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DEMOCRACIA

CEGOV2016EditorialGTEconomiaCriativadigital

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Se os números do microcrédito ainda são bastante limitados no Brasil (MA-<br />

TOS et al, 2015), os analistas apontam para, do lado dos bancos comerciais, a insuficiência<br />

e/ou a baixa confiabilidade dos seus sistemas de informações para os<br />

micronegócios; a preferência pelas garantias reais; a percepção de risco elevado; a<br />

inexistência e/ou inadequação de projetos; e os altos custos em geral da operação.<br />

Da parte das Oscips, SCMs, cooperativas e outras instituições com dificuldade de<br />

autossuficiência, a aproximação entre estas e os bancos, que era a intenção inicial<br />

do PNMPO (onde estes adquiririam carteiras daquelas), não foi alcançada. Avançou-se<br />

no marco legal e no desenvolvimento institucional, mas talvez a crise tenha<br />

chegado justo no momento do próximo passo. Por fim, da parte dos pequenos empreendedores,<br />

muito se avançou na formalização – o que é importante em um país<br />

onde se culpa via de regra a burocracia sem entender que sem esta seria difícil a<br />

sobrevivência dos empreendimentos para fora de sua comunidade imediata –, mas<br />

continuam sendo um obstáculo a falta de educação financeira e de capacidade de<br />

gerar bons projetos e de geri-los com racionalidade.<br />

Se já havia obstáculos antes, a crise tende a colocar novos, ainda que haja<br />

os que argumentem que o microcrédito cresce na crise, dado o aumento do desemprego,<br />

o que leva as pessoas a formarem atividades irregulares. Os números<br />

do PNMPO mostram, contudo, que, nos últimos três anos, o quadro é de relativa<br />

estagnação. No terceiro trimestre de 2015, último relatório disponível do programa,<br />

14 contavam-se já oito trimestres de relativa estagnação do volume de recursos<br />

emprestados em torno da marca dos 3 bilhões de reais. Além disso, persiste uma<br />

grande concentração da oferta de crédito no Nordeste, responsável por 68% do<br />

volume de recursos concedidos, quase todo ele obra de uma única instituição, o<br />

BNB (CAMPREGHER, 2015).<br />

77<br />

Num horizonte mais amplo, porém, é de se esperar, como Araújo e Lima<br />

(2014), uma nova configuração do microcrédito devido a três fatores: i) inovações<br />

institucionais; ii) ampliação da atuação do setor bancário privado; e iii) mudanças<br />

econômicas representadas por novas atividades, e relacionadas com novas tecnologias<br />

da informática, particularmente a Internet. 15<br />

(14) Vide MTE (2016).<br />

(15) Exemplo de inovação institucional pode ser o caso de se permitir às Oscips trabalharem<br />

com captação de poupança, ou venda de microsseguros. No que diz respeito ao terceiro<br />

ponto, a existência hoje de uma plataforma virtual que torna de acesso fácil e gratuito a<br />

implantação de moedas sociais pode dar ao microcrédito uma nova fonte de recursos para<br />

além da moeda oficial.<br />

ECONOMIA CRIATIVA, CULTURA E POLÍTICAS PÚBLICAS

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