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Toolkits para capacitação no Brasil<br />

coletará dados sobre o número de mamógrafos por 100 mil mulheres, ou seja, este é um dos indicadores<br />

utilizados para avaliar se houve aumento da oferta deste equipamento à população, como preconiza o<br />

programa.<br />

Que tipo de informação as associações podem procurar? Elas podem procurar informações dos pacientes sobre<br />

as dificuldades no acesso aos mamógrafos, a fim de identificar possíveis falhas no sistema de saúde observados<br />

em suas localidades. Assim, enquanto o governo está coletando dados agregados quantitativos, as associações<br />

podem obter informações qualitativas sobre as dificuldades enfrentadas pelas pacientes no acesso ao<br />

diagnóstico.<br />

Esses dados podem ser usados em seminários com presença de representantes do governo, em audiências<br />

públicas ou reuniões e, em meios de divulgação para informar a situação de saúde dos usuários em uma dada<br />

localidade. Em outro exemplo, os dados agregados do governo podem nos mostrar que o tempo entre o<br />

diagnóstico e o tratamento de câncer em uma localidade X é duas vezes maior que na localidade Y. Por que isso<br />

acontece? Embora seja uma informação importante, ela não terá muita utilidade se a causa não for investigada.<br />

Ao trabalhar proximamente aos pacientes, as associações de pacientes podem ajudar o governo a entender o<br />

motivo disso acontecer, fornecendo instrumentos para a melhoria da qualidade do serviço.<br />

2.3 Estudos de caso: Como as políticas públicas têm melhorado a vida de pacientes no Brasil<br />

Estudo de Caso 1: Programa Brasileiro de HIV/Aids<br />

O Programa Brasileiro de HIV/Aids representa um exemplo mundial de um programa plenamente instalado de<br />

acesso universal à terapia anti-retroviral em países em desenvolvimento. A implantação desse programa voltado<br />

ao acesso a terapias anti-retrovirais, em conjunto com políticas de prevenção, foi fundamental para a redução<br />

da morbi-mortalidade no país e constitui-se como um caso exemplar de política pública que trouxe um grande<br />

benefício a pacientes com a doença. Outro ponto importante é que as estratégias de combate à doença<br />

contaram com a participação integrada de segmentos organizados da sociedade, como associações de<br />

pacientes, governo federal, estadual e municípios e organismos internacionais. Este é um exemplo de política de<br />

inclusão dos direitos da população na agenda governamental, por meio da colaboração entre vários<br />

stakeholders.<br />

O primeiro caso de Aids no Brasil ocorreu em 1980 e logo se transformou em epidemia. A pesar do emprego de<br />

inibidores de transcriptase reversa no tratamento da Aids desde 1987, foi apenas em 1996, com a lei federal que<br />

instituiu a distribuição gratuita de medicamentos - terapia anti-retroviral de alta potência (HAART) - aos<br />

portadores de HIV e doentes de Aids, que que a mortalidade por Aids caiu vertiginosamente no país. Em 1995 a<br />

taxa de mortalidade por Aids havia atingido seu pico, cerca de 9,6 mortes por 100 mil habitantes. Já em 1999,<br />

apenas três anos após a lei, a taxa se reduziu para 6,4 óbitos por 100 mil habitantes, com relativa estabilização<br />

das taxas de incidência.<br />

Vários fatores contribuíram para que o governo brasileiro elegesse o controle da epidemia de HIV como uma de<br />

suas prioridades:<br />

- O crescimento da doença em todo o mundo, pandemia em alguns países em desenvolvimento e a crescente<br />

preocupação de organismos internacionais e países desenvolvidos em relação ao controle da epidemia<br />

- O movimento da Reforma Sanitária no país na década de 1980, que colocou a saúde como um direito dos<br />

cidadãos e um dever do Estado, o que resultou na criação do SUS em 1990<br />

- O ativismo relacionado à Aids no Brasil, beneficiado pelo momento de reforma política, elaboração da nova<br />

Constituição, em 1988, restauração da democracia, anistia política e pelo retorno de diversos líderes políticos e<br />

asilados ao país<br />

- A cooperação entre entes governamentais, pesquisadores, ONGs e organismos internacionais, como a ONU e<br />

suas agências (Organização Mundial da Saúde e Unaids), e apoio financeiro do Banco Mundial<br />

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