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MARCAS ICÓNICAS<br />

Do Mérito<br />

Amigos, ao contrário da<br />

maioria dos assuntos<br />

sobre os quais escrevo, o<br />

mérito não tem nada de subjectivo.<br />

E, quanto a mim, não está sujeito a<br />

muitas interpretações. Sou defensor<br />

acérrimo e convicto da meritocracia.<br />

Tudo aquilo que se consegue na vida<br />

(com a honrosa excepção de momentos<br />

de sorte) deve ser conseguido por<br />

mérito. Como resultado de bom comportamento<br />

ou de um trabalho bem<br />

feito. Tenho para mim que as avaliações<br />

devem ser constantes. E a aceitação<br />

dessas avaliações é importante<br />

para uma vida de conquistas honestas.<br />

É claro que não defendo que se<br />

seja déspota e se possa avaliar coisas<br />

de forma negativa (ou positiva) porque<br />

nos apetece. Mas saber olhar e<br />

reconhecer mérito (ou a falta dele) é<br />

demasiado importante para ser feito<br />

por pessoas pequeninas ou inconscientes.<br />

Vou até ser polémico quando<br />

digo que não acredito em coisas<br />

como “contratos para a vida” ou<br />

“efectividade”. Para mim, a continuidade<br />

das relações laborais e<br />

humanas deve basear-se exclusivamente<br />

nos desempenhos de cada um.<br />

Miguel Pires<br />

Músico<br />

miguelpyres.blogspot.pt (Mr. Nice Guy)<br />

Texto/Fotos: Miguel Pires<br />

Fez um bom trabalho? Trata bem a<br />

sua cara-metade? Então fica. Porque<br />

merece ficar. Se é displicente e<br />

trata mal as pessoas... fora! Há sempre<br />

quem queira trabalhar ou tratar<br />

bem uma pessoa. No caso particular<br />

das relações laborais, há países<br />

em que é mesmo assim. Resultado:<br />

toda a gente se aplica mais. Porque<br />

se não, há mais 50 000 à porta<br />

cheios de vontade de trabalhar e de<br />

ter uma oportunidade. E não tenho<br />

dúvidas de que quem tem sucesso (e<br />

partindo do princípio que não anda a<br />

dormir com o(a) chefe), tem-no por<br />

mérito. É claro que um Mundo que<br />

se regesse apenas por meritocracia<br />

é utópico. Porque isso implicava que<br />

não houvesse venenos, que não se<br />

“emprenhasse pelos ouvidos”, que<br />

não houvesse joguinhos de poder e<br />

que não houvesse sistemas viciados<br />

e instalados que corrompem e deturpam<br />

qualquer noção de mérito que<br />

se possa ter. Não peço tanto. Mas<br />

gostava sinceramente que assim fosse.<br />

Até agora na minha vida tentei<br />

que, tudo aquilo que consegui, fosse<br />

por mérito. Por ter feito um bom trabalho.<br />

Por me ter portado bem com<br />

as pessoas, com as empresas, com o<br />

Público. Detesto cunhas e situações<br />

criadas em bastidores para viciar<br />

sistemas. Detesto situações de direitos<br />

adquiridos usados para intimidar<br />

quem, de forma justa, reclama<br />

de um trabalho mal feito. Não gosto<br />

que se dê trabalho a seja quem for<br />

por pena, por paixão ou por afinidade.<br />

Na avaliação do mérito de cada<br />

um, devem ter-se em conta duas<br />

dimensões: a qualidade do trabalho<br />

apresentado e a contigência no qual<br />

o mesmo foi feito. Porque há coisas<br />

que escapam ao nosso controlo. E<br />

isso precisa também de ser tido em<br />

conta. Mas se avaliarmos o dessmpenho<br />

de cada um na sua área, sem<br />

procurar bodes expiatórios, quase<br />

que garanto a aplicação limpa da<br />

meritocracia que tanto defendo. Em<br />

20 anos de carreira profissional,<br />

investi tempo e dinheiro na preparação<br />

de tudo o que fiz. Nunca gostei<br />

de chegar aos sítios mal preparado.<br />

Sempre tive uma preocupação grande<br />

com a preparação das coisas. Em<br />

algumas alturas devo confessar que<br />

a preocupação era demasiada. Mas<br />

os aplausos, os elogios e a noção de<br />

que fiz o meu melhor, estiveram quase<br />

sempre presentes. Talvez por isso<br />

me tenham chamado novamente<br />

para as coisas. Talvez por isso tenha<br />

tido (até agora) alguma continuidade<br />

na actividade que exerço. Como<br />

nunca fui efectivo em coisa nenhuma,<br />

só posso ser levado a concluir<br />

que foi algum mérito que me trouxe<br />

aqui. Entendam que aqui não pode<br />

haver lugar a falsas modéstias. O que<br />

há é um olhar para trás, para o presente<br />

e para o futuro com segurança<br />

e consciência limpa. E tenham muito<br />

cuidado quando tratarem de forma<br />

injusta alguém que provou o seu<br />

valor e que demosntrou mérito puro<br />

e duro. É que, de todas as injustiças,<br />

esta é seguramente uma das piores.<br />

Mas quero que a minha vida seja<br />

assim. A trabalhar, a viver de conquista<br />

em conquista. E sem bananeiras<br />

para me deitar à sombra. Beijos<br />

e abraços. ><br />

28<br />

saber | OUTUBRO | 2016

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