16.02.2017 Views

DEMOCRACIA

CEGOV2016EditorialGTEconomiaCriativadigital

CEGOV2016EditorialGTEconomiaCriativadigital

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O setor do design tem crescido bastante em importância na China. De acordo<br />

com o Setor de Estatística da Unctad, em 2012, último ano para o qual há dados,<br />

a China liderou as exportações de produtos de design, cifra que alcançou US$<br />

105,47 bilhões em valores correntes. Isso equivale a 69,8% do total de exportações<br />

chinesas de produtos criativos naquele ano, determinante, portanto, da liderança<br />

chinesa no comércio global desses produtos. Madeira (2014) entende que esses<br />

dados devem ser analisados com parcimônia, não só por poderem desvirtuar o real<br />

estado do setor no país, quanto pelo conteúdo criativo desses bens também ser<br />

importado, como já apontamos aqui anteriormente. É nesse sentido a avaliação de<br />

Senra e Da Rocha (2014), ao afirmarem que a maior parte do design de alta qualidade<br />

de produtos chineses é importada. Segundo a Unctad, os principais subsetores<br />

de exportação dentro do item design são, respectivamente, moda, decoração de<br />

interiores e bijuteria (UNCTAD, 2015).<br />

Segundo Madeira (2014), o Estado chinês reconhece a importância do design<br />

em duas vertentes. Em primeiro lugar, o design é visto como agregador de<br />

valor aos manufaturados chineses, logo, fundamental para a liderança do país no<br />

setor. Em segundo lugar, o design tem papel na arquitetura e urbanismo, “no estabelecimento<br />

de marcos urbanísticos nas principais capitais do país, fatores de<br />

atração de capital financeiro e humano e de turismo” (MADEIRA, 2014, p. 157).<br />

Assim, design e arquitetura moldam a identidade chinesa ao mesmo tempo em que<br />

contribuem fortemente com a economia do país (KERN; SMITS; WANG, 2011).<br />

153<br />

Em linha com as tendências da escola inglesa de economia criativa, que vê<br />

o trabalho criativo com potencial de agregar valor a diferentes setores da economia<br />

(BAKHSHI; FREEMAN; HIGGS, 2013), documentos oficiais chineses como o<br />

China 2030 ressaltam o papel estratégico do design e outras ocupações criativas<br />

altamente especializadas para a inovação (BANCO MUNDIAL, 2013). Madeira<br />

(2014, p. 157) afirma que, por isso, o design contribui para a ideia de “From<br />

made in China to created in China (ou) designed in China”. Nesse sentido, a<br />

autora sublinha iniciativas de evolução do design industrial por parte das empresas<br />

Lenovo, Philips China (que tem adotado uma perspectiva híbrida de design<br />

chinês e internacional), e Ningo Brid (telefones celulares), as quais passaram a<br />

se apoiar na cultura chinesa para criar novos produtos, conquistando vantagens<br />

competitivas no mercado.<br />

Esse investimento na diversidade cultural chinesa corrobora os argumentos<br />

de Kiss, Bezerra e Deos (2011). Segundo eles, a China, assim como outros emergentes<br />

do Bric, possui grande potencial no setor de design tanto pelo crescimento<br />

de seus mercados internos quanto pela proximidade cultural que esses países têm<br />

de outros mercados em crescimento no terceiro mundo. Assim, a China e os emergentes<br />

estariam em posição privilegiada para atender à demanda de design em<br />

ECONOMIA CRIATIVA, CULTURA E POLÍTICAS PÚBLICAS

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!