc.<<strong>br</strong> />

asp?symbol=A/63/677. Acesso em: 12 ago. <strong>2015</strong>.<<strong>br</strong> />

OIT. Convenção n° 169 so<strong>br</strong>e povos indígenas e tribais<<strong>br</strong> />

e Resolução referente à ação da OIT/Organização<<strong>br</strong> />

Internacional do Trabalho. Brasília: OIT, 2011.<<strong>br</strong> />

ROSENBERG, Sheri P. Responsibility to Protect: A<<strong>br</strong> />

Framework for Prevention. Global Responsibility to<<strong>br</strong> />

Protect 09/2009; 1(4):442-477. DOI: 10.1163/18759<<strong>br</strong> />

8509X12505800144837.<<strong>br</strong> />

UNITED NATIONS. Framework of Analysis for<<strong>br</strong> />

Atrocity Crimes: a tool for prevention. United<<strong>br</strong> />

Nations: 2014. Disponível em: http://www.un.org/<<strong>br</strong> />

en/preventgenocide/advise<<strong>br</strong> />

r/pdf/framework%20of%20analysis%20for%20<<strong>br</strong> />

atrocity%20crimes_en.pdf. Acesso em: 04 ago. <strong>2015</strong>.<<strong>br</strong> />

_________. 2005 World Summit Outcome, UNGA<<strong>br</strong> />

Res. 60/1, 16 Se<strong>pt</strong>ember 2005. Par. 137 and 138.<<strong>br</strong> />

Disponível em: http://www.un.org/womenwatch/<<strong>br</strong> />

ods/A-RES-60-1-E.pdf. Acesso em: 12 ago. <strong>2015</strong>.<<strong>br</strong> />

_________. State of the World’s indigenous peoples.<<strong>br</strong> />

2 nd volume. UN, <strong>2015</strong>. Disponível em: http://www.<<strong>br</strong> />

un.org/esa/socdev/unpfii/documents/<strong>2015</strong>/<<strong>br</strong> />

sowip2volume-ac.pdf. Acesso em 21 dez. <strong>2015</strong>.<<strong>br</strong> />

_________. UN rights expert urges Brazil not to evict<<strong>br</strong> />

Guarani and Kaiowá indigenous peoples from their<<strong>br</strong> />

traditional lands, <strong>2015</strong>, b. Disponível em: http://unsr.<<strong>br</strong> />

vtaulicorpuz.org/site/index.php/en/statements/79-<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>azil-traditionals-lands. Acesso em: 8 dez. <strong>2015</strong>.<<strong>br</strong> />

33<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


A R T I G O<<strong>br</strong> />

É preciso avançar na transparência<<strong>br</strong> />

e na execução orçamentária<<strong>br</strong> />

Ricardo Verdum*<<strong>br</strong> />

O<<strong>br</strong> />

ano de <strong>2015</strong> foi o último ano de execução do Plano<<strong>br</strong> />

Plurianual (PPA) 2012-<strong>2015</strong> e o ano de elaboração<<strong>br</strong> />

e aprovação de um novo PPA, o de 2016-2019. No<<strong>br</strong> />

entanto, ele possivelmente será lem<strong>br</strong>ado como o ano em<<strong>br</strong> />

que, tendo à frente representantes do setor ruralista no<<strong>br</strong> />

país, foi instalada uma Comissão Parlamentar de Inquérito<<strong>br</strong> />

(CPI) no Congresso Nacional com o objetivo explícito de<<strong>br</strong> />

colocar em questão os direitos territoriais e étnicos dos<<strong>br</strong> />

povos indígenas e das comunidades quilombolas no Brasil.<<strong>br</strong> />

Além de “investigar” a atuação da Fundação Nacional<<strong>br</strong> />

do Índio (Funai) e do Instituto Nacional de Colonização<<strong>br</strong> />

e Reforma Agrária (Incra) na demarcação de terras indígenas<<strong>br</strong> />

e titulação de remanescentes de quilombos, está<<strong>br</strong> />

sendo questionada a competência e a lisura do trabalho de<<strong>br</strong> />

antropólogos na produção dos chamados “laudos antropológicos”.<<strong>br</strong> />

No documento que propõe a instituição da CPI, os<<strong>br</strong> />

processos que resultaram na identificação e demarcação<<strong>br</strong> />

das Terras Indígenas (TI) Morro dos Cavalos (SC) e Mato<<strong>br</strong> />

Preto (RS) são apontados como “casos exemplares” disso.<<strong>br</strong> />

A ação dos ruralistas se reflete no desempenho cotidiano e<<strong>br</strong> />

rotineiro do órgão indigenista oficial, gerando consequências<<strong>br</strong> />

nada favoráveis ao reconhecimento e à consolidação dos<<strong>br</strong> />

direitos territoriais e étnicos dos povos indígenas no país 1 .<<strong>br</strong> />

A seguir, faremos uma <strong>br</strong>eve exposição so<strong>br</strong>e o PPA<<strong>br</strong> />

2012-<strong>2015</strong> para, em seguida, analisar os programas, as ações<<strong>br</strong> />

e os recursos orçamentários do governo federal destinados<<strong>br</strong> />

aos povos indígenas no Brasil. Complementamos a análise<<strong>br</strong> />

trazendo algumas informações so<strong>br</strong>e um recurso extra orçamentário<<strong>br</strong> />

gerido pela Funai e so<strong>br</strong>e o qual muito pouca luz<<strong>br</strong> />

tem sido posta, trata-se da Renda do Patrimônio Indígena.<<strong>br</strong> />

PPA 2012-<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

O sistema de planejamento e orçamento na administração<<strong>br</strong> />

pública <strong>br</strong>asileira foi instituído pela Constituição<<strong>br</strong> />

Federal de 1988. Nela ficou estabelecido que os três principais<<strong>br</strong> />

instrumentos do sistema de planejamento e orçamento<<strong>br</strong> />

da administração seriam o Plano Plurianual (PPA), que<<strong>br</strong> />

abarca um período de quatro anos, e a Lei de Diretrizes<<strong>br</strong> />

Orçamentárias (LDO) e a Lei de Orçamento Anual (LOA),<<strong>br</strong> />

ambas elaboradas, analisadas e aprovadas a cada ano.<<strong>br</strong> />

O PPA 2012-<strong>2015</strong> teve 65 Programas Temáticos, dos<<strong>br</strong> />

quais 25 pertencentes a área temática social. Foi estimado<<strong>br</strong> />

que para sua implementação seria necessário um valor<<strong>br</strong> />

total de aproximado de R$ 4,541 trilhões, sendo R$ 2,580<<strong>br</strong> />

trilhões (56,8%) para a área social.<<strong>br</strong> />

O Programa Proteção e Promoção dos Direitos dos<<strong>br</strong> />

Povos Indígenas - principal programa orçamentário da<<strong>br</strong> />

política indigenista do governo federal - integra a área<<strong>br</strong> />

temática social do PPA, tendo sido a ele previsto um orçamento<<strong>br</strong> />

bem modesto diante dos desafios estabelecidos pela<<strong>br</strong> />

Constituição Federal de 1988: apenas R$ 5,177 milhões<<strong>br</strong> />

para um período de quatro anos 2 .<<strong>br</strong> />

Os/as indígenas na LOA de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Nas consultas realizadas aos dados disponibilizados<<strong>br</strong> />

pela Secretaria de Orçamento Federal do Ministério do<<strong>br</strong> />

Planejamento, Orçamento e Gestão (SOF/Mpog) e no Portal<<strong>br</strong> />

Orçamento (Siga Brasil) do Senado Federal, constata-se<<strong>br</strong> />

que além das ações que integram o Programa Proteção e<<strong>br</strong> />

Promoção dos Direitos dos Povos Indígenas, a população<<strong>br</strong> />

“indígena” aparece citada como potencial beneficiário<<strong>br</strong> />

de nove ações orçamentárias localizadas em oito outros<<strong>br</strong> />

programas (Quadro 1).<<strong>br</strong> />

Quadro 1: Programas e Ações Orçamentárias na LOA/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Programa<<strong>br</strong> />

Unidade<<strong>br</strong> />

Orçamentária<<strong>br</strong> />

Ações<<strong>br</strong> />

Biodiversidade MMA 1<<strong>br</strong> />

Enfrentamento ao Racismo e Promoção da<<strong>br</strong> />

Igualdade Racial<<strong>br</strong> />

MDA 1<<strong>br</strong> />

Educação Básica FNDE 1<<strong>br</strong> />

Agricultura Familiar MDA 1<<strong>br</strong> />

Segurança Alimentar e Nutricional MDS 2<<strong>br</strong> />

Educação Superior - Graduação,<<strong>br</strong> />

Pós-Graduação, Ensino, Pesquisa e Extensão<<strong>br</strong> />

Capes 1<<strong>br</strong> />

Florestas, Prevenção e Controle do<<strong>br</strong> />

Desmatamento e dos Incêndios<<strong>br</strong> />

Ibama 1<<strong>br</strong> />

Gestão e Manutenção do Ministério da Justiça MJ 1<<strong>br</strong> />

TOTAL 9<<strong>br</strong> />

* Pesquisador do Núcleo de Estudos de Populações Indígenas (Nepi), do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS) da Universidade Federal<<strong>br</strong> />

de Santa Catarina (UFSC).<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 34


Laila Menezes<<strong>br</strong> />

“<<strong>br</strong> />

Além de ‘investigar’ a atuação<<strong>br</strong> />

da Funai e do Incra na demarcação<<strong>br</strong> />

de terras indígenas e titulação de<<strong>br</strong> />

remanescentes de quilombos, está<<strong>br</strong> />

sendo questionada a competência e<<strong>br</strong> />

a lisura do trabalho de antropólogos<<strong>br</strong> />

na produção dos chamados ‘laudos<<strong>br</strong> />

antropológicos’. A ação dos ruralistas<<strong>br</strong> />

se reflete no desempenho cotidiano e<<strong>br</strong> />

rotineiro do órgão indigenista oficial,<<strong>br</strong> />

gerando consequências nada favoráveis<<strong>br</strong> />

ao reconhecimento e à consolidação<<strong>br</strong> />

dos direitos territoriais e étnicos dos<<strong>br</strong> />

povos indígenas no país<<strong>br</strong> />

”<<strong>br</strong> />

Além destes Programas, é sabido que os/as indígenas<<strong>br</strong> />

estão acessando e sendo beneficiados por outras políticas<<strong>br</strong> />

e ações da esfera federal. Um exemplo disso é o Programa<<strong>br</strong> />

Bolsa Família (PBF).<<strong>br</strong> />

Segundo dados do Ministério de Desenvolvimento<<strong>br</strong> />

Social (MDS), em dezem<strong>br</strong>o de <strong>2015</strong> havia, em nível de<<strong>br</strong> />

Brasil, 27.325.069 famílias inscritas no Cadastro Único<<strong>br</strong> />

(CadÚnico) para programas sociais. Deste total, 144.949<<strong>br</strong> />

famílias estavam cadastradas como “indígenas” e 110.487<<strong>br</strong> />

estavam a<strong>pt</strong>as a receberam o “benefício” do Programa<<strong>br</strong> />

Bolsa Família. Se considerarmos que, ainda segundo<<strong>br</strong> />

dados do MDS, as famílias receberam naquele mês um<<strong>br</strong> />

valor médio de R$ 275,36, é possível dizer que teriam sido<<strong>br</strong> />

repassados às contas bancárias das “famílias indígenas”,<<strong>br</strong> />

somente em dezem<strong>br</strong>o de <strong>2015</strong>, algo em torno de R$<<strong>br</strong> />

30,4 milhões.<<strong>br</strong> />

Somente no município de São Ga<strong>br</strong>iel da Cachoeira<<strong>br</strong> />

(AM), onde na ocasião estavam cadastradas 7.530 “famílias<<strong>br</strong> />

indígenas”, das quais 5.964 a<strong>pt</strong>as a receberem o “benefício”,<<strong>br</strong> />

estimamos ter havido um repasse aproximado de R$ 1,6<<strong>br</strong> />

milhão. Já no município de Dourados, no Mato Grosso do<<strong>br</strong> />

Sul, que em dezem<strong>br</strong>o passado tinha 3.022 famílias cadastradas<<strong>br</strong> />

como “indígenas”, das quais 2.138 a<strong>pt</strong>as a receber o<<strong>br</strong> />

“benefício”, mas com um valor médio menor de R$ 160,75,<<strong>br</strong> />

estima-se ter havido um repasse total de aproximadamente<<strong>br</strong> />

R$ 343,6 mil neste mês às “famílias indígenas”.<<strong>br</strong> />

Entretanto, as coisas não são tão simples assim,<<strong>br</strong> />

estejam estes números corretos ou não. Entre setem<strong>br</strong>o de<<strong>br</strong> />

2013 e fevereiro de 2014 o MDS promoveu um estudo so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

os efeitos das transferências monetárias do Programa Bolsa<<strong>br</strong> />

35<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Família entre famílias indígenas residentes em sete terras<<strong>br</strong> />

indígenas, a saber: Alto Rio Negro (AM), Barra Velha (BA),<<strong>br</strong> />

Dourados (MS), Jaraguá (SP), Parabubure (MT), Porquinhos<<strong>br</strong> />

(MA) e Takuaraty/Yvykuarusu (MS).<<strong>br</strong> />

Em praticamente todos os casos estudados foi<<strong>br</strong> />

constatada a presença do “patrão” como agente chave<<strong>br</strong> />

no acesso e recebimento do recurso financeiro destinado<<strong>br</strong> />

pelo programa às “famílias indígenas”. Em uma das terras<<strong>br</strong> />

investigadas foi constatado que o cartão de recebimento do<<strong>br</strong> />

benefício de praticamente todas as famílias encontrava-se<<strong>br</strong> />

nas mãos desse personagem. Em todos os casos relatados<<strong>br</strong> />

eles são comerciantes locais, que providenciam transporte<<strong>br</strong> />

(pago) para o acesso aos locais de saque do recurso do<<strong>br</strong> />

Bolsa Família e orientam os indígenas a gastar o dinheiro<<strong>br</strong> />

nos seus estabelecimentos comerciais. Também não é<<strong>br</strong> />

incomum que esse personagem tenha fortes vínculos com<<strong>br</strong> />

os poderes políticos e a administração pública municipal 3 .<<strong>br</strong> />

Programa Proteção e Promoção<<strong>br</strong> />

dos Direitos dos Povos Indígenas<<strong>br</strong> />

O Quadro 2 (anexo) apresenta um balanço da<<strong>br</strong> />

execução orçamentária deste programa em <strong>2015</strong>. Verifica-se<<strong>br</strong> />

que foi orçado pelo governo federal um gasto de R$ 1,653<<strong>br</strong> />

bilhão, dos quais foram liquidados até 31 de dezem<strong>br</strong>o<<strong>br</strong> />

“<<strong>br</strong> />

Em praticamente todos os casos<<strong>br</strong> />

estudados foi constatada a presença<<strong>br</strong> />

do ’patrão’ como agente chave no<<strong>br</strong> />

acesso e recebimento do recurso<<strong>br</strong> />

financeiro destinado pelo programa<<strong>br</strong> />

às ‘famílias indígenas’. Em uma das<<strong>br</strong> />

terras investigadas foi constatado<<strong>br</strong> />

que o cartão de recebimento do<<strong>br</strong> />

benefício de praticamente todas as<<strong>br</strong> />

famílias encontrava-se nas mãos<<strong>br</strong> />

desse personagem<<strong>br</strong> />

”<<strong>br</strong> />

pouco mais de R$ 1,269 bilhão, o que significa 76,75%. A<<strong>br</strong> />

este valor foram acrescidos mais R$ 110,6 milhões, que são<<strong>br</strong> />

“restos a pagar” de recursos empenhados em 2013 e 2014<<strong>br</strong> />

e que só foram efetivamente pagos em <strong>2015</strong>.<<strong>br</strong> />

Para a ação “Fiscalização e Demarcação de Terras<<strong>br</strong> />

Indígenas, Localização e Proteção de Índios Isolados e de<<strong>br</strong> />

Recente Contato”, verifica-se que foram orçados R$ 72,064<<strong>br</strong> />

milhões para <strong>2015</strong>, tendo sido empenhado pouco mais de<<strong>br</strong> />

R$ 22,590 milhões, e efetivamente liquidados R$ 14,018<<strong>br</strong> />

milhões (19,80%). Ou seja, embora tenha sido autorizado<<strong>br</strong> />

Laila Menezes<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 36


um gasto superior ao havido em 2014, o valor efetivamente<<strong>br</strong> />

gasto em <strong>2015</strong> (valores nominais e percentuais) ficou bem<<strong>br</strong> />

abaixo do que foi gasto no ano anterior.<<strong>br</strong> />

O quadro também mostra que à ação “Indenização<<strong>br</strong> />

para Solução de Conflitos Indígenas” foi autorizado um<<strong>br</strong> />

orçamento de R$ 30 milhões, mas que nada foi empenhado<<strong>br</strong> />

e liquidado até o dia 31 de dezem<strong>br</strong>o.<<strong>br</strong> />

Segundo dados obtidos junto à Coordenação Geral<<strong>br</strong> />

de Identificação e Delimitação (Cgid) da Funai, em <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

foram constituídos apenas três Grupos de Trabalho (GT)<<strong>br</strong> />

com o objetivo de identificar e delimitar terras indígenas.<<strong>br</strong> />

À ação “Promoção, Proteção, Vigilância, Segurança<<strong>br</strong> />

Alimentar e Nutricional e Recuperação da Saúde Indígena”<<strong>br</strong> />

foi autorizado R$ 1,439 bilhão. Deste total, a Secretaria<<strong>br</strong> />

Especial de Saúde Indígenas (Sesai/Ministério da Saúde)<<strong>br</strong> />

conseguiu liquidar R$ 1,213 bilhão (84,30%), deixando de<<strong>br</strong> />

empenhar R$ 95,8 milhões. Além disso, foram pagos mais<<strong>br</strong> />

R$ 64,468 milhões de “restos a pagar” de anos anteriores.<<strong>br</strong> />

A ação “Saneamento Básico em Aldeias Indígenas<<strong>br</strong> />

para Prevenção e Controle de Agravos” apresentou um<<strong>br</strong> />

baixo desempenho na execução do orçamento de <strong>2015</strong>.<<strong>br</strong> />

Dos R$ 60 milhões autorizados, liquidou R$ 20,461 milhões.<<strong>br</strong> />

Por outro lado, foram pagos “restos a pagar” no valor de<<strong>br</strong> />

R$ 28,139 milhões relativos a anos anteriores.<<strong>br</strong> />

Também chama atenção a ação “Promoção do<<strong>br</strong> />

Desenvolvimento Sustentável dos Povos Indígenas”, que<<strong>br</strong> />

teve autorizado em <strong>2015</strong> um orçamento de R$ 39,514<<strong>br</strong> />

milhões. A Funai conseguiu liquidar pouco mais de R$<<strong>br</strong> />

19,227 milhões (48,65%) e deixou de empenhar R$ 10,436<<strong>br</strong> />

milhões. Acrescente-se a isto, a utilização de R$ 8,795<<strong>br</strong> />

milhões de “restos a pagar” de anos anteriores que foram<<strong>br</strong> />

finalmente pagos em <strong>2015</strong>.<<strong>br</strong> />

Recursos extra orçamentários<<strong>br</strong> />

Em <strong>2015</strong>, a Funai também desenvolveu ações com<<strong>br</strong> />

recursos originários da chamada Renda do Patrimônio<<strong>br</strong> />

Indígena (RPI). A gestão do Patrimônio Indígena pela<<strong>br</strong> />

Funai está amparada na Lei nº 5.371, de 5 de dezem<strong>br</strong>o<<strong>br</strong> />

de 1967; na Lei nº 6.001, de 19 de dezem<strong>br</strong>o de 1973, que<<strong>br</strong> />

dispõe so<strong>br</strong>e o Estatuto do Índio; e no Estatuto da Funai,<<strong>br</strong> />

aprovado pelo Decreto nº.7.778, de 27 de julho de 2012.<<strong>br</strong> />

Seguindo o disposto no art. 3º da Lei nº 5.371, de<<strong>br</strong> />

5 de dezem<strong>br</strong>o de 1967, o órgão indigenista oficial administra<<strong>br</strong> />

as rendas do Patrimônio Indígena tendo em vista os<<strong>br</strong> />

seguintes objetivos: “emancipação econômica das tribos”;<<strong>br</strong> />

“acréscimo do patrimônio rentável” e “custeio dos serviços<<strong>br</strong> />

de assistência ao índio”. A análise dos Planos de Aplicação<<strong>br</strong> />

da RPI deixa claro a importância desta renda especialmente<<strong>br</strong> />

para as Coordenações Regionais, mas também para a<<strong>br</strong> />

administração central da Funai 4 .<<strong>br</strong> />

No ano de <strong>2015</strong> três foram as fontes do Plano de<<strong>br</strong> />

Aplicação da RPI: a) a comercialização de artesanato indígena;<<strong>br</strong> />

b) as indenizações de programas de compensação<<strong>br</strong> />

socioambiental decorrentes de licenciamento de empreendimentos<<strong>br</strong> />

que direta ou indiretamente impactaram terras e<<strong>br</strong> />

populações indígenas; c) e o leilão de madeira apreendida<<strong>br</strong> />

em terras indígenas. No total, são 28 programas e projetos<<strong>br</strong> />

executados em diversas regiões do país, sendo a grande<<strong>br</strong> />

maioria implementada nas regiões Norte e Centro-Oeste.<<strong>br</strong> />

A renda do Patrimônio Indígena fechou o ano de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

com um saldo de R$ 34 milhões, cerca de R$ 2,7 milhões<<strong>br</strong> />

a menos do que havia sido projetado no início do ano. A<<strong>br</strong> />

previsão de despesa em <strong>2015</strong> foi de R$ 18 milhões.<<strong>br</strong> />

Muito a avançar<<strong>br</strong> />

Como em anos anteriores, a expectativa é que o<<strong>br</strong> />

conteúdo deste artigo seja útil e estimule especialmente<<strong>br</strong> />

às pessoas, indígenas e não indígenas, que almejam ir além<<strong>br</strong> />

do simples ato de saber so<strong>br</strong>e os números relativos ao<<strong>br</strong> />

desempenho do governo federal na execução do orçamento<<strong>br</strong> />

planejado. Percebe-se que embora tenham ocorrido<<strong>br</strong> />

significativos avanços de transparência na gestão pública<<strong>br</strong> />

ao longo das últimas duas décadas, é sabido que há ainda<<strong>br</strong> />

muitas lacunas de informação a serem preenchidas. Não<<strong>br</strong> />

é difícil ficar enredado na utilização das ferramentas que<<strong>br</strong> />

estão disponíveis hoje à sociedade e sem saber o que<<strong>br</strong> />

exatamente foi alcançado e que efeitos foram gerados<<strong>br</strong> />

pelas políticas e ações governamentais. Há ainda muito<<strong>br</strong> />

o que ser feito em transparência. A autodeterminação e<<strong>br</strong> />

a autonomia territorial indígena passa também por aí.<<strong>br</strong> />

“<<strong>br</strong> />

À ação ‘Indenização para<<strong>br</strong> />

Solução de Conflitos Indígenas’<<strong>br</strong> />

foi autorizado um orçamento<<strong>br</strong> />

de R$ 30 milhões, mas nada foi<<strong>br</strong> />

empenhado e liquidado até o dia<<strong>br</strong> />

31 de dezem<strong>br</strong>o<<strong>br</strong> />

”<<strong>br</strong> />

1 Verdum, R. Direitos territoriais indígenas seguem a passos lentos e sob o risco de retrocesso. Informativo especial da Associação Brasileira de Antropologia - Balanços<<strong>br</strong> />

parciais a partir de perspectivas antropológicas. Fevereiro, 2016. pp. 1-10.<<strong>br</strong> />

2 Aos leitores interessados em ampliar os seus conhecimentos so<strong>br</strong>e o planejamento da administração pública e os instrumentos de transparência e acesso às<<strong>br</strong> />

informações associados à política indigenista do governo federal, sugerimos a leitura do documento intitulado Os direitos indígenas no cipoal da transparência.<<strong>br</strong> />

Disponível em: http://www.inesc.org.<strong>br</strong>/noticias/noticias-do-inesc/<strong>2015</strong>/dezem<strong>br</strong>o/nota-tecnica-discute-transparencia-de-dados-do-governo-so<strong>br</strong>e-promocaodos-direitos-dos-povos-indigenas.<<strong>br</strong> />

3 Foi necessário ter passado dois anos para que um “sumário executivo” com os principais resultados das pesquisas fosse finalmente publicado pelo MDS. Disponível<<strong>br</strong> />

em: http://aplicacoes.mds.gov.<strong>br</strong>/sagirmps/ferramentas/docs/Suma%CC%81rio%20Executivo%20PBF%20I%CC%81NDIGENA.pdf.<<strong>br</strong> />

4 Plano de Aplicação da Renda do Patrimônio Indígena: Exercício <strong>2015</strong>. Brasília: Funai, maio de <strong>2015</strong>.<<strong>br</strong> />

37<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Lei Orçamentária para <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Os quadros que seguem foram elaborados a partir<<strong>br</strong> />

dos dados disponibilizados pela Secretaria de Orçamento<<strong>br</strong> />

Federal do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão<<strong>br</strong> />

(SOF/Mpog) e do Portal Orçamento (Siga Brasil) do Senado<<strong>br</strong> />

Federal. A consulta foi realizada em 16 de março de 2016.<<strong>br</strong> />

Todos os valores são nominais e estão em Reais (R$).<<strong>br</strong> />

Quadro 2: Programa 2065 – Proteção e Promoção dos Direitos dos Povos Indígenas<<strong>br</strong> />

Objetivo/Órgão Iniciativa Ação/Unidade Orçamentária<<strong>br</strong> />

Valor<<strong>br</strong> />

Autorizado<<strong>br</strong> />

Valor<<strong>br</strong> />

Empenhado<<strong>br</strong> />

Valor<<strong>br</strong> />

Liquidado<<strong>br</strong> />

Restos<<strong>br</strong> />

a Pagar<<strong>br</strong> />

Pagos<<strong>br</strong> />

20UF - Fiscalização e Demarcação de<<strong>br</strong> />

Terras Indígenas, Localização e Proteção<<strong>br</strong> />

de Índios Isolados e de Recente Contato<<strong>br</strong> />

- Nacional<<strong>br</strong> />

UO/UR: Funai<<strong>br</strong> />

65.414.396 22.590.063 14.018.961 4.948.431<<strong>br</strong> />

0943 - Garantir aos povos<<strong>br</strong> />

indígenas a plena ocupação<<strong>br</strong> />

e gestão de suas terras, a<<strong>br</strong> />

partir da consolidação dos<<strong>br</strong> />

espaços e definição dos<<strong>br</strong> />

limites territoriais, por meio<<strong>br</strong> />

de ações de regularização<<strong>br</strong> />

fundiária, fiscalização e<<strong>br</strong> />

monitoramento das terras<<strong>br</strong> />

indígenas e proteção dos índios<<strong>br</strong> />

isolados, contribuindo para<<strong>br</strong> />

a redução de conflitos e para<<strong>br</strong> />

ampliar a presença do Estado<<strong>br</strong> />

democrático e pluriétnico de<<strong>br</strong> />

direito, especialmente em áreas<<strong>br</strong> />

vulneráveis.<<strong>br</strong> />

Órgão: Ministério da Justiça<<strong>br</strong> />

0406 - Realizar a delimitação, a<<strong>br</strong> />

demarcação e a regularização<<strong>br</strong> />

fundiária, a fiscalização, a vigilância,<<strong>br</strong> />

o combate e a prevenção de ilícitos,<<strong>br</strong> />

o monitoramento territorial,<<strong>br</strong> />

espacial e ambiental e a extrusão<<strong>br</strong> />

de não índios das terras indígenas,<<strong>br</strong> />

bem como localizar e proteger<<strong>br</strong> />

povos indígenas isolados e de<<strong>br</strong> />

recente contato.<<strong>br</strong> />

20UF - Fiscalização e Demarcação de<<strong>br</strong> />

Terras Indígenas, Localização e Proteção<<strong>br</strong> />

de Índios Isolados e de Recente Contato<<strong>br</strong> />

- Indenização aos atuais possuidores<<strong>br</strong> />

de títulos nas áreas sob demarcação<<strong>br</strong> />

indígena - Nacional<<strong>br</strong> />

UO/UR: Funai<<strong>br</strong> />

20UF - Fiscalização e Demarcação de<<strong>br</strong> />

Terras Indígenas, Localização e Proteção<<strong>br</strong> />

de Índios Isolados e de Recente Contato<<strong>br</strong> />

– no Maranhão<<strong>br</strong> />

20UF - Fiscalização e Demarcação de<<strong>br</strong> />

Terras Indígenas, Localização e Proteção<<strong>br</strong> />

de Índios Isolados e de Recente Contato<<strong>br</strong> />

– no município de Águas Belas (PE)<<strong>br</strong> />

UO/UR: Funai<<strong>br</strong> />

4390 – Delimitação, Demarcação e<<strong>br</strong> />

Regularização de Terras Indígenas<<strong>br</strong> />

5.000.000 0 0<<strong>br</strong> />

400.000 0 0<<strong>br</strong> />

250.000 250.000 250.000<<strong>br</strong> />

55.771<<strong>br</strong> />

20UF - Fiscalização e Demarcação de<<strong>br</strong> />

Terras Indígenas, Localização e Proteção<<strong>br</strong> />

de Índios Isolados e de Recente Contato<<strong>br</strong> />

– no município de São Paulo (SP)<<strong>br</strong> />

UO/UR: Funai<<strong>br</strong> />

1.000.000 0 0<<strong>br</strong> />

7W21 – Indenização para Solução de<<strong>br</strong> />

Conflitos Indígenas<<strong>br</strong> />

UO/UR: Funai<<strong>br</strong> />

30.000.000 0 0<<strong>br</strong> />

0945 - Implantar e desenvolver<<strong>br</strong> />

política nacional de gestão<<strong>br</strong> />

ambiental e territorial de<<strong>br</strong> />

terras indígenas, por meio<<strong>br</strong> />

de estratégias integradas e<<strong>br</strong> />

participativas com vistas ao<<strong>br</strong> />

desenvolvimento sustentável<<strong>br</strong> />

e à autonomia dos povos<<strong>br</strong> />

indígenas.<<strong>br</strong> />

Órgão: Ministério da Justiça<<strong>br</strong> />

0413 - Promover a gestão ambiental<<strong>br</strong> />

participativa das terras indígenas,<<strong>br</strong> />

por meio de planos, projetos<<strong>br</strong> />

e estruturação da capacidade<<strong>br</strong> />

de gestão etnoambientais, bem<<strong>br</strong> />

como atuar como interveniente<<strong>br</strong> />

nos processos de licenciamento<<strong>br</strong> />

ambiental de empreendimentos<<strong>br</strong> />

que possuam significativo potencial<<strong>br</strong> />

de impacto so<strong>br</strong>e as terras e povos<<strong>br</strong> />

indígenas.<<strong>br</strong> />

20W4 - Gestão Ambiental em Terras<<strong>br</strong> />

Indígenas<<strong>br</strong> />

UO: MMA/UR: Secretaria de<<strong>br</strong> />

Extrativismo e Desenvolvimento Rural<<strong>br</strong> />

Sustentável<<strong>br</strong> />

6698 - Gestão Ambiental e Territorial<<strong>br</strong> />

das terras indígenas<<strong>br</strong> />

UO/UR: Funai<<strong>br</strong> />

0 0 0<<strong>br</strong> />

400.000 198.087 56 69.355<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 38


Objetivo/Órgão Iniciativa Ação/Unidade Orçamentária<<strong>br</strong> />

Valor<<strong>br</strong> />

Autorizado<<strong>br</strong> />

Valor<<strong>br</strong> />

Empenhado<<strong>br</strong> />

Valor<<strong>br</strong> />

Liquidado<<strong>br</strong> />

Restos<<strong>br</strong> />

a Pagar<<strong>br</strong> />

Pagos<<strong>br</strong> />

0962 - Implementar o<<strong>br</strong> />

Subsistema de Atenção à Saúde<<strong>br</strong> />

Indígena, articulado com o SUS,<<strong>br</strong> />

baseado no cuidado integral,<<strong>br</strong> />

observando as práticas de saúde<<strong>br</strong> />

e as medicinas tradicionais,<<strong>br</strong> />

com controle social, garantindo<<strong>br</strong> />

o respeito às especificidades<<strong>br</strong> />

culturais.<<strong>br</strong> />

Órgão: Ministério da Saúde<<strong>br</strong> />

0444 - Implementação de modelo<<strong>br</strong> />

de atenção integral centrado na<<strong>br</strong> />

linha do cuidado, com foco na<<strong>br</strong> />

família indígena, integralidade<<strong>br</strong> />

e intersetorialidade das ações,<<strong>br</strong> />

participação popular e articulação<<strong>br</strong> />

com as práticas e medicinas<<strong>br</strong> />

tradicionais.<<strong>br</strong> />

0445 - Implementação de sistema<<strong>br</strong> />

de abastecimento de água,<<strong>br</strong> />

melhorias sanitárias e manejo<<strong>br</strong> />

de resíduos sólidos nas aldeias,<<strong>br</strong> />

em quantidade e qualidade<<strong>br</strong> />

adequadas, considerando<<strong>br</strong> />

critérios epidemiológicos e as<<strong>br</strong> />

especificidades culturais dos povos<<strong>br</strong> />

indígenas.<<strong>br</strong> />

20YP - Promoção, Proteção e<<strong>br</strong> />

Recuperação da Saúde Indígena<<strong>br</strong> />

UO: Fundo Nacional de Saúde/UR: Sesai.<<strong>br</strong> />

20YP - Promoção, Proteção e<<strong>br</strong> />

Recuperação da Saúde Indígena – no<<strong>br</strong> />

Distrito Federal<<strong>br</strong> />

UO: Fundo Nacional de Saúde.<<strong>br</strong> />

20YP - Promoção, Proteção e<<strong>br</strong> />

Recuperação da Saúde Indígena – no<<strong>br</strong> />

município de Angra dos Reis/RJ<<strong>br</strong> />

8743 – Promoção, vigilância, proteção e<<strong>br</strong> />

recuperação da saúde indígena<<strong>br</strong> />

7684 - Saneamento Básico em Aldeias<<strong>br</strong> />

Indígenas para Prevenção e Controle<<strong>br</strong> />

de Agravos<<strong>br</strong> />

UO: Fundo Nacional de Saúde/UR: Sesai<<strong>br</strong> />

1.439.000.000 1.343.176.342 1.213.200.350 64.468.845<<strong>br</strong> />

1.000.000 0 0<<strong>br</strong> />

180.000 0 0<<strong>br</strong> />

15.636<<strong>br</strong> />

60.000.000 26.746.716 20.461.079 28.139.196<<strong>br</strong> />

0949 - Preservar e promover<<strong>br</strong> />

o patrimônio cultural dos<<strong>br</strong> />

povos indígenas por meio<<strong>br</strong> />

de pesquisa, documentação,<<strong>br</strong> />

divulgação e diversas ações<<strong>br</strong> />

de fortalecimento de suas<<strong>br</strong> />

línguas, culturas e acervos,<<strong>br</strong> />

prioritariamente aqueles em<<strong>br</strong> />

situação de vulnerabilidade.<<strong>br</strong> />

Órgão: Ministério da Justiça<<strong>br</strong> />

042A - Apoiar projetos, eventos<<strong>br</strong> />

e estudos que contribuam para<<strong>br</strong> />

a valorização cultural dos povos<<strong>br</strong> />

indígenas, e preservar e difundir<<strong>br</strong> />

o conhecimento pertencente aos<<strong>br</strong> />

povos indígenas, prioritariamente<<strong>br</strong> />

em risco de desaparecimento e sob<<strong>br</strong> />

a guarda do Museu do Índio e suas<<strong>br</strong> />

unidades descentralizadas, visando<<strong>br</strong> />

torná-lo acessível à sociedade<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>asileira em geral e, em particular,<<strong>br</strong> />

às sociedades indígenas.<<strong>br</strong> />

8635 - Preservação Cultural dos Povos<<strong>br</strong> />

Indígena<<strong>br</strong> />

UO/UR: Funai<<strong>br</strong> />

6.264.856 5.746.589 1.551.825 4.107.387<<strong>br</strong> />

0953 - Promover a<<strong>br</strong> />

consolidação da reestruturação<<strong>br</strong> />

organizacional da Funai com<<strong>br</strong> />

vistas ao seu aperfeiçoamento<<strong>br</strong> />

institucional, por meio da<<strong>br</strong> />

implementação de projetos<<strong>br</strong> />

voltados à estruturação e<<strong>br</strong> />

melhoria dos processos de<<strong>br</strong> />

trabalho, capacitação intensiva<<strong>br</strong> />

de recursos humanos, suporte<<strong>br</strong> />

tecnológico e infraestrutura<<strong>br</strong> />

física.<<strong>br</strong> />

Órgão: Ministério da Justiça<<strong>br</strong> />

042I - Construção do edifício sede<<strong>br</strong> />

da Funai.<<strong>br</strong> />

042K - Melhoria e ampliação da<<strong>br</strong> />

capacidade de execução e de<<strong>br</strong> />

prestação de serviços da Funai<<strong>br</strong> />

1306 - Construção da Sede da Fundação<<strong>br</strong> />

Nacional do Índio.<<strong>br</strong> />

UO/UR: Funai<<strong>br</strong> />

155L – Aprimoramento da<<strong>br</strong> />

Infraestrutura da Funai.<<strong>br</strong> />

UO: Fundação Nacional do Índio.<<strong>br</strong> />

1.000.000 0 0<<strong>br</strong> />

3.500.000 680.182 311.399<<strong>br</strong> />

0948 - Promover o acesso<<strong>br</strong> />

amplo e qualificado dos<<strong>br</strong> />

povos indígenas aos direitos<<strong>br</strong> />

sociais e de cidadania por<<strong>br</strong> />

meio de iniciativas integradas<<strong>br</strong> />

e articuladas em prol do<<strong>br</strong> />

desenvolvimento sustentável<<strong>br</strong> />

desses povos, respeitando sua<<strong>br</strong> />

identidade social e cultural, seus<<strong>br</strong> />

costumes e tradições e suas<<strong>br</strong> />

instituições.<<strong>br</strong> />

Órgão: Ministério da Justiça<<strong>br</strong> />

0428 - Promover o acesso às<<strong>br</strong> />

políticas de proteção e promoção<<strong>br</strong> />

social e ambiental dos povos<<strong>br</strong> />

indígenas, através da gestão<<strong>br</strong> />

compartilhada, articulação<<strong>br</strong> />

intersetorial com participação<<strong>br</strong> />

indígena e da adequação das<<strong>br</strong> />

políticas sociais do Estado<<strong>br</strong> />

Brasileiro, considerando-se as<<strong>br</strong> />

especificidades étnico-culturais e<<strong>br</strong> />

territoriais, o etnodesenvolvimento<<strong>br</strong> />

e as perspectivas de gênero e<<strong>br</strong> />

geracional.<<strong>br</strong> />

2384 - Promoção do Desenvolvimento<<strong>br</strong> />

Sustentável dos Povos Indígenas<<strong>br</strong> />

UO: Fundação Nacional do Índio.<<strong>br</strong> />

2384 - Promoção e Desenvolvimento<<strong>br</strong> />

Sustentável dos Povos Indígenas – no<<strong>br</strong> />

Tocantins<<strong>br</strong> />

UO/UR: Funai<<strong>br</strong> />

2711 - Promoção do<<strong>br</strong> />

etnodesenvolvimento em terras<<strong>br</strong> />

indígenas<<strong>br</strong> />

UO/UR: Funai<<strong>br</strong> />

39.514.709 29.078.322 19.227.271 8.795.017<<strong>br</strong> />

500.000 214.400 0<<strong>br</strong> />

32.948<<strong>br</strong> />

Total 1.653.423.961 1.428.680.701 1.269.020.941 110.632.586<<strong>br</strong> />

39<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


A R T I G O<<strong>br</strong> />

Mineração:<<strong>br</strong> />

uma ameaça devastadora<<strong>br</strong> />

Guenter Francisco Loebens*<<strong>br</strong> />

O<<strong>br</strong> />

maior desastre socioambiental já ocorrido no<<strong>br</strong> />

Brasil foi provocado, em novem<strong>br</strong>o de <strong>2015</strong>, pelo<<strong>br</strong> />

rompimento da barragem de Fundão, em Mariana,<<strong>br</strong> />

no estado de Minas Gerais, da empresa de mineração<<strong>br</strong> />

Samarco (um empreendimento conjunto da Vale S.A. e a<<strong>br</strong> />

anglo-australiana BHP Billiton), e arrasou, com os rejeitos<<strong>br</strong> />

minerais, toda a biodiversidade do Rio Doce à jusante.<<strong>br</strong> />

Divulgada em todo o mundo, esta é mais uma das tragédias<<strong>br</strong> />

que pode se estender para o interior das terras indígenas,<<strong>br</strong> />

caso a mineração nestas terras seja regulamentada nos<<strong>br</strong> />

termos do Projeto de Lei (PL) 1610/1996, em avançado<<strong>br</strong> />

processo de tramitação no Congresso Nacional.<<strong>br</strong> />

Os interesses minerários em terras indígenas podem<<strong>br</strong> />

ser verificados no Departamento Nacional de Produção<<strong>br</strong> />

Mineral (DNPM) pela quantidade de requerimentos de<<strong>br</strong> />

pesquisa e lavra ali registrados pelas empresas de mineração.<<strong>br</strong> />

Até o primeiro semestre de 2016, havia o registro de 44.911<<strong>br</strong> />

processos de interesses minerários na Amazônia Brasileira;<<strong>br</strong> />

destes, 10.686 incidem so<strong>br</strong>e Unidades de Conservação<<strong>br</strong> />

Federais, 4.181 so<strong>br</strong>e Terras Indígenas (TI) - totalizando<<strong>br</strong> />

uma área de 28 milhões de hectares -, e 3.390 em Unidades<<strong>br</strong> />

de Conservação Estaduais. Cerca de 70% dos processos<<strong>br</strong> />

se referem à exploração ou à intenção de explorar ouro,<<strong>br</strong> />

através de lavra garimpeira. As terras indígenas com maior<<strong>br</strong> />

interesse minerário são Yanomami, com 678 processos,<<strong>br</strong> />

Menkragnoti, com 396 processos e Alto Rio Negro, com<<strong>br</strong> />

387 processos (ISA, 2016) 1 .<<strong>br</strong> />

As empresas de mineração apostaram alto para<<strong>br</strong> />

assegurar na Constituição de 1988 a liberação da exploração<<strong>br</strong> />

mineral em terras indígenas. No debate da Constituinte<<strong>br</strong> />

foram surpreendidos por uma vigorosa reação indígena,<<strong>br</strong> />

liderada por povos conscientes dos impactos devastadores<<strong>br</strong> />

que esta atividade econômica em suas terras poderia<<strong>br</strong> />

provocar para suas comunidades e para o meio ambiente.<<strong>br</strong> />

As consequências negativas da presença de mineradoras<<strong>br</strong> />

nas TI Waimiri-Atroari e do Alto Rio Negro serviram<<strong>br</strong> />

de alerta para as lideranças indígenas, para o que poderia<<strong>br</strong> />

vir acontecer. As empresas, então, partiram para o ataque,<<strong>br</strong> />

tentando associar a resistência indígena a “poderosos<<strong>br</strong> />

interesses internacionais”. Passaram a repetir a mesma<<strong>br</strong> />

conversa mentirosa, sem nenhum amparo na realidade,<<strong>br</strong> />

já usada também na tentativa de impedir a demarcação<<strong>br</strong> />

Todd Southgate/Greenpeace<<strong>br</strong> />

das terras indígenas, principalmente na região amazônica,<<strong>br</strong> />

afirmando que estas estavam sendo delimitadas em regiões<<strong>br</strong> />

ricas em minério, para atender interesses de exploração<<strong>br</strong> />

futura de potências estrangeiras.<<strong>br</strong> />

Escolheram o Conselho Indigenista Missionário<<strong>br</strong> />

(Cimi), organismo pastoral da Conferência Nacional dos<<strong>br</strong> />

Bispos do Brasil (CNBB), um dos principais aliados dos<<strong>br</strong> />

povos indígenas, como alvo de uma campanha difamatória,<<strong>br</strong> />

mediante o uso inescrupuloso de documentos falsos e<<strong>br</strong> />

apócrifos, tentando apontá-lo como um agente no Brasil<<strong>br</strong> />

a serviço das mineradoras da Malásia. O Estado de S. Paulo,<<strong>br</strong> />

um jornal de grande circulação, foi o meio de comunicação<<strong>br</strong> />

que se prestou para divulgar a campanha com chamadas<<strong>br</strong> />

de capa diárias por uma semana inteira, reproduzidas em<<strong>br</strong> />

jornais regionais.<<strong>br</strong> />

A farsa foi desmontada por uma Comissão Parlamentar<<strong>br</strong> />

Mista de Inquérito (CPMI), instalada pelo Congresso<<strong>br</strong> />

Nacional, para apurar as denúncias contra o Cimi. O relator<<strong>br</strong> />

da CPMI demonstrou cabalmente a fraude em seu relatório,<<strong>br</strong> />

A mineração causa impactos irreversíveis, como evidencia a realidade<<strong>br</strong> />

atual de Bento Rodrigues, em Minas Gerais (acima) e da Floresta<<strong>br</strong> />

Nacional Carajás, no Pará (na próxima página)<<strong>br</strong> />

* Missionário mem<strong>br</strong>o da Coordenação do Regional Cimi Norte I, graduado em História na Universidade Federal do Amazonas (UFAm), com Pós-Graduação em<<strong>br</strong> />

Ética e Política pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap)<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 40


Marcelo Cruz/Justiça nos Trilhos<<strong>br</strong> />

“<<strong>br</strong> />

O setor mineral, da forma como<<strong>br</strong> />

tenta obter a autorização para<<strong>br</strong> />

a exploração mineral em terras<<strong>br</strong> />

indígenas, tem dado sinais evidentes<<strong>br</strong> />

que sequer está interessado em<<strong>br</strong> />

minimizar os impactos negativos<<strong>br</strong> />

de sua atividade econômica<<strong>br</strong> />

essencialmente depredadora<<strong>br</strong> />

”<<strong>br</strong> />

o qual não foi votado por uma mano<strong>br</strong>a do presidente, que<<strong>br</strong> />

encerrou os trabalhos da Comissão por decurso de prazo.<<strong>br</strong> />

Este tensionamento acerca do debate da mineração<<strong>br</strong> />

resultou num acordo no âmbito dos trabalhos da<<strong>br</strong> />

Constituinte em relação a um texto que foi inscrito na<<strong>br</strong> />

Constituição, permitindo a mineração do subsolo das<<strong>br</strong> />

terras indígenas, mediante o cumprimento de condições<<strong>br</strong> />

específicas, ouvidas as comunidades indígenas e com a<<strong>br</strong> />

aprovação do Congresso Nacional.<<strong>br</strong> />

A regulamentação da exploração mineral em terra<<strong>br</strong> />

indígena está sendo proposta pelo PL 1610, já aprovado<<strong>br</strong> />

pelo Senado. Contra a vontade expressa dos povos, foi<<strong>br</strong> />

criada uma Comissão Especial na Câmara dos Deputados<<strong>br</strong> />

para acelerar a sua aprovação. Eles reivindicam que a<<strong>br</strong> />

matéria seja discutida no âmbito do PL do Estatuto dos<<strong>br</strong> />

Povos Indígenas.<<strong>br</strong> />

Caso o PL 1610 seja aprovado nos termos em que<<strong>br</strong> />

está proposto, a mineração nas terras indígenas se dará sem<<strong>br</strong> />

nenhuma cautela para resguardar áreas sagradas, cemitérios,<<strong>br</strong> />

aldeias, roçados, mananciais de água que abastecem<<strong>br</strong> />

as comunidades e, mais grave, sem possibilidade de veto<<strong>br</strong> />

pelos povos indígenas. O PL está sendo discutido desrespeitando<<strong>br</strong> />

o direito básico de consulta dos povos indígenas,<<strong>br</strong> />

atribuindo ao Estado um poder tutelar já superado pela<<strong>br</strong> />

Constituição, que foi historicamente usado como mecanismo<<strong>br</strong> />

de dominação e etnocídio dos povos indígenas.<<strong>br</strong> />

Dário Yanomami, presidente da Associação Indígena<<strong>br</strong> />

Hutukara, alerta para o tamanho dos impactos da<<strong>br</strong> />

mineração. “Não são pessoas que entram na floresta e<<strong>br</strong> />

degradam apenas algumas regiões. A mineração precisa<<strong>br</strong> />

de estradas para transportar os minérios, de grandes áreas<<strong>br</strong> />

para guardar a produção, de locais para alojar os funcionários<<strong>br</strong> />

e, com isso, fará grandes buracos no solo que não<<strong>br</strong> />

deixarão a nossa terra se recuperar” 2 .<<strong>br</strong> />

Os impactos sociais e culturais da mineração decorrentes<<strong>br</strong> />

da divisão e desestruturação das comunidades indígenas,<<strong>br</strong> />

da escassez de alimentos, do aumento de doenças<<strong>br</strong> />

epidêmicas, da prostituição e das drogas são igualmente<<strong>br</strong> />

terríveis, podendo inviabilizar totalmente as formas próprias<<strong>br</strong> />

de organização da vida dos povos indígenas nos seus<<strong>br</strong> />

territórios.<<strong>br</strong> />

O setor mineral, da forma como tenta obter a autorização<<strong>br</strong> />

para a exploração mineral em terras indígenas,<<strong>br</strong> />

tem dado sinais evidentes que sequer está interessado<<strong>br</strong> />

em minimizar os impactos negativos de sua atividade<<strong>br</strong> />

econômica essencialmente depredadora. Não existe<<strong>br</strong> />

experiência de mineração no mundo em que as comunidades<<strong>br</strong> />

locais não tenham sido seriamente afetadas e suas<<strong>br</strong> />

condições de vida drasticamente deterioradas. A julgar<<strong>br</strong> />

pelo desastre da barragem de Fundão e pela forma que a<<strong>br</strong> />

regulamentação desta atividade está sendo discutida pelo<<strong>br</strong> />

Congresso Nacional, tanto no PL 1610 como também no PL<<strong>br</strong> />

do Novo Código de Mineração (que junta o PL 37/2011, o<<strong>br</strong> />

PL 5807/2013 e outros), a tendência é que o ambiente de<<strong>br</strong> />

vida no entorno da exploração mineral só irá piorar. Nestas<<strong>br</strong> />

condições a mineração em terras indígenas significará mais<<strong>br</strong> />

um decreto de morte para os povos originários do Brasil<<strong>br</strong> />

e deve ser evitada de todas as maneiras por estes, suas<<strong>br</strong> />

organizações e seus aliados. u<<strong>br</strong> />

1 https://www.socioambiental.org/<strong>pt</strong>-<strong>br</strong>/blog/blog-do-monitoramento/ucs-e-tis-na-amazonia-sao-afetadas-por-mais-de-175-mil-processos-de-mineracao<<strong>br</strong> />

2 http://www.hutukara.org/images/stories/PESQUISA_DE_MINERAcaO_NO_RIO_URARICUERA.doc<<strong>br</strong> />

41<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


A R T I G O<<strong>br</strong> />

CPI do Cimi: uma velha mano<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />

para atingir os povos indígenas<<strong>br</strong> />

Egon Heck*<<strong>br</strong> />

Está em curso no Brasil uma onda de ofensiva e caça aos<<strong>br</strong> />

direitos dos povos indígenas. A Comissão Parlamentar<<strong>br</strong> />

de Inquérito (CPI) contra o Conselho Indigenista<<strong>br</strong> />

Missionário (Cimi), instalada na Assembleia Legislativa do<<strong>br</strong> />

Mato Grosso do Sul em setem<strong>br</strong>o de <strong>2015</strong>, é, na verdade,<<strong>br</strong> />

apenas mais uma das ferramentas utilizadas pelo agronegócio<<strong>br</strong> />

e pelos políticos, com interesses escusos, para<<strong>br</strong> />

retirar os direitos indígenas da Constituição e inviabilizar<<strong>br</strong> />

a implementação dos direitos garantidos em diversas<<strong>br</strong> />

instâncias nacionais e internacionais.<<strong>br</strong> />

Não se trata de uma ação isolada ou espúria, mas<<strong>br</strong> />

sim de uma estratégia que busca ocultar os verdadeiros<<strong>br</strong> />

interesses desses grupos através de subterfúgios, como<<strong>br</strong> />

a CPI do Cimi. A pretexto de comprovar a atuação da<<strong>br</strong> />

entidade no “incitamento e financiamento de invasões<<strong>br</strong> />

de terras privadas”, esta CPI teve como principal objetivo<<strong>br</strong> />

criminalizar os povos indígenas e seus aliados, com o intuito<<strong>br</strong> />

de inviabilizar os direitos dos povos originários deste país.<<strong>br</strong> />

Trata-se, portanto, de uma sórdida e explícita<<strong>br</strong> />

violação dos direitos destes povos, especialmente a negação<<strong>br</strong> />

do direito a seus territórios tradicionais.<<strong>br</strong> />

A instalação de uma outra CPI para investigar a<<strong>br</strong> />

Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Instituto Nacional de<<strong>br</strong> />

Colonização e Reforma Agrária, (Incra), desta vez instalada<<strong>br</strong> />

na Câmara dos Deputados, quase concomitantemente com<<strong>br</strong> />

a CPI do Cimi, corrobora a constatação de uma orquestrada<<strong>br</strong> />

investida contra os direitos indígenas, numa clara mano<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />

que estimula ainda mais as violências contra esses povos.<<strong>br</strong> />

Esta estratégia, no entanto, não é nova.<<strong>br</strong> />

Para entender a atual CPI do Cimi é fundamental nos<<strong>br</strong> />

reportarmos à Comissão Mista Parlamentar de Inquérito<<strong>br</strong> />

(CPMI) do Cimi, instalada em agosto de 1987. Em pleno<<strong>br</strong> />

contexto da Constituinte, a garantia dos direitos indígena<<strong>br</strong> />

na nova Carta Magna estava se configurando através de<<strong>br</strong> />

uma atuação aguerrida dos povos indígenas com o apoio<<strong>br</strong> />

de aliados. A permanente mobilização e presença das<<strong>br</strong> />

populações nativas no Congresso estava consolidando um<<strong>br</strong> />

novo capítulo na história deste país, o de garantias constitucionais<<strong>br</strong> />

aos direitos dos povos indígenas. Mineradoras,<<strong>br</strong> />

setores militares e políticos, empenhados em impedir a<<strong>br</strong> />

consagração destes direitos, urdiram uma sórdida campanha<<strong>br</strong> />

contra o Cimi, uma das organizações indigenistas mais<<strong>br</strong> />

comprometidas com este avanço no arcabouço jurídico<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>asileiro. Esperavam que caluniando e criminalizando o<<strong>br</strong> />

Cimi conseguiriam reverter esse processo, ou seja, impedir<<strong>br</strong> />

a aprovação destes direitos.<<strong>br</strong> />

Esses setores montaram uma bombástica farsa e,<<strong>br</strong> />

utilizando argumentos espúrios, acusaram o Cimi de estar<<strong>br</strong> />

conspirando contra a soberania do Brasil, propondo a<<strong>br</strong> />

internacionalização da Amazônia através do conceito de<<strong>br</strong> />

“soberania restritiva”. A partir de uma série de seis reportagens,<<strong>br</strong> />

com grandes manchetes e amplo espaço em suas<<strong>br</strong> />

CPMI durante a Constituinte<<strong>br</strong> />

* Missionário vinculado ao Secretariado Nacional, graduado em Filosofia na<<strong>br</strong> />

Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Mestrado em Ciência Política na<<strong>br</strong> />

Universidade de Campinas (Unicamp).<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 42


Tiago Miotto<<strong>br</strong> />

“<<strong>br</strong> />

A CNBB, em documento,<<strong>br</strong> />

afirmou: ‘O que se esconde atrás da<<strong>br</strong> />

escandalosa campanha difamatória<<strong>br</strong> />

contra os missionários do Cimi<<strong>br</strong> />

não é a defesa dos interesses<<strong>br</strong> />

nacionais, como afirma o jornal,<<strong>br</strong> />

mas a ambição das companhias<<strong>br</strong> />

mineradoras, decididas a remover,<<strong>br</strong> />

sem qualquer salvaguarda legal, os<<strong>br</strong> />

minérios em áreas indígenas’<<strong>br</strong> />

”<<strong>br</strong> />

páginas centrais, o jornal O Estado de São Paulo, gerou<<strong>br</strong> />

uma espécie de comoção entre os parlamentares, que se<<strong>br</strong> />

apressaram em constituir a CPMI (que envolve tanto a<<strong>br</strong> />

Câmara como o Senado) do Cimi.<<strong>br</strong> />

“Os Índios na Nova Constituição” era a chamada<<strong>br</strong> />

da série de matérias. Não restavam dúvidas de que o<<strong>br</strong> />

que se pretendia era impossibilitar os direitos indígenas<<strong>br</strong> />

através das acusações ao Cimi. A Conferência Nacional<<strong>br</strong> />

dos Bispos do Brasil (CNBB), em documento do dia 14 de<<strong>br</strong> />

agosto, afirmou: “O que se esconde atrás da escandalosa<<strong>br</strong> />

campanha difamatória contra os missionários do Cimi não<<strong>br</strong> />

é a defesa dos interesses nacionais, como afirma o jornal,<<strong>br</strong> />

mas a ambição das companhias mineradoras, decididas a<<strong>br</strong> />

remover, sem qualquer salvaguarda legal, os minérios em<<strong>br</strong> />

áreas indígenas”.<<strong>br</strong> />

Foi necessário pouco tempo para que a montagem<<strong>br</strong> />

falaciosa das matérias que embasavam as acusações ruísse,<<strong>br</strong> />

já que ficou comprovado que os documentos utilizados<<strong>br</strong> />

haviam sido grosseiramente falsificados. Quando isso foi<<strong>br</strong> />

demonstrado, o relator da CPMI, senador Ronan Tito,<<strong>br</strong> />

na sessão do dia 10 de outu<strong>br</strong>o, apresentou seu parecer<<strong>br</strong> />

conclusivo, no qual sustentou a “inexistência de base documental<<strong>br</strong> />

idônea” e “não terem fundamento as denúncias<<strong>br</strong> />

que objetivaram a criação desta CPMI”.<<strong>br</strong> />

Pouco tempo depois a CPMI foi encerrada, mas não<<strong>br</strong> />

com a devida divulgação so<strong>br</strong>e o embuste que havia sido<<strong>br</strong> />

arquitetado contra os povos originários <strong>br</strong>asileiros, com o<<strong>br</strong> />

propósito exclusivo de privilegiar ainda mais os interesses<<strong>br</strong> />

da elite do país.<<strong>br</strong> />

Criminalizar para acabar com a resistência<<strong>br</strong> />

Um <strong>br</strong>eve olhar so<strong>br</strong>e a história de luta dos indígenas<<strong>br</strong> />

por seus direitos e contra as violências que levaram vários<<strong>br</strong> />

povos ao extermínio evidencia que ela é tão dramática que<<strong>br</strong> />

se chegou ao ponto de prever que até o final do ano 2000<<strong>br</strong> />

os indígenas seriam exterminados do Brasil.<<strong>br</strong> />

Porém, a resistência dos povos originários, com<<strong>br</strong> />

suas amplas e frequentes mobilizações e o crescente<<strong>br</strong> />

apoio de entidades da sociedade nacional e internacional,<<strong>br</strong> />

possibilitou não apenas a so<strong>br</strong>evivência, mas o aumento<<strong>br</strong> />

substancial de sua população, passando de 100 mil, na<<strong>br</strong> />

década de 1960, para quase um milhão atualmente. Esse<<strong>br</strong> />

despertar da consciência étnica, se deu, em boa parte, pelo<<strong>br</strong> />

43<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Fórum Unitário<<strong>br</strong> />

surgimento de entidades de apoio à sua causa, dentre as<<strong>br</strong> />

quais se destaca o Conselho Indigenista Missionário. “O<<strong>br</strong> />

Cimi nasceu do conflito”, costumava dizer Dom Tomás<<strong>br</strong> />

Balduíno. Em mais de quatro décadas de existência, esta<<strong>br</strong> />

organização tem denunciado sistematicamente a violação<<strong>br</strong> />

dos direitos indígenas. Em função dessa atuação permanente<<strong>br</strong> />

e radical junto aos povos originários, na luta por<<strong>br</strong> />

seus direitos, vários de seus mem<strong>br</strong>os têm sido proibidos<<strong>br</strong> />

de entrar nas áreas indígenas e outros foram expulsos<<strong>br</strong> />

das áreas indígenas em que trabalhavam. Vários missionários<<strong>br</strong> />

do Cimi e indígenas foram assassinados nessas<<strong>br</strong> />

lutas, especialmente em torno do reconhecimento e da<<strong>br</strong> />

demarcação de seus territórios.<<strong>br</strong> />

Neste processo, é importante ressaltar a atuação<<strong>br</strong> />

de setores militares que através do programa de “desenvolvimento<<strong>br</strong> />

e defesa” denominado Projeto Calha Norte,<<strong>br</strong> />

cuja implantação teve início em 1986, tentaram impedir<<strong>br</strong> />

o reconhecimento das terras indígenas, especialmente na<<strong>br</strong> />

faixa de fronteira, e buscaram impor as demarcações de<<strong>br</strong> />

terras indígenas em “ilhas” ou em “colônias indígenas”,<<strong>br</strong> />

inviabilizando a demarcação contínua dos territórios<<strong>br</strong> />

indígenas. Este projeto também intercedia pela exploração<<strong>br</strong> />

mineral das terras indígenas.<<strong>br</strong> />

É importante ressaltar que, enquanto se desenrolava<<strong>br</strong> />

a campanha difamatória contra o Cimi, mineradoras como<<strong>br</strong> />

a Paranapanema, com apoio dos militares do Projeto Calha<<strong>br</strong> />

Norte, forçaram lideranças indígena a assinar contratos de<<strong>br</strong> />

exploração mineral na região do alto Rio Negro.<<strong>br</strong> />

O presidente da Funai neste período (1986 a 1988)<<strong>br</strong> />

era Romero Jucá que, inclusive, chegou a assinar uma<<strong>br</strong> />

portaria liberando a exploração mineral em terras indígenas.<<strong>br</strong> />

“<<strong>br</strong> />

Em mais de quatro décadas de<<strong>br</strong> />

existência, esta organização tem<<strong>br</strong> />

denunciado sistematicamente a violação<<strong>br</strong> />

dos direitos indígenas. Em função dessa<<strong>br</strong> />

atuação permanente e radical junto<<strong>br</strong> />

aos povos originários, na luta por seus<<strong>br</strong> />

direitos, vários de seus mem<strong>br</strong>os têm sido<<strong>br</strong> />

proibidos de entrar nas áreas indígenas<<strong>br</strong> />

e outros foram expulsos das áreas<<strong>br</strong> />

indígenas em que trabalhavam. Vários<<strong>br</strong> />

missionários do Cimi e indígenas foram<<strong>br</strong> />

assassinados nessas lutas, especialmente<<strong>br</strong> />

em torno do reconhecimento e da<<strong>br</strong> />

demarcação de seus territórios<<strong>br</strong> />

”<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 44


Outras CPIs<<strong>br</strong> />

Nas décadas de 1960 e 1970 constituíram-se CPIs<<strong>br</strong> />

para averiguar violências e atrocidades cometidas contra<<strong>br</strong> />

os povos indígenas pelo Serviço de Proteção aos Índios<<strong>br</strong> />

(SPI). Atualmente, no entanto, essas CPIs ressurgem com<<strong>br</strong> />

o propósito principal de impedirem a efetivação dos<<strong>br</strong> />

direitos dos povos indígenas e subtraírem esses direitos<<strong>br</strong> />

da Constituição.<<strong>br</strong> />

Este é o caso da CPI da Amazônia e da CPI das<<strong>br</strong> />

Organizações Não Governamentais (ONG), realizadas no<<strong>br</strong> />

início da década de 1990 e no ano 2000, respectivamente.<<strong>br</strong> />

Assim como a CPMI do Cimi, instalada no período da<<strong>br</strong> />

Constituinte, estas duas também foram instaladas para,<<strong>br</strong> />

dentre outros objetivos, tentar incriminar e neutralizar a<<strong>br</strong> />

ação solidária do Cimi junto aos povos indígenas.<<strong>br</strong> />

A CPI da Assembleia Legislativa<<strong>br</strong> />

do Mato Grosso do Sul<<strong>br</strong> />

As violências perpetradas contra os indígenas no<<strong>br</strong> />

Mato Grosso do Sul configuram um dos piores contextos<<strong>br</strong> />

contra povos indígenas no mundo, com inaceitáveis índices<<strong>br</strong> />

de diversos tipos de violações e assustadora miséria. O<<strong>br</strong> />

número de assassinatos de suas populações indígenas nas<<strong>br</strong> />

últimas décadas corresponde a mais da metade do que<<strong>br</strong> />

ocorre em todo o país.<<strong>br</strong> />

É nesse quadro atemorizador que o Cimi tem atuado<<strong>br</strong> />

solidariamente junto a esses povos. Atuação essa em franco<<strong>br</strong> />

desacordo e conflito com a atroz expansão do agronegócio<<strong>br</strong> />

e da agroindústria.<<strong>br</strong> />

Depois de várias iniciativas por parte de latifundiários<<strong>br</strong> />

e políticos ligados a eles para impedir que as terras<<strong>br</strong> />

indígenas fossem demarcadas, os deputados estaduais do<<strong>br</strong> />

Mato Grosso do Sul criaram mais um palanque anti-indígena:<<strong>br</strong> />

a CPI do Cimi.<<strong>br</strong> />

Articulando interesses políticos e econômicos, os<<strong>br</strong> />

ruralistas tem agido de modo descomedido para impedir<<strong>br</strong> />

a demarcação das terras indígenas, defendendo que essas<<strong>br</strong> />

terras devem ser disponibilizadas para o agronegócio. Reveladora<<strong>br</strong> />

deste pensamento foi a afirmação do ex-governador<<strong>br</strong> />

André Puccinelli (2007 – 2014) de que “é um crime dar<<strong>br</strong> />

um palmo de terra produtiva aos índios”. Outro episódio<<strong>br</strong> />

que revela a visceral sintonia entre o agronegócio e os<<strong>br</strong> />

representantes do Estado ocorreu durante a abertura da<<strong>br</strong> />

Expoagro, na noite de 15 de maio de 2010, em Dourados.<<strong>br</strong> />

Sem qualquer pudor, Puccinelli conclama todos os setores<<strong>br</strong> />

ricos do estado que governa a serem “mais nacionalistas” e<<strong>br</strong> />

unirem-se na luta contra os trabalhadores rurais sem terra<<strong>br</strong> />

e os povos originais e defendeu a tese de que a demarcação<<strong>br</strong> />

das terras dos povos indígenas faria com que todas as<<strong>br</strong> />

pessoas do Mato Grosso do Sul tivessem que viver de caça.<<strong>br</strong> />

Apesar desse agressivo cenário, os povos indígenas<<strong>br</strong> />

do estado, especialmente os Guarani e Kaiowá e os Terena,<<strong>br</strong> />

continuam lutando <strong>br</strong>avamente pelo reconhecimento<<strong>br</strong> />

de seus territórios tradicionais. Mesmo constantemente<<strong>br</strong> />

ameaçados e atacados, eles continuam a co<strong>br</strong>ar e denunciar<<strong>br</strong> />

publicamente a situação em que vivem. Para isso, organizam<<strong>br</strong> />

delegações para dialogarem com os Três Poderes, em<<strong>br</strong> />

Brasília; expõem as violações a organismos internacionais de<<strong>br</strong> />

direitos humanos em distintos países do mundo; e fazem as<<strong>br</strong> />

retomadas de seus ancestrais tekoha, dentre outras ações,<<strong>br</strong> />

enfrentando o colossal poder articulado do agronegócio,<<strong>br</strong> />

com seus pistoleiros e milícias armadas.<<strong>br</strong> />

A mentalidade colonialista e preconceituosa, que<<strong>br</strong> />

desconsidera a inteligência e sabedoria indígena na luta<<strong>br</strong> />

pelos seus direitos, assegura que as ações dos índios são<<strong>br</strong> />

realizadas com o incitamento e apoio de entidades indigenistas,<<strong>br</strong> />

dentre as quais destacam o Cimi. Nesse sentido,<<strong>br</strong> />

criminalizam o movimento indígena, suas lideranças e seus<<strong>br</strong> />

apoiadores, procurando desqualificar e macular a imagem<<strong>br</strong> />

dos que lutam pelos direitos desses povos. Mem<strong>br</strong>os da<<strong>br</strong> />

CPI do Cimi na Assembleia Legislativa do Mato Grosso do<<strong>br</strong> />

Sul atuaram descaradamente com essa intenção.<<strong>br</strong> />

Inócua e violenta, esta CPI se constituiu mais em<<strong>br</strong> />

um palanque eleitoral e um espaço condenatório do Cimi.<<strong>br</strong> />

Diante do que presenciou nos meses que participou ativamente<<strong>br</strong> />

das sessões desta CPI, o deputado Pedro Kemp,<<strong>br</strong> />

um de seus integrantes, declarou que: “O relatório final<<strong>br</strong> />

apresentado pelo senhor relator é um verdadeiro absurdo,<<strong>br</strong> />

para não dizer uma peça de ficção. Não é amparado em<<strong>br</strong> />

provas ou elementos consistentes. Utiliza-se de depoimentos<<strong>br</strong> />

de autores de livros pseudocientíficos so<strong>br</strong>e o<<strong>br</strong> />

Cimi, construindo uma tese do caráter conspiratório da<<strong>br</strong> />

entidade, que, com apenas cinco mem<strong>br</strong>os atuando no<<strong>br</strong> />

estado, estaria atentando contra a soberania nacional e<<strong>br</strong> />

propondo a constituição de uma “Nação Guarani” independente”.<<strong>br</strong> />

Esta fala sintetiza o que está por trás da cortina<<strong>br</strong> />

de fumaça que é a instalação de CPIs contra organizações<<strong>br</strong> />

como o Cimi. u<<strong>br</strong> />

“<<strong>br</strong> />

Articulando interesses políticos e econômicos, os ruralistas tem<<strong>br</strong> />

agido de modo descomedido para impedir a demarcação das terras<<strong>br</strong> />

indígenas, defendendo que essas terras devem ser disponibilizadas para<<strong>br</strong> />

o agronegócio. Nesse sentido, criminalizam o movimento indígena, suas<<strong>br</strong> />

lideranças e seus apoiadores, procurando desqualificar e macular a<<strong>br</strong> />

imagem dos que lutam pelos direitos dos povos indígenas<<strong>br</strong> />

”<<strong>br</strong> />

45<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo I<<strong>br</strong> />

Violência Contra o Patrimônio<<strong>br</strong> />

49 Omissão e morosidade na<<strong>br</strong> />

regularização de terras<<strong>br</strong> />

65 Conflitos relativos a<<strong>br</strong> />

direitos territoriais<<strong>br</strong> />

69 Invasões possessórias,<<strong>br</strong> />

exploração ilegal de recursos<<strong>br</strong> />

naturais e danos diversos<<strong>br</strong> />

ao patrimônio


Capítulo I<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA O PATRIMÔNIO<<strong>br</strong> />

Violência contra o patrimônio<<strong>br</strong> />

patrimônio indígena é composto pela terra em sua<<strong>br</strong> />

O dimensão territorial e em seus usos de acordo com<<strong>br</strong> />

as normas e os costumes das sociedades indígenas. Os<<strong>br</strong> />

acidentes geográficos, os recursos naturais, os marcos<<strong>br</strong> />

míticos, os cemitérios, os sítios arqueológicos, além dos<<strong>br</strong> />

bens produzidos e dos manejos ambientais; as roças, as<<strong>br</strong> />

sementes, as técnicas de caça, coleta, pesca e de agricultura;<<strong>br</strong> />

as edificações tradicionais, assim como as atuais escolas,<<strong>br</strong> />

os postos de saúde, a radiofonia; as artes, os artesanatos<<strong>br</strong> />

e outras manufaturas, todos estes itens compõem o patrimônio<<strong>br</strong> />

indígena. Além destes, os bens materiais, tais como<<strong>br</strong> />

os saberes tradicionais, as línguas narrativas, os rituais,<<strong>br</strong> />

as expressões religiosas e os conhecimentos específicos,<<strong>br</strong> />

somam-se aos direitos autorais, ao direito de imagem e ao<<strong>br</strong> />

direito intelectual. As terras indígenas e todo esse conjunto<<strong>br</strong> />

de elementos elencados são de usufruto exclusivo dos<<strong>br</strong> />

povos que as habitam, conforme determina a Constituição<<strong>br</strong> />

Federal, constituindo crime a sua violação.<<strong>br</strong> />

José Mendes de Andrade<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 48


Capítulo I<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA O PATRIMÔNIO<<strong>br</strong> />

Omissão e morosidade<<strong>br</strong> />

na regularização de terras<<strong>br</strong> />

Como em anos anteriores, em <strong>2015</strong> pouco se avançou<<strong>br</strong> />

nos processos de regularização das terras indígenas.<<strong>br</strong> />

Sete homologações foram assinadas pela presidenta Dilma<<strong>br</strong> />

Rousseff, enquanto o Ministério da Justiça publicou apenas<<strong>br</strong> />

três Portarias Declaratórias e a Presidência da Fundação<<strong>br</strong> />

Nacional do Índio (Funai) identificou somente quatro<<strong>br</strong> />

terras indígenas, além de ter publicado duas Portarias de<<strong>br</strong> />

Restrição. As terras indígenas que tiveram algum procedimento<<strong>br</strong> />

demarcatório realizado em <strong>2015</strong> podem ser vistas<<strong>br</strong> />

na Tabela 1 (página 50).<<strong>br</strong> />

Desse modo, Dilma Rousseff continuou, em <strong>2015</strong>,<<strong>br</strong> />

apresentando a menor média de homologações de terras<<strong>br</strong> />

indígenas realizadas pelos presidentes da República desde<<strong>br</strong> />

o fim da ditadura militar. O total e a média anual de homologações<<strong>br</strong> />

decretadas neste período podem ser verificados<<strong>br</strong> />

no Quadro 1, abaixo.<<strong>br</strong> />

Das 1.113 terras indígenas reconhecidas, em processo<<strong>br</strong> />

de reconhecimento pelo Estado <strong>br</strong>asileiro ou reivindicadas<<strong>br</strong> />

pelas comunidades, até agosto de 2016, apenas 398, ou<<strong>br</strong> />

35,7%, tinham seus processos administrativos finalizados, ou<<strong>br</strong> />

seja, foram registradas pela União. Um resumo da situação<<strong>br</strong> />

das terras indígenas no Brasil, segundo o levantamento do<<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário (Cimi), pode ser verificado<<strong>br</strong> />

no Quadro 2.<<strong>br</strong> />

Dados atualizados em 31 de agosto de 2016 apontam a<<strong>br</strong> />

existência de 654 terras indígenas com alguma providência<<strong>br</strong> />

a ser tomada pelo Estado <strong>br</strong>asileiro. Ou seja, com exceção<<strong>br</strong> />

das terras registradas e das reservadas ou dominiais, todas<<strong>br</strong> />

as outras terras indígenas apresentam pendências administrativas<<strong>br</strong> />

para terem seus procedimentos demarcatórios<<strong>br</strong> />

finalizados. Esse número corresponde a 58,7% do total das<<strong>br</strong> />

1.113 terras indígenas. Em relação a estas terras, verificar a<<strong>br</strong> />

situação de cada estado na Tabela 2 (página 51).<<strong>br</strong> />

Observa-se que, do total das 654 terras indígenas com<<strong>br</strong> />

pendências administrativas para terem finalizados os seus<<strong>br</strong> />

procedimentos demarcatórios, 348 terras - ou seja, pouco<<strong>br</strong> />

mais da metade (53%) - não tiveram quaisquer providências<<strong>br</strong> />

administrativas tomadas pelos órgãos do Estado até<<strong>br</strong> />

hoje. O maior número de terras na etapa Sem Providências<<strong>br</strong> />

concentra-se no Amazonas (130), seguido pelo Mato<<strong>br</strong> />

Grosso do Sul (68) e pelos estados de Rio Grande do Sul<<strong>br</strong> />

(24) e Rondônia (22).<<strong>br</strong> />

Outras 175 terras, ou 26%, encontravam-se na fase A<<strong>br</strong> />

Identificar. Nesta etapa, a Fundação Nacional do Índio<<strong>br</strong> />

(Funai) determina a criação de Grupo Técnico (GT) para<<strong>br</strong> />

verificar se a área reivindicada pela comunidade indígena<<strong>br</strong> />

é, de fato, uma terra tradicional indígena. Em muitos<<strong>br</strong> />

Quadro 2 – Situação Geral das Terras Indígenas no Brasil<<strong>br</strong> />

Situação Quant. %<<strong>br</strong> />

Registradas (demarcação concluída e<<strong>br</strong> />

registrada no Cartório de Registro de Imóveis<<strong>br</strong> />

da Comarca e/ou no Serviço do Patrimônio da<<strong>br</strong> />

União)<<strong>br</strong> />

Homologadas (com Decreto da Presidência da<<strong>br</strong> />

República, e aguardando registro)<<strong>br</strong> />

Declaradas (com Portaria Declaratória<<strong>br</strong> />

do Ministério da Justiça, e aguardando a<<strong>br</strong> />

homologação)<<strong>br</strong> />

Identificadas (reconhecidas como território<<strong>br</strong> />

tradicional por Grupo Técnico da Funai,<<strong>br</strong> />

e aguardando Portaria Declaratória do<<strong>br</strong> />

Ministério da Justiça)<<strong>br</strong> />

A identificar (incluídas na programação da<<strong>br</strong> />

Funai para futura identificação, com Grupos<<strong>br</strong> />

Técnicos já constituídos)<<strong>br</strong> />

Sem providências (terras reivindicadas pela<<strong>br</strong> />

comunidade que ainda não constam na<<strong>br</strong> />

listagem da Funai para a realização de estudo)<<strong>br</strong> />

Com Restrição (terras que receberam<<strong>br</strong> />

Portaria da Presidência da Funai restringindo o<<strong>br</strong> />

uso da área ao direito de ingresso, locomoção<<strong>br</strong> />

ou permanência de pessoas estranhas aos<<strong>br</strong> />

quadros da Funai)<<strong>br</strong> />

Reservadas (demarcadas como “reservas<<strong>br</strong> />

indígenas” à época do SPI) ou Dominiais (de<<strong>br</strong> />

propriedade de comunidades indígenas)<<strong>br</strong> />

398 35,75<<strong>br</strong> />

15 1,34<<strong>br</strong> />

63 5,66<<strong>br</strong> />

47 4,13<<strong>br</strong> />

175 15,72<<strong>br</strong> />

348 31,35<<strong>br</strong> />

6 0,53<<strong>br</strong> />

61 5,48<<strong>br</strong> />

Total 1.113 100<<strong>br</strong> />

Fonte: Cimi, agosto de 2016<<strong>br</strong> />

Quadro 1 – Homologação de Terras Indígenas por gestão presidencial<<strong>br</strong> />

Governo Período Nº de homologações Média anual<<strong>br</strong> />

José Sarney 1985 – 1990 67 13<<strong>br</strong> />

Fernando Collor de Melo Jan. 1991 – set. 1992 112 56<<strong>br</strong> />

Itamar Franco Out. 1992 – dez. 1994 18 9<<strong>br</strong> />

Fernando Henrique Cardoso 1995 – 2002 145 18<<strong>br</strong> />

Luiz Inácio Lula da Silva 2003 – 2010 79 10<<strong>br</strong> />

Dilma Rousseff 2011 – <strong>2015</strong> 18 3,6<<strong>br</strong> />

49<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo I<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA O PATRIMÔNIO<<strong>br</strong> />

casos, verifica-se intensa morosidade nos trabalhos desses<<strong>br</strong> />

GT. Podemos citar o caso da Terra Indígena São Ga<strong>br</strong>iel/<<strong>br</strong> />

São Salvador, do povo Kokama, localizada no município<<strong>br</strong> />

de Santo Antônio do Içá, no Amazonas, que teve seu GT<<strong>br</strong> />

criado em 25 de a<strong>br</strong>il de 2003 mas, doze anos depois, seus<<strong>br</strong> />

trabalhos ainda não foram concluídos.<<strong>br</strong> />

Em Mato Grosso do Sul, estado com o maior número de<<strong>br</strong> />

casos de violências contra indígenas no país, o reconhecimento<<strong>br</strong> />

de diversas terras indígenas estava previsto em um<<strong>br</strong> />

Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), firmado em 2007<<strong>br</strong> />

entre o Ministério Público Federal (MPF) e a Funai. Os seis<<strong>br</strong> />

Grupos Técnicos (GT) criados deveriam ter apresentado os<<strong>br</strong> />

resultados de suas pesquisas em junho de 2009. Dois deles -<<strong>br</strong> />

Dourados Amambaipeguá I e Iguatemipeguá I - finalizaram<<strong>br</strong> />

os relatórios de identificação e delimitação destas terras,<<strong>br</strong> />

que foram publicados pela Presidência da Funai. Atualmente,<<strong>br</strong> />

as publicações das Portarias Declaratórias destas<<strong>br</strong> />

duas terras pelo Ministério da Justiça são muito aguardadas<<strong>br</strong> />

pelos povos Guarani e Kaiowá. Os outros quatro GT ainda<<strong>br</strong> />

não avançaram em relação ao procedimento demarcatório<<strong>br</strong> />

dos territórios tradicionais reivindicados pelos indígenas.<<strong>br</strong> />

Se o acordo e o prazo tivessem sido cumpridos, há mais<<strong>br</strong> />

de seis anos, certamente muitas violações e até mesmo<<strong>br</strong> />

mortes poderiam ter sido evitadas.<<strong>br</strong> />

A Tabela 3 (na página 52) apresenta as 654 terras<<strong>br</strong> />

indígenas com pendências administrativas, divididas por<<strong>br</strong> />

estado e de acordo com a etapa de cada uma delas no<<strong>br</strong> />

procedimento demarcatório.<<strong>br</strong> />

Tabela 1 – Procedimentos Demarcatórios Realizados em <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Decretos de Homologação<<strong>br</strong> />

Terra Indígena Povo UF<<strong>br</strong> />

Área<<strong>br</strong> />

(hectare)<<strong>br</strong> />

Decreto<<strong>br</strong> />

Arara Volta Grande do Xingu Arara PA 25.500 Decreto s/n de 17/4/<strong>2015</strong> (DOU 20/4/<strong>2015</strong>)<<strong>br</strong> />

Mapari Kaixana AM 157.416 Decreto s/n de 17/4/<strong>2015</strong> (DOU 20/4/<strong>2015</strong>)<<strong>br</strong> />

Setemã Mura AM 49.340 Decreto s/n de 17/4/<strong>2015</strong> (DOU 20/4/<strong>2015</strong>)<<strong>br</strong> />

Arary Mura AM 40.548 Decreto s/n de 17/12/<strong>2015</strong> (DOU 18/12/<strong>2015</strong>)<<strong>br</strong> />

Banawá Banawá AM 192.659 Decreto s/n de 17/12/<strong>2015</strong> (DOU 18/12/<strong>2015</strong>)<<strong>br</strong> />

Cajuhri-Atravessado<<strong>br</strong> />

Miranha, Cambeba e<<strong>br</strong> />

Tikuna<<strong>br</strong> />

AM 12.455 Decreto s/n de 17/12/<strong>2015</strong> (DOU 18/12/<strong>2015</strong>)<<strong>br</strong> />

Tabocal Mura AM 906 Decreto s/n de 17/12/<strong>2015</strong> (DOU 18/12/<strong>2015</strong>)<<strong>br</strong> />

Portarias Declaratórias<<strong>br</strong> />

Terra Indígena Povo UF<<strong>br</strong> />

Área<<strong>br</strong> />

(hectare)<<strong>br</strong> />

Ato<<strong>br</strong> />

Jaraguá Guarani SP 532 Portaria, MJ nº 581 de 29.5.<strong>2015</strong> (DOU 01/6/<strong>2015</strong>)<<strong>br</strong> />

Tremembé da Barra de<<strong>br</strong> />

Mundau<<strong>br</strong> />

Tremembé CE 3.580 Portaria nº 1.318, de 7/8/<strong>2015</strong> (DOU 11/8/<strong>2015</strong>)<<strong>br</strong> />

Ponciano Mura AM 4.329 Portaria, MJ nº 2.084, de 11/12/<strong>2015</strong> (DOU 14/12/<strong>2015</strong>)<<strong>br</strong> />

Relatórios Circunstanciados de Identificação e Delimitação<<strong>br</strong> />

Área<<strong>br</strong> />

Terra Indígena Povo UF<<strong>br</strong> />

(hectare)<<strong>br</strong> />

Riozinho Kokama e Tikuna AM 362.495<<strong>br</strong> />

Comexatibá - (Cahy Pequi) Pataxó BA 28.077<<strong>br</strong> />

Co<strong>br</strong>a Grande<<strong>br</strong> />

Kaxuyana/Tunayana<<strong>br</strong> />

Arapium, Jaraquí,<<strong>br</strong> />

Tapajó<<strong>br</strong> />

(Kaxuyana, Tunayana,<<strong>br</strong> />

Kahyana, Katuena,<<strong>br</strong> />

Mawayana, Tikiyana,<<strong>br</strong> />

Xereu-Hixkaryana,<<strong>br</strong> />

Xereu-Katuena e<<strong>br</strong> />

Isolados)<<strong>br</strong> />

Ato<<strong>br</strong> />

Identificada, Despacho nº 10 de 23/1/<strong>2015</strong> (DOU<<strong>br</strong> />

26/1/<strong>2015</strong>)<<strong>br</strong> />

Identificada, Despacho nº 42 de 22/7/<strong>2015</strong> (DOU<<strong>br</strong> />

27/7/<strong>2015</strong>)<<strong>br</strong> />

PA 8.906 Identificada, Despacho nº 55 de 25/9/<strong>2015</strong> (29/9/<strong>2015</strong>)<<strong>br</strong> />

PA 2.184.120<<strong>br</strong> />

Identificada, Despacho nº 72 de 16/10/<strong>2015</strong> (DOU<<strong>br</strong> />

20/10/<strong>2015</strong>)<<strong>br</strong> />

Portarias de Restrição<<strong>br</strong> />

Terra Indígena Povo UF<<strong>br</strong> />

Área<<strong>br</strong> />

(hectare)<<strong>br</strong> />

Portaria<<strong>br</strong> />

Tanaru Isolados RO 8.070 Portaria nº 1.040 de 26/10/<strong>2015</strong> (DOU 27/10/<strong>2015</strong>)<<strong>br</strong> />

Pirititi Isolados RR 43.404<<strong>br</strong> />

Portaria nº 1.271 de Restrição de Uso de 22/12/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

(DOU 23/12/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 50


Capítulo I<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA O PATRIMÔNIO<<strong>br</strong> />

Tiago Miotto<<strong>br</strong> />

Tabela 2 – Situação Administrativa das Terras Indígenas - por estado<<strong>br</strong> />

UF Homologadas Declaradas Identificadas A Identificar<<strong>br</strong> />

Sem<<strong>br</strong> />

Providências<<strong>br</strong> />

Restrição<<strong>br</strong> />

AC 1 2 9 4 1 17<<strong>br</strong> />

AL 2 1 2 3 8<<strong>br</strong> />

AM 6 11 2 30 130 1 180<<strong>br</strong> />

BA 2 5 1 7 15<<strong>br</strong> />

CE 4 2 3 12 21<<strong>br</strong> />

DF 1 1<<strong>br</strong> />

ES 1 1<<strong>br</strong> />

GO 1 1<<strong>br</strong> />

MA 1 2 3 3 9<<strong>br</strong> />

MG 2 5 4 11<<strong>br</strong> />

MS 4 8 6 10 68 96<<strong>br</strong> />

MT 1 6 7 14 13 1 42<<strong>br</strong> />

PA 2 4 5 25 20 1 57<<strong>br</strong> />

PB 1 1 2<<strong>br</strong> />

PE 1 7 4 12<<strong>br</strong> />

PI 1 1<<strong>br</strong> />

PR 2 3 14 10 29<<strong>br</strong> />

RJ 5 2 7<<strong>br</strong> />

RN 1 1<<strong>br</strong> />

RO 1 3 22 1 27<<strong>br</strong> />

RR 2 1 3<<strong>br</strong> />

RS 5 2 23 24 54<<strong>br</strong> />

SC 6 4 4 4 18<<strong>br</strong> />

SP 1 4 6 12 11 34<<strong>br</strong> />

TO 2 3 2 7<<strong>br</strong> />

TOTAL 15 63 47 175 348 6 654<<strong>br</strong> />

Fonte: Cimi, agosto 2016<<strong>br</strong> />

Total<<strong>br</strong> />

51<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo I<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA O PATRIMÔNIO<<strong>br</strong> />

Tabela 3 – Terras Indígenas com Pendências para Finalização do Processo Demarcatório<<strong>br</strong> />

ACRE<<strong>br</strong> />

Situação Terra Indígena Povo Município<<strong>br</strong> />

Igarapé Tapada Não contatados Mâncio Lima<<strong>br</strong> />

Sem Providências Jaminawa do Seringal São Francisco Jaminawa Sena Madureira<<strong>br</strong> />

(4)<<strong>br</strong> />

Monte Apurinã Boca do Acre<<strong>br</strong> />

Parque Estadual do Chandles Não contatados Santa Rosa do Purus; Manoel Urbano<<strong>br</strong> />

A identificar<<strong>br</strong> />

(9)<<strong>br</strong> />

Declarada<<strong>br</strong> />

(2)<<strong>br</strong> />

Cabeceira dos rios Muru e Iboaçu Isolados Tarauacá<<strong>br</strong> />

Ikirema Jamamadi Boca do Acre<<strong>br</strong> />

Isolados do Rio Muru Isolados Tarauacá<<strong>br</strong> />

Jaminawá da Colocação São Paulino Jaminawá Boca do Acre; Sena Madureira<<strong>br</strong> />

Jaminawa do Guajará Jaminawá Sena Madureira<<strong>br</strong> />

Jaminawa do Rio Caeté Jaminawá Sena Madureira<<strong>br</strong> />

Kaxinawá do Curralinho Kaxinawa Feijó<<strong>br</strong> />

Manchineri Seringal Guanabara Manchineri Assis Brasil; Sena Madureira<<strong>br</strong> />

Nawa Naua Mâncio Lima<<strong>br</strong> />

Arara do Rio Amônia Apolima Arara Marechal Thaumaturgo<<strong>br</strong> />

Rio Gregório Katukina; Yawanawá Tarauacá<<strong>br</strong> />

Homologada<<strong>br</strong> />

(1)<<strong>br</strong> />

Riozinho do Alto Envira Ashaninka e Isolados Feijó e Santa Rosa do Purus<<strong>br</strong> />

