Práticas de Educacao-Fisica-na-Educacao-Infantil
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da instituição como a própria sala <strong>de</strong> aula<br />
da turma, como o parque externo e <strong>de</strong>mais<br />
espaços disponíveis da unida<strong>de</strong>. Foram utilizados,<br />
nos momentos <strong>de</strong> intervenção, bolas<br />
<strong>de</strong> diferentes tamanhos, cordas, bambolês,<br />
barbantes, cones e fitas.<br />
Os <strong>de</strong>safios iniciais foram <strong>de</strong>senvolver a compreensão<br />
<strong>na</strong>s crianças que as brinca<strong>de</strong>iras<br />
não tinham vencedores e per<strong>de</strong>dores, mas<br />
que se todos contribuíssem e refletissem sobre<br />
o real objetivo da ativida<strong>de</strong>, todos seriam<br />
vencedores. As experiências vivenciadas nos<br />
primeiros momentos foram difíceis, pois havia<br />
crianças que não conseguiam lidar com<br />
as ações dos <strong>de</strong>mais amigos, não contribuindo<br />
com o objetivo geral assumido pelo grupo.<br />
Conflitos, discussões e diálogos fizeram<br />
parte dos momentos e propiciaram aprendizagens<br />
significativas para as crianças, bem<br />
como para o professor.<br />
A Turma do Jardim II, do Grupo Água, adaptou-se<br />
<strong>de</strong> forma bastante rápida às ativida<strong>de</strong>s<br />
propostas e conseguiram compreen<strong>de</strong>r<br />
a diferenciação dos tipos <strong>de</strong> jogos, mais precisamente<br />
os jogos cooperativos, e os objetivos<br />
das brinca<strong>de</strong>iras. Notou-se o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> uma afetivida<strong>de</strong> bastante significa<br />
entre a turma e o professor. Os pequenos<br />
conflitos existentes foram logo resolvidos e<br />
esclarecidos por meio do diálogo.<br />
Destaca-se a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvida a qual<br />
consistia em conduzir um amigo <strong>de</strong> olhos<br />
vendados pelo parque <strong>de</strong>sviando dos obstáculos.<br />
Essa ativida<strong>de</strong> foi bastante significativa,<br />
pois materializava a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
confiar no amigo, estabelecendo relações<br />
<strong>de</strong> cooperação, respeito e socialização. Notou-se<br />
a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> algumas crianças em<br />
serem conduzidas por outras crianças, e, em<br />
alguns colegas, a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> conduzir<br />
<strong>de</strong> forma a<strong>de</strong>quada o colega pelo parque.<br />
Várias crianças no início não confiavam <strong>na</strong><br />
condução e buscavam abrir os olhos durante<br />
a ativida<strong>de</strong>. Após conversa e diálogo com o<br />
grupo, tais condutas pu<strong>de</strong>ram ser transformadas.<br />
Em todas as ativida<strong>de</strong>s propostas,<br />
buscou-se ao fi<strong>na</strong>l dialogar com as crianças<br />
para apontar os principais problemas, <strong>de</strong>safios<br />
e pontos que eles achavam interessantes<br />
e que necessitavam serem resolvidos.<br />
Outra ativida<strong>de</strong> que se <strong>de</strong>stacou foi a <strong>de</strong>senvolvida<br />
com o lençol e as bolinhas <strong>de</strong> tênis,<br />
que tinha como objetivo manter todos as<br />
bolinhas sem <strong>de</strong>ixá-las cair para fora do lençol.<br />
No início, o grupo <strong>de</strong>monstrou dificulda<strong>de</strong>,<br />
pois havia crianças que balançavam<br />
muito forte o lençol, o que fazia com que as<br />
bolinhas saíssem. A partir das vivências, as<br />
próprias crianças começaram a conversar e<br />
a chamar a atenção dos amigos para explicar<br />
que se cada um puxasse para um lado ou<br />
balançasse com força não conseguiríamos<br />
atingir o objetivo da proposta.<br />
Relações e vivências<br />
O principal objetivo do projeto era vivenciar<br />
os jogos cooperativos com o intuito <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver<br />
a i<strong>de</strong>ia do jogar com o outro e não contra<br />
o outro. Ao fi<strong>na</strong>l do processo, foi possível<br />
observar que as crianças <strong>de</strong>monstraram por<br />
meio das brinca<strong>de</strong>iras a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> agir<br />
<strong>de</strong> forma mais coletiva. Em um mundo tão individualista<br />
e egocêntrico, parece ser importante<br />
<strong>de</strong>senvolver tais habilida<strong>de</strong>s que contribuam<br />
para a construção <strong>de</strong> crianças mais<br />
participativas, respeitosas e que respeitem as<br />
individualida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada um.<br />
O processo avaliativo <strong>de</strong>u-se por meio da observação<br />
das ativida<strong>de</strong>s, em que se buscou<br />
i<strong>de</strong>ntificar como as crianças agiam <strong>de</strong>ntro<br />
do gran<strong>de</strong> grupo e quais características individuais<br />
eram mais marcantes no <strong>de</strong>senvolvimento<br />
das ativida<strong>de</strong>s. Observar, dialogar e<br />
i<strong>de</strong>ntificar foram e são ferramentas importantes<br />
para o trabalho diário do professor <strong>de</strong><br />
Educação Física.<br />
É possível perceber a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construir<br />
nos momentos <strong>de</strong> Educação Física vivências<br />
que oportunizem a relação entre o Eu, <strong>de</strong> forma<br />
a resgatar as características, os <strong>de</strong>sejos<br />
e as preferências individuais; e o Outro, para<br />
respeitar as individualida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada ser, construindo<br />
assim o Nós, o coletivo, o social e o<br />
integrador. A construção da legitimida<strong>de</strong> do<br />
campo da Educação Física, principalmente<br />
nos centros <strong>de</strong> Educação <strong>Infantil</strong>, perpassa<br />
entre práticas intencio<strong>na</strong>is que respeitam os<br />
<strong>de</strong>sejos, as características das crianças, bem<br />
como os da infância. Questio<strong>na</strong>mentos como:<br />
Que crianças queremos formar? Que professor<br />
<strong>de</strong>sejamos ser? Qual papel da Educação Física<br />
<strong>na</strong> Educação <strong>Infantil</strong>?, são questões importantes<br />
para refletir continuadamente nos processos<br />
<strong>de</strong> constituição dos professores.<br />
Heitor Luiz Furtado<br />
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