Jornal Cocamar Agosto 2016
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74 | <strong>Jornal</strong> de Serviço <strong>Cocamar</strong> | <strong>Agosto</strong> <strong>2016</strong><br />
SUCESSÃO<br />
Filho, a fazenda é sua<br />
Muitas vezes, quando o pai decide se aposentar, a mudança ocorre sem grandes problemas. Mas também<br />
são comuns as histórias de transição mal conduzidas. POR GABRIELA D’ANDREA, DA REDE AGROSERVICES<br />
Ao decidir se aposentar, a maioria dos agricultores<br />
opta por transferir o comando dos negócios aos herdeiros.<br />
Muitas vezes, a mudança ocorre sem grandes<br />
problemas, com os filhos trazendo ideias novas<br />
para a empresa, construída graças ao espírito empreendedor<br />
e à dedicação dos pais. Mas também são comuns histórias<br />
de transições mal conduzidas, que acabam gerando briga em<br />
família, divisão dos negócios e até mesmo a quebra da empresa<br />
depois de algum tempo.<br />
Para tratar dessa questão, a Rede AgroServices conversou<br />
com três especialistas no assunto: Cilotér Borges Iribarrem,<br />
diretor da Consultoria Safras & Cifras; João Paulo Prado, da<br />
MPrado Consultoria Empresarial, que inclusive oferece consultoria<br />
em transição familiar por meio do Programa de Pontos<br />
da Bayer; e Fábio Raimundi, da Pactum Consultoria.<br />
1)<br />
BUSCAR AJUDA ESPECIALIZADA - Muitos produtores<br />
conduzem o processo a partir de suas próprias<br />
crenças e intuições. Pode dar certo. Mas, para uma<br />
decisão tão importante, vale a mesma regra que se adota,<br />
por exemplo, antes de aceitar a indicação de uma cirurgia:<br />
buscar a opinião de especialistas.<br />
2)<br />
DEIXAR O FILHO VOAR - Não há nada errado em<br />
não querer seguir a profissão ou assumir os negócios<br />
do pai. Muitas vezes, porém, herdeiros de agricultores<br />
optam por outro caminho não tanto por vontade ou vocação,<br />
mas pela ilusão de que as profissões urbanas são mais interessantes.<br />
Para reduzir esse risco, é importante envolver os<br />
filhos desde cedo nas atividades da fazenda, mostrando os<br />
desafios, as oportunidades e a importância do agronegócio.<br />
Também são comuns histórias de filhos que iniciam a vida<br />
profissional em empresas urbanas, ganham experiência de<br />
vida e passam a perceber as vantagens de dar continuidade<br />
ao empreendimento familiar já constituído.<br />
3)<br />
TREINAR AS HABILIDADES DE LIDERANÇA - Diplomas<br />
em áreas relacionadas ao negócio representam<br />
uma etapa importante na preparação do sucessor.<br />
Mas, para assumir o comando, é necessário acumular experiência<br />
e saber liderar – um dom que muita gente não tem<br />
naturalmente. Para desenvolver essa habilidade, é recomendável<br />
a contratação de um consultor especializado. Outra alternativa<br />
é o filho atuar em outras fazendas antes de assumir<br />
os negócios da família.<br />
4)<br />
ENSINAR OS FILHOS A COOPERAR - Quando a sucessão<br />
envolve mais de um filho, um problema<br />
comum é a falta de experiência, inclusive dos pais,<br />
com o compartilhamento de poder. Muitas empresas terminam<br />
na segunda geração porque a sociedade foi imposta<br />
pelos pais, e não escolhida. Para dar certo, é importante estimular<br />
a cooperação entre os irmãos desde a infância e ensiná-los<br />
que a divergência pode ser até uma vantagem na<br />
sociedade, desde que encaminhada com respeito.<br />
5)<br />
ESTABELECER AS REGRAS - Em qualquer sociedade,<br />
é fundamental estabelecer as regras que irão<br />
orientar a conduta e o relacionamento entre as partes.<br />
Alguns dos principais pontos: distribuição de lucros, estrutura<br />
gerencial, os direitos e deveres de cada um. Cerca de<br />
60% dos rompimentos ocorrem por falta de regras, comunicação<br />
e confiança entre os sócios.<br />
6)<br />
DAR AUTONOMIA - Patriarcas de negócios rurais<br />
costumam ser centralizadores. Quando trazem os filhos<br />
para trabalhar com eles, têm dificuldade em delegar<br />
poder e continuam tomando as decisões importantes.<br />
Esse comportamento inibe a iniciativa e o aprendizado.<br />
7)<br />
A HORA CERTA - Aos 60, 65 anos, muitos produtores<br />
se sentem no auge. Mas é comum que, nessa<br />
idade, tenham um ou mais filhos que já estudaram,<br />
acumularam experiência e estejam prontos para assumir o<br />
comando. O ideal é que o filho assuma o comando em torno<br />
dos 35 anos. O herdeiro terá muita energia para empreender<br />
e poderá contar com os conselhos dos pais quando precisar.<br />
8)<br />
E DEPOIS? - O que o pai deve fazer depois de passar<br />
o bastão? A resposta, claro, varia conforme as condições<br />
e os interesses de cada um. Mas os especialistas<br />
afirmam que o futuro do fundador também deve fazer parte<br />
do plano de sucessão. Dependendo da estrutura do negócio,<br />
a família pode criar um conselho, e o fundador assumir a<br />
presidência ou outra função. Ele pode também dedicar sua<br />
experiência e energia a outras atividades, como a participação<br />
em cooperativas ou associações de classe.<br />
Diplomas em áreas<br />
relacionadas ao<br />
negócio representam<br />
uma etapa importante<br />
na preparação do<br />
sucessor. Mas, para<br />
assumir o comando,<br />
é necessário acumular<br />
experiência. Atuar<br />
em outras fazendas<br />
antes de assumir os<br />
negócios da família<br />
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