Restrição<<strong>br</strong> />

(1)<<strong>br</strong> />

Igarapé Taboca do Alto Tarauacá Não contatados Jordão<<strong>br</strong> />

ALAGOAS<<strong>br</strong> />

Situação Terra Indígena Povo Município<<strong>br</strong> />

Karuazu Karuazu Pariconha<<strong>br</strong> />

Sem Providências<<strong>br</strong> />

(3)<<strong>br</strong> />

Katokim Catokim Pariconha<<strong>br</strong> />

Koiupanká Pankararu-Koiupanká Inhapi<<strong>br</strong> />

A identificar<<strong>br</strong> />

(2)<<strong>br</strong> />

Identificada<<strong>br</strong> />

(1)<<strong>br</strong> />

Declarada<<strong>br</strong> />

(2)<<strong>br</strong> />

Jeripancó Jeripancó Pariconha; Água Branca<<strong>br</strong> />

Kalancó Kalankó Água Branca<<strong>br</strong> />

Wassu Cocal Wassu Joaquim Gomes<<strong>br</strong> />

Kariri-Xocó Kariri-Xocó Porto Real do Colégio; São Braz<<strong>br</strong> />

Xukuru Kariri Xukuru Kariri Palmeira dos Índios<<strong>br</strong> />

“<<strong>br</strong> />

Do total das 654 terras indígenas com pendências<<strong>br</strong> />

administrativas para terem finalizados os seus<<strong>br</strong> />

procedimentos demarcatórios, 348 terras – ou seja,<<strong>br</strong> />

pouco mais da metade (53%) – não tiveram quaisquer<<strong>br</strong> />

providências administrativas tomadas pelos órgãos do<<strong>br</strong> />

Estado até hoje<<strong>br</strong> />

”<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 52


Capítulo I<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA O PATRIMÔNIO<<strong>br</strong> />

AMAZONAS<<strong>br</strong> />

Situação Terra Indígena Povo Município<<strong>br</strong> />

Auati-Paraná (Santa União) Kokama Fonte Boa<<strong>br</strong> />

Baixo Grande Tora Humaitá<<strong>br</strong> />

Baixo Seruini/Baixo Tumião Apurinã Pauini<<strong>br</strong> />

Baixo Rio Negro Baré, Tukano e outros Barcelos; Santa Isabel<<strong>br</strong> />

Caiapucá Jaminawá Boca do Acre<<strong>br</strong> />

Capivara Mura Autazes<<strong>br</strong> />

Garaperi/Lago da Vitória Apurinã Pauini<<strong>br</strong> />

Guapenu/Poronga Mura Autazes<<strong>br</strong> />

Igarapé Açu/Aldeia Nova Jerusalém Kokama; Tikuna e Kambeba Tefé<<strong>br</strong> />

Igarapé Paiol Apurinã Manaquiri<<strong>br</strong> />

Igarapé Preto/Pauana Kanamari Carauari<<strong>br</strong> />

Iquirema Jamamadi Boca do Acre<<strong>br</strong> />

Jamamadi do Lourdes Apurinã; Jamamadi Boca do Acre<<strong>br</strong> />

Jauary Mura Autazes<<strong>br</strong> />

A identificar Kulina do Rio Uêre Matatibem Kulina Carauari<<strong>br</strong> />

(30)<<strong>br</strong> />

Lago do Barrigudo Apurinã Beruri<<strong>br</strong> />

Lameirão Mayoruna Atalaia do Norte<<strong>br</strong> />

Mamoriá Apurinã Pauini<<strong>br</strong> />

Monte/Primavera/Goiaba Apurinã/Jamamadi Boca do Acre<<strong>br</strong> />

Muratuba Mura Autazes<<strong>br</strong> />

Nossa Senhora de Fátima do Catuá/Potiri Kokama Coari<<strong>br</strong> />

Pacovão Mura Borba<<strong>br</strong> />

Pantaleão Mura Autazes<<strong>br</strong> />

Porto Novo Kokama São Paulo de Olivença<<strong>br</strong> />

Porto Redenção Tikuna São Paulo de Olivença<<strong>br</strong> />

Rio Cuieras Baré; Tukano; Kambeba Manaus e Nova Airão<<strong>br</strong> />

Sãkoa/Santa Vitória Apurinã Pauini<<strong>br</strong> />

São Francisco Apurinã Manacapuru<<strong>br</strong> />

São Ga<strong>br</strong>iel/São Salvador Kokama Santo Antonio do Iça<<strong>br</strong> />

Valparaiso-Retiro Apurinã Boca do Acre<<strong>br</strong> />

Identificada<<strong>br</strong> />

(2)<<strong>br</strong> />

Declarada<<strong>br</strong> />

(11)<<strong>br</strong> />

Jurubaxi-Tea/Baixo Rio Negro II<<strong>br</strong> />

Maku e Tucano; Baniwa;<<strong>br</strong> />

Nadob; Pira-Tapuya;<<strong>br</strong> />

Arapaso; Tariana; Tikuna;<<strong>br</strong> />

Santa Isabel do Rio Negro<<strong>br</strong> />

Kuripaco; Desana<<strong>br</strong> />

Vista Alegre Mura Careiro e Manaqui<<strong>br</strong> />

Acapori de Cima Kokama Fonte Boa<<strong>br</strong> />

Murutinga/Tracajá (Tauarí) Mura Autazes<<strong>br</strong> />

Juruá Kulina Juruá<<strong>br</strong> />

Ponciano Mura Careiro da Várzea; Autazes<<strong>br</strong> />

Lago do Limão Mura Autazes<<strong>br</strong> />

Sissaima Mura Careiro da Várzea<<strong>br</strong> />

Riozinho Tikuna e Kokama Jutaí/Juruá<<strong>br</strong> />

Cué Cué Marabitanas<<strong>br</strong> />

Baré; Baniwa; Warekena;<<strong>br</strong> />

Desano; Tukano; Kuripako;<<strong>br</strong> />

Tariana; Pira-Tapuya e<<strong>br</strong> />

São Ga<strong>br</strong>iel da Cachoeira<<strong>br</strong> />

Tuyuka<<strong>br</strong> />

Guanabara Kokama Benjamin Constant<<strong>br</strong> />

Uneiuxi Maku e Tukano Santa Izabel do Rio Negro<<strong>br</strong> />

Sururuá (Nova Aliança)<<strong>br</strong> />

Kokama<<strong>br</strong> />

Benjamim Constant; São Paulo de<<strong>br</strong> />

Olivença<<strong>br</strong> />

53<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo I<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA O PATRIMÔNIO<<strong>br</strong> />

AMAZONAS - continuação<<strong>br</strong> />

Situação Terra Indígena Povo Município<<strong>br</strong> />

Arary Mura Borba<<strong>br</strong> />

Banawá (Yafi do Rio Piranhas) Banawa Tapua; Canutama; Lá<strong>br</strong>ea<<strong>br</strong> />

Homologada Cajuhiri Atravessado Miranha; Cambeba e Tikuna Coari<<strong>br</strong> />

(6)<<strong>br</strong> />

Mapari Cayxana Jutaí<<strong>br</strong> />

Setemã Mura Novo Aripuanã; Borba<<strong>br</strong> />

Tabocal Mura Careiro da Várzea<<strong>br</strong> />

Portaria de<<strong>br</strong> />

Restrição<<strong>br</strong> />

(1)<<strong>br</strong> />

Jacareuba/Katawixi Katawixi/não contactados Canutama; Lá<strong>br</strong>ea<<strong>br</strong> />

BAHIA<<strong>br</strong> />

Situação Terra Indígena Povo Município<<strong>br</strong> />

Coroa Vermelha Gleba C Pataxó Santa Cruz de Ca<strong>br</strong>ália<<strong>br</strong> />

Corumbauzinho Pataxó Prado<<strong>br</strong> />

Gerú Tucuma Pataxó Açucena<<strong>br</strong> />

Sem Providências<<strong>br</strong> />

(7)<<strong>br</strong> />

Payayá Payaya Utinga; Morro do Chapéu<<strong>br</strong> />

Pataxó<<strong>br</strong> />

Pataxó<<strong>br</strong> />

Tupinambá de Itapebi Tupinambá Itapebi<<strong>br</strong> />

Xakriabá de Cocos Xakriabá Cocos<<strong>br</strong> />

A identificar<<strong>br</strong> />

(1)<<strong>br</strong> />

Identificada<<strong>br</strong> />

(5)<<strong>br</strong> />

Declarada<<strong>br</strong> />

(2)<<strong>br</strong> />

Tuxá Tuxá Nova Rodelas<<strong>br</strong> />

Comexatibá (Cahy Pequi) Pataxó Prado<<strong>br</strong> />

Tupinambá de Olivença<<strong>br</strong> />

Tupinambá (Serra do<<strong>br</strong> />

Padeiro)<<strong>br</strong> />

Ilhéus; Buerarema; Una<<strong>br</strong> />

Tumbalalá Tumbalalá Abaré e Curaçá<<strong>br</strong> />

Tupinambá de Belmonte Tupinambá Itapebi; Belmonte<<strong>br</strong> />

Barra Velha (Monte Pascoal) Pataxó Porto Seguro<<strong>br</strong> />

Aldeia Velha Pataxó Porto Seguro<<strong>br</strong> />

Caramuru-Catarina Paraguaçu Pataxó Hã-Hã-Hãe Camacã; Itaju do Colônia; Pau Brasil<<strong>br</strong> />

CEARÁ<<strong>br</strong> />

Situação Terra Indígena Povo Município<<strong>br</strong> />

Cajueiro Tabajara Poranga<<strong>br</strong> />

Fidélis Tabajara Quiterianópolis<<strong>br</strong> />

Gameleira/Sítio Fernandes Kanindé Aratuba; Canindé<<strong>br</strong> />

Gavião Gavião Monsenhor Tabosa<<strong>br</strong> />

Imburama Tabajara Poranga<<strong>br</strong> />

Sem Providências Kalabaça Kalabaça Poranga<<strong>br</strong> />

(12)<<strong>br</strong> />

Kanindé Kanindé Aratuba; Canindé<<strong>br</strong> />

Lagoa dos Neris<<strong>br</strong> />

Lagoinha<<strong>br</strong> />

Potiguara<<strong>br</strong> />

Novo Oriente<<strong>br</strong> />

Monte Nebo<<strong>br</strong> />

Crateús; Monsenhor Tabosa<<strong>br</strong> />

Nazário<<strong>br</strong> />

Crateús<<strong>br</strong> />

Tabajara Tabajara Viçosa, Crateús, Monsenhor<<strong>br</strong> />

A identificar<<strong>br</strong> />

(3)<<strong>br</strong> />

Anacé Anacé São Gonçalo do Amarante e Caucaia<<strong>br</strong> />

Mundo Novo/Viração<<strong>br</strong> />

Potiguara; Tabajara; Gavião<<strong>br</strong> />

e Tapuia<<strong>br</strong> />

Monsenhor Tabosa; Tamboril<<strong>br</strong> />

Tremembé de Itapipoca Tremembé Itapipoca<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 54


Capítulo I<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA O PATRIMÔNIO<<strong>br</strong> />

CEARÁ - continuação<<strong>br</strong> />

Identificada<<strong>br</strong> />

(2)<<strong>br</strong> />

Declarada<<strong>br</strong> />

(4)<<strong>br</strong> />

Tapeba Tapeba Caucaia<<strong>br</strong> />

Tremembé de Almofala Tremembé Itarema<<strong>br</strong> />

Lagoa da Encantada Genipapo-Kanindé Aquiraz<<strong>br</strong> />

Pitaguary Pitaguary Maracanaú; Pacatuba<<strong>br</strong> />

Tremembé da Barra do Mundaú Tremembé Itapipoca<<strong>br</strong> />

Tremembé de Queimadas Tremembé Acaraú<<strong>br</strong> />

DISTRITO FEDERAL<<strong>br</strong> />

Situação Terra Indígena Povo Município<<strong>br</strong> />

Sem Providências<<strong>br</strong> />

(1)<<strong>br</strong> />

Fazenda Bananal/Santuário dos Pajés Vários Brasília<<strong>br</strong> />

ESPÍRITO SANTO<<strong>br</strong> />

Situação Terra Indígena Povo Município<<strong>br</strong> />

Sem Providências<<strong>br</strong> />

(1)<<strong>br</strong> />

Serra Caparaó Guarani Mbyá Dores do Rio Preto; Divino São Lourenço<<strong>br</strong> />

GOIÁS<<strong>br</strong> />

Situação Terra Indígena Povo Município<<strong>br</strong> />

Declarada<<strong>br</strong> />

(1)<<strong>br</strong> />

Avá-Canoeiro Avá-Canoeiro Colinas do Sul; Minaçu<<strong>br</strong> />

MARANHÃO<<strong>br</strong> />

Situação Terra Indígena Povo Município<<strong>br</strong> />

Gamela Gamela Taquatiua<<strong>br</strong> />

Sem Providências<<strong>br</strong> />

(3)<<strong>br</strong> />

Mangueira Timbira Vitorino Freire<<strong>br</strong> />

Terra de Índio (Gamela) Gamela Viana<<strong>br</strong> />

A identificar<<strong>br</strong> />

(3)<<strong>br</strong> />

Identificada<<strong>br</strong> />

(2)<<strong>br</strong> />

Declarada<<strong>br</strong> />

(1)<<strong>br</strong> />

Pikopjé Gavião Amarante; Sítio Novo<<strong>br</strong> />

Reserva Indígena Krenyê Krenyê Barra do Corda<<strong>br</strong> />

Vila Real Guajajara Barra do Corda<<strong>br</strong> />

Kanela (Buriti Velho) Kanela Barra do Corda; Fernando Falcão<<strong>br</strong> />

Porquinhos Kanela Apãnjekra<<strong>br</strong> />

Kanela-Apãnjekra<<strong>br</strong> />

Barra do Corda; Fernando Falcão;<<strong>br</strong> />

Formosa Serra Negra<<strong>br</strong> />

Bacurizinho Guajajara Grajaú<<strong>br</strong> />

MINAS GERAIS<<strong>br</strong> />

Situação Terra Indígena Povo Município<<strong>br</strong> />

Gerú Tucumã (Aldeia) Pataxó Açucena<<strong>br</strong> />

Sem Providências Luiza do Vale Tembé Rio Pardo de Minas<<strong>br</strong> />

(4)<<strong>br</strong> />

Mocuriñ Mocuriñ Campanário<<strong>br</strong> />

Xucuru-Kariri de Caldas Xucuru Kariri Caldas<<strong>br</strong> />

A Identificar<<strong>br</strong> />

(5)<<strong>br</strong> />

Identificada<<strong>br</strong> />

(2)<<strong>br</strong> />

Aranã<<strong>br</strong> />

Aranã<<strong>br</strong> />

Coronel Murta; Vale do<<strong>br</strong> />

Jequitinhonha<<strong>br</strong> />

Cinta Vermelha Jundiba Pankararu e Pataxó Araçuaí; Vale do Jequitinhonha<<strong>br</strong> />

Hãm Yixux Maxakali Ladainha<<strong>br</strong> />

Krenak de Sete Salões Krenak Resplendor; Conselheiro Pena<<strong>br</strong> />

Mundo Verde/Cachoeirinha<<strong>br</strong> />

Maxakali<<strong>br</strong> />

Ladainha; Topázio<<strong>br</strong> />

(Teófilo Otoni)<<strong>br</strong> />

Kaxixó Caxixó Matinho Campos; Pompeu<<strong>br</strong> />

Xakriabá Xakriabá São João das Missões<<strong>br</strong> />

55<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo I<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA O PATRIMÔNIO<<strong>br</strong> />

MATO GROSSO<<strong>br</strong> />

Situação Terra Indígena Povo Município<<strong>br</strong> />

Arara do Rio Guariba Arara Colniza<<strong>br</strong> />

Cabixi Não contatados Comodoro<<strong>br</strong> />

Capitão Marcos Pareci Comodoro<<strong>br</strong> />

Fortuna Chiquitano Vila Bela da Santíssima Trindade<<strong>br</strong> />

Kudorojarí Bororo General Carneiro<<strong>br</strong> />

Morcegal Nambikuara Comodoro<<strong>br</strong> />

Sem Providências<<strong>br</strong> />

(13)<<strong>br</strong> />

Moreru-Pacutinga Não contatados Cotriguaçu<<strong>br</strong> />

Nhandu-Braço Norte Não contatados Guarantã do Norte<<strong>br</strong> />

Parabubure II, III, IV, V Xavante Nova Xavantina; Campinápolis<<strong>br</strong> />

Rio Bararati Não contatados Cotriguaçu<<strong>br</strong> />

Rio Madeirinha Não contatados Aripuanã<<strong>br</strong> />

Rio Preto Maxakali; Krenak Cana<strong>br</strong>ava do Norte<<strong>br</strong> />

Rio Tenente Marques Não contatados Juína<<strong>br</strong> />

A identificar<<strong>br</strong> />

(14)<<strong>br</strong> />

Identificada<<strong>br</strong> />

(7)<<strong>br</strong> />

Declarada<<strong>br</strong> />

(6)<<strong>br</strong> />

Homologada<<strong>br</strong> />

(1)<<strong>br</strong> />

Portaria de<<strong>br</strong> />

Restrição (1)<<strong>br</strong> />

Areões I Xavante Água Boa<<strong>br</strong> />

Areões II Xavante Água Boa; Cocalinho<<strong>br</strong> />

Chiquitano de Baia Grande<<strong>br</strong> />

Chiquitano<<strong>br</strong> />

Porto Esperidião; Cáceres; Pontes e<<strong>br</strong> />

Lacerda; Vila Bela da Santíssima Trindade<<strong>br</strong> />

Cinta Larga do Rio Preto Cinta Larga; Não contatados Aripuanã<<strong>br</strong> />

Eterâirebere<<strong>br</strong> />

Xavante<<strong>br</strong> />

Campinápolis; Novo São Joaquim; Santo<<strong>br</strong> />

Antônio do Leste<<strong>br</strong> />

Hu’uhi Xavante Paranatinga<<strong>br</strong> />

Krenrehé Krenak Cana<strong>br</strong>ava do Norte<<strong>br</strong> />

Ikpeng Ikpeng Gaúcha do Norte<<strong>br</strong> />

Isoú’pá<<strong>br</strong> />

Xavante<<strong>br</strong> />

Água Boa; Campinápolis; Nova<<strong>br</strong> />

Xavantina<<strong>br</strong> />

Lago Grande Karajá; Chiquitano Santa Terezinha<<strong>br</strong> />

Norotsurã<<strong>br</strong> />

Xavante<<strong>br</strong> />

Água Boa; Campinápolis; Nova<<strong>br</strong> />

Xavantina<<strong>br</strong> />

Rio Arraias/BR-080 Kaybi Marcelândia<<strong>br</strong> />

Rolo-Walu (Jatoba/Ikpeng) Ikpeng Paranatinga<<strong>br</strong> />

Vila Nova Barbecho Chiquitano Porto Espiridião<<strong>br</strong> />

Apiaká/Isolado (Pontal) Apiaká; Isolados Apiacás (MT); Apuí (AM)<<strong>br</strong> />

Batelão Kayabi Tabaporã<<strong>br</strong> />

Estação Pareci Pareci Diamantino; Nova Marilândia<<strong>br</strong> />

Kawahiva do Rio Pardo Kawahiva Colniza<<strong>br</strong> />

Menku Menku Brasnorte<<strong>br</strong> />

Paukalirajausu Katithaurlu Pontes e Lacerda<<strong>br</strong> />

Wedese/Pimentel Barbosa II Xavante Cocalinho<<strong>br</strong> />

Baía dos Guató Guató Barão do Melgaço<<strong>br</strong> />

Cacique Fontoura Karajá Luciara; São Félix do Araguaia<<strong>br</strong> />

Manoki (Irantxe) Irantxe Brasnorte<<strong>br</strong> />

Ponte de Pedra<<strong>br</strong> />

Paresi<<strong>br</strong> />

Campo Novo dos Parecis; São José do<<strong>br</strong> />

Rio Claro<<strong>br</strong> />

Portal do Encantado<<strong>br</strong> />

Chiquitano<<strong>br</strong> />

Vila Bela da Santíssima Trindade; Porto<<strong>br</strong> />

Esperidião; Pontes e Lacerda<<strong>br</strong> />

Uirapuru Paresi Campos de Júlio; Nova Lacerda<<strong>br</strong> />

Pequizal do Naruwoto Naruwoto Canarana; Paranatinga<<strong>br</strong> />

Piripikura Kayabi Aripuanã<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 56


Capítulo I<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA O PATRIMÔNIO<<strong>br</strong> />

MATO GROSSO DO SUL<<strong>br</strong> />

Situação Terra Indígena Povo Município<<strong>br</strong> />

Aldeia Campestre<<strong>br</strong> />

Antônio João<<strong>br</strong> />

Arivada Guasu<<strong>br</strong> />

Tacuru<<strong>br</strong> />

Guarani e Kaiowá<<strong>br</strong> />

Ava Tovilho<<strong>br</strong> />

Caarapó<<strong>br</strong> />

Bakaiuva<<strong>br</strong> />

Bela Vista<<strong>br</strong> />

Batelh´ie Botelha Guasu Guarani-Ñhandeva Tacuru<<strong>br</strong> />

Bocaja<<strong>br</strong> />

Iguatemi<<strong>br</strong> />

Buena Vista<<strong>br</strong> />

Juti<<strong>br</strong> />

Cabeceira Comprida<<strong>br</strong> />

Antônio João<<strong>br</strong> />

Cambaretã<<strong>br</strong> />

Deodápolis<<strong>br</strong> />

Campo Seco<<strong>br</strong> />

Guarani<<strong>br</strong> />

Caarapó<<strong>br</strong> />

Canta Galo<<strong>br</strong> />

Guarani e Kaiowá<<strong>br</strong> />

Amambai<<strong>br</strong> />

Cerro Peron<<strong>br</strong> />

Paranhos<<strong>br</strong> />

Che ru pai Kuê<<strong>br</strong> />

Juti<<strong>br</strong> />

Chorro<<strong>br</strong> />

Bela Vista<<strong>br</strong> />

Curupaity<<strong>br</strong> />

Dourados<<strong>br</strong> />

Espadim Guarani Paranhos<<strong>br</strong> />

Garcete Kue<<strong>br</strong> />

Sete Quedas<<strong>br</strong> />

Gua´ay<<strong>br</strong> />

Caarapó<<strong>br</strong> />

Guapuku<<strong>br</strong> />

Dourados<<strong>br</strong> />

Itaco´a<<strong>br</strong> />

Itaporã<<strong>br</strong> />

Itapoa Takuaremboiy<<strong>br</strong> />

Paranhos<<strong>br</strong> />

Japorã<<strong>br</strong> />

Tacuru<<strong>br</strong> />

Javevyry<<strong>br</strong> />

Naviraí<<strong>br</strong> />

Guarani e Kaiowá<<strong>br</strong> />

Jepopete<<strong>br</strong> />

Itaporã<<strong>br</strong> />

Juiu-Barrero e Picandinha<<strong>br</strong> />

Itaporã<<strong>br</strong> />

Jukeri e Tatarem<<strong>br</strong> />

Laguna Carapã<<strong>br</strong> />

Kamba<<strong>br</strong> />

Corumbá<<strong>br</strong> />

Ka´ajari<<strong>br</strong> />

Amambaí<<strong>br</strong> />

Kaakaikue<<strong>br</strong> />

Caarapó<<strong>br</strong> />

Kaipuka<<strong>br</strong> />

Coronel Sapucaia<<strong>br</strong> />

Kinikinawa Kinikinawa Bonito<<strong>br</strong> />

Kunumi Vera<<strong>br</strong> />

Caarapó<<strong>br</strong> />

Kurupa´y Voca<<strong>br</strong> />

Naviraí<<strong>br</strong> />

Sem providências Kurupy<<strong>br</strong> />

Naviraí<<strong>br</strong> />

Guarani e Kaiowá<<strong>br</strong> />

(68)<<strong>br</strong> />

Kurusu Ambá<<strong>br</strong> />

Coronel Sapucaia<<strong>br</strong> />

Lagoa de Ouro<<strong>br</strong> />

Caarapó<<strong>br</strong> />

Laguna Perui<<strong>br</strong> />

Eldorado<<strong>br</strong> />

Laranjeira Nhãnderu<<strong>br</strong> />

Rio Brilhante<<strong>br</strong> />

Laranjaty e Arroyo´i<<strong>br</strong> />

Guarani<<strong>br</strong> />

Japorã<<strong>br</strong> />

Lucero<<strong>br</strong> />

Coronel Sapucaia<<strong>br</strong> />

Mbarakajá Porã<<strong>br</strong> />

Amambai<<strong>br</strong> />

Mbaragui<<strong>br</strong> />

Coronel Sapucaia<<strong>br</strong> />

Mboiveve-Jety´ay<<strong>br</strong> />

Guarani e Kaiowá<<strong>br</strong> />

Amambai<<strong>br</strong> />

Npuku<<strong>br</strong> />

Caarapó<<strong>br</strong> />

Ouro Verde<<strong>br</strong> />

Ponta Porã<<strong>br</strong> />

Pantanal Guató Corumbá<<strong>br</strong> />

Poique<<strong>br</strong> />

Caarapó<<strong>br</strong> />

Guarani e Kaiowá<<strong>br</strong> />

Porto Desseado<<strong>br</strong> />

Caarapó<<strong>br</strong> />

Portrerito Guarani Paranhos<<strong>br</strong> />

Quintino Kue<<strong>br</strong> />

Laguna Caarapã<<strong>br</strong> />

Quinze de Agosto<<strong>br</strong> />

Angélica<<strong>br</strong> />

Rancho Lima<<strong>br</strong> />

Laguna Caarapã<<strong>br</strong> />

São Lucas<<strong>br</strong> />

Tacuru<<strong>br</strong> />

Samakuã<<strong>br</strong> />

Amambai<<strong>br</strong> />

Santiago Kue/Kurupy<<strong>br</strong> />

Guarani e Kaiowá<<strong>br</strong> />

Naviraí<<strong>br</strong> />

São Pedro<<strong>br</strong> />

Caarapó<<strong>br</strong> />

Suvirando Gua´akua Yvyrapyraka<<strong>br</strong> />

Antônio João<<strong>br</strong> />

Takuru Menby<<strong>br</strong> />

Tacuru<<strong>br</strong> />

Takuapiry<<strong>br</strong> />

Coronel Sapucaia<<strong>br</strong> />

Tangara´y Karanguata´y e Kururu´y<<strong>br</strong> />

Tacuru<<strong>br</strong> />

Tapesu´aty Guarani Paranhos<<strong>br</strong> />

Tereré Terena Sidrolândia<<strong>br</strong> />

Toro Piré<<strong>br</strong> />

Dourados<<strong>br</strong> />

Guarani e Kaiowá<<strong>br</strong> />

Tujukua<<strong>br</strong> />

Dourados<<strong>br</strong> />

Valiente Kue Guarani Paranhos<<strong>br</strong> />

Ypytã<<strong>br</strong> />

Tacuru<<strong>br</strong> />

Yvyhukue<<strong>br</strong> />

Guarani e Kaiowá<<strong>br</strong> />

Tacuru<<strong>br</strong> />

Yvype<<strong>br</strong> />

Caarapó<<strong>br</strong> />

57<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo I<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA O PATRIMÔNIO<<strong>br</strong> />

MATO GROSSO DO SUL - continuação<<strong>br</strong> />

Situação Terra Indígena Povo Município<<strong>br</strong> />

Água Limpa<<strong>br</strong> />

Rochedo<<strong>br</strong> />

Terena<<strong>br</strong> />

Aldeinha<<strong>br</strong> />

Anastácio<<strong>br</strong> />

Amambaípegua (*) Bacia<<strong>br</strong> />

Ponta Porã<<strong>br</strong> />

Apepeguá (*) Bacia Guarani Amambaí; Ponta Porã<<strong>br</strong> />

A Identificar Apyka’y (Curral de Arame) Guarani Kaiowá Dourados<<strong>br</strong> />

(10)<<strong>br</strong> />

Brilhante pegua (*) Bacia Guarani Paranhos<<strong>br</strong> />

Gua y viri (Lima Campo) Guarani e Kaiowá Amambaí<<strong>br</strong> />

Kokue ‘y (Mosquiteiro)<<strong>br</strong> />

Ponta Porã<<strong>br</strong> />

Ñnandévapegua * (Bacia) Guarani Japorã<<strong>br</strong> />

Urukuty Guarani e Kaiowá Laguna Carapã<<strong>br</strong> />

Identificada<<strong>br</strong> />

(6)<<strong>br</strong> />

Declarada<<strong>br</strong> />

(8)<<strong>br</strong> />

Homologada<<strong>br</strong> />

(4)<<strong>br</strong> />

Cachoeirinha Terena Miranda<<strong>br</strong> />

Dourados Amambaipeguá (GT) Laguna<<strong>br</strong> />

Joha, Urucut, Pindo Roky, Javorai<<strong>br</strong> />

Naviraí; Dourados; Amambaí<<strong>br</strong> />

Iguatemipeguá I* Bacia<<strong>br</strong> />

(Pyelito Kue e Mbaraky)<<strong>br</strong> />

Guarani e Kaiowá<<strong>br</strong> />

Iguatemi<<strong>br</strong> />

Panambi/Lagoa Rica/(Guyra Kamby’i)<<strong>br</strong> />

Douradina; Itaporã<<strong>br</strong> />

Taquara<<strong>br</strong> />

Juti<<strong>br</strong> />

Ypo´i e Triunfo<<strong>br</strong> />

Guarani e Kaiowá; Guarani<<strong>br</strong> />

M’Bya; Guarani-Nhandeva<<strong>br</strong> />

Paranhos<<strong>br</strong> />

Buriti Terena Dois Irmãos do Buriti; Sidrolândia<<strong>br</strong> />

Guyraroká<<strong>br</strong> />

Caarapó<<strong>br</strong> />

Guarani e Kaiowá<<strong>br</strong> />

Jataivari<<strong>br</strong> />

Ponta Porã<<strong>br</strong> />

Ofayé-Xavante Ofayé-Xavante Brasilândia<<strong>br</strong> />

Novo Mundo;<<strong>br</strong> />

Porto Lindo/Jakarey/Yvy Katu<<strong>br</strong> />

Iguatemi; Japorã<<strong>br</strong> />

Guarani-Nhandeva<<strong>br</strong> />

Potrero Guaçu<<strong>br</strong> />

Paranhos<<strong>br</strong> />

Som<strong>br</strong>erito<<strong>br</strong> />

Sete Quedas<<strong>br</strong> />

Taunay/Ipegue Terena Aquidauana<<strong>br</strong> />

Arroio Corá<<strong>br</strong> />

Ñhanderu Marangatu (Cerro Marangatu)<<strong>br</strong> />

Guarani e Kaiowá<<strong>br</strong> />

Paranhos<<strong>br</strong> />

Antônio João<<strong>br</strong> />

Sete Cerros<<strong>br</strong> />

Guarani e Kaiowá; Guarani-<<strong>br</strong> />

Nhandeva<<strong>br</strong> />

Coronel Sapucaia<<strong>br</strong> />

Takwarity/Ivykwarusu Guarani e Kaiowá Paranhos<<strong>br</strong> />

PARÁ<<strong>br</strong> />

Situação Terra Indígena Povo Município<<strong>br</strong> />

Sem Providências<<strong>br</strong> />

(20)<<strong>br</strong> />

Açaizal Munduruku Santarém<<strong>br</strong> />

Adi Arumateuá Tembé Tomé Açu<<strong>br</strong> />

Akratikateje da Montanha Gavião da Montanha Nova Ipixuna<<strong>br</strong> />

Barreira Campo Karajá Santa Maria das Barreiras<<strong>br</strong> />

Boa Vista Km 17 Juruna Vitória do Xingu<<strong>br</strong> />

Canain Atikum Canaã dos Carajás<<strong>br</strong> />

Cumaruara Cumaruara Margens do Rio Tapajós<<strong>br</strong> />

Cuminapanema Urucuriana Não contatados; Zoé Óbidos; Alenquer<<strong>br</strong> />

Dos Encantados Tuapiu Santarém<<strong>br</strong> />

Guajanaira Guajajara; Guarani Mbyá Itupiranga<<strong>br</strong> />

Maitapu Maitapu Margens do Rio Tapajós<<strong>br</strong> />

Muruci Arapium Santarém; Margens do Rio Tapajós<<strong>br</strong> />

Ororobá Atikum Itupiranga<<strong>br</strong> />

Pedreira Miripixi<<strong>br</strong> />

Santarém<<strong>br</strong> />

Arapium<<strong>br</strong> />

Tapiíra<<strong>br</strong> />

Santarém<<strong>br</strong> />

Tavaquara Xipaia; Curuaia Altamira<<strong>br</strong> />

Tembé de Santa Maria do Pará Tembém Santa Maria do Pará<<strong>br</strong> />

Tupaiu Tupaiu Margens do Rio Tapajós<<strong>br</strong> />

Tupinambá Tupinambá Santarém; Margens do Rio Tapajós<<strong>br</strong> />

Vila Franca Arapium Santarém<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 58


Capítulo I<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA O PATRIMÔNIO<<strong>br</strong> />

PARÁ - continuação<<strong>br</strong> />

A Identificar<<strong>br</strong> />

(25)<<strong>br</strong> />

Identificada<<strong>br</strong> />

(5)<<strong>br</strong> />

Declarada<<strong>br</strong> />

(4)<<strong>br</strong> />

Aminã Tupaiu Itamarati<<strong>br</strong> />

Amanayé (de Goianésia do Pará) Amanayé Goianésia do Pará<<strong>br</strong> />

Aningalzinho Tupaiu Alto Alegre<<strong>br</strong> />

Areial Tembé Santa Maria do Pará<<strong>br</strong> />

Baixo Tapajós I<<strong>br</strong> />

Tupinambá; Maytapu; Cara<<strong>br</strong> />

Preta<<strong>br</strong> />

Aveiro; Tapajós<<strong>br</strong> />

Baixo Tapajós II Munduruku Aveiro<<strong>br</strong> />

Baixo Tapajós/Arapiuns<<strong>br</strong> />

Arapium; Munduruku<<strong>br</strong> />

Borari de Alter do Chão<<strong>br</strong> />

Borari<<strong>br</strong> />

Santarém<<strong>br</strong> />

Brinco das Moças<<strong>br</strong> />

Cumarauara<<strong>br</strong> />

Escrivão Cara Preta; Maytapu Aveiro<<strong>br</strong> />

Jeju Tembé Santa Maria do Pará<<strong>br</strong> />

Juruna do Km 17 Juruna Vitória do Xingu<<strong>br</strong> />

Kapotnhinore<<strong>br</strong> />

Kayapó<<strong>br</strong> />

Santa Cruz do Xingu; São Félix do<<strong>br</strong> />

Xingu; Vila Rica<<strong>br</strong> />

Km 43 Munduruku e outros Itaituba<<strong>br</strong> />

Marituba Munduruku e outros Belterra; Santarém<<strong>br</strong> />

Mirixipi<<strong>br</strong> />

Arapium<<strong>br</strong> />

Muratuba do Pará<<strong>br</strong> />

Tupinambá; Cara Preta Santarém<<strong>br</strong> />

Nova Vista<<strong>br</strong> />

Arapium<<strong>br</strong> />

Pacajá Assurini Portel<<strong>br</strong> />

Rio Maró<<strong>br</strong> />

Arapium<<strong>br</strong> />

São João<<strong>br</strong> />

Arapium<<strong>br</strong> />

Santarém<<strong>br</strong> />

São Luis do Tapajós Munduruku e outros Itaituba<<strong>br</strong> />

Tracajá Assurini Baião; Tucuruí<<strong>br</strong> />

Tunayana Tunayana Oriximiná<<strong>br</strong> />

Turé/Mariquita II Tembé Tomé-Açu<<strong>br</strong> />

Co<strong>br</strong>a Grande Arapium; Jaraquí; Tapajo Santarém<<strong>br</strong> />

Kaxuyana/Tunayana<<strong>br</strong> />

Kaxuyana; Tunayana;<<strong>br</strong> />

Kahyana; Katuena;<<strong>br</strong> />

Mawayana; Tikiyana; Xereu- Oriximiná<<strong>br</strong> />

Hixkaryana; Xereu-Katuena;<<strong>br</strong> />

Isolados<<strong>br</strong> />

Maró Arapium; Borari Santarém<<strong>br</strong> />

Sawré Muybu/Pimental Munduruku Itaituba; Trairão<<strong>br</strong> />

Tuwa Apekuokawera Aikewar; Suruí Marebé; São Domingos do Araguaia<<strong>br</strong> />

Bragança Marituba Munduruku Belterra<<strong>br</strong> />

Maracaxi Tembé Aurora do Pará<<strong>br</strong> />

Munduruku Taquara Munduruku e outros Belterra; Baixo Rio Tapajós<<strong>br</strong> />

Paquiçamba Juruna Vitória do Xingu<<strong>br</strong> />

Homologada<<strong>br</strong> />

(2)<<strong>br</strong> />

Arara da Volta Grande do Xingu (Maia)<<strong>br</strong> />

Cachoeira Seca do Iriri<<strong>br</strong> />

Arara<<strong>br</strong> />

Senador José Porfírio<<strong>br</strong> />

Altamira; Uruará; Rurópolis<<strong>br</strong> />

Portaria de<<strong>br</strong> />

Restrição (1)<<strong>br</strong> />

Ituna/Itatá<<strong>br</strong> />

Não contatados<<strong>br</strong> />

Altamira; Senador José Porfírio;<<strong>br</strong> />

Anapu<<strong>br</strong> />

PARAÍBA<<strong>br</strong> />

Situação Terra Indígena Povo Município<<strong>br</strong> />

A Identificar<<strong>br</strong> />

(1)<<strong>br</strong> />

Tabajara Tabajara Conde<<strong>br</strong> />

Declarada<<strong>br</strong> />

(1)<<strong>br</strong> />

Potiguara de Monte Mor Potiguara Rio Tinto; Marcação<<strong>br</strong> />

59<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo I<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA O PATRIMÔNIO<<strong>br</strong> />

PARANÁ<<strong>br</strong> />

Situação Terra Indígena Povo Município<<strong>br</strong> />

Aty Miri<<strong>br</strong> />

Itacorá<<strong>br</strong> />

Avá-Guarani<<strong>br</strong> />

Itaipulândia<<strong>br</strong> />

Jevy<<strong>br</strong> />

Guarani; Avá-Guarani;<<strong>br</strong> />

Guarani Nhandeva<<strong>br</strong> />

Guaíra<<strong>br</strong> />

Kakané Porá Guarani; Xetá; Kaingang Curitiba<<strong>br</strong> />

Sem Providências<<strong>br</strong> />

(10)<<strong>br</strong> />

Kuaray Haxa<<strong>br</strong> />

Guarani; Xetá; Kaingang<<strong>br</strong> />

Guaraqueçaba;<<strong>br</strong> />

Antonina<<strong>br</strong> />

Morro das Pacas Guarani Mbyá Guaraqueçaba<<strong>br</strong> />

Ortigueira<<strong>br</strong> />

Ortigueira<<strong>br</strong> />

Kaingang<<strong>br</strong> />

Serrinha<<strong>br</strong> />

Tamarana<<strong>br</strong> />

Tekoha Vera Tupã’i<<strong>br</strong> />

Campo Mourão<<strong>br</strong> />

Tekoha Vy’a Renda Guarani Mbya Santa Helena<<strong>br</strong> />

A Identificar<<strong>br</strong> />

(14)<<strong>br</strong> />

Identificada<<strong>br</strong> />

(3)<<strong>br</strong> />

Declarada<<strong>br</strong> />

(2)<<strong>br</strong> />

Guaraviraty Guarani Mbya Guaraqueçaba<<strong>br</strong> />

Kaaguy Guaxy Palmital Guarani União da Vitória<<strong>br</strong> />

Karugua/Araçai Guarani Mbya Piraquara; Curitiba<<strong>br</strong> />

Karumbey<<strong>br</strong> />

Avá-Guarani; Guarani Guaíra<<strong>br</strong> />

Nhemboete<<strong>br</strong> />

Nhandeva<<strong>br</strong> />

Terra Roxa<<strong>br</strong> />

Tekoha Araguaju/Terra Roxa<<strong>br</strong> />

Terra Roxa; Guaíra<<strong>br</strong> />

Tekoha Marangatu<<strong>br</strong> />

Tekoha Porã<<strong>br</strong> />

Guaíra<<strong>br</strong> />

Tekoha Pohã Renda<<strong>br</strong> />

Terra Rocha<<strong>br</strong> />

Avá-Guarani<<strong>br</strong> />

Tekoha Mirim<<strong>br</strong> />

Guaíra<<strong>br</strong> />

Tekoha Tatury<<strong>br</strong> />

Tekoha Yvyraty Porã<<strong>br</strong> />

Tekoha Taj Ypoty<<strong>br</strong> />

Terra Rocha<<strong>br</strong> />

Y’hory Guarani Mbya Guaíra<<strong>br</strong> />

Cerco Grande<<strong>br</strong> />

Guaraqueçaba<<strong>br</strong> />

Guarani Mbya<<strong>br</strong> />

Sambaqui<<strong>br</strong> />

Paranaguá/Pontal do Paraná<<strong>br</strong> />

Xeta Herarekã Xeta Ivaté<<strong>br</strong> />

Boa Vista Kaingang Laranjeiras do Sul<<strong>br</strong> />

Yviporã Laranjinha<<strong>br</strong> />

Guarani Nhandeva<<strong>br</strong> />

Abatia; Cornélio Procópio; Ribeirão<<strong>br</strong> />

do Pinhal<<strong>br</strong> />

PERNAMBUCO<<strong>br</strong> />

Situação Terra Indígena Povo Município<<strong>br</strong> />

Aldeia Foklassa Fulni-ô Águas Belas<<strong>br</strong> />

Sem Providências Fazenda Funil Tuxá Inajá<<strong>br</strong> />

(4)<<strong>br</strong> />

Poruborá Poruborá Inajá<<strong>br</strong> />

Serra Negra Kambiwá; Pipipã Petrolândia<<strong>br</strong> />

A Identificar<<strong>br</strong> />

(7)<<strong>br</strong> />

Declarada<<strong>br</strong> />

(1)<<strong>br</strong> />

Fazenda Cristo Rei Pankaiuká; Pankararu Volta do Moxotó; Jatobá<<strong>br</strong> />

Fazenda Tapera (Ilha - São Félix)<<strong>br</strong> />

Truká<<strong>br</strong> />

Fulni-ô Fulni-ô Águas Belas<<strong>br</strong> />

Ilha da Tapera/São Félix Truká Orocó<<strong>br</strong> />

Pankará da Serra do Arapuá Pankará Carnaubeira da Penha<<strong>br</strong> />

Pipipã Pipipã Floresta<<strong>br</strong> />

Tuxá de Inajá Tuxá Inajá<<strong>br</strong> />

Truká Truká Ca<strong>br</strong>obó<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 60


Capítulo I<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA O PATRIMÔNIO<<strong>br</strong> />

PIAUÍ<<strong>br</strong> />

Situação Terra Indígena Povo Município<<strong>br</strong> />

Sem Providências<<strong>br</strong> />

(1)<<strong>br</strong> />

Kariri de Queimada Nova Kariri Queimada Nova<<strong>br</strong> />

RIO DE JANEIRO<<strong>br</strong> />

Situação Terra Indígena Povo Município<<strong>br</strong> />

Sem Providências Ara ovy/Sítio do Céu<<strong>br</strong> />

Maricá<<strong>br</strong> />

Guarani Mbya<<strong>br</strong> />

(2)<<strong>br</strong> />

Camboinhas (Tekoha Itarypu)<<strong>br</strong> />

Niterói<<strong>br</strong> />

A Identificar<<strong>br</strong> />

(5)<<strong>br</strong> />

Arandu Mirim (Saco de Mamanguá)<<strong>br</strong> />

Campos Novos<<strong>br</strong> />

Guarani do Rio Pequeno<<strong>br</strong> />

Tekoha Kaaguy Hovy Porã<<strong>br</strong> />

Tekoha Jery<<strong>br</strong> />

Guarani Mbya<<strong>br</strong> />

Guarani Mbya; Guarani<<strong>br</strong> />

Nhandeva<<strong>br</strong> />

Guarani Mbya<<strong>br</strong> />

Parati<<strong>br</strong> />

Cabo Frio<<strong>br</strong> />

Parati<<strong>br</strong> />

RIO GRANDE DO NORTE<<strong>br</strong> />

Situação Terra Indígena Povo Município<<strong>br</strong> />

A Identificar<<strong>br</strong> />

(1)<<strong>br</strong> />

Sagi/Trabanda Potiguara Baía Formosa<<strong>br</strong> />

RONDÔNIA<<strong>br</strong> />

Situação Terra Indígena Povo Município<<strong>br</strong> />

Arikem (C. Estivado) Desaldeados Ariquemes<<strong>br</strong> />

Cabeceira Rio Marmelo Não contatados Machadinho d’Oeste<<strong>br</strong> />

Cascata-Cassupá-Salomãi Cassupá; Salamãi Corumbiara; Chupinguaia<<strong>br</strong> />

Guarasugwe<<strong>br</strong> />

Guarasugwe<<strong>br</strong> />

Igarapé Karipuninha/Serra Três Irmãos Não contatados Lá<strong>br</strong>ea (AM); Porto Velho (RO)<<strong>br</strong> />

Jabuti Jaboti; Djeoromitxi Alta Floresta do Oeste<<strong>br</strong> />

Kampé Kampé Pimenteiras do Oeste<<strong>br</strong> />

Makurap Makurap Rolim de Moura<<strong>br</strong> />

Mata Corá Desaldeados Costa Marques<<strong>br</strong> />

Oro Mon<<strong>br</strong> />

Waran<<strong>br</strong> />

Guajará-Mirim;<<strong>br</strong> />

Nova Mamoré<<strong>br</strong> />

Parque Nacional do Bom Futuro<<strong>br</strong> />

Porto Velho; Alto Paraíso; Buritis<<strong>br</strong> />

Não contatados<<strong>br</strong> />

Sem Providências Pântano do Guaporé<<strong>br</strong> />

Pimenteira<<strong>br</strong> />

(22)<<strong>br</strong> />

Paumelenhos Paumelenhos Costas Marques<<strong>br</strong> />

Rebio Jaru<<strong>br</strong> />

Ji-Paraná<<strong>br</strong> />

Rio Candeias<<strong>br</strong> />

Porto Velho<<strong>br</strong> />

Rio Cautário/Serra da Cutia<<strong>br</strong> />

Costa Marques; Guajará-Mirim<<strong>br</strong> />

Rio Jacundá<<strong>br</strong> />

Cujubim; Itapuã do Jamari; Candeias<<strong>br</strong> />

do Jamari; Porto Velho<<strong>br</strong> />

Rio Formoso/Jaci Paraná<<strong>br</strong> />

Não contatados<<strong>br</strong> />

Nova Mamoré; Guajará-Mirim;<<strong>br</strong> />

Campo Novo; Buriti<<strong>br</strong> />

Rio Muquim Paraná/Karipuna<<strong>br</strong> />

Porto Velho; Nova Mamoré<<strong>br</strong> />

Rio Muqui/Serra da Onça<<strong>br</strong> />

Alvorado d’Oeste; Urupá<<strong>br</strong> />

Rio Novo e Cachoeira do Rio Pacaas<<strong>br</strong> />

Novas<<strong>br</strong> />

Guajará-Mirim<<strong>br</strong> />

Wayaro Wayaro Alto Alegre do Parecis; Alta Floresta<<strong>br</strong> />

A Identificar<<strong>br</strong> />

(3)<<strong>br</strong> />

Cujubim Kujubim Guajará-Mirim; Costa Marques<<strong>br</strong> />

Migueleno (Rio São Miguel)<<strong>br</strong> />

Migueleno<<strong>br</strong> />

Costa Marques; São Francisco;<<strong>br</strong> />

Ariquemes; Guajará-Mirim<<strong>br</strong> />

Puruborá do Rio Manuel Correia<<strong>br</strong> />

Puruborá<<strong>br</strong> />

Seringueiras; São Miguel; São<<strong>br</strong> />

Francisco<<strong>br</strong> />

Declarada<<strong>br</strong> />

(1)<<strong>br</strong> />

Portaria de<<strong>br</strong> />

Restrição (1)<<strong>br</strong> />

Rio Negro de Ocaia Pakaa Nova Guajará Mirim<<strong>br</strong> />

Tanaru Isolados Chupinguaia; Corumbiara; Parecis<<strong>br</strong> />

61<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo I<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA O PATRIMÔNIO<<strong>br</strong> />

RORAIMA<<strong>br</strong> />

Situação Terra Indígena Povo Município<<strong>br</strong> />

Sem Providências Arapuá Wapixana Alto Alegre<<strong>br</strong> />

(2)<<strong>br</strong> />

Lago da Praia Makuxi; Wapixana Boa Vista<<strong>br</strong> />

Portaria de<<strong>br</strong> />

Restrição (1)<<strong>br</strong> />

Pirititi Não contatados Rorainópolis<<strong>br</strong> />

RIO GRANDE DO SUL<<strong>br</strong> />

Situação Terra Indígena Povo Município<<strong>br</strong> />

Arenal<<strong>br</strong> />

Santa Maria<<strong>br</strong> />

Guarani Mbya<<strong>br</strong> />

Arroio Divisa<<strong>br</strong> />

Arroio dos Ratos e Eldorado do Sul<<strong>br</strong> />

Caaró Guarani Nhandeva Caiboaté<<strong>br</strong> />

Cachoeira/Araçaty Guarani Mbya Cachoeira do Sul<<strong>br</strong> />

Campo do Meio Kaingang Gentil<<strong>br</strong> />

Capi Owi Guarani Mbya Pelotas<<strong>br</strong> />

Farroupilha Kaingang Farroupilha<<strong>br</strong> />

Ibicuí<<strong>br</strong> />

Itaqui<<strong>br</strong> />

Ilha Grande<<strong>br</strong> />

Guarani Mbya<<strong>br</strong> />

Palmares do Sul<<strong>br</strong> />

Imbaa<<strong>br</strong> />

Uruguaiana<<strong>br</strong> />

Inhacorá II Kaingang São Valério do Sul<<strong>br</strong> />

Sem Providências Jaguarazinho Guarani Nhandeva São Francisco de Assis<<strong>br</strong> />

(24)<<strong>br</strong> />

Lajeado<<strong>br</strong> />

Lajeado<<strong>br</strong> />

Kaingang<<strong>br</strong> />

Lomba do Pinheiro<<strong>br</strong> />

Porto Alegre<<strong>br</strong> />

Maquiné/Gruta/Espraido Guarani Maquine<<strong>br</strong> />

Mata São Lourenço<<strong>br</strong> />

São Miguel das Missões<<strong>br</strong> />

Guarani Mbya<<strong>br</strong> />

Passo da Estância<<strong>br</strong> />

Barra do Ribeiro<<strong>br</strong> />

Morro Santana Kaingang Porto Alegre<<strong>br</strong> />

Raia Pires<<strong>br</strong> />

Sentinela do Sul<<strong>br</strong> />

Guarani Nhandeva<<strong>br</strong> />

Ruínas de São Miguel/Esquina Ezequiel<<strong>br</strong> />

São Leopoldo<<strong>br</strong> />

Santa Maria<<strong>br</strong> />

Santa Maria<<strong>br</strong> />

Kaingang<<strong>br</strong> />

São Leopoldo<<strong>br</strong> />

São Leopoldo<<strong>br</strong> />

Torres Guarani Mbya Torres<<strong>br</strong> />

Xokleng Xokleng São Francisco de Paula<<strong>br</strong> />

A Identificar<<strong>br</strong> />

(23)<<strong>br</strong> />

Arroio do Conde Guarani Mbya Guaíba; Eldorado do Sul<<strong>br</strong> />

Borboleta<<strong>br</strong> />

Espumoso<<strong>br</strong> />

Kaingang<<strong>br</strong> />

Cacique Doble II<<strong>br</strong> />

Cacique Doble<<strong>br</strong> />

Capivari/Porãi Guarani Mbya Capivari do Sul<<strong>br</strong> />

Carazinho Kaingang Canela<<strong>br</strong> />

Estiva/Nhuundy Guarani Nhandeva Barra do Ribeira<<strong>br</strong> />

Estrela Kaingang Estrela<<strong>br</strong> />

Itapuã/Pindó Mirim<<strong>br</strong> />

Viamão<<strong>br</strong> />

Guarani Mbya<<strong>br</strong> />

Ka’aguy Poty (Estrela Velha)<<strong>br</strong> />

Estrela Velha<<strong>br</strong> />

Kaingang de Iraí II<<strong>br</strong> />

Iraí<<strong>br</strong> />

Kaingang<<strong>br</strong> />

Lajeado do Bugre<<strong>br</strong> />

Lajeado do Bugre<<strong>br</strong> />

Lami Guarani Mbya Porto Alegre<<strong>br</strong> />

Ligeiro II Kaingang Charrua<<strong>br</strong> />

Lomba do Pinheiro/Anhetegua Guarani Mbya Porto Alegre<<strong>br</strong> />

Lomba do Pinheiro Charrua Porto Alegre<<strong>br</strong> />

Monte Caseiros II Kaingang Muliterno; Ibiraiaras<<strong>br</strong> />

Morro do Coco Guarani Mbya Viamão; Porto Alegre<<strong>br</strong> />

Morro do Osso Kaingang Porto Alegre<<strong>br</strong> />

Passo Grande/Nhu Poty<<strong>br</strong> />

Barra do Ribeiro<<strong>br</strong> />

Guarani Mbya<<strong>br</strong> />

Petim/Araçaty<<strong>br</strong> />

Guaíba<<strong>br</strong> />

Ponta da Formiga Guarani Nhandeva Barra do Ribeiro<<strong>br</strong> />

Taim/Ita’y Guarani Mbya Rio Grande<<strong>br</strong> />

Xengu/Novo Kaingang Novo Xingu<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 62


Capítulo I<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA O PATRIMÔNIO<<strong>br</strong> />

RIO GRANDE DO SUL - continuação<<strong>br</strong> />

Mato Castelhano<<strong>br</strong> />

Identificada<<strong>br</strong> />

(2)<<strong>br</strong> />

Votouro/Kandoia<<strong>br</strong> />

Kaingang<<strong>br</strong> />

Mato Castelhano<<strong>br</strong> />

Faxinalzinho; Benjamim Constant<<strong>br</strong> />

do Sul<<strong>br</strong> />

Declarada<<strong>br</strong> />

(5)<<strong>br</strong> />

Águas Brancas/Arroio Velhaco<<strong>br</strong> />

Arambaré; Camaquã; Tapes<<strong>br</strong> />

Guarani Mbya<<strong>br</strong> />

Irapuá<<strong>br</strong> />

Caçapava do Sul<<strong>br</strong> />

Mato Preto Guarani Nhandeva Erebango; Erechim; Getúlio Vargas<<strong>br</strong> />

Passo Grande da Forquilha<<strong>br</strong> />

Sananduva; Cacique Doble<<strong>br</strong> />

Kaingang<<strong>br</strong> />

Rio dos Índios<<strong>br</strong> />

Vicente Dutra<<strong>br</strong> />

SANTA CATARINA<<strong>br</strong> />

Situação Terra Indígena Povo Município<<strong>br</strong> />

Fraiburgo Kaingang Fraiburgo<<strong>br</strong> />

Sem Providências Peperi Guasú Guarani Nhandeva Itapiranga<<strong>br</strong> />

(4)<<strong>br</strong> />

Praia de Fora<<strong>br</strong> />

Palhoça<<strong>br</strong> />

Guarani Mbya<<strong>br</strong> />

Yaká Porã/Garuva<<strong>br</strong> />

Garuva<<strong>br</strong> />

A Identificar<<strong>br</strong> />

(4)<<strong>br</strong> />

Cambirela<<strong>br</strong> />

Massiambu/Pira Rupa<<strong>br</strong> />

Reta/Itaju/Tapera<<strong>br</strong> />

Tekoha Dju Mirim (Amâncio)<<strong>br</strong> />

Guarani Mbya<<strong>br</strong> />

Palhoça<<strong>br</strong> />

São Francisco do Sul<<strong>br</strong> />

Biguaçu<<strong>br</strong> />

Identificada<<strong>br</strong> />

(4)<<strong>br</strong> />

Declarada<<strong>br</strong> />

(6)<<strong>br</strong> />

Pindoty/Conquista<<strong>br</strong> />

Araquari e Balneário; Barra do Sul<<strong>br</strong> />

Piraí/Tiaraju<<strong>br</strong> />

Guarani Mbya<<strong>br</strong> />

Araquari<<strong>br</strong> />

Tarumã/Corveta I e II<<strong>br</strong> />

Araquari; Balneário Barra do Sul<<strong>br</strong> />

Morro Alto Guarani Mbya São Francisco do Sul<<strong>br</strong> />

Guarani do Araça´i Guarani Nhandeva Cunha Porã; Saudades<<strong>br</strong> />

Morro dos Cavalos/Itaty<<strong>br</strong> />

Guarani Mbya; Guarani<<strong>br</strong> />

Nhandeva<<strong>br</strong> />

Palhoça<<strong>br</strong> />

Toldo Imbu<<strong>br</strong> />

Abelardo Luz<<strong>br</strong> />

Toldo Pinhal<<strong>br</strong> />

Kaingang<<strong>br</strong> />

Seara<<strong>br</strong> />

Xapecó Glebas A e B<<strong>br</strong> />

Entre Rios; Bom Jesus; Abelardo Luz;<<strong>br</strong> />

Ipuaçu<<strong>br</strong> />

Ibirama-La Klãnõ<<strong>br</strong> />

Xokleng, Kaingang e Guarani<<strong>br</strong> />

Mbya<<strong>br</strong> />

Dr. Pedrinho, Itaópolis, J. Boiteux e<<strong>br</strong> />

Vitor Mereles<<strong>br</strong> />

Patrícia Bonilha.<<strong>br</strong> />

63<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo I<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA O PATRIMÔNIO<<strong>br</strong> />

SÃO PAULO<<strong>br</strong> />

Situação Terra Indígena Povo Município<<strong>br</strong> />

Aldeinha Tupi Guarani Itanhaém<<strong>br</strong> />

Itapitangui Guarani Cananéia<<strong>br</strong> />

Itapu Mirim/Votupoca Tupi Guarani Registro<<strong>br</strong> />

Jacareí/Takuarity Acaraú<<strong>br</strong> />

Cananéia<<strong>br</strong> />

Guarani Mbya<<strong>br</strong> />

Juréia<<strong>br</strong> />

Iguape<<strong>br</strong> />

Sem Providências<<strong>br</strong> />

(11)<<strong>br</strong> />

Mboi Mirim Guarani São Paulo<<strong>br</strong> />

Paranapuã Guarani Mbya; Tupi Guarani Ubatuba<<strong>br</strong> />

Paraíso/Rio Cumprido/Yu Puku Guarani Mbya; Tupi Guarani Iguape<<strong>br</strong> />

Tangará Tupi Guarani Itanhaém<<strong>br</strong> />

Taquari Guarani Eldorado<<strong>br</strong> />

Tekoha Mirim Guarani Mbya Praia Grande<<strong>br</strong> />

A Identificar<<strong>br</strong> />

(12)<<strong>br</strong> />

Identificada<<strong>br</strong> />

(6)<<strong>br</strong> />

Declarada<<strong>br</strong> />

(4)<<strong>br</strong> />

Araça Mirim<<strong>br</strong> />

Barão de Antonina Karuwá<<strong>br</strong> />

Barão de Antonina Pyay<<strong>br</strong> />

Guarani de Itaporanga/Tekoha Porã<<strong>br</strong> />

Itaguá<<strong>br</strong> />

Guarani Mbya<<strong>br</strong> />

Guarani Nandeva<<strong>br</strong> />

Barão de Antonina<<strong>br</strong> />

Itaporanga<<strong>br</strong> />

Iguape<<strong>br</strong> />

Itapé<<strong>br</strong> />

Tupi Guarani e Guarani<<strong>br</strong> />

Mbya<<strong>br</strong> />

Iguape<<strong>br</strong> />

Rio Branquinho de Cananéia/Tapy’í Guarani Mbya Cananéia<<strong>br</strong> />

Tekoha/Amba Porã<<strong>br</strong> />

Guarani Mbya; Guarani<<strong>br</strong> />

Nhandeva<<strong>br</strong> />

Miracatu<<strong>br</strong> />

Tekoha Itapuã/Yvy I<<strong>br</strong> />

Iguape e Pariquera-Açu<<strong>br</strong> />

Tekoha Jejytu (Toca Bugio) Guarani Iguape; Pareiquera-Açu<<strong>br</strong> />

Tekoha Pindoty<<strong>br</strong> />

Pariquera-Açu; Iguape<<strong>br</strong> />

Guarani Nhandeva<<strong>br</strong> />

Wiutu-Guaçu/Renascer/Aldeia Renascer<<strong>br</strong> />

Ubatuba<<strong>br</strong> />

Boa Vista Sertão do Promirim/Jaexaa Porã Guarani Ubatuba<<strong>br</strong> />

Ilha do Cardoso/ Pacurity/Yvyty<<strong>br</strong> />

Cananéia<<strong>br</strong> />

Guarani Mbya<<strong>br</strong> />

Tekoha Peguaoty<<strong>br</strong> />

Sete Barras; Miracatu<<strong>br</strong> />

Ka’aguy Mirim Guarani Miracatu<<strong>br</strong> />

Tekoha Guaviraty (Subauma) Guarani Nhandeva Iguape; Pariquera-Açu<<strong>br</strong> />

Tekoha Djaiko-aty Guarani Nhandeva Miracatu; Sete Barras<<strong>br</strong> />

Itaoca Tupi Guarani; Guarani Mbya Mongaguá<<strong>br</strong> />

Jaraguá/Tekoha Ytu Guarani São Paulo; Osasco<<strong>br</strong> />

Tenonde Porã<<strong>br</strong> />

Guarani Mbya<<strong>br</strong> />

São Paulo; São Bernardo do Campo;<<strong>br</strong> />

São Vicente; Mongaguá<<strong>br</strong> />

Ribeirão Silveira Guarani Mbya São Sebastião, Bertioga e Salesópolis<<strong>br</strong> />

Homologada<<strong>br</strong> />

(1)<<strong>br</strong> />

Piaçaguera/Nhamandu Mirim/Tanigua/<<strong>br</strong> />

Tabaçu/Rekoypy<<strong>br</strong> />

Guarani Nhandeva<<strong>br</strong> />

Peruíbe<<strong>br</strong> />

TOCANTINS<<strong>br</strong> />

Situação Terra Indígena Povo Município<<strong>br</strong> />

Sem Providências Kanela de Tocantins Kanela Araguaçu<<strong>br</strong> />

(2)<<strong>br</strong> />

Mata Alagada Krahô-Kanela Lagoa da Confusão<<strong>br</strong> />

A Identificar<<strong>br</strong> />

(3)<<strong>br</strong> />

Declarada<<strong>br</strong> />

(2)<<strong>br</strong> />

Apinayé II Apinayé Tocantinópolis<<strong>br</strong> />

Canoanã<<strong>br</strong> />

Wahuri (Javaé/Avá Canoeiro)<<strong>br</strong> />

Javaé<<strong>br</strong> />

Sandolândia<<strong>br</strong> />

Taego Awá/Mata Azul Avá-Canoeiro Formoso do Araguaia<<strong>br</strong> />

Utaria Wyhyma/Irodu Irana Karajá e Javaé Lagoa da Confusão e Pium<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 64


Capítulo I<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA O PATRIMÔNIO<<strong>br</strong> />

Associação Nacional de Ação Indigenista (Anai)<<strong>br</strong> />

Motivados pela disputa da terra, pistoleiros atacaram a Aldeia Cahy, na Bahia, destruindo e queimando casas,<<strong>br</strong> />

uma maloca de venda de artesanato e um centro cultural Pataxó<<strong>br</strong> />

Conflitos relativos a direitos territoriais<<strong>br</strong> />

Registramos em <strong>2015</strong>, 18 ocorrências de conflitos relativos<<strong>br</strong> />

a direitos territoriais nos estados do Amazonas<<strong>br</strong> />

(1), da Bahia (2), Maranhão (1), Mato Grosso do Sul (10),<<strong>br</strong> />

Rio Grande do Sul (1), Rondônia (2) e Santa Catarina (1).<<strong>br</strong> />

Em Mato Grosso do Sul, estado com o maior número<<strong>br</strong> />

de casos, registramos ao menos dez ataques, sendo que<<strong>br</strong> />

alguns deles se repetiram por vários dias, a comunidades<<strong>br</strong> />

indígenas dos povos Guarani e Kaiowá, Nhandeva e Terena.<<strong>br</strong> />

Os atentados tinham como alvo acampamentos indígenas,<<strong>br</strong> />

principalmente em áreas retomadas. Diversas pessoas<<strong>br</strong> />

foram baleadas e algumas torturadas. Em alguns casos,<<strong>br</strong> />

os acampamentos foram destruídos. Em Pyellito Kue, dez<<strong>br</strong> />

indígenas ficaram feridos, entre eles uma gestante e um<<strong>br</strong> />

rezador. No tekoha Guyra Kambi’y, fazendeiros desrespeitaram<<strong>br</strong> />

um pacto de paz firmado com o Ministério da Justiça<<strong>br</strong> />

e com o Ministério Público Federal (MPF) e atacaram os<<strong>br</strong> />

Guarani e Kaiowá.<<strong>br</strong> />

Em Santa Catarina, um grupo invadiu a Terra Indígena<<strong>br</strong> />

Morro dos Cavalos, declarada pelo ministro da Justiça em<<strong>br</strong> />

2008, expulsou as famílias Guarani e se apossou de suas<<strong>br</strong> />

casas. A invasão teve sua origem no estímulo e nas incitações<<strong>br</strong> />

feitas por parlamentares que difundiam a ocupação de<<strong>br</strong> />

áreas reivindicadas pelos povos indígenas. Eles defenderam<<strong>br</strong> />

ainda o uso da força em tais ocupações.<<strong>br</strong> />

Na Bahia, uma aldeia do povo Tupinambá foi atacada<<strong>br</strong> />

e teve duas casas e parte de uma plantação queimadas. As<<strong>br</strong> />

investidas contra a comunidade intensificaram-se desde o<<strong>br</strong> />

final de 2013, quando estudos de identificação e delimitação<<strong>br</strong> />

territorial da área foram publicados.<<strong>br</strong> />

No Maranhão, o povo Gamela sofreu atentando a tiros<<strong>br</strong> />

após realizarem a retomada de duas fazendas, consideradas<<strong>br</strong> />

por eles como área tradicional. Segundo os indígenas,<<strong>br</strong> />

homens em uma caminhonete dispararam contra<<strong>br</strong> />

o acampamento.<<strong>br</strong> />

65<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo I<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA O PATRIMÔNIO<<strong>br</strong> />

AM<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

CONFLITOS RELATIVOS A DIREITOS TERRITORIAIS<<strong>br</strong> />

18 Casos<<strong>br</strong> />

MA 1 Caso<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ALDEIA EBENEZER<<strong>br</strong> />

POVO: MIRANHA<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Não regularização fundiária<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Segundo relatos das lideranças Miranha que habitam<<strong>br</strong> />

a área, há muito tempo este povo reivindica seu reconhecimento<<strong>br</strong> />

étnico e territorial. A partir do momento em que<<strong>br</strong> />

a comunidade entrou com o processo de reconhecimento<<strong>br</strong> />

começaram os conflitos com os ribeirinhos que não concordam.<<strong>br</strong> />

Os agentes ambientais da Reserva de Desenvolvimento<<strong>br</strong> />

Sustentável (RDS) Amanã se apossaram da canoa de um indígena<<strong>br</strong> />

morador da aldeia seu único meio de transporte para<<strong>br</strong> />

a pesca e o seu roçado, já que a área da aldeia está localizada<<strong>br</strong> />

em uma terra de várzea. Além disso, com arma de fogo, de<<strong>br</strong> />

modo a intimidar os moradores da aldeia, proferiram insultos<<strong>br</strong> />

e palavras discriminatórias. Em agosto os responsáveis pela<<strong>br</strong> />

RDS Amanã, sem consulta à comunidade, colocaram placas<<strong>br</strong> />

em área que se so<strong>br</strong>epõe à delimitação da terra indígena,<<strong>br</strong> />

pleiteada pela comunidade.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Norte I, Equipe Tefé, 10/11/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

BA<<strong>br</strong> />

2 Casos<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: GAMELA<<strong>br</strong> />

POVO: GAMELA<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Ataque a acampamento indígena<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Os indígenas fizeram a retomada de duas fazendas que<<strong>br</strong> />

incidem so<strong>br</strong>e seu território e que eles denunciam como<<strong>br</strong> />

terras griladas. Segundo o relato de indígenas que estavam<<strong>br</strong> />

no local, homens em uma caminhonete dispararam vários<<strong>br</strong> />

tiros contra o acampamento. Conforme uma liderança, os<<strong>br</strong> />

indígenas já temiam que um ataque fosse acontecer em função<<strong>br</strong> />

das ameaças feitas pelos fazendeiros e da presença de carros<<strong>br</strong> />

estranhos rondando a região. Mesmo os indígenas Gamela<<strong>br</strong> />

que não estão participando diretamente da retomada têm<<strong>br</strong> />

recebido ameaças em suas casas.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão<<strong>br</strong> />

Ronilsom Guajajara<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: TUPINAMBÁ DE BELMONTE<<strong>br</strong> />

POVO: TUPINAMBÁ<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Incêndio; destruição de patrimônio<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A aldeia, que fica às margens do Rio Jequitinhonha,<<strong>br</strong> />

foi atacada enquanto a comunidade estava na colheita<<strong>br</strong> />

de cacau. Duas casas e parte da plantação foram queimadas.<<strong>br</strong> />

As investidas contra a aldeia foram intensificadas no<<strong>br</strong> />

final de 2013 quando foi o Relatório Circunstanciado de<<strong>br</strong> />

Identificação e Delimitação (RCID), realizado pela Funai,<<strong>br</strong> />

foi publicado no Diário Oficial da União (DOU), o qual<<strong>br</strong> />

comprovou a tradicionalidade da terra e da presença dos<<strong>br</strong> />

indígenas na região.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Assessoria de Comunicação do Cimi, 7/5/5<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: COMEXATIBA (ALDEIA CAHY)<<strong>br</strong> />

POVO: PATAXÓ<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Danos ao patrimônio<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Pistoleiros atacaram a aldeia, destruindo e queimando<<strong>br</strong> />

casas, inclusive barracas de venda de artesanato e um centro<<strong>br</strong> />

cultural indígena. Conforme o indígena Xawã, depois de<<strong>br</strong> />

atearem fogo, saíram dando tiros pela avenida que corta<<strong>br</strong> />

a aldeia. Segundo informações da Funai, o ataque aconteceu<<strong>br</strong> />

na área da comunidade que é pretendida por uma<<strong>br</strong> />

pessoa de nome Catarina, dona de um hotel construído<<strong>br</strong> />

indevidamente dentro da terra indígena. Os limites dessa<<strong>br</strong> />

terra foram identificados, delimitados e aprovados pela<<strong>br</strong> />

Funai, conforme despacho publicado no DOU no dia 27 de<<strong>br</strong> />

julho de <strong>2015</strong>. Os indígenas entendem que esses ataques<<strong>br</strong> />

são represálias criminosas ao reconhecimento oficial do<<strong>br</strong> />

seu direito à terra. Houve uma denúncia de que na semana<<strong>br</strong> />

do despacho pistoleiros e supostos policiais atacaram a<<strong>br</strong> />

escola indígena.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cedefes, 13/8/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Incêndios criminosos foram realizados com o objetivo de facilitar a<<strong>br</strong> />

retirada ilegal da madeira<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 66


Capítulo I<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA O PATRIMÔNIO<<strong>br</strong> />

MS<<strong>br</strong> />

10 Casos<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ÑHANDERU MARANGATU<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Conflito fundiário<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Atentados, ameaças e provocações fizeram parte da<<strong>br</strong> />

rotina dos indígenas Guarani e Kaiowá do tekoha – lugar<<strong>br</strong> />

onde se é – Ñhanderu Marangatu, no município de Antônio<<strong>br</strong> />

João. No dia 29 de novem<strong>br</strong>o, um fazendeiro e capangas<<strong>br</strong> />

chegaram atirando so<strong>br</strong>e os acampamentos instalados em<<strong>br</strong> />

áreas de fazendas retomadas. A agressão ocorreu exatos três<<strong>br</strong> />

meses depois da morte de Semião Vilhalva, em 29 de agosto.<<strong>br</strong> />

Os ataques tiveram início após a saída do Exército da região,<<strong>br</strong> />

menos de um mês depois do assassinato. “Quando entraram<<strong>br</strong> />

atirando no acampamento, foram direto pro barraco do<<strong>br</strong> />

Loretito. Parece que ele é o alvo. Governo precisa tomar<<strong>br</strong> />

providência. Fazendeiro sabe que ele é liderança importante<<strong>br</strong> />

pra gente aqui”, denuncia o Guarani e Kaiowá ouvido.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Assessoria de Comunicação do Cimi, 2/12/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KURUSU AMBÁ<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Conflito fundiário<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Duas crianças Guarani e Kaiowá ficaram desaparecidas<<strong>br</strong> />

por nove dias após um ataque paramilitar realizado contra<<strong>br</strong> />

uma retomada em Kurusu Ambá. O presidente da Comissão<<strong>br</strong> />

de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal,<<strong>br</strong> />

deputado Paulo Pimenta, esteve nas áreas retomadas pelos<<strong>br</strong> />

Guarani e Kaiowá no cone sul do estado e confirmou o desaparecimento<<strong>br</strong> />

das duas crianças após o atentado realizado<<strong>br</strong> />

por 30 indivíduos armados. Enquanto eram atacados a tiros,<<strong>br</strong> />

os cerca de 60 indígenas do acampamento se dispersaram,<<strong>br</strong> />

em fuga. Na correria, as crianças G.M, de 11 anos, e D.P, de<<strong>br</strong> />

10 anos, desapareceram.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Assessoria de Comunicação do Cimi, 25/6/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KURUSU AMBÁ<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Conflito fundiário<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Homens armados fizeram vários ataques ao acampamento<<strong>br</strong> />

Guarani e Kaiowá localizado no interior do tekoha<<strong>br</strong> />

– lugar onde se é – Kurusu Ambá, entre os municípios de<<strong>br</strong> />

Coronel Sapucaia e Amambai. Conforme lideranças indígenas,<<strong>br</strong> />

os indivíduos também ameaçaram verbalmente a comunidade<<strong>br</strong> />

falando em espanhol ou Guarani – idiomas oficiais do<<strong>br</strong> />

Paraguai, sendo a língua tradicional falada habitualmente<<strong>br</strong> />

por não-índios. As ofensivas passaram a ser registradas pelos<<strong>br</strong> />

indígenas ao menos há 30 dias e sempre com os pistoleiros<<strong>br</strong> />

procurando pela liderança indígena Eliseu Guarani e Kaiowá.<<strong>br</strong> />

O acampamento está em uma área retomada. “Dizem assim<<strong>br</strong> />

pra gente, em Guarani: ‘Eu vou matar qualquer um se não<<strong>br</strong> />

sair daqui. Vamos matar homens. Se continuar, vamos matar<<strong>br</strong> />

criança e depois mulheres grávidas. Vamos caçar índio igual<<strong>br</strong> />

bicho’. Assim mesmo”, declarou uma liderança ouvida.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Assessoria de Comunicação do Cimi, 15/12/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: MBARAKA’Y<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Conflito fundiário<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Um grupo de famílias Guarani e Kaiowá ocupou uma<<strong>br</strong> />

pequena porção de mata, menos de um hectare, no território<<strong>br</strong> />

indígena Iguatemipeguá I. Ocupado por aproximadamente 20<<strong>br</strong> />

pessoas, sendo a maioria anciãos e crianças, a área pertence<<strong>br</strong> />

ao tekoha Mbaraka’y. Os indígenas entraram no terreno<<strong>br</strong> />

com o intuito de acessar os direitos humanos mais básicos:<<strong>br</strong> />

água, comida, remédios naturais e um pouco de paz. Não<<strong>br</strong> />

se tratava de uma retomada. Mesmo assim, o grupo acabou<<strong>br</strong> />

atacado e torturado por pistoleiros fortemente armados e<<strong>br</strong> />

organizados num bando. Entre lágrimas e desespero, os indígenas<<strong>br</strong> />

relataram que após um ataque inicial efetuado por<<strong>br</strong> />

meio de disparos com armas letais, os indígenas - crianças,<<strong>br</strong> />

jovens, homens e mulheres, so<strong>br</strong>etudo anciãos - sofreram<<strong>br</strong> />

tortura e espancamentos. Relataram ainda que apanharam<<strong>br</strong> />

indiscriminadamente, golpeados com coronhas de armas e<<strong>br</strong> />

agredidos com socos e pontapés. Uma jovem teria tido o<<strong>br</strong> />

cabelo arrancado enquanto as mulheres idosas suplicavam<<strong>br</strong> />

de joelhos pela vida do grupo ao “capanga chefe”, como os<<strong>br</strong> />

indígenas o denominaram. Após horas de terror, os indígenas<<strong>br</strong> />

ainda afirmaram que alguns idosos tiveram seus tornozelos<<strong>br</strong> />

que<strong>br</strong>ados antes do grupo ser expulso do local e ter o acampamento<<strong>br</strong> />

incendiado. Os indígenas, então, caminharam um<<strong>br</strong> />

longo trecho até a rodovia. Já na estrada, carros começaram a<<strong>br</strong> />

circular ameaçando novamente o grupo que, amedrontado e<<strong>br</strong> />

desnorteado, se escondeu no mato para esperar o amanhecer.<<strong>br</strong> />

Quando pela manhã foram encontrados por servidores da<<strong>br</strong> />

Operação Guarani Funai, já haviam percorrido quilômetros<<strong>br</strong> />

em direção à aldeia de Limão Verde, município de Amambai,<<strong>br</strong> />

e estavam extremamente fragilizados. O tekoha Mbaraka’y<<strong>br</strong> />

foi identificado pela Funai como de ocupação tradicional dos<<strong>br</strong> />

Guarani e Kaiowá (Seção 1 do Diário Oficial da União – 8<<strong>br</strong> />

de janeiro de 2013).<<strong>br</strong> />

Com informações de: Assessoria de Comunicação do Cimi, 16/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: POTRERO GUASU<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI NHANDEVA<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Conflito fundiário<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Um ataque contra a comunidade do tekoha Potrero<<strong>br</strong> />

Guasu deixou três Guarani Ñhandeva feridos a tiros de arma de<<strong>br</strong> />

fogo. O cacique Elpídeo Pires foi alvejado na perna esquerda,<<strong>br</strong> />

Meterio Morales no <strong>br</strong>aço e Celso Benites recebeu três tiros<<strong>br</strong> />

nas costas. “O ataque começou e eu estava a uns 100 metros<<strong>br</strong> />

da nossa área sagrada de reza. Tinha um grupo de fazendeiro.<<strong>br</strong> />

Alguns deles atiraram contra a gente, então, eu fui atingido.<<strong>br</strong> />

Queriam matar eu. Essa tragédia, essa injustiça. O fazendeiro<<strong>br</strong> />

judia do índio, massacra a gente. Sinto vergonha. Governo<<strong>br</strong> />

parece dizer: ‘isso, mata e ataca esses índios. Vamos ver se<<strong>br</strong> />

desistem’. Eu digo que não vamos desistir não. Morre tudo<<strong>br</strong> />

aqui, pede pra Funai trazer caixão”, relatou Elpídeo.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Assessoria de Comunicação do Cimi, 19/9/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: PYELLITO KUE<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Conflito fundiário<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Pistoleiros atacaram a comunidade Guarani e Kaiowá<<strong>br</strong> />

do tekoha – lugar onde se é – Pyellito Kue/Mbaraka’y. Poucas<<strong>br</strong> />

horas antes, contam as lideranças indígenas, capangas<<strong>br</strong> />

avisaram que “todos seriam mortos”. De acordo com as<<strong>br</strong> />

lideranças, dez indígenas ficaram feridos, incluindo uma<<strong>br</strong> />

gestante e um rezador. Como em Ñhanderu Marangatu, os<<strong>br</strong> />

Guarani e Kaiowá denunciam o uso de balas de borracha no<<strong>br</strong> />

ataque, classificadas como de uso restrito, além das habituais<<strong>br</strong> />

armas de fogo.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Assessoria de Comunicação do Cimi, 18/9/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

67<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo I<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA O PATRIMÔNIO<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: GUYRA KAMBY’I<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Conflito fundiário<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Fazendeiros desferiram ataque contra o grupo Guarani<<strong>br</strong> />

e Kaiowá do tekoha Guyra Kambi’y, localizado entre<<strong>br</strong> />

os municípios de Douradina e Itaporã, distante cerca de<<strong>br</strong> />

30 km de Dourados. O fato ocorreu apenas cinco dias<<strong>br</strong> />

após a investida criminosa organizada por fazendeiros,<<strong>br</strong> />

parlamentares e sindicalistas rurais contra a terra indígena<<strong>br</strong> />

de Ñhanderu Marangatu, no município de Antônio João,<<strong>br</strong> />

que culminou com o assassinato de Semião Vilhalva, 24<<strong>br</strong> />

anos. Sob a chuva de tiros advindos de uma milícia rural,<<strong>br</strong> />

os indígenas se esconderam como puderam em pequenas<<strong>br</strong> />

picadas de mato. Guyra Kambi’y é um tekoha localizado<<strong>br</strong> />

dentro do território indígena de Lagoa Rica/Panambi, com<<strong>br</strong> />

extensão de 12.169 hectares, devidamente identificado,<<strong>br</strong> />

delimitado e reconhecido pelo Estado <strong>br</strong>asileiro, através<<strong>br</strong> />

da portaria nº 524, da Funai, de 12 de dezem<strong>br</strong>o de 2012.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Assessoria de Comunicação do Cimi, 3/9/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ÑHANDERU MARANGATU<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Conflito fundiário<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Indígenas Guarani e Kaiowá denunciaram o ataque<<strong>br</strong> />

de fazendeiros e pistoleiros a uma das áreas retomadas na<<strong>br</strong> />

Terra Indígena Ñhanderu Marangatu. Procuradores do MPF<<strong>br</strong> />

confirmaram a informação. A Força Nacional se deslocou<<strong>br</strong> />

para o foco do ataque. Todas as áreas retomadas pelos indígenas<<strong>br</strong> />

estão dentro dos 9.300 hectares da terra indígena<<strong>br</strong> />

homologada em 2005.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Conselho Indigenista Missionário, 31/8/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: CACHOEIRINHA<<strong>br</strong> />

POVO: TERENA<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Conflito fundiário<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Jolinel Leôncio Terena, seu irmão Josimar e mais alguns<<strong>br</strong> />

indígenas trabalhavam em um roçado, dentro dos limites<<strong>br</strong> />

da Terra Indígena Cachoeirinha, quando foram surpreendidos<<strong>br</strong> />

a tiros por indivíduos que estavam dentro de uma<<strong>br</strong> />

caminhonete modelo Hilux, de cor <strong>br</strong>anca. Jolinel Leôncio<<strong>br</strong> />

foi baleado na parte lateral do corpo. Os indígenas foram<<strong>br</strong> />

à delegacia de polícia para registrar boletim de ocorrência,<<strong>br</strong> />

porém denunciam que os policias relutaram em fazê-lo.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Mato Grosso do Sul, 29/5/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: SANTIAGO KUE/KURUPI<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Conflito fundiário<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Segundo denúncia realizada junto ao MPF, um jovem<<strong>br</strong> />

Kaiowá de 17 anos foi sequestrado por um grupo armado,<<strong>br</strong> />

nas imediações de Naviraí, e submetido a sessões de tortura<<strong>br</strong> />

– espancamentos e pressão psicológica. O indígena vive em<<strong>br</strong> />

acampamentos que compõem a Terra Indígena Santiago<<strong>br</strong> />

Kue, localizados às margens da BR-163, no trecho que liga as<<strong>br</strong> />

cidades de Juti e Naviraí. O ocorrido reforça a existência de<<strong>br</strong> />

milícias armadas com o intuito de atacar as comunidades<<strong>br</strong> />

indígenas e suas lideranças, com finalidade de impedir<<strong>br</strong> />

os indígenas de terem acesso a seus territórios tradicionais,<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>etudo aqueles já demarcados ou identificados<<strong>br</strong> />

pela Funai.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Mato Grosso do Sul, 19/2/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

RS<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: IRAPUÁ<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI MBYA<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Remoção da comunidade indígena<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A Terra Indígena Irapuá, localizada no município de Caçapava<<strong>br</strong> />

do Sul, foi identificada e delimitada pela Funai em 2011<<strong>br</strong> />

e desde então a comunidade indígena aguarda a publicação<<strong>br</strong> />

da Portaria Declaratória pelo Ministério da Justiça. Como há<<strong>br</strong> />

forte oposição à demarcação, inclusive por parte do governo<<strong>br</strong> />

estadual, a comunidade passou a ser pressionada a abandonar o<<strong>br</strong> />

local onde estava acampada, às margens da BR-290, no km 299.<<strong>br</strong> />

Depois de muitas pressões e com medo de possíveis investidas<<strong>br</strong> />

de fazendeiros contrários à demarcação da terra, os Guarani<<strong>br</strong> />

foram removidos de seu acampamento para uma área a mais<<strong>br</strong> />

de 60 km da terra identificada pela Funai.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Sul<<strong>br</strong> />

RO<<strong>br</strong> />

2 Casos<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KARITIANA<<strong>br</strong> />

POVO: KARITIANA<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Extração ilegal de madeira<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Frequentemente fazendeiros e madeireiros retiram madeira<<strong>br</strong> />

da terra objeto de demarcação. Questionados pelo cacique e<<strong>br</strong> />

pelas lideranças, eles afirmaram que continuarão a fazê-lo e que<<strong>br</strong> />

se houver denúncia por parte dos indígenas acabarão com o<<strong>br</strong> />

povo da aldeia, nas palavras deles “vocês já perderam a terra”.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Rondônia<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KARITIANA<<strong>br</strong> />

POVO: KARITIANA<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Conflito fundiário<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Segundo denúncias, a comunidade vem sofrendo pressões<<strong>br</strong> />

de fazendeiros para deixar a área retomada (Aldeia Joari).<<strong>br</strong> />

No final de março de <strong>2015</strong>, em reunião com o MPF, algumas<<strong>br</strong> />

lideranças e fazendeiros teriam assinado um acordo para deixar<<strong>br</strong> />

a área retomada, para que recebessem algum benefício do<<strong>br</strong> />

Consórcio Santo Antônio Energia, concessionária responsável<<strong>br</strong> />

pela Usina Hidrelétrica Santo Antônio. As lideranças também<<strong>br</strong> />

denunciam que um fazendeiro estaria impedindo a passagem<<strong>br</strong> />

da comunidade, atentando contra o direito de ir e vir, ameaçando<<strong>br</strong> />

mem<strong>br</strong>os da associação e causando conflitos internos<<strong>br</strong> />

na comunidade.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Rondônia<<strong>br</strong> />

SC<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: MORRO DOS CAVALOS<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI MBYA<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Invasão possessória<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A Terra Indígena Morro dos Cavalos foi alvo de nova invasão.<<strong>br</strong> />

Desta vez, um grupo de pessoas ocupou a área declarada<<strong>br</strong> />

pelo ministro da Justiça em 2008, expulsou as famílias Guarani<<strong>br</strong> />

e se apossou de suas casas. O ato criminoso foi estimulado<<strong>br</strong> />

pelas incitações de parlamentares que defendem, através dos<<strong>br</strong> />

meios de comunicação e nas tribunas, a ocupação das áreas<<strong>br</strong> />

reivindicadas pelos povos indígenas. propagam ainda que isso<<strong>br</strong> />

pode ser feito inclusive com o uso da força. A invasão, que em<<strong>br</strong> />

princípio poderia ser interpretada como um ato de protesto<<strong>br</strong> />

de ocupantes de má-fé da terra indígena, converte-se em ato<<strong>br</strong> />

estratégico do agronegócio e de setores empresariais que estão<<strong>br</strong> />

agindo articuladamente para reduzir os direitos indígenas, via<<strong>br</strong> />

Congresso Nacional.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Sul, 2/11/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 68


Capítulo I<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA O PATRIMÔNIO<<strong>br</strong> />

Invasões possessórias, exploração ilegal de<<strong>br</strong> />

recursos naturais e danos diversos ao patrimônio<<strong>br</strong> />

Em <strong>2015</strong> o Conselho Indigenista Missionário (Cimi)<<strong>br</strong> />

registrou 55 casos relativos a invasões possessórias,<<strong>br</strong> />

exploração ilegal de recursos naturais e danos diversos<<strong>br</strong> />

ao patrimônio, nos estados de Alagoas (1), Amazonas (6),<<strong>br</strong> />

Espírito Santo (1), Maranhão (18), Mato Grosso (3), Mato<<strong>br</strong> />

Grosso do Sul (2), Pará (12), Rondônia (5), Roraima (3),<<strong>br</strong> />

Santa Catarina (2), São Paulo (1) e Tocantins (1).<<strong>br</strong> />

Os tipos de danos e/ou ataques so<strong>br</strong>e os territórios<<strong>br</strong> />

indígenas que mais apareceram em <strong>2015</strong> foram: invasões;<<strong>br</strong> />

desmatamento; destruição de patrimônio; exploração ilegal<<strong>br</strong> />

de recursos naturais; contaminação de rio; queimadas e<<strong>br</strong> />

incêndios; caça ilegal; e contaminação por agrotóxico;<<strong>br</strong> />

dentre outras ações que atingiram terras indígenas.<<strong>br</strong> />

O maior desastre ambiental da história <strong>br</strong>asileira atingiu<<strong>br</strong> />

três povos indígenas em dois estados: os Tupiniquim e os<<strong>br</strong> />

Guarani, no Espírito Santo, e os Krenak, em Minas Gerais.<<strong>br</strong> />

No Espírito Santo, os rejeitos da mineração da barragem<<strong>br</strong> />

Fundão, da Samarco, que rompeu no dia 5 de novem<strong>br</strong>o de<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong>, chegaram à Lagoa Monsarás, no distrito de Povoação,<<strong>br</strong> />

em Linhares. Desde então o povo indígena ficou impedido<<strong>br</strong> />

de exercer a pesca tradicional, sua principal atividade de<<strong>br</strong> />

subsistência. A lagoa sempre foi utilizada para a produção<<strong>br</strong> />

e reprodução de peixes e a irrigação de pastagens. As lideranças<<strong>br</strong> />

denunciaram que a lama prejudica não só todo o<<strong>br</strong> />

território indígena localizado no município de Aracruz,<<strong>br</strong> />

que a<strong>br</strong>ange nove aldeias, como os rios e o mar, o que<<strong>br</strong> />

acabou com as áreas de pesca. Os indígenas também estão<<strong>br</strong> />

impedidos de catar mariscos e de retirar o sustento dos<<strong>br</strong> />

rios que compreendem a bacia do Rio Doce.<<strong>br</strong> />

Em Minas Gerais, o rompimento dessa barragem<<strong>br</strong> />

impactou severamente o povo Krenak que, devido ao<<strong>br</strong> />

fato da sua história de vida se confundir com o próprio<<strong>br</strong> />

rio, já foram chamados de “Índios do Rio Doce”. O povo<<strong>br</strong> />

vive o desespero de ter sido atingido diretamente pelo<<strong>br</strong> />

maior crime ambiental da história do Brasil. Segundo<<strong>br</strong> />

Itamar Krenak, “o nosso rio tá hoje numa situação que<<strong>br</strong> />

não deveria estar por causa das pessoas que pensam no<<strong>br</strong> />

progresso, que pensam no futuro... Um progresso que está<<strong>br</strong> />

detonando o povo, que destrói, que não tem futuro. Matou<<strong>br</strong> />

nossos peixes, matou nosso rio, as nossas caças. Tá tudo<<strong>br</strong> />

comprometido. Não temos mais isso. E a nossa ligação com<<strong>br</strong> />

o rio, a parte religiosa, social espiritual, ela é importante e<<strong>br</strong> />

esta parte foi detonada, foi tudo impactado” .Para serem<<strong>br</strong> />

minimamente ouvidos, os Krenak tiveram de paralisar a<<strong>br</strong> />

ferrovia da Vale, uma das controladoras da Samarco, que<<strong>br</strong> />

corta a terra indígena.<<strong>br</strong> />

Francisco Gamela<<strong>br</strong> />

69<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo I<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA O PATRIMÔNIO<<strong>br</strong> />

