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Março/2017 - Revista VOi 139

Grupo Jota Comunicação

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• HISTÓRIAS<br />

H ISTÓRIAS<br />

cURITIBANAS<br />

O Passeio e Eu<br />

Antes de entrar,<br />

uma senhora<br />

me para. Ela avisa<br />

que hoje os patos<br />

estão impossíveis –<br />

e não há migalhas<br />

que os acalmem.<br />

Mas a verdade é<br />

que nos apegamos<br />

a tudo: bichos,<br />

personagens literários,<br />

lugares e,<br />

enfim, tudo que<br />

nos traga algum<br />

resquício de projeção<br />

emocional.<br />

Dias atrás, no<br />

mesmo Passeio<br />

Público, um jovenzinho<br />

caiu de sua<br />

bicicleta. Ralou os<br />

joelhos, engoliu o<br />

choro e logo sorriu<br />

pra os macaquinhos.<br />

É assim o<br />

Passeio, quase um<br />

ponto intermediário entre o caos de Curitiba e um lugar<br />

que nos leva ao mágico.<br />

Mas antes, um pouco de história: não à toa é o mais<br />

antigo parque municipal da capital, criado por Alfredo<br />

D´Estragnolle Taunay quando presidente da Província do<br />

Paraná e inaugurado em 1886, ele nasceu da drenagem de<br />

um terreno pantanoso, passou por várias transformações ao<br />

longo do tempo, tendo sido conhecido até mesmo como<br />

Jardim Botânico.<br />

O fato é que desde sua inauguração, o Passeio se tornou<br />

o mais tradicional ponto de encontro dos curitibanos; além<br />

de primeiro zoológico da cidade, foi palco de fatos marcantes<br />

na vida cultural e no folclore de Curitiba: em 1909,<br />

foi dali que alçou<br />

voo em um<br />

balão a intrépida<br />

Maria Alda,<br />

para pousar desastradamente<br />

no telhado da<br />

Catedral Metropolitana,<br />

na Praça<br />

Tiradentes.<br />

Já em 1911, na<br />

ilha desde então<br />

chamada da Ilusão,<br />

o simbolista<br />

Emiliano Perneta<br />

foi coroado Príncipe<br />

dos Poetas<br />

Paranaenses.<br />

O Passeio<br />

Público é um panorama<br />

do cotidiano<br />

da nossa<br />

cidade, ao observar<br />

meninas<br />

que deveria estar<br />

em aula no colégio<br />

vizinho, mas preferem perambular sob suas árvores, ao<br />

ouvir o homem consternado, explicando o motivo de seu<br />

divórcio a um desconhecido. Ou o senhor que só entrega<br />

a pipoca à criança se, além das moedas, ela lhe entregar<br />

uma pequena história particular.<br />

Afinal, assim é a vida, repleta de encontros e desencontros<br />

que universalizam a cidade – e a traz mais próxima<br />

de nós. Ao empurrar a indiferença para longe, descobre-se<br />

que nossa cidade possui belezas ainda não descobertas,<br />

disfarçadas pelo seu ar aristocrático: hoje há uma Curitiba<br />

real e outra imaginária, ambas cultuam fantasmas ainda<br />

não revelados e que, inegavelmente, se encontram no<br />

Passeio Público.<br />

Texto: M.B.<br />

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