DEMOCRACIA
CEGOV2016EditorialGTEconomiaCriativadigital
CEGOV2016EditorialGTEconomiaCriativadigital
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
entre a classe criativa, a audiência e o desenvolvimento local. A reflexão entre cultura,<br />
mercado e trabalho se dá pela discussão das políticas culturais.<br />
Valor, trabalho criativo e organização social é uma tríade importante para<br />
entender os processos produtivos e as relações profissionais do campo das indústrias<br />
culturais e criativas (ICC). A relação de valor do produto cultural não está relacionada<br />
ao tempo de trabalho empregado na produção, e tão pouco na relação<br />
do valor de uso – valor de troca. O valor de um produto cultural se estabelece na<br />
tríade autor-obra-público, que conecta os três modelos aqui discutidos. Após a Internet,<br />
os processos de distribuição tornaram-se mais democráticos, porém essa<br />
abundância de conteúdo circulando faz com que os conteúdos de nicho se percam<br />
no mercado de massa e encontrá-los nem sempre é uma tarefa fácil. A relação entre<br />
classe criativa e seu público é um elemento chave e muitas vezes o empreendedor<br />
tem de se esforçar para encontrar seu público. As redes de colaboração vêm suprir<br />
uma estrutura funcional do processo produtivo. Essas redes reúnem profissionais<br />
que trabalham em uma mesma cadeia, seja ela da música, da arte, cultura em geral<br />
ou outra linguagem específica. Essa rede é uma nova forma de organização social,<br />
constituída por diferentes profissionais que buscam oportunidade de trabalho, renda,<br />
financiamento, e que, por meio de uma gestão horizontal, dinamizam a cadeia,<br />
seja no processo criativo, seja nos processos de difusão, circulação e consumo.<br />
Diferentes profissionais saem em busca de informações e parcerias para<br />
participar do intenso mercado das ICC, e com a Internet surgem oportunidades<br />
de estabelecer relações diretas com o público, e construir ferramentas próprias de<br />
atuação profissional. Quando conseguem estabelecer um diálogo com a audiência,<br />
a classe criativa passa a adquirir certa independência do financiamento público<br />
e provavelmente aumentam-se a receita de fontes diversificadas. Ao passar por<br />
essas etapas, o agente pode, ou não, mudar de fase em seu processo produtivo,<br />
nos termos de Williams (1993). Pragmaticamente, o gerenciamento dos negócios<br />
de processos envolve todos os elos da cadeia produtiva da cultura, seja a produção<br />
cultural, a difusão, a circulação ou a fruição. No entanto, esse equilíbrio não depende<br />
somente do empreendimento cultural e de seus recursos, também depende da<br />
estrutura política local que ampara esse novo modelo de gestão.<br />
245<br />
Acreditamos que o setor da ICC está amparado pelas políticas culturais e<br />
está dividido em agentes culturais de diferentes níveis profissionais. Os artistas<br />
que se encontram nas fases artesanal, pós-artesanal e de mercado tendem a se<br />
organizar em redes autônomas de trabalho que envolvem diferentes hubs para a<br />
produção e fomento das cadeias produtivas. O agente de mercado tem um transito<br />
maior na esfera comercial e dialoga com o modelo global, mas a maioria de seus<br />
processos ainda se apoia nas redes de trabalho. O artista que consegue chegar à<br />
etapa da fase empresa, geralmente já procura obedecer a um modelo global, e às<br />
ECONOMIA CRIATIVA, CULTURA E POLÍTICAS PÚBLICAS