Já os povos indígenas do Maranhão, que contam com<<strong>br</strong> />

áreas de florestas em suas terras, continuaram sendo alvos<<strong>br</strong> />

de invasões, desmatamentos, exploração ilegal de recursos,<<strong>br</strong> />

além de ações criminosas, como foram os incêndios nas<<strong>br</strong> />

terras Arariboia, dos povos Awá e Guajajara; e Alto Turiaçu,<<strong>br</strong> />

dos povos Awá, Ka’apor, Tembé, Timbira e Urubu Ka’apor. No<<strong>br</strong> />

caso da Terra Indígena Arariboia, as queimadas destruíram<<strong>br</strong> />

mais de 200 mil hectares de floresta, o que corresponde a<<strong>br</strong> />

mais da metade do território tradicional, por cerca de dois<<strong>br</strong> />

meses. Ações para conter o fogo só foram iniciadas após<<strong>br</strong> />

um mês do início das queimadas. Além disso, não havia<<strong>br</strong> />

recursos nem mesmo para a alimentação de <strong>br</strong>igadistas<<strong>br</strong> />

que atuavam no combate aos incêndios.<<strong>br</strong> />

No dia 16 de outu<strong>br</strong>o, até mesmo agentes do Instituto<<strong>br</strong> />

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis<<strong>br</strong> />

(Ibama), que combatiam o incêndio, foram alvo das<<strong>br</strong> />

ações criminosas dos madeireiros. Em uma emboscada, o<<strong>br</strong> />

chefe de fiscalização do órgão ambiental, Roberto Ca<strong>br</strong>al,<<strong>br</strong> />

foi baleado no <strong>br</strong>aço e classificou o atentado como tentativa<<strong>br</strong> />

de homicídio. Para o Ibama, o atentado foi realizado por<<strong>br</strong> />

madeireiros que exploram a mata da reserva de forma ilegal.<<strong>br</strong> />

O órgão também declarou que o incêndio foi criminoso.<<strong>br</strong> />

Em outu<strong>br</strong>o, cerca de 250 <strong>br</strong>igadistas atuaram para conter<<strong>br</strong> />

uma linha de fogo que chegou a ter 100 quilômetros de<<strong>br</strong> />

extensão. Em outu<strong>br</strong>o, o governo do Maranhão declarou<<strong>br</strong> />

situação de emergência em 11 terras indígenas no estado.<<strong>br</strong> />

Além de Arariboia e Alto Turiaçu, a situação se estendeu às<<strong>br</strong> />

terras indígenas Geralda Toco Preto, Cana<strong>br</strong>ava Guajajara,<<strong>br</strong> />

Governador, Krikati, Lagoa Comprida, Bacurizinho, Urucu,<<strong>br</strong> />

Juruá, Porquinhos e Kanela.<<strong>br</strong> />

INVASÕES POSSESSÓRIAS, EXPLORAÇÃO ILEGAL DE RECURSOS NATURAIS<<strong>br</strong> />

E DANOS DIVERSOS AO PATRIMÔNIO<<strong>br</strong> />

55 Casos<<strong>br</strong> />

AL<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: XUKURU-KARIRI<<strong>br</strong> />

POVO: XUKURU-KARIRI<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Contaminação; exploração de água<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A comunidade indígena denuncia que o fazendeiro vem<<strong>br</strong> />

contaminando com agrotóxicos a água que a comunidade<<strong>br</strong> />

consome. Relata também o desmatamento realizado pelo<<strong>br</strong> />

fazendeiro próximo à nascente para a pastagem do gado.<<strong>br</strong> />

Segundo eles, a<<strong>br</strong> />

prioridade é a recuperação da vegetação local.<<strong>br</strong> />

Com informações de: MPF, 25/11/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

AM<<strong>br</strong> />

6 Casos<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KAXARARI<<strong>br</strong> />

POVO: KAXARARI<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Extração ilegal de madeira<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Fiscais do Ibama apreenderam 100 m3 de madeira no<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

e um caminhão carregado, em um desmatamento ilegal<<strong>br</strong> />

na terra indígena. No caminhão havia plaquetas utilizadas<<strong>br</strong> />

para identificar tocos e toras de áreas de planos de manejo<<strong>br</strong> />

florestal, o que indica um esquema de “esquentamento” das<<strong>br</strong> />

madeiras provenientes da terra Indígena, encaminhadas às<<strong>br</strong> />

serrarias da região.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Ecodebate, 6/4/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: SISSAIMA<<strong>br</strong> />

POVO: MURA<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Invasão<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A terra indígena foi invadida, desmatada e depredada.<<strong>br</strong> />

A ação foi uma das mais agressivas, com mais de 200 hectares<<strong>br</strong> />

de floresta desmatados dentro do território ancestral para<<strong>br</strong> />

a formação de uma fazenda. A comunidade se posicionou<<strong>br</strong> />

contra e denunciou, mas as instituições públicas responsáveis<<strong>br</strong> />

não tomaram providências para reprimir os crimes ambientais<<strong>br</strong> />

e garantir a proteção das terras indígenas.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Norte I<<strong>br</strong> />

TERRAS INDÍGENAS: VÁRIAS<<strong>br</strong> />

POVO: MURA<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Invasão<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A terra Indígena tem sido frequentemente invadida,<<strong>br</strong> />

desmatada e depredada. Frente à omissão dos órgãos competentes,<<strong>br</strong> />

os invasores estão avançando so<strong>br</strong>e o território<<strong>br</strong> />

ancestral, aliciando os indígenas para o trabalho de desmatamento,<<strong>br</strong> />

destruindo castanhais de uso das comunidades e áreas<<strong>br</strong> />

de coleta de outros produtos. O gado dos invasores, criado de<<strong>br</strong> />

forma extensiva, invade as plantações indígenas, inviabilizando<<strong>br</strong> />

a agricultura tradicional. O Ibama e a Funai fizeram vistorias<<strong>br</strong> />

nas áreas atingidas e alguns agressores chegaram a ser autuados<<strong>br</strong> />

e multados, mas as ações não surtem efeitos duradouros. Tão<<strong>br</strong> />

logo os órgãos se retiram os crimes continuam, muitas vezes<<strong>br</strong> />

seguidos de intimidação dos denunciantes e acusação, junto<<strong>br</strong> />

à Funai e a outros órgãos, de que são os indígenas que estão<<strong>br</strong> />

desmatando. Não são tomadas providências para a retirada<<strong>br</strong> />

dos invasores das áreas demarcadas e, além disso, a morosidade<<strong>br</strong> />

em concluir os procedimentos para a regularização encorajam<<strong>br</strong> />

novas invasões e outras agressões.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Norte I; Comunidade/ OLIMCV<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: GUAPENU<<strong>br</strong> />

POVO: MURA<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Desmatamento<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O desmatamento foi realizado em uma área de uso<<strong>br</strong> />

das comunidade, que está em estudo para a demarcação. O<<strong>br</strong> />

desmatamento não teve autorização dos órgãos ambientais<<strong>br</strong> />

competentes e atinge Áreas de Preservação Permanente (APP),<<strong>br</strong> />

de acordo com a legislação ambiental, em especial mata ciliar.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Norte Regional I; Aldeia Muyray<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ALDEIA TUCANO<<strong>br</strong> />

POVOS: MADIJA-KULINA e TUKANO<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Destruição do patrimônio<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A comunidade indígena, de 80 pessoas, foi vítima de<<strong>br</strong> />

uma invasão por um morador da cidade Uarimi, que ateou<<strong>br</strong> />

fogo em uma área pertencente à terra reivindicada pelo povo.<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 70


Capítulo I<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA O PATRIMÔNIO<<strong>br</strong> />

A queimada atingiu as roças e plantações de açaí, pupunha e<<strong>br</strong> />

outras árvores frutíferas cultivadas pelas famílias. Os indígenas<<strong>br</strong> />

buscaram o diálogo para que o acusado não fizesse a queimada,<<strong>br</strong> />

mas não foram ouvidos. Além do prejuízo com a destruição das<<strong>br</strong> />

plantações, houve o desmatamento da área verde preservada<<strong>br</strong> />

pelos moradores da aldeia. A comunidade também denuncia<<strong>br</strong> />

as ações de um microempresário do município que retira<<strong>br</strong> />

madeira de lei, como acapú, cedro, castanheira e outras, de<<strong>br</strong> />

dentro da terra indígena para comercialização. Mesmo com<<strong>br</strong> />

toda a fiscalização e os pedidos dos moradores da aldeia, o<<strong>br</strong> />

acusado não respeita a natureza do território indígena.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Norte I - Equipe Tefé, 10/11/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ITIXI MITARI<<strong>br</strong> />

POVO: APURINÃ<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Exploração ilegal de recursos naturais<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Lideranças denunciam a invasão da terra indígena por<<strong>br</strong> />

madeireiros, posseiros e pescadores para cortar madeira,<<strong>br</strong> />

fazer roçado e pesca ilegal. Uma tenda foi construída para a<<strong>br</strong> />

venda de peixe na entrada do Lago do Jenipapo, onde está<<strong>br</strong> />

a comunidade da Aldeia São Raimundo. Os indígenas são<<strong>br</strong> />

ameaçados quando advertem so<strong>br</strong>e a ilegalidade dos invasores.<<strong>br</strong> />

Além disso, estes entraram na Justiça com uma ação<<strong>br</strong> />

de posse de terra contra o tuxaua da Aldeia São Raimundo.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Norte I; Lideranças indígenas<<strong>br</strong> />

ES<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: TUPINIQUIM<<strong>br</strong> />

POVOS: GUARANI e TUPINIKIM<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Inundação de lama de mineração<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Os rejeitos de mineração da Samarco, cuja barragem<<strong>br</strong> />

Fundão rompeu, chegaram à Lagoa Monsarás, no distrito de<<strong>br</strong> />

Povoação, em Linhares. Desde então o povo indígena está impedido<<strong>br</strong> />

de exercer a pesca tradicional, sua principal atividade<<strong>br</strong> />

de subsistência. A lagoa sempre foi utilizada para a produção<<strong>br</strong> />

e reprodução de peixes e a irrigação de pastagens. As lideranças<<strong>br</strong> />

ressaltam que a lama prejudica não só todo o território<<strong>br</strong> />

indígena de Aracruz, que a<strong>br</strong>ange nove aldeias, como os rios e<<strong>br</strong> />

o mar do município, o que acabou com as áreas de pesca. Os<<strong>br</strong> />

índios também estão impedidos de catar mariscos e de retirar<<strong>br</strong> />

o sustento dos rios que compreendem a bacia do Rio Doce.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Leste<<strong>br</strong> />

MA 18 Casos<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ALTO TURIAÇU<<strong>br</strong> />

POVO: KA’APOR<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Exploração ilegal de recursos naturais<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Foram apreendidos sete caminhões transportando<<strong>br</strong> />

madeira ilegal da área indígena. Segundo informações da<<strong>br</strong> />

polícia, duas pessoas chegaram a trocar tiros com os policiais<<strong>br</strong> />

durante a apreensão. Também foram apreendidas espingardas<<strong>br</strong> />

e motosserras.<<strong>br</strong> />

Com informações de: G1-MS, 3/8/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: GAMELA<<strong>br</strong> />

POVO: GAMELA<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Desmatamento<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Vários hectares de vegetação nativa com importantes<<strong>br</strong> />

espécies vegetais estão sendo desmatados e incendiados por<<strong>br</strong> />

invasores de um território reivindicado pelo povo Gamela.<<strong>br</strong> />

Essas espécies são utilizadas secularmente pelos indígenas,<<strong>br</strong> />

tanto para a alimentação como na confecção de artesanato.<<strong>br</strong> />

Além dos severos impactos se estenderem so<strong>br</strong>e os animais<<strong>br</strong> />

da região, os igarapés também estão sendo aterrados e os<<strong>br</strong> />

rios assoreados. Inaldo, liderança do seu povo, esclarece que<<strong>br</strong> />

o propósito dos fazendeiros é transformar a área em pasto<<strong>br</strong> />

para a criação de gado. Segundo informa uma carta-denúncia<<strong>br</strong> />

assinada por várias entidades, a destruição ambiental está<<strong>br</strong> />

sendo realizada sob a guarida de homens armados. Os indígenas<<strong>br</strong> />

informam, ainda, que diferentes invasores do território<<strong>br</strong> />

têm apresentado certidões cartoriais de uma mesma área, o<<strong>br</strong> />

que além de provocar uma situação de permanente conflito<<strong>br</strong> />

e ameaça contra o povo, configura-se numa clara violação<<strong>br</strong> />

dos direitos indígenas garantidos pela Constituição.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Assessoria de Comunicação do Cimi, 24/9/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ALTO TURIAÇU<<strong>br</strong> />

POVOS: AWÁ, KA’APOR, TEMBÉ, TIMBIRA e URUBU KA’APOR<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Destruição de floresta<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Os indígenas afirmam que após a morte de uma liderança,<<strong>br</strong> />

os conflitos vêm se intensificando e a situação atingiu um nível<<strong>br</strong> />

insustentável. Relatam que a terra indígena está sitiada por<<strong>br</strong> />

pistoleiros a mando dos madeireiros, ameaçando suas vidas<<strong>br</strong> />

e restringindo o direito da população indígena de ir e vir. Há<<strong>br</strong> />

suspeitas de que os invasores ateiam fogo na mata dentro<<strong>br</strong> />

dos limites da área indígena, ameaçando a so<strong>br</strong>evivência das<<strong>br</strong> />

famílias. A Justiça Federal havia determinado que a Funai<<strong>br</strong> />

e outros órgãos competentes apresentassem um plano de<<strong>br</strong> />

fiscalização para a área indígena e a instalação de postos de<<strong>br</strong> />

segurança, porém nada foi feito até o presente momento.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Canal Notícia, 27/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ARARIBOIA<<strong>br</strong> />

POVOS: AWÁ e GUAJAJARA<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Incêndio<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Uma queimada, que durou cerca de dois meses, devastou<<strong>br</strong> />

mais da metade da terra indígena. A região destruída equivale<<strong>br</strong> />

a mais de 200 mil hectares e trouxe grandes prejuízos aos<<strong>br</strong> />

indígenas, à fauna e à flora. Perderam-se roças e casas foram<<strong>br</strong> />

destruídas. A ajuda do Estado chegou após um mês do início<<strong>br</strong> />

do incêndio, com o envio de aeronaves e de 200 homens do<<strong>br</strong> />

Corpo de Bombeiros, do Ibama e do Exército para combater<<strong>br</strong> />

o fogo. Os órgãos envolvidos no combate ao fogo não conseguiam<<strong>br</strong> />

coordenar as ações, pois não havia recursos para atuar.<<strong>br</strong> />

Não havia dinheiro para custear nem mesmo a alimentação<<strong>br</strong> />

dos <strong>br</strong>igadistas. Ambientalistas e o próprio Ibama afirmam<<strong>br</strong> />

que o incêndio foi criminoso, , com o propósito de fazer uma<<strong>br</strong> />

retaliação, visto que a terra indígena é alvo de especulação.<<strong>br</strong> />

Mesmo com o incêndio é constante a invasão e presença de<<strong>br</strong> />

madeireiros na área, onde já ocorreram confrontos e vários<<strong>br</strong> />

assassinatos. Durante uma operação do Ibama para conter<<strong>br</strong> />

o incêndio dentro da terra indígena, os agentes do órgão<<strong>br</strong> />

ambiental sofreram um atentado realizado pelos madeireiros<<strong>br</strong> />

e um agente do Ibama foi baleado.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KANELA<<strong>br</strong> />

POVO: MEMORTUNRÉ-KANELA<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Danos ao meio ambiente<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A terra indígena sofre com os impactos da retirada de<<strong>br</strong> />

piçarra para pavimentar estradas construídas pela prefeitura<<strong>br</strong> />

de Fernando Falcão, em parceria com o governo do estado.<<strong>br</strong> />

Apesar das denúncias dos indígenas, a Funai não tem fiscalizado<<strong>br</strong> />

a área.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz<<strong>br</strong> />

71<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo I<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA O PATRIMÔNIO<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: PORQUINHOS - CANELA APÃNJEKRA<<strong>br</strong> />

POVO: KANELA APANIEKRA<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Extração ilegal de madeira, caça predatória<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A região onde está localizada a terra indígena está dentro<<strong>br</strong> />

da área onde está sendo implementado o Plano de Desenvolvimento<<strong>br</strong> />

Agropecuário Matopiba, considerada a última fronteira<<strong>br</strong> />

agrícola do país. A população sofre com o impacto direto do<<strong>br</strong> />

desmatamento do Cerrado e, consequentemente, com a seca<<strong>br</strong> />

dos rios e lagos. Os indígenas têm denunciado as invasões e<<strong>br</strong> />

os crimes ambientais aos órgãos competentes, mas a prática<<strong>br</strong> />

persiste. Além dessa situação, caçadores invadem a terra e matam<<strong>br</strong> />

animais para comercializarem a carne e ca<strong>pt</strong>uram animais<<strong>br</strong> />

vivos para o comércio ilegal. Agentes florestais indígenas têm<<strong>br</strong> />

intensificado a fiscalização e apreenderam carnes de animais<<strong>br</strong> />

silvestres e espingardas dentro do território indígena.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KRIKATI<<strong>br</strong> />

POVO: KRIKATI<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Extração ilegal de madeira, caça predatória<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A terra indígena sofre constantes invasões de madeireiros.<<strong>br</strong> />

Há perda da floresta e, como consequência, de animais.<<strong>br</strong> />

Além disso, caçadores invadem a terra indígena, matam<<strong>br</strong> />

animais para comercializar e ca<strong>pt</strong>uram animais vivos para<<strong>br</strong> />

o comércio ilegal. Os indígenas denunciaram à Funai mas o<<strong>br</strong> />

órgão não tomou as medidas cabíveis. Os próprios indígenas<<strong>br</strong> />

passaram a fazer a fiscalização, expondo-se a riscos, ameaças<<strong>br</strong> />

e à própria morte.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KANELA<<strong>br</strong> />

POVO: KANELA<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Caça ilegal<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Moradores de povoados vizinhos à terra indígena invadem<<strong>br</strong> />

diariamente a área, matam animais para comercializar<<strong>br</strong> />

a carne e ca<strong>pt</strong>uram espécies vivas para o comércio ilegal.<<strong>br</strong> />

Agentes florestais indígenas fiscalizaram o local e apreenderam<<strong>br</strong> />

carnes de animais silvestres e espingardas dentro do<<strong>br</strong> />

território indígena.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ARARIBOIA<<strong>br</strong> />

POVO: GUAJAJARA<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Caça ilegal<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A prática de caça e ca<strong>pt</strong>ura de animais silvestres, para<<strong>br</strong> />

comercialização da carne, ou de animais vivos, para o tráfico,<<strong>br</strong> />

é constante na terra indígena. Os indígenas têm apreendido<<strong>br</strong> />

espingardas e carnes de caça. Não há fiscalização e nem repressão<<strong>br</strong> />

do Estado para o combate a essas ações criminosas.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: GERALDA/TOCO PRETO<<strong>br</strong> />

POVO: TIMBIRA<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Exploração ilegal de recursos naturais<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Madeireiros invadem a terra indígena com motosserras,<<strong>br</strong> />

caminhões, tratores e a<strong>br</strong>em estradas para puxar toras,<<strong>br</strong> />

destruindo madeiras no<strong>br</strong>es, dentre outras. Os invasores<<strong>br</strong> />

também provocam incêndios, destruindo parte da mata e<<strong>br</strong> />

causando a morte de animais. Há ainda a prática da caça ilegal<<strong>br</strong> />

de animais silvestres para a venda da carne e de animais vivos.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: BACURIZINHO<<strong>br</strong> />

POVO: GUAJAJARA<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Extração ilegal de madeira<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Madeireiros a<strong>br</strong>em estradas no interior da terra indígena<<strong>br</strong> />

para a retirada da madeira, provocando severos prejuízos<<strong>br</strong> />

sociais e ambientais.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ARARIBOIA<<strong>br</strong> />

POVO: GUAJAJARA<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Contaminação por agrotóxico<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Os indígenas denunciaram ao Ministério Público Federal<<strong>br</strong> />

que um fazendeiro instalou um sistema de ca<strong>pt</strong>ação de água do<<strong>br</strong> />

Rio Buriticupu para irrigar sua plantação de milho, que utiliza<<strong>br</strong> />

agrotóxicos. A comunidade teme o envenenamento da água.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: VÁRIAS<<strong>br</strong> />

POVOS: AWÁ e ISOLADOS<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Extração ilegal de madeira<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Indígenas sem contato com a sociedade envolvente<<strong>br</strong> />

têm sofrido por conta das invasões de madeireiros dentro<<strong>br</strong> />

dos territórios que perambulam. Além disso, essa situação<<strong>br</strong> />

ocasiona a diminuição de animas para a caça e produtos<<strong>br</strong> />

para coleta.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KANELA<<strong>br</strong> />

POVO: MEMORTUNRÉ-KANELA<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Construção e pavimentação de estradas<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A terra indígena sofre com os impactos da construção<<strong>br</strong> />

da estrada que liga o povoado Leandro ao povoado Pau<<strong>br</strong> />

Grosso, que passa dentro da aldeia. Construída pela prefeitura<<strong>br</strong> />

de Fernando Falcão e pelo governo do estado, a estrada foi<<strong>br</strong> />

feita sem os estudos necessários e a comunidade sequer foi<<strong>br</strong> />

ouvida. A pressão so<strong>br</strong>e a terra indígena se intensificou com<<strong>br</strong> />

o aumento de caçadores e a passagem de não índios. Não há<<strong>br</strong> />

fiscalização dos órgãos competentes.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ALTO TURIAÇU<<strong>br</strong> />

POVO: KA’APOR<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Extração ilegal de madeira<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Dois indígenas da Aldeia Waxigyrenda procuraram<<strong>br</strong> />

lideranças Ka´apor para avisá-los de que um madeireiro<<strong>br</strong> />

estava retirando madeira dentro da terra indígena, durante<<strong>br</strong> />

a madrugada, na área da quadra 50 ou Cinquentinha. A<<strong>br</strong> />

exploração madeireira tem se intensificado na região, sem<<strong>br</strong> />

que os órgãos de fiscalização tomem qualquer medida para<<strong>br</strong> />

coibir esta prática criminosa.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão; Indígenas Ka´apor<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ALTO TURIAÇU<<strong>br</strong> />

POVOS: AWÁ e KA’APOR<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Extração ilegal de madeira<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Os indígenas denunciaram que mais três ramais fechados<<strong>br</strong> />

por eles em ações de proteção ao seu território foram reabertos<<strong>br</strong> />

por madeireiros. Estes estão escoltados por pistoleiros nas<<strong>br</strong> />

áreas adjacentes aos municípios de Zé Doca, Nova Olinda e<<strong>br</strong> />

Centro do Guilherme. O roubo da madeira, em toras e estacas,<<strong>br</strong> />

ocorre durante as madrugadas.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão; Comunidade indígena<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 72


Capítulo I<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA O PATRIMÔNIO<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ALTO TURIAÇU<<strong>br</strong> />

POVOS: AWÁ e KA’APOR<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Incêndio<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Em represália às atividades de fiscalização e vigilância<<strong>br</strong> />

realizadas pelos indígenas, que arriscam suas vidas devido à<<strong>br</strong> />

inoperância dos órgãos estatais responsáveis pela proteção<<strong>br</strong> />

das áreas, e à apreensão de equipamentos usados para o<<strong>br</strong> />

roubo de madeira, fazendeiros e madeireiros da região colocaram<<strong>br</strong> />

fogo nos limites da terra indígena, atingindo várias<<strong>br</strong> />

aldeias. Lideranças e guardas florestais foram acometidos<<strong>br</strong> />

por doenças respiratórias.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão; Comunidade indígena<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: CARU<<strong>br</strong> />

POVO: AWÁ<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Estradas - construção e pavimentação<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Os indígenas tiveram parte do seu território ocupado por<<strong>br</strong> />

empreendimentos do Programa Grande Carajás, na década de<<strong>br</strong> />

1980. Nesses 30 anos, desde a instalação e o funcionamento<<strong>br</strong> />

desse projeto de mineração, os Awá continuam a vivenciar<<strong>br</strong> />

os mesmos problemas: invasão de seus territórios por madeireiros,<<strong>br</strong> />

caçadores e extratores que constituíram povoados ao<<strong>br</strong> />

longo da estrada de ferro. Atualmente, a mineradora Vale está<<strong>br</strong> />

implementando o projeto de duplicação da estrada de ferro,<<strong>br</strong> />

desrespeitando o posicionamento contrário dos indígenas,<<strong>br</strong> />

já que esta o<strong>br</strong>a irá alterar ainda mais o seu modo de vida e<<strong>br</strong> />

trará sérios impactos ambientais, sociais e culturais para o<<strong>br</strong> />

povo e as comunidades tradicionais da região.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão; Comunidade Awá<<strong>br</strong> />

MS<<strong>br</strong> />

2 Casos<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KADIWÉU<<strong>br</strong> />

POVO: KADIWÉU<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Invasão para exploração madeireira<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Uma operação do Ibama desco<strong>br</strong>iu um esquema ilegal<<strong>br</strong> />

de desmatamento e de venda de aroeira funcionando na fazenda<<strong>br</strong> />

São Sebastião, que se so<strong>br</strong>epõe à terra indígena. Foram<<strong>br</strong> />

encontradas vastas áreas desmatadas, árvores prontas para<<strong>br</strong> />

serem transportadas, lascas de madeiras e palanques para<<strong>br</strong> />

facilitar o transporte entre as picadas, que são abertas na<<strong>br</strong> />

mata para dificultar a visualização das imagem de satélite.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Campo Grande News, 28/9/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KADIWÉU<<strong>br</strong> />

POVO: KADIWÉU<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Invasão para exploração madeireira<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Um carregamento com 50 postes de aroeira, árvore no<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

protegida por lei, e 200 pranchas de ipê extraídos ilegalmente<<strong>br</strong> />

da terra indígena, foi apreendido. A madeira era transportada<<strong>br</strong> />

em um caminhão onde estavam duas pessoas, entre elas um<<strong>br</strong> />

indígena que teria realizado a venda. O outro veículo era<<strong>br</strong> />

conduzido pelo homem que comprou o carregamento e que<<strong>br</strong> />

foi preso. Os autuados responderam por crime ambiental.<<strong>br</strong> />

Com informações de: G1/MS, 27/11/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

MT<<strong>br</strong> />

3 Casos<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: URUBU BRANCO<<strong>br</strong> />

POVO: TAPIRAPÉ<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Extração ilegal de madeira<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Depois de uma operação realizada pela Polícia Federal,<<strong>br</strong> />

armas de fogo, motosserras e documentos foram apreendidos,<<strong>br</strong> />

comprovando a comercialização ilícita de madeira no interior<<strong>br</strong> />

da área indígena. A terra foi reconhecida como território de<<strong>br</strong> />

ocupação tradicional dos Tapirapé, por meio da Portaria 599<<strong>br</strong> />

do Ministério da Justiça, e a demarcação foi homologada em<<strong>br</strong> />

setem<strong>br</strong>o de 1998. A ampliação de pastagens e o aumento<<strong>br</strong> />

do número de posseiros ilegais dificultam o usufruto da área<<strong>br</strong> />

pelo povo indígena.<<strong>br</strong> />

Com informações de: MPF/MT, 28/4/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: MARÃIWATSÉDÉ<<strong>br</strong> />

POVO: XAVANTE<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Incêndio; destruição de patrimônio<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Pelo menos 47% da área indígena foi consumida pelo<<strong>br</strong> />

fogo, ou seja, mais de 78 mil hectares. Segundo as organizações<<strong>br</strong> />

Opan e ISA, autoras de um relatório so<strong>br</strong>e o assunto,<<strong>br</strong> />

os incêndios têm características de crime. Desde que a terra<<strong>br</strong> />

indígena passou pelo processo de desintrusão, concluído em<<strong>br</strong> />

2013, eles são recorrentes. Já naquele ano, <strong>br</strong>igadistas que<<strong>br</strong> />

atuavam para apagar o fogo que atingira 31 mil hectares<<strong>br</strong> />

da vegetação, chegaram a ser ameaçados por pessoas em<<strong>br</strong> />

caminhonetes. Os criminosos se instalam nas proximidades<<strong>br</strong> />

das estradas que cortam a região, como a rodovia BR-158, e<<strong>br</strong> />

em áreas pouco acessadas pelos Xavante.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Agência da Notícia/MT, 7/9/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: PARQUE INDÍGENA DO XINGU<<strong>br</strong> />

POVO: KALAPALO<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Danos ao meio ambiente<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O líder Amantú Kalapalo denunciou fazendeiros<<strong>br</strong> />

localizados no entorno da terra indígena pelo uso de agrotóxicos<<strong>br</strong> />

nas lavouras, poluindo rios que margeiam a aldeia e<<strong>br</strong> />

contaminando a água que os indígenas utilizam para beber<<strong>br</strong> />

e para pescar. Além uma extensa área foi desmatada até o<<strong>br</strong> />

limite do Parque Nacional do Xingu. A contaminação da água<<strong>br</strong> />

por agrotóxicos e o desmatamento têm provocado danos<<strong>br</strong> />

irreversíveis à natureza, além de problemas respiratórios,<<strong>br</strong> />

principalmente nos idosos e crianças.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Mato Grosso<<strong>br</strong> />

PA 12 Casos<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ALTO RIO GUAMÁ<<strong>br</strong> />

POVO: GUAJAJARA<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Extração ilegal de madeira<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Denúncias levaram à apreensão de 1.300 m3 de madeira<<strong>br</strong> />

ilegalmente extraída da terra indígena, além de um caminhão.<<strong>br</strong> />

A área de onde a madeira foi retirada é considerada um dos<<strong>br</strong> />

últimos fragmentos de floresta primária do Centro de Endemismo<<strong>br</strong> />

Belém, refúgio da maioria das espécies ameaçadas<<strong>br</strong> />

de extinção no Pará.<<strong>br</strong> />

Com informações de: G1/PA, 15/1/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KAYAPÓ<<strong>br</strong> />

POVO: KAYAPÓ<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Garimpo ilegal<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Garimpeiros que exploram ilegalmente a terra indígena<<strong>br</strong> />

investem em armamentos pesados para intimidar e agredir<<strong>br</strong> />

as pessoas contrárias à exploração garimpeira. Além disso,<<strong>br</strong> />

promovem o aliciamento de indígenas. Conforme declarou<<strong>br</strong> />

o técnico operacional da Funai, Paulo Roberto de Azevedo<<strong>br</strong> />

Júnior, a maioria das aldeias é contra essa exploração. Das<<strong>br</strong> />

29, dentro da terra indígena, 24 não admitem o garimpo em<<strong>br</strong> />

73<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo I<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA O PATRIMÔNIO<<strong>br</strong> />

suas terras. O helicó<strong>pt</strong>ero em que agentes do Ibama, da Funai<<strong>br</strong> />

e policiais militares procuravam escavadeiras hidráulicas<<strong>br</strong> />

usadas pelos garimpeiros foi atingido por tiros.<<strong>br</strong> />

Com informações de: DW.DE, 17/4/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: VÁRIAS<<strong>br</strong> />

POVOS: ARARA, KA’APOR, APYTEREWA, ARARA, ARAWETÉ,<<strong>br</strong> />

ASURINI, XIKRIM, KAYAPÓ e XIPÁYA<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Descumprimento de acordos de compensação<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Em acompanhamento à inspeção realizada pelo MPF, a<<strong>br</strong> />

equipe da Plataforma Dhesca, com participação de integrantes<<strong>br</strong> />

do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), fez<<strong>br</strong> />

uma agenda de visitas, audiências públicas e reuniões com as<<strong>br</strong> />

comunidades atingidas pela construção da usina hidrelétrica<<strong>br</strong> />

de Belo Monte. Na missão realizada foram observadas as<<strong>br</strong> />

mais diversas violações, como:1) a desagregação e ru<strong>pt</strong>ura de<<strong>br</strong> />

laços familiares e de vizinhança, no processo de remoção das<<strong>br</strong> />

famílias atingidas, além de conflitos entre lideranças e aldeias<<strong>br</strong> />

divididas; 2) o descumprimento das condicionantes sociais<<strong>br</strong> />

e indígenas previstas no projeto básico por parte da Norte<<strong>br</strong> />

Energia, condição necessária e o<strong>br</strong>igatória para a concessão<<strong>br</strong> />

da Licença de Operação, prevista para ser liberada; 3) o baixo<<strong>br</strong> />

valor da indenização paga para as famílias atingidas que, na<<strong>br</strong> />

maioria das vezes, foram coagidas a aceitar tais indenizações;<<strong>br</strong> />

4) a situação crítica da Casa de Saúde Indígena, que conta<<strong>br</strong> />

com superlotação; 5) insegurança alimentar generalizada;<<strong>br</strong> />

as cestas básicas oferecidas aos indígenas contêm alimentos<<strong>br</strong> />

estranhos à cultura indígena, 6) a falta de água potável, visto<<strong>br</strong> />

que somente metade dos sistemas de abastecimento nas<<strong>br</strong> />

aldeias estão prontos; 7) o alcoolismo e a depressão.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Informe Plataforma Dhesca Brasil e MPF-PA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: CACHOEIRA SECA<<strong>br</strong> />

POVOS: ARARA, KA’APOR e KAYAPÓ<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Desmatamento<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A terra indígena sofre desmatamento ilegal contínuo.<<strong>br</strong> />

Fiscais do Ibama percorreram uma estrada de terra de mais<<strong>br</strong> />

de 100 km que foi aberta pelos invasores no interior da terra<<strong>br</strong> />

indígena e encontraram dezenas de toras de madeira no<strong>br</strong>e,<<strong>br</strong> />

como ipê, massaranduba e angelim, prontas para serem transportadas,<<strong>br</strong> />

além de flagrarem diversos caminhões entrando<<strong>br</strong> />

e saindo da floresta. Há ainda denúncias de que estes madeireiros<<strong>br</strong> />

usam notas fiscais falsificadas. Foram identificadas<<strong>br</strong> />

várias serrarias no sudoeste do Pará que abastecem o mercado<<strong>br</strong> />

nacional e também vendem para o exterior.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Bom Dia Brasil, 2/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: MÃE MARIA<<strong>br</strong> />

POVO: AKRÃTIKATÊJE<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Construções irregulares<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A construção de um canal para o escoamento das águas<<strong>br</strong> />

de um núcleo urbano - iniciado apenas com o licenciamento<<strong>br</strong> />

ambiental municipal e, por isso, inválido - está repleto de<<strong>br</strong> />

graves erros. O canal atinge diretamente o Rio Flecheira, limite<<strong>br</strong> />

natural do território do povo Akrãtikatejê. Por afetar terras<<strong>br</strong> />

indígenas, em obediência às leis <strong>br</strong>asileiras e internacionais,<<strong>br</strong> />

o licenciamento deveria ser federal, exigir estudos completos<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e os impactos da o<strong>br</strong>a e a intervenção da Funai. Documentos<<strong>br</strong> />

encaminhados pela prefeitura de Marabá, em resposta<<strong>br</strong> />

à notificação do Ibama, não comprovam o licenciamento da<<strong>br</strong> />

o<strong>br</strong>a e não fazem referência aos índios, apesar do projeto<<strong>br</strong> />

estar localizado a apenas 700 m da área indígena.<<strong>br</strong> />

Com informações de: MPF/PA, 2/12/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: CACHOEIRA SECA<<strong>br</strong> />

POVO: ARARA<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Invasão<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A retirada ilegal de madeira, a grilagem da terra e a formação<<strong>br</strong> />

de grandes fazendas têm causado extensa devastação<<strong>br</strong> />

dentro da terra indígena. A abertura de estradas dentro da<<strong>br</strong> />

terra indígena também é realizada para facilitar a retirada<<strong>br</strong> />

ilegal da madeira, e acaba se tornando a via de acesso para os<<strong>br</strong> />

invasores. Pescadores fazem acordos ilegais com os indígenas<<strong>br</strong> />

para exercerem pesca predatória. Os órgãos responsáveis pela<<strong>br</strong> />

fiscalização e manutenção da área nada têm feito para resolver<<strong>br</strong> />

essas violações, embora tenham conhecimento so<strong>br</strong>e elas.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Norte II - Equipe Altamira<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ARARA DA VOLTA GRANDE DO XINGU<<strong>br</strong> />

POVOS: ARARA, ARAWETÉ, ASURINI, JURUNA, KAYAPÓ, KURUAYA,<<strong>br</strong> />

PARAKANÃ, XIKRIM e XIPÁYA<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Incêndio<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O desmatamento ocasionado pela retirada ilegal de<<strong>br</strong> />

madeira, pela grilagem de terra e pela abertura de estradas<<strong>br</strong> />

vicinais também se constitui em vias de acesso para outros<<strong>br</strong> />

invasores adentrarem a terra indígena. Também ocorre a<<strong>br</strong> />

presença de pescadores na área tradicional, fazendo acordos<<strong>br</strong> />

ilegais com indígenas para praticarem pesca predatória. Tudo<<strong>br</strong> />

isso contribui para a desagregação e desorganização social e<<strong>br</strong> />

cultural das comunidades.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Norte II - Equipe Altamira<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: SARAUA<<strong>br</strong> />

POVO: AMANAYÉ<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Invasão<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O Ministério Público, através de viagem realizada na<<strong>br</strong> />

área indígena, constatou a invasão da terra, o que o<strong>br</strong>igou<<strong>br</strong> />

a comunidade a fugir do seu próprio território em função<<strong>br</strong> />

dos conflitos com os invasores. Por sua vez, estes tentam<<strong>br</strong> />

convencer o MPF de que a terra deve ser entregue a eles. O<<strong>br</strong> />

entendimento do MPF é de que a área é dos Amanayé, já que<<strong>br</strong> />

eles estão vivendo fora do território porque foram expulsos.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Norte II; MPF; Comunidade indígena<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: DAJE KAPAP EIP<<strong>br</strong> />

POVO: MUNDURUKU<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Extração ilegal de madeira<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Os indígenas avistaram três montes de madeira serrada<<strong>br</strong> />

abandonada dentro da terra indígena, provavelmente porque<<strong>br</strong> />

os invasores não conseguiram levar devido à situação geográfica<<strong>br</strong> />

e por estarem em uma região de pântano.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cacique Walto Saw; Cimi Regional Norte II<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: PRAIA DO MANGUE<<strong>br</strong> />

POVO: MUNDURUKU<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Invasão<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Um empresário construiu uma área de lazer particular<<strong>br</strong> />

nas proximidades da aldeia, e o acesso mais utilizado para se<<strong>br</strong> />

chegar ao local passa por dentro da comunidade. Nos finais<<strong>br</strong> />

de semana, principalmente, há um grande volume de veículos<<strong>br</strong> />

circulando por dentro da comunidade, o que, além de tirar<<strong>br</strong> />

a tranquilidade dos moradores que não foram consultados<<strong>br</strong> />

e nem permitiram o acesso desordenado de veículos dentro<<strong>br</strong> />

de seu território, ameaça a integridade física dos moradores.<<strong>br</strong> />

O caso já foi denunciado à Funai local.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Liderança Indígena Raimundinho Saw; Cimi Regional Norte II<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 74


Capítulo I<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA O PATRIMÔNIO<<strong>br</strong> />

TERRAS INDÍGENAS: VÁRIAS<<strong>br</strong> />

POVOS: DIVERSOS<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Exploração ilegal de recursos naturais<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A Polícia Federal prendeu dois suspeitos de envolvimento<<strong>br</strong> />

nas fraudes para a aprovação e a exploração de<<strong>br</strong> />

planos de manejo florestais irregulares. De acordo com o<<strong>br</strong> />

delegado Everaldo Eguchi, a prisão ocorreu após os suspeitos<<strong>br</strong> />

se entregarem para a polícia. No total, dezesseis pessoas já<<strong>br</strong> />

foram presas durante a operação “Tabebúia”. Os fraudadores<<strong>br</strong> />

criavam empresas fantasmas por meio de documentos<<strong>br</strong> />

falsos do Instituto de Terras do Pará para aprovarem planos<<strong>br</strong> />

de manejo na Secretaria Estadual de Meio Ambiente, mas<<strong>br</strong> />

alteravam os projetos, modificando informações como a<<strong>br</strong> />

espécie e a quantidade de árvores, além das áreas de exploração<<strong>br</strong> />

da madeira. As árvores declaradas nos planos viravam<<strong>br</strong> />

“crédito de madeira”, um saldo em dinheiro nas contas<<strong>br</strong> />

das empresas cadastradas no Sisflora, o sistema virtual de<<strong>br</strong> />

comercialização e transporte de produtos florestais. Com<<strong>br</strong> />

os créditos em mãos, os fraudadores conseguiam a documentação<<strong>br</strong> />

necessária para vender peças de madeira como,<<strong>br</strong> />

por exemplo, o ipê. Porém, as madeiras eram retiradas de<<strong>br</strong> />

áreas proibidas, entre elas, reservas indígenas do Pará. O<<strong>br</strong> />

metro cúbico do ipê custa cerca de U$ 3.800, tornando o<<strong>br</strong> />

esquema muito lucrativo. As empresas que participavam do<<strong>br</strong> />

esquema criminoso conseguiam mandar a madeira para os<<strong>br</strong> />

Estados Unidos e também para países da Europa. A polícia<<strong>br</strong> />

acredita que as empresas envolvidas nas fraudes tenham<<strong>br</strong> />

negociado algo em torno de R$ 28 milhões, deixando um<<strong>br</strong> />

prejuízo ambiental irreparável.<<strong>br</strong> />

Com informações de: G1/Santarém, 9/12/<strong>2015</strong>; Cimi Regional Norte II<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: MUNDURUKU<<strong>br</strong> />

POVO: MUNDURUKU<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Exploração ilegal de recursos naturais<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Há vários garimpos instalados na terra indígena.<<strong>br</strong> />

Muitas balsas operam ao longo do Rio Jamanxim e de seus<<strong>br</strong> />

afluentes, contaminando com mercúrio toda a bacia: água,<<strong>br</strong> />

peixes, animais, plantas e os próprios indígenas que deles se<<strong>br</strong> />

alimentam. Também há garimpo no meio da floresta, nos<<strong>br</strong> />

pequenos igarapés, nas baixas, nas grotas e nos córregos<<strong>br</strong> />

dentro do território. Particularmente, é fortemente impactante<<strong>br</strong> />

o garimpo que tem sua entrada situada na margem<<strong>br</strong> />

esquerda do Rio Jamanxim. Quanto à exploração ilegal de<<strong>br</strong> />

madeira, o território está invadido por grupos que extraem<<strong>br</strong> />

grande quantidade deste recurso natural. Alguns ramais madeireiros<<strong>br</strong> />

estão a céu aberto e podem ser vistos nas imagens<<strong>br</strong> />

de satélite. Outros são realizados por baixo da cobertura<<strong>br</strong> />

vegetal para extrair madeira de modo seletivo e não serem<<strong>br</strong> />

descobertos pelas imagens de satélites ou pelos so<strong>br</strong>evoos de<<strong>br</strong> />

avião. Além dessas violências, a terra indígena está ameaçada<<strong>br</strong> />

pela tentativa de implantação de um gigantesco Complexo<<strong>br</strong> />

Hidrelétrico. São mais de 40 grandes barragens. Querem<<strong>br</strong> />

cortar todo o Rio Tapajós para fazer uma grande hidrovia<<strong>br</strong> />

que escoe a baixo custo todo o produto do agronegócio de<<strong>br</strong> />

Mato Grosso e a mineração da região.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Norte II<<strong>br</strong> />

RO<<strong>br</strong> />

5 Casos<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: CINTA LARGA (R.PRETO)<<strong>br</strong> />

POVO: CINTA LARGA<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Garimpo ilegal<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Cerca de 500 garimpeiros, 250 maquinários de mineração<<strong>br</strong> />

e 16 escavadeiras estavam em atividade no garimpo ilegal de<<strong>br</strong> />

diamantes da terra indígena. Há relatos so<strong>br</strong>e a disseminação<<strong>br</strong> />

e o consumo de bebidas alcoólicas, inclusive por menores de<<strong>br</strong> />

idade, prostituição, desordens e ameaças à integridade física<<strong>br</strong> />

dos indígenas, com a possível iminência de confronto, pois<<strong>br</strong> />

os garimpeiros portam armas de fogo e os indígenas querem<<strong>br</strong> />

o fechamento do garimpo.<<strong>br</strong> />

Com informações de: MPF/RO; 11/5/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: SETE DE SETEMBRO<<strong>br</strong> />

POVO: SURUÍ<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Exploração madeireira; danos ao meio ambiente<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Representantes das comunidades indígenas denunciam<<strong>br</strong> />

a ação de madeireiros na exploração ilegal de madeira<<strong>br</strong> />

em grande escala na terra indígena e relatam a saída de<<strong>br</strong> />

caminhões, durante a noite e a madrugada, com enorme<<strong>br</strong> />

quantidade de toras.<<strong>br</strong> />

Com informações de: 6ª Câmara de Coordenação e Revisão, PGR, 10/8/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: RIO MEQUÉNS<<strong>br</strong> />

POVO: SAKURABIAT<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Extração ilegal de madeira<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O território sofre constantemente invasões por parte<<strong>br</strong> />

de grupos econômicos e madeireiros, na linha 90 e nos fundos<<strong>br</strong> />

da terra indígena. Tais ações têm se intensificado com o<<strong>br</strong> />

objetivo principal de extrair e vender madeira.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Lideranças Indígenas; Cimi Regional Rondônia<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: TUBARÃO LATUNDÊ<<strong>br</strong> />

POVOS: KWAZÁ, LATUNDÊ e SABANÊ<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Invasão<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O território sofre com as invasões por parte de grupos<<strong>br</strong> />

econômicos e madeireiros. Nos últimos meses esta atividade<<strong>br</strong> />

ilegal foi intensificada, assim como o roubo de madeira.<<strong>br</strong> />

Mesmo informadas, as autoridades não tomam as devidas<<strong>br</strong> />

providências, o que aumenta ainda mais<<strong>br</strong> />

a pressão interna nas comunidades.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Lideranças Indígenas; Cimi Regional Rondônia<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: RIO GUAPORÉ<<strong>br</strong> />

POVOS: ARIKAPÚ, CUJUBIM, JABUTI, MAKURAP e WAJORO<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Garimpo<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Dragas bolivianas extraem minérios do leito do Rio<<strong>br</strong> />

Guaporé, que faz fronteira entre o Brasil e a Bolívia, na altura<<strong>br</strong> />

da Aldeia Baía das Onças, da Terra Indígena Guaporé. Não<<strong>br</strong> />

se sabe qual é o minério extraído. A cada ano, o número de<<strong>br</strong> />

dragas aumenta. Cada draga reboca várias chatas de cerca de<<strong>br</strong> />

20 m de comprimento. O minério é levado e desembarcado<<strong>br</strong> />

em Guayaramerin (Bolívia) ou em alguma cidade subindo o<<strong>br</strong> />

Rio Mamoré. As demais dragas continuam a trabalhar dia e<<strong>br</strong> />

noite. O estrago ambiental é grande com desbarrancamento,<<strong>br</strong> />

desvio do canal do rio, diminuição de peixes e barulho de<<strong>br</strong> />

motor dia e noite, dentre outros. Os indígenas denunciaram<<strong>br</strong> />

essa situação e alguns barcos foram apreendidos, o que<<strong>br</strong> />

resultou em ameaças aos indígenas. Em fevereiro, no Rio<<strong>br</strong> />

Mamoré, uma draga com suas chatas alagou um barquinho<<strong>br</strong> />

da Aldeia Sagarana, deixando feridos. No relato dos órgãos<<strong>br</strong> />

de fiscalização que passam pelo local consta que os barcos<<strong>br</strong> />

estão do lado boliviano ou no meio do rio,<<strong>br</strong> />

por isso não fazem nada.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Lideranças Indígenas; Organização Wari; Cimi Regional Rondônia<<strong>br</strong> />

75<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo I<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA O PATRIMÔNIO<<strong>br</strong> />

RR<<strong>br</strong> />

3 Casos<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: YANOMAMI<<strong>br</strong> />

POVO: YANOMAMI<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Garimpagem; Danos ao meio ambiente<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Foi deflagrada uma operação para desarticular um<<strong>br</strong> />

esquema criminoso de extração ilegal de minérios dentro<<strong>br</strong> />

da terra indígena. A operação aponta para o envolvimento<<strong>br</strong> />

de empresários, funcionários públicos, donos de garimpos,<<strong>br</strong> />

joalheiros e pilotos de aeronaves, responsáveis por instalar<<strong>br</strong> />

garimpos para a extração de ouro, de minerais de uso industrial<<strong>br</strong> />

e de outras pedras preciosas na área. As investigações afirmam<<strong>br</strong> />

que são retirados de forma ilegal das áreas de garimpo em<<strong>br</strong> />

torno de 160 quilos de ouro mensalmente. O ecossistema<<strong>br</strong> />

está sendo agredido pela atividade extrativista, altamente<<strong>br</strong> />

poluente com mercúrio e outros metais pesados, além da<<strong>br</strong> />

destruição da fauna e flora e da própria vida dos indígenas<<strong>br</strong> />

e de suas culturas<<strong>br</strong> />

Com informações de: Estadão, 7/5/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: YANOMAMI<<strong>br</strong> />

POVO: YANOMAMI<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Garimpagem; Danos ao meio ambiente<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Em uma operação do Exército foram presos quatro garimpeiros<<strong>br</strong> />

que atuavam ilegalmente dentro da área indígena.<<strong>br</strong> />

Com eles foram apreendidos pilhas, balanças de precisão e<<strong>br</strong> />

outros materiais utilizados na garimpagem.<<strong>br</strong> />

Com informações de: G1/RR, 9/8/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: YANOMAMI<<strong>br</strong> />

POVO: YANOMAMI<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Extração de madeira, minério, tráfico de animais<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A Frente de Proteção da Funai retirou os servidores da<<strong>br</strong> />

terra indígena alegando falta de condições materiais e de<<strong>br</strong> />

logística para manter a base de apoio funcionando e deixou<<strong>br</strong> />

sem proteção a comunidade. Desse modo, os garimpeiros<<strong>br</strong> />

voltaram a ocupar a região da Serra da Estrutura, inclusive<<strong>br</strong> />

fazendo voos clandestinos semanais para levar mantimentos<<strong>br</strong> />

e equipamentos para o garimpo. Não satisfeitos com a<<strong>br</strong> />

ocupação, também se apropriaram dos equipamentos da<<strong>br</strong> />

Funai que se encontravam na base de apoio. A existência de<<strong>br</strong> />

garimpeiros na Serra da Estrutura é uma ameaça à vida dos<<strong>br</strong> />

indígenas, à existência dos Yanomami isolados que habitam a<<strong>br</strong> />

região, grupo muito vulnerável a doenças, além de causarem<<strong>br</strong> />

a destruição da floresta e a poluição da terra e dos rios. Há<<strong>br</strong> />

informações de que os garimpeiros estavam aliciando jovens<<strong>br</strong> />

indígenas a garimpar oferecendo alimentos, rádios, celulares,<<strong>br</strong> />

objetos pessoais e ameaçando destruir as aldeias, caso não<<strong>br</strong> />

contribuam com eles. Conforme o líder indígena Gerson<<strong>br</strong> />

da Silva, mais de 5 mil vivem nas comunidades próximas:<<strong>br</strong> />

Sikamabiú, Alto Mucajaí, Pewaú, Waikai, Uxiú, Kaianu e Buriti.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Norte I; Folha de Boa Vista, 9/11/<strong>2015</strong>; Associação<<strong>br</strong> />

Hutukara<<strong>br</strong> />

SC<<strong>br</strong> />

2 Casos<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: CONQUISTA<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Destruição de patrimônio<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A comunidade foi surpreendida com o incêndio na sua<<strong>br</strong> />

Opy (casa de reza ). Segundo informações de uma liderança<<strong>br</strong> />

da comunidade, eles haviam acabado de sair da Opy depois<<strong>br</strong> />

das atividades religiosas, e na sequência começaram a ouvir<<strong>br</strong> />

passos e conversas seguidos de um estouro forte de fogos.<<strong>br</strong> />

Quando perceberam, a Opy estava em chamas. Eles suspeitam<<strong>br</strong> />

que ação tem há sido praticadas por não indígenas.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Liderança Celina da Silva, 24/9/<strong>2015</strong>; Cimi Regional Sul<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: IBIRAMA - LA KLÃNO<<strong>br</strong> />

POVO: XOKLENG<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Destruição do patrimônio<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A barragem norte de contenção de cheia foi construída<<strong>br</strong> />

pelos governos militares sem estudos de impactos<<strong>br</strong> />

e sem ouvir as comunidades indígenas, com o objetivo de<<strong>br</strong> />

controlar as enchentes nos municípios à jusante. Em <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

houve o alagamento de quatro aldeias que ficaram isoladas.<<strong>br</strong> />

As estradas ficaram intransitáveis. As escolas tiveram que<<strong>br</strong> />

fechar e as equipes de saúde não conseguiram chegar até as<<strong>br</strong> />

famílias. Todos esses problemas ocorreram em função das<<strong>br</strong> />

cheias dos rios que ficam à jusante da barragem. A barragem<<strong>br</strong> />

faz a contenção das águas durante as cheias dos rios, evitando<<strong>br</strong> />

a inundação das cidades vizinhas ao território. Portanto, o<<strong>br</strong> />

acúmulo de água, durante os períodos de cheias, fica dentro do<<strong>br</strong> />

território indígena. O nível da água subiu assustadoramente,<<strong>br</strong> />

invadindo e inundando muitas casas. Várias famílias indígenas<<strong>br</strong> />

tiveram que sair às pressas e outras famílias deixaram suas<<strong>br</strong> />

casas por medo de deslizamento de terra, já que algumas<<strong>br</strong> />

aldeias haviam sido condenadas pela defesa civil.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Liderança Indígena; Cimi Regional Sul<<strong>br</strong> />

SP<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: JARAGUÁ<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Contaminação; exploração de água<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: As águas poluídas do rio que corta a terra indígena<<strong>br</strong> />

representam risco ambiental e sanitário à população. Em<<strong>br</strong> />

vistoria realizada, um perito do MPF identificou as principais<<strong>br</strong> />

fontes de contaminação e recomendou à subprefeitura de<<strong>br</strong> />

São Paulo que canalize as águas da nascente utilizadas para<<strong>br</strong> />

a lavagem de veículos, para impedir a poluição da cabeceira<<strong>br</strong> />

do curso d’água.<<strong>br</strong> />

Com informações de: MPF-SP, 17/8/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

TO<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: APINAYÉ<<strong>br</strong> />

POVO: APINAJÉ<<strong>br</strong> />

TIPO DE DANO/CONFLITO: Desmatamento<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O desmatamento do Cerrado no entorno da terra<<strong>br</strong> />

indígena, ao avançar so<strong>br</strong>e as matas ciliares, está pondo em<<strong>br</strong> />

risco as nascentes que correm para a terra Apinajé e ameaçando<<strong>br</strong> />

as cabeceiras e os mananciais de água que podem<<strong>br</strong> />

ser assoreados, poluídos por agrotóxicos e/ou totalmente<<strong>br</strong> />

secos. A região que está sendo desmatada é reivindicada<<strong>br</strong> />

pelos indígenas desde a década de 1980. A licença para o<<strong>br</strong> />

desmatamento foi concedida pelo órgão estadual de meio<<strong>br</strong> />

ambiente, Naturatins e, segundo as lideranças, as organizações<<strong>br</strong> />

indígenas não foram consultadas, nem houve comunicação<<strong>br</strong> />

com os órgãos da administração pública federal, Funai e<<strong>br</strong> />

Ibama, nem com o MPF.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Assessoria de Comunicação do Cimi, 6/1/<strong>2015</strong>; Associação da<<strong>br</strong> />

União Aldeias Apinajé, 28/1/<strong>2015</strong>.<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 76


Capítulo II<<strong>br</strong> />

Violência Contra a Pessoa<<strong>br</strong> />

79 Assassinato<<strong>br</strong> />

88 Tentativa de assassinato<<strong>br</strong> />

94 Homicídio culposo<<strong>br</strong> />

97 Ameaça de morte<<strong>br</strong> />

100 Ameaças várias<<strong>br</strong> />

105 Lesões corporais dolosas<<strong>br</strong> />

107 Abuso de poder<<strong>br</strong> />

110 Racismo e<<strong>br</strong> />

discriminação étnico cultural<<strong>br</strong> />

113 Violência sexual


Capítulo II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA<<strong>br</strong> />

Joana Ortiz<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 78


Capítulo II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA<<strong>br</strong> />

Assassinato<<strong>br</strong> />

Dados oficiais<<strong>br</strong> />

Com base na Lei de Acesso à Informação (12.527/2011),<<strong>br</strong> />

o Cimi enviou um requerimento à Secretaria Especial de<<strong>br</strong> />

Saúde Indígena (Sesai) solicitando os dados relativos aos<<strong>br</strong> />

assassinatos de indígenas em todo o território nacional<<strong>br</strong> />

em <strong>2015</strong>. Em resposta, a Sesai encaminhou um ofício em<<strong>br</strong> />

que reconhece que os dados enviados são defasados: “os<<strong>br</strong> />

dados ainda carecem de melhor qualificação, tanto por<<strong>br</strong> />

não considerar as informações do FormSUS, quanto por<<strong>br</strong> />

deficiência que ainda persiste na alimentação do Sistema<<strong>br</strong> />

de Informação da Atenção à Saúde Indígena (Siasi) e na<<strong>br</strong> />

própria qualificação dos dados, conforme foi justificado”.<<strong>br</strong> />

A Sesai, em Brasília, limitou-se a encaminhar uma<<strong>br</strong> />

tabela com o total de óbitos, constando apenas o nome do<<strong>br</strong> />

“Dsei” [Distrito Sanitário Especial Indígena] e “Agressões”,<<strong>br</strong> />

dentre outras causas das mortes. No caso de Mato Grosso<<strong>br</strong> />

do Sul, tomamos a liberdade de levar em consideração os<<strong>br</strong> />

dados apresentados pelo Dsei-MS, que registrou 36 casos<<strong>br</strong> />

de homicídios.<<strong>br</strong> />

Desse modo, os dados oficiais de homicídios em todo<<strong>br</strong> />

o país em <strong>2015</strong> totalizam 137 vítimas. Estes dados, no<<strong>br</strong> />

entanto, não permitem uma análise mais aprofundada, visto<<strong>br</strong> />

que não foram apresentadas informações detalhadas das<<strong>br</strong> />

ocorrências, tais como faixa etária das vítimas, localidade,<<strong>br</strong> />

povo, etc. A fragilidade destes dados dificulta uma clara<<strong>br</strong> />

percepção da autoria dos homicídios, se eles tiveram como<<strong>br</strong> />

pano de fundo a disputa pela terra ou, nesse sentido, se são<<strong>br</strong> />

consequência do fato dos indígenas não estarem vivendo<<strong>br</strong> />

em seus territórios tradicionais. Segundo informações do<<strong>br</strong> />

Dsei do Mato Grosso do Sul, 94% das 36 vítimas de homicídio<<strong>br</strong> />

eram do sexo masculino e 6% do sexo feminino. A<<strong>br</strong> />

Assassinatos em Mato Grosso do Sul - <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Incidência por faixa etária<<strong>br</strong> />

10-14<<strong>br</strong> />

anos<<strong>br</strong> />

15-19<<strong>br</strong> />

anos<<strong>br</strong> />

20-29<<strong>br</strong> />

anos<<strong>br</strong> />

30-39<<strong>br</strong> />

anos<<strong>br</strong> />

40-49<<strong>br</strong> />

anos<<strong>br</strong> />

50-59<<strong>br</strong> />

anos<<strong>br</strong> />

> 60<<strong>br</strong> />

anos<<strong>br</strong> />

3% 30% 36% 16% 3% 6% 6%<<strong>br</strong> />

faixa etária com maior incidência de vítimas é a de 20 a<<strong>br</strong> />

29 anos (36%). Um total de 33% dos homicídios ocorreu<<strong>br</strong> />

na faixa de 10 a 19 anos. Dourados continua sendo o<<strong>br</strong> />

município com o maior número de casos (38%), seguido<<strong>br</strong> />

de Amambai (27%).<<strong>br</strong> />

Dados coletados pelo Cimi<<strong>br</strong> />

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) registrou<<strong>br</strong> />

em <strong>2015</strong>, 52 casos com 54 vítimas de assassinatos nos<<strong>br</strong> />

seguintes estados: Acre (1), Amapá (3), Amazonas (4),<<strong>br</strong> />

Bahia (5), Maranhão (3), Mato Grosso do Sul (20), Minas<<strong>br</strong> />

Gerais (1), Pará (2), Paraná (5), Pernambuco (1), Rondônia<<strong>br</strong> />

(1), Roraima (1), Santa Catarina (1) e Tocantins (6). Os<<strong>br</strong> />

dados aqui apresentados foram levantados a partir de<<strong>br</strong> />

informações das equipes que atuam nos onze regionais<<strong>br</strong> />

do Cimi e de diversos meios de comunicação.<<strong>br</strong> />

Das 54 vítimas, oito eram do sexo feminino e tinham<<strong>br</strong> />

idades entre 9 e 82 anos. Uma criança do sexo feminino,<<strong>br</strong> />

de 9 anos, está entre as vítimas. As outras 46 pessoas, do<<strong>br</strong> />

sexo masculino, tinham idade entre 2 e 75 anos. Do total de<<strong>br</strong> />

vítimas, incluindo homens e mulheres, nove eram menores,<<strong>br</strong> />

e tinham idade entre 2 e 17 anos.<<strong>br</strong> />

Pelo menos quinze mortes ocorreram em decorrência de<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>igas e/ou consumo de álcool. Em cinco casos, observouse<<strong>br</strong> />

que as mortes ocorreram, diretamente, em virtude de<<strong>br</strong> />

conflito fundiário. Predominou nos assassinatos o uso de<<strong>br</strong> />

armas <strong>br</strong>ancas, com 21 casos, e armas de fogo, com quinze<<strong>br</strong> />

ocorrências.<<strong>br</strong> />

Dentre os casos envolvendo conflitos fundiários, destacamos<<strong>br</strong> />

três que ocorreram no estado da Bahia; um no<<strong>br</strong> />

Maranhão; e um no Mato Grosso do Sul. O maca<strong>br</strong>o assassinato<<strong>br</strong> />

de Vítor Kaingang, uma criança de apenas 2 anos,<<strong>br</strong> />

em Santa Catarina, também se so<strong>br</strong>essaiu bastante entre<<strong>br</strong> />

os casos de homicídios de indígenas em <strong>2015</strong>.<<strong>br</strong> />

Na Terra Indígena Tupinambá de Olivença, Adenilson<<strong>br</strong> />

da Silva Nascimento, conhecido como Pinduca, importante<<strong>br</strong> />

liderança de seu povo que lutava pela regularização fundiária<<strong>br</strong> />

da terra tradicional, foi assassinado numa emboscada por<<strong>br</strong> />

Incidência por localidade<<strong>br</strong> />

Dourados Amambai Caarapó Antônio João Bodoquena Iguatemi Aquidauana<<strong>br</strong> />

38% 27% 8% 6% 6% 6% 3%<<strong>br</strong> />

Fonte: Dsei-MS<<strong>br</strong> />

Assassinatos no Brasil e no Mato Grosso do Sul – 2003 a <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Ano 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 <strong>2015</strong> Total Média<<strong>br</strong> />

Total no Brasil 42 37 43 58 92 60 60 60 51 60 53 138 1 137 2 891 68<<strong>br</strong> />

Nº absoluto MS 13 16 28 28 53 42 33 34 32 37 33 41 3 36 4 426 32<<strong>br</strong> />

Nº absoluto restante 29 21 15 30 39 18 27 26 19 23 20 97 101 465 36<<strong>br</strong> />

MS (%) 31% 43% 65% 48% 58% 70% 55% 57% 63% 62% 62% 29% 26% 47% 47%<<strong>br</strong> />

1 Dados oficiais fornecidos pela Sesai - 2 Dados oficiais fornecidos pela Sesai e pelo Dsei-MS - 3 Dados oficiais fornecidos pela Sesai - 4 Dados oficiais fornecidos pelo Dsei-MS<<strong>br</strong> />

79<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA<<strong>br</strong> />

disparos de arma de fogo. O atentado também deixou sua<<strong>br</strong> />

esposa gravemente ferida. Na Bahia, também em Olivença,<<strong>br</strong> />

um casal de indígenas do povo Tupinambá - Jorge Carlos<<strong>br</strong> />

Amaral do Nascimento e Maraci Oliveira da Costa -foi<<strong>br</strong> />

encontrado morto em um matagal. Eles estavam recebendo<<strong>br</strong> />

ameaças e, no dia do assassinato, foram levados de sua<<strong>br</strong> />

casa, na aldeia, por cinco homens. Outro assassinato em<<strong>br</strong> />

função de disputas territoriais na Bahia ocorreu na terra<<strong>br</strong> />

do povo Tumbalala. Gilmar Alves da Silva seguia de moto<<strong>br</strong> />

quando um veículo bateu no veículo, lançando-o longe.<<strong>br</strong> />

Em seguida ele foi alvejado a tiros.<<strong>br</strong> />

No estado do Maranhão, na Terra Indígena Alto Turiaçu,<<strong>br</strong> />

a liderança Euzébio Ka’apor, que liderava seu povo na luta<<strong>br</strong> />

pela defesa de seu território e, especialmente contra a<<strong>br</strong> />

exploração madeireira, foi assassinado a tiros quando estava<<strong>br</strong> />

no município de Centro do Guilherme. Devido à ausência<<strong>br</strong> />

dos órgãos de fiscalização do Estado, os próprios Ka’apor se<<strong>br</strong> />

arriscam e expõem suas vidas para fazer a defesa da terra<<strong>br</strong> />

tradicional e de seus bens naturais. Ao longo dos últimos<<strong>br</strong> />

anos, centenas de madeireiros foram expulsos de suas terras.<<strong>br</strong> />

No entanto, há uma verdadeira organização criminosa na<<strong>br</strong> />

região, a qual inclui autoridades municipais, madeireiros e<<strong>br</strong> />

comerciantes, que promove a invasão das terras e a exploração<<strong>br</strong> />

ilegal da madeira. Os órgãos estaduais e federais são<<strong>br</strong> />

omissos e coniventes diante dos crimes praticados contra<<strong>br</strong> />

os povos indígenas e o meio ambiente. A promiscuidade<<strong>br</strong> />

existente entre madeireiros e autoridades locais incentiva<<strong>br</strong> />

a exploração ilegal da madeira, um crime lucrativo.<<strong>br</strong> />

Em agosto de 2014, os Ka’apor Guardiões da Floresta<<strong>br</strong> />

expulsaram vários madeireiros no interior da terra indígena,<<strong>br</strong> />

destruíram os acampamentos dos invasores e queimaram<<strong>br</strong> />

os caminhões que transportavam a madeira retirada ilegalmente<<strong>br</strong> />

da terra indígena. A violência contra os indígenas<<strong>br</strong> />

se intensificou depois do fechamento de um último ramal<<strong>br</strong> />

madeireiro em dezem<strong>br</strong>o de 2014. Várias aldeias foram<<strong>br</strong> />

invadidas em represália às ações de fiscalização. Segundo<<strong>br</strong> />

uma liderança do Conselho Ka´apor, “fechamos todos os<<strong>br</strong> />

ramais e criamos oito aldeias nas entradas para impedir<<strong>br</strong> />

que voltem. Mas, de lá pra cá, aconteceram três roubos de<<strong>br</strong> />

motos seguidos de agressão, e sempre cometidos por duas<<strong>br</strong> />

ou três pessoas encapuzadas e com espingardas”. Segundo<<strong>br</strong> />

o indígena, “estão dizendo que é melhor liberar a madeira<<strong>br</strong> />

do que morrer mais gente”, e “o Estado não faz nada”.<<strong>br</strong> />

No Mato Grosso do Sul, o Guarani e Kaiowá Simeão<<strong>br</strong> />

Vilhalva foi assassinado depois que os fazendeiros e políticos<<strong>br</strong> />

da região de Antônio João promoveram um ato público<<strong>br</strong> />

convocando a população a se rebelar contra a comunidade<<strong>br</strong> />

indígena de Ñhanderu Marangatu. Os indígenas haviam<<strong>br</strong> />

realizado algumas ações de recuperação de parcelas de seu<<strong>br</strong> />

território que havia sido homologado em 2005 mas, no<<strong>br</strong> />

entanto, permanece sob a posse de não índios. Fazendeiros,<<strong>br</strong> />

políticos e capangas, com a escolta do Departamento de<<strong>br</strong> />

Operações de Fronteiras (DOF) avançaram so<strong>br</strong>e a comunidade<<strong>br</strong> />

indígena Guarani e Kaiowá. Horas depois, quando<<strong>br</strong> />

Simeão Vilhalva ia ao encontro de seu filho, foi alvejado no<<strong>br</strong> />

rosto por um disparo de arma de fogo. Neste caso, além<<strong>br</strong> />

do assassinato, há outros fatos graves, como a incitação<<strong>br</strong> />

à violência por parte de políticos, o uso de armas de fogo<<strong>br</strong> />

por fazendeiros e capangas sem que isso fosse coibido pela<<strong>br</strong> />

polícia e a conivência das autoridades federais e de forças de<<strong>br</strong> />

segurança diante das violências promovidas abertamente<<strong>br</strong> />

nos sindicatos, nos programas de rádio, na internet e em<<strong>br</strong> />

canais de televisão que transmitiam as programações locais.<<strong>br</strong> />

Um fato estarrecedor ocorreu no dia 30 de dezem<strong>br</strong>o<<strong>br</strong> />

em Santa Catarina, na rodoviária do município litorâneo de<<strong>br</strong> />

Imbituba. Uma mãe Kaingang amamentava seu filho Vítor,<<strong>br</strong> />

de dois anos, quando um rapaz se aproximou e desferiu um<<strong>br</strong> />

golpe de estilete no pescoço de Vítor. A mãe desesperada não<<strong>br</strong> />

pôde fazer mais nada a não ser, em prantos, ver seu pequenino<<strong>br</strong> />

esvair-se em sangue no seu colo. Este fato não pode ser visto<<strong>br</strong> />

ou pensado como um caso isolado. Demonstra, em primeiro<<strong>br</strong> />

lugar que a vida é insignificante, especialmente quando se<<strong>br</strong> />

trata de “índio” nas regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste do<<strong>br</strong> />

país; em segundo lugar, demonstra a vulnerabilidade a que<<strong>br</strong> />

os indígenas estão submetidos, sendo o<strong>br</strong>igados a viver em<<strong>br</strong> />

acampamentos improvisados às margens das rodovias ou<<strong>br</strong> />

fora de seus territórios.<<strong>br</strong> />

Chamou também atenção o registro do aumento de<<strong>br</strong> />

indígenas assassinados no Tocantins, seis casos, e no Paraná,<<strong>br</strong> />

cinco casos. Há, nessas regiões, um forte incentivo a projetos<<strong>br</strong> />

ligados ao agronegócio que incidem de modo intenso so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

os territórios indígenas em demarcação ou reivindicados<<strong>br</strong> />

como sendo de ocupação tradicional. As frentes de expansão<<strong>br</strong> />

do agronegócio carregam consigo o consumismo, o álcool,<<strong>br</strong> />

as drogas, o preconceito e outros fatores geradores de<<strong>br</strong> />

violências. Nesse contexto, os povos originários tornam-se<<strong>br</strong> />

vulneráveis e ocorrem problemas internos, entre indígenas,<<strong>br</strong> />

bem como externos, na disputa pela terra.<<strong>br</strong> />

Assassinatos em <strong>2015</strong> – Dados Cimi<<strong>br</strong> />

UF Povo Indígena<<strong>br</strong> />

Nº de<<strong>br</strong> />

Vítimas<<strong>br</strong> />

MS Guarani e Kaiowá e Guarani Nhandeva 20<<strong>br</strong> />

TO Apinajé, Karajá, Krahô e Xerente 6<<strong>br</strong> />

PR Guarani e Kaingang 5<<strong>br</strong> />

BA Tumbalalá e Tupinambá 5<<strong>br</strong> />

AM Apurinã, Mura e Tikuka 4<<strong>br</strong> />

MA Guajajara, Ka’apor e Timbira 3<<strong>br</strong> />

AP Galibi e Karipuna do Amapá 3<<strong>br</strong> />

PA Arapium e Munduruku 2<<strong>br</strong> />

PE Xukuru 1<<strong>br</strong> />

MG Pataxó 1<<strong>br</strong> />

SC Kaingang 1<<strong>br</strong> />

RO Oro Waram (Oro Wari) 1<<strong>br</strong> />

AC Kaxinawá 1<<strong>br</strong> />

RR Yanomami 1<<strong>br</strong> />

Total de vítimas 54<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 80


Capítulo II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA<<strong>br</strong> />

Laila Menezes<<strong>br</strong> />

Indígenas denunciam, na frente do Palácio do Planalto, a impunidade do assassinato de Simeão Vilhalva Guarani e Kaiowá<<strong>br</strong> />

ASSASSINATOs<<strong>br</strong> />

52 Casos - 54 Vítimas<<strong>br</strong> />

AC<<strong>br</strong> />

8/3/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Carlos Alberto Domingos Kaxinawá<<strong>br</strong> />

POVO: KAXINAWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KAXINAWÁ DO RIO JORDÃO<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: SANTA ROSA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Praça de Santa. Rosa/<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O indígena foi atingido por tijoladas. O motivo do crime<<strong>br</strong> />

foi o roubo de uma carteira. Outros crimes têm ocorrido com<<strong>br</strong> />

indígenas no município, o que preocupa muitas lideranças e<<strong>br</strong> />

as comunidades. Em março de 2013, três indígenas Kaxinawá<<strong>br</strong> />

foram atingidos após participarem como torcedores de uma<<strong>br</strong> />

partida de futebol de salão na quadra do ginásio de esportes<<strong>br</strong> />

da cidade.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Tijolada<<strong>br</strong> />

Com informações de:Racismoambiental.net.<strong>br</strong>, 9/3/<strong>2015</strong>; G1/AC<<strong>br</strong> />

AM<<strong>br</strong> />

4 Casos<<strong>br</strong> />

17/6/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Grazielly Santos da Costa<<strong>br</strong> />

POVO: MURA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: PANTALEÃO<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: AUTAZES<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Mesmo com ação judicial, o pai da criança se negava a<<strong>br</strong> />

fazer o exame de DNA para o reconhecimento da paternidade.<<strong>br</strong> />

Para evitar o pagamento de pensão, a mulher do acusado<<strong>br</strong> />

premeditou a morte da criança que, após ter sido sequestrada<<strong>br</strong> />

quando se dirigia à escola, foi morta pelo pai e pelo irmão<<strong>br</strong> />

deste. O corpo da criança foi encontrado três dias depois.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Estrangulamento<<strong>br</strong> />

Com informações de:Cimi Regional Norte I<<strong>br</strong> />

9/7/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Adolescente<<strong>br</strong> />

POVO: TIKUNA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: TABATINGA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Feira situada no porto de Tabatinga<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O adolescente indígena foi morto com um tiro na<<strong>br</strong> />

cabeça no momento em que aguardava sua prima em uma<<strong>br</strong> />

feira. Ele foi abordado por um homem não identificado, que<<strong>br</strong> />

atirou e, em seguida, fugiu. A prima da vítima informou que<<strong>br</strong> />

viu o momento que o homem se aproximou, falou algo e<<strong>br</strong> />

disparou no adolescente.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma de fogo<<strong>br</strong> />

Com informações de:G1/AM, 11/7/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

5/8/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Demerson Oliveira Salgado<<strong>br</strong> />

POVO: APURINÃ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: CAREIRO<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Careiro Castanho<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Segundo a Polícia Civil da 34ª Delegacia, o acusado, que<<strong>br</strong> />

é um investigador lotado nesta mesma delegacia, atirou em<<strong>br</strong> />

legítima defesa porque foi ameaçado pela vítima por estar<<strong>br</strong> />

investigando denúncias de roubo na região. Conforme a irmã<<strong>br</strong> />

do indígena, o policial tinha uma rixa com a vítima desde<<strong>br</strong> />

2014, quando o investigador tentou intimar o rapaz para<<strong>br</strong> />

prestar depoimento so<strong>br</strong>e o furto de uma embarcação no<<strong>br</strong> />

município. Declarou, ainda, que o indígena estava sentado na<<strong>br</strong> />

porta de casa quando o investigador parou o carro, desceu<<strong>br</strong> />

e deu três tiros no rapaz.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma de fogo<<strong>br</strong> />

Com informações de: Dez Minutos/AM, 7/8/<strong>2015</strong>; G1/AM, 6/8/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

81<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA<<strong>br</strong> />

7/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Anderson Rodrigues de Souza<<strong>br</strong> />

POVO: MURA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: CITADINO<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: MANAUS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Reserva Indígena Paxiubau<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A vítima morreu após ser alvejada por um tiro de arma<<strong>br</strong> />

de fogo na cabeça. Ao que tudo indica, o tiro foi disparado por<<strong>br</strong> />

um policial civil do Amazonas durante a Operação “Blackout”,<<strong>br</strong> />

na Reserva Indígena Paxiubau, uma ocupação para moradia<<strong>br</strong> />

chamada Invasão Cidades das Luzes, localizada no bairro Santa<<strong>br</strong> />

Etelvina, na zona norte de Manaus. A operação “Blackout”<<strong>br</strong> />

envolvia o cumprimento de um mandado de prisão contra<<strong>br</strong> />

o indígena Sebastião Catilho Gomes, conhecido como Sabá<<strong>br</strong> />

Kokama, considerado foragido da Justiça. Essa operação envolveu<<strong>br</strong> />

500 policiais civis e militares e mem<strong>br</strong>os do Ministério<<strong>br</strong> />

Público Estadual. Na Cidade das Luze”, a organização criminosa<<strong>br</strong> />

“Família do Norte” seria responsável pelo tráfico de drogas, por<<strong>br</strong> />

crimes ambientais, pela invasão de terras públicas e estelionato,<<strong>br</strong> />

segundo informações da Secretaria de Segurança Pública do<<strong>br</strong> />

Amazonas. Nessa operação foi assassinado Anderson Mura,<<strong>br</strong> />

além de serem presos oito indígenas, seis homens e duas<<strong>br</strong> />

mulheres. Segundo o sítio eletrônico Amazônia Real, as testemunhas<<strong>br</strong> />

entrevistadas suspeitam que a morte de Anderson<<strong>br</strong> />

esteja relacionada com a disputa de terra com pessoas que se<<strong>br</strong> />

dizem donas do terreno onde está a ocupação.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma de fogo<<strong>br</strong> />

Com informações de:Cimi Regional Norte I<<strong>br</strong> />

AP<<strong>br</strong> />

3 Casos<<strong>br</strong> />

MAIO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Homem<<strong>br</strong> />

POVO: GALIBI<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: OIAPOQUE<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Kumarumã<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Lideranças indígenas realizaram uma manifestação<<strong>br</strong> />

pelas ruas da cidade de Oiapoque contra o desamparo do<<strong>br</strong> />

poder público, principalmente contra a violência. Um indígena<<strong>br</strong> />

foi morto por uma mulher com uma facada, após uma<<strong>br</strong> />

bebedeira. Outros dois índios já haviam sido assassinados<<strong>br</strong> />

na região, anteriormente.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma <strong>br</strong>anca<<strong>br</strong> />

Com informações de:SelesNafes.Com, 11/6/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

3/5/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Sidney dos Santos Narciso<<strong>br</strong> />

POVO: KARIPUNA DO AMAPÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: UAÇA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: OIAPOQUE<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Segundo informações, a suspeita disse que namorava<<strong>br</strong> />

com a vítima havia dois dias e que o golpe de faca teria sido<<strong>br</strong> />

em legítima defesa, já que o indígena a estava agredindo<<strong>br</strong> />

por ciúmes. A vítima chegou a ser socorrida, mas morreu<<strong>br</strong> />

no hospital de Oiapoque.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma <strong>br</strong>anca<<strong>br</strong> />

Com informações de:G1/AP 4/5/<strong>2015</strong>; Cimi Regional Norte II<<strong>br</strong> />

8/6/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Romário Getúlio Santos<<strong>br</strong> />

POVO: GALIBI<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: UAÇA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: OIAPOQUE<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Na frente de um bar na BR-156<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O indígena, soldado do Exército, levou um tiro. Foi socorrido,<<strong>br</strong> />

mas não resistiu. O acusado, soldado da Polícia Militar,<<strong>br</strong> />

alega que tentou apartar uma <strong>br</strong>iga e que atirou em direção de<<strong>br</strong> />

uma pessoa que, segundo ele, estava armada com um pedaço de<<strong>br</strong> />

madeira, e acabou atingindo a vítima. O delegado que investiga<<strong>br</strong> />

o caso ouviu várias pessoas afirmarem que o comportamento<<strong>br</strong> />

do PM havia sido fora do padrão de um policial.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma de fogo<<strong>br</strong> />

Com informações de:Cimi Regional Norte II<<strong>br</strong> />

BA<<strong>br</strong> />

4 Casos – 5 Vítimas<<strong>br</strong> />

1/5/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Adenilson da Silva Nascimento (Pinduca)<<strong>br</strong> />

POVO: TUPINAMBÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: TUPINAMBÁ DE OLIVENÇA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: BUERAREMA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Serra das Trempes<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Vítima de uma emboscada, Pinduca foi assassinado a<<strong>br</strong> />

tiros; sua companheira foi gravemente ferida e hospitalizada.<<strong>br</strong> />

O indígena era uma liderança na luta pela regularização da<<strong>br</strong> />

terra tradicional. Conforme o cacique, mais de 20 assassinatos<<strong>br</strong> />

ocorreram nos últimos dez anos sem que se resolva,<<strong>br</strong> />

pela demarcação, o problema fundiário da Terra Indígena<<strong>br</strong> />

Tupinambá de Olivença.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma de fogo<<strong>br</strong> />

Com informações de:Cacique José Sival T. de Magalhães, 2/5/<strong>2015</strong>; Cimi Regional<<strong>br</strong> />

Leste, 3/5/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

3/5/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Gilmar Alves da Silva<<strong>br</strong> />

POVO: TUMBALALÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: TUMBALALÁ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ABARÉ<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Caminho para a aldeia Pambúi<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O indígena seguia de moto para a aldeia quando um carro<<strong>br</strong> />

bateu nele e o arremessou ao chão. Em seguida, ele foi baleado.<<strong>br</strong> />

A vítima ainda conseguiu chegar à aldeia mas não resistiu.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma de fogo<<strong>br</strong> />

Com informações de:Pastoral da Terra, ano 40, nº 220, a<strong>br</strong>il a junho/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

24/9/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Jorge Carlos Amaral Nascimento e Maraci Oliveira da Costa<<strong>br</strong> />

POVO: TUPINAMBÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: TUPINAMBÁ DE OLIVENÇA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ILHÉUS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Distrito de Sapucaeira<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O casal de indígenas foi encontrado morto em um matagal,<<strong>br</strong> />

a uma distância de 3 km de onde moravam. Segundo<<strong>br</strong> />

informações dos parentes, o casal recebia ameaças e no dia<<strong>br</strong> />

do ocorrido eles foram levados de casa por cinco homens.<<strong>br</strong> />

Com informações de:G1/BA, 25/9/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

24/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Uilson Conceição dos Santos<<strong>br</strong> />

POVO: TUPINAMBÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: TUPINAMBÁ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ILHÉUS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Acuípe de Baixo<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Segundo informações da irmã da vítima, alguém chamou<<strong>br</strong> />

o indígena e assim que ele a<strong>br</strong>iu a porta para atender<<strong>br</strong> />

foi alvejado. Não se sabe os motivos e o autor do crime.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma de fogo<<strong>br</strong> />

Com informações de:Maraú Hoje, 29/10/<strong>2015</strong>; Cimi Regional Leste<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 82


Capítulo II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA<<strong>br</strong> />

MA 3 Casos<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Amadeus Timbira<<strong>br</strong> />

POVO: TIMBIRA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: GOVERNADOR<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: AMARANTE DO MARANHÃO<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Rubiácea<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Após uma discussão, a vítima foi atingida por agressores<<strong>br</strong> />

e levada ao hospital municipal, mas não resistiu.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Pedaço de madeira<<strong>br</strong> />

Com informações de:Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz<<strong>br</strong> />

05/4/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Sérgio Rosa de Assis Guajajara<<strong>br</strong> />

POVO: GUAJAJARA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: CANA BRAVA/GUAJAJARA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: BARRA DO CORDA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Ribeiro<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O assassinato ocorreu durante uma festa na aldeia. Não<<strong>br</strong> />

se sabe o motivo do crime. No mesmo incidente houve uma<<strong>br</strong> />

tentativa de assassinato de outro indígena.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma de fogo<<strong>br</strong> />

Com informações de:Cimi Regional Maranhão; Pastoral Indigenista de Grajaú<<strong>br</strong> />

26/4/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Euzébio Ka’apor<<strong>br</strong> />

POVO: KA’APOR<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ALTO TURIAÇU<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: CENTRO DO GUILHERME<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Entrada do povoado Areal, a 3 km da Aldeia<<strong>br</strong> />

Xiborendá<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A vítima foi baleada no interior do município. Segundo<<strong>br</strong> />

os Ka’apor, o crime está vinculado com o fato do povo ter<<strong>br</strong> />

assumido a defesa de seu território, o que desagrada madeireiros<<strong>br</strong> />

há alguns anos. Em agosto de 2014, os Guardiões<<strong>br</strong> />

da Floresta expulsaram vários madeireiros no interior da<<strong>br</strong> />

Terra Indígena, destruíram acampamentos e queimaram os<<strong>br</strong> />

caminhões que transportavam madeira ilegal. A violência<<strong>br</strong> />

contra os indígenas se intensificou depois do fechamento<<strong>br</strong> />

do último ramal madeireiro em dezem<strong>br</strong>o de 2014 e várias<<strong>br</strong> />

aldeias foram invadidas em represália às ações de fiscalização.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma de fogo<<strong>br</strong> />

Com informações de: Luis Antônio Pedrosa, presidente Da Comissão de Direitos Humanos<<strong>br</strong> />

da OAB-MA; Diogo Ca<strong>br</strong>al, advogado da CPT-MA, 27/4/<strong>2015</strong>;<<strong>br</strong> />

MG<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

23/3/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Genilson Lima dos Santos<<strong>br</strong> />

POVO: PATAXÓ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: BELO HORIZONTE<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Bairro Paraíso<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Segundo depoimento à Central de Flagrantes, o policial<<strong>br</strong> />

informou que estava reformando uma casa e foi avisado<<strong>br</strong> />

pelos pedreiros de que a vítima estava rondando o imóvel,<<strong>br</strong> />

em atitude suspeita. O policial foi até a casa e encontrou o<<strong>br</strong> />

indígena, a quem abordou. Conforme o agressor, a vítima<<strong>br</strong> />

teria sacado uma arma. Por reflexo, o policial atirou. A família<<strong>br</strong> />

do indígena contestou esta versão, explicando que ele não<<strong>br</strong> />

andava armado, que era trabalhador e honesto.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma de fogo<<strong>br</strong> />

Com informações de:Jornal Super Notícia, 26/3/<strong>2015</strong>; Cimi Regional Leste<<strong>br</strong> />

MS<<strong>br</strong> />

20 Casos<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Homem<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: AMAMBAI<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: AMAMBAI<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Terra Indígena<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Segundo informações do boletim de ocorrência, o<<strong>br</strong> />

indígena foi até a casa do irmão mais novo e pediu bebidas<<strong>br</strong> />

alcóolicas. Este, que jantava no momento, disse que não tinha<<strong>br</strong> />

e acabou esfaqueado no rosto. Ao sair da casa do irmão, o<<strong>br</strong> />

suspeito se deparou com a vítima e a esfaqueou no tórax e<<strong>br</strong> />

na axila esquerda. A vítima morreu no local.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma <strong>br</strong>anca<<strong>br</strong> />

Com informações de:G1/MS; Cimi Regional Mato Grosso do Sul<<strong>br</strong> />

4/1/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Jovem<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: DOURADOS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: DOURADOS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Bororó<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O indígena, de 18 anos, foi atingido com um golpe de<<strong>br</strong> />

foice na cabeça. Foi socorrido e levado ao Hospital da Vida,<<strong>br</strong> />

mas não resistiu.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma <strong>br</strong>anca<<strong>br</strong> />

Com informações de:O Progresso, 7/1/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

6/1/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Adolescente<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: DOURADOS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: DOURADOS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Vila Hilda<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Segundo informações da Polícia Militar, o menor estava<<strong>br</strong> />

envolvido com drogas e a casa onde ele foi encontrado era<<strong>br</strong> />

um ponto de consumo de entorpecentes.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Estrangulamento<<strong>br</strong> />

Com informações de:O Progresso, 7/1/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

12/1/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Simone Romeiro<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: JAGUAPIRÉ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: TACURU<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Jaguapiré<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A indígena estava em casa quando foi golpeada. O<<strong>br</strong> />

suspeito é o próprio filho da vítima, que foi detido pelos<<strong>br</strong> />

vizinhos até a chegada da polícia.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Agressão física<<strong>br</strong> />

Com informações de:Aquidauana News, 13/1/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

1/2/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Homem<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: AMAMBAI<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: AMAMBAI<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia de Amambaí<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O indígena foi encontrado morto a facadas. Os suspeitos<<strong>br</strong> />

pelo crime, dois irmãos, foram encontrados em uma<<strong>br</strong> />

casa. Questionados, ambos fugiram. Posteriormente, um dos<<strong>br</strong> />

suspeitos foi preso e, na delegacia, confessou que matou a<<strong>br</strong> />

83<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA<<strong>br</strong> />

vítima com a ajuda do irmão. Aos policiais, ele relatou que<<strong>br</strong> />

cometeu o crime porque foi furtado pelo homem.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma <strong>br</strong>anca<<strong>br</strong> />

Com informações de:G1/MS, 3/2/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

26/3/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Adolescente<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: DOURADOS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: DOURADOS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Bororó<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O acusado e a vítima, ambos adolescentes, jogavam<<strong>br</strong> />

videogame e se desentenderam quando ocorreu o crime.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma <strong>br</strong>anca<<strong>br</strong> />

Com informações de:Aquidauana News, 26/3/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

19/4/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Homem<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: DOURADOS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: DOURADOS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Jaguapiru<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Um índio ainda não identificado foi encontrado morto<<strong>br</strong> />

na aldeia. Segundo informações dos peritos, após ouvirem<<strong>br</strong> />

gritos, algumas pessoas foram verificar o que estava acontecendo<<strong>br</strong> />

e encontraram o indígena já sem sinais vitais.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma <strong>br</strong>anca<<strong>br</strong> />

Com informações de:Dourados News, 19/4/<strong>2015</strong>; Cimi Regional Mato Grosso do Sul<<strong>br</strong> />

19/4/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Larcides Flores Jara<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: AMAMBAI<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: AMAMBAI<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Segundo a mulher da vítima, o indígena estava em<strong>br</strong>iagado<<strong>br</strong> />

e foi assassinado quando saiu para caminhar.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma <strong>br</strong>anca<<strong>br</strong> />

Com informações de:O Progresso, 20/4/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

24/5/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Valdecir Rios Fernandes<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: DOURADOS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: DOURADOS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Bororó<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Os dois indígenas estavam ingerindo bebida alcoólica,<<strong>br</strong> />

quando houve uma discussão e o acusado agrediu a vítima.<<strong>br</strong> />

Ele nega o crime e diz que só se defendeu.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma <strong>br</strong>anca<<strong>br</strong> />

Com informações de:Dourados News, 25/5/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

9/7/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Edimar Espíndola<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: TAQUAPERÍ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: CORONEL SAPUCAIA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Às margens da rodovia MS-289<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Depois de uma semana internada, a vítima faleceu em<<strong>br</strong> />

decorrência de ferimentos de um espancamento sofrido<<strong>br</strong> />

próximo à aldeia. O suspeito é um antigo desafeto da vítima,<<strong>br</strong> />

que só parou as agressões ao ser impedido por populares.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Agressão física<<strong>br</strong> />

Com informações de:Correio do Estado, 9/7/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

22/7/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Josias Paulo<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: TEY’I JUSU<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: CAARAPÓ<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Fazenda Gauchinho<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A vítima estava em uma moto e parou por instantes<<strong>br</strong> />

próximo à fazenda Gauchinho. Um casal que estava de<<strong>br</strong> />

bicicleta aproximou-se, assaltou a vítima e a golpeou. O<<strong>br</strong> />

indígena não resistiu.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Roubo<<strong>br</strong> />

Com informações de:Campo Grande News<<strong>br</strong> />

27/7/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Sérgio Nunes<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI NHANDEVA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: CERRITO<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ELDORADO<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O indígena saiu de casa para pescar, armado com<<strong>br</strong> />

uma espingarda, e não retornou. O pai da vítima registrou a<<strong>br</strong> />

ocorrência e, quando ainda estava na delegacia, recebeu uma<<strong>br</strong> />

ligação informando que o filho fora encontrado. A equipe de<<strong>br</strong> />

investigadores foi ao local e encontrou o corpo já em estado<<strong>br</strong> />

de decomposição.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma de fogo<<strong>br</strong> />

Com informações de:Correio do Estado, 27/7/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

31/8/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Nilda Vilhalva<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: AMAMBAI<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: AMAMBAI<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Amambai<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A vítima estava com o marido em uma festa numa<<strong>br</strong> />

residência no interior da área. Após perceber a ausência do<<strong>br</strong> />

companheiro e encontrá-lo fora da festa, houve uma discussão,<<strong>br</strong> />

seguida de luta corporal. O agressor, armado com um<<strong>br</strong> />

pedaço de pau, desferiu um golpe na cabeça da vítima, que<<strong>br</strong> />

não resistiu ao ferimento.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Pedaço de madeira<<strong>br</strong> />

Com informações de:O Progresso, 31/8/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

29/8/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Simeão Vilhalva<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ÑHANDERU MARANGATU<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ANTÔNIO JOÃO<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Antônio João<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O corpo de Simeão foi encontrado na beira de um córrego,<<strong>br</strong> />

com o rosto perfurado por uma bala de arma de fogo.<<strong>br</strong> />

O ataque foi premeditado e perpetrado por fazendeiros e<<strong>br</strong> />

culminou no assassinato do indígena. A morte de Simeão é<<strong>br</strong> />

uma consequência da decisão do governo federal de paralisar<<strong>br</strong> />

os procedimentos de demarcação das terras indígenas. A<<strong>br</strong> />

Terra Indígena Ñhanderu Marangatu teve sua homologação<<strong>br</strong> />

assinada em 2005, mas foi suspensa pelo STF, submetendo as<<strong>br</strong> />

famílias a uma crise humanitária já apontada por organismos<<strong>br</strong> />

internacionais como uma das mais graves do mundo. Além<<strong>br</strong> />

da situação de vulnerabilidade, os Guarani são alvos, diariamente,<<strong>br</strong> />

de ações e discursos criminosos de incitação ao ódio<<strong>br</strong> />

e à violência proferidos por parlamentares ruralistas com o<<strong>br</strong> />

objetivo de colocar a sociedade sul-mato-grossense contra eles.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma de fogo<<strong>br</strong> />

Com informações de:Assessoria de Comunicação do Cimi, 30/8/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 84


Capítulo II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA<<strong>br</strong> />

20/9/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Evaristo Gonzales<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: AMAMBAI<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: AMAMBAI<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Amambai<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A vítima estava visitando o irmão na aldeia e foi encontrada<<strong>br</strong> />

por moradores da comunidade com vários hematomas,<<strong>br</strong> />

o que pode indicar que ele tenha sido agredido a pauladas.<<strong>br</strong> />

Para a polícia civil existe a possibilidade de um latrocínio<<strong>br</strong> />

(roubo seguido de morte).<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Espancamento<<strong>br</strong> />

Com informações de:Dourados Informa, 21/9/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

21/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Adolescente<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: SUCURIY<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: MARACAJU<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Sucuriy<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O adolescente, de 17 anos, foi morto a facadas durante<<strong>br</strong> />

uma <strong>br</strong>iga. Segundo informações, o suspeito estava ingerindo<<strong>br</strong> />

bebida alcoólica e começou a <strong>br</strong>igar com a vítima por ciúmes<<strong>br</strong> />

de sua esposa. A vítima foi atingida no abdômen e não<<strong>br</strong> />

resistiu. O suspeito foi encontrado em casa e encaminhado<<strong>br</strong> />

à delegacia.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma <strong>br</strong>anca<<strong>br</strong> />

Com informações de:Correio do Estado, 22/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

1/11/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Sebastião Iraia Duarte<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: DOURADOS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: DOURADOS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Bororó<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Segundo informações do capitão da área há suspeita<<strong>br</strong> />

de que a vítima tenha sido espancada e jogada na lagoa, em<<strong>br</strong> />

uma propriedade particular. O caso está sendo investigado<<strong>br</strong> />

pela Polícia Militar.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Espancamento<<strong>br</strong> />

Com informações de:Campo Grande News, 2/11/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

17/11/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Eder Antunes Morales<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: DOURADOS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: DOURADOS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Jaguapiru<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A vítima foi encontrada no quintal de uma casa, com<<strong>br</strong> />

ferimentos. O suspeito, que seria amigo da vítima, foi identificado<<strong>br</strong> />

mas está foragido. A polícia não tinha detalhes so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

o crime e iria a<strong>br</strong>ir inquérito para apurar o caso.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma <strong>br</strong>anca<<strong>br</strong> />

Com informações de:O Vigilante, 17/11/<strong>2015</strong>; Cimi Regional Mato Grosso do Sul<<strong>br</strong> />

6/12/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Elionel Benitez da Silva<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: DOURADOS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: DOURADOS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Rodovia Perimetral (anel viário)<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O indígena foi encontrado gravemente ferido por um<<strong>br</strong> />

motociclista e socorrido pela equipe do corpo de bombeiros.<<strong>br</strong> />

Segundo a família da vítima, ele saiu de casa e não avisou<<strong>br</strong> />

o destino. Posteriormente, foi encontrado esfaqueado. Não<<strong>br</strong> />

resistiu ao ferimento e faleceu a caminho do hospital.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma <strong>br</strong>anca<<strong>br</strong> />

Com informações de:Itaporã News, 7/12/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

19/12/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Ga<strong>br</strong>iel Lopes<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: DOURADOS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: DOURADOS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Bororó<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Segundo a polícia, a vítima havia terminado um relacionamento<<strong>br</strong> />

com uma jovem há pouco tempo. O indígena<<strong>br</strong> />

havia recebido ameaças de morte. O adolescente que praticou<<strong>br</strong> />

o crime alega que agiu sozinho, porém há suspeitas so<strong>br</strong>e a<<strong>br</strong> />

ex-namorada e outro indígena.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Enforcamento<<strong>br</strong> />

Com informações de:Campo Grande News, 20/12/<strong>2015</strong>; G1/MS, 20/12/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

PA 2 Casos<<strong>br</strong> />

JUNHO/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Jovem<<strong>br</strong> />

POVO: MUNDURUKU<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: SAI - CINZA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: JACAREACANGA<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Durante a realização do curso Ybureabu, um indígena<<strong>br</strong> />

foi encontrado morto na periferia da cidade. Há boatos de<<strong>br</strong> />

que o rapaz teria cometido um furto na cidade e, após uma<<strong>br</strong> />

tentativa de fuga, teria sido assassinado.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Ferramenta<<strong>br</strong> />

Com informações de:Roseninho Saw Munduruku; Cimi Regional Norte II<<strong>br</strong> />

26/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Laudenilson Imbiriba Lopes<<strong>br</strong> />

POVO: ARAPIUM<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: BAIXO TAPAJÓS/ARAPIUNS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: SANTARÉM<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Comunidade Capixauã<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Após uma <strong>br</strong>iga, a vítima foi esfaqueada pelo tio. A<<strong>br</strong> />

comunidade trouxe o agressor até a cidade, que confessou<<strong>br</strong> />

o crime na delegacia.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma <strong>br</strong>anca<<strong>br</strong> />

Com informações de:G1/PA, 27/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

PE<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

8/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: José Aldenício da Silva<<strong>br</strong> />

POVO: XUKURU<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: XUKURU<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: PESQUEIRA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Massaranduba<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: De acordo com informações da Polícia Militar, a vítima,<<strong>br</strong> />

de 56 anos, foi atingido por disparos de arma de fogo no rosto.<<strong>br</strong> />

O corpo dele foi encontrado no Sítio Maçaranduba, na zona<<strong>br</strong> />

rural do município. Ainda segundo a polícia, testemunhas<<strong>br</strong> />

não souberam informar como o crime teria ocorrido. Um<<strong>br</strong> />

inquérito foi instaurado para investigar o homicídio.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma de fogo<<strong>br</strong> />

Com informações de:NE10 Interior<<strong>br</strong> />

85<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA<<strong>br</strong> />

PR<<strong>br</strong> />

15/3/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

4 Casos – 5 Vítimas<<strong>br</strong> />

VÍTIMAS: Onória Agoeiro Nunes e Ananias Nunes<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: TEKOHA PORÃ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: GUAÍRA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Bar<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Segundo informações, o casal apresentava sinais de<<strong>br</strong> />

em<strong>br</strong>iaguez e o marido esfaqueou a vítima, que não resistiu.<<strong>br</strong> />

Na sequência, populares espancaram o indígena até a morte.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma <strong>br</strong>anca e espancamento<<strong>br</strong> />

Com informações de:Cimi Regional Sul - Equipe Guarapuava, 15/3/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

26/7/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Homem<<strong>br</strong> />

POVO: KAINGANG<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: BARÃO DE ANTONINA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: TERRA NOVA<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O indígena foi encontrado morto. Ele trabalhava numa<<strong>br</strong> />

propriedade rural. Não se sabe o motivo nem o agressor.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma <strong>br</strong>anca<<strong>br</strong> />

Com informações de:Cimi Regional Sul<<strong>br</strong> />

SETEMBRO/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Criança<<strong>br</strong> />

POVO: KAINGANG<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: BOA VISTA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: LARANJEIRAS DO SUL<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O acusado pelo assassinato é o companheiro da mãe<<strong>br</strong> />

da criança. O IML detectou abuso sexual. O vice-cacique<<strong>br</strong> />

colocou-se à disposição para ajudar na elucidação do crime,<<strong>br</strong> />

assim como na ca<strong>pt</strong>ura do autor, que conseguiu fugir.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Estupro<<strong>br</strong> />

Com informações de:Adriano Zeni , 14/9/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

26/11/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Claudir Bernardo<<strong>br</strong> />

POVO: KAINGANG<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: RIO DAS COBRAS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: NOVA LARANJEIRAS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Margens da rodovia PR-473<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: No local onde o crime ocorreu, indígenas relataram aos<<strong>br</strong> />

policiais que dois índios se deslocavam a pé pelas margens<<strong>br</strong> />

da BR-473, que liga a BR-277 a Quedas do Iguaçu, quando<<strong>br</strong> />

foram abordados por condutores de um veículo. Desceram<<strong>br</strong> />

dois homens e agrediram as vítimas, com facadas. Um deles<<strong>br</strong> />

não resistiu aos ferimentos.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma <strong>br</strong>anca<<strong>br</strong> />

Com informações de:Cimi Regional Sul - Equipe Paraná<<strong>br</strong> />

Aline Torres<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 86


Capítulo II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA<<strong>br</strong> />

RO<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

18/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Estudante<<strong>br</strong> />

POVO: ORO WARAM (ORO WARI)<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: JI-PARANÁ<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Cidade de JI-Paraná<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O indígena estava na Universidade Federal de Rondônia,<<strong>br</strong> />

onde estudava. Segundo testemunhas, várias pessoas estavam<<strong>br</strong> />

tomando bebidas alcoólicas no local. Após ouvirem gritos,<<strong>br</strong> />

foram ver o que estava ocorrendo e encontraram o corpo da<<strong>br</strong> />

vítima. Não se conhece o motivo nem o suspeito.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma <strong>br</strong>anca<<strong>br</strong> />

Com informações de:G1/RO, 19/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

RR<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

12/4/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Ari Pakidai Yanomami<<strong>br</strong> />

POVO: YANOMAMI<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: YANOMAMI<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: BARCELOS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Hemahepiwei<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O índio se envolveu numa <strong>br</strong>iga na aldeia onde morava<<strong>br</strong> />

e foi atingido por vários golpes. Os médicos encontram<<strong>br</strong> />

dificuldade em apontar a verdadeira causa da morte porque<<strong>br</strong> />

a cultura do povo não permite autópsia.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Espancamento<<strong>br</strong> />

Com informações de:Folha de Boa Vista, 14/4/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

SC<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

31/12/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Vítor<<strong>br</strong> />

POVO: KAINGANG<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ALDEIA KONDÁ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: CHAPECÓ<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Rodoviária de Imbituba<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A criança estava no colo da mãe na rodoviária, com o<<strong>br</strong> />

pai e dois irmãos. A família se deslocara da aldeia e procurava<<strong>br</strong> />

um local para vender artesanato. Um homem se aproximou,<<strong>br</strong> />

acariciou o rosto da criança e a atacou com um estilete no<<strong>br</strong> />

pescoço, degolando-a.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma <strong>br</strong>anca<<strong>br</strong> />

Com informações de:Cimi Regional Sul, 31/12/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

TO<<strong>br</strong> />

6 Casos<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Rodrigo Pereira Apinajé<<strong>br</strong> />

POVO: APINAJÉ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: APINAYÉ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: TOCANTINÓPOLIS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Comunidade<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A vítima foi morta pelo filho. Segundo Informações, o<<strong>br</strong> />

indígena frequentemente consumia bebidas alcoólicas e batia<<strong>br</strong> />

na esposa. Em uma dessas ocasiões, o menor se revoltou e<<strong>br</strong> />

atingiu a vítima com um golpe de facão.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma <strong>br</strong>anca<<strong>br</strong> />

Com informações de:Cimi Regional GO/TO; Lideranças indígenas<<strong>br</strong> />

20/1/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Brandina P. Carvalho Apinajé<<strong>br</strong> />

POVO: APINAJÉ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: APINAYÉ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: TOCANTINÓPOLIS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Cipozal<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Além de assassinar a vítima, a acusada atingiu também<<strong>br</strong> />

a filha da mesma, de apenas 6 meses, que estava no colo da<<strong>br</strong> />

mãe e sofreu um corte em dois dedos da mão. O motivo<<strong>br</strong> />

seria uma dívida de R$ 60, que a vítima se recusava a pagar. A<<strong>br</strong> />

comunidade denuncia o grande consumo de bebida alcoólica<<strong>br</strong> />

nas aldeias, vinculado ao aumento de violência, em especial<<strong>br</strong> />

contra mulheres e crianças.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma <strong>br</strong>anca<<strong>br</strong> />

Com informações de:Associação União das Aldeias Apinajé,22/1/15<<strong>br</strong> />

22/6/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Were Sumekwa Karajá Xerente<<strong>br</strong> />

POVO: KARAJÁ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: PORTO NACIONAL<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Estrada vicinal na zona rural<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O indígena foi assassinado e seu corpo encontrado em<<strong>br</strong> />

uma casa abandonada. A família do jovem informou que ele<<strong>br</strong> />

era dependente químico e aguardava apenas a liberação por<<strong>br</strong> />

parte do governo do estado para sua internação compulsória.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma de fogo<<strong>br</strong> />

Com informações de:Conexão Tocantins, 24/6/<strong>2015</strong>; G1/TO, 23/6/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

27/6/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Homem<<strong>br</strong> />

POVO: KARAJÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KARAJÁ DE ARUANÃ I<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ARUANÃ<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A vítima estava em<strong>br</strong>iagada e foi espancada até a morte<<strong>br</strong> />

num bar da cidade.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Espancamento<<strong>br</strong> />

Com informações de:Cimi Regional GO/TO - Equipe Palmas, 30/6/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

19/7/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Karlucia Krahô<<strong>br</strong> />

POVO: KRAHÔ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KRAHÔ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: RECURSOLÂNDIA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Povoado de Alto Lindo<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Por motivos ainda ignorados, a indígena foi morta com<<strong>br</strong> />

golpes de canivete.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma <strong>br</strong>anca<<strong>br</strong> />

Com informações de:G1/TO, 20/7/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

26/12/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Alex de Oliveira Apinajé<<strong>br</strong> />

POVO: APINAJÉ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: APINAYÉ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: TOCANTINÓPOLIS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Apinajé Olhos D´água<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Segundo informações da polícia, após uma discussão,<<strong>br</strong> />

o acusado atirou na cabeça do adolescente porque ele teria<<strong>br</strong> />

que<strong>br</strong>ado o retrovisor da sua motocicleta. O adolescente<<strong>br</strong> />

chegou a ser socorrido pelos indígenas, mas morreu a caminho<<strong>br</strong> />

do hospital.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma de fogo<<strong>br</strong> />

Com informações de:Cimi Regional GO/TO; G1/TO, 27/12/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

87<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA<<strong>br</strong> />

Tentativa de assassinato<<strong>br</strong> />

Cimi registrou em <strong>2015</strong>, 31 casos de tentativas de<<strong>br</strong> />

O assassinato. As ocorrências foram registradas nos<<strong>br</strong> />

estados de Alagoas (1), Amazonas (2), Maranhão (7),<<strong>br</strong> />

Mato Grosso (3), Mato Grosso do Sul (12), Minas Gerais<<strong>br</strong> />

(1), Pará (1), Paraná (2), Rio Grande do Sul (1) e Santa<<strong>br</strong> />

Catarina (1).<<strong>br</strong> />

No Mato Grosso do Sul registramos doze tentativas<<strong>br</strong> />

de assassinatos e, além disso, diversos ataques diretos a<<strong>br</strong> />

comunidades inteiras. Os atentados ocorreram contra as<<strong>br</strong> />

comunidades de Ñhanderu Marangatu, no município de<<strong>br</strong> />

Antônio João; em Guyra Kamby’i, no município de Douradina;<<strong>br</strong> />

Potrero Guasu, no município de Paranhos; Pyellito<<strong>br</strong> />

Kue, no município de Iguatemi; Mbaracay, no município<<strong>br</strong> />

de Douradina; Kurupi, no município de Naviraí; Tey’I Jusu,<<strong>br</strong> />

no município de Caarapó; Kurusu Ambá, no município de<<strong>br</strong> />

Coronel Sapucaia; e Taquara, no município de Jutí.<<strong>br</strong> />

Os ataques contra as comunidades foram realizados<<strong>br</strong> />

por homens fortemente armados, conduzidos por caminhonetes<<strong>br</strong> />

picape, com quatro portas e carrocerias. Apesar<<strong>br</strong> />

das denúncias e dos pedidos de proteção dos indígenas,<<strong>br</strong> />

os órgãos de segurança, especialmente a Polícia Federal<<strong>br</strong> />

e a Força Nacional, negavam-se em realizar a vigilância<<strong>br</strong> />

nas áreas em conflito. Os servidores da Funai sentiam-se<<strong>br</strong> />

impotentes diante das negativas a esses pedidos de ajuda.<<strong>br</strong> />

O Ministério da Justiça manteve-se negligente, o que, na<<strong>br</strong> />

prática, legitimou as ações criminosas dos fazendeiros e<<strong>br</strong> />

de seus capangas.<<strong>br</strong> />

Houve, da parte dos órgãos de Estado, uma intervenção<<strong>br</strong> />

no município de Antônio João, mas somente depois do<<strong>br</strong> />

assassinato de Simeão Vilhalva e do clima de tensão e<<strong>br</strong> />

violência ficar quase fora de controle. O governo convocou<<strong>br</strong> />

o apoio do Exército, que ficou de prontidão entre a área<<strong>br</strong> />

indígena e o município de Antônio João.<<strong>br</strong> />

Também no Mato Grosso do Sul, uma comunidade<<strong>br</strong> />

Guarani Nhandeva foi alvo de um ataque com rajadas de<<strong>br</strong> />

tiros, deixando vários feridos. Parte da comunidade se<<strong>br</strong> />

refugiou na mata. O acampamento indígena atacado, área<<strong>br</strong> />

de uma antiga fazenda, ocupava apenas 6,5% do total de<<strong>br</strong> />

hectares declarados pelo Ministério da Justiça como terra<<strong>br</strong> />

indígena, ainda no ano 2000.<<strong>br</strong> />

Arquuivo Cimi<<strong>br</strong> />

Uma grande quantidade de cartuchos de armas de fogo e cápsulas de balas de borracha foram encontradas na comunidade Guyra Kamby’i<<strong>br</strong> />

após mais um ataque de fazendeiros e pistoleiros à comunidade durante a madrugada<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 88


Capítulo II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA<<strong>br</strong> />

Em <strong>2015</strong>, o estado do Maranhão se destacou em relação<<strong>br</strong> />

às tentativas de assassinatos, 30 pessoas sofreram agressões,<<strong>br</strong> />

especialmente em função da luta contra a exploração<<strong>br</strong> />

madeireira em terras indígenas. Naquele estado se chegou ao<<strong>br</strong> />

cúmulo de madeireiros atearem fogo nas florestas situadas<<strong>br</strong> />

nas terras indígenas para amedrontar as comunidades, de<<strong>br</strong> />

modo a impedir que elas reagissem à ofensiva criminosa da<<strong>br</strong> />

derrubada e retirada das madeiras. O mais grave é que o<<strong>br</strong> />

governo federal se omitiu em relação às agressões aos povos<<strong>br</strong> />

indígenas e demorou muito para atuar contra a devastação<<strong>br</strong> />

da natureza e o incêndio criminoso que consumiu mais de<<strong>br</strong> />

200 mil hectares de mata dentro dos territórios tradionais.<<strong>br</strong> />

Na Terra Indígena Alto Tarauacá, uma das lideranças<<strong>br</strong> />

Ka’apor mais combativas do seu povo, sofreu um atentado<<strong>br</strong> />

quando visitava uma das oito áreas de proteção criadas para<<strong>br</strong> />

impedir a ação de madeireiros. O indígena foi perseguido<<strong>br</strong> />

de moto por dois homens que atiraram em sua direção.<<strong>br</strong> />

Em outu<strong>br</strong>o, guardas indígenas florestais da Terra Indígena<<strong>br</strong> />

Alto Turiaçu, também no Maranhão, apreenderam sete<<strong>br</strong> />

invasores e atearam fogo em um caminhão e duas motocicletas<<strong>br</strong> />

usadas para a retirada de madeira. Em represália,<<strong>br</strong> />

mais de vinte madeireiros armados invadiram o território<<strong>br</strong> />

indígena, atiraram pelas costas e fugiram, fechando a entrada<<strong>br</strong> />

da aldeia. No dia seguinte eles invadiram novamente o<<strong>br</strong> />

local, agredindo homens e expulsando mulheres e crianças.<<strong>br</strong> />

No Rio Grande do Sul, lideranças do povo Kaingang<<strong>br</strong> />

sofreram um atentado a tiros, disparados por dois homens,<<strong>br</strong> />

quando trafegavam de carro em direção à comunidade<<strong>br</strong> />

indígena. O vice-cacique foi atingido na região da coluna.<<strong>br</strong> />

Os indígenas ligam os ataques à luta pela terra.<<strong>br</strong> />

AL<<strong>br</strong> />

4/2/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: José Romilson Wanderley dos Santos<<strong>br</strong> />

POVO: XUKURU-KARIRI<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: XUKURU-KARIRI<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: PALMEIRA DOS ÍNDIOS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Numa praça da cidade<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O indígena foi encontrado ferido e encaminhado à<<strong>br</strong> />

Unidade de Emergência do Agreste, em Arapiraca.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma de fogo<<strong>br</strong> />

Com informações de:Alagoas 24 Horas, 5/2/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

AM<<strong>br</strong> />

29/6/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

2 Casos<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Adeilson de Catro Pinheiro<<strong>br</strong> />

POVO: MURA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: MURUTINGA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: AUTAZES<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Comunidade indígena Murutinga Tracajá<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A vítima estava trabalhando quando um policial e dois<<strong>br</strong> />

guardas municipais desceram de duas motos e pediram que<<strong>br</strong> />

ele fosse à delegacia onde se encontrava um invasor da terra<<strong>br</strong> />

indígena que reclamava que a vítima estava plantando verduras<<strong>br</strong> />

em seu terreno. Segundo a comunidade, a área foi doada<<strong>br</strong> />

para a vítima ampliar sua horta. O policial forçou o indígena<<strong>br</strong> />

a assinar um acordo. Ele ainda entrou na área e aguardou o<<strong>br</strong> />

cacique, que trazia um documento para provar que a área<<strong>br</strong> />

era indígena. Houve um incidente e o policial sacou a arma<<strong>br</strong> />

e tentou acertar o indígena, também procurando algemá-lo.<<strong>br</strong> />

Após séria discussão, a comunidade conseguiu tirar a arma<<strong>br</strong> />

do policial, o que ocasionou problemas para os moradores.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma de fogo<<strong>br</strong> />

Com informações de:Cimi Regional Norte I<<strong>br</strong> />

1/1/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Ailton Cruz de Souza<<strong>br</strong> />

POVO: MURA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: IGARAPÉ AÇU<<strong>br</strong> />

TENTATIVA DE ASSASSINATO<<strong>br</strong> />

31 Casos<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: AUTAZES<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Igarapé Açu<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A vítima foi atingida por uma facada no abdômen. O<<strong>br</strong> />

agressor estava alcoolizado. O consumo de bebida alcoólica<<strong>br</strong> />

tem sido um problema constante na comunidade e a venda<<strong>br</strong> />

continua, embora proibida por lei e combatida pela maioria<<strong>br</strong> />

dos moradores.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma <strong>br</strong>anca<<strong>br</strong> />

Com informações de:Cimi Regional Norte I; Angelo Moreira Tavares, 10/9/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

MA 7 Casos<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Gael Krepunkateje<<strong>br</strong> />

POVO: KANELA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: GERALDA/TOCO PRETO<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ITAIPAVA DO GRAJAU<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Itaipava do Grajaú<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A vítima participava de uma festa quando seu irmão<<strong>br</strong> />

envolveu-se numa <strong>br</strong>iga com um não indígena. Ao tentar<<strong>br</strong> />

separá-los, o não indígena sacou um revólver e atirou duas<<strong>br</strong> />

vezes em Gael.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma de fogo<<strong>br</strong> />

Com informações de:Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz<<strong>br</strong> />

MARÇO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: AWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: CARU<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: BOM JARDIM<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Floresta onde vivem os Awá<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Famílias de Awá se deslocaram para a floresta e foram<<strong>br</strong> />

abordados por um grupo de caçadores ilegais que se<<strong>br</strong> />

instalaram em acampamentos próximos à zona de caça dos<<strong>br</strong> />

Awá. Os caçadores dispararam em direção aos indígenas<<strong>br</strong> />

que, amedrontados, retornaram à aldeia. Os índios viram<<strong>br</strong> />

no acampamento couros de animais e grandes plantios de<<strong>br</strong> />

maconha.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma de fogo<<strong>br</strong> />

Com informações de:Cimi Regional Maranhão; Comunidade indígena<<strong>br</strong> />

89<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA<<strong>br</strong> />

5/4/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: José Olímpio de Souza Guajajara<<strong>br</strong> />

POVO: GUAJAJARA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: CANA BRAVA/GUAJAJARA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: BARRA DO CORDA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Ribeiro<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A tentativa de assassinato ocorreu numa festa que se<<strong>br</strong> />

realizava na aldeia. Não se sabe o motivo, e, no mesmo incidente,<<strong>br</strong> />

outro indígena foi assassinado. ‘MEIO EMPREGADO:<<strong>br</strong> />

Arma de fogo<<strong>br</strong> />

Com informações de:Cimi Regional Maranhão; Pastoral Indigenista de Grajaú<<strong>br</strong> />

26/4/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Janalinha Nazaré Guajajara<<strong>br</strong> />

POVO: GUAJAJARA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ARARIBÓIA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: AMARANTE<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Amarante<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A vítima foi alvejada por uma arma de fogo e encaminhada<<strong>br</strong> />

ao hospital, em estado grave. Não havia informações<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e o motivo e o autor do crime.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma de fogo<<strong>br</strong> />

Com informações de: Difusora; Jornal Pequeno, 27/4/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

16/7/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: I.J. Ka’apor<<strong>br</strong> />

POVO: KA’APOR<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ALTO TARAUACÁ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ZÉ DOCA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Ypahurenda<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A vítima é uma das mais combativas lideranças que<<strong>br</strong> />

defende a sua terra e sofreu um atentado quando visitava<<strong>br</strong> />

uma das oito áreas de proteção criadas para impedir a ação<<strong>br</strong> />

de madeireiros. Estava sozinho de motocicleta, quando notou<<strong>br</strong> />

que dois homens o seguiam, também de motocicleta. Eles<<strong>br</strong> />

pararam nas proximidades de um povoado e, seguindo-o de<<strong>br</strong> />

longe, atiraram em sua direção. O indígena não foi atingido.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma de fogo<<strong>br</strong> />

Com informações de:Assessoria de Comunicação do Cimi, 22/7/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

OUTUBRO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Guardas indígenas florestais<<strong>br</strong> />

POVO: AWÁ-GUAJÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ALTO TURIAÇU<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ZÉ DOCA<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A terra indígena foi atingida pelo fogo e por ocasião da<<strong>br</strong> />

limpeza dos picos e mapeamentos dessas áreas, um grupo de<<strong>br</strong> />

guardas agroflorestais Ka´apor se deparou com caminhões,<<strong>br</strong> />

motosserras e pessoas armadas que serravam madeira dentro<<strong>br</strong> />

do território. Percebendo a presença de indígenas, os invasores<<strong>br</strong> />

dispararam em direção ao grupo. Os indígenas se refugiaram<<strong>br</strong> />

no interior da floresta e um não indígena madeireiro morreu<<strong>br</strong> />

no conflito. Após esse acontecimento, madeireiros da<<strong>br</strong> />

região incitaram trabalhadores de serrarias, estanqueiros e<<strong>br</strong> />

familiares das pessoas que retiram ilegalmente a madeira, a<<strong>br</strong> />

invadirem as aldeias.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma de fogo<<strong>br</strong> />

Com informações de:Cimi Regional Maranhão; Comunidade indígena<<strong>br</strong> />

19/12/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Guardas indígenas florestais<<strong>br</strong> />

POVO: KA’APOR<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ALTO TURIAÇU<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ZÉ DOCA<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Após manter o controle do incêndio que devastou<<strong>br</strong> />

grande parte de suas terras, os indígenas se depararam com<<strong>br</strong> />

madeireiros que extraíam madeira ilegalmente em um dos<<strong>br</strong> />

ramais que já havia sido fechado para evitar a extração da<<strong>br</strong> />

madeira. Além disso, os Ka´apor desco<strong>br</strong>iram que os madeireiros<<strong>br</strong> />

construíram uma ponte so<strong>br</strong>e o Rio Turi para facilitar<<strong>br</strong> />

o acesso à extração ilegal. À vista disso, apreenderam sete<<strong>br</strong> />

pessoas para entregar ao Ibama e atearam fogo em um caminhão<<strong>br</strong> />

e duas motocicletas usadas no processo de retirada<<strong>br</strong> />

de madeira. Sabendo dessa situação, mais de 20 madeireiros<<strong>br</strong> />

armados invadiram o território indígena e mandaram que<<strong>br</strong> />

todos ficassem na mira das armas. Atiraram pelas costas e<<strong>br</strong> />

fugiram. Como resultado, houve baleados e desaparecidos.<<strong>br</strong> />

No mesmo dia os invasores ainda fecharam a entrada da<<strong>br</strong> />

aldeia; no dia seguinte, eles invadiram novamente o local,<<strong>br</strong> />

agredindo homens e expulsando mulheres e crianças.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma de fogo<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão<<strong>br</strong> />

MG<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

25/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Mulher<<strong>br</strong> />

POVO: MAXAKALI<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: MAXAKALI<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: LADAINHA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Verde Maxakali<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A vítima foi agredida com uma paulada na cabeça e<<strong>br</strong> />

conduzida ao hospital com traumatismo craniano. Não se<<strong>br</strong> />

sabe, com certeza, o motivo da agressão. Porém, apesar de<<strong>br</strong> />

proibida por lei, a venda de bebida alcoólica é comum na aldeia,<<strong>br</strong> />

o que tem provocado muita violência interna. O agressor<<strong>br</strong> />

foi preso pelos próprios indígenas e, posteriormente, levado<<strong>br</strong> />

pela polícia à delegacia e autuado em flagrante.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Espancamento<<strong>br</strong> />

Com informações de:G1/Vales de Minas Gerais, 26/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

MS<<strong>br</strong> />

12 Casos<<strong>br</strong> />

25/1/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Eliezer Ca<strong>br</strong>eira de Souza<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: DOURADOS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: DOURADOS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Jaguapiru<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A vítima trafegava de moto em uma estrada vicinal, em<<strong>br</strong> />

direção à aldeia Jaguapiru. Ao parar a moto para conversar<<strong>br</strong> />

com um jovem que estava na beira da estrada, este a agrediu<<strong>br</strong> />

com uma facada no lado direito do peito. O indígena ficou<<strong>br</strong> />

em estado grave.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma <strong>br</strong>anca<<strong>br</strong> />

Com informações de:Thatiana Melo, 25/1/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

31/1/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Eliza e Abel<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: CERRITO<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ELDORADO<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Durante uma <strong>br</strong>iga, o autor das agressões feriu a esposa<<strong>br</strong> />

com tiros. Posteriormente, ele ainda deu um golpe de facão<<strong>br</strong> />

no vizinho.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma de fogo<<strong>br</strong> />

Com informações de:Campo Grande News, 31/1/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 90


Capítulo II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA<<strong>br</strong> />

7/4/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Valdinei L.<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: DOURADOS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: DOURADOS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Bororó<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Marido e mulher estavam alcoolizados. O homem<<strong>br</strong> />

agrediu a mulher e ela, para se defender, o atacou, ferindo-o<<strong>br</strong> />

gravemente.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma <strong>br</strong>anca<<strong>br</strong> />

Com informações de:Aquidauana News, 8/4/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

29/5/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Homem<<strong>br</strong> />

POVO: TERENA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: MÃE TERRA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: MIRANDA<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A comunidade protestou em frente à delegacia e ao<<strong>br</strong> />

supermercado da cidade e, embora a vítima não confirme<<strong>br</strong> />

o autor do disparo, os indígenas acusam o dono de uma<<strong>br</strong> />

fazenda.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma de fogo<<strong>br</strong> />

Com informações de:Campo Grande News, 30/5/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

29/5/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Jolinel Leôncio Terena, Josimar Terema, Lindomar Terena<<strong>br</strong> />

e a comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: TERENA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: CACHOEIRINHA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: MIRANDA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Terra Indígena<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A vítima, seu irmão e mais alguns indígenas trabalhavam<<strong>br</strong> />

em um roçado, dentro dos limites da terra indígena, nas redondezas<<strong>br</strong> />

da aldeia, às margens da Rodovia MS 488, que liga a<<strong>br</strong> />

comunidade ao município, quando foram surpreendidos por<<strong>br</strong> />

tiros de indivíduos que estavam dentro de uma caminhonete.<<strong>br</strong> />

A vítima foi baleada na parte lateral do corpo e removida para<<strong>br</strong> />

um hospital. Os so<strong>br</strong>eviventes identificaram o carro como<<strong>br</strong> />

pertencente a um fazendeiro da região que é alvo de mais de<<strong>br</strong> />

uma dúzia de denúncias do Conselho de Lideranças Terena,<<strong>br</strong> />

por ameaças de morte contra Lindomar Terena e intimidações<<strong>br</strong> />

contra o povo. Mesmo assim, nenhuma providência foi<<strong>br</strong> />

tomada por parte das autoridades. Cerca de 120 indígenas se<<strong>br</strong> />

dirigiram para Miranda, exigindo que os policiais fizessem o<<strong>br</strong> />

boletim de ocorrência. O procedimento deveria ser padrão,<<strong>br</strong> />

mas o delegado, até então, relutava em fazê-lo. Autoridades<<strong>br</strong> />

fizeram contato com o delegado para entender os motivos<<strong>br</strong> />

da sua recusa em registrar o boletim. Os indígenas afirmam<<strong>br</strong> />

que o alvo poderia ser Lindomar Terena, que estava perto<<strong>br</strong> />

do local do atentado. Suspeitam disso porque Lindomar é<<strong>br</strong> />

comumente ameaçado de morte.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma de fogo<<strong>br</strong> />

Com informações de:Cimi Regional Mato Grosso do Sul<<strong>br</strong> />

19/6/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Adolescente<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: DOURADOS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: DOURADOS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Bororó<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Policiais da Força Nacional de Segurança, acompanhados<<strong>br</strong> />

de lideranças indígenas, prenderam o acusado por uma<<strong>br</strong> />

tentativa de assassinato contra um adolescente indígena de<<strong>br</strong> />

15 anos, que foi atingido por um golpe de faca.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma <strong>br</strong>anca<<strong>br</strong> />

Com informações de:Itaporã News, 22/6/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

10/8/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Adolescente<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: DOURADOS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: DOURADOS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Jaguapiru<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: De acordo com a ocorrência policial, durante uma<<strong>br</strong> />

discussão por motivo desconhecido, uma adolescente de<<strong>br</strong> />

17 anos, feriu a outra menor com três facadas, sendo uma<<strong>br</strong> />

nas costas, outra no <strong>br</strong>aço e outra no abdômen. Ela foi socorrida<<strong>br</strong> />

e encaminhada para o Hospital das Missões e não<<strong>br</strong> />

corria risco de morte.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma <strong>br</strong>anca<<strong>br</strong> />

Com informações de:Diário Digital, 14/8/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

3/9/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: GUYRA KAMBY’I<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: DOURADOS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: BR 163, perto do distrito de Bacajá<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Fazendeiros e pistoleiros realizaram um duro ataque à<<strong>br</strong> />

comunidade, durante a madrugada, com vários disparos de<<strong>br</strong> />

arma de fogo. A comunidade se dispersou, escondendo-se<<strong>br</strong> />

no mato. Os fazendeiros se reuniram na noite anterior para<<strong>br</strong> />

preparar o ataque, descumprindo, assim, um acordo feito<<strong>br</strong> />

com a Polícia Militar, a Funai e os indígenas.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma de fogo<<strong>br</strong> />

Com informações de:Midiamax, 3/9/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

18/9/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: PYELLITO KUE<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: IGUATEMI<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Próximo da sede da fazenda Maringá<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Conforme as lideranças indígenas, pistoleiros atacaram<<strong>br</strong> />

a comunidade poucas horas depois de capangas terem<<strong>br</strong> />

avisado que “todos seriam mortos”. Foram utilizadas balas<<strong>br</strong> />

de borracha, classificadas como de uso restrito, além das<<strong>br</strong> />

habituais armas de fogo. Entre os feridos estavam uma<<strong>br</strong> />

gestante e um rezador.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma de fogo<<strong>br</strong> />

Com informações de:Assessoria de Comunicação do Cimi, 18/9/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

19/9/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI NHANDEVA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: POTRERO GUASU<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: PARANHOS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Tekoha Potrero Guaçu<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A comunidade indígena foi alvo de um ataque com<<strong>br</strong> />

rajadas de tiros, que deixou vários feridos. Parte da comunidade<<strong>br</strong> />

se refugiou na mata. O acampamento sob ataque,<<strong>br</strong> />

área de uma antiga fazenda, ocupa apenas 6,5% do total de<<strong>br</strong> />

hectares declarados pelo Ministério da Justiça como terra<<strong>br</strong> />

indígena, no ano 2.000. Parte da comunidade se nega a deixar<<strong>br</strong> />

91<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA<<strong>br</strong> />

a área. Capangas e pistoleiros fizeram um cerco, impedindo<<strong>br</strong> />

os indígenas de buscarem socorro no hospital. Um indígena<<strong>br</strong> />

foi baleado na coxa, o cacique foi alvejado na perna esquerda<<strong>br</strong> />

e outra liderança no <strong>br</strong>aço.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma de fogo<<strong>br</strong> />

Com informações de:Assessoria de Comunicação do Cimi, 19/9/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

16/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: IGUATEMIPEGUÁ I<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: IGUATEMI<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Comunidade de Mbaracay<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A comunidade, constituída na sua maior parte por idosos,<<strong>br</strong> />

ocupou uma pequena porção de terra de, no máximo, dois<<strong>br</strong> />

hectares de seu território tradicional porque estavam sem<<strong>br</strong> />

acesso ao mato, à água potável e a animais para caça. A área<<strong>br</strong> />

é uma região alagadiça e não é usada para nenhum tipo de<<strong>br</strong> />

produção. O grupo de indígenas foi identificado primeiramente<<strong>br</strong> />

pela polícia do estado. Posteriormente, os indígenas foram<<strong>br</strong> />

covardemente atacados por um grupo armado, que efetuou<<strong>br</strong> />

disparos letais contra eles. Rendidos, os indígenas foram submetidos<<strong>br</strong> />

a uma longa sessão de tortura e, após alguns deles<<strong>br</strong> />

terem seus tornozelos que<strong>br</strong>ados, foram o<strong>br</strong>igados a fazer<<strong>br</strong> />

uma longa caminhada para fora da área ocupada.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Ameaça; agressão física; tortura; detenção ilegal<<strong>br</strong> />

Com informações de:Cimi - Secretariado Nacional e Regional Mato Grosso do Sul<<strong>br</strong> />

DEZEMBRO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: TEY’I JUSU<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: CAARAPÓ<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Acampamento localizado nas imediações do<<strong>br</strong> />

município<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Esta comunidade já possui um longo histórico de<<strong>br</strong> />

violações e ataques. Desta vez, seus moradores foram submetidos<<strong>br</strong> />

a vários ataques químicos efetuados através de<<strong>br</strong> />

tratores e aeronaves. O veneno foi jogado no o rio, única<<strong>br</strong> />

fonte de água da comunidade, na plantação, única fonte de<<strong>br</strong> />

alimento, e diretamente so<strong>br</strong>e as moradias dos indígenas.<<strong>br</strong> />

Muitas crianças apresentaram sintomas de contaminação e<<strong>br</strong> />

foram encaminhadas para o posto de saúde. Alguns destes<<strong>br</strong> />

ataques foram avisados previamente. Apesar dos indígenas<<strong>br</strong> />

terem denunciado e solicitado apoio com antecedência, os<<strong>br</strong> />

ataques ocorreram nas horas marcadas pelos fazendeiros,<<strong>br</strong> />

sem que nenhum tipo de providência tivesse sido tomada<<strong>br</strong> />

pelos órgãos do Estado. Em pelo menos três destes ataques,<<strong>br</strong> />

jagunços armados cercaram a comunidade, ameaçando e<<strong>br</strong> />

impedindo as famílias indígenas de buscarem algum outro<<strong>br</strong> />

a<strong>br</strong>igo.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Ameaça à vida<<strong>br</strong> />

Com informações de: mst.org.<strong>br</strong> - janeiro/2016<<strong>br</strong> />

MT 3 Casos<<strong>br</strong> />

24/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Daliameali Enawenê-Nawê<<strong>br</strong> />

POVO: ENAWENÊ-NAWÊ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ENAWENÊ-NAWÊ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: BRASNORTE<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Brasnorte<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O indígena foi baleado no peito, e encaminhado ao<<strong>br</strong> />

hospital, depois de uma violenta ação de caminhoneiros e<<strong>br</strong> />

fazendeiros em Brasnorte. O grupo indígena se dirigia à cidade<<strong>br</strong> />

de Juína, onde estão os serviços públicos essenciais, como<<strong>br</strong> />

Madalena-Borges<<strong>br</strong> />

Até mesmo <strong>br</strong>igadistas do Ibama sofreram emboscada preparada por madeireiros no Maranhão; os incêndios estão associados a outros crimes,<<strong>br</strong> />

como a invasão do território indígena, o roubo de madeira e diversas formas de violência<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 92


Capítulo II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA<<strong>br</strong> />

de saúde e territorial, oferecidos aos indígenas da região. No<<strong>br</strong> />

caminho, os Enawenê foram atacados por caminhoneiros e<<strong>br</strong> />

fazendeiros que trancavam um trecho da rodovia MT-170, em<<strong>br</strong> />

protesto contra os próprios indígenas. No dia do atentado, os<<strong>br</strong> />

Enawenê-Nawê co<strong>br</strong>avam pedágio para angariar fundos para<<strong>br</strong> />

melhorias na estrada que dá acesso à aldeia, reivindicação<<strong>br</strong> />

que solicitavam há mais de um ano. Segundo os indígenas,<<strong>br</strong> />

o pedágio também era uma forma de chamar atenção da<<strong>br</strong> />

sociedade para o descaso das autoridades públicas<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma de fogo<<strong>br</strong> />

Com informações de:Assessoria de Comunicação do Cimi, 25/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

NOVEMBRO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Daliameal Enawenê-Nawê<<strong>br</strong> />

POVO: ENAWENÊ-NAWÊ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ENAWENÊ-NAWÊ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: BRASNORTE<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O indígena sofreu severa retaliação por ter furado um<<strong>br</strong> />

bloqueio de caminhoneiros.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Agressão física e verbal<<strong>br</strong> />

Com informações de:Indígenas que estavam no local<<strong>br</strong> />

4/12/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMAS: Crianças<<strong>br</strong> />

POVO: BORORO<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: JARUDORI<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: POXORÉU<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Porteira da aldeia indígena<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Uma tentativa de envenenamento ocorrida no local<<strong>br</strong> />

onde as crianças aguardam o ônibus escolar, na área indígena,<<strong>br</strong> />

foi denunciada em uma reunião entre a Funai e o MPF-MT.A<<strong>br</strong> />

Funai averiguou e constatou que os peixes envenenados foram<<strong>br</strong> />

deixados, por uma pessoa não identificada, perto da porteira<<strong>br</strong> />

da aldeia. No levantamento realizado pelo MPF nenhuma<<strong>br</strong> />

criança se alimentou dos peixes, mas cinco cachorros da<<strong>br</strong> />

aldeia, além de animais silvestres, morreram com suspeita<<strong>br</strong> />

de intoxicação. O MPF acionou a Polícia Federal para a<<strong>br</strong> />

apuração dos fatos.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Ameaça à vida<<strong>br</strong> />

Com informações de:MPF/MT, 5/12/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

PA 1 Caso<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Juarez Saw, sua esposa, Diogo Saw e Leonildo Saw<<strong>br</strong> />

POVO: MUNDURUKU<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: DAJE KAPAP EIP<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: TRAIRÃO<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Porto Buburé<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O cacique havia conseguido combustível para concluir<<strong>br</strong> />

a autodemarcação da terra indígena. Como de costume<<strong>br</strong> />

quando estavam na cidade, o cacique e sua família deixaram<<strong>br</strong> />

o combustível dentro de carotes no porto Buburé. Quando<<strong>br</strong> />

voltaram de Itaituba e preparavam-se para retornar à aldeia,<<strong>br</strong> />

embarcaram todos os carotes com a gasolina e abasteceram<<strong>br</strong> />

o tanque do motor. A cerca de 200 metros do porto o motor<<strong>br</strong> />

parou e houve um princípio de incêndio, que foi controlado.<<strong>br</strong> />

Ao retornarem ao porto verificaram que havia muito sal<<strong>br</strong> />

misturado à gasolina em todos os carotes de 50 litros. O sal,<<strong>br</strong> />

além de provocar a que<strong>br</strong>a do motor, poderia ter causando<<strong>br</strong> />

uma grande explosão e matado todos que estavam a bordo.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Emboscada<<strong>br</strong> />

Com informações de:Cimi Regional Norte II ; Cacique Juarez Saw<<strong>br</strong> />

PR<<strong>br</strong> />

2 Casos<<strong>br</strong> />

4/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Homem<<strong>br</strong> />

POVO: KAINGANG<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: CASCAVEL<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Cascavel<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A vítima estava com amigos numa praça da cidade<<strong>br</strong> />

quando foi gravemente atingido. Diligências locais encontraram<<strong>br</strong> />

o acusado, que assumiu a autoria do crime, mas não<<strong>br</strong> />

revelou o motivo. É a segunda vez que o indígena é vítima<<strong>br</strong> />

de tentativa de assassinato.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Agressão física<<strong>br</strong> />

Com informações de:Redação Bem Paraná, 4/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

26/12/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Carlos Luís<<strong>br</strong> />

POVO: KAINGANG<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: RIO DAS COBRAS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: LARANJEIRAS DO SUL<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Margem da PR 473<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Dois indígenas caminhavam nas margens da PR-473<<strong>br</strong> />

quando foram abordados por dois homens que desceram de<<strong>br</strong> />

um carro e desferiram golpes de faca. Um dos indígenas não<<strong>br</strong> />

resistiu e o outro, Carlos Luís, foi encaminhado ao hospital<<strong>br</strong> />

com ferimentos generalizados.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma <strong>br</strong>anca<<strong>br</strong> />

Com informações de:Cimi Regional Sul - Equipe Guarapuava, 29/12/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

RS<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

1/8/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Isaías da Rosa Kaigõ e Deivid C. Kaigõ<<strong>br</strong> />

POVO: KAINGANG<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: RE KUJU<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: GENTIL<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Entroncamento da BR 285<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: As lideranças indígenas foram surpreendidas em uma<<strong>br</strong> />

emboscada quando trafegavam de carro em direção à comunidade<<strong>br</strong> />

indígena. Eles sofreram um atentado a tiros, disparados<<strong>br</strong> />

por dois homens ainda não identificados. O vice-cacique<<strong>br</strong> />

foi atingido na região da coluna e, após primeiros socorros<<strong>br</strong> />

realizados pela comunidade, foi encaminhado ao hospital.<<strong>br</strong> />

O fato ocorreu em função da luta pela terra.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma de fogo<<strong>br</strong> />

Com informações de:Cimi Regional Sul; Conselho de Missão Entre Índios, 3/8/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

SC<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

31/7/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Adolescente<<strong>br</strong> />

POVO: KAINGANG<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: XANXERÊ<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Xanxerê<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O adolescente, que tem transtornos mentais, foi encontrado<<strong>br</strong> />

muito ferido, mas não soube relatar o fato. Não foram<<strong>br</strong> />

identificados suspeitos da agressão. A vítima foi levada para<<strong>br</strong> />

o hospital e o caso encaminhado para o departamento de<<strong>br</strong> />

investigação criminal da cidade.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma <strong>br</strong>anca<<strong>br</strong> />

Com informações de:G1/SC, 1/0/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

93<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA<<strong>br</strong> />

Homicídio culposo<<strong>br</strong> />

Cimi registrou em <strong>2015</strong>, 18 casos de homicídio culposo,<<strong>br</strong> />

O com 24 vítimas. Em quase todas as ocorrências, as vítimas<<strong>br</strong> />

foram atropeladas. Em pelo menos sete casos, os motoristas<<strong>br</strong> />

fugiram sem prestar socorro.<<strong>br</strong> />

Foram registradas ocorrências no Maranhão (3), Mato<<strong>br</strong> />

Grosso do Sul (5), Minas Gerais (1), Pará (1), Paraná (2), Rio<<strong>br</strong> />

Grande do Sul (3) e Santa Catarina (3).<<strong>br</strong> />

No Mato Grosso do Sul os atropelamentos são recorrentes.<<strong>br</strong> />

Há inclusive suspeitas manifestadas pelo Conselho da Grande<<strong>br</strong> />

Assembleia Aty Guasu de que muitos atropelamentos são<<strong>br</strong> />

premeditados, e não fruto de acidentes.<<strong>br</strong> />

Em Santa Catarina, pelo segundo ano consecutivo, foram<<strong>br</strong> />

registrados atropelamentos de indígenas que são oriundos<<strong>br</strong> />

de Mato Grosso do Sul e que foram trabalhar na colheita de<<strong>br</strong> />

maçãs naquele estado.<<strong>br</strong> />

No Paraná também vem sendo recorrente os casos de<<strong>br</strong> />

atropelamentos. Tanto no Mato Grosso do Sul quanto no<<strong>br</strong> />

Paraná são realizadas intensas campanhas contra os indígenas,<<strong>br</strong> />

especialmente nas regiões onde ocorrem conflitos territoriais.<<strong>br</strong> />

No estado paranaense, quatro indígenas morreram atropelados<<strong>br</strong> />

por um motorista sem habilitação e em<strong>br</strong>iagado. Segundo<<strong>br</strong> />

informações da Polícia Rodoviária Federal, o condutor passou<<strong>br</strong> />

a madrugada em uma casa noturna. Na estrada, ele perdeu<<strong>br</strong> />

o controle do veículo em uma curva, atingindo um grupo<<strong>br</strong> />

de cinco indígenas que andava pelo acostamento, na pista<<strong>br</strong> />

contrária. Três morreram na hora. Um foi socorrido em estado<<strong>br</strong> />

grave, mas não resistiu, e o quinto teve ferimentos leves.<<strong>br</strong> />

No Rio Grande do Sul, quatro adolescentes do povo<<strong>br</strong> />

Kaingang morreram vítimas de um rodado de caminhão<<strong>br</strong> />

que se desprendeu e as atingiu enquanto aguardavam, numa<<strong>br</strong> />

parada de ônibus em frente à aldeia, o transporte escolar.<<strong>br</strong> />

A aldeia fica nas margens da rodovia BR 386 no município<<strong>br</strong> />

de Estrela. Fato semelhante ocorreu em março de 2014, na<<strong>br</strong> />

mesma rodovia, em frente à mesma aldeia, só que do lado<<strong>br</strong> />

oposto da estrada. Naquela ocasião, uma criança, no colo de<<strong>br</strong> />

Roberto Liebgott<<strong>br</strong> />

sua mãe, foi atingida e morta pela roda de um veículo que<<strong>br</strong> />

se desprendeu.<<strong>br</strong> />

A morte das quatro adolescentes, sendo que três delas<<strong>br</strong> />

eram irmãs, explicitou a falta de políticas assistenciais para<<strong>br</strong> />

as aldeias, especialmente aquelas que estão localizadas nas<<strong>br</strong> />

margens de rodovias, com precárias condições de infraestrutura<<strong>br</strong> />

de moradia, saneamento básico, escola, postos de<<strong>br</strong> />

saúde; a omissão no cumprimento da demarcação das terras<<strong>br</strong> />

indígenas; e o efetivo acesso às terras tradicionais. No caso das<<strong>br</strong> />

quatro adolescentes mortas, elas eram o<strong>br</strong>igadas a aguardar<<strong>br</strong> />

o transporte escolar na beira da rodovia porque a prefeitura<<strong>br</strong> />

municipal de Estrela determinou ao motorista do transporte<<strong>br</strong> />

escolar que não entrasse na aldeia, que fica há duzentos metros<<strong>br</strong> />

da BR 386. Depois do acidente foram tomadas medidas que<<strong>br</strong> />

a comunidade reivindicava há décadas: um redutor de velocidade<<strong>br</strong> />

no trecho da estrada aproximo à aldeia e uma escola<<strong>br</strong> />

para as crianças indígenas na comunidade.<<strong>br</strong> />

MA 3 Casos<<strong>br</strong> />

MAIO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Zezinho Mangabeira Miranda Guajajara<<strong>br</strong> />

POVO: GUAJAJARA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: CANA BRAVA/GUAJAJARA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: BARRA DO CORDA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Entre as aldeias de Bueira e Sapucaia<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A vítima estava de moto e se dirigia para a cidade<<strong>br</strong> />

quando foi atropelada por um carro dirigido por um menor<<strong>br</strong> />

de idade, que fugiu.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Atropelamento<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão; Pastoral Indigenista de Grajaú<<strong>br</strong> />

HOMICÍDIO CULPOSO<<strong>br</strong> />

18 Casos<<strong>br</strong> />

9/5/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Homem<<strong>br</strong> />

POVO: GUAJAJARA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: BACURIZINHO<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: GRAJAÚ<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Trecho da BR-226<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Um indígena não identificado pela polícia foi atropelado<<strong>br</strong> />

e morreu no local. De acordo com informações da PRF,não<<strong>br</strong> />

havia informações das circunstância do ocorrido e o responsável<<strong>br</strong> />

pelo atropelamento não foi identificado.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Atropelamento<<strong>br</strong> />

Com informações de: O Estado do Maranhão, 11/5/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 94


Capítulo II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA<<strong>br</strong> />

14/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Zezinho Militão Guajajara e Jonilson Militão Isac Guajajara<<strong>br</strong> />

POVO: GUAJAJARA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: BACURIZINHO<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: GRAJAU<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Coquinho - km 355 da BR-226<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Pai e filho, de motocicleta, colidiram na traseira de um<<strong>br</strong> />

caminhão-pipa e não resistiram. O motorista, que trabalhava<<strong>br</strong> />

na empresa que fazia a pavimentação da estrada, fugiu. O<<strong>br</strong> />

pai, conhecido por Zezinho Militão, tinha 29 anos, e seu<<strong>br</strong> />

filho, Jonilson, tinha apenas 6 anos. Como a estrada corta a<<strong>br</strong> />

terra indígena, os Guajajara bloquearam a rodovia durante<<strong>br</strong> />

mais de oito horas.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Acidente<<strong>br</strong> />

Com informações de: Jornal Pequeno, 15/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

MG<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

27/1/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Daldina Maxakali<<strong>br</strong> />

POVO: MAXAKALI<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: MAXAKALI<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: LADAINHA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Ladainha<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A indígena foi atropelada por um motociclista que<<strong>br</strong> />

não parou para prestar socorro. Os Maxakali se queixam<<strong>br</strong> />

da omissão das autoridades para esclarecer crimes e punir<<strong>br</strong> />

culpados por várias violências que têm sido praticadas<<strong>br</strong> />

contra o povo, como homicídios, atropelamentos e tentativas<<strong>br</strong> />

de assassinato.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Atropelamento<<strong>br</strong> />

Com informações de: Brasil de Fato, 9/3/<strong>2015</strong>; Cimi Regional Leste<<strong>br</strong> />

MS<<strong>br</strong> />

5 Casos<<strong>br</strong> />

8/2/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Denilton Gonçalves Fernandes<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: DOURADOS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: DOURADINA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Douradina<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O indígena Denilton Gonçalves foi atropelado e não<<strong>br</strong> />

resistiu. A polícia investiga o caso, já que o caminhoneiro, de<<strong>br</strong> />

Dourados, que o atropelou alega que a vítima estava deitada<<strong>br</strong> />

no meio da estrada.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Atropelamento<<strong>br</strong> />

Com informações de: Dourados News, 8/2/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

2/4/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Adolescente<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI eKAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: DOURADOS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: DOURADOS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Rodovia MS-374, entre Dourados e Laguna<<strong>br</strong> />

Carapã<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A vítima, um adolescente indígena de 14 anos e morador<<strong>br</strong> />

da reserva indígena de Dourados, trafegava de bicicleta<<strong>br</strong> />

quando foi atingida por um carro. No local do acidente foi<<strong>br</strong> />

encontrada a placa do veículo, uma picape, e, consequentemente,<<strong>br</strong> />

foi identificada sua proprietária. A motorista, de 28<<strong>br</strong> />

anos, que se dirigia para uma festa numa propriedade rural<<strong>br</strong> />

de amigos, não parou para socorrer a vítima. Ela se apresentou<<strong>br</strong> />

ao 1º Distrito Policial de Dourados no dia seguinte e<<strong>br</strong> />

responderá ao processo em liberdade.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Atropelamento<<strong>br</strong> />

Com informações de: O Progresso, 6/4/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

4/7/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Homem<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: DOURADOS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: DOURADOS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Às margens da rodovia BR 463<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O indígena, de 76 anos, foi atropelado e não resistiu aos<<strong>br</strong> />

ferimentos. O ancião se dirigia para um acampamento que<<strong>br</strong> />

fica às margens da rodovia BR-463. As causas do acidente<<strong>br</strong> />

não foram apuradas, mas a suspeita é de que o indígena<<strong>br</strong> />

tenha se distraído ao atravessar a pista, momento em que<<strong>br</strong> />

acabou sendo atingido pelo veículo. De acordo com a polícia,<<strong>br</strong> />

o veículo não tinha condições de circulação e o motorista<<strong>br</strong> />

seria indiciado por crime culposo.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Atropelamento<<strong>br</strong> />

Com informações de: Campo Grande News, 4/7/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

22/9/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Miguel Brites<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: DOURADOS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: CAMPO GRANDE<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: MS-156, a 233 km de Campo Grande<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O indígena foi atropelado e morto por uma carreta<<strong>br</strong> />

depois de tentar cruzar a estrada, na zona rural, em Dourados.<<strong>br</strong> />

A rodovia passa ao lado da área indígena. Lideranças<<strong>br</strong> />

da Aldeia Bororó bloquearam um trecho do anel viário que<<strong>br</strong> />

corta a região norte do município, reivindicando redutores<<strong>br</strong> />

de velocidade. Em 2014, três indígenas morreram atropelados<<strong>br</strong> />

nessa rodovia.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Atropelamento<<strong>br</strong> />

Com informações de: Campo Grande News, 23/9/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

1/12/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Homem<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: DOURADOS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: DOURADOS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Quilômetro 260 da BR-163<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Um indígena morreu após ser atropelado por dois<<strong>br</strong> />

veículos no quilômetro 260 da BR-163. Segundo a Polícia<<strong>br</strong> />

Rodoviária Federal (PRF), ele estaria em<strong>br</strong>iagado e atravessou<<strong>br</strong> />

a rodovia sem prestar atenção. Primeiro ele foi atropelado por<<strong>br</strong> />

uma motocicleta. Em seguida, um carro de passeio desviou<<strong>br</strong> />

dele, que estava caído na rodovia, diminuiu a velocidade e<<strong>br</strong> />

foi atingido na traseira por outro carro, que, por sua vez,<<strong>br</strong> />

também atropelou o indígena.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Atropelamento<<strong>br</strong> />

Com informações de: G1/MS 2/12/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

PA 1 Caso<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Miguel Carvalho<<strong>br</strong> />

POVO: TEMBÉ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: AREIAL<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: SANTA MARIA DO PARÁ<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Área central da cidade<<strong>br</strong> />

95<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Uma moto conduzida de forma irresponsável pelo<<strong>br</strong> />

agressor chocou-se com a moto da vítima, que estava acompanhado<<strong>br</strong> />

de seu filho de 13 anos. O cacique foi conduzido<<strong>br</strong> />

para o hospital metropolitano em Ananindeua especializado<<strong>br</strong> />

em fraturas, mas não resistiu.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Acidente<<strong>br</strong> />

Com informações de: Comunidade Indígena Tembé do Areal; Funai; Cimi Regional Norte II<<strong>br</strong> />

PR<<strong>br</strong> />

2 Casos<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Cláudio Kafej Ribeiro<<strong>br</strong> />

POVO: KAINGANG<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: RIO DAS COBRAS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: NOVA LARANJEIRAS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Acostamento da BR-277<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O indígena foi atropelado na BR-277, em Nova Laranjeiras,<<strong>br</strong> />

próximo ao trevo que dá acesso à aldeia Rio das Co<strong>br</strong>as.<<strong>br</strong> />

Conforme a PRF, o autor do atropelamento não prestou<<strong>br</strong> />

socorreu, fugindo do local.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Atropelamento<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Sul - Equipe Guarapuava; Marechal News<<strong>br</strong> />

30/8/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Claudemir Tohiri Mendes, José Katyg Luiz de A<strong>br</strong>eu, Marcelino<<strong>br</strong> />

Krese Félix e João Maria Matias<<strong>br</strong> />

POVO: KAINGANG<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: RIO DAS COBRAS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: NOVA LARANJEIRAS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: BR-277<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Quatro indígenas morreram atropelados por um motorista<<strong>br</strong> />

sem habilitação e em<strong>br</strong>iagado. Segundo informações da<<strong>br</strong> />

Polícia Rodoviária Federal, o condutor passou a madrugada<<strong>br</strong> />

em um casa noturna e quando voltava, na estrada, perdeu o<<strong>br</strong> />

controle do carro em uma curva, atingindo um grupo de cinco<<strong>br</strong> />

indígenas que andava pelo acostamento, na pista contrária.<<strong>br</strong> />

Três morreram na hora. Um foi socorrido em estado grave,<<strong>br</strong> />

mas não resistiu, e o quinto teve ferimentos leves.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Atropelamento<<strong>br</strong> />

Com informações de: Metrô, 31/0/<strong>2015</strong>; Cimi Regional Sul<<strong>br</strong> />

RS<<strong>br</strong> />

3 Casos<<strong>br</strong> />

23/2/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Josué Amaral Amarilia<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: CARAZINHO<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: VACARIA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: BR-116 - Km 29 RS<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O indígena era natural de Amambai, no Mato Grosso do<<strong>br</strong> />

Sul, e trabalhava na colheita de maçã no município gaúcho.<<strong>br</strong> />

Foi atropelado inicialmente por um carro e, na sequência,<<strong>br</strong> />

por um micro-ônibus. Ele não resistiu.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Atropelamento<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Sul<<strong>br</strong> />

26/6/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Davi Tokjsy Claudino Gria<<strong>br</strong> />

POVO: KAINGANG<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ACAMPAMENTO<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: CARAZINHO<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: BR-386<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O indígena morava num acampamento às margens<<strong>br</strong> />

da BR-386, km 174, e morreu atropelado quando tentava<<strong>br</strong> />

atravessar a rodovia, nas proximidades do acampamento.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Atropelamento<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Sul<<strong>br</strong> />

19/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Três adolescentes e uma criança<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ESTRELA DA PAZ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: CARAZINHO<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: BR-386 - Vale do Taquari<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: As quatro vítimas estavam em uma parada de ônibus,<<strong>br</strong> />

às margens da BR-386, em frente à aldeia, esperando o<<strong>br</strong> />

ônibus escolar, quando foram atingidas por rodas que se<<strong>br</strong> />

desprenderam de um caminhão. Duas adolescentes e uma<<strong>br</strong> />

criança indígenas morreram no local e uma quarta menina<<strong>br</strong> />

ficou gravemente ferida, vindo a falecer cinco dias depois. O<<strong>br</strong> />

motorista não parou para prestar socorro. O líder dos povos<<strong>br</strong> />

na região, Valdomiro Vergueira, afirmou que já havia solicitado<<strong>br</strong> />

várias vezes que a van escolar entrasse na aldeia, que<<strong>br</strong> />

fica somente a 200 metros da estrada - o que teria evitado<<strong>br</strong> />

outros acidentes na beira da estrada. Foi aberto um inquérito<<strong>br</strong> />

policial que concluiu pelo indiciamento do caminhoneiro<<strong>br</strong> />

por homicídio culposo.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Atropelamento<<strong>br</strong> />

Com informações de: Diário de Canoas, 19/10/<strong>2015</strong>; Cimi Regional Sul<<strong>br</strong> />

SC<<strong>br</strong> />

3 Casos<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Pedro Timóteo<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: MORRO DOS CAVALOS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: PALHOÇA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: BR-101, km 227<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O indígena foi atropelado ao tentar atravessar a BR-101,<<strong>br</strong> />

próximo à área indígena.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Atropelamento<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Sul<<strong>br</strong> />

6/2/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Homem<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: FRAIBURGO<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Km 21 da SC-355<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O indígena era de Paranhos, no Mato Grosso do Sul, e<<strong>br</strong> />

trabalhava na colheita de maçã nos pomares de Fraiburgo<<strong>br</strong> />

e Lebon Régis, em Santa Catarina. Foi atropelado por uma<<strong>br</strong> />

policial e morreu no local.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Atropelamento<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Sul<<strong>br</strong> />

21/2/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Antonio Marcos Til<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: FRAIBURGO<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Rodovia SC-452<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A vítima foi atingida por um veículo e morreu no local.<<strong>br</strong> />

O motorista fugiu sem prestar socorro. O indígena trabalhava<<strong>br</strong> />

na colheita de maçã.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Atropelamento<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Sul<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 96


Capítulo II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA<<strong>br</strong> />

Ameaça de morte<<strong>br</strong> />

Foram registrados em <strong>2015</strong>, 12 ameaças de morte a<<strong>br</strong> />

indígenas, nos estados do Amazonas (2), Ceará (1),<<strong>br</strong> />

Maranhão (6), Mato Grosso do Sul (1), Rondônia (1) e<<strong>br</strong> />

Santa Catarina (1).<<strong>br</strong> />

O Maranhão foi o estado com a maior quantidade de<<strong>br</strong> />

ocorrências devido, especialmente, às ameaças de madeireiros<<strong>br</strong> />

insatisfeitos pela ação de indígenas na defesa de seus<<strong>br</strong> />

territórios. Em uma ocasião, uma pessoa não identificada<<strong>br</strong> />

telefonou para a aldeia procurando por três indígenas.<<strong>br</strong> />

Avisou que os madeireiros estavam zangados e que iriam, de<<strong>br</strong> />

qualquer jeito, matar um dos três. Acrescentou ainda que<<strong>br</strong> />

estão, com vários homens, seguindo o carro dos Ka’apor à<<strong>br</strong> />

procura dessas pessoas, e que a polícia não vai impedi-los<<strong>br</strong> />

de matar os indígenas. Também no Maranhão, um indígena<<strong>br</strong> />

do povo Kanela foi ameaçado por um homem que detinha<<strong>br</strong> />

cartões de aposentados e do Bolsa Família.<<strong>br</strong> />

Em Rondônia, indígenas Karitiana foram ameaçados<<strong>br</strong> />

ao defender seu território tradicional, objeto de estudo<<strong>br</strong> />

para demarcação. Eles foram procurados por invasores<<strong>br</strong> />

do território e ameaçados para que não denunciassem:<<strong>br</strong> />

“Vamos saber que foram vocês, da comunidade indígena,<<strong>br</strong> />

que fizeram; e eu acabaria com o povo da aldeia”.<<strong>br</strong> />

No estado do Amazonas, a liderança da aldeia Murutinga,<<strong>br</strong> />

desde que começou a lutar pela retomada de sua<<strong>br</strong> />

terra, passou a receber ameaças através de telefonemas.<<strong>br</strong> />

A sua casa chegou a ser invadida por um cabo da polícia<<strong>br</strong> />

militar, que o ameaçou de morte. Também no Amazonas,<<strong>br</strong> />

no município de Manicoré, uma liderança Tenharim sofreu<<strong>br</strong> />

ameaças, juntamente com sua esposa e seu filho. Uma<<strong>br</strong> />

pessoa abordou a família no meio da rua e mostrou uma<<strong>br</strong> />

foto no celular com o rosto da liderança. Os ameaçou<<strong>br</strong> />

dizendo que ele estava marcado para morrer e, juntamente,<<strong>br</strong> />

com sua esposa e seu filho seriam esquartejados.<<strong>br</strong> />

Em Santa Catarina, as ameaças recaem so<strong>br</strong>e a liderança<<strong>br</strong> />

que defende a demarcação da Terra Indígena Morro dos<<strong>br</strong> />

Cavalos. Desde 2012 a então cacica Kerexu Yxapyry recebe<<strong>br</strong> />

ameaças, sendo este o sexto registro de atentados contra<<strong>br</strong> />

ela. Segundo a cacica, por diversas vezes indivíduos não<<strong>br</strong> />

identificados invadiram, de motocicleta, a terra indígena<<strong>br</strong> />

na madrugada para monitorar a movimentação em sua<<strong>br</strong> />

casa. O tio da cacica foi abordado por jovens com ameaças<<strong>br</strong> />

contra a liderança. Em outu<strong>br</strong>o, uma pessoa disparou dez<<strong>br</strong> />

vezes contra uma escola e casas que ficam no seu entorno.<<strong>br</strong> />

O acusado gritou palavrões contra os Guarani e prometeu<<strong>br</strong> />

matar a cacica. Não satisfeito, apontou a arma na direção<<strong>br</strong> />

dos indígenas que haviam saído para ver o que estava ocorrendo<<strong>br</strong> />

e atirou. A comunidade denunciou estas ameaças<<strong>br</strong> />

às autoridades, mas não foram tomadas as medidas de<<strong>br</strong> />

proteção necessárias, nem para a comunidade e nem para<<strong>br</strong> />

cacica e as outras lideranças.<<strong>br</strong> />

Egon Heck<<strong>br</strong> />

97<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA<<strong>br</strong> />

AMEAÇA DE MORTE<<strong>br</strong> />

12 Casos<<strong>br</strong> />

AM<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

2 Casos<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Luciclaudio Santos Duarte<<strong>br</strong> />

POVO: MURA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: MURUTINGA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: AUTAZES<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Comunidade Muritunga/Tracajá<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O indígena vinha recebendo ameaças por telefones<<strong>br</strong> />

celulares, com números restritos, desde que passou a liderar<<strong>br</strong> />

a retomada da terra tradicional. Uma cabo da polícia<<strong>br</strong> />

militar ameaçou a sua esposa e invadiu sua casa, à procura<<strong>br</strong> />

da liderança.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Abuso de autoridade<<strong>br</strong> />

Com informações de: Aldeia Murutinga/Tracajá 10/7/<strong>2015</strong>; Cimi Regional Norte 1,<<strong>br</strong> />

outu<strong>br</strong>o/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

MAIO/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Marcos Tenharim, Esposa e Filho<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: TENHARIM MARMELOS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: MANICORÉ<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Próximo do hotel onde estavam hospedados<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: As vítimas sofreram ameaças quando foram reivindicar<<strong>br</strong> />

melhorias para a educação escolar indígena das comunidades<<strong>br</strong> />

de seu povo. Um cidadão apontou para o indígena dizendo<<strong>br</strong> />

“... Você é um líder do povo marcado para morrer, veja aqui<<strong>br</strong> />

tua foto [mostrou no celular]. Esta aí deve ser tua esposa e<<strong>br</strong> />

filho. Vocês serão mortos e esquartejados”. O casal e a criança<<strong>br</strong> />

fugiram para o hotel onde estavam hospedados. O agressor<<strong>br</strong> />

e outras quatro pessoas ficaram rondando o hotel durante<<strong>br</strong> />

dois dias para localizar as vítimas.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Ameaças verbais<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Rondônia<<strong>br</strong> />

CE<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

4/3/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Neto Potiguara e Cieudo Potiguara<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: LAGOA DOS NERIS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: NOVO ORIENTE<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Os indígenas foram avisados para que não pisassem<<strong>br</strong> />

na terra ocupada, sendo que o agressor os ameaçou dizendo<<strong>br</strong> />

que já tentara matar um deles por três vezes e ainda não<<strong>br</strong> />

conseguira.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Ameaça de morte<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Nordeste - Equipe Ceará<<strong>br</strong> />

MA 6 Casos<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: KA’APOR<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ALTO TURIAÇU<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: CENTRO DO GUILHERME<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Numa reunião onde estavam presentes o MPF-MA,<<strong>br</strong> />

representantes de várias aldeias, da Comissão de Direitos<<strong>br</strong> />

Humanos da OAB, da Secretaria de Segurança Pública e da<<strong>br</strong> />

Secretaria da Educação, os indígenas relataram as retaliações<<strong>br</strong> />

e ameaças que vêm sofrendo dos madeireiros que invadem<<strong>br</strong> />

a terra, provocando um clima de total insegurança. Lem<strong>br</strong>aram<<strong>br</strong> />

o assassinato de Eusébio, por invasores que se sentem<<strong>br</strong> />

prejudicados com o constante monitoramento dos indígenas<<strong>br</strong> />

contra a exploração ilegal de madeira.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Invasão<<strong>br</strong> />

Com informações de: Assessoria de Comunicação do MPF/MA, 9/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Hernandes Krikati<<strong>br</strong> />

POVO: KRIKATI<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KRIKATI<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: LAJEADO NOVO<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Assentamento Santa Maria<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O irmão de um fazendeiro ameaçou o indígena, declarando<<strong>br</strong> />

que não gostava de índio e que se ele não fosse<<strong>br</strong> />

embora seria morto.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Ameaça de morte<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: José Lino Canela<<strong>br</strong> />

POVO: KANELA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KANELA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: FERNANDO FALCÃO<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Escalvado<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O indígena foi ameaçado por um não indígena que<<strong>br</strong> />

estava com cartões de indígenas aposentados, inclusive do<<strong>br</strong> />

programa Bolsa Família.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Ameaça de morte<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Homens<<strong>br</strong> />

POVO: KA’APOR<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ALTO TURIAÇU<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ZÉ DOCA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Estrada que liga o município de Araguanã ao<<strong>br</strong> />

povoado Betel<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Homens armados abordaram os indígenas, que estavam<<strong>br</strong> />

numa moto. Os agressores se identificaram como serradores<<strong>br</strong> />

de madeireiras em ação na terra indígena. Ameaçaram as vítimas<<strong>br</strong> />

para que não fizessem denúncias contra os madeireiros,<<strong>br</strong> />

dizendo que iriam invadir a aldeia com muitos tiros e que<<strong>br</strong> />

iriam matar todos os índios. A agressão contra o território<<strong>br</strong> />

indígena tem se intensificado e os indígenas sentem-se cada<<strong>br</strong> />

vez mais encurralados.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Ameaça de morte<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão; Indígenas Ka´apor<<strong>br</strong> />

29/5/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Itahu Ka´apor<<strong>br</strong> />

POVO: KA’APOR<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ALTO TURIAÇU<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ZÉ DOCA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Estrada de acesso à aldeia Ximborenda<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O indígena foi cercado por um carro e uma caminhonete,<<strong>br</strong> />

na estrada de acesso à aldeia. Um dos motoristas atirou nele,<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 98


Capítulo II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA<<strong>br</strong> />

que foi seguido pelos dois carros por um km. Uma parte da<<strong>br</strong> />

estrada estava interditada, o que impediu que fosse alcançado<<strong>br</strong> />

pelos suspeitos.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma de fogo<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão; Comunidade indígena<<strong>br</strong> />

22/8/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Samuel (filho de Euzébio Ka´apor), Itahu e José<<strong>br</strong> />

POVO: KA’APOR<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ALTO TURIAÇU<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ZÉ DOCA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Xiborendá<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Uma pessoa, que não se identificou, telefonou para a<<strong>br</strong> />

aldeia procurando pelos três indígenas. Avisou que os madeireiros<<strong>br</strong> />

estavam zangados e que um madeireiro iria matar,<<strong>br</strong> />

de qualquer jeito, um dos três. Disse que quando tinham<<strong>br</strong> />

atirado anteriormente era para matar o filho de Euzébio,<<strong>br</strong> />

Samuel. Acrescentou, ainda, que os madeireiros estão com<<strong>br</strong> />

vários homens seguindo o carro dos Ka´apor à procura<<strong>br</strong> />

dessas pessoas, e que a polícia não vai impedi-los de matar<<strong>br</strong> />

os indígenas, já que eles são mais fortes. Posteriormente,<<strong>br</strong> />

a comunidade tornou público o aumento da presença de<<strong>br</strong> />

pistoleiros na entrada da aldeia e a ameaça de que só sairiam<<strong>br</strong> />

da região após executarem um dos indígenas ameaçados.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Ameaça de morte<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão; Associação Ka´apor tarupi Ka´apor<<strong>br</strong> />

MS<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KURUPY<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: NAVIRAÍ<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Acampamento localizado às margens da BR 163<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A comunidade sofre constantes ataques: sequestro,<<strong>br</strong> />

tortura e ataques armados. As forças de segurança, no entanto,<<strong>br</strong> />

não tomam providências para impedir as violações<<strong>br</strong> />

que, sabidamente, ocorrem contra as famílias indígenas. Os<<strong>br</strong> />

ataques foram denunciados ao Ministério Público Federal<<strong>br</strong> />

de Dourados.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Agressões físicas; intimidações<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Mato Grosso do Sul; Aty Guasu<<strong>br</strong> />

RO<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

SETEMBRO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: KARITIANA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KARITIANA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: CANDEIAS DO JAMARI<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia do Rio Candeia Byyjyty Osop aky<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Lideranças indígenas, andando pelo Ramal Velho,<<strong>br</strong> />

encontraram uma estrada aberta e bem trafegada, pela qual<<strong>br</strong> />

os madeireiros entram e tiram madeira ao lado direito de<<strong>br</strong> />

uma fazenda. Havia madeiras prontas para serem carregadas<<strong>br</strong> />

no caminhão e um outro que já estava saindo, carregado<<strong>br</strong> />

com toras. A comunidade criou um grupo para apurar o<<strong>br</strong> />

fato. O fazendeiro e os madeireiros que estão devastando<<strong>br</strong> />

o território, objeto de estudo para demarcação, procuraram<<strong>br</strong> />

o cacique e as lideranças para falar so<strong>br</strong>e a retirada<<strong>br</strong> />

da madeira. Quando questionados so<strong>br</strong>e a demarcação da<<strong>br</strong> />

terra e que, neste processo, a retirada de madeira é ilegal,<<strong>br</strong> />

os homens ameaçaram diretamente o cacique, as lideranças<<strong>br</strong> />

e toda a comunidade, dizendo que, se houver a denúncia,<<strong>br</strong> />

“vamos saber que foram vocês, da comunidade indígena,<<strong>br</strong> />

que fizeram; e eu acabaria com o povo da aldeia.... Não sei<<strong>br</strong> />

porque vocês desta aldeia ainda estão neste espaço, vocês<<strong>br</strong> />

já perderam a terra”.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Ameaça de morte<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Rondônia<<strong>br</strong> />

SC<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Kerexu Yxapyry<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: MORRO DOS CAVALOS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: PALHOÇA<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Desde o início de <strong>2015</strong> ano, e pela sexta vez, as ameaças<<strong>br</strong> />

de morte e perseguição à, então, cacica retornaram com<<strong>br</strong> />

grande intensidade, devido ao seu posicionamento na luta<<strong>br</strong> />

pela regularização da terra indígena. Esta situação acontece<<strong>br</strong> />

desde 2012, quando a cacica assumiu esse posto. Segundo<<strong>br</strong> />

o relato da liderança, indivíduos não identificados estavam<<strong>br</strong> />

constantemente invadindo a terra indígena e monitorando<<strong>br</strong> />

a movimentação de sua casa. Em motocicletas, eles faziam<<strong>br</strong> />

rondas, durante as madrugadas. O tio da cacique foi abordado<<strong>br</strong> />

por sete jovens que, novamente, “mandaram o recado” com<<strong>br</strong> />

as ameaças para a liderança. Como das vezes anteriores, as<<strong>br</strong> />

ameaças foram precedidas de ataques difamatórios por parte<<strong>br</strong> />

da imprensa catarinense, com o claro intuito de colocar a<<strong>br</strong> />

população contra os indígenas. No dia 19/ de outu<strong>br</strong>o, uma<<strong>br</strong> />

pessoa disparou dez vezes contra a escola e as casas que<<strong>br</strong> />

ficam no seu entorno. O acusado gritou palavrões contra os<<strong>br</strong> />

Guarani e prometeu matar a cacica. Não satisfeito, apontou<<strong>br</strong> />

a arma na direção dos indígenas que haviam saído para ver<<strong>br</strong> />

o que estava ocorrendo, e atirou na direção deles. Os atentados<<strong>br</strong> />

estão cada vez mais frequentes. Os indígenas haviam<<strong>br</strong> />

solicitado a presença da PM, mas as rondas haviam sido<<strong>br</strong> />

paralisadas no final de agosto.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Ameaça de morte<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Sul, 1/6/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

99<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA<<strong>br</strong> />

Ameaças várias<<strong>br</strong> />

Em <strong>2015</strong> registramos 25 casos das mais diversas ameaças.<<strong>br</strong> />

Houve 1 caso no Acre, contra uma comunidade do<<strong>br</strong> />

povo Kulina; no estado do Amazonas foram registrados<<strong>br</strong> />

5 casos, com dezenas de vítimas; na Bahia, 1 caso; no<<strong>br</strong> />

Maranhão, 11 casos; no Mato Grosso, 1 caso de ameaça<<strong>br</strong> />

de invasores, direcionada às lideranças e à comunidade<<strong>br</strong> />

Kanela; no Mato Grosso do Sul registramos 1 caso de<<strong>br</strong> />

ameaça à comunidade Kurusu Ambá; no Pará registramos 1<<strong>br</strong> />

caso de ameaças dirigida ao cacique Munduruku, mas que<<strong>br</strong> />

se estendia a toda a comunidade em luta pela terra; em<<strong>br</strong> />

Rondônia há o registro de 2 casos, contra os Porubora e os<<strong>br</strong> />

Kaxarari; em São Paulo há o registro de 1 caso de ameaça<<strong>br</strong> />

contra um trabalhador do povo Terena, que colhia laranjas<<strong>br</strong> />

numa propriedade de São Paulo e que teve seus direitos<<strong>br</strong> />

trabalhistas negados; no Rio Grande do Sul, indígenas<<strong>br</strong> />

Terena, que foram arregimentados do Mato Grosso do Sul<<strong>br</strong> />

para colher maças na região de Vacaria, denunciaram que<<strong>br</strong> />

sofreram ameaças do proprietário da Agropecuária SQIL<<strong>br</strong> />

por estarem reclamando das condições de trabalho, dos<<strong>br</strong> />

alojamentos, da alimentação e do descumprimento dos<<strong>br</strong> />

contratos de trabalho.<<strong>br</strong> />

O Maranhão é o estado com o maior número de casos<<strong>br</strong> />

registrados em ameaças várias, quase todas relativas à<<strong>br</strong> />

retenção de cartões bancários de indígenas por parte de<<strong>br</strong> />

comerciantes. Segundo as lideranças, comerciantes de diferentes<<strong>br</strong> />

municípios vendem a prazo para os indígenas, mas<<strong>br</strong> />

seus cartões bancários são retidos e no dia do recebimento<<strong>br</strong> />

dos benefícios, os comerciantes ou seus funcionários vão<<strong>br</strong> />

com os indígenas aos estabelecimentos bancários efetuar os<<strong>br</strong> />

saques. Mas, na maioria das vezes, os indígenas continuam<<strong>br</strong> />

endividados. A diferença neste ano é que houve, por parte<<strong>br</strong> />

da polícia civil do Maranhão, algumas investigações e um<<strong>br</strong> />

comerciante chegou a ser preso com centenas de cartões<<strong>br</strong> />

bancários, cartões de benefícios de aposentadoria e até<<strong>br</strong> />

do programa Bolsa Família. Em função das denúncias,<<strong>br</strong> />

comerciantes de vários municípios, que se utilizam desta<<strong>br</strong> />

prática criminosa para extorquir dinheiro dos indígenas,<<strong>br</strong> />

passaram a ameaçar as famílias com argumentos de que<<strong>br</strong> />

Ruy Sposati<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 100


Capítulo II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA<<strong>br</strong> />

não poderão mais receber o dinheiro nos bancos e nem<<strong>br</strong> />

comprar nos estabelecimentos.<<strong>br</strong> />

No município de Zé Doca, também no Maranhão, policiais<<strong>br</strong> />

militares fizeram abordagens de lideranças Ka’apor<<strong>br</strong> />

nas estradas e nos municípios com o intuito de pressionar<<strong>br</strong> />

e intimidar aqueles que lutam contra a exploração ilegal<<strong>br</strong> />

de madeira nas terras indígenas. As lideranças se sentem<<strong>br</strong> />

pressionadas e vigiadas nas estradas por policiais que<<strong>br</strong> />

deveriam, a rigor, coibir as práticas criminosas dos madeireiros<<strong>br</strong> />

e não aqueles que exercem o papel de fiscalizadores<<strong>br</strong> />

e protetores das terras e de seus recursos.<<strong>br</strong> />

Chamaram atenção, denúncias de indígenas em trabalho<<strong>br</strong> />

análogo ao de escravo. No Rio Grande do Sul, indígenas de<<strong>br</strong> />

diferentes povos foram arregimentados para trabalhar em<<strong>br</strong> />

pomares na colheita de maçãs em Vacaria e São Francisco.<<strong>br</strong> />

Mais de 300 trabalhadores foram submetidos a condições<<strong>br</strong> />

degradantes de trabalho, a alojamentos precários e à falta<<strong>br</strong> />

de assistência médica, além de seus contratos de trabalho<<strong>br</strong> />

não terem sido respeitados. Indígenas do povo Terena<<strong>br</strong> />

denunciaram enfrentar essa situação nos pomares da agropecuária<<strong>br</strong> />

SQIL e, por isso, vários deles sofreram retaliações<<strong>br</strong> />

e ameaças. So<strong>br</strong>e essa empresa já pesavam denúncias de<<strong>br</strong> />

não cumprimento da legislação trabalhista e de precariedade<<strong>br</strong> />

das condições de trabalho. O Ministério Público do<<strong>br</strong> />

Trabalho a<strong>br</strong>iu um processo de investigação para apurar<<strong>br</strong> />

as denúncias feitas pelos Terena. Em São Paulo, indígenas<<strong>br</strong> />

deste mesmo povo reclamaram pelo não recebimento de<<strong>br</strong> />

direitos trabalhistas, após o trabalho na colheita de laranja.<<strong>br</strong> />

Também há registros de retenções de cartões de indígenas<<strong>br</strong> />

nos estados do Acre e do Amazonas. No estado<<strong>br</strong> />

amazonense, a Polícia Federal deflagrou uma operação para<<strong>br</strong> />

coibir uma máfia de comerciantes que retinham cartões<<strong>br</strong> />

do programa Bolsa Família de indígenas. Cerca de vinte<<strong>br</strong> />

agentes da polícia recolheram cartões de beneficiários<<strong>br</strong> />

que estavam na posse de nove comerciantes de Atalaia do<<strong>br</strong> />

Norte. Foram também apreendidos anotações de vendas,<<strong>br</strong> />

registro de senhas, cadernos de apontamentos de dívidas,<<strong>br</strong> />

comprovantes de saques e extratos bancários.<<strong>br</strong> />

AMEAÇAS VÁRIAS<<strong>br</strong> />

25 Casos<<strong>br</strong> />

AC 1 Caso<<strong>br</strong> />

26/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: KULINA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KAMPA E ISOLADOS DO RIO ENVIRA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: FEIJÓ<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A maioria dos comerciantes da cidade se apropriam<<strong>br</strong> />

indevidamente dos cartões de benefícios dos indígenas.<<strong>br</strong> />

Aproveitam a dificuldade das vítimas so<strong>br</strong>e o assunto e fazem<<strong>br</strong> />

saques repassando apenas algumas mercadorias para eles. Há<<strong>br</strong> />

casos em que não repassam nada, alegando que o indígena já<<strong>br</strong> />

está devendo mais do que o valor do benefício. Muitas vezes<<strong>br</strong> />

fazem empréstimos em nome do beneficiário dos cartões.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Retenção de cartão e senha bancária<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Amazônia Ocidental - Equipe Feijó, fevereiro/2016<<strong>br</strong> />

AM<<strong>br</strong> />

5 Casos<<strong>br</strong> />

MARÇO/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade Canacuri<<strong>br</strong> />

POVO: APURINÃ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: TUMIÃ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: LÁBREA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Reserva Extrativista do Médio Purus, perto da<<strong>br</strong> />

comunidade ribeirinha Luzitânia<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Segundo os indígenas, o agressor, que tem um ponto<<strong>br</strong> />

de castanha dentro da terra indígena, disse aos moradores<<strong>br</strong> />

da comunidade Canacuri que se a área for demarcada vai<<strong>br</strong> />

acontecer uma guerra. Ele costuma vender bebida alcoólica<<strong>br</strong> />

para os índios e quando estes estão em<strong>br</strong>iagados lhes rouba<<strong>br</strong> />

a produção, pagando preços irrisórios e superfaturando as<<strong>br</strong> />

mercadorias compradas por eles.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Ameaças verbais<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Norte I - Equipe Lá<strong>br</strong>ea; Comunidade Apurinã<<strong>br</strong> />

15/3/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Idoso e Maria do Carmo Nunes de Oliveira<<strong>br</strong> />

POVO: MURA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KARANAY<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: AUTAZES<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Dona Maria e seu sogro, já idoso, estavam em casa<<strong>br</strong> />

quando um homem desceu de seu veículo e lhes disse que<<strong>br</strong> />

deveriam sair de lá, levando suas coisas, pois ele era o dono<<strong>br</strong> />

da terra e seus herdeiros precisavam dela. Ameaçadas, as<<strong>br</strong> />

vítimas responderam que a terra estava em estudo pela<<strong>br</strong> />

Funai, que moravam ali há oito anos e que se tivessem<<strong>br</strong> />

que sair precisariam ser indenizadas. O agressor ameaçou<<strong>br</strong> />

retirá-los à força e só foi embora porque o cachorro da<<strong>br</strong> />

casa o atacou. Segundo informações, ele continua fazendo<<strong>br</strong> />

ameaças a outros moradores da comunidade.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Ameaça<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Norte I; Edson Santana Pinheiro, 11/9/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

30/9/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidades<<strong>br</strong> />

POVO: VÁRIAS ETNIAS<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ALTO RIO NEGRO<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: SÃO GABRIEL DA CACHOEIRA<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Comerciantes retinham cartões de programas do<<strong>br</strong> />

governo para o pagamento de compras realizadas pelos<<strong>br</strong> />

indígenas nos oito estabelecimentos comerciais que os<<strong>br</strong> />

acusados possuem em cidades do Alto Rio Negro. Foram<<strong>br</strong> />

encontrados cartões do Bolsa Família, do Caixa Fácil e de<<strong>br</strong> />

benefícios previdenciários em nome de indígenas e documentos<<strong>br</strong> />

relacionados à venda “fiada” de mercadorias a<<strong>br</strong> />

indígenas, como fichários e notas promissórias.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Retenção de cartão e senha bancária<<strong>br</strong> />

Com informações de: Fato Amazônico, 1/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

101<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA<<strong>br</strong> />

OUTUBRO/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Erebe Madija Kulina<<strong>br</strong> />

POVO: KULINA (MADIJA)<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KUMARU DO LAGO UALA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: JURUÁ<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Comunidade Pau - Pixuna<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O filho da vítima informou que o cartão de benefício<<strong>br</strong> />

de aposentadoria de sua mãe estava bloqueado e pediu para<<strong>br</strong> />

que fosse desbloqueado. Relatou que tanto a identidade<<strong>br</strong> />

como o cartão estavam de posse do agressor, que também<<strong>br</strong> />

tinha uma procuração para receber os valores, sendo esta<<strong>br</strong> />

cancelada. Ao ser procurado, o acusado informou que tinham<<strong>br</strong> />

ocorrido problemas com o cartão e que iria chegar um novo.<<strong>br</strong> />

So<strong>br</strong>e a identidade da indígena, alegou que perdera em um<<strong>br</strong> />

alagamento, história desmentida pelo filho. No INSS, pelo<<strong>br</strong> />

histórico de pagamentos do benefício, foi constatado que<<strong>br</strong> />

foram efetuados saques e um empréstimo em nome da<<strong>br</strong> />

vítima, sem o seu consentimento.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Apropriação indébita de cartão<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Norte I - Equipe Tefé, 10/11/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

5/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Famílias indígenas<<strong>br</strong> />

POVO: DIVERSOS<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: VALE DO JAVARI<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ATALAIA DO NORTE<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Cidades do Alto Solimões<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A Polícia Federal deflagrou uma operação para coibir<<strong>br</strong> />

uma máfia de comerciantes que retinha cartões do programa<<strong>br</strong> />

federal Bolsa Família de famílias indígenas nas cidades do<<strong>br</strong> />

Alto Solimões, no Amazonas. Cerca de vinte agentes da PF<<strong>br</strong> />

recolheram cartões de beneficiários que estavam em posse de<<strong>br</strong> />

nove comerciantes de Atalaia do Norte. Foram apreendidos<<strong>br</strong> />

também anotações de vendas, registros de senhas, cadernos<<strong>br</strong> />

de apontamentos de dívidas, comprovantes de saques e<<strong>br</strong> />

extratos bancários.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Retenção de cartão e senha bancária<<strong>br</strong> />

Com informações de: Amazonas em Tempo, 6/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

BA<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

23/9/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Homens<<strong>br</strong> />

POVO: PATAXÓ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: COMEXATIBA (ALDEIA CAHY)<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: PRADO<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Cahy<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O veículo que levava os indígenas da aldeia para<<strong>br</strong> />

Cumuruxatiba foi incendiado por homens armados. As<<strong>br</strong> />

vítimas contaram que foram surpreendidas por obstáculos<<strong>br</strong> />

em uma estrada e abordadas pelos suspeitos, que pediram<<strong>br</strong> />

para que saíssem do veículo, que foi incendiado e cravejado<<strong>br</strong> />

com perfurações de bala. Há suspeitas de que o ataque foi<<strong>br</strong> />

causado devido à disputa pela terra.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma de fogo<<strong>br</strong> />

Com informações de: G1/BA, 24/9/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

MA 11 Casos<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: GUAJAJARA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ARARIBOIA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: LAJEADO NOVO<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Amarante do Maranhão<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Indígenas que combatem a prática ilegal de extração<<strong>br</strong> />

de madeira têm sido constantemente ameaçados pelos madeireiros,<<strong>br</strong> />

e não se sentem mais seguros de andar na cidade.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Ameaças<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade Memortunré Kanela<<strong>br</strong> />

POVO: KANELA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KANELA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: FERNANDO FALCÃO<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Povoado Leandro<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A Polícia Civil retirou dos comerciantes do povoado os<<strong>br</strong> />

cartões dos indígenas. Os comerciantes passaram a ameaçar<<strong>br</strong> />

os Indígenas, que estão temerosos de circular no local.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Ameaças<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade-Memortunré Kanela<<strong>br</strong> />

POVO: KANELA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KANELA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: FERNANDO FALCÃO<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Barra do Corda<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: As lideranças denunciam que os comerciantes realizam<<strong>br</strong> />

empréstimos ilegais com seus cartões.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Apropriação indébita de cartão<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Aposentados<<strong>br</strong> />

POVO: KRIKATI<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KRIKATI<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: MONTES ALTOS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Montes Altos<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Lideranças indígenas denunciam que comerciantes de<<strong>br</strong> />

Montes Altos retêm os cartões dos aposentados para que os<<strong>br</strong> />

mesmos efetuem compra no comércio. Também relatam que<<strong>br</strong> />

os comerciantes realizam empréstimo ilegal com os cartões.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Apropriação indébita de cartão<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Aposentados<<strong>br</strong> />

POVO: GAVIÃO<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: GOVERNADOR<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: AMARANTE DO MARANHAO<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Amarante do Maranhão<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Lideranças indígenas denunciam que os comerciantes<<strong>br</strong> />

de Amarante do Maranhão retêm os cartões dos aposentados<<strong>br</strong> />

para que estes possam efetuar compra no comércio.<<strong>br</strong> />

Também relatam que os comerciantes realizam empréstimo<<strong>br</strong> />

ilegal com os cartões.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Apropriação indébita de cartão<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Aposentados<<strong>br</strong> />

POVO: GUAJAJARA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ARARIBÓIA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: AMARANTE DO MARANHAO<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 102


Capítulo II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Amarante do Maranhão e Arame<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Lideranças denunciam que os comerciantes de Amarante<<strong>br</strong> />

do Maranhão e Arame retêm os cartões dos aposentados para<<strong>br</strong> />

que estes efetuem compras no comércio. Também relatam que<<strong>br</strong> />

os comerciantes realizam empréstimo ilegal com os cartões.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Apropriação indébita de cartão<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: 25 famílias<<strong>br</strong> />

POVO: KA’APOR<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ALTO TURIAÇU<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: CENTRO DO GUILHERME<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Cerca de 25 famílias que viviam em três áreas de<<strong>br</strong> />

proteção criadas para impedir a entrada de madeireiros<<strong>br</strong> />

na terra indígena foram ameaçados. Disseram que elas<<strong>br</strong> />

sofreriam consequências se permanecessem nestes locais,<<strong>br</strong> />

que impediam a entrada dos caminhões e maquinários. As<<strong>br</strong> />

famílias abandonaram as áreas de proteção, retornando às<<strong>br</strong> />

suas respectivas aldeias. Como resultado, a entrada ficou livre<<strong>br</strong> />

para que os agressores retornassem ao interior do território.<<strong>br</strong> />

A Funai não fez a instalação dos postos de vigilância e nem<<strong>br</strong> />

a fiscalização nos limites da terra indígena.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Ameaças<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão; Indígenas Ka´apor<<strong>br</strong> />

4/6/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Homens<<strong>br</strong> />

POVO: KA’APOR<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ALTO TURIAÇU<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ZÉ DOCA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Centro de Guilherme<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Os indígenas e um casal de técnicos de enfermagem<<strong>br</strong> />

seguiam da aldeia Gurupiúna para a cidade de Santa Luzia do<<strong>br</strong> />

Paruá quando por volta das 11h30, ao pararem para almoçarem,<<strong>br</strong> />

foram abordados por policiais em uma viatura. Estes<<strong>br</strong> />

perguntaram para onde eles seguiam e, em seguida, registraram<<strong>br</strong> />

imagens do carro e de uma moto que se encontrava em<<strong>br</strong> />

cima do carro. Constrangidos, os indígenas seguiram viagem.<<strong>br</strong> />

Eles sentem-se vigiados e intimidados em povoados, cidades,<<strong>br</strong> />

restaurantes, postos de gasolina, etc, desde que decidiram<<strong>br</strong> />

fazer a autoproteção da terra indígena contra a exploração<<strong>br</strong> />

ilegal de madeira.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Intimidação policial<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão; Comunidade indígena<<strong>br</strong> />

2/8/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Lideranças<<strong>br</strong> />

POVO: KA’APOR<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ALTO TURIAÇU<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ZÉ DOCA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Nova Olinda, na BR 316<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Durante a ocupação na BR-136, em protesto pela não<<strong>br</strong> />

punição dos assassinos de Euzébio Ka´apor e pelas ameaças<<strong>br</strong> />

e invasões de madeireiros e caçadores, dentre outras, lideranças<<strong>br</strong> />

foram abordadas por duas pessoas que lhes apontaram<<strong>br</strong> />

pistolas, dizendo trabalharem para madeireiras da região.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Ameaças<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão; Comunidade indígena<<strong>br</strong> />

SETEMBRO/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: KA’APOR<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ALTO TURIAÇU<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ZÉ DOCA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeias próximas ao município de Nova Olinda<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Os indígenas receberam ameaças dos madeireiros que<<strong>br</strong> />

atuam nas quadras B1 e B2 do município de Nova Olinda.<<strong>br</strong> />

Os acusados foram até as roças dos indígenas, armados, e<<strong>br</strong> />

exigiram que eles devolvessem as motosserras apreendidas<<strong>br</strong> />

no interior do território, utilizadas para o corte ilegal das<<strong>br</strong> />

árvores.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Ameaças<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão; Conselho de Gestão Ka´apor<<strong>br</strong> />

NOVEMBRO/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: GUAJAJARA<<strong>br</strong> />

TERRAS INDÍGENAS: VÁRIAS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: BARRA DO CORDA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Barra do Corda<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Depois de denúncias de indígenas de várias áreas, a polícia<<strong>br</strong> />

prendeu o acusado em sua residência, em cumprimento do<<strong>br</strong> />

mandado de busca e apreensão, por suspeita de manter retidos<<strong>br</strong> />

cartões de benefício de aposentadoria dos índios. Também<<strong>br</strong> />

foram apreendidos 215 cartões do programa social Bolsa<<strong>br</strong> />

Família, 30 cartões de contas bancárias de agências distintas,<<strong>br</strong> />

quatro da previdência social, 51 carteiras de registros gerais,<<strong>br</strong> />

quatro cartões de CPF, um revólver cali<strong>br</strong>e 38 municiado, dez<<strong>br</strong> />

espingardas e a quantia de R$ 4,8 mil em espécie.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Apropriação indébita de cartão<<strong>br</strong> />

Com informações de: Jornal Pequeno, 23/11/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

MS<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

24/6/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KURUSU AMBÁ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: CORONEL SAPUCAIA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Fazenda Madana<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Um grupo de indígenas do acampamento de Kurusu<<strong>br</strong> />

Ambá realizou a retomada de uma área que compõe o<<strong>br</strong> />

território tradicional reivindicado pela comunidade. A recuperação<<strong>br</strong> />

territorial ocorreu, conforme lideranças, porque<<strong>br</strong> />

a comunidade “não aguenta mais viver debaixo do veneno,<<strong>br</strong> />

com fome, e esperando pelo governo”. Segundo Tapé Rendy<<strong>br</strong> />

“logo depois que montamos acampamento na retomada,<<strong>br</strong> />

nos atacaram. Pistoleiros atiraram por cima de nossas cabeças,<<strong>br</strong> />

gritaram xingamentos”. Ainda segundo o relato da<<strong>br</strong> />

liderança, também foram disparados tiros de onde estavam<<strong>br</strong> />

os policiais do Departamento de Operações de Fronteiras.<<strong>br</strong> />

Além dos tiros, dezenas de caminhonetes entraram na área<<strong>br</strong> />

e fizeram um Buzinaço, na tentativa de intimidar os índios.<<strong>br</strong> />

Um dos fazendeiros fez mano<strong>br</strong>as arriscadas, jogando a caminhonete<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e os índios. De longe, era possível ver fogo<<strong>br</strong> />

no acampamento dos índios. Desde 2007 morreram mais<<strong>br</strong> />

de dez lideranças no território que a<strong>br</strong>ange Kurusu Ambá.<<strong>br</strong> />

A fome é outro problema que aflige os indígenas. Ilhados<<strong>br</strong> />

por plantações de soja, não conseguem plantar, e as únicas<<strong>br</strong> />

fontes de água foram poluídas pelos agrotóxicos lançados<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e o monocultivo. Crianças morrem de fome e de doenças<<strong>br</strong> />

geradas pelo contato com o veneno.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Ameaça à vida<<strong>br</strong> />

Com informações de: Assessoria de Comunicação do Cimi, 22/6/<strong>2015</strong>; G1/MS, 25/6/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

103<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA<<strong>br</strong> />

MT 1 Caso<<strong>br</strong> />

1/12/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: KANELA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KANELA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: LUCIARA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Acampamento no quintal de Joana Kanela<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Enquanto aguardam o relatório de identificação da<<strong>br</strong> />

terra indígena, os índios foram ameaçados por pistoleiros<<strong>br</strong> />

da Fazenda Londrina, localizada em área da União, na Gleba<<strong>br</strong> />

Xavante, e dentro dos limites da terra reivindicada pelos índios.<<strong>br</strong> />

Os acusados invadiram o acampamento em busca do cacique<<strong>br</strong> />

Antônio Kanela, que não estava no momento. Dias depois<<strong>br</strong> />

mandaram avisar de forma anônima que estavam esperando<<strong>br</strong> />

os índios, junto com os pistoleiros da Fazenda Lago Bonito,<<strong>br</strong> />

onde está localizada a aldeia Nova Pukanú. Essa situação<<strong>br</strong> />

causa apreensão entre os índios, que pretendem retornar<<strong>br</strong> />

à sua aldeia, de onde foram despejados em julho de <strong>2015</strong>.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Ameaças<<strong>br</strong> />

Com informações de: Associação Comunidade Indígena Kanela do Araguaia, 7/1/2016<<strong>br</strong> />

PA 1 Caso<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Juarez Saw Munduruku<<strong>br</strong> />

POVO: MUNDURUKU<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: MUNDURUKU<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: TRAIRÃO<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O agressor, um dos maiores exploradores de madeira<<strong>br</strong> />

ilegal na região, após ter visto os indígenas fazendo a picada<<strong>br</strong> />

nos limites do seu território, mandou que parassem com a<<strong>br</strong> />

abertura dos picos, pois, segundo ele, aquelas terras eram<<strong>br</strong> />

dele. Em seguida, procurou o cacique para conversarem.<<strong>br</strong> />

Disse que não gostou nada de ver os índios fazendo picada<<strong>br</strong> />

em suas terras que lhe custaram mais de R$ 100 mil e<<strong>br</strong> />

queria saber quem estava por trás desse serviço. O cacique<<strong>br</strong> />

explicou que são os próprios índios que estão fazendo as<<strong>br</strong> />

picadas dentro dos limites fixados pela Funai, expressos no<<strong>br</strong> />

relatório de identificação dessa terra indígena. E que se o<<strong>br</strong> />

agressor quisesse reclamar, que fosse até a Funai. Ao final, o<<strong>br</strong> />

madeireiro o ameaçou, dizendo que se continuassem com<<strong>br</strong> />

os picos dentro de sua terra ele não vinha mais conversar,<<strong>br</strong> />

vinha pra resolver de qualquer jeito.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Agressão verbal<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Norte II<<strong>br</strong> />

RS<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

JANEIRO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: 15 Homens<<strong>br</strong> />

POVO: TERENA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: VACARIA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Fazenda<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Indígenas Terena denunciaram que estariam submetidos<<strong>br</strong> />

a condições análogas à de trabalho escravo na colheita de<<strong>br</strong> />

maçã, na região de Vacaria. O combinado pela empresa que<<strong>br</strong> />

os contratou, Agropecuária Schio Ltda., seria que receberiam<<strong>br</strong> />

cerca de R$ 2 mil mensais, o que não foi cumprido, pois o<<strong>br</strong> />

salário base era de R$ 800 e ainda sofriam desconto com<<strong>br</strong> />

alimentação. Os alojamentos eram precários e sem assegurar<<strong>br</strong> />

o mínimo conforto para o descanso de mais de 300 pessoas,<<strong>br</strong> />

pois havia falta de água e de instalações sanitárias suficientes.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Trabalho análogo ao de escravo<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Sul, 03/02/<strong>2015</strong>; O Estado do MS, 17/3/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

RO<<strong>br</strong> />

2 Casos<<strong>br</strong> />

MAIO/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Hosana M. de Oliveira Puruborá<<strong>br</strong> />

POVO: PURUBORÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: PUROBORÁ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: SERINGUEIRAS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Seringueiras<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A liderança recebeu ameaças de moradores que vivem<<strong>br</strong> />

no entorno da terra indígena, que está em processo de<<strong>br</strong> />

demarcação. Em anos anteriores essa liderança teve que se<<strong>br</strong> />

retirar de sua terra devido às seguidas ameaças contra a sua<<strong>br</strong> />

integridade física. O programa Terra Legal incide diretamente<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e o território reivindicado pelo seu povo, e os moradores<<strong>br</strong> />

se sentem prejudicados.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Ameaças verbais<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Rondônia<<strong>br</strong> />

MAIO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Francisca Kaxarari, irmão de Francisca e esposo de Francisca<<strong>br</strong> />

POVO: KAXARARI<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KAXARARI<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: PORTO VELHO<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Distrito de Extrema<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O Programa Terra Legal vem ocasionando sérios conflitos<<strong>br</strong> />

e colocando as lideranças indígenas em uma situação<<strong>br</strong> />

crítica, com as permanentes ameaças de grupos econômicos<<strong>br</strong> />

e políticos da região. Foi o que denunciou a liderança Francisca<<strong>br</strong> />

Kaxarari, em uma audiência: “Eu fui ameaçada, meu<<strong>br</strong> />

irmão e meu esposo também foram”. Indivíduos do Distrito<<strong>br</strong> />

de Extrema fomentam uma campanha de preconceito em<<strong>br</strong> />

relação ao povo indígena, alegando que os mesmos ocuparão<<strong>br</strong> />

o município e regiões adjacentes e expulsarão os moradores,<<strong>br</strong> />

ocasionando constante criminalização das lideranças e das<<strong>br</strong> />

comunidades em geral. As lideranças solicitaram medidas<<strong>br</strong> />

protetivas.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Ameaças verbais<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Rondônia<<strong>br</strong> />

SP<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Homens<<strong>br</strong> />

POVO: TERENA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ARARIBÁ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: AVAÍ<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Ekeruá<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Segundo denúncia dos indígenas que trabalharam na<<strong>br</strong> />

colheita de laranja na região, eles não receberam os direitos<<strong>br</strong> />

trabalhistas devidos pelos fazendeiros.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Negação de direitos trabalhistas<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Sul; MPF/SP, 6/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 104


Capítulo II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA<<strong>br</strong> />

Lesões Corporais Dolosas<<strong>br</strong> />

Registramos em <strong>2015</strong>, 12 casos relativos a lesões corporais<<strong>br</strong> />

dolosas. As ocorrências foram registradas nos estados<<strong>br</strong> />

do Acre (1), Amazonas (3), Maranhão (1), Mato Grosso (1),<<strong>br</strong> />

Mato Grosso do Sul (5) e Rio Grande do Sul (1). As lesões<<strong>br</strong> />

corporais foram em consequência de agressões físicas e<<strong>br</strong> />

espancamentos.<<strong>br</strong> />

Numa das ocorrências registradas em Mato Grosso do<<strong>br</strong> />

Sul, onde houve o maior número de casos, um grupo de<<strong>br</strong> />

indígenas foi atacado por pistoleiros fortemente armados<<strong>br</strong> />

por terem ocupado uma pequena porção de mata no território<<strong>br</strong> />

que reivindicam como tradicional, onde pretendiam<<strong>br</strong> />

acessar bens naturais necessários como água, comida e<<strong>br</strong> />

remédios ancestrais. Após o ataque inicial com disparos,<<strong>br</strong> />

os indígenas, so<strong>br</strong>etudo os anciãos, sofreram tortura e<<strong>br</strong> />

espancamentos, apanhando indiscriminadamente com<<strong>br</strong> />

coronhadas e agredidos com socos e pontapés. Após horas<<strong>br</strong> />

de horror, os indígenas ainda afirmaram que alguns idosos<<strong>br</strong> />

tiveram seus tornozelos que<strong>br</strong>ados antes do grupo ser<<strong>br</strong> />

expulso do local e serem o<strong>br</strong>igados a caminhar um longo<<strong>br</strong> />

trajeto. O acampamento foi incendiado.<<strong>br</strong> />

No Maranhão, um indígena foi severamente agredido<<strong>br</strong> />

porque retirou cartões que estavam com o agressor.<<strong>br</strong> />

O indígena precisou ser internado e ficou um mês no<<strong>br</strong> />

hospital.<<strong>br</strong> />

LESÕES CORPORAIS DOLOSAS<<strong>br</strong> />

12 Casos<<strong>br</strong> />

AC 1 Caso<<strong>br</strong> />

24/ 5/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Rui Nunes Barbosa Kaxinawá<<strong>br</strong> />

POVO: KATUKINA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KATUKINA KAXINAWÁ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: FEIJÓ<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Hospital de Feijó<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A vítima acompanhava uma so<strong>br</strong>inha para um atendimento<<strong>br</strong> />

de urgência e fez um comentário so<strong>br</strong>e o tratamento<<strong>br</strong> />

que o médico de plantão indicou para seu filho, o qual veio a<<strong>br</strong> />

falecer. O médico o pegou pelo <strong>br</strong>aço e empurrou-o para fora<<strong>br</strong> />

do hospital, dizendo que “esses caboclos só fazem bagunça”.<<strong>br</strong> />

Em seguida, deu um soco no nariz da vítima, que caiu em<<strong>br</strong> />

cima de um carro. Não satisfeito, o médico ainda deu um<<strong>br</strong> />

golpe com os pés no peito do indígena. Ele foi socorrido por<<strong>br</strong> />

funcionários do hospital e recebeu atendimento.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Agressão e discriminação verbal<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Amazônia Ocidental; A própria vítima<<strong>br</strong> />

AM<<strong>br</strong> />

3 Casos<<strong>br</strong> />

JULHO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Adolescente<<strong>br</strong> />

POVO: PAUMARI<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: CASTANHEIRA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: TAPAUÁ<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Tapauá<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Um funcionário da Funai e policiais militares foram<<strong>br</strong> />

acusados de espancar e torturar um adolescente indígena<<strong>br</strong> />

para que confessasse o suposto assassinato de uma criança,<<strong>br</strong> />

que ficou desaparecida por oito dias e, posteriormente, foi<<strong>br</strong> />

encontrada na floresta. O adolescente teve dificuldades para<<strong>br</strong> />

registrar a ocorrência na delegacia e fazer exame de corpo de<<strong>br</strong> />

delito, pois as testemunhas do caso estão sendo ameaçadas<<strong>br</strong> />

pelos agressores.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Tortura<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Norte I, 17/7/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

JULHO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Geaneo dos Santos Carvalho<<strong>br</strong> />

POVO: MURA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: IGARAPÉ AÇU<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: AUTAZES<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Igarapé Açu<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O jovem foi agredido e quase morto, o que só não<<strong>br</strong> />

ocorreu devido à intervenção da comunidade. Agressores e<<strong>br</strong> />

vítima estavam sob efeito de bebida alcóolica. O consumo de<<strong>br</strong> />

bebida alcóolica tem sido um problema constante, embora<<strong>br</strong> />

proibido e combatido pela maioria dos moradores.<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Norte I; Ângelo Moreira Tavares, 10/9/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

13/7/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Homens<<strong>br</strong> />

POVO: TORÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: TORÁ MUNDURUKU<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: MANICORÉ<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Torá/Munduruku/Vista Alegre<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Vários indígenas foram espancados, inclusive um adolescente<<strong>br</strong> />

de 15 anos, que foi mantido algemado sob o sol<<strong>br</strong> />

durante horas, numa ação policial ocorrida na aldeia. Os<<strong>br</strong> />

feridos agredidos receberam spray de pimenta e passaram mal.<<strong>br</strong> />

Segundo informações dos indígenas, esses policiais estavam<<strong>br</strong> />

fazendo escolta a uma empresa de turismo que promove excursões<<strong>br</strong> />

e pesca esportiva dentro da terra indígena, apesar do<<strong>br</strong> />

povo da aldeia não aceitar a entrada de turismo em sua área.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Agressão física e verbal<<strong>br</strong> />

Com informações de: Assessoria de Comunicação do Cimi, 16/7/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

MA 1 Caso<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Cornélio Kanela<<strong>br</strong> />

POVO: KANELA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KANELA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: FERNANDO FALCÃO<<strong>br</strong> />

105<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Povoado Leandro<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Cornélio foi severamente agredido porque, segundo os<<strong>br</strong> />

indígenas, retirou os cartões que estavam com o agressor. O<<strong>br</strong> />

indígena precisou ser internado e ficou um mês no hospital.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Agressão física<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz<<strong>br</strong> />

MS<<strong>br</strong> />

5 Casos<<strong>br</strong> />

7/2/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Jovem<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: SANTIAGO KUE/KURUPI<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: NAVIRAÍ<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Estrada BR-163, em frente a uma fazenda,<<strong>br</strong> />

próxima ao posto da Polícia Rodoviária<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O jovem foi sequestrado por um grupo armado que o<<strong>br</strong> />

torturou durante várias horas, com espancamentos e pressão<<strong>br</strong> />

psicológica. Os agressores indagavam a respeito do nome<<strong>br</strong> />

e da aparência das lideranças da aldeia Kurupi. O indígena<<strong>br</strong> />

afirmava que não pertencia à referida comunidade, mas isso<<strong>br</strong> />

não impediu o espancamento e as ameaças. Tudo indica que<<strong>br</strong> />

existe um grupo que há tempos está constituído como uma<<strong>br</strong> />

milícia armada e que tem rondado a região para impedir o<<strong>br</strong> />

avanço dos indígenas na retomada de seu território tradicional,<<strong>br</strong> />

especialmente os já demarcados ou identificados pela Funai.<<strong>br</strong> />

Segundo relatam os indígenas, os jagunços têm realizado<<strong>br</strong> />

um forte cerco intencional so<strong>br</strong>e as comunidades. Sondam<<strong>br</strong> />

cotidianamente os integrantes da aldeia e dos acampamentos<<strong>br</strong> />

que ficam em torno da fazenda Central, monitoram e<<strong>br</strong> />

investem contra os indígenas.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Sequestro<<strong>br</strong> />

Com informações de: Assessoria de Comunicação do Cimi, 19/2/<strong>2015</strong>; Cimi Regional<<strong>br</strong> />

Mato Grosso do Sul<<strong>br</strong> />

25/4/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Adolescente<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: DOURADOS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: DOURADOS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Bororó<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O adolescente teve o rosto desfigurado em uma <strong>br</strong>iga.<<strong>br</strong> />

Não há esclarecimentos so<strong>br</strong>e os motivos ou a autoria.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma <strong>br</strong>anca<<strong>br</strong> />

Com informações de: Midiamax, 25/4/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

OUTUBRO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Grupo indígena<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: M’BARAKAY<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: IGUATEMI<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Território indígena Iguatemipeguá I<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Os indígenas entraram numa porção da mata no seu<<strong>br</strong> />

território. Uma pequena área que ainda não foi devastada<<strong>br</strong> />

pelo agronegócio no cone sul do estado, e que está sob o<<strong>br</strong> />

domínio de fazendeiros criadores de gado. Não se tratava<<strong>br</strong> />

de uma retomada, apenas pretendiam acessar bens naturais<<strong>br</strong> />

essenciais, como água, comida, remédios ancestrais. O grupo<<strong>br</strong> />

foi atacado por pistoleiros fortemente armados e organizados<<strong>br</strong> />

num bando. Após o ataque inicial com disparos, os indígenas,<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>etudo os anciãos, sofreram tortura e espancamentos,<<strong>br</strong> />

apanhando indiscriminadamente com coronhadas e agredidos<<strong>br</strong> />

com socos e pontapés. Após horas de horror, os indígenas<<strong>br</strong> />

ainda afirmaram que alguns idosos tiveram seus tornozelos<<strong>br</strong> />

que<strong>br</strong>ados antes do grupo ser expulso do local e terem que<<strong>br</strong> />

fazer uma longa caminhada. O acampamento foi incendiado.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Espancamento<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Mato Grosso do Sul, 16/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

21/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Homem e Mulher<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: SUCURIY<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: MARACAJU<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Sucuriy<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O suspeito estava ingerindo bebida alcoólica e, em<<strong>br</strong> />

determinado momento, começou a <strong>br</strong>igar com um adolescente<<strong>br</strong> />

por ciúmes de sua esposa. Durante a <strong>br</strong>iga, o suspeito<<strong>br</strong> />

pegou uma faca. Sua esposa e o pai do adolescente tentaram<<strong>br</strong> />

intervir e foram esfaqueados.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Arma <strong>br</strong>anca<<strong>br</strong> />

Com informações de: Correio do Estado, 22/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

25/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Guinaldo Martins<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI NHANDEVA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: PIRAJUÍ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: PARANHOS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Pirajuí<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A vítima foi agredida ao sair de uma festa. Não se sabe<<strong>br</strong> />

o motivo.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Espancamento<<strong>br</strong> />

Com informações de: A Gazeta News, 26/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

MT 1 Caso<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Jurandir Xavante<<strong>br</strong> />

POVO: XAVANTE<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: BOM JESUS DO ARAGUAIA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Agência do Correio<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Dois homens agrediram violentamente o indígena<<strong>br</strong> />

Jurandir Xavante, sem motivo aparente.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Espancamento<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Mato Grosso<<strong>br</strong> />

RS<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Noé Kaingang<<strong>br</strong> />

POVO: KAINGANG<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: CARAZINHO<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: CARAZINHO<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Bairro<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O indígena foi agredido por habitantes do local e as lideranças<<strong>br</strong> />

declararam que o motivo seria a demarcação da terra.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Agressão física e verbal<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Sul; Lideranças indígenas<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 106


Capítulo II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA<<strong>br</strong> />

Abuso de poder<<strong>br</strong> />

Em <strong>2015</strong>, o Cimi registrou 8 ocorrências de abuso de<<strong>br</strong> />

poder. Os casos registrados ocorreram nos estados do<<strong>br</strong> />

Acre (1), Amazonas (3), Bahia (1), Ceará (1), Mato Grosso<<strong>br</strong> />

do Sul (1) e Minas Gerais (1).<<strong>br</strong> />

Em Minas Gerais, uma estudante indígena participava<<strong>br</strong> />

de atos durante o 7 de Setem<strong>br</strong>o. Ela segurava um cartaz<<strong>br</strong> />

com a frase: “Somos todos Guarani-Kaiowá contra o<<strong>br</strong> />

genocídio a mando do agronegócio”. Um dos policiais<<strong>br</strong> />

que fazia a segurança agarrou-a de forma violenta por<<strong>br</strong> />

entre os alam<strong>br</strong>ados de contenção, arrastou-a e a deitou<<strong>br</strong> />

com o rosto na calçada. Ele, então, a algemou e a manteve<<strong>br</strong> />

presa com os joelhos so<strong>br</strong>e seu corpo. Conforme relatou<<strong>br</strong> />

a indígena: “Eu já estava jogada no chão como um bicho,<<strong>br</strong> />

algemada, com dois policiais segurando as minhas pernas<<strong>br</strong> />

e o PM que me abordou ainda colocou a perna em cima<<strong>br</strong> />

da minha cabeça. Fiquei um tempo sem conseguir respirar,<<strong>br</strong> />

sentindo a força do policial pressionando minha cabeça.<<strong>br</strong> />

Depois que ele tirou a perna, eu estava passando mal, quase<<strong>br</strong> />

desmaiei”. Ela relatou ainda que foi jogada no camburão<<strong>br</strong> />

da polícia e conduzida a uma unidade da Polícia Civil,<<strong>br</strong> />

mesmo tendo informado que, por ser de uma comunidade<<strong>br</strong> />

tradicional, seu caso deveria ser levado à Polícia Federal.<<strong>br</strong> />

Os policiais ignoraram a informação.<<strong>br</strong> />

O violento abuso de poder e a truculência policial contra uma indígena que participava de um protesto pacífico<<strong>br</strong> />

em Minas Gerais foi filmado e amplamente divulgado nas redes sociais<<strong>br</strong> />

107<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA<<strong>br</strong> />

No Ceará, indígenas Anacé acampados na terra que<<strong>br</strong> />

reivindicam como tradicional denunciaram que policiais<<strong>br</strong> />

teriam destruído o acampamento e tratado mulheres e<<strong>br</strong> />

crianças de forma truculenta.<<strong>br</strong> />

No Amazonas, policiais e guardas municipais foram a<<strong>br</strong> />

uma comunidade para reaver uma arma e em busca de um<<strong>br</strong> />

indígena. Na ocasião, invadiram casas e prenderam três<<strong>br</strong> />

mulheres por não terem encontrado quem procuravam e<<strong>br</strong> />

nem a arma. Uma delas estava grávida de 2 meses e outra<<strong>br</strong> />

amamentava um bebê de 6 meses. As mulheres foram<<strong>br</strong> />

agredidas e arrastadas para dentro de carro de particulares<<strong>br</strong> />

até a delegacia.<<strong>br</strong> />

Elas permaneceram presas por cerca de quatro horas.<<strong>br</strong> />

Nesse período, foram espancadas e aterrorizadas por uma<<strong>br</strong> />

policial que disse que elas não veriam mais seus filhos e que<<strong>br</strong> />

a esposa de uma liderança ficaria viúva cedo. Ameaçadas<<strong>br</strong> />

e sem poder sair da comunidade, não fizeram exame de<<strong>br</strong> />

corpo delito.<<strong>br</strong> />

ABUSO DE PODER<<strong>br</strong> />

8 Casos<<strong>br</strong> />

AC 1 Caso<<strong>br</strong> />

10/12/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Indígenas adultos e um menor<<strong>br</strong> />

POVO: NAUA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: MÂNCIO LIMA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Comunidade Indígena Jezumira<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Os indígenas relataram que o responsável por uma das<<strong>br</strong> />

equipes do ICMBio coordenou uma ação repressiva, prendendo<<strong>br</strong> />

e algemando os índios - cinco adultos e um menor - por<<strong>br</strong> />

duas horas dentro de um batelão. O adolescente foi liberado<<strong>br</strong> />

logo em seguida porque os responsáveis pela prisão foram<<strong>br</strong> />

avisados de que não é permitido algemar menor de idade.<<strong>br</strong> />

Os índios alegam que navegavam no Rio Môa, dentro dos<<strong>br</strong> />

limites da terra indígena, pescando para sua subsistência.<<strong>br</strong> />

Após esse ato de violência, os responsáveis entraram na<<strong>br</strong> />

comunidade indígena e aplicaram uma multa ao indígena<<strong>br</strong> />

Agabu Herculano Uchôa, no valor de R$ 150 mil.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Abuso de autoridade<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Amazônia Ocidental - Equipe Cruzeiro do Sul;<<strong>br</strong> />

Cacique João Diaz Nawa<<strong>br</strong> />

AM<<strong>br</strong> />

3 Casos<<strong>br</strong> />

1/3/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Marquinho Garcia da Silva Paumari<<strong>br</strong> />

POVO: PAUMARI<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: CASTANHEIRA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: TAPAUÁ<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Delegacia de polícia de Tapauá e comunidade<<strong>br</strong> />

Castanheira<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Um adolescente e uma criança foram para a mata<<strong>br</strong> />

retirar patauá e, em dado momento, a vítima avistou um<<strong>br</strong> />

bando de queixada e foi atrás, pedindo à criança para que<<strong>br</strong> />

o esperasse. Porém, quando ele voltou não a encontrou<<strong>br</strong> />

mais. Toda a comunidade foi à procura da criança, porém<<strong>br</strong> />

sem sucesso. O pai da vítima e o responsável pela criança<<strong>br</strong> />

desaparecida levaram o adolescente à delegacia, na esperança<<strong>br</strong> />

de conseguirem ajuda. Os policiais já estavam esperando e<<strong>br</strong> />

mandaram o pai do adolescente e o responsável pela criança<<strong>br</strong> />

desaparecida voltarem para casa. Retiveram o menor na<<strong>br</strong> />

delegacia e o interrogaram na presença do Conselheiro<<strong>br</strong> />

Tutelar (que prometeu ao pai que não deixaria ninguém<<strong>br</strong> />

maltratar o menor). O delegado sugeriu que o adolescente<<strong>br</strong> />

teria assassinado a criança e ameaçou agredi-lo fisicamente<<strong>br</strong> />

se não confessasse o suposto crime. A vítima, intimidada,<<strong>br</strong> />

confessou ter matado a criança. Passou a noite preso. No outro<<strong>br</strong> />

dia de manhã, quando o pai foi visitar o filho, o delegado<<strong>br</strong> />

o ameaçou repreendendo-o por ter recomendado ao filho<<strong>br</strong> />

“que prestasse atenção na hora de falar com o delegado”,<<strong>br</strong> />

e lhe comunicou que seu filho era um assassino. No outro<<strong>br</strong> />

dia, o cabo da polícia civil, outro policial, o conselheiro<<strong>br</strong> />

tutelar, dois rapazes da comunidade indígena e quatro<<strong>br</strong> />

funcionários da Funai, o coordenador da CTL da Funai de<<strong>br</strong> />

Tapauá e mem<strong>br</strong>os da Frente de Proteção Etnoambiental<<strong>br</strong> />

Purus conduziram a vítima, seu pai e sua mãe para o local<<strong>br</strong> />

onde a criança tinha se perdido, para que o adolescente<<strong>br</strong> />

lhes mostrasse onde havia deixado o corpo . Como a vítima,<<strong>br</strong> />

assustada, mudava a todo momento a sua versão so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

como teria matado a criança , em certo momento os funcionários<<strong>br</strong> />

da Funai o algemaram, o arrastaram até o igarapé<<strong>br</strong> />

onde tinha deixado a criança e o torturaram violentamente,<<strong>br</strong> />

com chutes, pontapés e ferimentos nas costas. Além disso,<<strong>br</strong> />

o menor levou um tiro de raspão na cabeça. Foi algemado<<strong>br</strong> />

numa árvore durante cerca de três horas e ameaçado de<<strong>br</strong> />

cortarem suas orelhas caso não informasse onde tinha<<strong>br</strong> />

deixado o corpo da criança supostamente assassinada. O<<strong>br</strong> />

representante do Conselho Tutela ficou assistindo toda a<<strong>br</strong> />

violência, sem interferir. Funcionários da Funai acusaram a<<strong>br</strong> />

vítima de ter matado o menino porque queria estuprá-lo.<<strong>br</strong> />

O adolescente só foi solto quando a criança desaparecida<<strong>br</strong> />

foi encontrada com vida. O escrivão da polícia pressionou<<strong>br</strong> />

o pai do menino a “arquivar o caso”. Não foi aberto um<<strong>br</strong> />

inquérito policial e o médico se negou a realizar exame de<<strong>br</strong> />

corpo de delito.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Agressões físicas; intimidações a menor de idade<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Norte I, 20/7/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

25/4/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Ademar Coelho da Silva<<strong>br</strong> />

POVO: MURA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: PONCIANO<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: CAREIRO DA VÁRZEA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Terra indígena<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A vítima recusou-se a vender o local onde residia com<<strong>br</strong> />

a família a um posseiro que passou a ocupar a área após a<<strong>br</strong> />

delimitação da terra. Ele vem desmatando para alugar a pastagem<<strong>br</strong> />

para outros fazendeiros da região que lhe dão apoio.<<strong>br</strong> />

Em uma ocasião, tentou invadir o flutuante da vítima com<<strong>br</strong> />

homens armados com facões, que jogaram os utensílios de<<strong>br</strong> />

cozinha no rio. A vítima os deteve apontando uma arma.<<strong>br</strong> />

Na última vez em que o acusado chegou com seus homens<<strong>br</strong> />

em<strong>br</strong>iagados para expulsar a vítima do local, esta atirou em<<strong>br</strong> />

direção à balsa sem que atingisse as pessoas. O posseiro foi<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 108


Capítulo II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA<<strong>br</strong> />

até a delegacia e trouxe policiais e guardas municipais para<<strong>br</strong> />

efetuar a prisão em flagrante. No dia seguinte a polícia retornou<<strong>br</strong> />

ao local e, sob a mira de um revólver, o<strong>br</strong>igou a mulher e os<<strong>br</strong> />

filhos a entrarem num bote, além de arrastar o flutuante rio<<strong>br</strong> />

acima, abandonando-o longe dali. Os pertences do senhor<<strong>br</strong> />

Ademar e seus animas foram destruídos. O posseiro tomou<<strong>br</strong> />

posse da localidade.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Agressões físicas; intimidações; abuso de poder<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Norte I, 2/6/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

28/6/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Natália Pinheiro da Conceição, Nelcir Gomes Moura,<<strong>br</strong> />

Natalina Pinheiro da Conceição e Esteve Soares Pinheiro<<strong>br</strong> />

POVO: MURA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: MURUTINGA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: AUTAZES<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Murutinga/Tracajá<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Policiais e guardas municipais foram à comunidade<<strong>br</strong> />

para reaver uma arma e em busca de um indígena ameaçado<<strong>br</strong> />

pelos policiais, e a quem já haviam tentado matar. Eles<<strong>br</strong> />

invadiriam várias casas e por não terem encontrado quem<<strong>br</strong> />

procuravam e nem a arma prenderam três mulheres. Uma<<strong>br</strong> />

delas estava grávida de 2 meses e outra amamentava um<<strong>br</strong> />

bebê de 6 meses. As mulheres foram agredidas e arrastadas<<strong>br</strong> />

para dentro de carro de particulares até a delegacia.<<strong>br</strong> />

Permaneceram presas por cerca de quatro horas, até que<<strong>br</strong> />

o cacique interveio, prometendo devolver a arma se elas<<strong>br</strong> />

fossem soltas. No período que ficaram na cadeia elas foram<<strong>br</strong> />

espancadas e aterrorizadas por uma policial que disse que<<strong>br</strong> />

elas não veriam mais seus filhos e que a esposa de uma<<strong>br</strong> />

liderança ficaria viúva cedo. Ameaçadas e sem poder sair da<<strong>br</strong> />

comunidade, as indígenas não fizeram exame de corpo delito.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Agressões físicas; intimidações<<strong>br</strong> />

Com informações de: Comunidade Indígena Murutinga/Tracajá, 5/7/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

BA<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

20/7/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Gerdion Santos do Nascimento<<strong>br</strong> />

POVO: PATAXÓ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: COROA VERMELHA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: SANTA CRUZ CABRÁLIA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Eunápolis - Justiça Federal<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Em 20 de julho de <strong>2015</strong> o cacique Aruã, Jerdion<<strong>br</strong> />

Santos do Nascimento, foi comunicado extraoficialmente<<strong>br</strong> />

pela Câmara de Vereadores de Santa Cruz de Ca<strong>br</strong>ália,<<strong>br</strong> />

onde é vereador e vice-presidente, de uma condenação<<strong>br</strong> />

à pena de um ano e quatro meses de reclusão em regime<<strong>br</strong> />

aberto, revertida em serviços comunitários e pagamento de<<strong>br</strong> />

multa, por invasão de prédio público e cárcere privado. O<<strong>br</strong> />

episódio em questão foi a ocupação da sede do Iphan, em<<strong>br</strong> />

Porto Seguro, realizada por 200 moradores da comunidade<<strong>br</strong> />

indígena de Coroa Vermelha em 17 de agosto de 2008. Na<<strong>br</strong> />

ocasião, os indígenas protestavam contra a morosidade do<<strong>br</strong> />

Iphan, de mais de três anos, na análise técnica do projeto<<strong>br</strong> />

de construção de 200 pontos comerciais, reforma do museu<<strong>br</strong> />

indígena e construção do píer na Terra Indígena Coroa<<strong>br</strong> />

Vermelha. Em <strong>2015</strong>, o cacique Aruã foi condenado e o TRF<<strong>br</strong> />

da 1a Região, Subsecção Judiciária de Eunápolis, comunicou<<strong>br</strong> />

a sentença à Câmara de Vereadores, para as providências<<strong>br</strong> />

de cassação do mandato de Aruã.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Abuso de autoridade<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Leste<<strong>br</strong> />

CE<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

2/4/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: ANACÉ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ANACÉ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: CAUCAIA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Região de Japuara<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Os indígenas estão acampados na terra tradicional, que<<strong>br</strong> />

está sob posse de especuladores. A Polícia teria destruído<<strong>br</strong> />

o acampamento e tratado mulheres e crianças de forma<<strong>br</strong> />

truculenta. Três indígenas foram detidos e liberados no final<<strong>br</strong> />

da tarde do mesmo dia.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Abuso de autoridade<<strong>br</strong> />

Com informações de: O Povo, 3/4/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

MG<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

7/9/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Juvana Petyrhara<<strong>br</strong> />

POVO: XAKRIABÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: XAKRIABÁ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: MONTES CLAROS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Montes Claros<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Na comemoração do dia 7 de Setem<strong>br</strong>o, a população<<strong>br</strong> />

vaiou o prefeito, que precisou ser retirado do palanque. A<<strong>br</strong> />

indígena segurava um cartaz com os dizeres: “Somos todos<<strong>br</strong> />

Guarani-Kaiowá contra o genocídio a mando do agronegócio”.<<strong>br</strong> />

Um dos policiais a agarrou de forma violenta por entre os<<strong>br</strong> />

alam<strong>br</strong>ados de contenção, arrastou e deitou a com o rosto<<strong>br</strong> />

na calçada. Ele ainda a algemou e a manteve presa com os<<strong>br</strong> />

joelhos so<strong>br</strong>e seu corpo. Ela fez o seguinte relato: “Eu já estava<<strong>br</strong> />

jogada no chão como um bicho, algemada, com dois policiais<<strong>br</strong> />

segurando as minhas pernas e o PM que me abordou ainda<<strong>br</strong> />

colocou a perna em cima da minha cabeça. Fiquei um tempo<<strong>br</strong> />

sem conseguir respirar, sentindo a força do policial pressionando<<strong>br</strong> />

minha cabeça. Depois que ele tirou a perna, eu estava<<strong>br</strong> />

passando mal, quase desmaiei”. Ela denunciou ainda que foi<<strong>br</strong> />

jogada no camburão da polícia e conduzida a uma unidade<<strong>br</strong> />

da Polícia Civil, mesmo tendo informado que, por ser de uma<<strong>br</strong> />

comunidade tradicional, seu caso deveria ser levado à Polícia<<strong>br</strong> />

Federal. Os policiais simplesmente ignoraram a informação.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Agressão física; ameaça; detenção ilegal<<strong>br</strong> />

Com informações de: Wil Correia, Montes Claros, MG, 8/9/<strong>2015</strong>; ALMG, 9/9/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

MS<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

18/9/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: PYELITO KUE<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: IGUATEMI<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: 200 metros da fazenda Maringá<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Poucas horas antes de pistoleiros atacarem a comunidade<<strong>br</strong> />

Guarani e Kaiowá, lideranças contam que capangas<<strong>br</strong> />

avisaram que “todos seriam mortos”. O Departamento de<<strong>br</strong> />

Operações de Fronteiras (DOF) vinha fazendo visitas ostensivas<<strong>br</strong> />

à retomada dos Guarani. Estes denunciaram mais ações<<strong>br</strong> />

truculentas dos policiais. “Pegaram as coisas de todo mundo.<<strong>br</strong> />

Levaram roupa, comida, cataram tudo o que a gente tinha e<<strong>br</strong> />

levaram. Atacaram às 10 horas da noite”.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Repressão policial<<strong>br</strong> />

Com informações de: Assessoria de Comunicação do Cimi, 18/9/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

109<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA<<strong>br</strong> />

Racismo e discriminação étnico culturais<<strong>br</strong> />

Registramos 13 casos de racismo e discriminação étnico<<strong>br</strong> />

culturais no ano de <strong>2015</strong>. As ocorrências foram nos<<strong>br</strong> />

estados da Bahia (2), Distrito Federal (1), Goiás (1), Maranhão<<strong>br</strong> />

(1), Mato Grosso (1), Mato Grosso do Sul (3), Pará (2), Rio<<strong>br</strong> />

Grande do Sul (1) e Roraima (1).<<strong>br</strong> />

No estado da Bahia, após a divulgação do documentário<<strong>br</strong> />

Tupinambá, o retorno da terra, internautas, muitos em<<strong>br</strong> />

anonimato, fizeram comentários preconceituosos, ofensivos<<strong>br</strong> />

e até sugeriram o assassinato do cacique Babau.<<strong>br</strong> />

No Distrito Federal, no Centro de Convivência Multicultural<<strong>br</strong> />

dos Povos Indígenas da Universidade de Brasília,<<strong>br</strong> />

indígenas relatam que teriam sido desrespeitados. A agressora<<strong>br</strong> />

teria dito que o espaço era “mal utilizado” e que os “negros são<<strong>br</strong> />

mais educados que os índios, que não merecem esse lugar”.<<strong>br</strong> />

Também em ambiente acadêmico, quatro alunos indígenas<<strong>br</strong> />

da Universidade Federal de Roraima, dois rapazes<<strong>br</strong> />

e duas moças, do curso de Gestão Territorial Indígena do<<strong>br</strong> />

Instituto Inskiran, denunciaram que sofreram preconceito<<strong>br</strong> />

por parte de outros alunos. Estes teriam zombado dos<<strong>br</strong> />

costumes e das características dos indígenas, proferindo em<<strong>br</strong> />

voz alta palavras ofensivas e depreciativas, discriminando-os<<strong>br</strong> />

pela maneira de comer, de se vestirem e pela aparência<<strong>br</strong> />

física. Chegaram a retirar-se da mesa onde se encontravam,<<strong>br</strong> />

alegando que não se misturariam com índios.<<strong>br</strong> />

No estado do Maranhão, o deputado estadual Fernando<<strong>br</strong> />

Furtado (PC do B) foi flagrado, em áudio que vazou nas redes<<strong>br</strong> />

sociais, insultando indígenas Awá durante sua participação<<strong>br</strong> />

em uma audiência pública na cidade de São João do Caru,<<strong>br</strong> />

organizado por uma associação de produtores. Ao referirse<<strong>br</strong> />

aos indígenas, o deputado os classificou de “bando de<<strong>br</strong> />

veadinho” e “boiola”, e chegou a sugerir que eles morressem<<strong>br</strong> />

de fome “porque não sabe nem trabalhar”. Segundo o<<strong>br</strong> />

deputado, “lá em Brasília o Arnaldo [Lacerda, presidente da<<strong>br</strong> />

Aprocaru] viu os índios tudo de camisetinha, tudo arrumadinho,<<strong>br</strong> />

com flechinha, tudo um bando de veadinho. Tinha<<strong>br</strong> />

uns três lá que eram veados que eu tenho certeza, veados.<<strong>br</strong> />

Eu não sabia que tinha índio veado, fui saber naquele dia<<strong>br</strong> />

em Brasília, tudo veado. Então, é desse jeito que tá: índio<<strong>br</strong> />

já consegue ser veado, boiola, e não consegue trabalhar e<<strong>br</strong> />

produzir? Negativo!”.<<strong>br</strong> />

No Rio Grande do Sul, depois de um trágico acidente que<<strong>br</strong> />

vitimou quatro meninas do ovo Kaingang, um internauta,<<strong>br</strong> />

que se esconde atrás do codinome “Pensador Correto”<<strong>br</strong> />

postou no site Globo.com, logo abaixo da notícia da morte<<strong>br</strong> />

das indígenas, insinuações machistas e preconceituosas<<strong>br</strong> />

contra as mulheres Kaingang. Esse tipo de manifestação<<strong>br</strong> />

evidencia a cultura do racismo contra os povos indígenas<<strong>br</strong> />

em nossa sociedade.<<strong>br</strong> />

Diocese de Chapecó<<strong>br</strong> />

RACISMO E DISCRIMINAÇÃO ÉTNICO CULTURAIS<<strong>br</strong> />

13 Casos<<strong>br</strong> />

BA<<strong>br</strong> />

2 Casos<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: PATAXÓ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: PATAXÓ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: PORTO SEGURO<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Página de construção coletiva da Wikipédia<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Com a utilização de palavras preconceituosas, foram<<strong>br</strong> />

alteradas informações na página de construção coletiva<<strong>br</strong> />

Wikipédia, na internet, contra Galdino (queimado vivo, em<<strong>br</strong> />

1997, por cinco jovens, em um ponto de ônibus em Brasília,<<strong>br</strong> />

enquanto dormia) e contra o povo Pataxó. Foi escrito que<<strong>br</strong> />

“a tribo pataxó ganhou uma trágica notoriedade após o estrupo<<strong>br</strong> />

do índio Galdino Jesus dos Santos”. Os Pataxó foram<<strong>br</strong> />

caracterizados como um “povo indígena cubano”, de língua<<strong>br</strong> />

“sucrilhos” e que, em 3040, “totalizavam 0 pessoas”.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Declarações preconceituosas na internet<<strong>br</strong> />

Com informações de: O Indigenista, 27/4/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 110


Capítulo II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA<<strong>br</strong> />

JUNHO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: TUPINAMBÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: TUPINAMBÁ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ITABUNA<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Após uma informação postada na internet so<strong>br</strong>e o<<strong>br</strong> />

documentário Tupinambá o retorno da terra, cerca de 60<<strong>br</strong> />

internautas, nos dias 9 e 10 de junho, muitos sob anonimato,<<strong>br</strong> />

fizeram comentários preconceituosos e ofensivos, até<<strong>br</strong> />

com sugestão de assassinato, dirigidos em especial contra<<strong>br</strong> />

o cacique Babau.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Declarações preconceituosas na internet<<strong>br</strong> />

Com informações de: Verdinho Itabuna<<strong>br</strong> />

DF<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

SETEMBRO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Estudantes<<strong>br</strong> />

POVO: VÁRIAS ETNIAS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: BRASÍLIA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Centro de Convivência Multicultural dos Povos<<strong>br</strong> />

Indígenas, na UnB<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Segundo relato dos alunos, a acusada os teria desrespeitado<<strong>br</strong> />

ao dizer que o espaço era “mal utilizado” e que “os<<strong>br</strong> />

negros são mais educados que os índios, que não merecem<<strong>br</strong> />

esse lugar”.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Discriminação étnica e cultural<<strong>br</strong> />

Com informações de: AQUI/DF, 12/9/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

GO<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

17/7/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Lideranças Indígenas<<strong>br</strong> />

POVO: KA’APOR<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KAYAPÓ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ALTO PARAISO DE GOIÁS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Chapada dos Veadeiros<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Segundo informações de lideranças indígenas, uma<<strong>br</strong> />

mulher não queria viajar ao lado de nenhum indígenas. Ela<<strong>br</strong> />

disse: “Nós que pagamos! Ou vocês descem ou eu chamo a<<strong>br</strong> />

polícia”. Apesar da indignação que estavam sofrendo e por<<strong>br</strong> />

estarem acuados, os quatro indígenas, que haviam participado<<strong>br</strong> />

do Encontro de Culturas Tradicionais na Chapada dos<<strong>br</strong> />

Veadeiros e retornavam a Palmas (TO), o<strong>pt</strong>aram por não<<strong>br</strong> />

discutir e desceram do ônibus no meio da rodovia.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Discriminação étnica e cultural<<strong>br</strong> />

Com informações de: Revista Fórum, 30/7/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

MA 1 Caso<<strong>br</strong> />

4/7/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidades<<strong>br</strong> />

POVO: AWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: AWÁ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: SÃO JOÃO DO CARU<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Audiência pública em São João do Caru, organizada<<strong>br</strong> />

pela Associação dos Produtores Rurais<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O deputado estadual Fernando Furtado (PC do B) foi<<strong>br</strong> />

flagrado, em áudio que vazou nas redes sociais, insultando<<strong>br</strong> />

indígenas Awá, durante sua participação em uma audiência<<strong>br</strong> />

pública na cidade de São João do Caru, organizada por uma<<strong>br</strong> />

associação de produtores. Ao referir-se aos indígenas, o deputado<<strong>br</strong> />

os classificou de “bando de veadinho” e “boiola” e<<strong>br</strong> />

chegou a sugerir que eles morressem de fome “porque não<<strong>br</strong> />

sabe nem trabalhar”. Segundo o deputado, “lá em Brasília<<strong>br</strong> />

o Arnaldo [Lacerda, presidente da Aprocaru] viu os índios<<strong>br</strong> />

tudo de camisetinha, tudo arrumadinho, com flechinha, tudo<<strong>br</strong> />

um bando de veadinho. Tinha uns três lá que eram veados<<strong>br</strong> />

que eu tenho certeza, veados. Eu não sabia que tinha índio<<strong>br</strong> />

veado, fui saber naquele dia em Brasília, tudo veado. Então,<<strong>br</strong> />

é desse jeito que tá: índio já consegue ser veado, boiola, e<<strong>br</strong> />

não consegue trabalhar e produzir? Negativo!”<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Discriminação étnica e cultural<<strong>br</strong> />

Com informações de: O Estado do Maranhão, 22/9/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

MS<<strong>br</strong> />

3 Casos<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidades<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: VÁRIAS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: CAMPO GRANDE<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Redes Sociais<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Motivados pelos conflitos ocorridos entre fazendeiros<<strong>br</strong> />

e indígenas que procuram ocupar suas terras tradicionais,<<strong>br</strong> />

mais de 60 comentários preconceituosos foram postados<<strong>br</strong> />

no facebook, agredindo de forma injuriosa e violenta os<<strong>br</strong> />

povos indígenas. Por exemplo: “Cambada de vagabundo<<strong>br</strong> />

oportunista”; “Falta meter bala no resto rsrsrsrs”; “Tem que<<strong>br</strong> />

passar fogo em todos vocês, seus ladrão (sic).”Tem que fuzilar<<strong>br</strong> />

essas pragas!!!! “E o dono da fazenda tem que aturar isso<<strong>br</strong> />

também???... ... Morreu pouco”.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Declarações preconceituosas na internet<<strong>br</strong> />

Com informações de: O Estado do Mato Grosso do Sul<<strong>br</strong> />

ABRIL<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Indígenas<<strong>br</strong> />

POVO: DIVERSOS<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: VÁRIAS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: CAMPO GRANDE<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Comando Geral da PM<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Ao responder a uma pergunta so<strong>br</strong>e demarcações de<<strong>br</strong> />

terras em geral e, particularmente, no Mato Grosso do Sul e<<strong>br</strong> />

em Roraima, o deputado federal Jair Bolsonaro fez declarações<<strong>br</strong> />

preconceituosas contra os índios,. Entre outras frases<<strong>br</strong> />

depreciativas, ele disse “índio não fala nossa língua, não<<strong>br</strong> />

tem dinheiro, é um po<strong>br</strong>e coitado, tem que ser integrado à<<strong>br</strong> />

sociedade, não criado em zoológicos milionários”.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Declarações preconceituosas na imprensa<<strong>br</strong> />

Com informações de: Midiamax, 22/4/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

29/8/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ÑHANDERU MARANGATU<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ANTÔNIO JOÃO<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Comunidade indígena<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Uma orquestração midiática em Mato Grosso do Sul<<strong>br</strong> />

preparou o clima de ataques à comunidade da Terra Indígena<<strong>br</strong> />

Nhãnderu Marangatu. Dentre as ações organizadas por<<strong>br</strong> />

lideranças sindicais e pelos fazendeiros estavam a divulgação<<strong>br</strong> />

de um vídeo incitando a população local contra os índios<<strong>br</strong> />

e uma série de boatos espalhados na região dizendo que os<<strong>br</strong> />

indígenas iriam invadir e incendiar a cidade. Dois dias antes<<strong>br</strong> />

do assassinato de Simeão Vilhalva, Pedro Pedrossian Filho<<strong>br</strong> />

postou no seu perfil em uma rede social, que se espalhou<<strong>br</strong> />

111<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA<<strong>br</strong> />

virtualmente, fotografias de um maquinário queimado numa<<strong>br</strong> />

fazenda do Paraguai e escreveu que aquele maquinário tinha<<strong>br</strong> />

sido queimado pelos indígenas no estado. Após o compartilhamento<<strong>br</strong> />

dessa notícia, surgiram comentários extremamente<<strong>br</strong> />

racistas e agressivos, com ameaças de ataques e assassinatos<<strong>br</strong> />

contra os Guarani e Kaiowá. Numa reunião no sindicato rural,<<strong>br</strong> />

em um exaltado discurso, a presidente da organização, Roseli<<strong>br</strong> />

Maria Ruiz, convocou os fazendeiros para que a acompanhassem<<strong>br</strong> />

no ataque aos Guarani e Kaiowá, que haviam retomado<<strong>br</strong> />

algumas áreas do seu território tradicional desde o dia 22. No<<strong>br</strong> />

dia 29 de agosto, o local foi ostensivamente atacado por um<<strong>br</strong> />

grupo de proprietários rurais, o que levou ao assassinato da<<strong>br</strong> />

liderança Simeão Vilhalva Guarani. Vários indígenas ficaram<<strong>br</strong> />

feridos após serem atacados com pauladas, tiros de borracha<<strong>br</strong> />

e de arma de fogo. Uma criança de 1 ano foi atingida por<<strong>br</strong> />

uma bala de borracha.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Declarações preconceituosas na internet<<strong>br</strong> />

Com informações de: Rel-Uita.org; Assessoria de Comunicação do Cimi, 17/9/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

MT 1 Caso<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Indígenas<<strong>br</strong> />

POVO: VÁRIAS ETNIAS<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: XINGU<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: SANTA CRUZ DO XINGU<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Numa entrevista, o presidente da associação dos fazendeiros<<strong>br</strong> />

da região do Xingu afirmou: “Nunca vi índio plantar<<strong>br</strong> />

nada, nunca vi índio produzir nada, índio vive praticamente é<<strong>br</strong> />

de cesta básica, de Bolsa Família e de algum recurso mais de<<strong>br</strong> />

pedágio que eles co<strong>br</strong>am de nós aí”. A Justiça Federal aceitou<<strong>br</strong> />

uma denúncia do MPF contra o fazendeiro por crime de<<strong>br</strong> />

racismo praticado contra índios na região do Araguaia Xingu.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Declarações preconceituosas na imprensa<<strong>br</strong> />

Com informações de: Agência da Notícia, 7/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

PA 2 Casos<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Estudantes do Baixo Tapajós<<strong>br</strong> />

POVO: DIVERSOS<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: BAIXO TAPAJÓS I<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: BELÉM<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Programa de Antropologia e Arqueologia, da<<strong>br</strong> />

Universidade Federal do Oeste do Pará.<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Estudantes pertencentes a vários povos do Baixo Tapajós<<strong>br</strong> />

denunciaram a discriminação étnica que vêm sofrendo por<<strong>br</strong> />

parte de outros estudantes WaiWai e de alguns professores,<<strong>br</strong> />

que não os reconhecem como indígenas. Um documento<<strong>br</strong> />

assinado por integrantes do povo WaiWai afirma que o<<strong>br</strong> />

coordenador do Ensino Modular Indígena não é índio de<<strong>br</strong> />

verdade, sendo assim, um “falso índio” como todos os povos<<strong>br</strong> />

do Baixo Tapajós. Conforme declaração do representante do<<strong>br</strong> />

Diretório dos Acadêmicos Indígenas, “alguns indígenas estão<<strong>br</strong> />

desmotivados no curso de Antropologia e já pensam em<<strong>br</strong> />

desistir ou mesmo mudar para outros institutos para não ter<<strong>br</strong> />

que se deparar com esses alunos e professores, abstendo-se<<strong>br</strong> />

do preconceito”.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Discriminação étnica e cultural<<strong>br</strong> />

Com informações de: Diretório Acadêmico Indígena-Universidade Federal do Oeste<<strong>br</strong> />

do Pará, 2/6/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidades<<strong>br</strong> />

POVO: DIVERSOS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: SANTARÉM<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Povos indígenas da região de Santarém<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Denúncias registradas pelo MPF-PA evidenciam que<<strong>br</strong> />

atos discriminatórios contra os índios, na região de Santarém,<<strong>br</strong> />

têm sido frequentes, principalmente em ambientes escolares<<strong>br</strong> />

ou em meio a disputas pelo direito à terra. Como exemplos,<<strong>br</strong> />

o MPF relata o caso de atos discriminatórias em escolas, de<<strong>br</strong> />

atos praticados por servidores públicos e até o incêndio de<<strong>br</strong> />

uma moradia indígena este ano.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Racismo<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Norte II<<strong>br</strong> />

RS<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

OUTUBRO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Mulheres<<strong>br</strong> />

POVO: KAINGANG<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: LAJEADO DO BUGRE<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: LAJEADO<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Comunidade que vive perto da BR-386<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Após a morte de três adolescentes e uma criança, atingidas<<strong>br</strong> />

pelas rodas que se desprenderam de um caminhão, um<<strong>br</strong> />

homem fez um comentário injurioso e grosseiro contra as<<strong>br</strong> />

mulheres indígenas. Publicou no site eletrônico do jornal Zero<<strong>br</strong> />

Hora que estava preocupado se uma das vítimas poderia ser<<strong>br</strong> />

sua filha, acrescentando que sempre que vai pescar dá uma<<strong>br</strong> />

passadinha nas aldeias para ter relação sexual com uma das<<strong>br</strong> />

índias. O Cimi emitiu nota denunciando o fato e co<strong>br</strong>ando<<strong>br</strong> />

providências do MPF.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Ofensa sexual<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Sul; G1/RS, 19/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

RR<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

14/12/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Estudantes da UFRR<<strong>br</strong> />

POVO: VÁRIAS ETNIAS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: BOA VISTA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Universidade Federal de Roraima<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Um grupo de quatro alunos indígenas, da Universidade<<strong>br</strong> />

Federal de Roraima (UFRR), dois rapazes e duas moças, do<<strong>br</strong> />

curso de Gestão Territorial Indígena do Instituto Inskiran,<<strong>br</strong> />

sofreu preconceito por parte de outros alunos. Estes zombaram<<strong>br</strong> />

dos costumes e das características dos indígenas,<<strong>br</strong> />

proferindo em voz alta palavras ofensivas e depreciativas,<<strong>br</strong> />

discriminando-os pela maneira de comer, de se vestirem e<<strong>br</strong> />

pela aparência física. Chegaram a retirar-se da mesa onde se<<strong>br</strong> />

encontravam, dizendo que não se misturariam com índios.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Declarações preconceituosas<<strong>br</strong> />

Com informações de: Folha de Boa Vista<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 112


Capítulo II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA<<strong>br</strong> />

Violência sexual<<strong>br</strong> />

Durante o ano de <strong>2015</strong>, foram registrados 9 casos de<<strong>br</strong> />

violências sexuais praticadas contra indígenas nos<<strong>br</strong> />

seguintes estados: Amapá (1), Mato Grosso (1), Mato<<strong>br</strong> />

Grosso do Sul (3), Rio Grande do Sul (1), Roraima (2) e<<strong>br</strong> />

São Paulo (1).<<strong>br</strong> />

Em Roraima, foi denunciado anonimamente à Polícia<<strong>br</strong> />

Civil que o proprietário de uma fazenda, funcionários e um<<strong>br</strong> />

suposto policial militar estariam fazendo festas e mantendo<<strong>br</strong> />

relações com crianças e adolescentes, em meio ao consumo<<strong>br</strong> />

de bebidas alcoólicas e drogas. Na busca policial no local<<strong>br</strong> />

foram encontrados indícios, como centenas de latas de<<strong>br</strong> />

cerveja, litros de vodca, garrafões de vinho, preservativos,<<strong>br</strong> />

CDs de filmes pornográficos e uma espingarda sem registro.<<strong>br</strong> />

Um dos funcionários confessou que manteve relações<<strong>br</strong> />

com uma adolescente. As crianças e adolescentes foram<<strong>br</strong> />

encaminhadas ao IML para exame.<<strong>br</strong> />

Renato Santana<<strong>br</strong> />

AP<<strong>br</strong> />

NOVEMBRO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Criança<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

POVO: KARIPUNA DO AMAPÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: UAÇÁ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: OIAPOQUE<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Propriedade rural<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O pai, não indígena, foi acusado de estuprar as cinco<<strong>br</strong> />

filhas. Os abusos aconteciam na casa onde ele morava com<<strong>br</strong> />

as meninas e outros três filhos, após se separar da esposa. A<<strong>br</strong> />

mãe, que é indígena, fez a queixa pois desconfiou do comportamento<<strong>br</strong> />

de uma das meninas. Os exames comprovaram<<strong>br</strong> />

os abusos, e o acusado confessou. Ele ainda foi preso por<<strong>br</strong> />

porte ilegal de armas ao ser abordado com três espingardas<<strong>br</strong> />

cali<strong>br</strong>e 12 e catorze munições. A polícia suspeita que o agricultor<<strong>br</strong> />

tenha dado um medicamento abortivo à adolescente<<strong>br</strong> />

de 14 anos. As crianças voltaram para a guarda da mãe e o<<strong>br</strong> />

pai está preso.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Abuso sexual<<strong>br</strong> />

Com informações de: G1/AP, 26/11/<strong>2015</strong>; Cimi Regional Norte II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA SEXUAL<<strong>br</strong> />

9 Casos<<strong>br</strong> />

MT 1 Caso<<strong>br</strong> />

4/11/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Criança<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: CUIABÁ<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Bairro Novo Milenium<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Uma criança era abusada sexualmente pelo pai adotivo.<<strong>br</strong> />

O fato foi denunciado por um adolescente que também<<strong>br</strong> />

morava na mesma residência. A menor foi conduzida para o<<strong>br</strong> />

Instituto Médico Legal para a realização de exame.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Abuso sexual<<strong>br</strong> />

Com informações de: Folha Max, 5/11/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

MS<<strong>br</strong> />

3 Casos<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Criança<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: DOURADOS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: DOURADINA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Bororó<<strong>br</strong> />

113<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo II<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Durante a vacinação em um posto de saúde do município,<<strong>br</strong> />

os médicos suspeitaram e, após exames, constataram<<strong>br</strong> />

a gravidez da criança. A mãe foi chamada para tomar conhecimento<<strong>br</strong> />

da situação e foi informada da gravidez. A vítima<<strong>br</strong> />

nunca havia contado nada so<strong>br</strong>e o abuso sexual que sofria<<strong>br</strong> />

do pai. O suspeito está foragido.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Abuso sexual<<strong>br</strong> />

Com informações de: G1/MS, 21/5/<strong>2015</strong>; Tribuna do MS, 28/5/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

10/5/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Jovem<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: DOURADOS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: DOURADOS<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A jovem foi estuprada por cinco jovens depois de<<strong>br</strong> />

participar de uma festa. Ela foi localizada desmaiada por<<strong>br</strong> />

moradores e encaminhada ao hospital. Há suspeita de que<<strong>br</strong> />

ela tenha sido vítima de vingança, pois teria participado<<strong>br</strong> />

de um homicídio. Os suspeitos foram reconhecidos pela<<strong>br</strong> />

vítima.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Abuso sexual<<strong>br</strong> />

Com informações de: G1/MS, 12/5/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

SETEMBRO <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Adolescente<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: IGUATEMIPEGUÁ I<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: PYELLITO KUE<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A comunidade sofreu uma série de agressivos ataques,<<strong>br</strong> />

com o uso de armas de fogo, espancamentos, remoção<<strong>br</strong> />

forçada e queima dos barracos. As ações dos pistoleiros<<strong>br</strong> />

resultaram na fuga em pânico de diversos indígenas, dentre<<strong>br</strong> />

eles crianças, mulheres e feridos. Das violências relatadas<<strong>br</strong> />

pelos indígenas, uma das mais chocantes foi o estupro coletivo<<strong>br</strong> />

de uma jovem Guarani e Kaiowá por doze pistoleiros.<<strong>br</strong> />

Eles a pegaram no mato quando ela se perdeu ao tentar<<strong>br</strong> />

fugir do ataque.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Abuso sexual<<strong>br</strong> />

Com informações de: Lideranças indígenas e Survival International<<strong>br</strong> />

RS<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

31/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Criança<<strong>br</strong> />

POVO: KAINGANG<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ESTRELA DO MAR<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ESTRELA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Coqueiro<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A vítima foi pegar frutas no pomar da aldeia quando<<strong>br</strong> />

foi atacada por um integrante da comunidade. A criança foi<<strong>br</strong> />

encontrada com ferimentos e encaminhada para o hospital.<<strong>br</strong> />

O autor do crime já cumpre pena em regime de prisão domiciliar.<<strong>br</strong> />

Depois do crime, ele fugiu.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Abuso sexual<<strong>br</strong> />

Com informações de: G1/RS, 1/11/<strong>2015</strong>; Cimi Regional Sul<<strong>br</strong> />

RR<<strong>br</strong> />

2 Casos<<strong>br</strong> />

17/7/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Criança<<strong>br</strong> />

POVO: MAKUXI<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: JACAMIM<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: BONFIM<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Comunidade Indígena<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O suspeito é conhecido da família da criança. Ele entrou<<strong>br</strong> />

pela janela do quarto onde ela dormia. A vítima denunciou<<strong>br</strong> />

o fato à família, que relatou o crime ao delegado.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Abuso sexual<<strong>br</strong> />

Com informações de: G1/RR, 21/7/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

20/8/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Adolescente e criança<<strong>br</strong> />

POVO: WAPIXANA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: RAIMUNDÃO<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ALTO ALEGRE<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Fazenda da região<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Foi denunciado anonimamente à Polícia Civil que um<<strong>br</strong> />

fazendeiro, funcionários e um suposto policial militar estariam<<strong>br</strong> />

fazendo festas e mantendo relações com crianças e adolescentes,<<strong>br</strong> />

em meio ao consumo de bebidas alcoólicas e drogas. Na busca<<strong>br</strong> />

policial no local foram encontrados indícios, como centenas de<<strong>br</strong> />

latas de cerveja, litros de vodca, garrafões de vinho, preservativos<<strong>br</strong> />

intactos e alguns usados, CDs de filmes pornográficos e<<strong>br</strong> />

uma espingarda sem registro. Um dos funcionários confessou<<strong>br</strong> />

que manteve relações com uma adolescente. As crianças e<<strong>br</strong> />

adolescentes foram encaminhadas ao IML para exame.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Exploração sexual<<strong>br</strong> />

Com informações de: G1/RR, 20/8/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

SP<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Adolescente e criança<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: JARAGUÁ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: JARAGUÁ<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeias Tekoha Ytu, Tekoha Pyau e Itakupè<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Ocorrência de vários casos de abuso sexual e estupro<<strong>br</strong> />

de crianças, adolescentes e mulheres indígenas, praticados<<strong>br</strong> />

por mem<strong>br</strong>os da própria aldeia, além do consumo de álcool<<strong>br</strong> />

e drogas ilícitas. O MPF-SP entrou com ação civil pública<<strong>br</strong> />

para que o estado de São Paulo realize um policiamento ostensivo<<strong>br</strong> />

e emergencial nas aldeias do Jaraguá. A investigação<<strong>br</strong> />

começou a partir de um ofício encaminhado pelo Conselho<<strong>br</strong> />

Titular Pirituba/Jaraguá, denunciando que uma adolescente<<strong>br</strong> />

indígena teria sido estuprada e temia voltar à aldeia e sofrer<<strong>br</strong> />

represálias e ameaças. Anteriormente, os indígenas que sofriam<<strong>br</strong> />

abusos tinham como canal de denúncia improvisado<<strong>br</strong> />

duas funcionárias de uma Unidade Básica de Saúde instalada<<strong>br</strong> />

no local. As agentes, porém, foram afastadas e, desde então,<<strong>br</strong> />

não há nenhum mecanismo eficiente de denúncia na região.<<strong>br</strong> />

A apuração é ainda mais difícil devido às dificuldades de<<strong>br</strong> />

acesso à cidade de São Paulo e pelo fato de que adolescentes<<strong>br</strong> />

e mulheres não falam o português fluentemente.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Abuso sexual<<strong>br</strong> />

Com informações de: Assessoria de Comunicação do MPF/SP, 15/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 114


Capítulo III<<strong>br</strong> />

Violência por Omissão do Poder Público<<strong>br</strong> />

116 Suicídio<<strong>br</strong> />

117 Desassistência na área de saúde<<strong>br</strong> />

126 Morte por desassistência à saúde<<strong>br</strong> />

127 Mortalidade infantil<<strong>br</strong> />

129 Disseminação de bebida alcoólica e<<strong>br</strong> />

outras drogas<<strong>br</strong> />

131 Desassistência na área de educação<<strong>br</strong> />

escolar indígena<<strong>br</strong> />

138 Desassistência geral


Capítulo III<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA POR OMISSÃO DO PODER PÚBLICO<<strong>br</strong> />

Suicídio<<strong>br</strong> />

Dados obtidos junto à Secretaria Especial de Saúde<<strong>br</strong> />

Indígena (Sesai) e aos Regionais do Cimi mostram a<<strong>br</strong> />

ocorrência de 87 suicídios entre os povos indígenas, em<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong>. Os dados enviados pela Sesai estão distribuídos pelos<<strong>br</strong> />

Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dsei), instâncias<<strong>br</strong> />

responsáveis pelo atendimento à saúde nas comunidades<<strong>br</strong> />

indígenas. Dada a limitação das informações, não é possível<<strong>br</strong> />

fazer análises mais adequadas so<strong>br</strong>e as ocorrências em<<strong>br</strong> />

todo o país.<<strong>br</strong> />

Conseguimos, junto ao Dsei Mato Grosso do Sul, dados<<strong>br</strong> />

mais detalhados das ocorrências naquele estado. Como em<<strong>br</strong> />

outros anos, continua alto o número de suicídios entre os<<strong>br</strong> />

indígenas. A Sesai registrou 45 casos de suicídios só neste<<strong>br</strong> />

estado, sendo 73% entre o sexo masculino e 27% entre o<<strong>br</strong> />

sexo feminino. A faixa etária com maior número de casos<<strong>br</strong> />

é a dos 15 aos 19 anos (37%), seguido de casos na faixa de<<strong>br</strong> />

10 a 14 anos (24%) e 20 a 29 anos (22%). O maior número<<strong>br</strong> />

de casos se deu no município de Amambai (37%).<<strong>br</strong> />

Também preocupa a quantidade de casos registrados<<strong>br</strong> />

na região Norte do país, em áreas de a<strong>br</strong>angência dos Dsei<<strong>br</strong> />

Amapá e Norte do Amapá (1), Alto Rio Negro (8), Alto Rio<<strong>br</strong> />

Solimões (13), Leste de Roraima (8), Médio Rio Solimões<<strong>br</strong> />

(2) e Yanomami (2), totalizando 32 suicídios.<<strong>br</strong> />

Foram também registrados, segundo dados repassados<<strong>br</strong> />

pela Sesai, suicídios em áreas de a<strong>br</strong>angência do Dsei<<strong>br</strong> />

Tocantins (2). Além dos casos informados pela Sesai, os<<strong>br</strong> />

regionais do Cimi registraram suicídios no Acre (1), em<<strong>br</strong> />

Mato Grosso (1) e no Paraná (4), entre os povos Kulina,<<strong>br</strong> />

Karajá e Guarani, respectivamente.<<strong>br</strong> />

O quadro ao lado mostra o total de óbitos por lesões<<strong>br</strong> />

autoprovocadas em <strong>2015</strong>, segundo os Dsei 1 :<<strong>br</strong> />

Suicídios em Mato Grosso do Sul<<strong>br</strong> />

Incidência por faixa etária 2<<strong>br</strong> />

10-14<<strong>br</strong> />

anos<<strong>br</strong> />

15-19<<strong>br</strong> />

anos<<strong>br</strong> />

20-29<<strong>br</strong> />

anos<<strong>br</strong> />

30-39<<strong>br</strong> />

anos<<strong>br</strong> />

40-49<<strong>br</strong> />

anos<<strong>br</strong> />

24% 37% 22% 8% 4%<<strong>br</strong> />

Arquivo Cimi<<strong>br</strong> />

Dsei<<strong>br</strong> />

Lesões<<strong>br</strong> />

Autoprovocadas 5<<strong>br</strong> />

Amapá e Norte do Amapá 1<<strong>br</strong> />

Alto Rio Negro 8<<strong>br</strong> />

Alto Rio Purus 6 1<<strong>br</strong> />

Alto Rio Solimões 13<<strong>br</strong> />

Araguaia 7 1<<strong>br</strong> />

Leste de Roraima 8<<strong>br</strong> />

Mato Grosso do Sul 8 45<<strong>br</strong> />

Médio Rio Solimões 2<<strong>br</strong> />

Tocantins 2<<strong>br</strong> />

Yanomami 2<<strong>br</strong> />

Interior Sul 9 4<<strong>br</strong> />

Total 87<<strong>br</strong> />

1 Fonte: Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (Siai), acesso<<strong>br</strong> />

em 24/5/2016. Dados sujeitos à revisão<<strong>br</strong> />

2 Fonte: Dsei-MS<<strong>br</strong> />

3 Fonte: Dsei-MS<<strong>br</strong> />

4 Com informações do Cimi, da Sesai e do Dsei-MS<<strong>br</strong> />

5 Lesões autoprovocadas (X60 a X84)<<strong>br</strong> />

6 Fonte: Cimi Regional Amazônia Ocidental<<strong>br</strong> />

7 Fonte: Cimi Regional Mato Grosso<<strong>br</strong> />

8 Fonte: Dsei-MS<<strong>br</strong> />

9 Fonte: Cimi Regional Sul<<strong>br</strong> />

Suicídios em Mato Grosso do Sul - Incidência por localidade 3<<strong>br</strong> />

Amambai Antônio João Caarapó Dourados Iguatemi Paranhos Tacuru Brasilândia<<strong>br</strong> />

37% 2% 11% 17% 12% 7% 12% 2%<<strong>br</strong> />

Suicídios em Mato Grosso do Sul – 2000 a <strong>2015</strong> 4<<strong>br</strong> />

Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 <strong>2015</strong> Total<<strong>br</strong> />

Nº de<<strong>br</strong> />

44 40 38 53 42 50 40 40 59 42 40 45 53 73 48 45 752<<strong>br</strong> />

Casos<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 116


Capítulo III<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA POR OMISSÃO DO PODER PÚBLICO<<strong>br</strong> />

Desassistência na área de saúde<<strong>br</strong> />

Em <strong>2015</strong> o Cimi registrou 52 casos de desassistência na<<strong>br</strong> />

área da saúde nos seguintes estados: Acre (2), Amapá<<strong>br</strong> />

(1), Amazonas (2), Bahia (1), Maranhão (11), Mato Grosso<<strong>br</strong> />

(5), Mato Grosso do Sul (4), Minas Gerais (1), Pará (9), Rio<<strong>br</strong> />

de Janeiro (1), Rio Grande do Sul (1), Rondônia (3), Roraima<<strong>br</strong> />

(2), Santa Catarina (2), São Paulo (2) e Tocantins (5).<<strong>br</strong> />

No Maranhão, estado com o maior número de ocorrências,<<strong>br</strong> />

um dos médicos cubanos designados para atender<<strong>br</strong> />

os povos indígenas relatou dificuldades para atuar com<<strong>br</strong> />

poucos recursos em uma área carente de cuidados na<<strong>br</strong> />

atenção à saúde. Segundo ele, faltava médico há pelo<<strong>br</strong> />

menos dois anos, não havia posto de saúde apropriado,<<strong>br</strong> />

faltavam medicamentos e havia uma grande dificuldade<<strong>br</strong> />

para marcar exames. O médico ainda relatou que a demora<<strong>br</strong> />

para encaminhar um paciente a um especialista chegava a<<strong>br</strong> />

até seis meses. Também no Maranhão, lideranças Timbira<<strong>br</strong> />

denunciaram a falta de medicamentos no polo base.<<strong>br</strong> />

No Pará, segundo denúncias recebidas pela Procuradoria<<strong>br</strong> />

da República, o atendimento à saúde dos indígenas Atikum<<strong>br</strong> />

não tem sido feito porque o Dsei local não reconhece<<strong>br</strong> />

as famílias como indígenas. Conforme o que estabelece<<strong>br</strong> />

a Convenção Internacional do Trabalho (OIT), nenhum<<strong>br</strong> />

Estado ou grupo social pode negar a identidade a um povo<<strong>br</strong> />

indígena que como tal se reconheça. A Aldeia Umã foi<<strong>br</strong> />

reconhecida pelas lideranças como pertencente aos Atikum.<<strong>br</strong> />

O Ministério Público Federal (MPF) quer que as famílias<<strong>br</strong> />

da aldeia recebam tratamento pelo subsistema de atenção<<strong>br</strong> />

à saúde indígena, independentemente da demarcação de<<strong>br</strong> />

suas terras ou de qualquer reconhecimento externo acerca<<strong>br</strong> />

da comunidade como indígena.<<strong>br</strong> />

No Amapá, cerca de 1,2 mil índios de 81 aldeias reclamam<<strong>br</strong> />

que não têm recebido assistência de forma adequada. Os<<strong>br</strong> />

indígenas pediram a regularização na distribuição dos<<strong>br</strong> />

medicamentos, a reforma de três postos de saúde e a<<strong>br</strong> />

construção de duas novas unidades. Denunciam ainda<<strong>br</strong> />

não haver transporte para o deslocamento dos pacientes<<strong>br</strong> />

e solicitaram ainda que os agentes de saúde permaneçam<<strong>br</strong> />

nos postos.<<strong>br</strong> />

Joana Ortiz<<strong>br</strong> />

117<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo III<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA POR OMISSÃO DO PODER PÚBLICO<<strong>br</strong> />

No Mato Grosso, as comunidades Xavante denunciam<<strong>br</strong> />

o precário atendimento que recebem do Dsei. Segundo<<strong>br</strong> />

os indígenas, não há médicos e faltam medicamentos,<<strong>br</strong> />

transporte para os doentes e atendimento emergencial,<<strong>br</strong> />

além de haver um atraso enorme para a realização dos<<strong>br</strong> />

exames. Na região de Campinápolis, somente em <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

foram registrados 180 casos de tuberculose, número alarmante<<strong>br</strong> />

segundo o coordenador do Dsei Xavante, Joel Góes.<<strong>br</strong> />

O número, segundo o coordenador, disparou entre 2010<<strong>br</strong> />

(5 casos) e o início de 2016 (180 casos).<<strong>br</strong> />

No Amazonas, a Federação das Organizações Indígenas<<strong>br</strong> />

do Rio Negro (Foirn) denunciou em nota o caos na<<strong>br</strong> />

saúde indígena e questionou onde foi parar o dinheiro<<strong>br</strong> />

que deveria ser investido em ações e serviços na região. A<<strong>br</strong> />

denúncia foi pública e assinada com o título “O calvário<<strong>br</strong> />

indígena no Rio Negro – A Saúde Indígena do Rio Negro<<strong>br</strong> />

morreu, levando junto a morte de muitos indígenas com<<strong>br</strong> />

doenças de causas curáveis”. Segundo a federação, nos<<strong>br</strong> />

últimos quatro anos (2012-2016), no Alto Rio Negro,<<strong>br</strong> />

a história se repete com o mesmo enredo; no entanto,<<strong>br</strong> />

agora, com requintes de insanidade e descaramento. Os<<strong>br</strong> />

indígenas foram informados que em <strong>2015</strong> o dinheiro da<<strong>br</strong> />

saúde indígena era de mais de R$ 1 bilhão. Na denúncia, a<<strong>br</strong> />

federação questiona: “Onde foi parar o dinheiro da saúde<<strong>br</strong> />

indígena?” No entender dos indígenas do Alto Rio Negro,<<strong>br</strong> />

seus direitos à saúde estão sendo violados e, portanto, é<<strong>br</strong> />

preciso responsabilizar o governo pela má gestão e por<<strong>br</strong> />

não assegurar a presença de equipes multidisciplinares<<strong>br</strong> />

de saúde nas comunidades indígenas.<<strong>br</strong> />

Em âmbito nacional houve a estagnação da política de<<strong>br</strong> />

saúde, em função do tempo gasto pelos gestores da Sesai<<strong>br</strong> />

em negociações e pressões so<strong>br</strong>e o movimento indígena<<strong>br</strong> />

para que aceitassem a implementação do Instituto Nacional<<strong>br</strong> />

de Saúde Indígena (Insi). O Ministério da Saúde chegou a<<strong>br</strong> />

enviar ao Congresso Nacional um projeto de lei visando à<<strong>br</strong> />

criação do Insi. A pressa para a aprovação da proposta e<<strong>br</strong> />

o formato do novo órgão geraram desconfiança e críticas<<strong>br</strong> />

por parte das organizações indígenas, indigenistas e do<<strong>br</strong> />

Ministério Público Federal. Pela proposta, o Insi se constitui<<strong>br</strong> />

num ente autônomo de direito privado e mantido com<<strong>br</strong> />

recursos da Sesai, dinheiro público, bem como podendo<<strong>br</strong> />

obter recursos da iniciativa privada. As críticas ao instituto<<strong>br</strong> />

ocorrem especialmente porque trata-se de uma<<strong>br</strong> />

privatização da assistência em saúde, rompendo-se com a<<strong>br</strong> />

possibilidade de consolidação do subsistema específico e<<strong>br</strong> />

diferenciado e, além disso, o instituto não será o<strong>br</strong>igado a<<strong>br</strong> />

cumprir as exigências dos processos públicos de licitação,<<strong>br</strong> />

a contratação de profissionais via concurso público e não<<strong>br</strong> />

estará sob a jurisdição da Justiça Federal, o que impedirá<<strong>br</strong> />

as investigações do MPF.<<strong>br</strong> />

DESASSISTÊNCIA NA ÁREA DE SAÚDE<<strong>br</strong> />

52 Casos<<strong>br</strong> />

AC 2 Casos<<strong>br</strong> />

AGOSTO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: VÁRIOS<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: VÁRIAS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: RIO BRANCO<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O Conselho Distrital de Saúde Indígena e integrantes do<<strong>br</strong> />

movimento indígena denunciam uma série de irregularidades<<strong>br</strong> />

cometidas pela gestão do Dsei. Demissões de profissionais sem<<strong>br</strong> />

explicação, atraso de o<strong>br</strong>as e falta de assistência à saúde nas<<strong>br</strong> />

aldeias. Segundo os indígenas, quando precisam se deslocarpara<<strong>br</strong> />

a cidade em busca de atendimento, precisam custear as<<strong>br</strong> />

despesas por conta própriae, em alguns locais, a assistência<<strong>br</strong> />

pode demorar meses. Diversos medicamentos não chegam<<strong>br</strong> />

às aldeias e, quando chegam, não são suficientes nos polos.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência geral<<strong>br</strong> />

Com informações de: G1/AC, 3/8/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

4/12/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Nazaré Kampa<<strong>br</strong> />

POVO: KAMPA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KAMPA E ISOLADOS DO RIO ENVIRA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: FEIJÓ<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A vítima foi operada de um tumor no cére<strong>br</strong>o e após<<strong>br</strong> />

o período de recuperação, na Casai, foi liberada com a<<strong>br</strong> />

recomendação de tomar os medicamentos. Porém, não foi<<strong>br</strong> />

instruída nem pela Casai nem pelos profissionais do polo<<strong>br</strong> />

base de saúde indígena de Feijó, que a acompanharam em<<strong>br</strong> />

todo o processo, de que teria que continuar o tratamento<<strong>br</strong> />

com sessões de quimioterapia. Meses mais tarde, com violentas<<strong>br</strong> />

dores de cabeça, retornou ao hospital de Rio Branco<<strong>br</strong> />

e verificaram que o tumor havia voltado e estava maior. A<<strong>br</strong> />

vítima teve que se submeter a uma outra cirurgia.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Negligência Médica<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Amazônia Ocidental; Marido da vítima<<strong>br</strong> />

AM<<strong>br</strong> />

2 Casos<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: YANOMAMI<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: YANOMAMI<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: SÃO GABRIEL DA CACHOEIRA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Região de Maturacá<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Os indígenas reivindicam melhorias no atendimento à<<strong>br</strong> />

saúde. De acordo com as lideranças, faltam médicos, medicamentos<<strong>br</strong> />

e materiais básicos no posto de saúde que os atende.<<strong>br</strong> />

A falta de energia também compromete o atendimento à<<strong>br</strong> />

saúde, além do funcionamento das três escolas indígenas,<<strong>br</strong> />

que só podem funcionar com a luz natural.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de assistência geral<<strong>br</strong> />

Com informações de: A Crítica, 6/3/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

MAIO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Júlio Cesar Tenharim<<strong>br</strong> />

POVO: TENHARIM<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: TENHARIM MARMELOS<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 118


Capítulo III<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA POR OMISSÃO DO PODER PÚBLICO<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: MANICORÉ<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Comunidade Taboca<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A vítima, com problemas graves de circulação, precisa<<strong>br</strong> />

de meia elástica e do remédio Venovax. A Sesai apenas forneceu<<strong>br</strong> />

um par de meias e comprou uma única vez a medicação<<strong>br</strong> />

recomendada. A falta do medicamento agravou a situação e<<strong>br</strong> />

o paciente corria risco de morte.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de atendimento médico<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Rondônia<<strong>br</strong> />

AP<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

ABRIL<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidades<<strong>br</strong> />

POVO: WAIAMPI<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: WAIÃPI<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: LARANJAL DO JARI<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Cerca de 1,2 mil indígenas de 81 aldeias reclamam que<<strong>br</strong> />

o Estado não tem prestado assistência à saúde de forma adequada.<<strong>br</strong> />

Os indígenas pediram a regularização na distribuição<<strong>br</strong> />

dos medicamentos, a reforma de três postos de saúde e a<<strong>br</strong> />

construção de duas outras unidades. Eles estão sem transporte<<strong>br</strong> />

para fazer o deslocamento dos pacientes para a cidade<<strong>br</strong> />

e solicitam a permanência de agentes de saúde nos postos.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência geral<<strong>br</strong> />

Com informações de: G1/AP, 7/4/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

BA<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: PATAXÓ HÃ-HÃ-HÃE<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: PAU BRASIL<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: PAU BRASIL<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Em documento encaminhado pelo Conselho Local<<strong>br</strong> />

de Saúde Indígena ao Ministério Público e à 6aCâmara, as<<strong>br</strong> />

lideranças expõem graves irregularidades no que se refere<<strong>br</strong> />

ao atendimento à saúde. Não há água potável - o que provoca<<strong>br</strong> />

doenças como diarreia -, nem a mínima estrutura nos<<strong>br</strong> />

polos base e/ou nos postos de saúde dentro das aldeias. O<<strong>br</strong> />

transporte é falho, mesmo em caráter de urgência, dificultado<<strong>br</strong> />

pelas péssimas condições das estradas vicinais. Faltam<<strong>br</strong> />

profissionais de saúde, assim como medicamentos básicos na<<strong>br</strong> />

farmácia do posto. Não há acompanhamento aos programas<<strong>br</strong> />

de saúde preventiva, inclusive para vacinação. Denunciam<<strong>br</strong> />

ainda o fato de que apenas 7,5% do orçamento para a saúde<<strong>br</strong> />

foi utilizado. As lideranças se pronunciaram ainda contra a<<strong>br</strong> />

terceirização do atendimento à saúde e contra a criação do<<strong>br</strong> />

Instituto Nacional de Saúde Indígena (Insi).<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de assistência geral<<strong>br</strong> />

Com informações de: Conselho Local de Saúde Indígena dos Pataxó Hã-Hã-Hãe, 21/5/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

MA 11 Casos<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidades<<strong>br</strong> />

POVO: AWÁ-GUAJÁ e KA’APOR<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: AWÁ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ZÉ DOCA<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Um dos médicos cubanos designados para atender os<<strong>br</strong> />

povos indígenas e que divide a semana entre visitas a cinco<<strong>br</strong> />

aldeias no interior do Maranhão atendendo diariamente<<strong>br</strong> />

entre 20 e 30 indígenas, contou so<strong>br</strong>e as dificuldades para<<strong>br</strong> />

atuar com poucos recursos em uma área carente de cuidados<<strong>br</strong> />

na saúde. Informou a ausência de médicos há dois anos, a<<strong>br</strong> />

falta de postos de saúde apropriados, de medicamentos e a<<strong>br</strong> />

enorme dificuldade para marcar exames. Para encaminhar um<<strong>br</strong> />

paciente a um especialista, a demora chega a até seis meses.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de infraestrutura; más condições de trabalho<<strong>br</strong> />

Com informações de: Folha de S. Paulo, 11/8/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: TIMBIRA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: GERALDA/TOCO PRETO<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ITAIPAVA DO GRAJAÚ<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Apesar da presença de uma equipe multidisciplinar na<<strong>br</strong> />

comunidade, os indígenas denunciam a falta de medicamentos<<strong>br</strong> />

no polo base para continuarem o tratamento dos pacientes<<strong>br</strong> />

consultados na comunidade. Outro problema que enfrentam<<strong>br</strong> />

é a falta de água potável, o que torna difícil a prevenção de<<strong>br</strong> />

diarreia nas crianças.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de medicamentos e de saneamento básico<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: GAVIÃO<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: GOVERNADOR<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: AMARANTE DO MARANHAO<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Monte Alegre<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A indígena Maria Helena denunciou ao Ministério Público<<strong>br</strong> />

Federal que a Sesai/Dsei iniciou em 2011 a construção<<strong>br</strong> />

de um poço artesiano, mas não o concluiu. A comunidade<<strong>br</strong> />

foi informada por um engenheiro da Sesai que o poço inicialmente<<strong>br</strong> />

perfurado não tem condições de funcionamento.<<strong>br</strong> />

Há cinco anos os indígenas não têm água potável.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de água potável<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: TIMBIRA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: GERALDA/TOCO PRETO<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: TAIPAVA DO GRAJAÚ<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeias Cibirino e Geralda<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: As lideranças denunciam a falta de água potável, visto<<strong>br</strong> />

que os poços perfurados nas comunidades têm água imprópria<<strong>br</strong> />

para o consumo. Os indígenas utilizam a água contaminada<<strong>br</strong> />

do Rio Grajaú, o que aumenta o número de doenças como<<strong>br</strong> />

verminoses e diarreias, entre outras. Outro grave problema<<strong>br</strong> />

é haverá falta de um anestesista no hospital do município,<<strong>br</strong> />

o que tem causado o adiamento de cirurgias.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de assistência geral<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Mulheres grávidas<<strong>br</strong> />

POVO: KANELA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KANELA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: FERNANDO FALCÃO<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Escalvado<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Lideranças indígenas relatam que as mulheres grávidas<<strong>br</strong> />

não estão realizando os exames pré-natal, como ultrassonografias,<<strong>br</strong> />

no hospital do município, pela falta de equipamento.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de atendimento médico<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz<<strong>br</strong> />

119<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo III<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA POR OMISSÃO DO PODER PÚBLICO<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: KANELA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KANELA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: FERNANDO FALCÃO<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: TI Memortunré - Escalvado<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Os indígenas denunciam que o polo base - Dsei, disponibiliza<<strong>br</strong> />

apenas um carro para fazer o deslocamento dos pacientes<<strong>br</strong> />

da aldeia para Barra do Corda, o que é insuficiente para atender<<strong>br</strong> />

as demandas da comunidade. Além desse problema, enfrentam<<strong>br</strong> />

também a falta de medicamentos. Segundo a enfermeira do<<strong>br</strong> />

polo base, não havia recursos para efetivar a compra.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência nas aldeias<<strong>br</strong> />

Com informações de:Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: KANELA APANIEKRA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: PORQUINHOS - CANELA APÃNJEKRA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: FERNANDO FALCÃO<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Segundo uma denúncia dos indígenas, o posto de saúde<<strong>br</strong> />

da comunidade não oferece as condições necessárias para<<strong>br</strong> />

realizar atendimento à saúde. A estrutura está danificada e<<strong>br</strong> />

corre risco de desmoronamento.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de infraestrutura e omissão<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz<<strong>br</strong> />

FEVEREIRO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Jakarawyj, Awá Guajá isolada<<strong>br</strong> />

POVO: AWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: CARU<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: BOM JARDIM<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Awá<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A indígena foi contatada por um grupo de caçadores<<strong>br</strong> />

Awá no final de 2014. Ela foi acometida pelo vírus da gripe<<strong>br</strong> />

logo que chegou na aldeia. A situação de saúde da Jakarawyj se<<strong>br</strong> />

agravou, e foi pedido à Sesai que tomasse alguma providência.<<strong>br</strong> />

Porém devido à demora, o quadro avançou para tuberculose.<<strong>br</strong> />

Depois de disputas entre a Sesai e a Funai so<strong>br</strong>e de quem<<strong>br</strong> />

são as responsabilidades e competências para lidar com os<<strong>br</strong> />

povos isolados, ela foi removida para receber tratamento no<<strong>br</strong> />

hospital de São Luís.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Atraso na realização de exames<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão; Comunidade Awá-Guajá<<strong>br</strong> />

ABRIL<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: AWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: CARU<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: BOM JARDIM<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Awá<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Os indígenas denunciam a falta de medicação básica<<strong>br</strong> />

nas aldeias e de acompanhamento dos indígenas idosos.<<strong>br</strong> />

Segundo Eles, os técnicos de enfermagem e a equipe do<<strong>br</strong> />

polo de saúde demoram para encaminhar as pessoas que<<strong>br</strong> />

necessitam de tratamento na cidade.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de atendimento e de medicamentos<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão; Comunidade Awá-Guajá<<strong>br</strong> />

9/4/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Jakarewy<<strong>br</strong> />

POVO: AWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: CARU<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: SANTA INÊS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Tiracambu<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Por ocasião de uma oficina de capacitação da Sesai, a<<strong>br</strong> />

equipe do Dsei-MA diagnosticou que a indígena Jakarewy<<strong>br</strong> />

estava com pneumonia. A Sesai e a Funai divergiam quanto<<strong>br</strong> />

ao tratamento a ser dado, se na aldeia ou no hospital da<<strong>br</strong> />

cidade, onde há o risco de contrair infecção hospitalar. A<<strong>br</strong> />

divergência entre os órgãos atrasou o início do tratamento<<strong>br</strong> />

da indígena, colocando-a em risco de morte. De acordo com<<strong>br</strong> />

o médico sanitarista, Istivan Ivarga, especialista em saúde<<strong>br</strong> />

indígena, “uma pneumonia tem condições de ser tratada na<<strong>br</strong> />

aldeia e caso esteja em estado mais avançado, a Sesai possui<<strong>br</strong> />

condições para realizar o tratamento em área”.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de atendimento emergencial<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão, 21/4/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

10/4/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidades<<strong>br</strong> />

POVO: AWÁ e GUAJAJARA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: AWÁ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: BOM JARDIM<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Maçaranduba<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Lideranças indígenas solicitaram a presença do coordenador<<strong>br</strong> />

do Dsei, Alexandre Canturária, na aldeia onde estão<<strong>br</strong> />

lotados seis Funcionários. Os indígenas querem denunciar o<<strong>br</strong> />

precário atendimento à saúde e reivindicar melhor infraestrutura<<strong>br</strong> />

no polo-base de saúde.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de atendimento médico e de infraestrutura<<strong>br</strong> />

Com informações de: G1/MA, 13/4/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

MG<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: MAXAKALI<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: MAXAKALI<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: LADAINHA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Verde<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Em outu<strong>br</strong>o a comunidade decidiu que deveria pressionar<<strong>br</strong> />

os funcionários da Sesai em função da péssima qualidade da<<strong>br</strong> />

água que são o<strong>br</strong>igados a consumir. Os índios reivindicam<<strong>br</strong> />

a construção de poços artesianos, uma vez que a água que<<strong>br</strong> />

chega até a aldeia oferece riscos à saúde e à vida, principalmente<<strong>br</strong> />

das crianças e dos idosos.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de água potável<<strong>br</strong> />

Com informações de: Portal R7; Cimi Regional Leste<<strong>br</strong> />

MS<<strong>br</strong> />

4 Casos<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ e TERENA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: VÁRIAS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: DOURADOS<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Há mais de um ano e meio sem receber os exames feitos<<strong>br</strong> />

no SUS, as comunidades indígenas correm o risco de que haja<<strong>br</strong> />

o descontrole de doenças, especialmente a tuberculose, que<<strong>br</strong> />

pode até mesmo se tornar um surto na reserva indígena. O<<strong>br</strong> />

médico pediatra Zelik Trajber disse que sem este exame há<<strong>br</strong> />

um risco iminente de descontrole da tuberculose. Com a falta<<strong>br</strong> />

do teste também conhecido como PPD, o diagnóstico da<<strong>br</strong> />

doença em sua forma latente está interrompido e a prevenção<<strong>br</strong> />

deixa de ser feita. São muitos os fatores que contribuem para<<strong>br</strong> />

que a população indígena esteja vulnerável à tuberculose,<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 120


Capítulo III<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA POR OMISSÃO DO PODER PÚBLICO<<strong>br</strong> />

como moradia precária e as condições de po<strong>br</strong>eza. Com<<strong>br</strong> />

o diagnóstico tardio, o tratamento é mais difícil e muitos<<strong>br</strong> />

acabam desistindo.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência; omissão; negligência<<strong>br</strong> />

Com informações de: Dourados Agora, 7/12/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: DOURADOS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: DOURADOS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeias Jaguapiru e Bororó<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A comunidade de Dourados, está enfrentando problemas<<strong>br</strong> />

provocados pela falta de água. A situação, que é antiga,<<strong>br</strong> />

piorou em setem<strong>br</strong>o, segundo os indígenas, quando um<<strong>br</strong> />

dos seis poços secou e so<strong>br</strong>ecarregou as outras unidades.<<strong>br</strong> />

Desde então, tarefas diárias, como lavar roupa, deixaram<<strong>br</strong> />

de ser feitas para poupar a água para o consumo, banho e<<strong>br</strong> />

cozinhar. Atualmente, seis poços abastecem uma população<<strong>br</strong> />

que chega a cerca de 17 mil pessoas. Com uma unidade sem<<strong>br</strong> />

funcionamento e outras duas sem muita vazão, a falta de<<strong>br</strong> />

água nas duas aldeias é constante.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência nas aldeias<<strong>br</strong> />

Com informações de: G1/MS; TV Morena, 14/9/<strong>2015</strong>; Cimi Regional Mato Grosso do Sul<<strong>br</strong> />

JANEIRO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidades<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: DOURADOS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: DOURADOS<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A falta de pagamento do salário e do 13º por parte da<<strong>br</strong> />

empresa que presta serviços para a Sesai provocou a paralisação<<strong>br</strong> />

de 200 servidores da saúde indígena o que resultou<<strong>br</strong> />

em graves consequências para a saúde da população. A<<strong>br</strong> />

empresa que terceiriza os serviços alega que não recebeu<<strong>br</strong> />

a respectiva verba do governo federal. De acordo com a<<strong>br</strong> />

liderança da aldeia de Jaguapiru, Ivan Ávila, essa paralisação<<strong>br</strong> />

ocorre em período crítico para a comunidade indígena. “As<<strong>br</strong> />

altas temperaturas registradas nos últimos dias e a falta de<<strong>br</strong> />

água na Reserva estão levando muitas crianças aos postos<<strong>br</strong> />

de saúde com quadro de diarreia, e é neste momento que<<strong>br</strong> />

encontram atendimento reduzido”.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de repasse de verba<<strong>br</strong> />

Com informações de: O Progresso, 20/1/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

MARÇO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: DOURADOS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: DOURADOS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Panambizinho, Jaguapiru<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Indígenas estão sendo atendidos em meio aos entulhos<<strong>br</strong> />

de o<strong>br</strong>as inacabadas e paralisadas de dois postos de saúde<<strong>br</strong> />

que deveriam ter sido entregues em 2013. A sala de coleta<<strong>br</strong> />

não tem janela e o espaço vazio é coberto com papelão.<<strong>br</strong> />

Portas são improvisadas para dar o mínimo de discrição<<strong>br</strong> />

aos pacientes. Sem as mínimas condições sanitárias, há risco<<strong>br</strong> />

para os profissionais de saúde e os usuários. Sem as portas<<strong>br</strong> />

principais, o posto está vulnerável a qualquer invasão e ao<<strong>br</strong> />

roubo de equipamentos. Os medicamentos são armazenados<<strong>br</strong> />

em armários-arquivos numa sala que inunda quando chove.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de assistência; descaso<<strong>br</strong> />

Com informações de: O Progresso, 25/3/<strong>2015</strong>; Combate Racismo Ambiental,5/3/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

MT 5 Casos<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Kabinaru Karajá<<strong>br</strong> />

POVO: KARAJÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: TAPIRAPÉ/KARAJÁ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: SANTA TERESINHA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Ixalá<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A criança, de dois meses, sofreu um acidente e passou<<strong>br</strong> />

por três hospitais, ao invés de ser encaminhada diretamente<<strong>br</strong> />

para Cuiabá. Devido à demora no atendimento, precisou ficar<<strong>br</strong> />

quatro meses hospitalizada, no Hospital Geral Universitário.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Atraso na realização de exames<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Mato Grosso<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidades<<strong>br</strong> />

POVO: XAVANTE<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: VÁRIAS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: BARRA DO GARÇAS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Oito áreas Xavante<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: As comunidades denunciam o precário atendimento<<strong>br</strong> />

que recebem do Dsei. Não há médicos, faltam medicamentos,<<strong>br</strong> />

transporte para doentes e, atendimento emergencial, além<<strong>br</strong> />

de haver um atraso muito grande na realização dos exames<<strong>br</strong> />

e para o tratamento necessário.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de assistência geral<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Mato Grosso<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Aldeias<<strong>br</strong> />

POVO: XAVANTE<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: CAMPINÁPOLIS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeias Xavante<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Nas aldeias Xavante, região de Campinápolis, vivem<<strong>br</strong> />

cerca de 10 mil indígenas. Somente em <strong>2015</strong> foram registrados<<strong>br</strong> />

180 casos de tuberculose, número alarmante, segundo o<<strong>br</strong> />

coordenador do Dsei Xavante, Joel Góes. Os casos dispararam<<strong>br</strong> />

entre 2010 (5 casos) e início de 2016 (180 casos).<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de atendimento<<strong>br</strong> />

Com informações de: G1/MT<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: XAVANTE<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: SANGRADOURO/VOLTA GRANDE<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: GENERAL CARNEIRO<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Famosos pela enorme força física e pela veia guerreira, os<<strong>br</strong> />

Xavante estão sucumbindo diante de uma doença silenciosa,<<strong>br</strong> />

o diabetes. Os alimentos tradicionais, como batata-doce,<<strong>br</strong> />

abóbora e mandioca, desapareceram da alimentação diária.<<strong>br</strong> />

Eles foram substituídos pela farinha <strong>br</strong>anca, por bolos de<<strong>br</strong> />

caixinha, pão de forma e muito refrigerante. Essa alteração<<strong>br</strong> />

drástica na alimentação é a responsável por uma epidemia<<strong>br</strong> />

da doença. Na década de 1970, a Funai criou o “Projeto Arroz”<<strong>br</strong> />

para reverter a escassez de alimentos e o arroz integral<<strong>br</strong> />

da roça foi deixado de lado. Após o projeto, os índios foram<<strong>br</strong> />

abandonando as roças e seu cardápio tradicional. Segundo<<strong>br</strong> />

o endocrinologista João Paulo Botelho Vieira Filho, da Escola<<strong>br</strong> />

Paulista de Medicina, nas duas principais terras Xavante,<<strong>br</strong> />

Sangradouro e São Marcos, a prevalência de diabetes é de<<strong>br</strong> />

28,2%. Na população em geral é de 7%. A estrutura escassa<<strong>br</strong> />

das aldeias dificulta a prevenção. O posto de saúde da aldeia<<strong>br</strong> />

121<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo III<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA POR OMISSÃO DO PODER PÚBLICO<<strong>br</strong> />

principal está fechado há anos. Nas casas simples de alvenaria,<<strong>br</strong> />

estilo tradicional, há geladeira e TV, mas não há banheiro, nem<<strong>br</strong> />

água corrente. Os bebês nascem com mais de cinco quilos,<<strong>br</strong> />

muitas vezes com deficiências físicas. Abortos e diabetes em<<strong>br</strong> />

adolescentes também são comuns.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desrespeito à cultura e ao modo tradicional<<strong>br</strong> />

Com informações de: Folha de S. Paulo, 9 e 10/8/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

4/11/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Domingas Luiza Morimã<<strong>br</strong> />

POVO: APIAKÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: APIAKÁ/KAYABI<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: JUARA<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A vítima foi hospitalizada no município e, em seguida,<<strong>br</strong> />

transferida para o Pronto Socorro de Cuiabá, onde ficou 15<<strong>br</strong> />

dias nos corredores aguardando atendimento, embora estivesse<<strong>br</strong> />

com risco de morte devido a um aneurisma.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de atendimento emergencial<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Mato Grosso<<strong>br</strong> />

PA 9 Casos<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: ATIKUM<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ATIKUM<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: REDENÇÃAO<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Umã<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Segundo denúncias recebidas pela Procuradoria da<<strong>br</strong> />

República, o atendimento à saúde dos indígenas da aldeia<<strong>br</strong> />

não é feito porque o Dsei local não reconhece as famílias<<strong>br</strong> />

como indígenas. Conforme o que estabelece a Convenção<<strong>br</strong> />

Internacional do Trabalho (OIT), nenhum Estado ou grupo<<strong>br</strong> />

social tem o direito de negar a identidade a um povo indígena<<strong>br</strong> />

que como tal se reconheça. A Aldeia Umã foi reconhecida<<strong>br</strong> />

pelas lideranças do povo indígena como pertencente aos<<strong>br</strong> />

Atikum, tendo como seu representante o cacique Anderson<<strong>br</strong> />

José da Silva. O MPF quer que as famílias da aldeia recebam<<strong>br</strong> />

tratamento pelo subsistema de atenção à saúde indígena<<strong>br</strong> />

independentemente da demarcação das terras ou de qualquer<<strong>br</strong> />

reconhecimento externo acerca da comunidade como<<strong>br</strong> />

indígena.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de assistência; descaso<<strong>br</strong> />

Com informações de: MPF/PA, 13/2/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: TEMBÉ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: TEMBÉ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: SANTA MARIA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeias Jeju e Areal<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: As comunidades co<strong>br</strong>am, desde 2004, o atendimento<<strong>br</strong> />

de saúde diferenciado a que têm direito. Depois de várias<<strong>br</strong> />

tentativas frustradas junto à Sesai, acionaram a Justiça para<<strong>br</strong> />

resolver a situação. Apesar de devidamente identificada e<<strong>br</strong> />

reconhecida como indígena, a população não teve o território<<strong>br</strong> />

demarcado pela Funai. A Sesai vem recusando, em vários casos,<<strong>br</strong> />

a realizar o atendimento às populações indígenas que não<<strong>br</strong> />

vivem em territórios demarcados, criando uma diferenciação<<strong>br</strong> />

considerada inaceitável pelo MPF. Conforme uma ação do<<strong>br</strong> />

MPF, diante da “grande dificuldade de acesso ao sistema geral<<strong>br</strong> />

de saúde do SUS e sem acesso adequado ao serviço prestado<<strong>br</strong> />

pelo subsistema de saúde indígena, essas comunidades não<<strong>br</strong> />

são incluídas no orçamento e nem registradas nos sistemas<<strong>br</strong> />

de informação da Sesai”.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de atendimento médico<<strong>br</strong> />

Com informações de: MPF/PA, 19/6/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Treze povos<<strong>br</strong> />

POVO: DIVERSOS<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: MUNDURUKU<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: SANTARÉM<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O atendimento à saúde de treze povos indígenas, no<<strong>br</strong> />

oeste do Pará, estava sendo negado sob a alegação de que<<strong>br</strong> />

as terras desses povos ainda não foram demarcadas ou<<strong>br</strong> />

porque há índios que não moram nas aldeias. Desde 2001,<<strong>br</strong> />

os vários povos da região que compreendem 13 povos e 6<<strong>br</strong> />

mil, reivindicam da União a atenção diferenciada à saúde.<<strong>br</strong> />

A portaria do Ministério da Saúde nº 163/99 dispõe que “a<<strong>br</strong> />

recusa de quaisquer instituições, públicas ou privadas, ligadas<<strong>br</strong> />

ao SUS [Sistema Único de Saúde], em prestar assistência aos<<strong>br</strong> />

índios configura ato ilícito, passível de punição pelos órgãos<<strong>br</strong> />

competentes”. Na ação impetrada pelo MPF, o procurador<<strong>br</strong> />

da República Camões Boaventura defendeu que não se pode<<strong>br</strong> />

atrelar o acesso à saúde indígena à conclusão de procedimentos<<strong>br</strong> />

demarcatórios. Foi, ainda, estabelecido que a Casa<<strong>br</strong> />

de Saúde Indígena (Casai) deve atender qualquer indígena<<strong>br</strong> />

que esteja morando na zona urbana do município, provisória<<strong>br</strong> />

ou definitivamente.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de atendimento médico<<strong>br</strong> />

Com informações de: Assessoria de Comunicação do MPF/PA, 1/2/2016<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidades indígenas da região de Altamira<<strong>br</strong> />

POVO: ARARA, ARAWETÉ, ASURINI, JURUNA, KAYAPÓ, KURUAYA,<<strong>br</strong> />

PARAKANÃ, XIKRIM e XIPÁYA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: VÁRIAS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ALTAMIRA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Comunidades da região de Altamira<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O impacto socioambiental da UHE Belo Monte vem<<strong>br</strong> />

comprometendo diretamente as ações desenvolvidas pelo<<strong>br</strong> />

Dsei Altamira, principalmente no que se refere à alta e média<<strong>br</strong> />

complexidades, onde muitas ações estão condicionadas<<strong>br</strong> />

ao empreendimento, a exemplo das o<strong>br</strong>as de saneamento<<strong>br</strong> />

e abastecimento de água potável em várias aldeias, como<<strong>br</strong> />

parte das condicionantes do Plano Básico Ambiental (PBA)<<strong>br</strong> />

do Componente Indígena (I) da Norte Energia S/A.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Norte II - Equipe Altamira; Comunidade indígena<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidades<<strong>br</strong> />

POVO: MUNDURUKU<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: DAJE KAPAP EIP<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: TAITUBA<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Segundo informações da Associação Indígena do Médio<<strong>br</strong> />

Tapajós, houve tentativas, por parte da Sesai, de convencimento<<strong>br</strong> />

das lideranças em aceitarem a criação do Insi, com<<strong>br</strong> />

o argumento de que o Instituto terá mais benefícios para a<<strong>br</strong> />

saúde indígena. O Ministério Público Federal realizou uma<<strong>br</strong> />

reunião com todos os presidentes dos Conselhos de Saúde<<strong>br</strong> />

Indígena, em Brasília, para questioná-los so<strong>br</strong>e as denúncias<<strong>br</strong> />

da falta de atendimento nas aldeias.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Norte II<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 122


Capítulo III<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA POR OMISSÃO DO PODER PÚBLICO<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: MUNDURUKU<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: SAWRE APOMPU<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ITAITUBA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Sawre Apompu<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A aldeia foi impactada pela construção da rodovia<<strong>br</strong> />

BR-163, que tomou parte do território e tem uma ponte que<<strong>br</strong> />

passa pelo igarapé, cuja água é utilizada pela comunidade.<<strong>br</strong> />

Quando chove, toda a água da BR desce para o igarapé,<<strong>br</strong> />

contaminando-o, o que tem causado diarreia e micoses<<strong>br</strong> />

nas pessoas. O cacique já solicitou, várias vezes, à Funai,<<strong>br</strong> />

à Sesai e à prefeitura, a construção de um poço artesiano<<strong>br</strong> />

para a aldeia, mas não obteve resposta dos órgãos. Apenas<<strong>br</strong> />

promessas.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência nas aldeias<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Norte II; Professora Claudete Saw<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: MUNDURUKU<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: SAWRE DJAYBU<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: TRAIRÃO<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A área indígena não tem posto de saúde, apesar das<<strong>br</strong> />

várias solicitações do cacique. , A comunidade dessa aldeia<<strong>br</strong> />

é atendida pela Adeia Sawre Apompu, que fica do outro<<strong>br</strong> />

lado do Rio Tapajós, ou pela comunidade São Luiz, de não<<strong>br</strong> />

indígenas. Quando as pessoas adoecem fica difícil até avisar<<strong>br</strong> />

a Sesai, pois não há radiofonia e o transporte de pacientes<<strong>br</strong> />

muitas vezes é feito de rabeta, tendo que atravessar o Rio<<strong>br</strong> />

Tapajós, o que, dependendo do horário, é muito perigoso<<strong>br</strong> />

devido às fortes ondas.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência<<strong>br</strong> />

Com informações de: Marinalva Munduruku; Cimi Regional Norte II<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: TEMBÉ DE SANTA MARIA DO PARÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: TEMBÉ DE SANTA MARIA DO PARÁ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: SANTA MARIA DO PARÁ<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A coordenação do Dsei Guatoc, em reunião realizada<<strong>br</strong> />

na secretaria de saúde do Pará, afirmou que não poderia dar<<strong>br</strong> />

qualquer assistência aos indígenas pelo fato da terra deles<<strong>br</strong> />

não estar demarcada administrativamente. As lideranças<<strong>br</strong> />

argumentaram que o GT já havia sido criado e os estudos<<strong>br</strong> />

iniciados. Reforçaram também que tiveram o reconhecimento<<strong>br</strong> />

oficial pela Funai. Os responsáveis pelo Dsei argumentam que<<strong>br</strong> />

se encontram legalmente de mãos atadas, impossibilitados<<strong>br</strong> />

de qualquer apoio de assistência à saúde.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência geral<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Norte II<<strong>br</strong> />

SETEMBRO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidades do Polo Missão Tiriyo<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: PARQUE INDÍGENA DO TUMUCUMAQUE<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ORIXIMINÁ<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A comunidade reclama a falta de investimentos no<<strong>br</strong> />

atendimento à saúde indígena. Há falta de medicamentos<<strong>br</strong> />

básicos. A infraestrutura é a mesma de 50 anos atrás, e sem<<strong>br</strong> />

quaisquer melhorias para atender a atual demanda populacional.<<strong>br</strong> />

Há ausência de agente indígena de saneamento. O<<strong>br</strong> />

não cumprimento de tais ações comuns, aumenta o número<<strong>br</strong> />

de casos de doenças entre os indígenas da missão Tiriyos e<<strong>br</strong> />

das demais aldeias. A Sesai, nas duas assembleias gerais do<<strong>br</strong> />

povo do parque, afirmou estar em posse de recursos para a<<strong>br</strong> />

perfuração de poços artesianos. Mas, até o final de <strong>2015</strong>, os<<strong>br</strong> />

poços não haviam sido perfurados.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência nas aldeias<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Norte II<<strong>br</strong> />

RJ<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

20/4/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: PATAXÓ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ANGRA DOS REIS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Parque Mambucaba<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Os indígenas vieram da Bahia há cerca de 10 anos e vivem<<strong>br</strong> />

em casas do Parque Mambucaba. Ocuparam o prédio da<<strong>br</strong> />

Sesai para denunciar que há três anos não recebem nenhum<<strong>br</strong> />

atendimento médico por parte da entidade.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de assistência; descaso<<strong>br</strong> />

Com informações de: Ambiente Brasil, 23/4/<strong>2015</strong>; Cimi Regional Sul<<strong>br</strong> />

RO<<strong>br</strong> />

3 Casos<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Indígenas e Comunidades<<strong>br</strong> />

POVO: APURINÃ, ARARA, CINTA LARGA, KWAZÁ, NAMBIKWARA,<<strong>br</strong> />

SABANÊ, SAKURABIAT e SURUÍ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: VÁRIAS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: RONDONÓPOLIS<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Cerca de 200 indígenas de treze povos ocuparam o<<strong>br</strong> />

polo base da Sesai para reivindicar melhores condições de<<strong>br</strong> />

saúde e estrutura no atendimento diferenciado. Solicitaram<<strong>br</strong> />

também a troca da coordenadora do Dsei.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência geral<<strong>br</strong> />

Com informações de: Assessoria de Comunicação do Cimi; Cimi Regional Rondônia,<<strong>br</strong> />

07/12/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

20/01/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: PAKAA NOVA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: RIO NOVO E CACHOEIRA DO RIO PAKAAS NOVAS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: GUAJARÁ-MIRIM<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeias Capoeirinha, Tanajura, Santo André,<<strong>br</strong> />

Graças a Deus e Bom futuro<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A partir de visita do procurador da República Daniel<<strong>br</strong> />

Dalberto e da antropóloga Rebeca Ferreira, foi constatado<<strong>br</strong> />

que os indígenas utilizam água do rio, sem tratamento, o<<strong>br</strong> />

que ocasiona uma série de doenças, não havendo, também,<<strong>br</strong> />

postos de saúde preparados para o atendimento básico.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Água contaminada<<strong>br</strong> />

Com informações de: MPF/RO, 29/1/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

28/1/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidades<<strong>br</strong> />

POVO: DIVERSOS<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: VÁRIAS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: GUAJARÁ-MIRIM<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Indígenas de Guajará-Mirim ocuparam o prédio da Casai<<strong>br</strong> />

em protesto contra as condições do atendimento à saúde.<<strong>br</strong> />

A unidade atende centenas de pessoas de várias aldeias da<<strong>br</strong> />

região. Além da falta de profissionais, principalmente para<<strong>br</strong> />

atender crianças e idosos, os indígenas denunciam as péssi-<<strong>br</strong> />

123<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo III<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA POR OMISSÃO DO PODER PÚBLICO<<strong>br</strong> />

mas condições da Casa de Saúde, com doentes dividindo o<<strong>br</strong> />

mesmo espaço e banheiros inadequados para uso.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de estrutura na Casa de Saúde do Índio<<strong>br</strong> />

Com informações de: G1/RO, 29/1/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

RR<<strong>br</strong> />

2 Casos<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidades<<strong>br</strong> />

POVO: DIVERSOS<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: VÁRIAS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: BOA VISTA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Casa de Saúde do Índio<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Acompanhantes e pacientes atendidos na Casa de<<strong>br</strong> />

Saúde do Índio denunciam os vários problemas na unidade.<<strong>br</strong> />

Falta água e medicamentos, a alimentação é insuficiente e<<strong>br</strong> />

o prédio está superlotado. A demora para a realização de<<strong>br</strong> />

exames chega a três meses.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de estrutura na Casa de Saúde do Índio<<strong>br</strong> />

Com informações de: Globo.com, 4/3/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

19/1/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: YANOMAMI<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: YANOMAMI<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: BOA VISTA<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Um grupo de indígenas ocupou a sede da Sesai para<<strong>br</strong> />

denunciar o atendimento precário na Casai. Em todo o estado<<strong>br</strong> />

são mais de 300 comunidades e 37 polos base para assistência<<strong>br</strong> />

à saúde. Mas, segundo a liderança Júnior Hekurari Yanomami,<<strong>br</strong> />

falta tudo nessas unidades. São poucos profissionais e as<<strong>br</strong> />

comunidades mais afastadas chegam a ficar quatro meses<<strong>br</strong> />

sem receber nenhuma visita das equipes médicas. Eles denunciaram<<strong>br</strong> />

também o alto índice de mortes entre os Yanomami,<<strong>br</strong> />

inclusive entre os internados na Casai, e queixam-se porque<<strong>br</strong> />

não recebem esclarecimentos so<strong>br</strong>e os motivos das mortes.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de estrutura na Casa de Saúde do Índio<<strong>br</strong> />

Com informações de: Portal Amazônia, 19/1/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

RS<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

ABRIL<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: KAINGANG<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: MATO CASTELHANO<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: MATO CASTELHANO<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A prefeitura do município de Mato Castelhano se nega<<strong>br</strong> />

a utilizar recursos previstos em uma portaria estadual que<<strong>br</strong> />

garante atendimento qualificado à saúde indígena. Em uma<<strong>br</strong> />

decisão judicial de primeira instância, o juiz alegou que os indígenas<<strong>br</strong> />

ocupavam terras de maneira irregular e que, por conta<<strong>br</strong> />

disso, não haveria razão para a prefeitura ser o<strong>br</strong>igada a fazer<<strong>br</strong> />

uso dos recursos. Segundo uma procuradora da República,<<strong>br</strong> />

essa atitude revela um “tipo de preconceito velado”, porque<<strong>br</strong> />

o argumento da prefeitura local é de que, como não há terra<<strong>br</strong> />

indígena oficialmente reconhecida, os índios ali residentes<<strong>br</strong> />

não teriam direito a um tratamento diferenciado na área de<<strong>br</strong> />

saúde. Contudo nem a lei e nem a portaria condicionam o<<strong>br</strong> />

exercício desse direito à regularização fundiária. Foi dito em<<strong>br</strong> />

sentença que os indígenas eram atendidos juntamente com<<strong>br</strong> />

o restante da população local através do SUS. O estado do<<strong>br</strong> />

Rio Grande do Sul, com base na portaria nº 41/2013, disponibilizou<<strong>br</strong> />

o valor de R$ 4 mil mensais ao município em prol<<strong>br</strong> />

dos índios, mas a prefeitura se nega a utilizar os recursos. A<<strong>br</strong> />

procuradora da República informa que a recusa municipal<<strong>br</strong> />

em utilizar os recursos é ilegal, pois impede que os índios<<strong>br</strong> />

tenham acesso a “um serviço que constitui a materialização<<strong>br</strong> />

de um direito fundamental social”.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de atendimento médico nas cidades<<strong>br</strong> />

Com informações de: MPF-RS, 9/4/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

SC<<strong>br</strong> />

2 Casos<<strong>br</strong> />

28/1/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: KAINGANG<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: XAPECÓ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: IPUAÇU<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Em protesto pela falta de água e medicamentos, os<<strong>br</strong> />

indígenas fecharam o posto de saúde. Além disso, os veículos<<strong>br</strong> />

utilizados para o transporte dos doentes encontravam-se<<strong>br</strong> />

parados por falta de manutenção.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de assistência geral<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Sul - Equipe Florianópolis<<strong>br</strong> />

DEZEMBRO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: KAINGANG<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: TOLDO IMBÚ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: CHAPECÓ<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: No final de 2013, o MPF fez uma inspeção no prédio que<<strong>br</strong> />

a<strong>br</strong>iga a unidade de saúde da terra indígena e identificou as<<strong>br</strong> />

péssimas condições do local. Em nova inspeção realizada em<<strong>br</strong> />

julho deste ano, verificou-se que a situação continua a mesma.<<strong>br</strong> />

Entre as irregularidades identificadas destacam-se o péssimo<<strong>br</strong> />

estado da construção, a existência de esgoto a céu aberto e a<<strong>br</strong> />

ligação clandestina à rede elétrica. Por solicitação do MPF, a<<strong>br</strong> />

Vigilância Sanitária realizou uma fiscalização na unidade de<<strong>br</strong> />

saúde da terra indígena e interditou o local. Segundo o órgão<<strong>br</strong> />

sanitário, aquela unidade não possui as mínimas condições<<strong>br</strong> />

para o atendimento, pois as instalações físicas são precárias<<strong>br</strong> />

e inadequadas, não respeitam os princípios básicos de adequação<<strong>br</strong> />

para funcionamento, muito menos de atendimento<<strong>br</strong> />

mínimo à saúde. Diante deste quadro, o MPF ajuizou uma<<strong>br</strong> />

ação civil pública na Justiça Federal, pedindo que seja deferida<<strong>br</strong> />

liminar que o<strong>br</strong>igue a União a iniciar a construção de um<<strong>br</strong> />

nova unidade de saúde para a terra indígena.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de assistência geral<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Sul; MPF-SC, 10/12/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

SP<<strong>br</strong> />

2 Casos<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidades<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI MBYA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ITAÓCA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: MONGAGUÁ<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Os indígenas relatam o abandono do Estado e da Sesai<<strong>br</strong> />

em relação ao posto médico, construído há mais de dois anos,<<strong>br</strong> />

para atender cerca de 200 Guarani de duas aldeias diferentes,<<strong>br</strong> />

mas que nunca foi utilizado. Os equipamentos novos que<<strong>br</strong> />

estão no local estão se deteriorando. A informação é de que<<strong>br</strong> />

o prédio anterior, onde o posto estava funcionando, está<<strong>br</strong> />

condenado, desabando, não tendo sido tomada nenhuma<<strong>br</strong> />

providência so<strong>br</strong>e o problema.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência geral<<strong>br</strong> />

Com informações de: G1/SP, 11/5/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 124


Capítulo III<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA POR OMISSÃO DO PODER PÚBLICO<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: JARAGUÁ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: SÃO PAULO<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Tekoha Pyaú<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Conforme um antigo morador da aldeia, a urbanização<<strong>br</strong> />

da região trouxe graves problemas à comunidade. Há<<strong>br</strong> />

animais abandonados, água poluída e esgoto a céu aberto.<<strong>br</strong> />

Isso contamina o solo da “aldeia de baixo”, que é muito<<strong>br</strong> />

pequena (a menor terra indígena registrada no país, com<<strong>br</strong> />

somente dois hectares). Os indígenas lutam pela demarcação<<strong>br</strong> />

de 530 hectares da “aldeia de cima”, que ficou separada<<strong>br</strong> />

da “aldeia de baixo” pela Estrada Turística do Jaraguá. As<<strong>br</strong> />

crianças são as que mais sofrem, pois <strong>br</strong>incam no esgoto a<<strong>br</strong> />

céu aberto e adoecem com diarreia, verminoses e problemas<<strong>br</strong> />

respiratórios, agravando o problema da saúde, considerado<<strong>br</strong> />

um dos mais graves pelos indígenas. A aldeia se tornou<<strong>br</strong> />

um depósito de cachorros abandonados por carros que<<strong>br</strong> />

chegam ao local e os soltam ali. Segundo estimativa dos<<strong>br</strong> />

indígenas, são cerca de 800 habitantes e 400 cachorros.<<strong>br</strong> />

A falta de água e saneamento é outro problema, as casas<<strong>br</strong> />

não têm banheiro próprio. A contaminação da pouca terra<<strong>br</strong> />

compromete a medicina tradicional, e os índios não podem<<strong>br</strong> />

colher os remédios necessários. Como denuncia o indígena<<strong>br</strong> />

Pedro: “Aqui é um território pequeno, não tem mato, não<<strong>br</strong> />

tem água boa, não tem nada para a gente poder ter nossos<<strong>br</strong> />

remédios. Isso dificulta bastante a nossa saúde”. Ele afirma<<strong>br</strong> />

ainda que a única forma de melhorar a saúde dos índios é<<strong>br</strong> />

com a demarcação da terra.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de água potável e de saneamento básico<<strong>br</strong> />

Com informações de: Carta Capital, 18/9/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

TO<<strong>br</strong> />

5 Casos<<strong>br</strong> />

JANEIRO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Tutawa Avá-Canoeiro<<strong>br</strong> />

POVO: AVÁ-CANOEIRO<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: PARQUE INDÍGENA DO ARAGUAIA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: FORMOSO DO ARAGUAIA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Hospital Regional de Gurupi<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O ancião sofreu um acidente na aldeia, ocasião em<<strong>br</strong> />

que bateu a cabeça e passou mal. Ficou seis dias internado<<strong>br</strong> />

e foi transferido para o Hospital Regional de Gurupi, onde<<strong>br</strong> />

se constatou que havia um tumor no cére<strong>br</strong>o. Tutawa foi<<strong>br</strong> />

submetido a uma cirurgia. Depois do procedimento ele<<strong>br</strong> />

continuou muito doente e passou a usar fraldas geriátricas.<<strong>br</strong> />

Uma enfermeira fez a solicitação à Casai, cujo responsável<<strong>br</strong> />

se recusou a fornecê-las ao paciente, argumentando que ele<<strong>br</strong> />

tinha dinheiro para compra-las.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência<<strong>br</strong> />

Com informações de: Atitude, 6/2/<strong>2015</strong>; Cimi Regional GO/TO<<strong>br</strong> />

19/1/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Maria Sipredi<<strong>br</strong> />

POVO: XERENTE<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: XERENTE<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: TOCANTÍNIA<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A indígena Maria Sipredi estava em grave estado de<<strong>br</strong> />

saúde. Os exames realizados apontaram a existência de cistos<<strong>br</strong> />

no ovário, com prescrição médica de cirurgia, a ser realizada<<strong>br</strong> />

com urgência. Seu filho procurou o Dsei, onde foi informado<<strong>br</strong> />

que sua mãe precisaria passar por exames detalhados na rede<<strong>br</strong> />

pública. A paciente realizou os exames em 2014 a cirurgia<<strong>br</strong> />

ainda não foi realizada.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional GO/TO; Familiares; MPF<<strong>br</strong> />

MARÇO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: KRAHÔ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KRAHÔ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ITACAJÁ<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Morro do Boi<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Os indígenas informaram que no posto de saúde da<<strong>br</strong> />

aldeia não há remédios nem material básico para atendimento.<<strong>br</strong> />

A Casai não oferece estrutura mínima de higiene. A<<strong>br</strong> />

ventilação do ambiente interno é precária e os exames que<<strong>br</strong> />

são encaminhados para outros municípios demoram muito<<strong>br</strong> />

a serem realizados.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de assistência geral<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional GO/TO; Comunidade indígena<<strong>br</strong> />

JUNHO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Lúcia Sibãdi<<strong>br</strong> />

POVO: XERENTE<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: XERENTE<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: TOCANTÍNIA<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Após um acidente de moto, Lúcia foi encaminhada para<<strong>br</strong> />

o hospital de Miracema com suspeita de fratura na coluna. O<<strong>br</strong> />

hospital a encaminhou para o hospital regional em Palmas,<<strong>br</strong> />

onde ela permaneceu por dois meses, à espera da cirurgia.<<strong>br</strong> />

Realizado o procedimento, a indígena recebeu alta e retornou<<strong>br</strong> />

para a sua aldeia. Após 20 dias, Lúcia sofreu uma queda na<<strong>br</strong> />

aldeia. Com fortes dores e inchaço na barriga, foi novamente<<strong>br</strong> />

encaminhada ao hospital de referência de Miracema, sendo<<strong>br</strong> />

transferida novamente para o hospital geral de Palmas, com<<strong>br</strong> />

infecção generalizada no abdômen e com fratura na coluna.<<strong>br</strong> />

Um exame de ultrassom constatou um corpo estranho na<<strong>br</strong> />

barriga da jovem. Na cirurgia realizada na coluna, a equipe<<strong>br</strong> />

médica deixou pedaços de gazes no intestino da indígena. A<<strong>br</strong> />

paciente passou por uma nova cirurgia para a retirada dos<<strong>br</strong> />

pedaços de gazes, adquirindo uma bactéria fortíssima, que<<strong>br</strong> />

se alojou na coluna. Para combater a bactéria, ela necessita<<strong>br</strong> />

passar por um procedimento complementar, que custa R$ 21<<strong>br</strong> />

mil. Sem recursos financeiros, seus familiares denunciaram<<strong>br</strong> />

todo o ocorrido ao MPF.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional GO/TO; Familiares; MPF-TO<<strong>br</strong> />

3/11/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Beatriz Sidi<<strong>br</strong> />

POVO: XERENTE<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: XERENTE<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: TOCANTÍNIA<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A indígena Beatriz, mãe de três filhos, engravidou do<<strong>br</strong> />

quarto filho, sendo a gestação considerada de risco. A família<<strong>br</strong> />

relata que não houve acompanhamento pré-natal. A<<strong>br</strong> />

paciente teve de ser transportada três vezes da aldeia com<<strong>br</strong> />

dores. A equipe do polo base que a examinou, informou que<<strong>br</strong> />

não estava na hora da criança nascer. Quando foi transferida<<strong>br</strong> />

para o hospital de Miracema, em estado grave, o referido<<strong>br</strong> />

hospital a encaminhou para uma maternidade em Palmas.<<strong>br</strong> />

A demora no atendimento pode ter causado a morte da<<strong>br</strong> />

criança no ventre da mãe.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional GO/TO; Familiares; MPF<<strong>br</strong> />

125<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo III<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA POR OMISSÃO DO PODER PÚBLICO<<strong>br</strong> />

Morte por desassistência à saúde<<strong>br</strong> />

Cimi registrou em <strong>2015</strong>, 3 casos de morte por desassistência<<strong>br</strong> />

à saúde, nos estados do Acre (1), Pernambuco<<strong>br</strong> />

O<<strong>br</strong> />

(1) e Roraima (1).<<strong>br</strong> />

Em Pernambuco, uma adolescente apresentou sintomas<<strong>br</strong> />

semelhantes à chikungunya e não resistiu. Segundo a<<strong>br</strong> />

comunidade Xukuru, 60% dos indígenas apresentaram<<strong>br</strong> />

os mesmos sintomas como edemas, dores no corpo e na<<strong>br</strong> />

cabeça, manchas e coceira. De acordo com a agente de<<strong>br</strong> />

saúde, Edilene Augusto, moradora do local, o atendimento<<strong>br</strong> />

médico para essa população é escasso. Na aldeia vivem 250<<strong>br</strong> />

pessoas e 61 famílias. Na região do município de Pesqueira<<strong>br</strong> />

há 24 aldeias indígenas, onde vivem 11 mil indígenas.<<strong>br</strong> />

Quatro médicos se revezam entre essas aldeias, o que dá<<strong>br</strong> />

um atendimento clínico por mês. Em casos de emergência,<<strong>br</strong> />

os indígenas precisam se dirigir para o hospital municipal,<<strong>br</strong> />

onde nem sempre são atendidos. Outro grave problema<<strong>br</strong> />

é o fornecimento de água. Há dois anos, os moradores<<strong>br</strong> />

das aldeias não têm água potável e são abastecidos por<<strong>br</strong> />

Arquivo Cimi<<strong>br</strong> />

caminhões-pipa. A água é armazenada em baldes e tonéis,<<strong>br</strong> />

possíveis criadores do mosquito Aedes.<<strong>br</strong> />

Em Roraima, dois indígenas Yanomami morreram após<<strong>br</strong> />

serem picados por co<strong>br</strong>as. A comunidade relata que não<<strong>br</strong> />

havia soro antiofídico, nem medicamento disponível no<<strong>br</strong> />

posto de saúde da aldeia.<<strong>br</strong> />

MORTE POR DESASSISTÊNCIA À SAÚDE<<strong>br</strong> />

3 Casos<<strong>br</strong> />

AC 1 Caso<<strong>br</strong> />

29/7<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: João Kampa<<strong>br</strong> />

POVO: ASHANINKA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KAMPA E ISOLADOS DO RIO ENVIRA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: FEIJÓ<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O indígena foi submetido a um tratamento que não correspondeu<<strong>br</strong> />

ao seu problema de saúde. Depois de idas e vindas<<strong>br</strong> />

ao hospital e à Casai, quando foi encaminhado novamente<<strong>br</strong> />

ao hospital e teve seu caso corretamente diagnosticado, a<<strong>br</strong> />

doença já havia progredido muito e ele não resistiu.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Negligência Médica<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Amazônia Ocidental - Equipes Feijó e Cruzeiro do Sul<<strong>br</strong> />

PE<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Danielle Marques de Santana<<strong>br</strong> />

POVO: XUKURU<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: XUKURU<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: PESQUEIRA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Pé de Serra de São Sebastião<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A adolescente apresentou sintomas semelhantes à<<strong>br</strong> />

chikungunya, e não resistiu. Segundo a comunidade, 60%<<strong>br</strong> />

dos indígenas apresentavam os mesmos sintomas como<<strong>br</strong> />

edemas, dores no corpo e na cabeça, manchas e coceira. De<<strong>br</strong> />

acordo com a agente de saúde, Edilene Augusto, moradora<<strong>br</strong> />

do local, o atendimento médico para essa população é escasso.<<strong>br</strong> />

Na aldeia vivem 250 pessoas e 61 famílias. Na região do<<strong>br</strong> />

município há 24 aldeias indígenas, onde vivem 11 mil índios.<<strong>br</strong> />

Quatro médicos se revezam entre essas aldeias, o que dá um<<strong>br</strong> />

atendimento clínico por mês. Em casos de emergência, os<<strong>br</strong> />

indígenas precisam se dirigir para o hospital municipal de<<strong>br</strong> />

Pesqueira, onde nem sempre são atendidos. Outro grave<<strong>br</strong> />

problema é o fornecimento de água. Há dois anos os moradores<<strong>br</strong> />

das aldeias não têm água potável e são abastecidos por<<strong>br</strong> />

caminhões-pipa. Eles armazenam a água em baldes e tonéis,<<strong>br</strong> />

possíveis criadores do mosquito Aedes.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência nas aldeias<<strong>br</strong> />

Com informações de: Diário de Pernambuco, 8/1/2016<<strong>br</strong> />

RR<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

20/3/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Homens<<strong>br</strong> />

POVO: YANOMAMI<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: YANOMAMI<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ALTO ALEGRE<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Sucurucu<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Os indígenas denunciam a negligência que vêm sofrendo<<strong>br</strong> />

em relação aos serviços de saúde. Relatam que dois<<strong>br</strong> />

indígenas morreram após serem picados por co<strong>br</strong>a porque<<strong>br</strong> />

não havia soro antiofídico nem medicamento disponível no<<strong>br</strong> />

posto de saúde da aldeia. Os dados do Datasus, sistema do<<strong>br</strong> />

Ministério da Saúde que compila informações sanitárias de<<strong>br</strong> />

todo o Brasil, mostram que houve, entre os índios da região,<<strong>br</strong> />

um aumento de mortes por causas evitáveis, aquelas que<<strong>br</strong> />

poderiam não ter acontecido se houvesse um tratamento a<<strong>br</strong> />

tempo. A falta de transporte, de material e de profissionais<<strong>br</strong> />

contribuem para o agravo da situação.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de medicamento<<strong>br</strong> />

Com informações de: El País, 20/3/<strong>2015</strong>; Folha de S. Paulo, 23/3/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 126


Capítulo III<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA POR OMISSÃO DO PODER PÚBLICO<<strong>br</strong> />

Mortalidade na infância<<strong>br</strong> />

Com base na Lei de Acesso à Informação, o Cimi obteve,<<strong>br</strong> />

da Sesai e do Dsei Mato Grosso do Sul, dados parciais<<strong>br</strong> />

da mortalidade indígena na infância. Somando as duas<<strong>br</strong> />

bases de dados, chega-se a um total de 599 óbitos de<<strong>br</strong> />

crianças menores de 5 anos. Trata-se de números parciais,<<strong>br</strong> />

visto que pelo menos três Dsei deixaram de informar se<<strong>br</strong> />

houve mortes na área de sua a<strong>br</strong>angência (Alto Rio Juruá,<<strong>br</strong> />

Bahia e Parintins).<<strong>br</strong> />

As três principais causas das mortes foram: pneumonia<<strong>br</strong> />

não especificada, com 48 mortes (8,2%); diarreia<<strong>br</strong> />

e gastroenterite de origem infecciosa presumível, com<<strong>br</strong> />

41 mortes (7%); e agressão por meios não especificados,<<strong>br</strong> />

com 36 mortes de crianças (6,2%). Pneumonia, diarreia e<<strong>br</strong> />

gastroenterite são doenças perfeitamente tratáveis, mas<<strong>br</strong> />

causaram a morte de pelo menos 99 crianças menores<<strong>br</strong> />

de 5 anos.<<strong>br</strong> />

A região Norte do país concentra o maior número de<<strong>br</strong> />

óbitos, com 349 mortes de crianças menores de 5 cinco<<strong>br</strong> />

anos, ou 58% do total dos dados parciais. Os povos indígenas<<strong>br</strong> />

mais afetados são das áreas de a<strong>br</strong>angência dos Dsei<<strong>br</strong> />

Xavante, com 79 óbitos, Alto Rio Solimões, com 77 óbitos,<<strong>br</strong> />

e Yanomami, com 72 óbitos.<<strong>br</strong> />

Ruy Sposati<<strong>br</strong> />

127<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo III<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA POR OMISSÃO DO PODER PÚBLICO<<strong>br</strong> />

O quadro abaixo mostra os dados parciais de óbitos em<<strong>br</strong> />

indígenas menores de 5 anos 1 em <strong>2015</strong>, segundo os Dsei:<<strong>br</strong> />

Dsei<<strong>br</strong> />

Nº de Óbitos<<strong>br</strong> />

Alagoas e Sergipe 7<<strong>br</strong> />

Altamira 11<<strong>br</strong> />

Alto Rio Negro 29<<strong>br</strong> />

Alto Rio Purus 27<<strong>br</strong> />

Alto Rio Solimões 77<<strong>br</strong> />

Amapá e Norte do Pará 12<<strong>br</strong> />

Araguaia 2<<strong>br</strong> />

Ceará 5<<strong>br</strong> />

Cuiabá 17<<strong>br</strong> />

Guamá-Tocantins 10<<strong>br</strong> />

Interior Sul 13<<strong>br</strong> />

Kayapó do Mato Grosso 10<<strong>br</strong> />

Kayapó do Pará 10<<strong>br</strong> />

Leste de Roraima 34<<strong>br</strong> />

Litoral Sul 3<<strong>br</strong> />

Manaus 7<<strong>br</strong> />

Maranhão 15<<strong>br</strong> />

Mato Grosso do Sul 2 46<<strong>br</strong> />

Médio Rio Purus 9<<strong>br</strong> />

Médio Rio Solimões e Afluentes 19<<strong>br</strong> />

Minas Gerais e Espírito Santo 14<<strong>br</strong> />

Pernambuco 4<<strong>br</strong> />

Porto Velho 15<<strong>br</strong> />

Potiguara 6<<strong>br</strong> />

Rio Tapajós 9<<strong>br</strong> />

Tocantins 9<<strong>br</strong> />

Vale do Javari 18<<strong>br</strong> />

Vilhena 8<<strong>br</strong> />

Xavante 79<<strong>br</strong> />

Xingu 2<<strong>br</strong> />

Yanomami 3 72<<strong>br</strong> />

Total 599<<strong>br</strong> />

Os dados do Dsei Mato Grosso do Sul revelam um<<strong>br</strong> />

coeficiente de mortalidade infantil duas vezes maior que<<strong>br</strong> />

o da média nacional, com 26,35 por mil nascidos vivos. A<<strong>br</strong> />

taxa de mortalidade infantil no Brasil, segundo o IBGE, é<<strong>br</strong> />

de 13,82 por mil nascidos vivos (dados de 2013). Os dados<<strong>br</strong> />

mostram ainda que o maior número de óbitos ocorreu no<<strong>br</strong> />

polo base de Dourados, com 11 mortes.<<strong>br</strong> />

Mortalidade Infantil por Povos Indígenas – Dsei-MS – <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Povos Indígenas<<strong>br</strong> />

Terena, Kadiwéu,<<strong>br</strong> />

Kinikinaw, Ofaié, Guató,<<strong>br</strong> />

Atikum, Guarani eKaiowá<<strong>br</strong> />

Coeficiente de<<strong>br</strong> />

Mortalidade Infantil<<strong>br</strong> />

16,67/1.000 nascidos vivos<<strong>br</strong> />

26,35/1.000 nascidos vivos<<strong>br</strong> />

Quantitativo de Total de Óbitos Infantis por<<strong>br</strong> />

Polos Base – <strong>2015</strong> – Mato Grosso do Sul 4<<strong>br</strong> />

Polo Base<<strong>br</strong> />

Total<<strong>br</strong> />

Sidrolândia 1<<strong>br</strong> />

Antônio João 2<<strong>br</strong> />

Miranda 3<<strong>br</strong> />

Aquidauana 3<<strong>br</strong> />

Iguatemi 3<<strong>br</strong> />

Caarapó 4<<strong>br</strong> />

Tacuru 5<<strong>br</strong> />

Paranhos 5<<strong>br</strong> />

Amambai 9<<strong>br</strong> />

Dourados 11<<strong>br</strong> />

Total 46<<strong>br</strong> />

A faixa etária com maior número de óbitos ocorridos<<strong>br</strong> />

no Mato Grosso do Sul é a dos 28 dias a menor de 1 ano<<strong>br</strong> />

de idade, com 45,65% dos casos:<<strong>br</strong> />

Mortalidade Infantil por Faixa Etária - Dsei/MS – <strong>2015</strong>:<<strong>br</strong> />

Faixa Etária %<<strong>br</strong> />

0 a 6 dias 32,61%<<strong>br</strong> />

7 dias a 27 dias 21,74%<<strong>br</strong> />

28 dias a < 01 ano 45,65%<<strong>br</strong> />

Dentre os óbitos registrados no Mato Grosso do Sul,<<strong>br</strong> />

na classificação por subgrupos de causas de mortalidade<<strong>br</strong> />

infantil, foram registrados oito óbitos por prematuridade,<<strong>br</strong> />

cinco por malformações cardíacas e cinco do sistema<<strong>br</strong> />

nervoso, além de seis óbitos por pneumonia, três óbitos<<strong>br</strong> />

por diarreia e dois por se<strong>pt</strong>icemia. Em relação a óbitos por<<strong>br</strong> />

causas externas, três foram por <strong>br</strong>oncoaspiração e no grupo<<strong>br</strong> />

das mal definidas, seis óbitos por causas desconhecidas.<<strong>br</strong> />

1 Fonte: Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (Siasi), acesso em 24/05/2016. Dados sujeitos à revisão<<strong>br</strong> />

2 Fonte: Dsei-MS<<strong>br</strong> />

3 Mortalidade em menores de 1 ano. Fonte: Sistema de Informações so<strong>br</strong>e Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde<<strong>br</strong> />

4 Fonte: Dsei-MS<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 128


Capítulo III<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA POR OMISSÃO DO PODER PÚBLICO<<strong>br</strong> />

Disseminação de bebida alcoólica<<strong>br</strong> />

e outras drogas<<strong>br</strong> />

Cimi registrou, em <strong>2015</strong>, a ocorrência de 5 casos de<<strong>br</strong> />

O disseminação de bebida alcoólica e outras drogas em<<strong>br</strong> />

comunidades indígenas, nos estados do Acre (1), Amazonas<<strong>br</strong> />

(1) e Pará (3).<<strong>br</strong> />

No Acre, adolescentes e crianças indígenas com idades<<strong>br</strong> />

entre 10 e 18 anos, foram flagrados consumindo bebida<<strong>br</strong> />

alcóolica ou em completo estado de em<strong>br</strong>iaguez. O<<strong>br</strong> />

problema é antigo na região, apesar da legislação proibir<<strong>br</strong> />

a venda de bebidas a indígenas.<<strong>br</strong> />

No Amazonas, lideranças do povo Kokama denunciaram<<strong>br</strong> />

dois homens que estariam disseminando um tipo<<strong>br</strong> />

de bebida denominada “Karot”. Trata-se de uma bebida<<strong>br</strong> />

de baixo custo que é ilegalmente difundida dentro das<<strong>br</strong> />

comunidades. Durante buscas na área, foram apreendidas<<strong>br</strong> />

bebidas alcoólicas, duas espingardas, seis cartuchos e<<strong>br</strong> />

nove tracajás. Os dois homens foram presos.<<strong>br</strong> />

No Pará, a construção da hidrelétrica de Belo Monte<<strong>br</strong> />

teve como consequência o maior deslocamento de indígenas<<strong>br</strong> />

para a cidade de Altamira e, com isso, aumentou<<strong>br</strong> />

significativamente o consumo de bebidas alcoólicas por<<strong>br</strong> />

parte destes.<<strong>br</strong> />

Arquivo Cimi<<strong>br</strong> />

129<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo III<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA POR OMISSÃO DO PODER PÚBLICO<<strong>br</strong> />

DISSEMINAÇÃO DE BEBIDA ALCOÓLICA E OUTRAS DROGAS<<strong>br</strong> />

5 Casos<<strong>br</strong> />

AC 1 Caso<<strong>br</strong> />

9/11/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Crianças e adolescentes<<strong>br</strong> />

POVO: KAMPA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KAMPA E ISOLADOS DO RIO ENVIRA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: FEIJÓ<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Diversas<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Adolescentes e crianças indígenas, com idades entre 10<<strong>br</strong> />

e 18 anos, foram flagrados consumindo bebida alcoólica ou<<strong>br</strong> />

em completo estado de em<strong>br</strong>iaguez. O problema é antigo na<<strong>br</strong> />

região. Apesar da legislação proibir a venda de bebidas para os<<strong>br</strong> />

indígenas, os comerciantes continuam vendendo livremente.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Disseminação de bebidas alcóolicas<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Amazônia Ocidental - Equipe Feijó<<strong>br</strong> />

AM<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

NOVEMBRO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: KOKAMA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: FEIJOAL<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: JUTAÍ<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Feijoal Servalho<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Segundo denúncias das lideranças indígenas locais<<strong>br</strong> />

que fazem parte das ações de combate à criminalidade, dois<<strong>br</strong> />

homens estavam disseminando um tipo de bebidas alcoólica<<strong>br</strong> />

chamado “Karot”. De baixo custo, ela é ilegalmente difundida<<strong>br</strong> />

dentro das comunidades. Durante as buscas foram apreendidas<<strong>br</strong> />

bebidas alcoólicas, duas espingardas, seis cartuchos e<<strong>br</strong> />

nove tracajás. Os dois homens foram presos.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência nas aldeias<<strong>br</strong> />

Com informações de: EBC-AM, 23/11/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

PA 3 Casos<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade Indígena<<strong>br</strong> />

POVO: ARARA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: CACHOEIRA SECA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ALTAMIRA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Arara da Cachoeira Seca<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Com a constante presença de pescadores na área indí-<<strong>br</strong> />

gena e em função dos deslocamentos dos indígenas para a<<strong>br</strong> />

cidade, devido à construção da hidrelétrica de Belo Monte,<<strong>br</strong> />

os indígenas passaram a consumir bebidas alcoólicas com<<strong>br</strong> />

maior frequência. Esse consumo desenfreado de álcool vem<<strong>br</strong> />

trazendo consequências desastrosas para o povo, como,<<strong>br</strong> />

por exemplo, violência doméstica e atritos entre as famílias.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Disseminação de bebidas alcóolicas<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Norte II - Equipe Altamira<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade Indígena<<strong>br</strong> />

POVO: PARAKANÃ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: APYTEREWA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ALTAMIRA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeias (Apyterewa, Xingu, Paranapiona e<<strong>br</strong> />

Kwarahya-pya)<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A partir da construção de Belo Monte, notou-se o<<strong>br</strong> />

trânsito de muitas pessoas não indígenas nas aldeias. Além<<strong>br</strong> />

disso, os indígenas passaram a se deslocar de modo sistemático<<strong>br</strong> />

para a cidade, o que vem gerando problemas, como o<<strong>br</strong> />

consumo de bebidas alcoólicas e drogas (cachaça e maconha,<<strong>br</strong> />

especialmente). Como consequência, percebe-se o aumento<<strong>br</strong> />

da violência doméstica e de atritos entre famílias.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Consumo de bebida alcoólica e drogas<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Norte II - Equipe Altamira<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade Indígena<<strong>br</strong> />

POVO: ARARA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ARARA DA VOLTA GRANDE<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ALTAMIRA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Comunidade indígenas da Volta Grande<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A presença de pescadores e de pessoas envolvidas com<<strong>br</strong> />

a construção de casas nas aldeias, bem como os constantes<<strong>br</strong> />

deslocamentos dos mesmos para cidade, tendo em vista<<strong>br</strong> />

diferentes ações que são desenvolvidas através da empreendedora<<strong>br</strong> />

de Belo Monte, os Arara passaram a consumir bebidas<<strong>br</strong> />

alcoólicas e drogas (cachaça e maconha) com maior frequência.<<strong>br</strong> />

Uma das consequências desastrosas dessa mudança no<<strong>br</strong> />

modo de viver do povo é o aumento da violência doméstica<<strong>br</strong> />

e dos atritos entre famílias.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Consumo de bebida alcoólica e drogas<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Norte II - Equipe Altamira<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 130


Capítulo III<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA POR OMISSÃO DO PODER PÚBLICO<<strong>br</strong> />

Desassistência na área de<<strong>br</strong> />

educação escolar indígena<<strong>br</strong> />

Em <strong>2015</strong>, foram registrados 41 casos de desassistência<<strong>br</strong> />

na área da educação escolar indígena nos estados de<<strong>br</strong> />

Amazonas (8), Maranhão (11), Mato Grosso (2), Mato<<strong>br</strong> />

Grosso do Sul (1), Pará (4), Rio de Janeiro (1), Rio Grande<<strong>br</strong> />

do Sul (2), Rondônia (1), Roraima (1), Santa Catarina (5),<<strong>br</strong> />

São Paulo (1) e Tocantins (4).<<strong>br</strong> />

No Maranhão, estado com o maior número de casos<<strong>br</strong> />

registrados, representantes do povo Guajajara reclamam a<<strong>br</strong> />

falta de transporte escolar. Segundo os indígenas, a ausência<<strong>br</strong> />

de transporte para as crianças deveu-se a um corte nos<<strong>br</strong> />

recursos realizado pelo governo estadual. Na Terra Indígena<<strong>br</strong> />

Governador, do povo Gavião, as crianças enfrentam dificuldades<<strong>br</strong> />

na escola em função das péssimas condições de<<strong>br</strong> />

infraestrutura. Entre outros problemas, destaca-se o fato<<strong>br</strong> />

da cobertura da escola estar repleta de buracos, problema<<strong>br</strong> />

que persiste há mais de três anos.<<strong>br</strong> />

Em Rondônia, uma comunidade do povo Kaxarari,<<strong>br</strong> />

existente há pelo menos cinco anos, reclama a falta de<<strong>br</strong> />

contratação de professor. Em Roraima, professores indígenas<<strong>br</strong> />

estaduais e federais fizeram greve para reivindicar<<strong>br</strong> />

melhores condições de ensino e funcionamento das escolas.<<strong>br</strong> />

No Rio de Janeiro, os Guarani Mbya não têm acesso ao<<strong>br</strong> />

ensino médio. Há 17 anos o MPF-RJ vem acompanhando<<strong>br</strong> />

a situação e co<strong>br</strong>ando providências.<<strong>br</strong> />

Em Santa Catarina, a Justiça Federal acolheu um pedido<<strong>br</strong> />

do Ministério Público Federal e determinou que o estado<<strong>br</strong> />

retome as o<strong>br</strong>as da escola indígena de ensino fundamental<<strong>br</strong> />

Sape-Ty-Ko. A construção teve início em 2011, com data de<<strong>br</strong> />

entrega prevista para dezem<strong>br</strong>o de 2012. Entretanto, a o<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />

encontrava-se paralisada desde a<strong>br</strong>il de 2013. Enquanto<<strong>br</strong> />

isso, estudantes indígenas continuavam submetidos às<<strong>br</strong> />

inadequadas condições da antiga escola, que não comporta,<<strong>br</strong> />

há muitos casos, o contingente de alunos.<<strong>br</strong> />

Em São Paulo, na Terra Indígena Jaraguá, crianças do<<strong>br</strong> />

povo Guarani eram dispensadas sem assistir a todas as<<strong>br</strong> />

aulas por falta de professores. Esta situação ocorreu desde<<strong>br</strong> />

o início do ano letivo. Outro problema grave é a falta de<<strong>br</strong> />

espaço. Segundo o líder local e professor Davi Martim, “a<<strong>br</strong> />

escola tem duas salas de aula para mais de 200 alunos”.<<strong>br</strong> />

No Tocantins, a falta de recuperação e o abandono de<<strong>br</strong> />

estradas impediam a circulação do transporte escolar. Pelo<<strong>br</strong> />

menos 150 alunos estavam sendo afetados. Tais problemas<<strong>br</strong> />

são recorrentes e já denunciados diversas vezes pelas<<strong>br</strong> />

comunidades através de ofícios.<<strong>br</strong> />

J.Rosha<<strong>br</strong> />

131<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo III<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA POR OMISSÃO DO PODER PÚBLICO<<strong>br</strong> />

DESASSISTÊNCIA NA ÁREA DE EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA<<strong>br</strong> />

41 Casos<<strong>br</strong> />

AM<<strong>br</strong> />

8 Casos<<strong>br</strong> />

30/1/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Estudantes<<strong>br</strong> />

POVO: VÁRIOS POVOS<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: CITADINO<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: MANAUS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Parque das Nações Indígenas<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Os indígenas ocupam uma área no Parque das Nações<<strong>br</strong> />

Indígenas, em Manaus, e as crianças estão sem estudar. Na<<strong>br</strong> />

avaliação da comunidade, o número de crianças desassistidas<<strong>br</strong> />

pela educação infantil é muito grande, havendo a necessidade<<strong>br</strong> />

de construção de uma escola na comunidade, pois eles não<<strong>br</strong> />

têm condições de colocar as crianças para estudar nos bairros<<strong>br</strong> />

vizinhos. Segundo o defensor público, Carlos Alberto Almeida<<strong>br</strong> />

Filho, “independente da regularização do uso da terra, existe<<strong>br</strong> />

esse contingente de crianças com mais de quatro anos que<<strong>br</strong> />

não têm onde buscar o estudo”.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de assistência à educação escolar<<strong>br</strong> />

Com informações de: Portal Amazônia, 30/1/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Estudantes<<strong>br</strong> />

POVO: PAUMARI<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: PAUMARI DO RIO ITUXI<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: LÁBREA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Crispin (Região do Médio Purus)<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A professora indígena da aldeia Crispin cedeu uma<<strong>br</strong> />

sala de sua casa para poder ensinar os alunos. O local não<<strong>br</strong> />

é apropriado, não tem cadeiras nem mesas suficientes e os<<strong>br</strong> />

alunos precisam ficar deitados de peito para baixo, o que<<strong>br</strong> />

provoca cansaço pela má posição e prejudica o rendimento<<strong>br</strong> />

escolar. Muitos se queixam: “professora, não aguento mais<<strong>br</strong> />

ficar assim”. Ela relata que há sete anos a comunidade luta<<strong>br</strong> />

pela construção de um espaço que atenda às necessidades<<strong>br</strong> />

dos alunos. Na aldeia existe somente uma escola, com apenas<<strong>br</strong> />

uma sala que precisa ser dividida por cinco professores, com<<strong>br</strong> />

cerca de 180 alunos, conforme verificado em 2014. O ensino<<strong>br</strong> />

na comunidade vai somente até o 5º ano do ensino fundamental<<strong>br</strong> />

e os que querem terminar até a 9a série precisam ir<<strong>br</strong> />

para a cidade, a 700 km da aldeia. Além desses problemas,<<strong>br</strong> />

ainda sofrem com o atraso da entrega da merenda escolar,<<strong>br</strong> />

que chega a dois meses.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de escola e atraso da merenda<<strong>br</strong> />

Com informações de: UOL, 14/9/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: MURA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: RECREIO/SÃO FÉLIX<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: AUTAZES<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia São Félix<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A construção da escola foi iniciada em 2013 mas a<<strong>br</strong> />

o<strong>br</strong>a está paralisada e inacabada sem possibilidade de uso.<<strong>br</strong> />

A explicação é que a verba foi desviada na gestão do prefeito<<strong>br</strong> />

que teve seu mandato cassado.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de repasse de verba<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Norte I; Angelo Moreira Tavares, 10/9/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidades<<strong>br</strong> />

POVO: TENHARIM<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: TENHARIM MARMELOS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: MANICORÉ<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeias Trakuá, Bela Vista, Castanheira, Jaku’i,<<strong>br</strong> />

Karana’i, Taboca e Kampinh’hu.<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Em visitas in loco para a verificação da execução do<<strong>br</strong> />

Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), realizadas<<strong>br</strong> />

por Mariana Werlang Girardi e Leonardo Pereira Garcia, foi<<strong>br</strong> />

constatado que as comunidades têm demandas de alunos para<<strong>br</strong> />

o ensino médio. No entanto, eles estão sem estudar visto não<<strong>br</strong> />

ter sido implantada nenhuma modalidade de proposta que<<strong>br</strong> />

atenda essa demanda e que possa responder aos princípios<<strong>br</strong> />

culturais garantidos na legislação vigente no país. O município<<strong>br</strong> />

que atende todas as escolas das comunidades apresenta uma<<strong>br</strong> />

compreensão de Educação Escolar Indígena desconectada<<strong>br</strong> />

dos princípios e dos direitos garantidos na legislação para os<<strong>br</strong> />

indígenas. Os professores indígenas e não indígenas recebem<<strong>br</strong> />

salários baixíssimos, não tendo motivação para permanecerem<<strong>br</strong> />

no trabalho, o que dificulta um ensino de qualidade. Os<<strong>br</strong> />

professores do segundo ciclo do ensino fundamental que é<<strong>br</strong> />

oferecido na comunidade Kampinh’hu assumem duas ou<<strong>br</strong> />

mais disciplinas e não são formados nas áreas que lecionam.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de infraestrutura, de professores e de educação<<strong>br</strong> />

diferenciada<<strong>br</strong> />

Com informações de: Mariana Werlang Girardi e Leonardo Pereira Garcia<<strong>br</strong> />

16/5/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidades<<strong>br</strong> />

POVO: VÁRIOS POVOS<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: VÁRIAS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: TABATINGA<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Em visitas in loco para verificação da execução do Programa<<strong>br</strong> />

Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), realizadas<<strong>br</strong> />

por Mariana Werlang Girardi e Leonardo Pereira Garcia, foi<<strong>br</strong> />

constatado que apesar da Secretaria de Educação de Tabatinga<<strong>br</strong> />

receber repasse diferenciado para a compra dos alimentos para<<strong>br</strong> />

os alunos indígenas, o cardápio da alimentação indígena é<<strong>br</strong> />

idêntico ao das outras escolas. Ou seja, não há o preconizado<<strong>br</strong> />

respeito à especificidade sociocultural na merenda das escolas<<strong>br</strong> />

indígenas. Os alunos indígenas das escolas urbanas recebem a<<strong>br</strong> />

mesma alimentação dos demais alunos (não indígenas). Nas<<strong>br</strong> />

escolas rurais, a lógica se repete. Os indígenas reclamam que<<strong>br</strong> />

a merenda é insuficiente em quantidade para todos os alunos<<strong>br</strong> />

durante todo o período letivo. Ressalta-se que, em algumas<<strong>br</strong> />

comunidades, a merenda é compartilhada com outros mem<strong>br</strong>os<<strong>br</strong> />

que não são alunos, o que é considerado também uma particularidade<<strong>br</strong> />

cultural. Com relação à infraestrutura das escolas,<<strong>br</strong> />

uma das reclamações constantes dos indígenas é que a água<<strong>br</strong> />

da chuva ou do rio alaga as escolas, levando à paralisação das<<strong>br</strong> />

atividades de praticamente todas as escolas indígenas.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência geral, desrespeito à educação escolar<<strong>br</strong> />

diferenciada, falta de merenda<<strong>br</strong> />

Com informações de: Mariana Werlang Girardi e Leonardo Pereira Garcia<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidades<<strong>br</strong> />

POVO: TIKUNA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: TUKUNA UMARIAÇU<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 132


Capítulo III<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA POR OMISSÃO DO PODER PÚBLICO<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: TABATINGA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Umariaçu II<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Em visitas in loco para verificação da execução do Programa<<strong>br</strong> />

Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), realizadas<<strong>br</strong> />

por Mariana Werlang Girardi e Leonardo Pereira Garcia, foi<<strong>br</strong> />

constatado que na Escola Municipal Indígena Oi Tchurume<<strong>br</strong> />

houve redução do horário das aulas nos meses de a<strong>br</strong>il e<<strong>br</strong> />

maio devido à falta de merenda, mesmo sendo uma escola<<strong>br</strong> />

urbana, que, em tese, teria menos problemas logísticos para<<strong>br</strong> />

a chegada dos alimentos. Os indígenas reclamaram da qualidade<<strong>br</strong> />

da merenda, já que não recebem frutas e verduras, mas<<strong>br</strong> />

somente alimentos industrializados. Informaram também<<strong>br</strong> />

que o início letivo das aulas atrasou em mais de um mês no<<strong>br</strong> />

começo do ano pela não entrega de algumas salas de aula,<<strong>br</strong> />

que ainda estavam em construção. Afirmaram também que<<strong>br</strong> />

o material didático utilizado nas escolas não é ada<strong>pt</strong>ado à<<strong>br</strong> />

realidade indígena e que diversas escolas não possuem projeto<<strong>br</strong> />

político pedagógico.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência geral, falta de merenda<<strong>br</strong> />

Com informações de: Mariana Werlang Girardi e Leonardo Pereira Garcia<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: TIKUNA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: TUKUNA UMARIAÇU<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: TABATINGA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Umariaçu II<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Em visitas in loco para verificação da execução do Programa<<strong>br</strong> />

Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), realizadas<<strong>br</strong> />

por Mariana Werlang Girardi e Leonardo Pereira Garcia, os<<strong>br</strong> />

indígenas informaram que o quadro de professores na Escola<<strong>br</strong> />

Indígena Almirante Tamandaré foi reduzido de 48 para 38,<<strong>br</strong> />

havendo inclusive redução da carga horária de aula em 50<<strong>br</strong> />

minutos diários desde o começo do ano de <strong>2015</strong>. O motivo<<strong>br</strong> />

era a falta de merenda na escola. Apesar de haver entrega dos<<strong>br</strong> />

alimentos, não havia merendeira para prepará-los. Dessa forma,<<strong>br</strong> />

pela falta de contratação de uma merendeira, a alimentação<<strong>br</strong> />

escolar que foi comprada e entregue não foi preparada e<<strong>br</strong> />

distribuída aos alunos desde o início de <strong>2015</strong>. Muita comida<<strong>br</strong> />

foi desperdiçada em função do não preparo. Além disso, os<<strong>br</strong> />

entrevistados afirmaram que é comum a escola ficar muito<<strong>br</strong> />

tempo sem distribuir merenda. Há reclamações dos indígenas<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e a qualidade dos alimentos previstos para a alimentação<<strong>br</strong> />

escolar. O cardápio não é ada<strong>pt</strong>ado culturalmente, apresenta<<strong>br</strong> />

excesso de produtos industrializados em sua composição<<strong>br</strong> />

e carece de frutas e verduras frescas. A água destinada ao<<strong>br</strong> />

consumo origem é do poço ou da chuva, não passando por<<strong>br</strong> />

nenhum tipo de filtragem antes de ser disponibilizada.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência; omissão; negligência<<strong>br</strong> />

Com informações de: Mariana Werlang Girardi e Leonardo Pereira Garcia<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Estudantes<<strong>br</strong> />

POVO: TUKUNA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: EVARÉ I<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: TABATINGA<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Em visitas in loco para verificação da execução do<<strong>br</strong> />

Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), realizadas<<strong>br</strong> />

por Mariana Werlang Girardi e Leonardo Pereira Garcia,<<strong>br</strong> />

observou-se em escolas da terra indígena Éware, os seguintes<<strong>br</strong> />

problemas: algumas escolas que acabaram de ser construídas<<strong>br</strong> />

já apresentavam vários problemas estruturais. Portas e<<strong>br</strong> />

janelas empenadas, infiltrações e rachaduras. A construção<<strong>br</strong> />

foi realizada de forma diferente do que havia sido projetado,<<strong>br</strong> />

acarretando problemas estruturais. No projeto da construção<<strong>br</strong> />

estava previsto ar-condicionado, mas os aparelhos não foram<<strong>br</strong> />

entregues. Faltava material básico para os alunos, como<<strong>br</strong> />

cadernos. As aulas foram paralisadas em março na Escola<<strong>br</strong> />

Municipal Indígena Nossa Senhora do Perpétuo Socorro em<<strong>br</strong> />

função de enchentes que alagaram o prédio. No período de<<strong>br</strong> />

atividades, o refeitório é utilizado como sala de aula por não<<strong>br</strong> />

haver outra alternativa. Na Escola Municipal Indígena Tikuna<<strong>br</strong> />

Maitchitücü, os alimentos que chegam para a merenda são<<strong>br</strong> />

diferentes daqueles previstos no cardápio da escola. Além<<strong>br</strong> />

disso, a quantidade de comida é insuficiente para todos os<<strong>br</strong> />

alunos. Segundo um dos entrevistados, a merenda não chega<<strong>br</strong> />

a durar nem 20 dias. Não há merendeira contratada para<<strong>br</strong> />

preparar os alimentos na escola. Os auxiliares de serviços<<strong>br</strong> />

gerais ficam responsáveis por essa tarefa.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência; omissão; negligência<<strong>br</strong> />

Com informações de: Mariana Werlang Girardi e Leornado Pereira Garcia<<strong>br</strong> />

MA 11 Casos<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: AWÁ-GUAJÁ e GUAJAJARA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: VÁRIAS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: SÃO LUÍS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Terras indígenas localizadas nos municípios<<strong>br</strong> />

de Grajaú, Arame, Barra do Corda<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Cerca de 200 indígenas ocuparam a sede da Secretaria<<strong>br</strong> />

Estadual de Educação com o objetivo de chamar atenção do<<strong>br</strong> />

governo so<strong>br</strong>e os problemas enfrentados por eles nas unidades<<strong>br</strong> />

de ensino. Afirmaram que o governo do estado não está cumprindo<<strong>br</strong> />

com as o<strong>br</strong>igações legais, especialmente no tocante aos<<strong>br</strong> />

problemas no transporte escolar e nas estruturas das escolas.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência; omissão; negligência<<strong>br</strong> />

Com informações de: O Estado do Maranhão, 11/12/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Estudantes<<strong>br</strong> />

POVO: GAVIÃO<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: GOVERNADOR<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: AMARANTE DO MARANHÃO<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Monte Alegre<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: As crianças enfrentam dificuldades na escola em função<<strong>br</strong> />

das péssimas condições de infraestrutura. Entre outros problemas<<strong>br</strong> />

destaca-se a cobertura da escola repleta de buracos,<<strong>br</strong> />

o que inviabiliza as aulas em época de chuva. De acordo com<<strong>br</strong> />

os professores, o problema persiste há mais de três anos.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de infraestrutura<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Estudantes<<strong>br</strong> />

POVO: GUAJAJARA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ARARIBOIA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: AMARANTE DO MARANHÃO<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Juçaral<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A comunidade enfrenta dificuldades em função das<<strong>br</strong> />

péssimas condições da escola. O prédio apresenta um telhado<<strong>br</strong> />

esburacado, as lâmpadas estão queimadas e os banheiros<<strong>br</strong> />

que<strong>br</strong>ados. De acordo com os professores, essa situação se<<strong>br</strong> />

arrasta há muitos anos e as crianças ficam desestimuladas.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de infraestrutura<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz<<strong>br</strong> />

133<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo III<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA POR OMISSÃO DO PODER PÚBLICO<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Estudantes<<strong>br</strong> />

POVO: KANELA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KANELA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: FERNANDO FALCÃO<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Escalvado<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O prédio onde funciona a escola está em péssimas condições.<<strong>br</strong> />

Telhado esburacado, lâmpadas queimadas, banheiros<<strong>br</strong> />

que<strong>br</strong>ados e salas superlotadas. Essa situação desestimula<<strong>br</strong> />

as crianças. De acordo com os professores, esse problema<<strong>br</strong> />

se arrasta há muitos anos.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de infraestrutura<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Estudantes<<strong>br</strong> />

POVO: KANELA APANIEKRA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: PORQUINHOS - CANELA APÃNJEKRA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: FERNANDO FALCÃO<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O prédio onde funciona a escola está em péssimas condições.<<strong>br</strong> />

Telhado esburacado, lâmpadas queimadas, banheiros<<strong>br</strong> />

que<strong>br</strong>ados e salas superlotadas, situação essa que desestimula<<strong>br</strong> />

as crianças. De acordo com os professores, a falta de estrutura<<strong>br</strong> />

da escola é um problema que se arrasta há muitos anos.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de infraestrutura<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Crianças e jovens<<strong>br</strong> />

POVO: GUAJAJARA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: VILA REAL<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: BARRA DO CORDA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: TI Krenyê<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: As crianças estudam na periferia do município porque<<strong>br</strong> />

não há escola na aldeia. Essa situação contribui para a progressiva<<strong>br</strong> />

assimilação dos costumes não indígenas, prejudicando a<<strong>br</strong> />

cultura tradicional do povo. Além disso, as crianças indígenas,<<strong>br</strong> />

pelo fato de estudarem fora de suas comunidades, sofrem<<strong>br</strong> />

com problemas de preconceito e discriminação.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de escola na aldeia<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Estudantes<<strong>br</strong> />

POVO: KRIKATI<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KRIKATI<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: LAJEADO NOVO<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Araia<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Devido à falta de um prédio escolar na comunidade,<<strong>br</strong> />

os alunos precisam se deslocar para o assentamento Santa<<strong>br</strong> />

Maria, a cerca de 20 quilômetros da aldeia. Essa situação, na<<strong>br</strong> />

prática, inviabiliza a educação escolar indígena, pois eles são<<strong>br</strong> />

o<strong>br</strong>igados a estudar com base em outro currículo, que não<<strong>br</strong> />

é específico e diferenciado.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de escola na aldeia<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Alunos e professores<<strong>br</strong> />

POVO: KA’APOR<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ALTO TURIAÇU<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ZÉ DOCA<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A Seduc cortou os salários de educadores e formadores<<strong>br</strong> />

e destituiu técnicos indígenas que acompanhavam e<<strong>br</strong> />

participavam da compra da alimentação escolar, que foram<<strong>br</strong> />

substituídos sem consulta ao Conselho de Gestão Ka´apor.<<strong>br</strong> />

Essas decisões da Seduc foram consideradas um descaso<<strong>br</strong> />

e uma profunda falta de respeito com os profissionais da<<strong>br</strong> />

educação que trabalham para a qualificação da educação<<strong>br</strong> />

escolar indígena.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desrespeito aos professores e ao modo tradicional<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão; comunidade indígena<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Estudantes<<strong>br</strong> />

POVO: GUAJAJARA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: CARU<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: BOM JARDIM<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Maçaranduba<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Em visitas in loco para verificação da execução do<<strong>br</strong> />

Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), realizadas<<strong>br</strong> />

por Mariana Werlang Girardi e Leonardo Pereira Garcia,<<strong>br</strong> />

funcionárias da Escola Indígena Bilíngue Guajajara informaram<<strong>br</strong> />

que os estudantes que recebem merenda escolar estão com<<strong>br</strong> />

problemas de nutrição. Segundo as funcionárias, a merenda<<strong>br</strong> />

contêm alimentos aos quais as crianças não estão acostumadas.<<strong>br</strong> />

Elas comem menos e rejeitam alguns alimentos como, por<<strong>br</strong> />

exemplo, enlatados e massas. Esta situação vem acarretando<<strong>br</strong> />

desnutrição, fraqueza e, algumas vezes, elas adoecem. Outra<<strong>br</strong> />

funcionária entrevistada informou que a nutricionista do<<strong>br</strong> />

estado nunca visitou a escola, assim como nenhum mem<strong>br</strong>o<<strong>br</strong> />

do conselho de alimentação escolar.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desnutrição<<strong>br</strong> />

Com informações de: Mariana Werlang Girardi e Leonardo Pereira Garcia<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Estudantes<<strong>br</strong> />

POVO: GUAJAJARA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: RIO PINDARÉ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: BOM JARDIM<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeias: Areão, Piçarra Preta, Nova Planeta<<strong>br</strong> />

e Januária<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Em visitas in loco para verificação da execução do<<strong>br</strong> />

Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), realizadas<<strong>br</strong> />

por Mariana Werlang Girardi e Leonardo Pereira Garcia,<<strong>br</strong> />

foi constatado que em aldeias da Terra Indígena Pindaré,<<strong>br</strong> />

todas as escolas têm problemas com a merenda escolar dos<<strong>br</strong> />

estudantes. Grande parte da alimentação oferecida a eles<<strong>br</strong> />

não corresponde aos hábitos alimentares dos indígenas. As<<strong>br</strong> />

crianças não aceitam produtos enlatados e massas, e não<<strong>br</strong> />

se oferece peixe porque os responsáveis têm medo que elas<<strong>br</strong> />

engasguem. Também não há frutas ou verduras por falta de<<strong>br</strong> />

recurso das escolas. Em algumas, como a “Escola Indígena<<strong>br</strong> />

Zemu´e Haw Tentehar”, a situação é ainda mais precária.<<strong>br</strong> />

Não há estrutura para o preparo da merenda, pois não há<<strong>br</strong> />

cozinha, refeitório, bebedores, geladeira e nem congelador.<<strong>br</strong> />

Várias crianças apresentam problemas de nutrição, fraqueza e<<strong>br</strong> />

algumas adoecem. As escolas não recebem visita de nutricionista,<<strong>br</strong> />

nem de mem<strong>br</strong>os do Conselho de Alimentação Escolar.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Merenda escolar inadequada<<strong>br</strong> />

Com informações de: Mariana Werlang Girardi e Leonardo Pereira Garcia<<strong>br</strong> />

NOVEMBRO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: GUAJAJARA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: BACURIZINHO<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 134


Capítulo III<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA POR OMISSÃO DO PODER PÚBLICO<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: GRAJAÚ<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Representantes da comunidade reclamam da falta de<<strong>br</strong> />

transporte escolar para o atendimento das crianças e dos<<strong>br</strong> />

adolescentes. De acordo com eles, a ausência dos serviços<<strong>br</strong> />

ocorreu devido a um corte orçamentário realizado pelo<<strong>br</strong> />

governo do Maranhão. Havia pelo menos oito meses de<<strong>br</strong> />

atrasos no pagamento dos fornecedores que oferecem os<<strong>br</strong> />

veículos para o transporte escolar. Eles co<strong>br</strong>avam, também,<<strong>br</strong> />

políticas públicas na área de educação, pois em algumas<<strong>br</strong> />

unidades escolares faltam materiais básicos para os alunos<<strong>br</strong> />

e até merenda.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Deficiências no transporte escolar<<strong>br</strong> />

Com informações de: O Estado do Maranhão, 5/11/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

MS<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

AGOSTO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: KADIWÉU<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KADIWÉU<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: PORTO MURTINHO<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Comunidade Córrego do Ouro<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O Ministério Público Federal do Mato Grosso do Sul<<strong>br</strong> />

pediram à Justiça que o<strong>br</strong>igasse a União e a prefeitura a<<strong>br</strong> />

construírem e Equiparem em um prazo de até 120 dias<<strong>br</strong> />

uma escola na comunidade. Mesmo assim, o município e a<<strong>br</strong> />

União vêm descumprindo o dever constitucional de fornecer<<strong>br</strong> />

educação escolar de qualidade aos estudantes. As aulas são<<strong>br</strong> />

ministradas em um barracão improvisado e o ensino não é<<strong>br</strong> />

ada<strong>pt</strong>ado para a realidade dos indígenas, gerando um atraso<<strong>br</strong> />

cultural de difícil reparação.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desrespeito às normas federais de educação<<strong>br</strong> />

Com informações de: MPF-MS, 3/8/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

MT 2 Casos<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Estudantes<<strong>br</strong> />

POVO: NAMBIKWARA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: NAMBIKWARA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: COMODORO<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Branca<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Escolas sem a mínima estrutura física para atender<<strong>br</strong> />

os alunos. Além disso falta água e não há merenda para as<<strong>br</strong> />

crianças.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de assistência geral<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Mato Grosso; MPF-MT<<strong>br</strong> />

AGOSTO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: NAMBIKWARA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: NAMBIKWARA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: COMODORO<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Comunidade Mamaindê<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A escola da comunidade está em péssimas condições<<strong>br</strong> />

e sofre com a precária infraestrutura, a inexistência das<<strong>br</strong> />

mínimas condições de funcionamento falta de higiene, de<<strong>br</strong> />

acomodação e de segurança para as crianças da comunidade.<<strong>br</strong> />

Existem cerca de 120 alunos sem estudar e 59 ainda sem<<strong>br</strong> />

alfabetização e apenas uma sala de aula.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência geral<<strong>br</strong> />

Com informações de: MPF-MT<<strong>br</strong> />

PA 4 Casos<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidades<<strong>br</strong> />

POVO: APYTEREWA, ARARA, ARAWETÉ, ASURINI, JURUNA,<<strong>br</strong> />

KAYAPÓ, KURUAYA, XIKRIM e XIPÁYA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: VÁRIAS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ALTAMIRA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: T I Apyterewa, Araweté do Xingu, Asurini do<<strong>br</strong> />

Xingu, Kararaô, Arara, Xipaya,<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A baixa qualidade da formação dos professores indígenas<<strong>br</strong> />

serviu apenas para gerar parâmetros para o MEC. Como<<strong>br</strong> />

resultado, o ensino nas aldeias regrediu muito pois 90% dos<<strong>br</strong> />

alunos formados não possuem ainda condições suficientes<<strong>br</strong> />

para assumirem as aulas. esta situação vem causando a evasão<<strong>br</strong> />

escolar nas aldeias, bem como a migração de alunos indígenas<<strong>br</strong> />

para a cidade em busca de outras escolas, o que causou o esvaziamento<<strong>br</strong> />

de suas comunidades. Outro problema é a péssima<<strong>br</strong> />

qualidade da merenda escolar que, além de ser insuficiente,<<strong>br</strong> />

não supre as necessidades dos alunos. Com relação à oferta<<strong>br</strong> />

de materiais, a avaliação é de que também são insuficientes.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência nas aldeias<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Norte II - Equipe Altamira<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Estudantes<<strong>br</strong> />

POVO: CARA PRETA, MAYTAPU e MUNDURUKU<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: BAIXO TAPAJÓS I<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: AVEIRO<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O governo do Pará nega acesso ao ensino médio a<<strong>br</strong> />

centenas de jovens indígenas da região oeste do estado. Sem<<strong>br</strong> />

escolas nas aldeias, onde moram os Maytapu, Cara Preta e<<strong>br</strong> />

Munduruku, os jovens das comunidades são o<strong>br</strong>igados a mudar<<strong>br</strong> />

para as cidades próximas para continuarem os estudos. De<<strong>br</strong> />

acordo com a legislação <strong>br</strong>asileira, “aos índios é assegurada<<strong>br</strong> />

a oferta do ensino médio diferenciado. Isso corresponde à<<strong>br</strong> />

localização das escolas em terras habitadas pela comunidade<<strong>br</strong> />

indígena (...) Ensino ministrado nas línguas maternas,<<strong>br</strong> />

como forma de preservação da realidade sociolinguística e<<strong>br</strong> />

organização escolar própria”.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de implantação de ensino médio<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Norte II<<strong>br</strong> />

18/5/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidades<<strong>br</strong> />

POVO: DIVERSOS<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: VÁRIAS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: MARABÁ<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Indígenas em articulação com a Federação Nacional dos<<strong>br</strong> />

Trabalhadores na Agricultura Familiar, protestaram na Estrada<<strong>br</strong> />

de Ferro Carajás contra as dificuldades que estão vivendo nas<<strong>br</strong> />

várias aldeias. Não há energia, água, nem transporte escolar.<<strong>br</strong> />

Queixam-se de que a escola está sem professor indígena e<<strong>br</strong> />

que as crianças estão perdendo a cultura tradicional.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de escola e de professor indígena<<strong>br</strong> />

Com informações de: G1-PA, 20/5/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

OUTUBRO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: ASURINI<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: TROCARÁ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: TUCURUÍ<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Trocará<<strong>br</strong> />

135<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo III<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA POR OMISSÃO DO PODER PÚBLICO<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O corpo de bombeiros interditou duas salas de aula de<<strong>br</strong> />

uma escola por apresentarem risco para os alunos e professores.<<strong>br</strong> />

O prédio está com rachaduras nas paredes e no teto.<<strong>br</strong> />

Vidros e janelas que<strong>br</strong>aram quando a estrutura do telhado<<strong>br</strong> />

cedeu. O prédio não possui amarrações e pode desabar a<<strong>br</strong> />

qualquer momento. Por medida de segurança, os indígenas<<strong>br</strong> />

decidiram isolar todo o prédio e foi encaminhado um ofício<<strong>br</strong> />

aos órgãos do Estado solicitando providências a respeito.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência geral<<strong>br</strong> />

Com informações de: G1-PA, 3/11/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

RJ<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

13/2/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Estudantes<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI MBYA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: PARATI-MIRIM<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ANGRA DOS REIS<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Além de não terem acesso ao ensino médio, os estudantes<<strong>br</strong> />

indígena não têm acesso também ao curso de formação de<<strong>br</strong> />

professores. Essa situação perpetua o quadro de insuficiência<<strong>br</strong> />

de professores qualificados ao magistério indígena. Há 17<<strong>br</strong> />

anos o MPF-RJ vem acompanhando a situação e co<strong>br</strong>ando<<strong>br</strong> />

medidas efetivas. De acordo com análises de procuradores da<<strong>br</strong> />

República, jamais foi realizado concurso público específico<<strong>br</strong> />

para a contratação de professores indígenas e não foi criado,<<strong>br</strong> />

no âmbito do estado, o cargo de professor indígena.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de implantação de ensino médio<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Sul; MPF, 13/2/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

RO<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: KAXARARI<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KAXARARI<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: PORTO VELHO<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Comunidade Buriti<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A comunidade Buriti existe há cinco anos e a Seduc<<strong>br</strong> />

ainda não contratou um professor; desse modo, os alunos<<strong>br</strong> />

estão sem aula até hoje. Em 2014 a Seduc fez um acordo<<strong>br</strong> />

com a comunidade, em que esta daria a madeira e a Seduc<<strong>br</strong> />

contribuiria com material (gasolina, corrente, limatão, etc)<<strong>br</strong> />

e as telhas. A comunidade iniciou a construção da escola,<<strong>br</strong> />

que está semi pronta, com carteiras, mesa para o professor<<strong>br</strong> />

e quadro, mas ainda sem professor.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de professor indígena<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Rondônia<<strong>br</strong> />

RR<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

AGOSTO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidades<<strong>br</strong> />

POVO: VÁRIOS POVOS<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: VÁRIAS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: BOA VISTA<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Professores indígenas estaduais e federais entraram em<<strong>br</strong> />

greve para reivindicar melhores condições de ensino e de funcionamento<<strong>br</strong> />

das escolas. Com a greve, quase 90% das escolas<<strong>br</strong> />

ficaram sem aulas. O governo não apresentou propostas para<<strong>br</strong> />

atender as reivindicações, alegando se tratar de greve ilegal.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência<<strong>br</strong> />

Com informações de: G1/RR, 20/8/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

RS<<strong>br</strong> />

2 Casos<<strong>br</strong> />

JANEIRO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Estudantes<<strong>br</strong> />

POVO: KAINGANG<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: GUARITA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: TENENTE PORTELA<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Em 2010, o governo do estado assumiu o compromisso<<strong>br</strong> />

de construir salas de aula, cozinhas e sanitários em duas escolas<<strong>br</strong> />

estaduais localizadas na Terra Indígena Guarita. O MPF-RS<<strong>br</strong> />

impetrou uma Ação Civil Pública, com pedido de liminar, no<<strong>br</strong> />

sentido de que o governo cumpra esse compromisso, no prazo<<strong>br</strong> />

de um ano. Além da escola de Guarita, há também co<strong>br</strong>anças<<strong>br</strong> />

do MPF em relação à escola de ensino fundamental no setor<<strong>br</strong> />

Km 10, em Tenente Portela e à escola estadual na localidade<<strong>br</strong> />

Mato Queimado, todas elas em péssima situação, conforme<<strong>br</strong> />

relatório da Funai. Segundo a procuradora da República Letícia<<strong>br</strong> />

Carapeto Benrdt, o descaso do governo é injustificável<<strong>br</strong> />

e “o tempo necessário e razoável para a conclusão de todos<<strong>br</strong> />

os trâmites administrativos indispensáveis para p início das<<strong>br</strong> />

o<strong>br</strong>as já se esgotou há muito tempo”.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência; omissão; negligência<<strong>br</strong> />

Com informações de: MPF-RS, 14/1/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

10/3/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Crianças<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAINGANG<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: GUARITA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: TENENTE PORTELA<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O MPF-RS entrou na Justiça para garantir a reforma de<<strong>br</strong> />

duas escolas estaduais localizadas na terra indígena, com o<<strong>br</strong> />

objetivo de proporcionar um ambiente digno às crianças. A<<strong>br</strong> />

Justiça determinou que o governo do estado concluísse as<<strong>br</strong> />

benfeitorias no prazo máximo de 90 dias, sob pena de muita<<strong>br</strong> />

diária, conforme cronograma fixado.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de escola<<strong>br</strong> />

Com informações de: MPF-RS 10/3/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

SC<<strong>br</strong> />

5 Casos<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Estudantes<<strong>br</strong> />

POVO: XOKLENG<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: IBIRAMA - LA KLÃNO<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: JOSÉ BOITEUX<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A escola está interditada por falta de condições mínimas<<strong>br</strong> />

para atender os estudantes. Estes precisavam esperar que<<strong>br</strong> />

outras escolas entrem de férias para retornarem às aulas e<<strong>br</strong> />

terminarem o ano letivo. Eles ficaram mais de 30 dias sem aulas.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de escola<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Sul; Lideranças indígenas<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Estudantes<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: VÁRIAS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ARAQUARI<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Piraí, Tarumã, Pindoty, Morro Alto e Reta<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A escolas indígenas estão em péssimas condições de<<strong>br</strong> />

funcionamento. São pequenas, com pouca infraestrutura,<<strong>br</strong> />

com número insuficiente de professores indígenas e não há<<strong>br</strong> />

funcionários para a limpeza ou para a merenda.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de infraestrutura<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Sul<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 136


Capítulo III<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA POR OMISSÃO DO PODER PÚBLICO<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Estudantes<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: MASSIAMBU<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: PALHOÇA<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A escola está sem condições de funcionamento. Juntamente<<strong>br</strong> />

com o MPF, os indígenas lutaram para que a Seduc<<strong>br</strong> />

construísse um novo prédio para a escola indígena. A promessa<<strong>br</strong> />

é de que até o final de 2016 o Estado construirá.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de escola<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Sul<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Estudantes<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ITANHAÉM<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: BIGUAÇÚ<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Há mais de um ano as o<strong>br</strong>as de reparos da escola estão<<strong>br</strong> />

paralisadas. Os alunos estudam em instalações improvisadas,<<strong>br</strong> />

sem as mínimas condições necessárias.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de escola<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Sul<<strong>br</strong> />

NOVEMBRO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: KAINGANG<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ALDEIA KONDÁ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: CHAPECÓ<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Escola Indígenas de Ensino Fundamental<<strong>br</strong> />

Sape-Ty-Kó<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A construção da escola teve início em 2011 com data<<strong>br</strong> />

de entrega prevista para dezem<strong>br</strong>o de 2012. Entretanto, a<<strong>br</strong> />

o<strong>br</strong>a está paralisada desde a<strong>br</strong>il de 2013, em evidente estado<<strong>br</strong> />

de abandono e depredação. Enquanto isso, os estudantes<<strong>br</strong> />

indígenas continuam submetidos às inadequadas condições<<strong>br</strong> />

da antiga escola, que não comporta, há muitos anos, o<<strong>br</strong> />

contingentes de alunos. A justiça federal acolheu pedido<<strong>br</strong> />

do MPF e determinou por meio de sentença que o estado<<strong>br</strong> />

retome as o<strong>br</strong>as da Escola Indígena de Ensino Fundamental<<strong>br</strong> />

Sape-Ty-Kó.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de escola<<strong>br</strong> />

Com informações de: MPF-SC, 23/11/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

SP<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Estudantes<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: JARAGUÁ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: JARAGUÁ<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Guarani Ytu<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Os alunos são dispensados sem assistir a todas as aulas<<strong>br</strong> />

por falta de professores. Essa situação ocorreu desde o início<<strong>br</strong> />

do ano letivo, em 2 de fevereiro. A escola preencheu apenas<<strong>br</strong> />

duas das sete vagas de professores de ensino fundamental no<<strong>br</strong> />

período matinal. O problema é mais grave à noite, quando a<<strong>br</strong> />

escola oferece ensino médio e educação de jovens e adultos:<<strong>br</strong> />

faltam sete professores. Outro grave problema é a falta de<<strong>br</strong> />

espaço pois, conforme o líder local e professor David Martim,<<strong>br</strong> />

“a escola tem duas salas de aula para mais de 200 alunos”.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de professor indígena<<strong>br</strong> />

Com informações de: Folha de S. Paulo, 27/4/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

TO<<strong>br</strong> />

4 Casos<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Estudantes<<strong>br</strong> />

POVO: KRAHÔ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KRAHÔ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ITACAJÁ<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Porteira<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A não contratação de um professor para lecionar a<<strong>br</strong> />

primeira série do ensino médio deixou onze alunos indígenas<<strong>br</strong> />

sem estudar por mais de um ano. A proposta era fazer uma<<strong>br</strong> />

extensão da escola Mankraré, que está localizada na aldeia<<strong>br</strong> />

Serra Grande.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de escola e professor indígena<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional GO/TO; Povo Krahô<<strong>br</strong> />

FEVEREIRO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Eunice da Rocha. Welington Viera, Aparecida Borges, Luís<<strong>br</strong> />

Antônio, Aparecido Borges, Marcio de Jesus e Ana Cristina<<strong>br</strong> />

Karajá<<strong>br</strong> />

POVO: TAPUIA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: CARRETÃO I<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: RUBIATABA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Escola Cacique José Borges<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Os professores indígenas ficaram com os salários atrasados<<strong>br</strong> />

por um período de dois meses. Essa situação gerou<<strong>br</strong> />

uma movimentação da comunidade e os responsáveis pela<<strong>br</strong> />

educação fizeram uma paralisação de dois dias.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Atraso no pagamento de professores<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional GO/TO; Professores Indígenas da Escola Cac. J. Borges<<strong>br</strong> />

MARÇO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: KRAHÔ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KRAHÔ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ITACAJÁ<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O transporte escolar e a entrega da merenda não vinham<<strong>br</strong> />

sendo efetuados. Também não há material didático, pois não<<strong>br</strong> />

houve a entrega do material que se encontrava armazenado<<strong>br</strong> />

no município.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Omissão e negligência do poder público<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional GO/TO; Comunidade Krahô<<strong>br</strong> />

10/3/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Crianças<<strong>br</strong> />

POVO: APINAJÉ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: APINAYÉ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: TOCANTINÓPOLIS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeias Cocal Grande, Bacabinha, Recanto e<<strong>br</strong> />

Riachinho<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A falta de recuperação e o abandono das estradas<<strong>br</strong> />

vicinais vinha impedindo a circulação do transporte escolar.<<strong>br</strong> />

Por este motivo, pelo menos 150 estudantes deixaram de<<strong>br</strong> />

frequentar as aulas na escola estadual. Os problemas das<<strong>br</strong> />

estradas são recorrentes e os indígenas já protocolaram<<strong>br</strong> />

diversos ofícios pedindo providências, porém observa-se<<strong>br</strong> />

a total falta de interesse das autoridades em resolver o<<strong>br</strong> />

problema.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de transporte escolar<<strong>br</strong> />

Com informações de: Carta Capital, 25/3/<strong>2015</strong>; Associação União das Aldeias Apinajé,<<strong>br</strong> />

11/3/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

137<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo III<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA POR OMISSÃO DO PODER PÚBLICO<<strong>br</strong> />

Desassistência geral<<strong>br</strong> />

Registramos em <strong>2015</strong>, 36 casos de desassistência geral<<strong>br</strong> />

nos estados do Acre (2), Amapá (2), Amazonas (5),<<strong>br</strong> />

Bahia (1), Ceará (1), Espírito Santo (1), Maranhão (1),<<strong>br</strong> />

Mato Grosso (1), Mato Grosso do Sul (8), Minas Gerais<<strong>br</strong> />

(1), Pará (6), Rio de Janeiro (1), Rio Grande do Sul (1),<<strong>br</strong> />

Rondônia (1), Roraima (1), Santa Catarina (1), São Paulo<<strong>br</strong> />

(1) e Tocantins (1).<<strong>br</strong> />

Em Mato Grosso do Sul, estado com o maior número<<strong>br</strong> />

de ocorrências, foram registrados casos de comunidades<<strong>br</strong> />

sem água potável, indígenas presos de forma irregular,<<strong>br</strong> />

descarte de toneladas de cestas de alimentos que deixaram<<strong>br</strong> />

de ser entregues nas comunidades, estradas vicinais sem<<strong>br</strong> />

manutenção, sem coleta de lixo e com falta de segurança.<<strong>br</strong> />

No Rio de Janeiro, o Ministério Público constatou,<<strong>br</strong> />

após a realização de uma perícia técnica, que aldeias do<<strong>br</strong> />

povo Guarani não estavam sendo abastecidas com água<<strong>br</strong> />

potável, como também não tinham as mínimas condições<<strong>br</strong> />

de saneamento básico. Para o procurador da República<<strong>br</strong> />

Felipe Bogado, “não se pode admitir que os mais básicos<<strong>br</strong> />

direitos sejam negados aos povos indígenas”. Segundo<<strong>br</strong> />

ele, “a situação nas aldeias é caótica, sendo imperativa<<strong>br</strong> />

uma determinação judicial que tire da inércia a Secretaria<<strong>br</strong> />

Especial de Saúde Indígena”.<<strong>br</strong> />

No estado do Pará, a falta de cumprimento de condicionantes<<strong>br</strong> />

relativas à construção da hidrelétrica de Belo<<strong>br</strong> />

Monte afetou severamente povos da região. Os Xikrin<<strong>br</strong> />

reclamam do atraso na construção de escolas e postos de<<strong>br</strong> />

saúde, assim como a prometida construção de uma casa<<strong>br</strong> />

de farinha, que também não foi realizada. Já o povo Arara<<strong>br</strong> />

denuncia que a vazão reduzida do Rio Xingu, provocada<<strong>br</strong> />

pelas o<strong>br</strong>as do empreendimento, vem fazendo com que as<<strong>br</strong> />

comunidades fiquem sem água para o consumo.<<strong>br</strong> />

Tantos são os problemas causados por Belo Monte que<<strong>br</strong> />

o Ministério Público no Pará denunciou a o<strong>br</strong>a como uma<<strong>br</strong> />

Joana Ortiz<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 138


Capítulo III<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA POR OMISSÃO DO PODER PÚBLICO<<strong>br</strong> />

ação etnocida e pediu intervenção do poder Judiciário.<<strong>br</strong> />

Segundo o MPF, depois de extensa investigação, procuradores<<strong>br</strong> />

concluíram que “o projeto de desenvolvimento do<<strong>br</strong> />

governo <strong>br</strong>asileiro promove a destruição da organização<<strong>br</strong> />

social, dos costumes, das línguas e das tradições de povos<<strong>br</strong> />

indígenas”.<<strong>br</strong> />

Para o MPF, “a ação etnocida suportada pelos nove povos<<strong>br</strong> />

indígenas afetados por Belo Monte foi causada, de um lado,<<strong>br</strong> />

pela falta de rigor do governo no licenciamento da usina:<<strong>br</strong> />

sob o manto do interesse nacional, as o<strong>br</strong>igações foram<<strong>br</strong> />

postergadas ou modificadas de acordo com a conveniência<<strong>br</strong> />

da empresa responsável pelo empreendimento, a Norte<<strong>br</strong> />

Energia S.A. Por outro lado, o próprio governo, ao deixar<<strong>br</strong> />

de cumprir as suas o<strong>br</strong>igações - como fortalecer a Funai e<<strong>br</strong> />

o Ibama e retirar invasores de terras indígenas – contribuiu<<strong>br</strong> />

diretamente para a destruição cultural das etnias”.<<strong>br</strong> />

Ainda segundo o MPF, são vários os exemplos de ações<<strong>br</strong> />

previstas e que a Norte Energia se recusou a cumprir no<<strong>br</strong> />

plano operativo. No caso da educação escolar indígena, a<<strong>br</strong> />

empresa reduziu propositalmente suas o<strong>br</strong>igações a apoiar<<strong>br</strong> />

as secretarias de educação e elaborar materiais didáticos.<<strong>br</strong> />

No caso da saúde indígena, a concessionária de Belo Monte<<strong>br</strong> />

respondeu ao Ministério da Saúde, mais de uma vez, que<<strong>br</strong> />

não cumpriria determinada ação “por entender que não<<strong>br</strong> />

era de sua competência” ou “por não estar contemplada<<strong>br</strong> />

no plano operativo”.<<strong>br</strong> />

Em São Paulo, indígenas Guarani e Guarani Mbya,<<strong>br</strong> />

sofrem há cerca de 10 anos com o vazamento de esgoto<<strong>br</strong> />

em sua área. As fossas onde os dejetos são depositados<<strong>br</strong> />

não têm ligação com a rede de esgoto e, por isso, precisam<<strong>br</strong> />

periodicamente ser limpas, o que não ocorre. Lideranças<<strong>br</strong> />

informaram a morte de nove crianças em razão de doenças.<<strong>br</strong> />

Laudos periciais do MPF identificaram o transbordamento<<strong>br</strong> />

de esgoto na maior parte dos módulos sanitários, além da<<strong>br</strong> />

falta de conservação em 42 fossas e vários compartimentos<<strong>br</strong> />

desativados, mas sem lacração.<<strong>br</strong> />

No Amapá, um integrante da Coordenação Técnica<<strong>br</strong> />

Local da Funai denunciou a desestruturação de serviços<<strong>br</strong> />

essenciais do órgão indigenista, em Parintins, o que impede<<strong>br</strong> />

a prestação de serviços essenciais aos indígenas.<<strong>br</strong> />

DESASSISTÊNCIA GERAL<<strong>br</strong> />

36 Casos<<strong>br</strong> />

AC 2 Casos<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidades<<strong>br</strong> />

POVO: HUNI KUI e KAXINAWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KAXINAWÁ ASHANINKA DO RIO BREU<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: MARECHAL THAUMATURGO<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Cerca de 40 indígenas foram retirados da área Kaxinawá<<strong>br</strong> />

do Rio Breu, localizada em Marechal Thaumaturgo, para<<strong>br</strong> />

outro município. Foram levados para o parque ecológico de<<strong>br</strong> />

Plácido de Castro, com a promessa de vida farta e um modelo<<strong>br</strong> />

de turismo diferenciado. As famílias, longe de seu habitat<<strong>br</strong> />

natura,l veem seus usos e costumes serem drasticamente<<strong>br</strong> />

alterados. A transferência das famílias foi planejada pela<<strong>br</strong> />

prefeitura e por empresários, porém nada saiu do papel a<<strong>br</strong> />

não ser a transferência de domicílio eleitoral. A Federação<<strong>br</strong> />

do Povo Huni Kui confirma a má-fé praticada por aqueles<<strong>br</strong> />

que fizeram promessas que não poderiam ser cumpridas.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência; omissão; negligência<<strong>br</strong> />

Com informações de: Jairo Carioca - Reportagem Especial, 24/11/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

26/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: KATUKINA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KATUKINA/KAXINAWÁ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: CRUZEIRO DO SUL<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: BR 364<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Um grupo de indígenas denunciou o corte no fornecimento<<strong>br</strong> />

da energia elétrica, o que tornou impossível abastecer<<strong>br</strong> />

o reservatório de água das aldeias e, com isso, muitas crianças<<strong>br</strong> />

tiveram diarreia. Ficaram mais de duas semanas sem água.<<strong>br</strong> />

Eles também relataram um grande descaso com a educação.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência; omissão; negligência<<strong>br</strong> />

Com informações de: G1/AC, 27/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

AM<<strong>br</strong> />

5 Casos<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: KOKAMA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: SAPOTAL<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: TABATINGA<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Segundo o presidente da Comissão dos Kokama de<<strong>br</strong> />

Tabatinga, a Funai vinha dificultando a emissão do Registro<<strong>br</strong> />

Administrativo de Nascimento de Indígena (Rani) para o povo<<strong>br</strong> />

Kokama. O coordenador substituto da Funai, Leopoldo Dias,<<strong>br</strong> />

reconheceu a precariedade da estrutura que os servidores têm<<strong>br</strong> />

para trabalhar, especialmente no atendimento aos indígenas.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Recusa de documento indígena<<strong>br</strong> />

Com informações de: Edney Samias - Liderança Kokama, 6/4/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: JUMA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: JUMA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: CANUTAMA<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A comunidade ficou em alerta e aflita com a suspeita de<<strong>br</strong> />

malária entre suas crianças, devido ao precário atendimento de<<strong>br</strong> />

saúde e educação na área. O povo Juma, ao longo das últimas<<strong>br</strong> />

décadas, sofre com risco de extinção devido à diminuição de<<strong>br</strong> />

sua população. Os costumes tradicionais não estão sendo<<strong>br</strong> />

seguidos pelo jovens e as crianças não têm escola na aldeia e,<<strong>br</strong> />

se quiserem estudar, terão que viajar cerca de 800 quilômetros<<strong>br</strong> />

para terem acesso à educação. Dessa forma, ficam sem aprender<<strong>br</strong> />

a ler e escrever na língua tupi-guarani, além de não ficarem na<<strong>br</strong> />

aldeia junto com os pais. Essa separação pode enfraquecer<<strong>br</strong> />

sua cultura. Na aldeia, não há saneamento básico e nem água<<strong>br</strong> />

encanada. A temperatura chega a 32 graus, na som<strong>br</strong>a.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência geral<<strong>br</strong> />

Com informações de: Amazônia Real, 29/1/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

139<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo III<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA POR OMISSÃO DO PODER PÚBLICO<<strong>br</strong> />

AGOSTO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: TIKUNA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: BELÉM DO SOLIMÕES<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: TABATINGA<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A comunidade realizou uma marcha para chamar atenção<<strong>br</strong> />

das autoridades para o alto índice de violência entre os<<strong>br</strong> />

jovens. Segundo o cacique, há a necessidade de fiscalização<<strong>br</strong> />

por parte dos poderes públicos, especialmente da Polícia<<strong>br</strong> />

Federal so<strong>br</strong>e as embarcações que transportam produtos<<strong>br</strong> />

de comerciantes, pois estes, no entendimento do cacique,<<strong>br</strong> />

são responsáveis pelo aumento da violência.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência<<strong>br</strong> />

Com informações de: Rádio EBC, 3/8/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

OUTUBRO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: TIKUNA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: TIKUNA UMARIAÇU<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: TABATINGA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Belém do Solimões e Évaré I, Umariaçu I e II<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Representantes da comunidade indígena, numa assembleia<<strong>br</strong> />

que contou com a participação do MPF, pediram<<strong>br</strong> />

mais segurança para os moradores, alegando que, devido à<<strong>br</strong> />

distância do centro urbano, a comunidade vive sob a ameaça<<strong>br</strong> />

de gangues que se aproveitam da ausência das instituições<<strong>br</strong> />

públicas para espalhar violência. Ainda segundo os indígenas,<<strong>br</strong> />

o policiamento oferecido atualmente é precário e quase<<strong>br</strong> />

inexistente, já que não há base física para o alojamento de<<strong>br</strong> />

policiais.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência geral<<strong>br</strong> />

Com informações de: MPF-AM, 16/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

DEZEMBRO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: MURA e TIKUNA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: VÁRIAS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: MANAUS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Baixo Amazonas<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Representantes indígenas de nove povos foram a<<strong>br</strong> />

Manaus a convite da Funai para participarem da Conferência<<strong>br</strong> />

Nacional de Política Indigenista. Foram surpreendidos<<strong>br</strong> />

com o fato de que não tinham passagens para a viagem de<<strong>br</strong> />

volta às suas aldeias, ficando em Manaus sem alimentação<<strong>br</strong> />

e sem qualquer apoio. Declararam que estavam passando<<strong>br</strong> />

por todo tipo de privações, só contando com o apoio de<<strong>br</strong> />

familiares e de pessoas que se sensibilizaram com a situação.<<strong>br</strong> />

A maioria não tinha condições financeiras de retornar<<strong>br</strong> />

para suas aldeias e tentavam, sem sucesso, contato com<<strong>br</strong> />

a Funai.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência; omissão; negligência<<strong>br</strong> />

Com informações de: A Crítica, 15/12/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

AP<<strong>br</strong> />

2 Casos<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidades<<strong>br</strong> />

POVO: HIXKARYANA e SATERÊ-MAWE<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: NHAMUNDÁ MAPUERA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: PARINTINS<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Conforme denúncia da Coordenação Técnica Local, da<<strong>br</strong> />

Funai, a desestruturação dos serviços essenciais do órgão<<strong>br</strong> />

indigenista, em Parintins, deixou os povos indígenas da região<<strong>br</strong> />

entregues à própria sorte. Sem condições de prestar assistência<<strong>br</strong> />

e oferecer serviços essenciais aos índios, o sucateamento<<strong>br</strong> />

da Funai prejudicou a vida de mais de 20 mil indígenas, nos<<strong>br</strong> />

últimos seis anos.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de assistência geral<<strong>br</strong> />

Com informações de: Repórter Parintins, 14/1/2016<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Estudantes e pesquisadores<<strong>br</strong> />

POVO: GALIBI, KARIPUNA DO AMAPÁ e PALIKUR<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: OIAPOQUE<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Integrantes do Comitê de Patrimônios e Museus<<strong>br</strong> />

da Associação Brasileira de Antropologia denunciaram o<<strong>br</strong> />

estado em que se encontra o Museu Kuahi. O prédio está<<strong>br</strong> />

desativado por problemas estruturais que impedem a sua<<strong>br</strong> />

utilização, tanto por pesquisadores quanto pela população<<strong>br</strong> />

local e pelos povos indígenas de Oiapoque. O museu reúne<<strong>br</strong> />

coleções arqueológicas e etnográficas de arte indígena dos<<strong>br</strong> />

povos do Oiapoque.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Descaso<<strong>br</strong> />

Com informações de: Associação Brasileira de Antropologia (ABA), 14/ 1/2016<<strong>br</strong> />

BA<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidades<<strong>br</strong> />

POVO: DIVERSOS<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: VÁRIAS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: PAULO AFONSO<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Terras indígenas sob a jurisdição de Paulo Afonso<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Tendo em vista o grave problema de fornecimento de<<strong>br</strong> />

água potável às comunidades de Paulo Afonso, o MPF-BA<<strong>br</strong> />

moveu Uma ação civil pública contra a União e a Funai para<<strong>br</strong> />

que toda a população indígena das aldeias recebesse água<<strong>br</strong> />

própria para o consumo. Segundo comunicação da União,<<strong>br</strong> />

o fornecimento atende 26 aldeias, mas outras 45 estão sem<<strong>br</strong> />

esse serviço. Além desse problema, as comunidades não<<strong>br</strong> />

têm saneamento básico nem veículos suficientes para o<<strong>br</strong> />

transporte dos doentes.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de água potável e de saneamento básico<<strong>br</strong> />

Com informações de: Justiça Federal - Seção Judiciária da Bahia, 10/7/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

CE<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: PITAGUARY<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: PITAGUARY<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: MARACANAU<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Os indígenas iniciaram uma ação para reduzir a entrada<<strong>br</strong> />

de pessoas na terra indígena com o intuito de fazer festas à<<strong>br</strong> />

beira do açude Santo Antônio. Segundo Madalena Pitaguary,<<strong>br</strong> />

eles não são contra as visitas, mas a invasão nos fins de semana,<<strong>br</strong> />

com bebidas e drogas, e sem o consentimento dos índios,<<strong>br</strong> />

vem modificando o modo de vida de alguns integrantes da<<strong>br</strong> />

comunidade. Segundo ela, “com essa exposição, os nossos<<strong>br</strong> />

curumins não podem mais andar nus e nem correr livres<<strong>br</strong> />

pela aldeia”.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Turismo em aldeias<<strong>br</strong> />

Com informações de: Ceará Agora, 5/3/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 140


Capítulo III<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA POR OMISSÃO DO PODER PÚBLICO<<strong>br</strong> />

ES<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

NOVEMBRO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Nove aldeias<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e TUPINIKIM<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: TUPINIQUIM<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ARACRUZ<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Os rejeitos de minério de lama da Samarco, consequência<<strong>br</strong> />

do maior desastre ambiental do país, chegaram à<<strong>br</strong> />

Lagoa Monsarás, no distrito de Povoação, em Linhares. Desde<<strong>br</strong> />

então, o povo indígena está impedido de exercer a pesca<<strong>br</strong> />

tradicional, sua principal atividade de subsistência. A lagoa<<strong>br</strong> />

sempre foi utilizada para a produção e reprodução de peixes<<strong>br</strong> />

e a irrigação de pastagens. As lideranças ressaltam que a lama<<strong>br</strong> />

prejudica não só todo o território indígena de Aracruz, que<<strong>br</strong> />

a<strong>br</strong>ange nove aldeias, como os rios e o mar do município, o<<strong>br</strong> />

que acabou com as áreas de pesca. Os índios também estão<<strong>br</strong> />

impedidos de catar mariscos e de retirar o sustento dos rios<<strong>br</strong> />

que compreendem a bacia do Rio Doce.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Rompimento de barragem<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Leste<<strong>br</strong> />

MA 1 Caso<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: GAVIÃO<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: GOVERNADOR<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: AMARANTE DO MARANHÃO<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia Canto Bom<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: As lideranças denunciaram que há mais de três anos<<strong>br</strong> />

estão lutando para que a Sesai/Dsei perfure um poço artesiano<<strong>br</strong> />

na comunidade. Enquanto não são atendidos, os indígenas<<strong>br</strong> />

buscam água a quatro km para suprirem suas necessidades.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de água potável<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Maranhão - Equipe Imperatriz<<strong>br</strong> />

MG<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

NOVEMBRO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: KRENAK<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KRENAK<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: MARIANA<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Com a chegada da onda de lama com os rejeitos da<<strong>br</strong> />

mineradora Samarco ao município de Resplendor, as 126<<strong>br</strong> />

famílias que vivem na aldeia, às margens do manancial, testemunharam<<strong>br</strong> />

a morte do rio, elemento fundamental da cultura<<strong>br</strong> />

do povo. O povo indígena possui reserva cortada pelo rio,<<strong>br</strong> />

numa extensão de aproximadamente 4.000 hectares. Como<<strong>br</strong> />

disse o cacique Leomir Cecílio de Souza: “Muitos aí fora<<strong>br</strong> />

acham que o rio é só água e peixe mas, para nós, era a fonte<<strong>br</strong> />

de so<strong>br</strong>evivência e uma questão de cultura. Desde o início<<strong>br</strong> />

dos nossos antepassados, o Rio Doce mantém nosso povo.<<strong>br</strong> />

É questão de religião, é sagrado. Mas agora ele está morto”.<<strong>br</strong> />

“Morre o rio, morremos nós”, disse a liderança Geovani Krenak.<<strong>br</strong> />

Esse desalento percorre todo o povo: “O rio era tudo para<<strong>br</strong> />

a gente. O que a Vale e a Samarco fizeram destruiu o povo<<strong>br</strong> />

Krenak”, declara Potiara Félix, 32. Um indígena Krenak que<<strong>br</strong> />

trabalhava como meeiro numa fazenda local, após a terra<<strong>br</strong> />

ser engolida pela lama, andou até o Rio de Janeiro e hoje<<strong>br</strong> />

vive embaixo de uma árvore sem saber como so<strong>br</strong>eviver. O<<strong>br</strong> />

Rio Doce é tema de antigas canções na língua Krenak, que<<strong>br</strong> />

elogiam sua beleza e a fartura de alimentos proporcionada<<strong>br</strong> />

por suas águas. “.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Barragem mal planejada<<strong>br</strong> />

Com informações de: Notícias UOL, 19/11/<strong>2015</strong>; BBC Brasil /SP, 18/1/2016; Cimi<<strong>br</strong> />

Regional Leste<<strong>br</strong> />

MS<<strong>br</strong> />

8 Casos<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: PYELLITO KUE<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: NAVIRAÍ<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A comunidade sofre com a precariedade das condições<<strong>br</strong> />

de vida, com a falta de assistência básica em diversas áreas<<strong>br</strong> />

sociais, sendo a ausência de abastecimento de água apenas<<strong>br</strong> />

um dos vários problemas enfrentados. Diante dessa situação,<<strong>br</strong> />

o juiz federal de Naviraí deferiu o pedido do Ministério<<strong>br</strong> />

Público Federal para determinar à União o fornecimento de<<strong>br</strong> />

água potável à comunidade, por meio de caminhão-pipa.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência geral<<strong>br</strong> />

Com informações de: Dourados Agora, 29/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidades<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: DOURADOS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: DOURADOS<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Sem coleta de lixo, as aldeias de Dourados registraram<<strong>br</strong> />

um surto de dengue. Entre 2014 e <strong>2015</strong> houve demais de<<strong>br</strong> />

3.000% de crescimento da doença.. Zelik Trajber, médico que<<strong>br</strong> />

atua nas aldeias há mais de 15 anos, declarou que, além do<<strong>br</strong> />

problema do lixo, há um desabastecimento constante de água<<strong>br</strong> />

e muitas famílias guardam água em recipientes em casa, o<<strong>br</strong> />

que também é uma atividade de risco para a proliferação do<<strong>br</strong> />

mosquito. No entanto, é a única alternativa da comunidade<<strong>br</strong> />

para ter água em épocas de escassez.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de assistência geral<<strong>br</strong> />

Com informações de: O Progresso, 15/2/2016<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidades<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: DOURADOS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: DOURADOS<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A prefeitura de Dourados recebeu mais de R$ 5 milhões<<strong>br</strong> />

em recursos federais de dois convênios com a União para<<strong>br</strong> />

investimento nas estradas rurais do município e lançou um<<strong>br</strong> />

programa de recuperação de 1.800 km em estradas vicinais.<<strong>br</strong> />

Foi noticiada a realização de o<strong>br</strong>as em todos os distritos do<<strong>br</strong> />

município, inclusive a construção de seis pontes de concreto.<<strong>br</strong> />

Todos os distritos foram atendidos menos a Reserva<<strong>br</strong> />

Indígena de Dourados. A prefeitura alegou que “não tem<<strong>br</strong> />

jurisdição so<strong>br</strong>e áreas indígenas e que a responsabilidade era<<strong>br</strong> />

da Funai”. Segundo o MPF, a precariedade das estradas que<<strong>br</strong> />

dão acesso às terras onde vivem as comunidades indígenas<<strong>br</strong> />

não permite o tráfego de transporte escolar, de ambulância<<strong>br</strong> />

e de veículos da PM e da Força Nacional, o que compromete<<strong>br</strong> />

diretamente os direitos fundamentais à educação, saúde<<strong>br</strong> />

e segurança. Classificou ainda de “absurda” a alegação da<<strong>br</strong> />

prefeitura, acrescentando que cabe à Funai políticas indigenistas<<strong>br</strong> />

e não a construção de estradas e vias de tráfego<<strong>br</strong> />

141<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo III<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA POR OMISSÃO DO PODER PÚBLICO<<strong>br</strong> />

de veículos. A 4ª Turma do TFR-3 negou provimento ao<<strong>br</strong> />

recurso da prefeitura de Dourados<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Omissão e negligência do poder público<<strong>br</strong> />

Com informações de: Assessoria de Comunicação do MPF-MS<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ARROIO KORÁ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: PARANHOS<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Por pelo menos oito meses os indígenas sofreram com<<strong>br</strong> />

a falta de água potável. O abastecimento realizado pelos<<strong>br</strong> />

caminhões-pipa é irregular e quando chove não chegam à<<strong>br</strong> />

aldeia devido à péssima condição de acesso ao local.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de água potável<<strong>br</strong> />

Com informações de: MPF-MS, 15/5/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

JANEIRO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: DOURADOS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: DOURADOS<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A falta de água na terra indígena piorou com a seca de<<strong>br</strong> />

um dos poços. São somente seis poços para abastecer cerca<<strong>br</strong> />

de 17 mil pessoas. Com uma unidade sem funcionamento<<strong>br</strong> />

e outras duas sem muita vazão, a falta de água nas aldeias<<strong>br</strong> />

é constante.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de água<<strong>br</strong> />

Com informações de: G1/MS, 27/1/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

JANEIRO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidades<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e GUARANI KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: PONTA PORÃ<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeias de Ponta Porã e região<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O Ministério Público Federal-MS denunciou o descarte de<<strong>br</strong> />

toneladas de cestas de alimentos que deixaram de ser entregues<<strong>br</strong> />

às comunidades indígenas da região de Ponta Porã no final de<<strong>br</strong> />

2014 e início de <strong>2015</strong>. Os alimentos deveriam ser entregues<<strong>br</strong> />

pela empresa Paraná Soluções Logísticas e Transportes Ltda.,<<strong>br</strong> />

que descumpriu o contrato, resultando no desabastecimento<<strong>br</strong> />

das aldeias. Em Mato Grosso do Sul a compra e a entrega de<<strong>br</strong> />

cestas de alimentos para as comunidades indígenas é uma<<strong>br</strong> />

responsabilidade compartilhada entre os governos federal e<<strong>br</strong> />

estadual, que realizam a ação, respectivamente, em 31 dos<<strong>br</strong> />

28 município do estado.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de alimentação<<strong>br</strong> />

Com informações de: MPF-MS<<strong>br</strong> />

ABRIL<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI, GUARANI e KAIOWÁ e TERENA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: VÁRIAS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: DOURADOS<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O Observatório de Direitos Indígenas denunciou que<<strong>br</strong> />

80 indígenas estariam presos de forma irregular no Presídio<<strong>br</strong> />

Estadual de Dourados. Relataram que as prisões não levam<<strong>br</strong> />

em conta os artigos do Estatuto do Índio. Este documento<<strong>br</strong> />

dispõe que a pena deve ser reduzida e cumprida em regime<<strong>br</strong> />

de semi liberdade em órgãos federais como postos da<<strong>br</strong> />

Funai dentro da reserva, dispõe também que o juiz deve<<strong>br</strong> />

levar em conta o grau de instrução do preso. Segundo o<<strong>br</strong> />

Observatório, em 99% dos casos dos índios que cumpriram<<strong>br</strong> />

pena no presídio, eles voltaram para as aldeias verdadeiros<<strong>br</strong> />

“profissionais do crime”.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência geral<<strong>br</strong> />

Com informações de: Correio do Estado, 6/4/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

JULHO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e KAIOWÁ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: DOURADOS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: DOURADOS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeias Jguapiru e Bororó<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Desde que a Força Nacional deixou as aldeias de Dourados<<strong>br</strong> />

para atender conflitos entre indígenas e fazendeiros<<strong>br</strong> />

na região sul de Mato Grosso do Sul e que a Polícia Federal<<strong>br</strong> />

parou as rondas diárias, os crimes aumentaram nas duas<<strong>br</strong> />

maiores aldeias da cidade. Após a saída da PF, 42 boletins<<strong>br</strong> />

de ocorrência foram registrados nas comunidades indígenas;<<strong>br</strong> />

diversos deles relacionados ao uso de álcool e drogas. A Polícia<<strong>br</strong> />

Militar voltou a ser encarregada do patrulhamento nas aldeias<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência nas aldeias<<strong>br</strong> />

Com informações de: G1/MS; TV Morena, 14/9/<strong>2015</strong>; Cimi Regional Mato Grosso do Sul<<strong>br</strong> />

MT 1 Caso<<strong>br</strong> />

MAIO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: NAMBIKWARA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: VALE DO GUAPORÉ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: COMODORO<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A BR 174, que corta a terra indígena, está sem sinalização.<<strong>br</strong> />

A comunidade relata a ocorrência de frequentes<<strong>br</strong> />

acidentes envolvendo pessoas e o atropelamento de animais<<strong>br</strong> />

silvestres que atravessam a rodovia. Outra situação relatada<<strong>br</strong> />

pelos indígenas foi a falta de alimentos para a comunidade.<<strong>br</strong> />

Solicitam a retomada da parceria entre a Funai e a prefeitura<<strong>br</strong> />

de Comodoro para o plantio de arroz e de outros gêneros<<strong>br</strong> />

alimentícios no interior da terra indígena, para a própria<<strong>br</strong> />

subsistência.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de assistência geral<<strong>br</strong> />

Com informações de: MP-/MT, 6/5/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

PA 6 Casos<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Povos atingidos pela Usina de Belo Monte<<strong>br</strong> />

POVO: DIVERSOS<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: VÁRIAS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ALTAMIRA<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A falta de cumprimento das condicionantes, por parte<<strong>br</strong> />

da Norte Energia, na construção da Usina Hidrelétrica de<<strong>br</strong> />

Belo Monte trouxe como consequência uma situação insustentável<<strong>br</strong> />

para a vida dos povos indígenas atingidos. Entre<<strong>br</strong> />

vários problemas relatados pelo MPF, são citados alguns<<strong>br</strong> />

exemplos do que Belo Monte representa aos povos indígenas<<strong>br</strong> />

do médio Xingu: presença constante dos índios na cidade,<<strong>br</strong> />

em locais provisórios e degradantes; ru<strong>pt</strong>ura completa da<<strong>br</strong> />

capacidade produtiva e alimentar; conflitos sociais; divisão<<strong>br</strong> />

de aldeias e deslegitimação das lideranças; aumento do<<strong>br</strong> />

alcoolismo, consumo de drogas e violência sexual contra<<strong>br</strong> />

menores; modificação dos hábitos alimentares; surgimento<<strong>br</strong> />

de novas doenças, como diabetes, obesidade e hipertensão;<<strong>br</strong> />

super produção de lixo nas aldeias; diminuição da oferta<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 142


Capítulo III<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA POR OMISSÃO DO PODER PÚBLICO<<strong>br</strong> />

de recursos naturais; conflitos interétnicos; impedimento<<strong>br</strong> />

do usufruto de seus territórios; e desestímulo às atividades<<strong>br</strong> />

tradicionais.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de assistência geral; infraestrutura<<strong>br</strong> />

Com informações de: MPF-PA, 4/3/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidades<<strong>br</strong> />

POVO: MUNDURUKU<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: IPIXUNA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ITAITUBA<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Em inspeção nas aldeias, o MPF constatou que o<<strong>br</strong> />

abandono e a falta de manutenção das estruturas sanitárias<<strong>br</strong> />

existentes provocam contaminação do Igarapé Ipixuna, nas<<strong>br</strong> />

margens do qual ficam as duas aldeias indígenas. Segundo o<<strong>br</strong> />

MPF “se trata de situação vivenciada desde longa data sem<<strong>br</strong> />

qualquer medida afirmativa do órgão com as comunidades”.<<strong>br</strong> />

Complementando, o juiz federal Ilan Presser acrescentou que<<strong>br</strong> />

“a persistência dessas condições recrudescerá os já elevados<<strong>br</strong> />

índices de mortalidade dos povos indígenas no Brasil”.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de saneamento<<strong>br</strong> />

Com informações de: MPF-PA, 5/5/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: XIKRIN<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: TRINCHEIRA/BACAJÁ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ANAPU<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeias Kráin e Pot’krô<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A comunidade indígena afetada pela construção da<<strong>br</strong> />

usina hidrelétrica de Belo Monte reclama do atraso nas<<strong>br</strong> />

o<strong>br</strong>as que iriam melhorar a vida nas aldeias. A construção de<<strong>br</strong> />

escolas e postos de saúde também está no plano elaborado<<strong>br</strong> />

para beneficiar as aldeias, mas, por enquanto, só foi feita a<<strong>br</strong> />

limpeza dos terrenos e as crianças estudam em salas improvisadas,<<strong>br</strong> />

com pouca iluminação e quentes. A construção de<<strong>br</strong> />

uma nova casa de farinha é uma das melhorias previstas para<<strong>br</strong> />

compensar os impactos que a aldeia sofre com a construção<<strong>br</strong> />

da usina. A o<strong>br</strong>a não foi concluída e os índios produzem a<<strong>br</strong> />

farinha de forma precária em um barraco coberto de palha,<<strong>br</strong> />

que molha quando chove.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência nas aldeias<<strong>br</strong> />

Com informações de: G1/PA, 12/5/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Nove povos indígenas<<strong>br</strong> />

POVO: DIVERSOS<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: VÁRIAS<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ALTAMIRA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Povos atingidos pela hidrelétrica Belo Monte<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Segundo o Ministério Público Federal, a implantação<<strong>br</strong> />

da usina Belo Monte constitui uma ação etnocida do Estado<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>asileiro e da concessionária Norte Energia, “evidenciada<<strong>br</strong> />

pela destruição da organização social, dos costumes, das<<strong>br</strong> />

línguas e das tradições dos grupos indígenas impactados”.<<strong>br</strong> />

Após uma longa investigação do MPF, ficaram comprovadas<<strong>br</strong> />

as irregularidades encontradas na construção da usina e os<<strong>br</strong> />

efeitos trágicos de Belo Monte so<strong>br</strong>e os povos indígenas<<strong>br</strong> />

afetados. O que demonstra, mais uma vez, que em vez de<<strong>br</strong> />

protegidos, eles foram violados em suas tradições culturais<<strong>br</strong> />

e enfrentam a possibilidade concreta de desaparecimento,<<strong>br</strong> />

pela forma como o licenciamento ambiental foi conduzido,<<strong>br</strong> />

mesmo que tais riscos e danos já estivessem indicados no<<strong>br</strong> />

EIA-Rima e expressamente mencionados no licenciamento.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Não cumprimento de condicionantes<<strong>br</strong> />

Com informações de: Assessoria de Comunicação do MPF-PA, 10/12/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade Indígena<<strong>br</strong> />

POVO: ARARA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ARARA DA VOLTA GRANDE<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ALTAMIRA<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Com a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte,<<strong>br</strong> />

os impactos ambiental, econômico, social e cultural são<<strong>br</strong> />

de grande magnitude para o povo Arara, da Volta Grande.<<strong>br</strong> />

A vazão reduzida provocada pelo empreendimento, no<<strong>br</strong> />

trecho da Volta Grande do Xingu, vem fazendo com que os<<strong>br</strong> />

Arara fiquem sem água até para o consumo, tendo em vista<<strong>br</strong> />

que sempre consumiram água retirada do Rio Xingu. Sem<<strong>br</strong> />

o sistema de abastecimento, os Arara ficam vulneráveis e<<strong>br</strong> />

suscetíveis a contrair doenças parasitárias, sendo as crianças<<strong>br</strong> />

o alvo principal.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Desassistência; omissão; negligência<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Norte II - Equipe Altamira<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade Indígena<<strong>br</strong> />

POVO: ARARA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: ARARA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ALTAMIRA<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeia<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Com a presença de pescadores e de pessoas envolvidas<<strong>br</strong> />

na construção de casas nas aldeias, bem como os constantes<<strong>br</strong> />

deslocamentos dos mesmos para a cidade, tendo em vista<<strong>br</strong> />

diferentes ações que são desenvolvidas através da empreendedora<<strong>br</strong> />

de Belo Monte, os Arara passaram a consumir com<<strong>br</strong> />

maior frequência bebidas alcoólicas e drogas (cachaça e<<strong>br</strong> />

maconha). Esse consumo desenfreado de álcool vem trazendo<<strong>br</strong> />

consequências desastrosas para o povo como, por<<strong>br</strong> />

exemplo, violência doméstica e gerando atritos entre famílias<<strong>br</strong> />

(conflitos internos).<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Consumo de bebida alcoólica e drogas<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Norte II - Equipe Altamira<<strong>br</strong> />

RJ<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidades<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: PARATI - MIRIM<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: ANGRA DOS REIS<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeias Sapukai, Araponga, Rio Pequeno e<<strong>br</strong> />

Parati-Mirim<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: O MPF-RJ constatou, após a realização de perícia<<strong>br</strong> />

técnica, que as aldeias não estão sendo abastecidas com água<<strong>br</strong> />

potável e não apresentam as mínimas condições de saneamento<<strong>br</strong> />

básico. Além disso, os documentos revelam que não há<<strong>br</strong> />

um cronograma ou planejamento para melhoria da situação.<<strong>br</strong> />

Conforme o procurador da República Felipe Bogado, “não<<strong>br</strong> />

se pode admitir que os mais básicos direitos sejam negados<<strong>br</strong> />

aos povos indígenas. A situação nas aldeias é caótica, sendo<<strong>br</strong> />

imperativa uma determinação judicial que tire da inércia a<<strong>br</strong> />

Secretaria Especial da Saúde Indígena, a Sesai”.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de água potável e de saneamento básico<<strong>br</strong> />

Com informações de: Assessoria de Comunicação do MPF-RJ, 1/12/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

143<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo III<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA POR OMISSÃO DO PODER PÚBLICO<<strong>br</strong> />

RO<<strong>br</strong> />

DEZEMBRO<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Alícia Guarasugwe<<strong>br</strong> />

POVO: GUARASUGWE<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: GUARASUGWE<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: PIMENTEIRAS<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A indígena deu à luz uma criança e, ao receber alta do<<strong>br</strong> />

hospital, foi impedida de levar a filha por falta de documentação.<<strong>br</strong> />

Só após a intervenção do MPF, a criança foi liberada<<strong>br</strong> />

e ambas foram à Casai para aguardar a regularização dos<<strong>br</strong> />

documentos. Depois de uma semana de espera voltaram<<strong>br</strong> />

a Pimenteiras sem que o hospital tivesse fornecido algum<<strong>br</strong> />

atestado e sem nenhuma providência da Funai. A comunidade<<strong>br</strong> />

indígena luta há décadas pelo reconhecimento étnico<<strong>br</strong> />

e que lhe sejam assegurados direitos fundamentais, como o<<strong>br</strong> />

de obter o registro civil junto à Funai.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Ausência de documento<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Rondônia; Lideranças do povo Guarasugwe<<strong>br</strong> />

RR<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

MARÇO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: ISOLADOS e YANOMAMI<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: YANOMAMI<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: BOA VISTA<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: No início de 2012, um grupo de garimpeiros foi desarticulado<<strong>br</strong> />

por meio da construção, pela Funai, de uma base de<<strong>br</strong> />

apoio que inviabilizava o acesso à terra indígena. No entanto,<<strong>br</strong> />

em março de<strong>2015</strong>, a Funai retirou os servidores da Serra da<<strong>br</strong> />

Estrutura, alegando falta de condições materiais e logísticas<<strong>br</strong> />

para manter a base funcionando. Desse modo, os indígenas<<strong>br</strong> />

isolados Moxi Hatetea ficaram desprotegidos. Os garimpeiros<<strong>br</strong> />

voltaram a invadir a região da Serra, fazendo voos clandestinos<<strong>br</strong> />

semanais para levar mantimentos e equipamentos para o<<strong>br</strong> />

garimpo. A existência de garimpeiros no local é uma ameaça<<strong>br</strong> />

à vida dos índios Yanomami isolados, que habitam a região.<<strong>br</strong> />

Trata-se de um grupo muito vulnerável a doenças e o contato<<strong>br</strong> />

direto com os garimpeiros poderá provocar a dizimação da<<strong>br</strong> />

comunidade. Além do mais, os garimpeiros estão aliciando<<strong>br</strong> />

jovens Yanomami a praticar atividade garimpeira oferecendo<<strong>br</strong> />

alimentos, rádios, celulares e, muitas vezes, ameaçando<<strong>br</strong> />

destruir as aldeias, caso os Yanomami não contribuam com<<strong>br</strong> />

eles. A Terra Indígena Yanomami, desta forma, está ameaçada<<strong>br</strong> />

pelos Garimpeiros, que aumentam a cada dia sua presença,<<strong>br</strong> />

danificando a floresta, poluindo os rios e trazendo danos<<strong>br</strong> />

irreparáveis à saúde e à cultura dos indígenas.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Omissão e negligência do poder público<<strong>br</strong> />

Com informações de: Hutukara Associação Yanomami, 1/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

RS<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: CACHOEIRA DO SUL<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Araxatê - BR-153<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Segundo o MPF-RS, a comunidade Guarani encontravase<<strong>br</strong> />

sem água encanada, sem energia elétrica, sem saneamento<<strong>br</strong> />

básico, havendo apenas um banheiro para atender os residentes,<<strong>br</strong> />

e sem atendimento médico/odontológico, dentre<<strong>br</strong> />

outras condições precárias. O MPF co<strong>br</strong>ou, então, da União,<<strong>br</strong> />

da Funai e do estado do Rio Grande do Sul, providências para<<strong>br</strong> />

a efetivação dos direitos indígenas nesses quesitos.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de assistência geral<<strong>br</strong> />

Com informações de: Assessoria de Comunicação do MPF-RS, 28/1/2016<<strong>br</strong> />

SC<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

11/9/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Marilene Bandeira e criança<<strong>br</strong> />

POVO: KAINGANG<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: BOA VISTA<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: LARANJEIRAS DO SUL<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: A indígena vive com a filha de um ano sob o elevado<<strong>br</strong> />

Dias Velho, em Florianópolis. Deixou outras cinco crianças<<strong>br</strong> />

com o marido na terra Kaingang, para vender artesanato,<<strong>br</strong> />

cestos e balaios. Foi proibida de ficar no terminal rodoviário<<strong>br</strong> />

e, embora tenha procurado, algumas vezes, a<strong>br</strong>igo para<<strong>br</strong> />

pernoitar no Albergue Noturno, mantido pela maçonaria,<<strong>br</strong> />

ou na rede vinculada ao Centro de Referência à População<<strong>br</strong> />

em Situação de Rua, da Secretaria Municipal de Assistência<<strong>br</strong> />

Social, nunca conseguiu vaga.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Omissão e negligência do poder público<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional Sul<<strong>br</strong> />

SP<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidades Jaraguá e Parelheiros<<strong>br</strong> />

POVO: GUARANI e GUARANI MBYA<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: TEKOHA PORÁ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: SÃO PAULO<<strong>br</strong> />

LOCAL DA OCORRÊNCIA: Aldeias Tenondé-Porã, Barragem, Krukutu,<<strong>br</strong> />

Tekoha Pyau e Tekoha Ytu<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: Há cerca de 10 anos, quatro aldeias localizadas na capital<<strong>br</strong> />

paulista - em Parelheiros e Jaraguá -, sofrem com a ausência do<<strong>br</strong> />

poder público no que se refere ao saneamento básico. As fossas<<strong>br</strong> />

onde os dejetos são depositados não têm ligação com a rede<<strong>br</strong> />

de esgoto, e, por isso, precisam passar por limpeza periodicamente,<<strong>br</strong> />

o que não ocorre. As cavidades não são inspecionadas<<strong>br</strong> />

e esvaziadas com regularidade, o que tem provocado danos<<strong>br</strong> />

à saúde dos habitantes. Lideranças indígenas informaram a<<strong>br</strong> />

morte de nove crianças em razão de doenças adquiridas nesse<<strong>br</strong> />

tempo pelo transbordamento de esgoto nas aldeias. Além disso,<<strong>br</strong> />

o vazamento dos dejetos pode contaminar o solo das aldeias<<strong>br</strong> />

e os lençóis freáticos. Laudos periciais do MPF identificaram<<strong>br</strong> />

o transbordamento de esgoto na maior parte dos módulos<<strong>br</strong> />

sanitários. Só nos dois agrupamentos indígenas do Jaraguá, os<<strong>br</strong> />

técnicos apontaram vazamentos e falta de conservação em 42<<strong>br</strong> />

fossas e vários compartimentos desativados, mas sem lacração.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de saneamento<<strong>br</strong> />

Com informações de: Assessoria de Comunicação do MPF-SP, 6/10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

TO<<strong>br</strong> />

1 Caso<<strong>br</strong> />

MARÇO<<strong>br</strong> />

VÍTIMA: Comunidade<<strong>br</strong> />

POVO: KRAHÔ<<strong>br</strong> />

TERRA INDÍGENA: KRAHÔ<<strong>br</strong> />

MUNICÍPIO: GOIATINS<<strong>br</strong> />

DESCRIÇÃO: As estradas se encontram em mau estado de conservação<<strong>br</strong> />

e inacabadas, prejudicando o tráfego dos indígenas dentro<<strong>br</strong> />

da área. Além das estradas, os bueiros e pontes põem em<<strong>br</strong> />

risco a segurança e a vida dos indígenas.<<strong>br</strong> />

MEIO EMPREGADO: Falta de infraestrutura<<strong>br</strong> />

Com informações de: Cimi Regional GO/TO; Comunidade Krahô<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 144


Capítulo IV<<strong>br</strong> />

Violência Contra os Povos Indígenas<<strong>br</strong> />

Isolados e de Pouco Contato<<strong>br</strong> />

147 O “desenvolvimento”<<strong>br</strong> />

acima da própria vida<<strong>br</strong> />

152 Relação dos Povos<<strong>br</strong> />

Indígenas Isolados no Brasil


Gleilson Miranda/Funai<<strong>br</strong> />

“<<strong>br</strong> />

Esta realidade é ainda mais gritante na Amazônia.<<strong>br</strong> />

A veloz implantação de gigantescas o<strong>br</strong>as de infraestrutura nesta região,<<strong>br</strong> />

que se estende para além das fronteiras <strong>br</strong>asileiras, transformam a<<strong>br</strong> />

área da maior floresta tropical do mundo num amplo canteiro de o<strong>br</strong>as,<<strong>br</strong> />

desconsiderando a presença dos seus povos originários, especialmente os<<strong>br</strong> />

que permanecem isolados, e das comunidades tradicionais<<strong>br</strong> />

”<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 146


O “desenvolvimento”<<strong>br</strong> />

acima da própria vida<<strong>br</strong> />

Capítulo IV<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA OS POVOS INDÍGENAS ISOLADOS E DE POUCO CONTATO<<strong>br</strong> />

Equipe de Apoio aos Povos Indígenas Isolados, do Cimi<<strong>br</strong> />

Brasil intensificou, nos últimos anos, a política de<<strong>br</strong> />

O crescimento econômico baseada na exploração dos<<strong>br</strong> />

bens naturais para a exportação. Este modelo, além de<<strong>br</strong> />

manter em si um antigo princípio colonialista, é um dos<<strong>br</strong> />

responsáveis por ter cravado as marcas da desigualdade<<strong>br</strong> />

social e da injustiça ambiental no país. Uma de suas principais<<strong>br</strong> />

características é a alta concentração de benefícios<<strong>br</strong> />

nas mãos de poucos, enquanto os impactos e prejuízos,<<strong>br</strong> />

muitos deles irreversíveis, pesam so<strong>br</strong>e as costas de comunidades<<strong>br</strong> />

indígenas, camponesas, ribeirinhas e quilombolas<<strong>br</strong> />

e repercutem, ainda, no inchaço de centenas de cidades.<<strong>br</strong> />

Mesmo sendo secular, este modelo continua em crescente<<strong>br</strong> />

expansão, lem<strong>br</strong>ando-nos, forçosamente, das políticas do<<strong>br</strong> />

mal chamado “desenvolvimento”, que a ditadura civil e<<strong>br</strong> />

militar impulsionou na década de 1970.<<strong>br</strong> />

Esta realidade é ainda mais gritante na Amazônia. A<<strong>br</strong> />

veloz implantação de gigantescas o<strong>br</strong>as de infraestrutura<<strong>br</strong> />

nesta região, que se estende para além das fronteiras<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>asileiras, transformam a área da maior floresta tropical<<strong>br</strong> />

do mundo num amplo canteiro de o<strong>br</strong>as, desconsiderando<<strong>br</strong> />

a presença dos seus povos originários, especialmente<<strong>br</strong> />

os que permanecem isolados, e das comunidades<<strong>br</strong> />

tradicionais.<<strong>br</strong> />

Um caso emblemático é o da construção das hidrelétricas<<strong>br</strong> />

de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira, em Rondônia. A<<strong>br</strong> />

existência de diversos grupos em isolamento voluntário<<strong>br</strong> />

nesta área só foi reconhecida oficialmente pelo governo<<strong>br</strong> />

depois que todas as licenças de instalação desses empreendimentos<<strong>br</strong> />

já haviam sido concedidas. Em função dessas o<strong>br</strong>as,<<strong>br</strong> />

os grupos isolados fugiram para áreas mais distantes, sem<<strong>br</strong> />

que nenhum órgão tenha a mínima condição de avaliar a<<strong>br</strong> />

extensão dos impactos que estão sofrendo, além de terem<<strong>br</strong> />

desrespeitado o seu direito constitucional às terras que<<strong>br</strong> />

historicamente ocupam.<<strong>br</strong> />

Muitas outras pequenas, médias e grandes hidrelétricas,<<strong>br</strong> />

dentre outras o<strong>br</strong>as do Programa de Aceleração<<strong>br</strong> />

do Crescimento (PAC), estão barrando o curso dos rios<<strong>br</strong> />

que formam a bacia amazônica. Do Teles Pires ao Rio<<strong>br</strong> />

Branco, do Madeira ao Xingu, passando por centenas de<<strong>br</strong> />

outras barragens projetadas so<strong>br</strong>e rios amazônicos, como<<strong>br</strong> />

o Tapajós, no Brasil e em países vizinhos, como o Peru e a<<strong>br</strong> />

Bolívia. Os impactos ambientais desses megaprojetos são<<strong>br</strong> />

incalculáveis e irreversíveis, como já foi suficientemente<<strong>br</strong> />

demonstrado por estudos científicos e pela própria experiência<<strong>br</strong> />

de projetos implementados.<<strong>br</strong> />

Em determinadas situações, as informações so<strong>br</strong>e a<<strong>br</strong> />

existência desses povos vêm de relatos testemunhais de<<strong>br</strong> />

ribeirinhos, extrativistas e outros indígenas que não são<<strong>br</strong> />

devidamente considerados, dependendo das conveniências<<strong>br</strong> />

políticas e econômicas.<<strong>br</strong> />

Cabe aqui ressaltar um agravante dessa configuração:<<strong>br</strong> />

hidrelétricas e mineração sempre andam juntas. Os projetos<<strong>br</strong> />

hidrelétricos a<strong>br</strong>em as portas e favorecem a chegada e a<<strong>br</strong> />

implantação dos gigantescos empreendimentos de mineração,<<strong>br</strong> />

também direcionados para exportação, que cada<<strong>br</strong> />

vez mais se estabelecem na Amazônia.<<strong>br</strong> />

E as consequências so<strong>br</strong>e os territórios e a vida de<<strong>br</strong> />

tantas comunidades ribeirinhas e indígenas, considerando<<strong>br</strong> />

particularmente os povos sem contato (também chamados<<strong>br</strong> />

de livres e isolados), serão gravíssimas. Esses megaprojetos<<strong>br</strong> />

hidrelétricos não são concebidos para melhorar a qualidade<<strong>br</strong> />

de vida das comunidades tradicionais e nem das sociedades<<strong>br</strong> />

locais, como a construção de Belo Monte, em Altamira,<<strong>br</strong> />

explicitou. O propósito maior é atender aos interesses das<<strong>br</strong> />

empreiteiras e corporações nacionais e transnacionais, em<<strong>br</strong> />

busca do ilimitado crescimento macroeconômico que,<<strong>br</strong> />

míopes, insistem em perseguir.<<strong>br</strong> />

Em levantamento que vem sendo realizado pelo<<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário (Cimi) desde 2006,<<strong>br</strong> />

com atualização anual, foram identificadas 91 referências<<strong>br</strong> />

de grupos de indígenas sem contato no Brasil. A<<strong>br</strong> />

Fundação Nacional do Índio (Funai) considera 107 registros<<strong>br</strong> />

da presença de indígenas isolados em toda a Amazônia<<strong>br</strong> />

Legal. Muitos deles vivem em situação de risco devido à<<strong>br</strong> />

construção de megaempreendimentos de infraestrutura,<<strong>br</strong> />

como transporte, energia e comunicação, e à exploração<<strong>br</strong> />

ilegal realizada por madeireiros, fazendeiros e garimpeiros,<<strong>br</strong> />

que invadem e esgotam seus territórios ancestrais. Por<<strong>br</strong> />

serem extremamente vulneráveis, os povos denominados<<strong>br</strong> />

de isolados necessitam de atenção especial e políticas que<<strong>br</strong> />

assegurem efetivamente suas vidas e garantam a proteção<<strong>br</strong> />

de seus territórios. Abaixo, traremos alguns casos específicos<<strong>br</strong> />

de povos em situação de risco.<<strong>br</strong> />

Isolados Awá Guajá<<strong>br</strong> />

Diversos grupos de Awá sem contato transitam nas<<strong>br</strong> />

Terras Indígenas (TI) - Arariboia, Krikati, Caru, Awá e Alto<<strong>br</strong> />

Turiaçu e na Reserva Biológica (Rebio) do Gurupi, no<<strong>br</strong> />

Maranhão. Com a implantação do projeto de mineração<<strong>br</strong> />

147<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo IV<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA OS POVOS INDÍGENAS ISOLADOS E DE POUCO CONTATO<<strong>br</strong> />

Rosana Diniz<<strong>br</strong> />

indígenas isolados estar ameaçada, não existe um trabalho<<strong>br</strong> />

sistemático de fiscalização. Ao contrário, os madeireiros<<strong>br</strong> />

invasores transitam livremente, entrando e saindo da terra<<strong>br</strong> />

indígena quando querem.<<strong>br</strong> />

Em outu<strong>br</strong>o de <strong>2015</strong>, um incêndio destruiu mais de 200<<strong>br</strong> />

mil hectares da Terra Indígena Arariboia, o que corresponde<<strong>br</strong> />

a mais da metade da sua área, colocando em risco a vida<<strong>br</strong> />

dos indígenas Awá isolados. Segundo o Instituto Brasileiro<<strong>br</strong> />

do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis<<strong>br</strong> />

(Ibama), fortes evidências apontam que o incêndio foi<<strong>br</strong> />

criminoso. Os madeireiros estariam ateando fogo na floresta<<strong>br</strong> />

em represália ao combate à exploração ilegal. Naquele mesmo<<strong>br</strong> />

mês uma equipe do Ibama que combatia o incêndio foi cercada<<strong>br</strong> />

por um grupo armado dentro da Terra Indígena Arariboia. O<<strong>br</strong> />

chefe do setor de fiscalização do Ibama em Brasília, Roberto<<strong>br</strong> />

Ca<strong>br</strong>al, foi atingido por um tiro de espingarda no <strong>br</strong>aço.<<strong>br</strong> />

Com o intuito de proteger os Awá livres que vivem<<strong>br</strong> />

em seu território, o povo Tentehar/Guajajara, que habita<<strong>br</strong> />

o sudoeste maranhense, tem co<strong>br</strong>ado uma política mais<<strong>br</strong> />

efetiva de proteção da área. Eles temem que a invasão<<strong>br</strong> />

madeireira que acontece no território Araribóia chegue<<strong>br</strong> />

até a região onde os Awá vivem.<<strong>br</strong> />

Isolados da Ilha do Bananal<<strong>br</strong> />

Grande Carajás, em 1982, as terras indígenas da região<<strong>br</strong> />

ficaram mais expostas e vulneráveis às invasões, so<strong>br</strong>etudo<<strong>br</strong> />

de madeireiros. Estas terras já foram oficialmente<<strong>br</strong> />

demarcadas, mas o problema da invasão madeireira nunca<<strong>br</strong> />

foi resolvido. Desde aquela época reiteradas denúncias<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e a ilegalidade da exploração madeireira e so<strong>br</strong>e os<<strong>br</strong> />

riscos que ela acarreta aos grupos indígenas isolados foram<<strong>br</strong> />

encaminhadas ao poder público. Desde então, algumas<<strong>br</strong> />

ações de combate à exploração ilegal de madeira foram<<strong>br</strong> />

efetivadas pela Polícia Federal, sem qualquer resultado<<strong>br</strong> />

prático. A destruição de tapiris dos Awá Guajá isolados<<strong>br</strong> />

na Terra Indígena Arariboia, em dezem<strong>br</strong>o de 2011, foi<<strong>br</strong> />

denunciada pelo Cimi a partir de informações de lideranças<<strong>br</strong> />

indígenas e confirmada pela Funai. Associada à<<strong>br</strong> />

informação de um possível assassinato de uma criança,<<strong>br</strong> />

este fato revela a gravidade da situação e a necessidade<<strong>br</strong> />

de que medidas urgentes sejam tomadas para a proteção<<strong>br</strong> />

dos territórios indígenas no Maranhão.<<strong>br</strong> />

No final de dezem<strong>br</strong>o de 2014 os Awá encontraram três<<strong>br</strong> />

indígenas isolados pertencentes a seu povo, sendo duas<<strong>br</strong> />

mulheres e um homem. Eles estavam na região conhecida<<strong>br</strong> />

como Cabeceira do Igarapé Presídio, na Terra Indígena Caru,<<strong>br</strong> />

município de Bom Jardim, no Maranhão. Eles relataram<<strong>br</strong> />

que a invasão de madeireiros na região por onde perambulam<<strong>br</strong> />

é constante. Apesar da própria so<strong>br</strong>evivência destes<<strong>br</strong> />

A partir de informações repassadas pelos indígenas Javaé<<strong>br</strong> />

e Karajá para as equipes locais do Cimi e para a antropóloga<<strong>br</strong> />

Patrícia de Mendonça Rodrigues, a ocorrência de povos<<strong>br</strong> />

livres na Ilha do Bananal, no Tocantins, foi constatada e<<strong>br</strong> />

registrada no livro Povos Indígenas Isolados na Amazônia,<<strong>br</strong> />

publicado em 2011. No ano seguinte, novas informações<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e a presença de indígenas isolados foram relatadas,<<strong>br</strong> />

desta vez pelo povo Krahô-Kanela, da Terra Indígena Mata<<strong>br</strong> />

Alagada, no município de Lagoa da Confusão, localizada no<<strong>br</strong> />

entorno da Ilha do Bananal. De acordo com esses relatos,<<strong>br</strong> />

os isolados estariam vivendo em uma região dentro da ilha<<strong>br</strong> />

conhecida como Mata do Mamão e se aproximando das<<strong>br</strong> />

margens do Rio Javaé, perto de uma região de fazendas e<<strong>br</strong> />

assentamentos.<<strong>br</strong> />

A presença desses indígenas isolados também foi confirmada<<strong>br</strong> />

pela coordenação da equipe do Prevfogo, do Ibama,<<strong>br</strong> />

quando realizavam o controle de incêndios no interior da<<strong>br</strong> />

Ilha do Bananal. Através de um memorando, o Ibama do<<strong>br</strong> />

Tocantins informou à Funai de Brasília so<strong>br</strong>e a presença de<<strong>br</strong> />

indígenas sem contato na ilha. No documento, os servidores<<strong>br</strong> />

também expressaram preocupação pelos indígenas, que<<strong>br</strong> />

poderiam estar correndo risco devido à ação de pescadores<<strong>br</strong> />

e caçadores e às constantes queimadas na ilha.<<strong>br</strong> />

Esses relatos da presença dos isolados, inclusive nas<<strong>br</strong> />

proximidades da aldeia Waotyna, na Ilha do Bananal, foram<<strong>br</strong> />

informados pelo Cimi ao Ministério Público Federal (MPF)<<strong>br</strong> />

e à Coordenação Regional da Funai, ambos em Palmas, e à<<strong>br</strong> />

Coordenação Geral de Índios Isolados e Recém Contatados<<strong>br</strong> />

(CGIIRC), em Brasília. Todos são conhecedores da presença<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 148


Capítulo IV<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA OS POVOS INDÍGENAS ISOLADOS E DE POUCO CONTATO<<strong>br</strong> />

constante dos isolados no entorno das aldeias do povo<<strong>br</strong> />

Karajá/Javaé e do povo Krahô-Kanela.<<strong>br</strong> />

Apesar disso, por vários anos a Funai se omitiu em<<strong>br</strong> />

registrar no seu mapeamento oficial a referência aos povos<<strong>br</strong> />

isolados da Ilha do Bananal. Apenas em outu<strong>br</strong>o de <strong>2015</strong>,<<strong>br</strong> />

após vários relatos e denúncias sistemáticas dos indígenas<<strong>br</strong> />

e do Cimi, o órgão indigenista incluiu este grupo no seu<<strong>br</strong> />

mapa oficial, ainda em uma situação de “em fase de estudo”,<<strong>br</strong> />

mas pelo menos confirmando a sua existência.<<strong>br</strong> />

Cabe agora à Funai, efetivar e ampliar os estudos e<<strong>br</strong> />

tomar as providências necessárias à proteção desse grupo<<strong>br</strong> />

indígena sem contato, por meio, especialmente, da restrição<<strong>br</strong> />

do ingresso de terceiros na área de perambulação do grupo.<<strong>br</strong> />

A ameaça de abertura da estrada TO-500, conhecida<<strong>br</strong> />

como Transbananal, no interior da ilha afetará diretamente<<strong>br</strong> />

esse povo em isolamento voluntário. Devido ao reconhecimento<<strong>br</strong> />

da presença dele, o Estudo e o Relatório de Impacto<<strong>br</strong> />

Ambiental (EIA/Rima) da estrada tem a o<strong>br</strong>igação de<<strong>br</strong> />

informar a existência desse grupo vulnerável e garantir a<<strong>br</strong> />

esses indígenas o pleno exercício de sua liberdade e das suas<<strong>br</strong> />

atividades tradicionais, sem a necessária o<strong>br</strong>igatoriedade<<strong>br</strong> />

de contatá-los. A presença desse grupo, potencialmente,<<strong>br</strong> />

pode impedir a construção dessa rodovia que, além dos<<strong>br</strong> />

isolados, afetará gravemente a vida dos povos Karajá e<<strong>br</strong> />

Javaé, que também habitam a Ilha do Bananal.<<strong>br</strong> />

Além da Transbananal, políticos dos estados de Tocantins,<<strong>br</strong> />

Mato Grosso e Pará - dentre eles a ex ministra da<<strong>br</strong> />

Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia<<strong>br</strong> />

A<strong>br</strong>eu - fazem contínua pressão para a<<strong>br</strong> />

construção da estrada TO-242, a<<strong>br</strong> />

Transaraguaia, para, através delas,<<strong>br</strong> />

escoarem a produção de grãos<<strong>br</strong> />

da região.<<strong>br</strong> />

No Tocantins, os territórios indígenas já estão sofrendo<<strong>br</strong> />

com a implantação do Plano de Desenvolvimento Agropecuário<<strong>br</strong> />

(PDA) Matopiba, programa do governo federal<<strong>br</strong> />

com subsídios, carências e incentivos fiscais que pretende<<strong>br</strong> />

consolidar a expansão das monoculturas e o avanço do<<strong>br</strong> />

agronegócio. Certamente, este projeto definido como<<strong>br</strong> />

a “última fronteira agrícola do país”, agravará o desmatamento<<strong>br</strong> />

do Cerrado, a concentração das terras, o uso<<strong>br</strong> />

indiscriminado da água e o uso abusivo de agrotóxicos<<strong>br</strong> />

nas lavouras, além de aumentar a exploração de trabalho<<strong>br</strong> />

escravo, potencializando o êxodo rural e a favelização<<strong>br</strong> />

das cidades. O traçado das duas estradas corta a Terra<<strong>br</strong> />

Indígena da Ilha do Bananal ao meio e os refúgios dos<<strong>br</strong> />

grupos isolados. Para conseguir a adesão dos povos da<<strong>br</strong> />

região, representantes das corporações envolvidas vêm<<strong>br</strong> />

realizando reuniões com os indígenas.<<strong>br</strong> />

Os Avá-Canoeiro do Rio Araguaia, contatatos de modo<<strong>br</strong> />

forçado e extremamente violento pela Funai na década<<strong>br</strong> />

de 1970 e transferidos compulsoriamente para viverem<<strong>br</strong> />

nas terras dos Javáe (seus inimigos históricos) na Ilha do<<strong>br</strong> />

Bananal, estão enfrentando sérios problemas de segurança<<strong>br</strong> />

alimentar. Sofrem restrições para caçar e pescar na<<strong>br</strong> />

área por parte dos Javaé. O compromisso assumido pela<<strong>br</strong> />

Coordenadoria da Funai de Tocantins perante o MPF-TO<<strong>br</strong> />

de fornecer regularmente cestas básicas, até que suas<<strong>br</strong> />

terras fossem demarcadas, não está sendo cumprido.<<strong>br</strong> />

Esporadicamente, a Funai leva cestas básicas da Companhia<<strong>br</strong> />

Nacional de Abastecimento (Conab) que, além do atraso,<<strong>br</strong> />

chegam à área com alimentos estragados, sem condições<<strong>br</strong> />

de aproveitamento.<<strong>br</strong> />

Recentemente, dois indígenas so<strong>br</strong>eviventes do<<strong>br</strong> />

contato forçado faleceram. O líder guerreiro<<strong>br</strong> />

Tutawa Avá-Canoeiro, o ancião, faleceu em<<strong>br</strong> />

junho de <strong>2015</strong> e foi impedido pelos produ-<<strong>br</strong> />

Equipe Cimi Norte I<<strong>br</strong> />

149<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo IV<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA OS POVOS INDÍGENAS ISOLADOS E DE POUCO CONTATO<<strong>br</strong> />

tores do Assentamento Caracol de ser sepultado no seu<<strong>br</strong> />

território tradicional, de onde havia sido expulso quatro<<strong>br</strong> />

décadas antes. Como se já não bastassem o violento contato<<strong>br</strong> />

realizado pela Funai e a imposição de que os Avá deveriam<<strong>br</strong> />

viver na terra de seus inimigos históricos, o que faz com<<strong>br</strong> />

que até hoje eles enfrentem as consequências deste erro<<strong>br</strong> />

primário, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma<<strong>br</strong> />

Agrária (Incra) equivocadamente instalou este assentamento<<strong>br</strong> />

na terra indígena ancestral dos Avá. O presidente<<strong>br</strong> />

da associação do assentamento não concordou em deixar<<strong>br</strong> />

o anciãoTutawa ser enterrado no Capão de Areia, na terra<<strong>br</strong> />

desejada por ele.<<strong>br</strong> />

Dois meses depois, deprimido com a morte do pai,<<strong>br</strong> />

morreu Agàek Avá-Canoeiro, o primogênito de Tutawa, com<<strong>br</strong> />

50 anos. Resiliente como o pai e seu povo, ele trabalhou<<strong>br</strong> />

nas lavouras de soja e melancia em Formoso do Araguaia<<strong>br</strong> />

e adquiriu várias doenças devido ao contato direto com<<strong>br</strong> />

os agrotóxicos, inclusive problemas pulmonares. Agademir<<strong>br</strong> />

(seu nome em português) foi internado no hospital regional<<strong>br</strong> />

de Palmas, permanecendo sete dias nos corredores do<<strong>br</strong> />

hospital, sem leito, com suspeita de calazar e pneumonia.<<strong>br</strong> />

Lamentavelmente, ele não resistiu e veio a óbito. Como<<strong>br</strong> />

seu pai, Tutawa, ele não foi sepultado na terra tradicional<<strong>br</strong> />

de seu povo, onde queria, e sim na aldeia Canuanã, na<<strong>br</strong> />

terra dos Javaé.<<strong>br</strong> />

Em maio de 2016, finalmente foi publicada a Portaria<<strong>br</strong> />

Declaratória da Terra Indígena Taego Awá, do povo Avá-<<strong>br</strong> />

Canoeiro, que, cansados pela espera de mais de quarenta<<strong>br</strong> />

anos, a<strong>br</strong>iram mão da parte da terra que está em posse da<<strong>br</strong> />

Fundação Bradesco.<<strong>br</strong> />

Isolados do Tapajós<<strong>br</strong> />

São mais de 40 grandes barragens projetadas com<<strong>br</strong> />

capacidade acima de 30 Mw. O propósito é cortar todo<<strong>br</strong> />

o Rio Tapajós, no estado do Pará, e seus afluentes para<<strong>br</strong> />

implementar uma enorme hidrovia que escoará a baixo<<strong>br</strong> />

custo toda a produção do agronegócio do Mato Grosso<<strong>br</strong> />

e da mineração realizada na região. As terras e os povos<<strong>br</strong> />

indígenas da bacia do Tapajós ficarão profundamente<<strong>br</strong> />

impactados, assim como as comunidades ribeirinhas que<<strong>br</strong> />

vivem ao longo da beira do rio e tiram dele grande parte<<strong>br</strong> />

de sua subsistência.<<strong>br</strong> />

Se esse complexo hidrelétrico for construído, terá<<strong>br</strong> />

um impacto mortal so<strong>br</strong>e os povos indígenas isolados<<strong>br</strong> />

que vivem ao longo do Rio Tapajós e de seus afluentes.<<strong>br</strong> />

São várias as referências a povos isolados que a própria<<strong>br</strong> />

Funai reconhece na região. O Cimi e os povos indígenas<<strong>br</strong> />

do Tapajós e de seus afluentes têm outras referências que<<strong>br</strong> />

a Funai ainda não registrou. Estes povos indígenas estão<<strong>br</strong> />

Mapa Indígenas Isolados<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 150


Capítulo IV<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA OS POVOS INDÍGENAS ISOLADOS E DE POUCO CONTATO<<strong>br</strong> />

seriamente ameaçados de extinção pelos megaprojetos<<strong>br</strong> />

que o governo tenta, a qualquer custo, impor na região.<<strong>br</strong> />

Em agosto de 2016, o Ibama anunciou o arquivamento<<strong>br</strong> />

do processo de licenciamento ambiental do principal<<strong>br</strong> />

aproveitamento hidrelétrico do Rio Tapajós. Os indígenas<<strong>br</strong> />

Munduruku comemoraram este fato, e afirmaram que<<strong>br</strong> />

vão continuar lutando contra a construção das outras<<strong>br</strong> />

usinas no rio.<<strong>br</strong> />

Segundo Philip M. Fearnside, pesquisador do Instituto<<strong>br</strong> />

Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), “há planos para<<strong>br</strong> />

a construção de 43 ‘grandes’ barragens (com potência<<strong>br</strong> />

superior a 30 Mw) na bacia do Tapajós, sendo dez consideradas<<strong>br</strong> />

prioritárias pelo Ministério das Minas e Energia<<strong>br</strong> />

(MME), com conclusão prevista para até 2022. Entre outros<<strong>br</strong> />

impactos, várias represas inundariam terras indígenas (TI)<<strong>br</strong> />

e unidades de conservação ambiental (UC). Além disso, o<<strong>br</strong> />

Rio Tapajós e seus afluentes no estado de Mato Grosso, os<<strong>br</strong> />

rios Teles Pires e Juruena, também são foco de planos do<<strong>br</strong> />

Ministério dos Transportes (MT), que planeja convertê-los<<strong>br</strong> />

em hidrovias para o transporte da soja até portos no Rio<<strong>br</strong> />

Amazonas”. 1<<strong>br</strong> />

Os Isolados do Rio Pardo (Kawariva)<<strong>br</strong> />

Um episódio envolvendo indígenas livres repercutiu<<strong>br</strong> />

recentemente em rede nacional. Várias expedições de<<strong>br</strong> />

sertanistas e da Funai constataram a proximidade do<<strong>br</strong> />

território em que vivem os isolados do Rio Pardo (Kawariva).com<<strong>br</strong> />

fazendas e madeireiros. Foram encontrados<<strong>br</strong> />

acampamentos abandonados, garrafas pets utilizadas<<strong>br</strong> />

para guardar mel e outras evidências da presença destes<<strong>br</strong> />

indígenas que, explicitamente, sofrem invasão do território<<strong>br</strong> />

e se escondem na mata.<<strong>br</strong> />

Existe ainda a preocupação com as doenças que estes<<strong>br</strong> />

indígenas podem contrair, com o crescente cerco das<<strong>br</strong> />

fazendas devido, especialmente, ao fato de não terem<<strong>br</strong> />

imunidade às doenças. Além disso, há informações do<<strong>br</strong> />

Regional do Cimi no Mato Grosso de que pistoleiros são<<strong>br</strong> />

contratados para expulsá-los, deixando a área livre para<<strong>br</strong> />

os fazendeiros e a exploração de madeira.<<strong>br</strong> />

Diante deste contexto de dizimação, é necessária a<<strong>br</strong> />

imediata demarcação destas áreas para que os Kawariva<<strong>br</strong> />

possam continuar a existir com os seus modos de vida<<strong>br</strong> />

diferenciados, protegidos e sem a interferência da nossa<<strong>br</strong> />

sociedade.<<strong>br</strong> />

Isolados do Vale do Javari<<strong>br</strong> />

A maior população mundial de indígenas livres, de<<strong>br</strong> />

diferentes povos, concentra-se na Terra Indígena Vale do<<strong>br</strong> />

Javari, no estado do Amazonas. São grupos numericamente<<strong>br</strong> />

pequenos e recentemente, presencia-se nessa região um<<strong>br</strong> />

movimento desses indígenas isolados buscando contato<<strong>br</strong> />

com a sociedade envolvente. Este fato é preocupante, já<<strong>br</strong> />

que não há na área uma estrutura adequada de saúde, para<<strong>br</strong> />

prevenir e protegê-los de possíveis epidemias, infecções e<<strong>br</strong> />

diversas doenças. Além disso, segundo uma denúncia da<<strong>br</strong> />

União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), a<<strong>br</strong> />

terra indígena sofre a invasão de caçadores e pescadores.<<strong>br</strong> />

Situação que se agrava porque a Funai, por falta de recursos<<strong>br</strong> />

financeiros e pessoal qualificado, segundo justifica a própria<<strong>br</strong> />

organização, não desenvolve as necessárias ações de vigilância<<strong>br</strong> />

e proteção.<<strong>br</strong> />

De acordo com informações da Funai, o Vale do Javari<<strong>br</strong> />

é a segunda maior terra indígena do país (tem 8,5 milhões<<strong>br</strong> />

de hectares) e detém uma fronteira de 1.400 quilômetros<<strong>br</strong> />

(seguindo o leito do Rio Javari) com o Peru. Além disso, sofre<<strong>br</strong> />

grande influência da Colômbia, pois está próxima a tríplice<<strong>br</strong> />

fronteira entre esses países. Os povos indígenas do Javari<<strong>br</strong> />

estão inseridos nesse contexto regional desafiador, numa<<strong>br</strong> />

região que é considerada rota do narcotráfico internacional<<strong>br</strong> />

e suas mazelas correlacionadas, além da degradação do<<strong>br</strong> />

ecossistema em suas terras.<<strong>br</strong> />

Desse modo, os povos indígenas que vivem em isolamento<<strong>br</strong> />

estão em situação de extrema vulnerabilidade e risco,<<strong>br</strong> />

numa floresta que vem sendo devastada por megaprojetos<<strong>br</strong> />

financiados por dinheiro público.<<strong>br</strong> />

Nota-se que os governos dos dois países não têm<<strong>br</strong> />

políticas de defesa dos interesses indígenas, embora sejam<<strong>br</strong> />

considerados “de esquerda”. O governo <strong>br</strong>asileiro apenas<<strong>br</strong> />

promoveu, de forma assistencialista, mais dependência<<strong>br</strong> />

por parte dos povos indígenas em relação ao Estado. Além<<strong>br</strong> />

disso, os governos de Dilma Rousseff, Ollanta Humala, no<<strong>br</strong> />

Peru, e Evo Morales, na Bolívia, sempre investiram no que<<strong>br</strong> />

divulgam ser o “desenvolvimento” da região, realizado às<<strong>br</strong> />

custas da extração de madeira e petróleo, que tem como<<strong>br</strong> />

consequência a aceleração do desmatamento, especialmente<<strong>br</strong> />

no lado peruano.<<strong>br</strong> />

Os indígenas do Vale do Javari reivindicam participação<<strong>br</strong> />

nas definições das políticas de proteção para o território<<strong>br</strong> />

para as pessoas que ali vivem.<<strong>br</strong> />

1 http://www.ecoeco.org.<strong>br</strong>/attachments/article/307/Fearnside-Tapaj%C3%B3s-Port-18-02-15.pdf<<strong>br</strong> />

151<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo IV<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA OS POVOS INDÍGENAS ISOLADOS E DE POUCO CONTATO<<strong>br</strong> />

Referência/<<strong>br</strong> />

Povo<<strong>br</strong> />

1 Isolados do Rio Envira Feijó e Jordão AC<<strong>br</strong> />

2 Isolados do Alto Tarauacá Jordão e Feijó AC<<strong>br</strong> />

3 Isolados do Xinane Santa Rosa e Feijó AC<<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

Isolados na TI<<strong>br</strong> />

Mamoadate<<strong>br</strong> />

5 Isolados do Rio Chandless<<strong>br</strong> />

6<<strong>br</strong> />

Isolados do Igarapé<<strong>br</strong> />

Tapada<<strong>br</strong> />

Relação dos Povos Indígenas Isolados no Brasil<<strong>br</strong> />

Município UF Situação da Terra Fonte Situação de Risco<<strong>br</strong> />

Assis Brasil e Sena<<strong>br</strong> />

Madureira<<strong>br</strong> />

Manoel Urbano e<<strong>br</strong> />

Santa Rosa<<strong>br</strong> />

AC<<strong>br</strong> />

AC<<strong>br</strong> />

TI Kampa e isolados<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

TI Alto Tarauacá<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

TI Xinane<<strong>br</strong> />

Delimitada<<strong>br</strong> />

Dentro e fora da TI<<strong>br</strong> />

Mamoadate – (povos<<strong>br</strong> />

Manchineri e Jaminawa)<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

Sem providência<<strong>br</strong> />

Mâncio Lima AC Sem providência<<strong>br</strong> />

7 Isolados do Rio Inauini Boca do Acre e Pauini AM<<strong>br</strong> />

8 Hi-Merimã Tapauá AM<<strong>br</strong> />

9<<strong>br</strong> />

10.<<strong>br</strong> />

11<<strong>br</strong> />

Isolados do Igarapé<<strong>br</strong> />

Jacareúba/Katauxi<<strong>br</strong> />

Isolados do Rio<<strong>br</strong> />

Itaparaná/Ipixuna<<strong>br</strong> />

Isolados do Alto Rio<<strong>br</strong> />

Marmelos<<strong>br</strong> />

Dentro e fora da TI<<strong>br</strong> />

Inauini/Teuini<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

TI Hi-Merimã<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

Frente Etno<<strong>br</strong> />

Ambiental do Alto<<strong>br</strong> />

Envira – Funai.<<strong>br</strong> />

Comprovação por<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>evôos<<strong>br</strong> />

Relatórios da Funai<<strong>br</strong> />

e informações de<<strong>br</strong> />

indígenas Kaxinawá<<strong>br</strong> />

Cimi, Funai<<strong>br</strong> />

Cimi, Funai e<<strong>br</strong> />

indígenas Jaminawa<<strong>br</strong> />

e Manchineri<<strong>br</strong> />

Indígenas Kulina,<<strong>br</strong> />

ribeirinhos e Cimi.<<strong>br</strong> />

Indígenas Nawa<<strong>br</strong> />

e Nukini, Cimi e<<strong>br</strong> />

Funai.<<strong>br</strong> />

Indígenas, Funai e<<strong>br</strong> />

Cimi.<<strong>br</strong> />

Cimi e Funai<<strong>br</strong> />

Lá<strong>br</strong>ea e Canutama AM Restrição de uso Cimi e Funai<<strong>br</strong> />

Tapauá e Canutama AM Sem providência<<strong>br</strong> />

Humaitá, Manicoré e<<strong>br</strong> />

Machadinho do Oeste<<strong>br</strong> />

AM/<<strong>br</strong> />

RO<<strong>br</strong> />

Sem providência<<strong>br</strong> />

12 Isolados do Kurekete Lá<strong>br</strong>ea AM Sem providência<<strong>br</strong> />

13 Isolados do Rio Ituxi Lá<strong>br</strong>ea Sem providência<<strong>br</strong> />

14<<strong>br</strong> />

Isolados Igarapé<<strong>br</strong> />

Waranaçu<<strong>br</strong> />

15 Isolados do Rio Uauapés<<strong>br</strong> />

16<<strong>br</strong> />

17<<strong>br</strong> />

Isolados do Rio<<strong>br</strong> />

Curicuriari<<strong>br</strong> />

Isolados do Igarapé do<<strong>br</strong> />

Natal<<strong>br</strong> />

18 Igarapé Bafuanã<<strong>br</strong> />

19<<strong>br</strong> />

Isolados do Baixo Rio<<strong>br</strong> />

Cauaburi<<strong>br</strong> />

Santa Isabel e São<<strong>br</strong> />

Ga<strong>br</strong>iel da Cachoeira<<strong>br</strong> />

Santa Isabel e São<<strong>br</strong> />

Ga<strong>br</strong>iel da Cachoeira<<strong>br</strong> />

Santa Isabel e São<<strong>br</strong> />

Ga<strong>br</strong>iel da Cachoeira<<strong>br</strong> />

Santa Izabel do Rio<<strong>br</strong> />

Negro<<strong>br</strong> />

Santa Izabel do Rio<<strong>br</strong> />

Negro<<strong>br</strong> />

Santa Izabel do Rio<<strong>br</strong> />

Negro<<strong>br</strong> />

AM<<strong>br</strong> />

AM<<strong>br</strong> />

AM<<strong>br</strong> />

Na TI Alto Rio Negro<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

Na TI Alto Rio Negro<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

Na TI Alto Rio Negro<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

AM Sem providência Funai<<strong>br</strong> />

AM Sem providência Funai<<strong>br</strong> />

AM<<strong>br</strong> />

TI Yanomami<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

Cimi, ribeirinhos e<<strong>br</strong> />

Funai<<strong>br</strong> />

Indígenas Tenharim<<strong>br</strong> />

e Cimi<<strong>br</strong> />

Cimi e indígenas<<strong>br</strong> />

Kaxarari<<strong>br</strong> />

Cimi e indígenas<<strong>br</strong> />

Kaxarari<<strong>br</strong> />

Funai e ISA<<strong>br</strong> />

Funai e ISA<<strong>br</strong> />

Funai e ISA<<strong>br</strong> />

Funai<<strong>br</strong> />

20 Isolados do Igarapé Joari Tapauá AM Sem providência Cimi<<strong>br</strong> />

Pressão de madeireiras do Peru;<<strong>br</strong> />

Pressão de madeireiras do Peru;<<strong>br</strong> />

Pressão de madeireiras do Peru;<<strong>br</strong> />

Parte está no Peru sem proteção;<<strong>br</strong> />

Área de influência da Rodovia Interoceânica e de<<strong>br</strong> />

concessões de exploração madeireira;<<strong>br</strong> />

Área de influência da Rodovia Interoceânica;<<strong>br</strong> />

Parque Estadual dentro da área tradicionalmente<<strong>br</strong> />

ocupada pelos indígenas;<<strong>br</strong> />

Região sujeita a exploração de madeireiras e<<strong>br</strong> />

garimpos do Peru e rota de narcotráfico;<<strong>br</strong> />

Parque Nacional Serra do Divisor;<<strong>br</strong> />

Invasores extrativistas;<<strong>br</strong> />

Invasores extrativistas;<<strong>br</strong> />

Avanço da frente econômica do agronegócio,<<strong>br</strong> />

através do desmatamento e da monocultura da<<strong>br</strong> />

soja;<<strong>br</strong> />

Assentamento do Incra;<<strong>br</strong> />

Ecoturismo;<<strong>br</strong> />

Área de influência da BR 319;<<strong>br</strong> />

Vulneráveis à violência no contato com<<strong>br</strong> />

extrativistas;<<strong>br</strong> />

Frente econômica do agronegócio, através da<<strong>br</strong> />

monocultura da soja;<<strong>br</strong> />

PCH Tabajara/PAC2;<<strong>br</strong> />

Invasão de fazendas;<<strong>br</strong> />

Área de influência da rodovia BR 317;<<strong>br</strong> />

Invasão de fazendas;<<strong>br</strong> />

Projeto de PCH;<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 152


Capítulo IV<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA OS POVOS INDÍGENAS ISOLADOS E DE POUCO CONTATO<<strong>br</strong> />

Referência/<<strong>br</strong> />

Povo<<strong>br</strong> />

21 Isolados do Bararati<<strong>br</strong> />

Relação dos Povos Indígenas Isolados no Brasil<<strong>br</strong> />

Município UF Situação da Terra Fonte Situação de Risco<<strong>br</strong> />

Apui e Sucurundi<<strong>br</strong> />

(AM); Cotriguaçu<<strong>br</strong> />

(MT)<<strong>br</strong> />

22 Isolados do Rio Pardo Apui e Colniza<<strong>br</strong> />

23<<strong>br</strong> />

Isolados do Rio Copaca/<<strong>br</strong> />

Uarini<<strong>br</strong> />

Uarini<<strong>br</strong> />

AM/<<strong>br</strong> />

MT<<strong>br</strong> />

AM/<<strong>br</strong> />

MT<<strong>br</strong> />

AM<<strong>br</strong> />

24 Isolados do Rio Mataurá Manicoré AM<<strong>br</strong> />

25 Isolados do Alto Xeruã Itamarati AM<<strong>br</strong> />

26 Isolados do Igarapé Naua<<strong>br</strong> />

27<<strong>br</strong> />

28<<strong>br</strong> />

29<<strong>br</strong> />

30<<strong>br</strong> />

31<<strong>br</strong> />

Isolados do Rio Branco/<<strong>br</strong> />

Itaquai<<strong>br</strong> />

Isolados do Igarapé<<strong>br</strong> />

Urucubaca<<strong>br</strong> />

Isolados do Igarapé<<strong>br</strong> />

Alerta<<strong>br</strong> />

Isolados do Igarapé<<strong>br</strong> />

Inferno<<strong>br</strong> />

Isolados do Igarapé<<strong>br</strong> />

Lambança<<strong>br</strong> />

32 Isolados do Rio Pedra<<strong>br</strong> />

Benjamim Constant,<<strong>br</strong> />

Atalaia do Norte, São<<strong>br</strong> />

Paulo de Olivença<<strong>br</strong> />

Benjamim Constant,<<strong>br</strong> />

Atalaia do Norte, São<<strong>br</strong> />

Paulo de Olivença<<strong>br</strong> />

Benjamim Constant,<<strong>br</strong> />

Atalaia do Norte, São<<strong>br</strong> />

Paulo de Olivença<<strong>br</strong> />

Benjamim Constant,<<strong>br</strong> />

Atalaia do Norte, São<<strong>br</strong> />

Paulo de Olivença<<strong>br</strong> />

Benjamim Constant,<<strong>br</strong> />

Atalaia do Norte, São<<strong>br</strong> />

Paulo de Olivença<<strong>br</strong> />

Benjamim Constant,<<strong>br</strong> />

Atalaia do Norte, São<<strong>br</strong> />

Paulo de Olivença<<strong>br</strong> />

Benjamim Constant,<<strong>br</strong> />

Atalaia do Norte<<strong>br</strong> />

AM<<strong>br</strong> />

AM<<strong>br</strong> />

AM<<strong>br</strong> />

AM<<strong>br</strong> />

AM<<strong>br</strong> />

AM<<strong>br</strong> />

AM<<strong>br</strong> />

33 Isolados Rio Itui Atalaia do Norte AM<<strong>br</strong> />

34 Isolados do Rio Quixito Atalaia do Norte AM<<strong>br</strong> />

35<<strong>br</strong> />

Isolados do Igarapé São<<strong>br</strong> />

Salvador<<strong>br</strong> />

Atalaia do Norte AM<<strong>br</strong> />

36 Isolados do Igarapé Cravo Atalaia do Norte AM<<strong>br</strong> />

37<<strong>br</strong> />

38<<strong>br</strong> />

Isolados do Igarapé<<strong>br</strong> />

Amburus<<strong>br</strong> />

Isolados do Igarapé<<strong>br</strong> />

Flecheiras<<strong>br</strong> />

39 Isolados do Rio Bóia<<strong>br</strong> />

Atalaia do Norte AM<<strong>br</strong> />

Atalaia do Norte<<strong>br</strong> />

Jutaí e São Paulo de<<strong>br</strong> />

Olivença<<strong>br</strong> />

AM<<strong>br</strong> />

Sem providência<<strong>br</strong> />

TI Kawahiva do Rio<<strong>br</strong> />

Pardo Identificada, com<<strong>br</strong> />

contestações na Justiça<<strong>br</strong> />

Sem providência<<strong>br</strong> />

Dentro e fora da TI<<strong>br</strong> />

Pinatuba Registrada<<strong>br</strong> />

Nas TI Deni e Kanamari do<<strong>br</strong> />

Rio Juruá<<strong>br</strong> />

Registradas<<strong>br</strong> />

Na TI Vale do Javari<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

Na TI do Vale do Javari<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

Na TI do Vale do Javari<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

Na TI do Vale do Javari<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

Na TI do Vale do Javari<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

Na TI do Vale do Javari<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

Na Terra Indígena do Vale<<strong>br</strong> />

do Javari<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

Na TI do Vale do Javari<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

Na TI do Vale do Javari<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

Na TI do Vale do Javari<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

Na TI do Vale do Javari<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

Na TI do Vale do Javari<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

Na Terra Indígena do Vale<<strong>br</strong> />

do Javari<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

Funai e Cimi<<strong>br</strong> />

Cimi, Funai,<<strong>br</strong> />

indígenas Arara<<strong>br</strong> />

e Cinta Larga e<<strong>br</strong> />

mateiros.<<strong>br</strong> />

Tuxaua da aldeia<<strong>br</strong> />

Miratu e Cimi<<strong>br</strong> />

Indígenas da aldeia<<strong>br</strong> />

Tracuá e Cimi<<strong>br</strong> />

Indígenas Kanamari<<strong>br</strong> />

e Deni e Cimi<<strong>br</strong> />

Funai<<strong>br</strong> />

Indígenas do Vale<<strong>br</strong> />

do Javari, Civaja,<<strong>br</strong> />

Cimi, Funai<<strong>br</strong> />

Funai<<strong>br</strong> />

Funai<<strong>br</strong> />

Funai<<strong>br</strong> />

Funai<<strong>br</strong> />

Funai<<strong>br</strong> />

Funai<<strong>br</strong> />

Funai<<strong>br</strong> />

Funai<<strong>br</strong> />

Funai<<strong>br</strong> />

Funai<<strong>br</strong> />

Funai<<strong>br</strong> />

AM Sem providência Funai<<strong>br</strong> />

40 Rio Parauri Barreirinha e Itaituba AM/PA Sem providência Funai<<strong>br</strong> />

Exploração madeireira e garimpeira;<<strong>br</strong> />

Fazendas;<<strong>br</strong> />

Projetos de colonização;<<strong>br</strong> />

Condomínio de fazendas;<<strong>br</strong> />

Grilagem dentro da terra indígena;<<strong>br</strong> />

Invasão de madeireiros;<<strong>br</strong> />

Garimpo próximo;<<strong>br</strong> />

Rodovia MT 206;<<strong>br</strong> />

Caçadores e pescadores;<<strong>br</strong> />

Gasoduto Urucu-Tefé-Carauari<<strong>br</strong> />

Conflito com os indígenas Mura<<strong>br</strong> />

Conflito com indígenas Kanamari e Deni<<strong>br</strong> />

Risco de contágio por doenças como a<<strong>br</strong> />

tuberculose, hepatite, malária e gripe;<<strong>br</strong> />

Invasão de pescadores e caçadores no verão;<<strong>br</strong> />

Risco de contágio por doenças como a<<strong>br</strong> />

tuberculose, hepatite, malária e gripe;<<strong>br</strong> />

Invasão de pescadores e caçadores no verão;<<strong>br</strong> />

Risco de contágio por doenças como a<<strong>br</strong> />

tuberculose, hepatite, malária e gripe;<<strong>br</strong> />

Invasão de pescadores e caçadores no verão;<<strong>br</strong> />

Risco de contágio por doenças como a<<strong>br</strong> />

tuberculose, hepatite, malária e gripe;<<strong>br</strong> />

Invasão de pescadores e caçadores no verão;<<strong>br</strong> />

Risco de contágio por doenças como a<<strong>br</strong> />

tuberculose, hepatite, malária e gripe;<<strong>br</strong> />

Invasão de pescadores e caçadores no verão;<<strong>br</strong> />

Risco de contágio por doenças como a<<strong>br</strong> />

tuberculose, hepatite, malária e gripe;<<strong>br</strong> />

Invasão de pescadores e caçadores no verão;<<strong>br</strong> />

Risco de contágio por doenças como a<<strong>br</strong> />

tuberculose, hepatite, malária e gripe;<<strong>br</strong> />

Invasão de pescadores e caçadores no verão;<<strong>br</strong> />

Risco de contágio por doenças como a<<strong>br</strong> />

tuberculose, hepatite, malária e gripe;<<strong>br</strong> />

Invasão de pescadores e caçadores no verão;<<strong>br</strong> />

Garimpo;<<strong>br</strong> />

Exploração madeireira;<<strong>br</strong> />

153<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo IV<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA OS POVOS INDÍGENAS ISOLADOS E DE POUCO CONTATO<<strong>br</strong> />

Referência/<<strong>br</strong> />

Povo<<strong>br</strong> />

41 Isolados na TI Waiãpi. Rio Muruturá AP<<strong>br</strong> />

42<<strong>br</strong> />

Isolados do Igarapé Água<<strong>br</strong> />

Branca na TI Caru<<strong>br</strong> />

43 Isolados Awá Guajá<<strong>br</strong> />

44 Isolados na Rebio Gurupi<<strong>br</strong> />

45<<strong>br</strong> />

46<<strong>br</strong> />

47<<strong>br</strong> />

Isolados dos rios<<strong>br</strong> />

Buriticupu, Lagoa do<<strong>br</strong> />

Marajá, Lagoa Sumaúma<<strong>br</strong> />

e Lagoa Buritizal, Lago do<<strong>br</strong> />

Meju, Lago do Patos na TI<<strong>br</strong> />

Araribóia<<strong>br</strong> />

Isolados da Serra da<<strong>br</strong> />

Desordem na TI Krikati<<strong>br</strong> />

Isolados do Igarapé<<strong>br</strong> />

Jararaca na TI Alto<<strong>br</strong> />

Turiaçu<<strong>br</strong> />

Relação dos Povos Indígenas Isolados no Brasil<<strong>br</strong> />

Município UF Situação da Terra Fonte Situação de Risco<<strong>br</strong> />

Bom Jardim e São João<<strong>br</strong> />

do Caru<<strong>br</strong> />

Bom Jardim, Zé Doca,<<strong>br</strong> />

Centro Novo e São<<strong>br</strong> />

João do Caru<<strong>br</strong> />

Centro do Guilherme,<<strong>br</strong> />

Centro Novo, Bom<<strong>br</strong> />

Jardim e São João do<<strong>br</strong> />

Caru<<strong>br</strong> />

Amarante do<<strong>br</strong> />

Maranhão, Arame,<<strong>br</strong> />

Santa Luzia, Bom Jesus<<strong>br</strong> />

das Selvas e Buriticupu<<strong>br</strong> />

Montes Altos, Sítio<<strong>br</strong> />

Novo, Lajeado Novo<<strong>br</strong> />

Centro do Guilherme,<<strong>br</strong> />

Centro Novo e Zé<<strong>br</strong> />

Doca<<strong>br</strong> />

MA<<strong>br</strong> />

MA<<strong>br</strong> />

MA<<strong>br</strong> />

MA<<strong>br</strong> />

MA<<strong>br</strong> />

MA<<strong>br</strong> />

Na TI Waiãpi<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

Na TI Caru<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

TI Awá – Guajá<<strong>br</strong> />

Homologada<<strong>br</strong> />

Sem providência<<strong>br</strong> />

Na TI Arariboia<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

Na TI Krikat<<strong>br</strong> />

Homologada<<strong>br</strong> />

Na TI Alto Turiaçu<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

Indígenas Waiãmpi<<strong>br</strong> />

e Funai<<strong>br</strong> />

Cimi e Funai<<strong>br</strong> />

Cimi e Funai<<strong>br</strong> />

ISA, indígenas<<strong>br</strong> />

Ka’apor<<strong>br</strong> />

Cimi e Funai<<strong>br</strong> />

Cimi e indígenas<<strong>br</strong> />

Krikati<<strong>br</strong> />

Cimi e indígenas<<strong>br</strong> />

Ka´apor<<strong>br</strong> />

Invasão de madeireiras;<<strong>br</strong> />

Construção ilegal de estradas;<<strong>br</strong> />

Desmatamento;<<strong>br</strong> />

Invasão de madeireiras;<<strong>br</strong> />

Construção ilegal de estradas;<<strong>br</strong> />

Desmatamento;<<strong>br</strong> />

Invasão de madeireiras;<<strong>br</strong> />

Serraria;<<strong>br</strong> />

Construção ilegal de estradas;<<strong>br</strong> />

Desmatamento;<<strong>br</strong> />

Mineração;<<strong>br</strong> />

Invasão de madeireiras e caçadores;<<strong>br</strong> />

Estradas ilegais;<<strong>br</strong> />

Desmatamento;<<strong>br</strong> />

Queimadas;<<strong>br</strong> />

Queimadas;<<strong>br</strong> />

Invasão de madeireiras;<<strong>br</strong> />

Invasão de madeireiras;<<strong>br</strong> />

Serraria;<<strong>br</strong> />

Estradas ilegais;<<strong>br</strong> />

Desmatamento;<<strong>br</strong> />

48<<strong>br</strong> />

49<<strong>br</strong> />

Isolados do Igarapé<<strong>br</strong> />

Bandeira, Igarapé Mão<<strong>br</strong> />

da Onça e Serra da<<strong>br</strong> />

Desordem na TI Caru<<strong>br</strong> />

Isolados Rio Moreru/<<strong>br</strong> />

Pacutinga<<strong>br</strong> />

50 Isolados Apiaká<<strong>br</strong> />

51<<strong>br</strong> />

Isolados Kawahib<<strong>br</strong> />

ou Piripikura do Rio<<strong>br</strong> />

Madeirinha<<strong>br</strong> />

Bom Jardim e São João<<strong>br</strong> />

do Caru<<strong>br</strong> />

Cotriguaçu<<strong>br</strong> />

Apiacás e Alta<<strong>br</strong> />

Floresta.<<strong>br</strong> />

MA<<strong>br</strong> />

MT<<strong>br</strong> />

MT<<strong>br</strong> />

Na TI Caru<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

Dentro e fora da TI<<strong>br</strong> />

Escondido Registrada<<strong>br</strong> />

GT da Funai<<strong>br</strong> />

Cimi e Funai<<strong>br</strong> />

Cimi<<strong>br</strong> />

Cimi, Funai e<<strong>br</strong> />

indígenas Apiaká<<strong>br</strong> />

Colniza e Rondolândia MT GT da Funai Cimi, Funai e Opan<<strong>br</strong> />

52 Isolados do Pontal Apiacás MT Sem providência Funai<<strong>br</strong> />

53<<strong>br</strong> />

54<<strong>br</strong> />

55<<strong>br</strong> />

Isolados “Baixinhos” na TI<<strong>br</strong> />

Aripuanã<<strong>br</strong> />

Isolados no norte da TI<<strong>br</strong> />

Zoró<<strong>br</strong> />

Isolados do Rio Tenente<<strong>br</strong> />

Marques<<strong>br</strong> />

Aripuanã<<strong>br</strong> />

Rondolândia e Colniza<<strong>br</strong> />

Juína<<strong>br</strong> />

MT<<strong>br</strong> />

MT<<strong>br</strong> />

MT<<strong>br</strong> />

Na TI Aripuanã<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

Na TI Zoró<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

No Parque Indígena do<<strong>br</strong> />

Aripuanã<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

56 Isolados do Rio Cabixi Comodoro MT Sem providência<<strong>br</strong> />

57 Isolados do Rio Iquê Juína MT<<strong>br</strong> />

58 Isolados na TI Kaiapó<<strong>br</strong> />

São Félix do Xingu e<<strong>br</strong> />

Ourilândia do Norte<<strong>br</strong> />

PA<<strong>br</strong> />

Na TI Enawene Nawe<<strong>br</strong> />

Homologada<<strong>br</strong> />

Na TI Kaiapó<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

Cimi, Funai e<<strong>br</strong> />

indígenas Cinta<<strong>br</strong> />

Larga e Arara<<strong>br</strong> />

Cimi e indígenas<<strong>br</strong> />

Zoró<<strong>br</strong> />

Cimi e Funai<<strong>br</strong> />

Cimi e indígenas<<strong>br</strong> />

Mamaindê<<strong>br</strong> />

Funai<<strong>br</strong> />

ISA e Funai<<strong>br</strong> />

Invasão de madeireiras;<<strong>br</strong> />

Estradas ilegais;<<strong>br</strong> />

Desmatamento;<<strong>br</strong> />

Área de migração;<<strong>br</strong> />

Assentamentos;<<strong>br</strong> />

Exploração madeireira;<<strong>br</strong> />

Grandes fazendas;<<strong>br</strong> />

Projetos de construção de 7 hidrelétricas;<<strong>br</strong> />

Invasão de fazendas;<<strong>br</strong> />

Risco de extinção;<<strong>br</strong> />

Exploração madeireira;<<strong>br</strong> />

Invasão de grandes fazendas;<<strong>br</strong> />

Agronegócio;<<strong>br</strong> />

Risco de extinção;<<strong>br</strong> />

Exploração madeireira;<<strong>br</strong> />

Invasão de grandes fazendas;<<strong>br</strong> />

Exploração madeireira;<<strong>br</strong> />

Exploração madeireira;<<strong>br</strong> />

Invasão de grandes fazendas;<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 154


Capítulo IV<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA OS POVOS INDÍGENAS ISOLADOS E DE POUCO CONTATO<<strong>br</strong> />

59<<strong>br</strong> />

60<<strong>br</strong> />

61<<strong>br</strong> />

62<<strong>br</strong> />

63<<strong>br</strong> />

64<<strong>br</strong> />

65<<strong>br</strong> />

Referência/<<strong>br</strong> />

Povo<<strong>br</strong> />

Isolados próximo à TI<<strong>br</strong> />

Koatinemo<<strong>br</strong> />

Isolados na TI<<strong>br</strong> />

Menkranoti no Rio Iriri<<strong>br</strong> />

Novo<<strong>br</strong> />

Isolados no Parque<<strong>br</strong> />

Indígena Tumucumaque<<strong>br</strong> />

Isolados na TI Xicrim do<<strong>br</strong> />

Cateté<<strong>br</strong> />

Isolados da Serra do<<strong>br</strong> />

Cachimbo<<strong>br</strong> />

Isolados da Cabeceira do<<strong>br</strong> />

Rio Mapuera<<strong>br</strong> />

Isolados do Médio Rio<<strong>br</strong> />

Cachorrinho<<strong>br</strong> />

Relação dos Povos Indígenas Isolados no Brasil<<strong>br</strong> />

Município UF Situação da Terra Fonte Situação de Risco<<strong>br</strong> />

Altamira PA Sem providência Cimi Complexo Hidrelétrico do Rio Xingu;<<strong>br</strong> />

Altamira, São Félix<<strong>br</strong> />

do Xingu, Peixoto de<<strong>br</strong> />

Azevedo e Matupá<<strong>br</strong> />

Óbidos<<strong>br</strong> />

Marabá<<strong>br</strong> />

66 Isolados na TI Bacajá Altamira PA<<strong>br</strong> />

67<<strong>br</strong> />

68<<strong>br</strong> />

Isolados do Riozinho do<<strong>br</strong> />

Anfrisio<<strong>br</strong> />

Isolados do Rio<<strong>br</strong> />

Cuminapanema<<strong>br</strong> />

69 Isolados do Rio Mapari<<strong>br</strong> />

70<<strong>br</strong> />

71<<strong>br</strong> />

72<<strong>br</strong> />

73<<strong>br</strong> />

74<<strong>br</strong> />

Isolados do Alto Rio<<strong>br</strong> />

Ipitinga<<strong>br</strong> />

Isolados do Rio Tanauru<<strong>br</strong> />

– “índio do buraco”<<strong>br</strong> />

Isolados do Pântano do<<strong>br</strong> />

Rio Guaporé<<strong>br</strong> />

Isolados Sirionó – Rio<<strong>br</strong> />

Simão<<strong>br</strong> />

Isolados da Serra da Onça<<strong>br</strong> />

(Jururei)<<strong>br</strong> />

75 Isolados Yraparaquara<<strong>br</strong> />

PA<<strong>br</strong> />

PA<<strong>br</strong> />

PA<<strong>br</strong> />

Na TI Menkranoti<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

No Parque Indígena<<strong>br</strong> />

Tumucumaque<<strong>br</strong> />

TI Xicrim do Cateté<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

ISA e Funai<<strong>br</strong> />

ISA e Funai<<strong>br</strong> />

Cimi e ISA<<strong>br</strong> />

PA Sem providência Funai<<strong>br</strong> />

Oriximiná PA Sem providência Cimi e Funai<<strong>br</strong> />

Oriximiná PA Sem providência Cimi e Funai<<strong>br</strong> />

Na TI Bacajá<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

Indígenas e Cimi<<strong>br</strong> />

Altamira PA Sem providência Cimi e Funai<<strong>br</strong> />

Óbidos PA Sem providência Cimi e Funai<<strong>br</strong> />

Oriximiná, Óbidos,<<strong>br</strong> />

Almeirin e Alenquer<<strong>br</strong> />

Almeirin, Monte<<strong>br</strong> />

Alegre e Alenquer<<strong>br</strong> />

PA<<strong>br</strong> />

PA<<strong>br</strong> />

Nos limites do<<strong>br</strong> />

Parque Indígena do<<strong>br</strong> />

Tumucumaque<<strong>br</strong> />

Nos limites da TI Rio Paru<<strong>br</strong> />

d’Este<<strong>br</strong> />

Funai<<strong>br</strong> />

Cimi e Funai<<strong>br</strong> />

Chupinguaia RO Restrição de uso Cimi e Funai<<strong>br</strong> />

Pimenteiras RO Sem providência Cimi e colonos<<strong>br</strong> />

Alta Floresta do Oeste<<strong>br</strong> />

Alvorada do Oeste e<<strong>br</strong> />

Urupá<<strong>br</strong> />

Seringueiras, São<<strong>br</strong> />

Miguel do Guaporé,<<strong>br</strong> />

Costa Marques,<<strong>br</strong> />

Guajará Mirim<<strong>br</strong> />

RO<<strong>br</strong> />

RO<<strong>br</strong> />

RO<<strong>br</strong> />

Na TI Massaco<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

Sem providência. Decisão<<strong>br</strong> />

judicial determina a<<strong>br</strong> />

demarcação<<strong>br</strong> />

Na TI Uru-Eu-Wau-Wau<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

76 Isolados da Serra da Cotia Guajará Mirim RO Sem providência<<strong>br</strong> />

77<<strong>br</strong> />

78<<strong>br</strong> />

Isolados do Rio Novo e<<strong>br</strong> />

Cachoeira do Rio Pacas<<strong>br</strong> />

Novas<<strong>br</strong> />

Isolados do Parque<<strong>br</strong> />

estadual Guajará Mirim<<strong>br</strong> />

79 Isolados do Rio Mutum<<strong>br</strong> />

80<<strong>br</strong> />

Isolados no Parque<<strong>br</strong> />

Nacional do Bom Futuro<<strong>br</strong> />

Guajará Mirim RO Sem providência<<strong>br</strong> />

Guajará Mirim e Nova<<strong>br</strong> />

Mamoré<<strong>br</strong> />

Nova Mamoré e Porto<<strong>br</strong> />

Velho<<strong>br</strong> />

RO<<strong>br</strong> />

Sem providência<<strong>br</strong> />

Porto Velho e Buritis RO Sem providência<<strong>br</strong> />

Cimi e Funai<<strong>br</strong> />

Cimi e Funai<<strong>br</strong> />

Cimi e Funai<<strong>br</strong> />

Cimi, seringueiros,<<strong>br</strong> />

indígenas Tupari<<strong>br</strong> />

Cimi, seringueiros,<<strong>br</strong> />

indígenas Oro Wari<<strong>br</strong> />

Cimi e indígena Oro<<strong>br</strong> />

Wari<<strong>br</strong> />

Complexo Hidrelétrico do Rio Xingu;<<strong>br</strong> />

Complexo Hidrelétrico do Rio Xingu<<strong>br</strong> />

Exploração madeireira;<<strong>br</strong> />

Grilagem de terra;<<strong>br</strong> />

Invasão de fazendas;<<strong>br</strong> />

Risco de extinção;<<strong>br</strong> />

So<strong>br</strong>eposição do Parque Estadual do Curumbiara;<<strong>br</strong> />

Avanço do desmatamento;<<strong>br</strong> />

Invasão das fazendas;<<strong>br</strong> />

So<strong>br</strong>eposição da Rebio Guaporé;<<strong>br</strong> />

Invasão de colonos e fazendeiros;<<strong>br</strong> />

Rodovia BR 429;<<strong>br</strong> />

Exploração madeireira;<<strong>br</strong> />

Garimpo;<<strong>br</strong> />

Unidades de Proteção Ambiental.<<strong>br</strong> />

Resex Pacas Novas<<strong>br</strong> />

Rota de tráfico;<<strong>br</strong> />

Exploração madeireira;<<strong>br</strong> />

Rodovia BR 421;<<strong>br</strong> />

RO Sem providência Cimi e Cunpir Grilagem de terras públicas na região<<strong>br</strong> />

Cimi, Funai e<<strong>br</strong> />

indígenas Karitiana<<strong>br</strong> />

Grilagem de terras públicas na região; Exploração<<strong>br</strong> />

madeireira;<<strong>br</strong> />

Garimpo;<<strong>br</strong> />

155<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo IV<<strong>br</strong> />

VIOLÊNCIA CONTRA OS POVOS INDÍGENAS ISOLADOS E DE POUCO CONTATO<<strong>br</strong> />

81<<strong>br</strong> />

82<<strong>br</strong> />

Referência/<<strong>br</strong> />

Povo<<strong>br</strong> />

Isolados do Rio Formoso<<strong>br</strong> />

e Jaci- Paraná<<strong>br</strong> />

Isolados do Igarapé<<strong>br</strong> />

Karipuninha<<strong>br</strong> />

83 Isolados do Rio Jacundá<<strong>br</strong> />

Relação dos Povos Indígenas Isolados no Brasil<<strong>br</strong> />

Município UF Situação da Terra Fonte Situação de Risco<<strong>br</strong> />

Nova Mamoré, Buriti e<<strong>br</strong> />

Campo Novo<<strong>br</strong> />

Porto Velho e Lá<strong>br</strong>ea<<strong>br</strong> />

Cujubim, Itapuã,<<strong>br</strong> />

Candeias do Jamari e<<strong>br</strong> />

Porto Velho<<strong>br</strong> />

RO<<strong>br</strong> />

Sem providência<<strong>br</strong> />

84 Isolados na Rebio Jaru Ji-Paraná RO Sem providência<<strong>br</strong> />

85<<strong>br</strong> />

86<<strong>br</strong> />

87<<strong>br</strong> />

88<<strong>br</strong> />

89<<strong>br</strong> />

90<<strong>br</strong> />

Isolados alto Rio Alalaú<<strong>br</strong> />

(Pirititi)<<strong>br</strong> />

Isolados do Monte<<strong>br</strong> />

Caburaí<<strong>br</strong> />

Isolados da Serra da<<strong>br</strong> />

Estrutura<<strong>br</strong> />

Isolados do alto Rio<<strong>br</strong> />

Jatapu<<strong>br</strong> />

Isolados na TI<<strong>br</strong> />

Inãwébohona<<strong>br</strong> />

Isolados de Minaçu (Avá<<strong>br</strong> />

Canoeiro)<<strong>br</strong> />

Cimi e indígenas<<strong>br</strong> />

Pacas Novas e<<strong>br</strong> />

Cunpir<<strong>br</strong> />

Invasão de fazendas;<<strong>br</strong> />

RO/<<strong>br</strong> />

AM Sem providência Cimi e Funai Hidrelétricas do Rio Madeira;<<strong>br</strong> />

Agronegócio;<<strong>br</strong> />

RO Sem providência Cimi e Funai Exploração madeireira;<<strong>br</strong> />

Rorainópolis AM/RR Restrição de uso Funai<<strong>br</strong> />

Uiramutã<<strong>br</strong> />

Mucajaí<<strong>br</strong> />

RR<<strong>br</strong> />

RR<<strong>br</strong> />

TI Raposa Serra do Sol<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

TI Yanomami<<strong>br</strong> />

Registrada<<strong>br</strong> />

Cimi e indígenas<<strong>br</strong> />

Gavião e Arara<<strong>br</strong> />

Indígenas Ingaricó<<strong>br</strong> />

Funai<<strong>br</strong> />

Caroebe RR Sem providência Funai<<strong>br</strong> />

Pium e Lagoa da<<strong>br</strong> />

Confusão<<strong>br</strong> />

TO<<strong>br</strong> />

Na TI Inãwébohona<<strong>br</strong> />

Homologada<<strong>br</strong> />

Minaçu GO Sem providência Funai<<strong>br</strong> />

91Is Isolados do Pau Pixuna Tapauá AM Sem providência Cimi<<strong>br</strong> />

92 Isolados TI Pirahã Humaitá AM Na TI Pirahã<<strong>br</strong> />

93<<strong>br</strong> />

94<<strong>br</strong> />

95Is<<strong>br</strong> />

96Is<<strong>br</strong> />

97<<strong>br</strong> />

Isolados Cabeceiras do<<strong>br</strong> />

Jutaí (interflúvio Itacoai)<<strong>br</strong> />

Isolados cabeceiras do<<strong>br</strong> />

Jandiatuba<<strong>br</strong> />

Isolados do Alto<<strong>br</strong> />

Jandiatuba<<strong>br</strong> />

Isolados do Igarapé<<strong>br</strong> />

Kumaia<<strong>br</strong> />

Isolados do Igarapé<<strong>br</strong> />

Paraguaí<<strong>br</strong> />

Atalaia do Norte AM Na TI Vale do Javari Funai<<strong>br</strong> />

Atalaia do Norte AM Na TI Vale do Javari Funai<<strong>br</strong> />

Atalaia do Norte AM Na TI Vale do Javari Funai<<strong>br</strong> />

Atalaia do Norte AM Na TI Vale do Javari Funai<<strong>br</strong> />

Indígenas Karajá e<<strong>br</strong> />

Javaé e Cimi<<strong>br</strong> />

Cimi e indígenas<<strong>br</strong> />

Pirahã<<strong>br</strong> />

Atalaia do Norte AM Na TI Vale do Javari Funai e Cimi<<strong>br</strong> />

Fazendeiros e madeireiros;<<strong>br</strong> />

So<strong>br</strong>eposição Rebio Jaru;<<strong>br</strong> />

Projetos de desenvolvimento na região;<<strong>br</strong> />

Construção da Rodovia TO 242;<<strong>br</strong> />

So<strong>br</strong>eposição do Parque Nacional do Araguaia;<<strong>br</strong> />

Caçadores;<<strong>br</strong> />

Pescadores;<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 156


Capítulo V<<strong>br</strong> />

Memória e Justiça<<strong>br</strong> />

159 A remoção forçada<<strong>br</strong> />

do povo Pataxó Hã-Hã-Hãe


Eduardo Leão<<strong>br</strong> />

“<<strong>br</strong> />

A demora em garantir a área, ainda que mínima, para os Pataxó é só<<strong>br</strong> />

mais um capítulo da história de desestruturação social da comunidade.<<strong>br</strong> />

Os documentos históricos reunidos permitem não só identificar a<<strong>br</strong> />

dimensão da remoção forçada, como também os atores e responsáveis<<strong>br</strong> />

por um processo violento marcado por coerção e tutela<<strong>br</strong> />


Capítulo V<<strong>br</strong> />

MEMÓRIA E JUSTIÇA<<strong>br</strong> />

A remoção forçada<<strong>br</strong> />

do povo Pataxó Hã-Hã-Hãe<<strong>br</strong> />

Marcelo Zelic*<<strong>br</strong> />

A<<strong>br</strong> />

partir de arquivos de reportagens, registros oficiais de discursos e decisões<<strong>br</strong> />

parlamentares, além de informes de órgãos estatais, é possível recuperar<<strong>br</strong> />

parte significativa da história da remoção forçada do povo Pataxó Hã-Hã-<<strong>br</strong> />

-Hãe de suas terras no sudoeste da Bahia. Hoje, o Estado <strong>br</strong>asileiro já reconhece o<<strong>br</strong> />

direito de tais indígenas a 54.105 hectares, parte reduzida da área em que viviam<<strong>br</strong> />

originalmente. O trecho reservado como Terra Indígena Caramaru/Paraguassu,<<strong>br</strong> />

que pode ser observado em destaque no mapa ao lado, foi “encaminhado como<<strong>br</strong> />

reserva indígena”, ou seja, conforme a Fundação Nacional do Índio (Funai) indica 1 ,<<strong>br</strong> />

ainda está “em procedimento administrativo visando sua aquisição (compra<<strong>br</strong> />

direta, desapropriação ou doação)”.<<strong>br</strong> />

A demora em garantir a área, ainda que mínima, para os Pataxó é só mais um<<strong>br</strong> />

capítulo da história de desestruturação social da comunidade, fator diretamente<<strong>br</strong> />

relacionado à violência que culminou em pelo menos treze assassinatos neste<<strong>br</strong> />

povo registrados recentemente em relatórios do Conselho Indigenista Missionário<<strong>br</strong> />

(Cimi) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Os casos incluem disputas<<strong>br</strong> />

internas por poder, violência doméstica e mortes não esclarecidas pela polícia.<<strong>br</strong> />

Os documentos históricos reunidos permitem não só identificar a dimensão<<strong>br</strong> />

da remoção forçada, como também os atores e responsáveis por um processo<<strong>br</strong> />

violento marcado por coerção e tutela. A recuperação de informações serve<<strong>br</strong> />

também de base para tentar chamar atenção para a gravidade da lentidão no<<strong>br</strong> />

processo de regularização da reserva, bem como definir parâmetros para a reparação<<strong>br</strong> />

das violências cometidas, incluindo indenizações às vítimas.<<strong>br</strong> />

Arrendamento e doações<<strong>br</strong> />

Os primeiros registros de violências na região são da primeira metade do<<strong>br</strong> />

século passado, quando ataques de fazendeiros auxiliados por forças policiais<<strong>br</strong> />

resultaram, conforme registrado em Boletim Jurídico da Comissão Pró-Índio<<strong>br</strong> />

de 1983 2 , em uma chacina de indígenas. O episódio foi o início da perseguição<<strong>br</strong> />

desenfreada que se agravou durante a ditadura, quando as terras em que viviam<<strong>br</strong> />

os indígenas foram doadas ou arrendadas.<<strong>br</strong> />

A política de ocupação de áreas já ocupadas está diretamente relacionada à<<strong>br</strong> />

disputa fundiária que afeta até hoje os Pataxó. A estratégia de arrendamentos<<strong>br</strong> />

foi marcada por fraudes e resultou em desvio de recursos e de áreas públicas,<<strong>br</strong> />

conforme apontam os documentos. O Informativo FunaiI nº 17 3 , de 1976, por<<strong>br</strong> />

exemplo, ajuda a identificar a discrepância entre os valores pagos à Funai pelo<<strong>br</strong> />

arrendamento e o real valor das terras na época. Conforme detalhado na página<<strong>br</strong> />

37 do documento, pelas terras indígenas localizadas em Itaju da Colônia, avaliadas<<strong>br</strong> />

em 460,00 cruzeiros por hectare em 1972, os fazendeiros pagavam apenas 0,10<<strong>br</strong> />

cruzeiros por hectare, ou 0,02% do valor real. Os recursos deveriam ser pagos à<<strong>br</strong> />

Funai, e beneficiar os habitantes originais.<<strong>br</strong> />

* Vice-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais-SP e mem<strong>br</strong>o da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de<<strong>br</strong> />

São Paulo. Coordenador do Projeto Armazém Memória, foi um dos proponentes da criação do Grupo de<<strong>br</strong> />

Trabalho Indígena na Comissão Nacional da Verdade (CNV) e colaborador do Grupo de Trabalho Indígena<<strong>br</strong> />

nesta comissão.<<strong>br</strong> />

159<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Capítulo V<<strong>br</strong> />

MEMÓRIA E JUSTIÇA<<strong>br</strong> />

Na prática, porém, as condições de so<strong>br</strong>evivência do<<strong>br</strong> />

povo se agravaram. Uma das áreas ocupadas pelos Pataxó<<strong>br</strong> />

Hã-Hã-Hãe, de 36 mil hectares, nada menos do que 35.997<<strong>br</strong> />

hectares foram arrendados; restando aos indígenas apenas<<strong>br</strong> />

três hectares (equivalente a 30 mil metros 2 ). A desequili<strong>br</strong>ada<<strong>br</strong> />

redistribuição das terras beneficiou 604 fazendeiros,<<strong>br</strong> />

que pagaram, em 1976, somente 3.600 cruzeiros pela terra<<strong>br</strong> />

arrendada. Considerando o valor real avaliado em 1972,<<strong>br</strong> />

eles teriam que ter pago 16,56 milhões cruzeiros, ou seja,<<strong>br</strong> />

4.600 vezes mais.<<strong>br</strong> />

A cobiça em relação às terras está relacionada ao fato<<strong>br</strong> />

de serem áreas consideradas férteis. Os fazendeiros que se<<strong>br</strong> />

apropriaram dessas terras indígenas não eram camponeses,<<strong>br</strong> />

mas sim parte de um grupo econômico com influência<<strong>br</strong> />

e representação no Congresso Nacional. Defendendo os<<strong>br</strong> />

invasores em discurso proferido na Câmara dos Deputados<<strong>br</strong> />

em 1976 4 , o deputado federal Henrique Brito (Arena-BA)<<strong>br</strong> />

afirmou que na área total da reserva já havia mais “500<<strong>br</strong> />

mil cabeças de gado e milhares de arrobas de cacau”, e,<<strong>br</strong> />

ao insistir que o governo deveria apoiar os agricultores,<<strong>br</strong> />

argumentou, ignorando a presença dos Pataxó, que “não<<strong>br</strong> />

existem mais índios naquelas terras”.<<strong>br</strong> />

Também em defesa dos fazendeiros, um ano antes,<<strong>br</strong> />

em 19 de junho de 1975, outro parlamentar, o deputado<<strong>br</strong> />

federal Henrique Cardoso (MDB-BA) já havia encaminhado<<strong>br</strong> />

requerimento à mesa da Câmara dos Deputados 5 . Com o<<strong>br</strong> />

mesmo argumento de que na região não havia mais indígenas,<<strong>br</strong> />

o parlamentar já esboçava a estratégia de tomada<<strong>br</strong> />

definitiva das terras dos Pataxó Hã-Hã-Hãe e o registro<<strong>br</strong> />

destas para aqueles que as arrendavam:<<strong>br</strong> />

Concluindo, requeremos: que a Funai provoque junto<<strong>br</strong> />

ao poder Executivo a extinção dos “Postos Caramuru<<strong>br</strong> />

e Paraguaçu”, revertendo a área para o domínio da<<strong>br</strong> />

União; que a União doe ao Estado da Bahia a gleba<<strong>br</strong> />

que compõe os “Postos Caramuru e Paraguaçu”, e<<strong>br</strong> />

que na doação se assegure aos posseiros o direito<<strong>br</strong> />

de preferência para a aquisição direta ao Estado da<<strong>br</strong> />

Bahia das áreas ocupadas (leia na íntegra 6 ).<<strong>br</strong> />

Armazém da Memória<<strong>br</strong> />

A ação coordenada de diferentes representantes do<<strong>br</strong> />

Estado, fazendeiros e pecuaristas consolidou um projeto de<<strong>br</strong> />

desenvolvimento regional marcado por coerção, remoção<<strong>br</strong> />

forçada e violência; cabe destacar que o Reformatório<<strong>br</strong> />

Krenak é considerado hoje um campo de concentração<<strong>br</strong> />

e centro de tortura da ditadura 8 . A desestruturação do<<strong>br</strong> />

povo e os ataques diretos e indiretos sofridos estão bem<<strong>br</strong> />

documentados. Em 1976, na página 38 do Informativo Funai<<strong>br</strong> />

nº 17 9 , a situação é descrita da seguinte forma:<<strong>br</strong> />

Os atritos na região têm sido constantes. Os índios<<strong>br</strong> />

recusam-se a abandonar as terras enfrentando<<strong>br</strong> />

pressões para o fazerem, inclusive com assassinatos,<<strong>br</strong> />

e, com prisões, em 1ª, no Crenak, daqueles<<strong>br</strong> />

que resolvem enfrentar a situação. Outros, porém,<<strong>br</strong> />

preferem a<strong>br</strong>ir mão das terras a que têm direito,<<strong>br</strong> />

indo empregar-se com os arrendatários em troca<<strong>br</strong> />

de roupa e comida. As mulheres são forçadas a<<strong>br</strong> />

prostituírem-se em bordéis de estrada. A dispersão<<strong>br</strong> />

do grupo, atualmente, é acentuada, havendo três<<strong>br</strong> />

índios na sede do Posto, e cerca de 300 índios nos<<strong>br</strong> />

municípios vizinhos.<<strong>br</strong> />

Coerção, remoção forçada e violência<<strong>br</strong> />

Além de acabarem confinados em diminuta área e<<strong>br</strong> />

dispersos em fazendas, onde passaram a trabalhar como<<strong>br</strong> />

empregados dos novos latifundiários, os indígenas locais<<strong>br</strong> />

sofreram também violências diretas que desestabilizaram<<strong>br</strong> />

ainda mais sua estrutura social. As lideranças que se rebelaram<<strong>br</strong> />

foram levadas presas ao Reformatório Agrícola Krenak<<strong>br</strong> />

e, depois de 1972, à Fazenda Guarani, centros de detenção<<strong>br</strong> />

de indígenas da ditadura localizados em Minas Gerais.<<strong>br</strong> />

Não faltam registros de tais prisões. A edição número 23<<strong>br</strong> />

do jornal Porantim 7 , de outu<strong>br</strong>o de 1980, por exemplo,<<strong>br</strong> />

registra que “em julho foram transferidos 41 Pataxó do<<strong>br</strong> />

Posto Indígena de Caramuru, de Itajú do Colônia (BA),<<strong>br</strong> />

despachados para a prisão Guarani a fim de deixar livre<<strong>br</strong> />

aos fazendeiros a ocupação da área indígena”.<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 160


Capítulo V<<strong>br</strong> />

MEMÓRIA E JUSTIÇA<<strong>br</strong> />

Apesar de haver relatos e documentos da época que<<strong>br</strong> />

comprovam que não foram poucos os indígenas presos<<strong>br</strong> />

em Minas Gerais, os registros oficiais se resumem a onze<<strong>br</strong> />

casos. A subnotificação de detenções era comum, conforme<<strong>br</strong> />

revelou à Comissão Nacional da Verdade (CNV), o então<<strong>br</strong> />

chefe da Ajudância Minas Bahia da Funai, João Geraldo<<strong>br</strong> />

Itatuitim Ruas. Considerado um dos primeiros servidores<<strong>br</strong> />

de origem indígena do Brasil, ele assumiu o comando da<<strong>br</strong> />

Ajudância no lugar do militar Capitão Pinheiro. Inconformado<<strong>br</strong> />

com a situação que encontrou nos centros de<<strong>br</strong> />

detenção, fez denúncias e procurou superiores, sem sucesso<<strong>br</strong> />

(a reportagem “Um campo de concentração indígena a<<strong>br</strong> />

200 quilômetros de Belo Horizonte (MG”, publicada em<<strong>br</strong> />

2013 pela Pública 10 , conta mais so<strong>br</strong>e o episódio). Seu<<strong>br</strong> />

depoimento à CNV ajudou a identificar a dimensão e a<<strong>br</strong> />

gravidade do que aconteceu na região.<<strong>br</strong> />

Na lista de detenções oficial, recuperada pelo pesquisador<<strong>br</strong> />

José Ga<strong>br</strong>iel Silveira Corrêa a partir de documentos<<strong>br</strong> />

do Museu do Índio, figuram onze indígenas Pataxó, sendo<<strong>br</strong> />

três deles detidos por “atritos com o chefe do posto”. São<<strong>br</strong> />

casos como o de Samado Bispo dos Santos, que acabou<<strong>br</strong> />

recolhido em 1970 e preso outra vez em 1983 por defender<<strong>br</strong> />

os direitos territoriais de seu povo, conforme denunciou<<strong>br</strong> />

em discurso na Câmara dos Deputados, o deputado Mário<<strong>br</strong> />

Juruna 11 (PDT-BA).<<strong>br</strong> />

Egon Heck<<strong>br</strong> />

Responsabilidade pública<<strong>br</strong> />

A participação e responsabilidade de funcionários<<strong>br</strong> />

públicos no esbulho de renda e terras dos Pataxó também<<strong>br</strong> />

está documentada e envolve representantes de diferentes<<strong>br</strong> />

poderes em vários níveis e momentos distintos. Em um<<strong>br</strong> />

contexto de graves conflitos fundiários, incluindo casos<<strong>br</strong> />

de pistolagem (detalhados no jornal Porantim nº 94, de<<strong>br</strong> />

dezem<strong>br</strong>o de 1986 12 ), os documentos apontam ação coordenada<<strong>br</strong> />

entre o Executivo e Legislativo baianos, seus representantes<<strong>br</strong> />

no Legislativo Federal, dirigentes e servidores<<strong>br</strong> />

do Executivo Federal, o Judiciário e Forças de Segurança.<<strong>br</strong> />

Tudo com o objetivo de legalizar a expulsão dos indígenas<<strong>br</strong> />

e garantir a tomada das terras Caramaru/Paraguassu.<<strong>br</strong> />

Em depoimento ao Relatório Figueiredo, informe de mais<<strong>br</strong> />

de 7 mil páginas produzido em 1967 pelo procurador Jader<<strong>br</strong> />

de Figueiredo Correia so<strong>br</strong>e violações contra indígenas, o<<strong>br</strong> />

agente indígena Hélio Jorge Bucker, que atuou como chefe<<strong>br</strong> />

de diferentes postos do Serviço de Proteção aos Índios<<strong>br</strong> />

(SPI), assim detalha a expulsão dos Pataxó:<<strong>br</strong> />

(…) que esses esbulhos ocorreu ao tempo em que<<strong>br</strong> />

era interventor no Estado da Bahia o senhor JURACY<<strong>br</strong> />

MAGALHÃES sendo Chefe de Polícia o General<<strong>br</strong> />

LIBERATO DE CARVALHO um dos principais beneficiados<<strong>br</strong> />

pelo esbulho, juntamente com o ex-Ministro<<strong>br</strong> />

MANUEL NOVAES; que a área de que se beneficiou<<strong>br</strong> />

o General LIBERATO DE CARVALHO eram de 6 mil<<strong>br</strong> />

tarefas a fóra áreas consignadas a prepostos seus;<<strong>br</strong> />

que outras áreas eram consignadas a prepostos de<<strong>br</strong> />

JURACY MAGALHÃES; que não houve propriamente<<strong>br</strong> />

um esbulho, mas, sim, um verdadeiro genocídio<<strong>br</strong> />

através da contaminação da tribo PATAXÓ do vírus<<strong>br</strong> />

da varíola; que a reserva indígena ficou desabitada<<strong>br</strong> />

porque restou apenas uma meia dúzia de selvícolas<<strong>br</strong> />

(…) – páginas 3784-3785 do Relatório 13 .<<strong>br</strong> />

Ele conta ainda que chegou a comunicar as violações<<strong>br</strong> />

ao seu chefe, o major-aviador Luis Vinhas Neves, diretor<<strong>br</strong> />

do SIP, sem nenhum resultado. Neves teve papel ativo nos<<strong>br</strong> />

contratos de arrendamento de terras indígenas na região<<strong>br</strong> />

realizados a partir de 1965, assim como em outros episódios<<strong>br</strong> />

bastante graves; no caso da distribuição de roupas infectadas<<strong>br</strong> />

com varíola, que dizimou pelo menos duas aldeias<<strong>br</strong> />

inteiras no sul da Bahia, o autor da denúncia registrou a<<strong>br</strong> />

tentativa de denunciar o caso:<<strong>br</strong> />

(…) que o depoente comunicou ao Major VINHAS<<strong>br</strong> />

NEVES das atrocidades e das negociadas praticadas<<strong>br</strong> />

pelos funcionários da IR-6 mas aquele diretor declarou<<strong>br</strong> />

“desenterrar defuntos nem criar mais áreas de atrito”;<<strong>br</strong> />

que o Major VINHAS possuia todos os processos a esse<<strong>br</strong> />

respeito e não tomou providências porque não quis”.<<strong>br</strong> />

Após a expulsão e desestruturação das comunidades, os<<strong>br</strong> />

esforços para garantir a regularização das terras indígenas<<strong>br</strong> />

161<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


Instituto Socioambiental (ISA)<<strong>br</strong> />

Capítulo V<<strong>br</strong> />

MEMÓRIA E JUSTIÇA<<strong>br</strong> />

Mapa Localização da TI Caramuru/Paraguassu<<strong>br</strong> />

invadidas pelos latifundiários vieram do Legislativo. Em 1981,<<strong>br</strong> />

o deputado federal Fernando Gomes (PMDB-BA) fez um<<strong>br</strong> />

discurso defendendo que não deveria ser reconhecida nem<<strong>br</strong> />

mesmo a reserva indígena pleiteada, mesmo sendo esta área<<strong>br</strong> />

bastante reduzida em relação à que o povo originalmente<<strong>br</strong> />

ocupava. Em seu discurso 14 , para justificar a consolidação<<strong>br</strong> />

da expulsão dos Pataxós, ele citou o seguinte parecer do<<strong>br</strong> />

Setor da Regularização de Terras da Funai:<<strong>br</strong> />

“Não há, assim, terra indígena a reclamar como de<<strong>br</strong> />

domínio dos Pataxós no Estado da Bahia, sendo<<strong>br</strong> />

válidos e legítimos os títulos de propriedade expedidos<<strong>br</strong> />

pelo Estado em favor dos ocupantes que<<strong>br</strong> />

hoje são titulares do domínio pleno das glebas que<<strong>br</strong> />

possuem, não podendo ser aceita a denominação de<<strong>br</strong> />

‘Reserva Indígena Paraguassu’ à área localizada nos<<strong>br</strong> />

municípios de Camaeã, Pau Brasil, Itaju do Colonia,<<strong>br</strong> />

no Estado da Bahia, em virtude de inexistir ato que<<strong>br</strong> />

assim a denomine”.<<strong>br</strong> />

Por ficar evidente de maneira cabal a ação orquestrada<<strong>br</strong> />

entre diferentes agentes públicos, o episódio da expulsão<<strong>br</strong> />

dos Pataxó é um dos casos que pode ser objeto de trabalho<<strong>br</strong> />

da Comissão Nacional Indígena da Verdade, recomendada<<strong>br</strong> />

pela Comissão Nacional da Verdade ao Estado <strong>br</strong>asileiro<<strong>br</strong> />

como parte das medidas de reparação e justiça transicional<<strong>br</strong> />

previstas.<<strong>br</strong> />

Sob tutela<<strong>br</strong> />

Vale ressaltar também que, na época em que os contratos<<strong>br</strong> />

de arrendamento foram firmados pelo Estado, os indígenas<<strong>br</strong> />

da Bahia e de todo o Brasil viviam sob regime de tutela. O<<strong>br</strong> />

procurador Carlos Eduardo Raddatz Cruz, do Ministério<<strong>br</strong> />

Público Federal (MPF), tratou do tema ao apresentar um<<strong>br</strong> />

recurso so<strong>br</strong>e a aplicação do marco temporal nas terras<<strong>br</strong> />

do povo Guarani em Mato Preto, no Rio Grande do Sul 15 :<<strong>br</strong> />

O Estatuto do Índio (Lei 6.001/73), à sua vez, manteve<<strong>br</strong> />

inalterada a incapacidade relativa, a tutela e a atribuição<<strong>br</strong> />

ao órgão federal de assistência ao índio à<<strong>br</strong> />

“defesa judicial ou extrajudicial dos direitos dos<<strong>br</strong> />

silvícolas e das comunidades indígenas”.<<strong>br</strong> />

Somente com a Constituição Federal de 1988 surge<<strong>br</strong> />

o ideário de superação política integracionista e de<<strong>br</strong> />

uma visão de respeito à cultura indígena, quando<<strong>br</strong> />

então o regime de tutela indígena passa a ser repensado.<<strong>br</strong> />

Em síntese, o regime jurídico tutelar indígena do<<strong>br</strong> />

último século restringiu so<strong>br</strong>emaneira a autonomia<<strong>br</strong> />

de vontade dessas populações, de modo que a satisfação<<strong>br</strong> />

de qualquer interesse ou direito frente a particulares<<strong>br</strong> />

ou ao Estado pressupunha invariavelmente a<<strong>br</strong> />

intermediação do representante legal, inicialmente<<strong>br</strong> />

vinculado ao SPI e depois à Funai, órgãos so<strong>br</strong>e os<<strong>br</strong> />

quais, por muito tempo, pairou uma nuvem negra<<strong>br</strong> />

carregada de atrocidades perpetradas justamente<<strong>br</strong> />

contra aqueles a quem deviam proteção, como visto<<strong>br</strong> />

no tópico anterior.<<strong>br</strong> />

O Estado <strong>br</strong>asileiro, ao firmar contratos lesivos aos<<strong>br</strong> />

interesses de seus tutelados e promover ou acobertar por<<strong>br</strong> />

ação e omissão várias violências e procedimentos ilegais,<<strong>br</strong> />

violou convenções internacionais. A remoção forçada dos<<strong>br</strong> />

Pataxó Hã-Hã-Hãe, cujo resultado foi a desestabilização<<strong>br</strong> />

deste povo e o esbulho das terras e riquezas naturais, feriu<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 162


Capítulo V<<strong>br</strong> />

MEMÓRIA E JUSTIÇA<<strong>br</strong> />

DADOS INFORMADOS<<strong>br</strong> />

Data inicial 01/1972<<strong>br</strong> />

Data final 10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Valor nominal<<strong>br</strong> />

Cr$ 460,00 (Cruzeiro)<<strong>br</strong> />

DADOS CALCULADOS<<strong>br</strong> />

Índice de correção no período 10.858.952.562.626,8834490<<strong>br</strong> />

Valor percentual correspondente 1.085.895.256.262.588,3449000%<<strong>br</strong> />

Valor corrigido na data final<<strong>br</strong> />

R$ 1.816,41 (Real)<<strong>br</strong> />

Dados básicos da correção pelo IGP-DI (FGV)<<strong>br</strong> />

DADOS INFORMADOS<<strong>br</strong> />

Data inicial 01/1976<<strong>br</strong> />

Data final 10/<strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Valor nominal<<strong>br</strong> />

Cr$ 0,10 (Cruzeiro)<<strong>br</strong> />

DADOS CALCULADOS<<strong>br</strong> />

Índice de correção no período 4.666.815.155.712,5259723<<strong>br</strong> />

Valor percentual correspondente 466.681.515.571.152,5972300%<<strong>br</strong> />

Valor corrigido na data final<<strong>br</strong> />

R$ 0,17 (Real)<<strong>br</strong> />

o Decreto nº 58.824, de 14 de julho de 1966 16 , que internalizou<<strong>br</strong> />

no sistema jurídico <strong>br</strong>asileiro a Convenção nº 107 17 .<<strong>br</strong> />

Adotado em Gene<strong>br</strong>a, em 26 de julho de 1957, tal tratado<<strong>br</strong> />

prevê a proteção e integração das populações indígenas.<<strong>br</strong> />

O Brasil também é signatário da Declaração das Nações<<strong>br</strong> />

Unidas so<strong>br</strong>e os Direitos dos Povos Indígenas 18 , que em seu<<strong>br</strong> />

artigo 8, item 2-c determina que “os Estados estabelecerão<<strong>br</strong> />

mecanismos eficazes para a prevenção e a reparação de toda<<strong>br</strong> />

forma de transferência forçada de população que tenha<<strong>br</strong> />

por objetivo ou consequência a violação ou a diminuição<<strong>br</strong> />

de qualquer dos seus direitos” 19 .<<strong>br</strong> />

Base para reparação<<strong>br</strong> />

A reunião de documentos e registros do valor das transações<<strong>br</strong> />

de arrendamento das terras em questão permite<<strong>br</strong> />

traçar parâmetros para ações de reparação. O Grupo<<strong>br</strong> />

Tortura Nunca Mais-SP e a Comissão Justiça Paz da Arquidiocese<<strong>br</strong> />

de São Paulo entregarão, em setem<strong>br</strong>o de 2016,<<strong>br</strong> />

ao Ministério Público Federal arquivos e informações com<<strong>br</strong> />

o objetivo de auxiliar as autoridades na identificação de<<strong>br</strong> />

responsabilidades e encaminhamentos.<<strong>br</strong> />

Os dados so<strong>br</strong>e os valores de arrendamento, por<<strong>br</strong> />

exemplo, podem ser atualizados com a calculadora do<<strong>br</strong> />

Banco Central 20 , o que permite comparar a diferença entre<<strong>br</strong> />

o valor estimado e o que foi realmente pago na política de<<strong>br</strong> />

arrendamento promovida pelo Estado-tutor.<<strong>br</strong> />

Considerando os valores da década de 1970, mencionados<<strong>br</strong> />

no começo deste texto, por exemplo, é possível<<strong>br</strong> />

estimar que o valor de arrendamento por hectare a ser<<strong>br</strong> />

pago na época deveria ser o equivalente a R$ 1.816,41<<strong>br</strong> />

(ou os 460,00 cruzeiros por hectare, conforme avaliado<<strong>br</strong> />

na reportagem de 1972), quando, na realidade, o que foi<<strong>br</strong> />

pago foi o equivalente a R$ 0,17 (ou os 0,10 cruzeiros por<<strong>br</strong> />

hectare pago em 1976), conforme a tabela acima.<<strong>br</strong> />

Ou seja, em 36 mil hectares considerados, o valor a ser<<strong>br</strong> />

pago deveria ter sido de R$ 65,3 milhões, quando, o valor<<strong>br</strong> />

real foi de R$ 6,19 mil. Considerando como referência apenas<<strong>br</strong> />

cinco anos, de 1972 a 1976, o valor de arrendamento que<<strong>br</strong> />

deveria ser pago pelos fazendeiros de Itajú da Colônia seria<<strong>br</strong> />

de R$ 326,8 milhões, montante que teria de ser recolhido<<strong>br</strong> />

pelo Estado e revertido em renda indígena. Tal estimativa<<strong>br</strong> />

serve como um parâmetro, que pode ser complementado<<strong>br</strong> />

e ampliado com mais registros dos períodos entre 1947 e<<strong>br</strong> />

1971 e entre 1976 até os dias de hoje.<<strong>br</strong> />

Experiências de outros países, que buscaram reparar<<strong>br</strong> />

violações históricas, podem ajudar a estabelecer metodologias<<strong>br</strong> />

e referências para os processos de reparação. As<<strong>br</strong> />

indenizações pelas violações do nazismo na Alemanha e<<strong>br</strong> />

as condenações por crimes cometidos por ditaduras em<<strong>br</strong> />

outros países podem servir de inspiração para a Justiça<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>asileira. Juntamente com a demarcação das terras indígenas,<<strong>br</strong> />

o Estado, em todas as suas esferas, precisa também<<strong>br</strong> />

indenizar e reparar os crimes históricos cometidos contra<<strong>br</strong> />

os indígenas no Brasil. O esbulho da terra mediante a<<strong>br</strong> />

remoção forçada e o roubo da renda Pataxó Hãe-Hãe-Hãe<<strong>br</strong> />

é um caso explícito de débito do Estado <strong>br</strong>asileiro para<<strong>br</strong> />

com seus povos originários. u<<strong>br</strong> />

1 http://www.funai.gov.<strong>br</strong>/index.php/indios-no-<strong>br</strong>asil/terras-indigenas<<strong>br</strong> />

2 http://www.docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=HemeroIndio&PagFis=5874<<strong>br</strong> />

3 http://docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=docindio&pagfis=11979&pesq=<<strong>br</strong> />

4 http://docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=docindio&pagfis=16721&pesq=<<strong>br</strong> />

5 http://www.docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=DocIndio&PagFis=16659&Pesq=<<strong>br</strong> />

6 http://www.docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=DocIndio&PagFis=16659&Pesq=<<strong>br</strong> />

7 http://www.docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=HemeroIndio&PagFis=3248<<strong>br</strong> />

8 http://www.docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=ComissaoVerdade&PagFis=6633&Pesq=<<strong>br</strong> />

9 http://www.docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=DocIndio&PagFis=12018<<strong>br</strong> />

10 http://apublica.org/2013/06/um-campo-de-concentracao-indigena-200-quilometros-de-belo-horizonte-mg/<<strong>br</strong> />

11 http://www.docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=DocIndio&PagFis=17351<<strong>br</strong> />

12 http://www.docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=HemeroIndio&PagFis=4326<<strong>br</strong> />

13 http://www.docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=DocIndio&PagFis=3734<<strong>br</strong> />

14 http://imagem.camara.gov.<strong>br</strong>/Imagem/d/pdf/DCD08MAI1984.pdf<<strong>br</strong> />

15 http://www.mpf.mp.<strong>br</strong>/rs/atos-e-publicacoes/outras/APELACaO%20MATO%20PRETO%20-%20versao%20definitiva-assinado.pdf/view<<strong>br</strong> />

16 http://www.planalto.gov.<strong>br</strong>/ccivil_03/decreto/1950-1969/D58824.htm<<strong>br</strong> />

17 http://www.oit<strong>br</strong>asil.org.<strong>br</strong>/content/popula%C3%A7%C3%B5es-ind%C3%ADgenas-e-tribais<<strong>br</strong> />

18 http://www.funai.gov.<strong>br</strong>/arquivos/conteudo/cogedi/pdf/Livros/Coletanea-da-Legislacao-Indigenista-Brasileira-2008/cap1-Legislacao-Fundamental.pdf<<strong>br</strong> />

19 Para saber mais so<strong>br</strong>e a Declaração: http://www.un.org/esa/socdev/unpfii/documents/Q&A_Declaracao.pdf<<strong>br</strong> />

20 https://www3.bcb.gov.<strong>br</strong>/CALCIDADAO/publico/exibirFormCorrecaoValores.do?method=exibirFormCorrecaoValores&aba=1<<strong>br</strong> />

163<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


A n e x o<<strong>br</strong> />

166 Resumo da violência contra os povos<<strong>br</strong> />

indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong>


RESUMO DA VIOLÊNCIA CONTRA OS POVOS<<strong>br</strong> />

Capítulo I – Violência contra o patrimônio<<strong>br</strong> />

UF<<strong>br</strong> />

Omissão e<<strong>br</strong> />

morosidade na<<strong>br</strong> />

regularização de<<strong>br</strong> />

terras<<strong>br</strong> />

Conflitos<<strong>br</strong> />

relativos<<strong>br</strong> />

a direitos<<strong>br</strong> />

territoriais<<strong>br</strong> />

Invasões<<strong>br</strong> />

possessórias,<<strong>br</strong> />

exploração ilegal de<<strong>br</strong> />

recursos naturais e<<strong>br</strong> />

danos diversos ao<<strong>br</strong> />

patrimônio<<strong>br</strong> />

Total de Casos<<strong>br</strong> />

AC 17 17<<strong>br</strong> />

AL 8 1 9<<strong>br</strong> />

AM 180 1 6 187<<strong>br</strong> />

BA 15 2 17<<strong>br</strong> />

CE 21 21<<strong>br</strong> />

DF 1 1<<strong>br</strong> />

ES 1 1 2<<strong>br</strong> />

GO 1 1<<strong>br</strong> />

MA 9 1 18 28<<strong>br</strong> />

MG 11 11<<strong>br</strong> />

MS 96 10 2 108<<strong>br</strong> />

MT 42 3 45<<strong>br</strong> />

PA 57 12 69<<strong>br</strong> />

UF<<strong>br</strong> />

Omissão e<<strong>br</strong> />

morosidade na<<strong>br</strong> />

regularização de<<strong>br</strong> />

terras<<strong>br</strong> />

Conflitos<<strong>br</strong> />

relativos<<strong>br</strong> />

a direitos<<strong>br</strong> />

territoriais<<strong>br</strong> />

Invasões<<strong>br</strong> />

possessórias,<<strong>br</strong> />

exploração ilegal de<<strong>br</strong> />

recursos naturais e<<strong>br</strong> />

danos diversos ao<<strong>br</strong> />

patrimônio<<strong>br</strong> />

Total de Casos<<strong>br</strong> />

PB 2 2<<strong>br</strong> />

PE 12 12<<strong>br</strong> />

PI 1 1<<strong>br</strong> />

PR 29 29<<strong>br</strong> />

RJ 7 7<<strong>br</strong> />

RN 1 1<<strong>br</strong> />

RO 27 2 5 34<<strong>br</strong> />

RR 3 3 6<<strong>br</strong> />

RS 54 1 55<<strong>br</strong> />

SC 18 1 2 21<<strong>br</strong> />

SP 34 1 35<<strong>br</strong> />

TO 7 1 8<<strong>br</strong> />

Total 654 18 53 725<<strong>br</strong> />

Capítulo II – Violência contra a pessoa<<strong>br</strong> />

UF<<strong>br</strong> />

Assassinato<<strong>br</strong> />

Tentativa de<<strong>br</strong> />

assassinato<<strong>br</strong> />

Homicídio<<strong>br</strong> />

culposo<<strong>br</strong> />

Ameaça de<<strong>br</strong> />

morte<<strong>br</strong> />

Ameaças<<strong>br</strong> />

várias<<strong>br</strong> />

Lesões<<strong>br</strong> />

corporais<<strong>br</strong> />

dolosas<<strong>br</strong> />

Abuso de<<strong>br</strong> />

poder<<strong>br</strong> />

Racismo e<<strong>br</strong> />

discriminação<<strong>br</strong> />

étnico culturais<<strong>br</strong> />

Violência<<strong>br</strong> />

sexual<<strong>br</strong> />

AC 1 1 1 1 4<<strong>br</strong> />

AL 1 1<<strong>br</strong> />

AM 4 2 2 5 3 3 19<<strong>br</strong> />

AP 3 1 4<<strong>br</strong> />

BA 5 1 1 2 9<<strong>br</strong> />

CE 1 1 2<<strong>br</strong> />

DF 1 1<<strong>br</strong> />

GO 1 1<<strong>br</strong> />

MA 3 7 3 6 11 1 1 32<<strong>br</strong> />

MG 1 1 1 1 4<<strong>br</strong> />

MS 20 12 5 1 1 5 1 3 3 51<<strong>br</strong> />

MT 3 1 1 1 1 7<<strong>br</strong> />

PA 2 1 1 1 2 7<<strong>br</strong> />

PE 1 1<<strong>br</strong> />

PR 5 2 2 9<<strong>br</strong> />

RO 1 1 2 4<<strong>br</strong> />

RR 1 1 2 4<<strong>br</strong> />

RS 1 3 1 1 1 1 8<<strong>br</strong> />

SC 1 1 3 1 6<<strong>br</strong> />

SP 1 1 2<<strong>br</strong> />

TO 6 6<<strong>br</strong> />

Total 54 31 18 12 25 12 8 13 9 182<<strong>br</strong> />

Total de<<strong>br</strong> />

Casos<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi 166


INDÍGENAS NO BRASIL – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Capítulo III – Violência por omissão do poder público<<strong>br</strong> />

UF<<strong>br</strong> />

Desassistência na<<strong>br</strong> />

área de saúde<<strong>br</strong> />

Morte por<<strong>br</strong> />

desassistência à<<strong>br</strong> />

saúde<<strong>br</strong> />

Disseminação de<<strong>br</strong> />

bebida alcoólica e<<strong>br</strong> />

outras drogas<<strong>br</strong> />

Desassistência<<strong>br</strong> />

na área de<<strong>br</strong> />

educação escolar<<strong>br</strong> />

indígena<<strong>br</strong> />

Desassistência<<strong>br</strong> />

geral<<strong>br</strong> />

AC 2 1 1 2 6<<strong>br</strong> />

AM 2 1 8 5 16<<strong>br</strong> />

AP 1 2 3<<strong>br</strong> />

BA 1 1 2<<strong>br</strong> />

CE 1 1<<strong>br</strong> />

ES 1 1<<strong>br</strong> />

MA 11 11 1 23<<strong>br</strong> />

MG 1 1 2<<strong>br</strong> />

MS 4 1 8 13<<strong>br</strong> />

MT 5 2 1 8<<strong>br</strong> />

PA 9 3 4 6 22<<strong>br</strong> />

PE 1 1<<strong>br</strong> />

RJ 1 1 1 3<<strong>br</strong> />

RO 3 1 1 5<<strong>br</strong> />

RR 2 1 1 1 5<<strong>br</strong> />

RS 1 2 1 4<<strong>br</strong> />

SC 2 5 1 8<<strong>br</strong> />

SP 2 1 1 4<<strong>br</strong> />

TO 5 4 1 10<<strong>br</strong> />

Total 52 3 5 41 36 137<<strong>br</strong> />

Total de<<strong>br</strong> />

Casos<<strong>br</strong> />

Mortalidade na infância 1<<strong>br</strong> />

Dsei<<strong>br</strong> />

Nº de<<strong>br</strong> />

Óbitos<<strong>br</strong> />

Alagoas e Sergipe 7<<strong>br</strong> />

Altamira 11<<strong>br</strong> />

Alto Rio Negro 29<<strong>br</strong> />

Alto Rio Purus 27<<strong>br</strong> />

Alto Rio Solimões 77<<strong>br</strong> />

Amapá e Norte do Pará 12<<strong>br</strong> />

Araguaia 2<<strong>br</strong> />

Ceará 5<<strong>br</strong> />

Cuiabá 17<<strong>br</strong> />

Guamá-Tocantins 10<<strong>br</strong> />

Interior Sul 13<<strong>br</strong> />

Kayapó do Mato Grosso 10<<strong>br</strong> />

Kayapó do Pará 10<<strong>br</strong> />

Leste de Roraima 34<<strong>br</strong> />

Litoral Sul 3<<strong>br</strong> />

Manaus 7<<strong>br</strong> />

Maranhão 15<<strong>br</strong> />

Dsei<<strong>br</strong> />

Nº de<<strong>br</strong> />

Óbitos<<strong>br</strong> />

Mato Grosso do Sul 2 46<<strong>br</strong> />

Médio Rio Purus 9<<strong>br</strong> />

Médio Rio Solimões e<<strong>br</strong> />

Afluentes<<strong>br</strong> />

19<<strong>br</strong> />

Minas Gerais e<<strong>br</strong> />

Espírito Santo<<strong>br</strong> />

14<<strong>br</strong> />

Pernambuco 4<<strong>br</strong> />

Porto Velho 15<<strong>br</strong> />

Potiguara 6<<strong>br</strong> />

Rio Tapajós 9<<strong>br</strong> />

Tocantins 9<<strong>br</strong> />

Vale do Javari 18<<strong>br</strong> />

Vilhena 8<<strong>br</strong> />

Xavante 79<<strong>br</strong> />

Xingu 2<<strong>br</strong> />

Yanomami 3 72<<strong>br</strong> />

Total 599<<strong>br</strong> />

1 Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (Siasi), acesso em 24/05/2016. Dados sujeitos à revisão<<strong>br</strong> />

2 Dsei-MS<<strong>br</strong> />

3 Sistema de Informações so<strong>br</strong>e Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde<<strong>br</strong> />

Suicídio 1<<strong>br</strong> />

Dsei<<strong>br</strong> />

Lesões<<strong>br</strong> />

Autoprovocadas 2<<strong>br</strong> />

Amapá e Norte do<<strong>br</strong> />

Amapá<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

Alto Rio Negro 8<<strong>br</strong> />

Alto Rio Purus 3 1<<strong>br</strong> />

Alto Rio Solimões 13<<strong>br</strong> />

Araguaia 4 1<<strong>br</strong> />

Leste de Roraima 8<<strong>br</strong> />

Mato Grosso<<strong>br</strong> />

do Sul 5 45<<strong>br</strong> />

Médio Rio<<strong>br</strong> />

Solimões<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

Tocantins 2<<strong>br</strong> />

Yanomami 2<<strong>br</strong> />

Interior Sul 6 4<<strong>br</strong> />

Total 87<<strong>br</strong> />

1 Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena<<strong>br</strong> />

(Siai), acesso em 24/5/2016. Dados sujeitos à<<strong>br</strong> />

revisão<<strong>br</strong> />

2 Lesões autoprovocadas (X60 a X84)<<strong>br</strong> />

3 Cimi Regional Amazônia Ocidental<<strong>br</strong> />

4 Cimi Regional Mato Grosso<<strong>br</strong> />

5 Dsei-MS<<strong>br</strong> />

6 Cimi Regional Sul<<strong>br</strong> />

167<<strong>br</strong> />

RELATÓRIO – Violência contra os povos indígenas no Brasil – Dados de <strong>2015</strong><<strong>br</strong> />

Conselho Indigenista Missionário - Cimi


APOIO

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!